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LIVRO DO COLÓQUIO

LIVRE DU COLLOQUE
Índice | Table des Matières

Introdução | Introduction 3

Programa | Programme 5

Conferências | Conférences 9

Mesas-redondas | Tables rondes 12

Simpósios | Symposiums 15

Ateliês | Ateliers 41

Ateliês 1 I Ateliers 1 - 09/02 – 15h45 / 16h45 43

Ateliês 2 I Ateliers 2 - 10/02 | 9h45 - 11h15 78

Ateliês 3 I Ateliers 3 - 10/02 | 11h30 - 13h 119

Ateliês 4 I Ateliers 4 - 10/02 | 17h - 18h30 150

Ateliês 5 I Ateliers 5 - 11/02 | 9h45 - 11h15 191

Ateliês 6 I Ateliers 6 - 11/02 | 11h30 - 13h 225

Apoios | Supports 267

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Introdução | Introduction

A educação e os desafios da sociedade contemporânea – contributos da investigação

“Um dos grandes males que nos aconteceu foi a arrogância do controle, a arrogância do
saber, a arrogância de que nós resolvemos tudo. Não podemos substituir a arrogância
de um otimismo idiota pela arrogância de um pessimismo sem esperança. Temos de ter
um otimismo crítico, um otimismo ativo, um otimismo transformador, um otimismo
voluntarista. Temos de acreditar no futuro através de atos que acompanhem e realizam
as palavras”. (Soromenho-Marques, 2020)

A sociedade contemporânea confronta-se com uma crise civilizacional decorrente da


conjugação, à escala planetária, de múltiplas crises – humanitária, pandémica, sanitária,
ecológica, climática, demográfica, energética, alimentar, política, económica, social e cultural.
Essas múltiplas crises, interdependentes, advêm, em grande medida, da globalização, da
ocidentalização e do desenvolvimento. Nesse contexto, alicerçado num modelo de
desenvolvimento hegemónico e globalizado, intensificam-se e ganham visibilidade problemas
sociais complexos, tais como a diminuição da biodiversidade, a destruição do planeta através da
poluição e do consumo excessivo dos recursos naturais, as guerras, a violência, a pobreza, as
doenças, a degradação da vida quotidiana, as injustiças, as discriminações e as múltiplas
desigualdades (socioeconómicas, educativas, de género, étnicas, de cor de pele, entre outras).
A complexidade e a diversidade dos desafios podem ser compreendidas como oportunidades
para a superação da arrogância do controle, da arrogância do saber e da arrogância do poder,
no sentido de regastar e construir modos de pensar, de fazer e de viver sustentáveis, capazes
de assegurarem a defesa da vida do planeta.

A educação não é condição suficiente para a transformação, contudo também não é possível
transformar sem educar. Além dos problemas que suscitam, as crises também integram
possibilidades de mudança, assim a transformação tem vindo a ocorrer paulatinamente, através
de iniciativas contra-hegemónicas, centradas na tomada de consciência e na mobilização,
veiculando a responsabilidade, a solidariedade, a crítica e a ética. Atendendo à amplitude e à
complexidade dos desafios, a transformação requer mudanças, conjuntas e interdependentes,
do ponto de vista institucional, social, económico, político, educativo e do pensamento. Face a
tais desafios, quais as finalidades da educação? Que conhecimentos, capacidades, atitudes e
valores são importantes na sociedade contemporânea? Qual o contributo das políticas públicas

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de educação? As práticas educativas podem promover o otimismo crítico, ativo, transformador
e voluntarista? Que formação assegurar aos professores e educadores? Qual o contributo da
investigação em educação para a produção de conhecimento científico sobre as políticas e as
práticas educativas portadoras de inéditos viáveis?

Eixos temáticos estruturantes do colóquio:

1. Educação e desafios da sociedade contemporânea – políticas e práticas

2. Educação inclusiva e direitos humanos

3. Educação, sustentabilidade, associativismo e intervenção comunitária

4. Práticas pedagógicas e o processo de ensino-aprendizagem

5. Tecnologias digitais e educação

6. Formação de professores e educadores face aos desafios da sociedade contemporânea

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Programa | Programme
9 de fevereiro de 2022, quarta-feira

Horário

11h30 - 13h Abertura do Secretariado

13h - 14h Pausa

14h - 14h30 Sessão de Abertura

14h30 - 15h30 Mesa Redonda - Educação e Sustentabilidade

Isabel Menezes (FPCE-U.Porto),


Pedro Reis (IE-ULisboa),
Cecília Galvão (IE-ULisboa) Moderadora

15h30 - 15h45 Pausa

15h45 - 16h45 Sessão 1. Simpósios / Ateliês de apresentação de comunicações

16h45 - 17h15 Apresentação de livros e de revistas científicas

17h30 - 18h30 Conferência de Abertura


Como ensinar aquilo que ainda não sabemos pensar? A Educação
perante a crise global do ambiente e clima

Viriato Soromenho-Marques (F. Letras-ULisboa)

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10 de fevereiro de 2022, quinta-feira

Horário

9h45 - 11h15 Sessão 2. Simpósios / Ateliês de apresentação de comunicações

11h15 - 11h30 Pausa

11h30 - 13h Sessão 3. Simpósios / Ateliês de apresentação de comunicações

13h - 14h Pausa

14h - 14h30 Pausa

14h30 - 15h30 Conferência


Réduire les inégalités ou renouveler les élites? Les dispositifs
d’ouverture sociale de l’enseignement supérieur

Agnès van Zanten (Centre National de la Recherche Scientifique)

15h30 - 15h45 Pausa

15h45 - 16h45 Mesa Redonda - Educação e Inclusão

Teresa Seabra (ISCTE),


David Rodrigues (FMH, ULisboa),
Sofia Freire (IE-ULisboa) Moderadora

16h45 - 17h Pausa

17h - 18h30 Sessão 4. Simpósios / Ateliês de apresentação de comunicações

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11 de fevereiro de 2022, sexta-feira

Horário

9h45 - 11h15 Sessão 5. Simpósios / Ateliês de apresentação de comunicações

11h15 - 11h30 Pausa

11h30 - 13h Sessão 6. Simpósios / Ateliês de apresentação de comunicações

13h - 14h Pausa

14h - 14h30 Pausa

14h30 - 15h30 Mesa Redonda - Educação, Sociedade e Desenvolvimento Humano

Isabel Batista (UCP),


Jorge Ramos do Ó (IE-ULisboa),
Ana Paula Caetano (IE-ULisboa) Moderadora

15h30 - 15h45 Pausa

15h45 - 16h45 Conferência de Encerramento

Cynthia Fleury (Conservatoire National des Arts et Métiers)

16h45 - 17h Sessão de Encerramento

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CONFERÊNCIAS

CONFÉRENCES

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Conferências | Conférences
Conferência de Abertura
Como ensinar aquilo que ainda não sabemos pensar? A Educação perante a crise global do
ambiente e clima

Viriato Soromenho-Marques (F. Letras-ULisboa)

As alterações climáticas - que em conjugação com o declínio da biodiversidade constituem a


manifestação suprema da crise global do ambiente - surgiram no grande espaço público há
apenas algumas escassas décadas, e de forma irregular e descontínua, não escapando à
estrutura cíclica de atenção/esquecimento, típica dos processos de entrosamento entre
informação, manipulação e propaganda, que regem a paisagem mediática contemporânea.

Sendo, embora, um tema que ganhou a sua existência no interior das ciências da natureza, as
alterações climáticas, devido ao seu impacto estrutural crescente, deixaram de ser um mero
tema académico. As ameaças que a disrupção ambiental e climática acarreta para a
habitabilidade da Terra, incluindo o futuro da existência de uma civilização humana, complexa
e pujante, são de tal modo graves que será absolutamente adequado considerar que elas se
tornaram numa preocupação transversal ao espectro dos saberes, entrando também nos canais
do imaginário cultural e na iconografia dos medos e pânicos escatológicos das sociedades
contemporâneas. Contudo, a plena compreensão da raiz dos perigos e ameaças da “emergência
climática” estão longe de estar claramente identificados, o que se reflecte nas hesitações,
contradições e dilemas dolorosos do discurso e das práticas pedagógicas.

Nesta comunicação será efectuado um contributo no sentido de esclarecer algumas dessas


dificuldades e obstáculos.

Conferência
Réduire les inégalités ou renouveler les élites? Les dispositifs d’ouverture sociale de
l’enseignement supérieur

Agnès van Zanten (Centre National de la Recherche Scientifique)

Dans un grand nombre de pays européens, la généralisation de l’enseignement primaire fut la


grande affaire éducative du 19e siècle alors que celle de l’enseignement secondaire occupa les

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esprits au cours du 20e siècle. Si des inégalités de réussite à ces deux niveaux, ainsi que d’accès
à l’enseignement secondaire supérieur et de distribution entre ses différentes filières, perdurent
dans la plupart des contextes nationaux, les débats se focalisent aussi désormais sur
l’accroissement des effectifs de l’enseignement supérieur et la diversification de son public.

De nouveaux dispositifs visant à favoriser la transition du secondaire au supérieur ont ainsi vu le


jour depuis les années 2000. Ces dispositifs ont pour but affiché d’encourager la poursuite
d’études et de favoriser la réussite des jeunes issus des classes populaires dans l’enseignement
supérieur. Dans les faits, cependant, il s’agit plus souvent de promouvoir l’admission et le succès
de jeunes provenant de familles économiquement défavorisées mais aussi de minorités
ethniques et raciales à des institutions d’enseignement supérieur prestigieuses afin de
renouveler à la marge, mais de façon visible, le profil des élites économiques, culturelles et
politiques.

Afin d’explorer les conditions d’émergence de ce phénomène, ses formes concrètes et ses
conséquences, la conférence mobilisera des analyses portant sur plusieurs de ces dispositifs en
France et, à un moindre degré, en Angleterre. Elle examinera notamment la composition du
réseau d’acteurs, publics et privés, impliqués dans leur élaboration et leur financement, les
diverses modalités de socialisation à la culture des élites scolaires et sociales qu’ils proposent et
leurs effets sur leurs bénéficiaires mais aussi, plus largement, sur la conception des inégalités
d’éducation et les politiques dans ce domaine.

Conferência de Encerramento

Cynthia Fleury (Conservatoire National des Arts et Métiers)

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MESAS-REDONDAS

TABLES RONDES

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Mesas-redondas | Tables rondes
Mesa Redonda | Table ronde - Educação e Sustentabilidade

Isabel Menezes (FPCE-U.Porto),


Pedro Reis (IE-ULisboa),
Cecília Galvão (IE-ULisboa) Moderadora

Em Portugal, o Estado Português reconhece a educação ambiental como objetivo de formação,


de alunos(as) de todos os níveis de ensino, desde a publicação da Lei de Bases do Sistema
Educativo em 1986. Contudo, as várias orientações de política educativa nesta área têm sofrido
oscilações e reorganizações sucessivas. Nesta mesa-redonda pretende-se discutir alguns dos
desafios que se colocam ao Sistema Educativo Português tendo em vista a concretização dos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos pela UNESCO.

Mesa Redonda | Table ronde - Educação e Inclusão

Teresa Seabra (ISCTE),


David Rodrigues (FMH, ULisboa),
Sofia Freire (IE-ULisboa) Moderadora

Alinhado com a ideia que a educação é um direito fundamental, inúmeras leis e documentos
internacionais foram publicados ao longo do século XX, com o objetivo de garantir que todas as
crianças, independentemente das suas circunstâncias, contextos sociais, económicos, culturais
ou das suas condições particulares, tivessem acesso à escola regular. Apesar deste enorme
passo, a experiência mostrou que não basta garantir o acesso de todos à escola regular para se
concretizar o direito à educação. Assim, o início do século XXI assistiu a uma mudança de foco;
a questão deixou exclusivamente de se centrar no acesso, para englobar também as dimensões
participação e sucesso. Como garantir que todos os alunos na escola experimentam uma
educação de qualidade, promotora do desenvolvimento de competências consideradas hoje
essenciais para compreender e agir na sociedade atual? É neste contexto que a ideia de
educação inclusiva como o melhor meio para garantir uma educação de qualidade para todos
os alunos foi ganhando força. Não obstante, este é ainda um conceito polissémico e envolve
algumas tensões e dilemas. Nesta mesa redonda iremos debater vários temas relacionados com

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a questão da inclusão, da organização das escolas e do sistema educativo, com vista à criação
de oportunidades iguais de aprendizagem e de participação de todos os alunos.

Mesa Redonda | Table ronde - Educação, Sociedade e Desenvolvimento Humano

Isabel Batista (UCP),


Jorge Ramos do Ó (IE-ULisboa),
Ana Paula Caetano (IE-ULisboa) Moderadora

Com o desiderato de pensar a educação e o desenvolvimento humano nas sociedades


contemporâneas, confrontamo-nos com múltiplas vias possíveis de reflexão, pelo que nos
propomos selecionar e debater algumas questões que constituem desafios complexos e que
queremos manter em aberto para dialogar com aqueles que optarem por se juntar a nós nesta
mesa redonda.

Pretende-se problematizar, ainda que brevemente, estruturas e práticas, desmistificando o


passado, repensando o presente, imaginando possibilidades de futuro, considerando suas
implicações para as instituições, para as comunidades, para os sujeitos que criam e se recriam
nos contextos educativos.

Posicionando-nos no ensino superior, propomos questionar finalidades do nosso labor


formativo, interrogar sobre como estamos a lidar com a diversidade de alunos e a massificação
do ensino, dialogar sobre as tensões entre modelos herdados e idealizados, discutir paradoxos
e incertezas, considerar potenciais de transformação para a investigação que fazemos e para a
educação que queremos.

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SIMPÓSIOS

SYMPOSIUMS

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Simpósios | Symposiums

Simpósio 1 | Symposium 1 - 09/02, 15h45 - 16h45


Vulnérabilités en temps de pandémie : enjeux éthico-politiques de la dignité des sujets
La situation pandémique que nous vivons, inédite par son ampleur planétaire, sa durée et ses
conséquences, a exigé des transformations de nos modes de vie. Cet événement affecte
néanmoins tous les individus – certes de manière inégalitaire – dans leurs activités quotidiennes,
ainsi que dans leurs représentations d’eux-mêmes et de leur avenir. La pandémie a mis en
lumière la fragilité des systèmes de santé et de soin des sociétés occidentales, pourtant
considérés, jusque-là, comme les plus à la pointe des progrès de la médecine. Un des effets les
plus notables de la pandémie a été le ralentissement, sinon une pause, des activités, doublée
d’une angoisse liée à la menace d’une maladie pouvant mener au décès, ou nuire
temporairement ou durablement à la fonctionnalité du corps et à la productivité de l’individu.
Ainsi, la pandémie a inscrit tous les individus dans un sentiment de vulnérabilité et de précarité,
déjà souvent éprouvé pour certains, mais plus rarement pour d’autres.

Par ailleurs, les mesures adoptées pour lutter contre la pandémie : confinement, port du
masque, couvre-feux, vaccination, parfois obligatoire, ont bousculé la représentation selon
laquelle nos corps nous appartiennent et nous en disposons librement. Si les guerres répétées
des siècles précédents avaient appris aux individus, notamment aux hommes, que leur corps
appartenait à l’État, nous l’avions oublié depuis. Il était admis que le corps de l’élève était
contraint à l’école, que celui de l’adulte pouvait l’être par son activité professionnelle, mais en
dehors de ces espaces, malgré les normes dans lesquelles nous inscrivions ses usages, nous
éprouvions, à tort ou à raison, un certain sentiment de liberté. Mais la pandémie a déchiré le
voile de l’illusion partagée et nous a rappelé à l’ordre : nos corps ont été et sont encore
aujourd’hui partiellement soumis aux mesures imposées au nom de l’intérêt collectif et nous ne
pouvons pas en disposer à notre gré. Ces mesures ont impliqué des restrictions de déplacement
qui, au-delà d’une impossibilité d’accéder à différents lieux et de mener certaines activités, ont
donné lieu à des séparations non choisies, à des situations d’isolement.

Condamnant certaines pratiques rituelles (enterrement, mariage, etc.), ainsi que des
rapprochements des corps en dehors de la cellule familiale, privant du droit d’embrasser,
d’enlacer, la pandémie est venue interroger la place du corps, notamment du visage et du
toucher, dans nos interactions avec les autres et avec notre environnement. Nombre d’entre

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nous ont exprimé à un moment où un autre le sentiment d’une situation « invivable », qui nous
privait de ce qui nous motive à vivre, de ce qui rend la vie digne d’être vécue.

En ce qui concerne l’être humain, traiter quelqu’un dignement signifie le traiter humainement,
c’est-à-dire non pas comme un objet ou un animal 1 . Pour Kant, il s’agit d’accorder à l’être
humain sa place et sa valeur de fin en soi même, et non de moyen. Or, la personne humaine
étant incarnée, le corps est central dans l’opérationnalisation de ce principe fondamental
(Fabre-Magnan, 2007). C’est dans ce contexte qu’il nous semble intéressant de réinterroger, du
point de vue anthropologique de la recherche biographique en éducation, le concept de dignité
en prenant en compte ses enjeux éthiques et politiques ayant vu le jour dans différents espaces
de la vie sociale touchés par les effets de la crise sanitaire. Ce colloque international réunissant
des chercheurs du Portugal, Brésil et Guyane Française, membres du Pôle initiatives en
recherche biographique en éducation, sera l’occasion d’aborder cette thématique à partir des
approches diverses et complémentaires : Carmen Cavaco interrogera la dignité humaine en
temps de pandémie à l’appui de récits biographiques élaborés par des professionnels de santé.
Carolina Kondratiuk, quant à elle, s’intéressera aux enjeux que la pandémie a suscités sur la
dignité des corps concernés par la garde d’enfants au domicile parental, en analysant des récits
biographiques de nounous. Finalement, la communication de Dave Bénéteau de Laprairie
clôturera le symposium avec une approche plus communautaire, présentant une analyse des
notions de dignité des corps et des espaces du vivant qui encadrent le lexème « cluster ».

Mots-clés: dignité humaine ; corps ; recherche biographique en éducation

Dignité humaine en temps de pandémie – récits de professionnels de santé


Carmen Cavaco | Instituto de Educação da Universidade de Lisboa // UIDEF |
carmen@ie.ulisboa.pt

Résumé

Cette communication, ancrée sur une recherche dans le champ des Sciences de l´Éducation, est
centrée sur des récits biographiques des professionnels de santé, élaborés pendant la crise
sanitaire, de la pandémie Covid-19. A partir de ces récits, nous essayons de comprendre
comment les professionnelles de santé ont vécu ce moment dans leur vie, notamment, en ce
qui concerne la dimension de la dignité humaine. Les récits des professionnels de santé posent
en évidence la (re)découverte de l´importance de relation humaine professionnel-patient dans
les soins de santé. Pour eux, cette relation est un élément fondamental pour assurer un soin de

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santé centré sur le respect de la dignité de la personne – respect de la volonté de la personne,
respect de la personne elle-même et de ses droits, notamment, de leur intimité et singularité.

Les récits explicitent de défis, dilemmes et tensions vécues pour les professionnels de santé,
pendant la pandémie, en ce qui concerne la dignité des personnes hospitalisés, à cause de la
maladie Covid-19, surtout dans les domaines suivants : attitude, bienveillance, compassion et
dialogue.

Mots-clés: Dignité humaine ; professionnels de santé ; récits biographiques

La garde d’enfants à domicile en contexte pandémique : enjeux sur la dignité des corps liés
par le care
Carolina Kondratiuk | CIRCEFT // Université Paris 8

Résumé

Les bouleversements engendrés par la pandémie de Covid-19 dans les différents domaines de
la vie sociale ont mis en évidence des contradictions et des conflits sous-jacents à la garde
d’enfants au domicile des parents, en suscitant la question épineuse de la place des auxiliaires
parentales dans la société : une place centrale, du point de vue de leur importance pour le
maintien de la vie ; mais en même temps marginale, du point de vue du manque de
reconnaissance symbolique, économique et sociale. Dans ce contexte, cette communication
mobilise le principe fondamental de la dignité humaine afin de penser la condition interstitielle
de ces travailleuses du care. Pour ce faire, elle se base sur une recherche menée auprès de
nounous migrantes, brésiliennes travaillant dans des foyers français, selon les repères
épistémologiques et méthodologiques de la recherche biographique en éducation. Le concept
de corps sensible, développé à l’appui de la phénoménologie et de l’anthropologie du corps,
permet de dévoiler l’existence de deux modes d’insertion de la gardienne dans la dynamique du
foyer : en tant qu’objet ou en tant que personne. L’analyse de ces deux significations attribuées
aux corps fournissant du care, distinguées par le respect ou non de leur dignité, met en exergue
les effets très différents qu’elles peuvent avoir sur les processus de subjectivation à la fois de la
nounou et de l’enfant.

Mots-clés: garde d’enfants ; care ; dignité humaine ; corps ; recherche biographique en


éducation

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La formule de « cluster » en situation de pandémie, en Guyane française et plus largement
Dave Bénéteau de Laprairie | MINEA // Université de Guyane

Résumé

Cette communication en sciences du langage et en science de l’éducation se propose de mettre


en évidence les notions de dignité des corps et des espaces du vivant qui encadrent le lexème «
cluster ». Dans un premier temps, nous définirons la notion de formule selon Krieg-Planque.
Nous présenterons des éléments de langage, petites phrases, slogans, argumentaires qui
contribuent à donner une compréhension au terme. Il s’agit principalement d’observer des
discours dans des évènements de « cluster », autour desquels ce mot entre en conjonction pour
former ces syntagmes. Dans un deuxième temps, comme objet épistémologique, la
sémiotisation de l’espace nous permet de saisir des représentations de la spatialité à partir des
énoncés discursifs et de l’action des hommes. Il s’agira de rendre compte des réalités sociales
que recouvre le concept « d’espace - cluster » en matière de dignité des corps. En somme, nous
interrogerons la notion de formule « cluster » et celle de dignité dans l’espace public, en quoi
l’analyse du discours aide peut-être à comprendre des productions nouvelles d’une
acceptabilité, d’un enfermement des corps et de la dignité, entre vivre et survivre. Il est
nécessaire d’appréhender cette sémantique et cette pragmatique pour comprendre la façon
dont les débats sur l’état des rapports sociaux engendrés par les situations de « cluster » se sont
déroulés pendant ces temps de pandémies, en Guyane française et plus largement.

Mots-clés: dignité humaine, spatialité, analyse de discours, biographisation

Simpósio 2 | Symposium 2 - 10/02, 9h45 - 11h15


Ser adulto idoso em formação na contemporaneidade - as expressões artísticas como
um desafio ao autoconhecimento e ao reconhecimento pessoal e social
Os processos formativos ao longo da vida constituem uma constante e acompanham todas as
etapas de desenvolvimento humano. Dessa forma estão relacionados ao desenvolvimento
intelectual, social, emocional, cognitivo inerentes a cada pessoa. No que se refere ao domínio
da formação experiencial, nos quais as trajetórias vivenciadas e compartilhadas refletem as
diferentes fases do processo de mudança intrapessoal e interpessoal, a educação enquanto
processo amplo e permanente, lastreado especificamente nas suas modalidades não formal e

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informal, além de permeado pelo viés da experiência e da autoformação, consubstanciam os
processos de construção e formação do ser e a importância do percurso de vida. O
envelhecimento não constitui uma ocorrência estável. Representa a concentração de
experiências diversas da vida, onde a construção dos conhecimentos, foram e continuam sendo
envoltas por eventos diversos, que representam a disponibilidade em lidar com as mudanças e
a capacidade de adaptação ao ambiente. A considerar os desafios da sociedade contemporânea,
faz-se importante analisar a percepção dos adultos idosos sobre a etapa do envelhecimento;
dos seus processos de formação nessa fase da vida; sobre a aposentadoria ou reforma e dos
seus entendimentos sobre desaceleração ou continuidade do processo de formação na referida
etapa. O que exige um olhar mais minucioso sobre o ambiente ao qual o adulto idoso (ou a
pessoa idosa) está inserido, as variações apresentadas no que se refere aos serviços específicos
e recursos tecnológicos a que tem acesso, e que devem garantir o seu bem estar integral, como
também a disponibilidade de atividades que incentivem a sua formação experiencial, onde o
empoderamento e o reconhecimento de si sejam potencializados. Em atenção a esse aspecto o
resgate das três intervenções desenvolvidas em cidades do Brasil e de Portugal, remete ao
comprometimento das instituições disporem de elementos e estratégias que viabilizem o
protagonismo social do adulto idoso, seja na Universidade Sénior, no projeto de intervenção
social, ou mesmo nos espaços de educação informal ou de educação não formal. As práticas de
educação artística representam esses elementos, com a oferta de atividades de teatro, dança
criativa, pintura, modelagem em barro, artesanato, costura, dentre outros que permitem que o
adulto idoso expresse a sua criatividade, o reconhecimento de si no grupo e da sua formação
enquanto ser social presente, como também evidencie o empreendedorismo sénior. Esse
protagonismo social também deve compor as discussões que acontecem nos espaços
educativos - formal, informal e não formal, pois a educação também permeia a importante
trajetória para o desenvolvimento do contexto formativo sociocultural, como também para a
valorização dos saberes diversos, onde os elementos teóricos dialogam com as vivências ao
longo da vida. Compondo assim, memórias biográficas que permitem a esse idoso, sujeito e ator
da sua formação e aos estudiosos interessados na temática, as reflexões sobre como o adulto
idoso percebe o envelhecimento, como ocorrem seus percursos formativos e como o
autoconhecimento irá contribuir para que a sua relação com a sociedade promova a
minimização de olhares discriminatórios e desmistifique as impressões limitadas sobre a sua
formação enquanto ser ativo e presente.

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Contributos da Educação Artística na formação de adultos idosos e no reconhecimento de si,
na Universidade Sénior de Beja
Catarina Cerol | Instituto de Educação da Universidade de Lisboa
Carmen Cavaco | Instituto de Educação da Universidade de Lisboa | carmen@ie.ulisboa.pt

Resumo

O respeito pelos idosos, pela riqueza das suas vidas e a admiração pela sua capacidade em
(re)encontrarem-se no processo de envelhecimento, bem como, o poder contribuir para o
conhecimento científico no campo da educação de adultos idosos, norteiam este projeto de
investigação. Pretende-se compreender o processo de formação de idosos implicados em
práticas da educação artística e o contributo dessas experiências para o reconhecimento de si.
O objetivo da investigação resultou da preocupação em compreender, no contexto de uma
Universidade Sénior e da formação disponibilizada na área artística, como é que os idosos se
apropriam dessa experiência educativa em proveito do seu reconhecimento e do
desenvolvimento pessoal e social, ou seja, da sua formação.

Optou-se pela investigação biográfica por se considerar adequada ao estudo do processo de


formação através da experiência de vida e do reconhecimento de si. O entendimento do
processo de formação dos idosos ancorado nas suas experiências de vida e na experiência
particular do contacto com as expressões artísticas, passa por dar espaço à palavra narrada pelo
sujeito, ao saber ouvir o seu sentir, e pelo pensamento e modo de expressão do sujeito refletido
através de narrativas biográficas. Os participantes deste estudo serão idosos do género feminino
e masculino que frequentam ou frequentaram, (pelo menos durante 3 anos) as disciplinas de
Teatro, Dança Criativa, Pintura, Coro, Música, Modelagem em Barro e Artes Decorativas, da
Universidade Sénior de Beja. O adulto idoso como objeto central do estudo, é um contributo
que se pretende dar, para a desmitificação de algumas ideias discriminatórias em relação à
pessoa idosa e ao envelhecimento. Valorizar e enaltecer as suas experiências de vida e o seu
saber. E também o entendimento, de que o homem é sempre um ser em formação e exposto a
mudanças e adaptações fruto das suas vivências, do contexto social em que se insere e do
conhecimento e consciência que vai tendo de si. A educação artística é neste estudo visto como
uma possível ferramenta para o adulto idoso, para a sua formação, valorização, reconhecimento
e até adaptação às adversidades, provenientes do meio que a rodeia e do próprio processo de
envelhecimento. A educação no adulto idoso através das práticas artísticas representa um
desafio educativo da sociedade contemporânea.

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Palavras-chave: Envelhecimento, Educação artística, Reconhecimento de si

Adultos Idosos – biografias e retratos de formação


Maria das Neves Silva | Instituto de Educação da Universidade de Lisboa
Carmen Cavaco | Instituto de Educação da Universidade de Lisboa | carmen@ie.ulisboa.pt

Resumo

Como os adultos idosos estão a viver e se formar a partir da formação experiencial compõe a
análise da investigação com base nas entrevistas biográficas realizadas com seis adultos idosos
reformados, quatro mulheres e dois homens, que possuem idade entre 61 e 80 anos, residentes
na região Nordeste do Brasil, e nas narrativas de suas trajetórias e dos processos formativos que
marcaram significativamente suas histórias de vida. Os referidos processos formativos ao longo
da vida são tratados com base nos conceitos da educação e especificamente nos domínios
teóricos que compõem o referencial de análise desse estudo que se debruça pelos campos da
educação informal e não-formal, eminentemente, perpassando a aprendizagem e a formação
experiencial, além do envelhecimento, enquanto espaços de construção do conhecimento. A
abordagem biográfica inseriu-se no contexto do estudo em função do caráter exploratório e de
valorização dos aspectos emocionais, intelectuais e sociais dos participantes, bem como pelo
interesse e importância atribuídos a contribuições como opiniões, atitudes, sentimentos e
aprendizagens, dentre outros. Quem são os adultos idosos, sujeitos investigados em análise?
Quais são os percursos de vida desses idosos? Quais momentos foram significativos na vida dos
participantes? Como (re)constroem suas histórias de vida? Suas percepções sobre o
envelhecimento. Em que consiste a vida nesta fase, como entendem, percebem e vivenciam
essa idade da vida? É possível se formar ainda? Como ocorrem seus processos de formação?
Estas são as principais questões contempladas na análise. Partimos da ótica de que é na
interrelação do indivíduo consigo mesmo e com outros indivíduos e/ou outros seres vivos,
objetos, situações e impasses, através dos quais ele é levado a analisar e criar possibilidades a
partir de um contexto histórico e cultural, formatando assim seu processo educativo/formativo
na diversidade de oportunidades e nas encruzilhadas propostas pelo seu contexto. Percebemos
uma certa diversificação na caracterização dos sujeitos, levando-se em conta a composição da
faixa etária, das formações profissionais, bem como a existência de diversidade de percepção
sobre a vida e o envelhecimento. As contribuições provenientes das narrativas desses sujeitos
denominados adultos idosos certamente apontarão caminhos para as temáticas ligadas aos
desafios da educação na contemporaneidade.

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Palavras-chave: Educação informal, Formação experiencial, Envelhecimento

Eu estou presente: O processo de formação e de protagonismo social da pessoa idosa


Lívia da Cruz | Instituto de Educação da Universidade de Lisboa
Carolina Carvalho | Instituto de Educação da Universidade de Lisboa

Resumo

O processo de formação pessoal denota a chamada de atenção para diversos aspectos do


desenvolvimento humano que decorrem nos diferentes espaços. Ao se considerar a formação
educacional, naturalmente ocorre uma associação com as fases iniciais da vida (infância,
adolescência e adulta), como também uma associação com os espaços de educação formal. Mas
e a fase idosa da vida, será que existe a possibilidade de envolvimento com o processo de
formação? Essa possibilidade existe, e está cada vez mais presente na sociedade
contemporânea. Com o advento da pandemia COVID-19, se estabeleceu uma chamada de
atenção para o bem estar da população idosa mundial, no suprimento das necessidades básicas
e de cognição, frente ao indicativo sanitário do distanciamento social. Indicativo este, que até o
momento, a considerar setembro de 2021, se mantém, mas dentro de uma perspectiva menos
agressiva. A retomar a atenção ao grupo de pessoas idosas, a fase inicial de isolamento e
distanciamento social, sinalizou um número expressivo de grupos e projetos de intervenção
social que tiveram de reorganizar a oferta das suas atividades ou até mesmo suspender as
atividades, tendo como referência as pessoas investigadas no Brasil e em Portugal. Essa
mudança, que contou com a exploração dos recursos tecnológicos, afetou o grupo de pessoas
idosas que participavam ativamente desses projetos, e correspondentes. Participação essa que
impulsionava o bem estar cognitivo, relacional dessas pessoas. Dentre os pontos que
representam a essência dos projetos de intervenção social atentos as pessoas idosas, está a
promoção da formação social, artística, cultural, tecnológica, política, como também a
significação do protagonismo social dessas pessoas. A compor a essência desses projetos
também se destaca o cultivo das relações interpessoais, das relações intergeracionais, e a
representatividade do empoderamento intrapessoal. Com a participação de 12 pessoas,
residentes em cidades brasileiras e em cidades portuguesas, e que representam a faixa etária
dos 37 aos 80 anos, a investigação foi sustentada pelos discursos resgatados em entrevista
semiestruturada, os dados documentais e a observação. Dados que permitiram confirmar o
comprometimento dos(as) participantes com a potencialização dos projetos de intervenção

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social, como também as implicações inerentes à educação e formação da pessoa idosa, e aos
desafios da sociedade contemporânea.

Palavras chave: Pessoa idosa, Protagonismo social, Intervenção social

Simpósio 3 | Symposium 3 - 10/02, 11h30 - 13h


Perceções e experiências de docentes e estudantes do Ensino Superior em tempos de
pandemia
O estudo pretende refletir sobre o processo dinamizador das narrativas na formação docente,
constituído da reflexão crítica sobre as dimensões pessoal e profissional, a partir de
investigações realizadas pelas autoras, no Brasil e em Portugal. A formação da profissão docente
como um processo exige reflexão crítica do saber conhecer, saber fazer, saber conviver e saber
ser, na perspetiva da autoformação permanente de uma identidade pessoal e profissional.
Nesse sentido, concebe-se as narrativas como uma metodologia para proporcionar a formação
e a pesquisa em educação. A pesquisa objetiva refletir de forma crítica, sistêmica e sensível
sobre a experiência pessoal, formativa e profissional dos docentes e estudantes do Ensino
Superior, com atenção especial ao tempo atípico vivenciado nos anos de 2020 e 2021, a
pandemia do COVID-19. A pesquisa é qualitativa e de abordagem descritivo-interpretativa,
tendo como público-alvo os docentes e estudantes do Ensino Superior da Universidade Federal
da Fronteira Sul, da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul/ Brasil e do Instituto de
Educação da Universidade de Lisboa/ Portugal. O estudo dar-se-á por meio da metodologia das
narrativas. A análise hermenêutica constituirá as reflexões acerca das experiências dos
participantes, na perspetiva da compreensão das necessidades para o bem-estar.

O Ensino Superior entre telas: tecnologias digitais e docência em dois países lusófonos
Carmen Cavaco | Instituto de Educação da Universidade de Lisboa | carmen@ie.ulisboa.pt
Ana Paula Pereira

Resumo
Nos anos 2020 e 2021 o vírus SARS-Cov-2 espalhou-se pelo mundo, gerando uma pandemia, que
exigiu a adoção de medidas de saúde pública, com repercussões nos modos de vida, de trabalho

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e de funcionamento do sistema educativo. Este trabalho visa, essencialmente, desenvolver a
perspectiva da (re)organização do sistema educativo, ciente de que nenhum aspeto aqui
descrito pode ser compreendido sem a evidente articulação aos demais. O objetivo é analisar
narrativas educacionais de professores do ensino superior de dois países lusófonos (Brasil e
Portugal), e a partir deles, traçar novos olhares à educação mediada pelo digital. A pandemia
alterou documentos, diretrizes e olhares sobre o ensino mediado por/com instrumentos digitais.

Compreender esse momento e pensar o presente/futuro é essencial, em especial se nos


detivermos em realidades tão díspares, permeadas por uma língua comum. Para isso, utilizou-
se de uma abordagem qualitativa na perspectiva teórico-metodológica biográfica, através de
entrevistas com docentes de Instituições de Ensino Superior (públicas e privadas) nos dois países
e de participação em algumas aulas presenciais e online. A análise é suportada teoricamente no
pensamento de Freire, Nóvoa, Cavaco e Dominicé, entre outros autores. Com efeito, entre os
seus desígnios, destaca-se a responsabilidade que as instituições de ensino superior têm na
capacitação dos diplomados, contribuindo para a sua formação científica, técnica e humana e
para a inserção no mercado de trabalho. Nesta fase de transição, marcada por múltiplas crises,
acelera-se a polarização das economias pela inovação e pelo conhecimento, com especial
enfoque na digitalização, esta missão torna-se ainda mais relevante. Trata-se de educar os
estudantes não só para o desenvolvimento de competências científicas e técnicas, específicas
dos cursos e unidades curriculares lecionadas, mas também dotá-los de um conjunto de
habilidades transversais, cognitivas, sociais e emocionais, cada vez mais necessárias na vida em
sociedade, tais como a resiliência e o enfrentamento de situações de grande incerteza e
complexidade.

Palavras-chave: Tecnologias Digitais, Abordagem Biográfica, Ensino Remoto Em Educação


Universitária

Experiências “trans” formativas no Ensino Superior em tempos de pandemia


Adriana Salete Loss
Chaiane Brum

Resumo

O estudo objetiva refletir de forma crítica, sistêmica e sensível sobre a experiência pessoal,
formativa e profissional dos docentes e estudantes do Ensino Superior, com atenção especial ao

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tempo atípico vivenciado nos anos de 2020 e 2021, a pandemia do COVID-19. A pesquisa é
qualitativa e de abordagem descritivo-interpretativa, tendo como público-alvo os docentes e
estudantes do Ensino Superior da Universidade Federal da Fronteira Sul/UFFS, campus Erechim.
A recolha de dados constitui-se do envio de questionário aos estudantes e docentes em seus
respectivos endereços eletrônicos, na perspectiva da narrativa escrita. A análise hermenêutica
das narrativas tem por base teórica, Josso (2004). Assim, o estudo apresenta reflexões acerca
das experiências no Ensino Superior com o ensino remoto em tempos de pandemia, na
perspectiva da compreensão das necessidades para o bem-estar.

Palavras-chave: Ensino Superior, Estudante e docente, Experiência formativa, Experiência


profissional, Narrativas

Aprendizagens e realizações na Escola e Universidade: inclusão escolar e docência em


tempos pandêmicos
Arisa Luz
Bryan Melo

Resumo

Este trabalho é um recorte de pesquisas e estudos realizados na inclusão escolar e docência,


articulados aos saberes docentes vividos na escola e na universidade, com foco e percepções
neste momento pandêmico, nas aprendizagens e superações vivenciadas no ano de 2020.
Objetiva perceber como a escola e universidade mantiveram conquistas alcançadas na inclusão
escolar neste momento cruel e dolorido da humanidade, com a propagação da COVID-19,
doença respiratória causada por uma nova cepa de Coronavírus, SARS-CoV-2, em 2020 e 2021
e tem como metodologia a pesquisa de campo empírico, qualitativa e abordagem descritiva,
com entrevistas realizadas por formulários online, aos docentes da escola pública e
universidade, tendo como base teórica Vygotsky e autores que abordam a inclusão escolar e
práticas docentes. O estudo apresenta a percepção de docentes que atuam e atuaram na escola
e na universidade, em um município do Estado do RS - Brasil e as aprendizagens vivenciadas com
a inclusão de pessoas com deficiência e as superações apontadas por este grupo participante,
neste ano totalmente atípico, em que as atividades presenciais, de forma drástica passaram a
ser totalmente remotas, principalmente no que tange às conquistas duramente alcançadas na
educação inclusiva, na ótica de uma escola em que caibam todos e todas e com aprendizado ao
longo da vida.

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Palavras-chave: Inclusão Escolar, Escola, Universidade

Simpósio 4 | Symposium 4 - 10/02, 17h - 18h30


Mulheres Migrantes: Formação e Experiências de Vida
O simpósio Mulheres Migrantes: Formação e Experiências de Vida apresenta resultados de
estudos e experiências pessoais e profissionais de quatro mulheres migrantes, com
investigações também inseridas na temática da migração, um fenômeno antigo e global,
percebido nesse simpósio pelo recorte de gênero. Angola, Brasil, Portugal e Alemanha estão
representados no simpósio, assim como as mulheres latino-americanas, mulheres do sul global,
mulheres em movimento. Mulheres com histórias interligadas pela transição, pela travessia,
pelas experiências de recomeço em um novo país ou em uma nova região, por meio de
migrações internas e internacionais. O olhar de mulheres oriundas de diferentes países e com
experiências de migração voltado para outras mulheres, igualmente migrantes, enfatiza a
importância do trabalho e do acolhimento do país ou região de destino para a integração das
mulheres. Além disso, apresenta-se a necessidade de elaboração de melhores políticas e da
existência de debates a fim de sensibilizar as sociedades que recebem pessoas em mobilidade.
Formação, trabalho, intencionalidade política, solidariedade de classe, reflexões sociológicas e
políticas, identidades em transformação, preconceito, colonialismo e sua desconstrução são
alguns dos aspectos debatidos neste simpósio, por meio de narrativas e dados oriundos de
investigações científicas, assim como de relatos de experiênciais pessoais e profissionais acerca
do horizonte de mulheres migrantes e suas percepções sobre o período migratório. O simpósio
é composto por investigadoras de campos interdisciplinares e seus olhares complementares.
Nessa proposta considera-se a importância do reconhecimento de experiências como saberes
que existem juntamente com os conhecimentos teóricos produzidos, dando-se ênfase a
investigações realizadas por mulheres e com mulheres.

Ana Paula Costa apresenta uma investigação com mulheres brasileiras migrantes residentes em
Portugal, com destaque para os estereótipos sobre as brasileiras e suas reverberações na
realidade dessas mulheres. Ana Paula Santana de Souza mostra a experiência do Coletivo Cio da
Terra Imigrantes, em Minas Gerais, no Brasil, e o seu apoio à integração de mulheres do sul
global, expondo alguns conflitos e tensões enfrentadas. A autora demonstra ainda o papel da
solidariedade de classe e a intencionalidade política na integração dessas mulheres. Márcia de

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Castro Lobo apresenta às mulheres Zungueiras de Angola, sua importância na cultura angolana,
assim como suas lutas e resistências para a manutenção do trabalho e sustento de suas famílias.
Marianne Kolb contribui, com o seu olhar, sobre o conhecimento acerca de mulheres latino-
americanas pouco escolarizadas residentes na Alemanha. A autora enfatiza a importância da
formação experiencial e do reconhecimento das narrativas de mulheres migrantes e as
transformações identitárias vividas pelas mesmas.

A mulher brasileira em Portugal: os estereótipos no processo migratório


Ana Paula Costa | Universidade Nova de Lisboa | ana.apc.costa@gmail.com

Resumo
O presente artigo analisa as categorias mulher, imigrante e brasileira na sociedade portuguesa,
percebendo a dimensão dos estereótipos sobre as brasileiras e quais as implicações para sua
vida social, particularmente no que diz respeito à integração na comunidade receptora.
Argumento que os estereótipos de gênero e de nacionalidade influenciam as experiências
migratórias das brasileiras, sobretudo no que diz respeito a integração profissional e às vivências
de violência e de discriminação. O estudo de caso é realizado com as mulheres brasileiras que
vivem em Lisboa, Portugal e analisa estas problemáticas de forma transversal. Ressalta-se que
que as mulheres são cada vez mais protagonistas do processo migratório e em Portugal tem-se
observado essa tendência desde 2012. Colonialismo, patriarcado e imigração estão intimamente
relacionados em Portugal quando trata-se de mulheres de nacionalidade brasileira, uma vez que
no processo histórico, midiático e de construção de narrativas nota-se a hiperexualização dos
corpos das mulheres brasileiras e a redução destas a estereótipos negativos e racializados. O
conjunto de imagens e representações, que são reproduzidos por meio das novelas em Portugal
também parecem ser incorporadas na construção desses estereótipos e influenciar no olhar
coletivo sobre as mulheres brasileiras que vivem no país. Em 2003, as características coloniais,
sexista e patriarcal desta estereotipização foi marcada pelo movimento chamado “Mães de
Bragança”, uma manifestação para saída das brasileiras que trabalhavam com prostituição e
estavam a abalar os relacionamentos das mulheres portuguesas, argumento alegado pelo
movimento e amplamente divulgado pelos meios de comunicação.

Palavra-chave: Estereótipo, imigração, mulheres brasileiras, discriminação

Migração contemporânea e a experiência brasileira: entre desumanidades e solidariedade


de classes

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Ana Paula Santana de Souza | Universidade do Estado de Minas Gerais – PPGE-UEMG //
Instituto Latino-Americano de Estudos Socioeconômicos – ILAESE |
anasantanapsico@gmail.com

Resumo
A comunicação debaterá acerca da acolhida às mulheres imigrantes no Brasil. No cenário de
novos eixos migratórios, tendo como destino países do sul global, o Brasil se destacou como país
receptor na última década. Em nossa pesquisa, analisamos os movimentos migratórios e a
acolhida às mulheres migrantes promovida pelos movimentos sociais. Partindo de mulheres
imigrantes no Brasil expomos alguns conflitos e tensões enfrentados pelos sujeitos que migram
em busca de melhores condições de vida. Percebemos que as razões para extrapolar fronteiras
são várias, desde a fuga de recessões econômicas, conflitos políticos por territórios ou mesmo
catástrofes naturais. Independente das razões, acreditamos que migrar é um direito e por isso,
é necessário políticas públicas que garantam este direito e a dignidade daqueles que deslocam.
O expressivo fluxo migratório, de mais de um milhão de imigrantes para o Brasil na última
década, vem acompanhado de debilidades de políticas públicas locais para promover acolhida,
condições vida e trabalho. Mesmo que, do ponto de vista legal, o Brasil tenha dispositivos de
gestão da política humanitária que permite permanência no país, acesso aos serviços públicos,
como saúde e educação e emissão de documentos necessários para o ingresso no mercado de
trabalho brasileiro, a legislação por si só não consegue efetivar as condições necessárias de vida
aos imigrantes no país. Neste sentido, localizamos a atuação dos movimentos sociais na luta
por garantir inserção social e direitos básicos, bem como os atores desses movimentos
significam suas experiências a partir do contato com diferentes culturas e realidades diversas.
Pesquisamos a experiência do Coletivo Cio da Terra Imigrantes, coletivo de mulheres que atuam
na promoção de trocas interculturais que se traduzem em solidariedade de classes. No ato de
acolher o coletivo utiliza da educação, do ensino do português como língua de acolhimento, de
ações para geração de renda, dentre outras. Realizamos entrevistas narrativas com as
coordenadoras do movimento e os resultados das análises das entrevistas indicam a
intencionalidade política como motor para as ações de acolhimento e a solidariedade de classes
como forma de promover uma vida mais possível aos que deslocam. Este trabalho utilizou-se da
abordagem qualitativa de investigação; sendo revisão de bibliografia e entrevistas narrativas
com coordenadoras do Coletivo mencionado.

Mulher Zungueira de Angola

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Márcia de Castro Lobo | Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – FCSH, Universidade Nova
de Lisboa | castromarcia39@gmail.com

Resumo

A Zunga é uma problemática transversal das sociedades africanas, portanto é um trabalho


pertencente ao mercado informal hegemonicamente frequentado por mulheres que são
chamadas de “Zungueiras” ou “vendedoras ambulantes”. As mulheres “Zungueiras” integram
uma franja da população mais vulnerável em Angola, em particular, na cidade de Luanda. Elas
têm sido alvo de muitos estudos devido à complexidade da problemática. A atividade de venda
ambulante é maioritariamente realizada por mulheres a partir dos 15 até antes aos 60 anos, e é
chamada informalmente de “zunga’’, uma atividade milenar que, ao longo dos tempos, tem
sofrido muitas mutações de acordo com os contextos socioeconómicos. Não é uma atividade
escolhida por estas, mas foi antes a conjuntura social que as obrigou a tal exercício para
sobreviver. A atividade é muito difícil e arriscada e por esta razão elas próprias criaram
mecanismos de aumentar a renda com a criação de um recurso financeiro chamado “Kixikila,
Kilape e Arreiô” que é um sistema informal e comunitário de poupança e financiamento
existente no mercado informal. Estudar este fenómeno é estudar a Mulher em todo o mercado
informal angolano que vem acompanhando a história e o desenvolvimento socioeconómico de
Angola e é, ao mesmo tempo, um aprendizado de superação e resiliência que carateriza este
nicho populacional. O que se pretendeu nesta pesquisa foi perceber porque o exercício desta
atividade é maioritariamente realizado por mulheres emigrantes, por nesta prática milenar
existir uma historicidade e legado que acompanha esta atividade económica, caracterizada por
uma trajetória socioeconômica e política de Angola. Por outro lado, este grupo populacional que
tem como o seu ganha-pão a informalidade que é o reflexo profundo da trajetória do fluxo
migratório em grande escala, marcado pela guerra civil de 1975-2002 e por uma série de fatores
que estão intrinsecamente ligados. O êxodo rural e a aglomeração são essencialmente resultado
da guerra civil que assombrou Angola por 27 anos resultando no surgimento de assentamentos
informais, agravando cada vez mais as condições sociais dessas populações a uma extrema
pobreza e dando ênfase à desigualdade e exclusão sociais. Este estudo pretendeu entender a
funcionalidade, a estratificação e a comercialização em cadeia. Se olharmos superficialmente a
informalidade verifica-se uma desorganização, mas se olharmos na perspetiva de perceber esta
prática, que é de grande importância; é através da mesma que muitas famílias angolanas
sobrevivem e que maioritariamente estas mulheres são vistas como agentes atuantes para a

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obtenção de suas rendas para o sustento das suas famílias, que exercem esta atividade de forma
atipicamente organizada em classes e subclasses com uma organização extraordinária.

Palavras-chave: A zungueira, género, pobreza, violência, desigualdade, Luanda

Mulheres latino-americanas migrantes na Alemanha: Formação experiencial e


transformação identitária
Marianne Kolb | Instituto de Educação, Universidade de Lisboa | annikolb@gmx.net

Resumo

O mundo atual nunca teve tanta gente morando fora do lugar de origem como na atualidade.
Segundo as estatísticas oficiais, em 2015 os migrantes internacionais eram cerca de 244 milhões
de pessoas. Este fenômeno faz parte de um mundo cada vez mais globalizado. Para os migrantes
internacionais, fugidos de guerra, fome e de governos autoritários, este processo migratório
significa recomeçar a vida num novo lugar, carregando a sua história de vida, muitas vezes,
marcada por sofrimento e exclusão social. Na década de 1970 as mulheres acompanhavam os
seus maridos ou os seus pais, a partir de 1980 inicia-se uma intensa migração feminina. Porém
a migração das mulheres, de forma a serem consideradas protagonistas de seu processo
migratório, começou a ser estudada há pouco tempo. Por isso, entendemos que é fundamental
dar visibilidade às vozes femininas e às suas especificidades nos contextos migratórios,
considerando que este fenômeno é desafiador para a sociedade contemporânea e precisa ser
discutido. O quadro conceitual deste estudo, que intenciona refletir e compreender a formação
experiencial de mulheres migrantes e a transformação de sua identidade, se situa naquilo que
Santos (2007) denomina de ecologia de saberes. A investigação tem como objetivo investigar e
compreender como ocorreu o processo de formação experiencial e de transformação da
identidade de mulheres latino-americanas migrantes pouco escolarizadas, residentes na
Alemanha. Trata-se de uma pesquisa qualitativa (Amado, 2014) colaborativa, produzida em
conjunto com mulheres dispostas a aceitar o desafio de narrar e refletir sobre as suas histórias
de vida em entrevistas e encontros - ateliês (Lechner, 2015), darão visibilidade às vozes
femininas nas migrações. Adota-se um enfoque hermenêutico biográfico (Delory-Momberger,
2008), intencionando investigar e compreender como ocorreu a formação experiencial (Cavaco,
2002) das mulheres migrantes e a transformação de sua identidade (Dubar, 2005 e Hall, 2014).
Para tanto, são seguidas as recomendações previstas na Carta de Ética da Sociedade Portuguesa
de Ciência da Educação, principalmente no que se refere ao respeito do ser humano único e à

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dignidade das participantes (SPCE, 2014). Esta comunicação pretende contribuir para ampliar o
conhecimento científico na compreensão sobre formação experiencial e as transformações
identitárias de mulheres latino-americanas, migrantes e pouco escolarizadas, residentes na
Alemanha, num contexto de migração. Pretende-se ainda dar pistas à futuras investigações
sobre o mesmo tema, através da validação dos testemunhos trazidos pelas migrantes, para além
da superfície do discurso, da valorização de suas experiências e a construção de um saber que
reconhece a importância da experiência e a situa numa dimensão de horizontalidade em relação
à teoria. Conclui-se também que é fundamental anunciar a importância da feminização na
migração da atualidade, referenciando a perspectiva de gênero nos processos migratórios
femininos, pois além de valorizar e colocar em cena as especifidades femininas, também discute
a subjugação das mulheres que existe há séculos e as coloca num papel secundário na história.

Palavras-chave: migração feminina, pesquisa biográfica, formação experiencial, transformação


identitária

Simpósio 5 | Symposium 5 - 11/02, 9h45 - 11h15


Singularidades da administração da educação e da autonomia da escola pública em
Portugal e no Brasil: as vozes dos/as alunos/as na gestão escolar, práticas e desafios
Na sociedade contemporânea os desafios que se colocam são imensos e a vários níveis, mas
neste Simpósio procuraremos refleti-los do ponto de vista político-administrativo da educação.
Reconhecemos que nos últimos tempos, com a vivência de uma pandemia mundial aconteceram
mudanças obrigatórias e um esforço de concertação entre todos, com efeitos ainda pouco
conhecidos, estudados e ou visíveis ao nível dos sistemas educativos. Porém, as sociedades
sempre enfrentaram desafios de enorme complexidade e entendemos que as crises, as
emergências e as alterações constantes fazem parte da dinâmica do mundo. Não obstante, e do
nosso ponto de vista, ponderamos se não estaremos a assistir e ou a contribuir para um salto
civilizacional sem precedentes na humanidade.

A partir destas constatações e preocupações pretendemos assumir, para este Simpósio, olhares
singulares que se algo de extraordinário nos trazem, ou têm em comum, é serem focados nas
comunidades escolares e nos/as alunos/as e procurarem, através do diálogo e do debate social

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e solidário, contribuir para uma dinâmica possível de desejo e de ação promotoras de melhorias
societais e educativas.

Neste sentido, o que haverá de novo nas escolas, neste momento histórico? Quais as
implicações que terá na educação, na escola e nos/as alunos/as? Quais mudanças ou ameaças
trouxe para o quotidiano das pessoas nas escolas? Estas são algumas das interrogações que nos
norteiam e integram as nossas comunicações de modo a apresentarmos e discutirmos ideias,
entre os nossos 2 países (Portugal e Brasil), mas a partir da escola e do lugar político-
administrativo da gestão escolar. Parece-nos ser urgente olhar a educação e a escola numa
agenda de direitos humanos e democracia e fazê-lo em articulação com os/as alunos/as e na
definição pedagógica e essencial da sua formação humana.

Decerto e mais do que nunca valerá a pena conhecer o campo político da administração da
escola pública enquanto espaço promotor de uma gestão democrática, ainda que de autonomia
crísica (Ferreira, 2007) e é o que pretendemos realçar com a comunicação da Inês Sousa e
Elisabete Ferreira. Nos outros dois trabalhos a apresentar pretende-se olhar a escola com os
diversos atores escolares, mas fundamentalmente a partir dos diretores/as e gestores/as,
encontrando e diferenciando lógicas de ação e compromisso político que serão exigentes, mas
capazes de integrar o caos, as crises e os problemas emergentes na e da gestão escolar. Trata-
se de evidenciar metodologias e experiências de gestão que valorizem o diálogo e as interseções
entre uma panóplia de singularidades na administração e gestão escolar. Nos diversos trabalhos
em discussão neste Simpósio procuramos uma certa radicalidade e rigor metodológico que nos
possa inspirar na discussão da educação, num registo de envolvimento e participação decisória
responsável e solidária dos vários atores educativos, mas também dos/as alunos/as e seus
diretores/as na administração e gestão democrática da escola pública.

Rodas de Conversas: a construções de espaços de interlocuções para repensar os desafios da


gestão escolar
Jussara Bueno de Queiroz Paschoalino | Faculdade de Educação da Universidade Federal do
Rio de Janeiro
Resumo

As Rodas de Conversas têm sido desenvolvidas durante 2020 e 2021 entre a UFRJ e a FPCEUP e
integralmente assumidas na sua organização e sistematização pela professora Jussara e com
alguns momentos e parcerias com Elisabete Ferreira, e esta metodologia dialógica procura
constituir-se um espaço formativo para profissionais da educação. Neste estudo analisam-se as

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repercussões das Rodas de Conversas, nas suas ações e possibilidades de interdisciplinaridade,
ao compreender que a gestão se estabelece numa trama de relações, em que os conhecimentos
de diferentes campos de saberes são imprescindíveis. A partir deste entendimento a criação das
Rodas de Conversas vêm se constituindo num espaço de interlocução, com o objetivo de dar
vozes aos/às diretores/as escolares e professores/as sobre os dilemas, as experiências práticas
que obtiveram êxito, e sobretudo, na perspetiva de repensar a educação. O contexto do trabalho
docente, ao se modificar constantemente, exige que o mesmo se desenvolva em ações
múltiplas, sendo que a gestão direciona cada passo deste percalço. Compreende-se que a gestão
faz parte do trabalho realizado no âmbito da sala de aula, ao mesmo tempo, em que envolve a
escola como um todo e possui também a dimensão de estar presente nos contextos das
lideranças políticas educacionais, que extrapolam os espaços da escola.

Nesta perspetiva, as Rodas de Conversas se situam na lógica formativa, em que profissionais da


educação do Magistério Superior e da Educação Básica, conjuntamente com os licenciandos
participam na horizontalidade da dinâmica participativa, em que se podem refletir sobre os
caminhos da educação. Com a periocidade constante, as Rodas de Conversas são realizadas por
meio das tecnologias, que tem possibilitado a participação dos profissionais da educação de
vários estados brasileiros e também dos países Portugal e da Espanha. Ao refletir-se sobre as
experiências diferentes, possibilita fazer análises sobre a própria conceção da gestão
democrática que está pautada nos documentos legais da educação brasileira por mais de trinta
anos, desde a Constituição Federal Brasileira de 1988 (BRASIL, 1988).

No entanto, a sua construção se processa continuamente na singularidade de cada escola, com


o esforço coletivo de seus membros. Vale destacar que todo este esforço democrático vem se
efetivando, sem, contudo, na maioria das vezes ter em contrapartida as políticas públicas, que
assegure esta propositiva. Muitas vezes, os/as professores/as e diretores/as de escolas se
percebem com grandes demandas e são considerados os únicos responsáveis pelos desfechos
ocorridos. As considerações do estudo apontam que as Rodas de Conversas possibilitam espaços
propícios de interlocução e de formação contínua entre os profissionais da educação.

Palavras-chave: Formação de professores e diretores; Gestão escolar; Rodas de Conversas

As particularidades da administração de uma escola pública com um modelo diferenciado de


autonomia: gestão compartilhada com os educandos?
Bianca Mota de Moraes | FPCEUP // Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro

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Resumo

Neste estudo trazemos os olhares das duas gestoras de uma escola pública que está sob
contrato de autonomia escolar há longos anos. O trabalho resulta de um longo período de
obervação não participante e da organização de um debate público sobre a experiência de
gestão com contrato de autonomia das duas gestoras em causa. As particularidades mais
notórias foram a dinâmica de uma gestão que procura preconizar a natureza subjetiva dos
processos educativos e, simultaneamente, a expressão coletiva dessas singularidades. O
objetivo do presente estudo é o de indagar sobre as implicações das práticas de uma gestão
diferenciada e a sua relação com os espaços de participação estudantil no quotidiano escolar.

A criação, a percepção e o aproveitamento de oportunidades para a intervenção dos estudantes


nas questões referentes ao seu processo educacional estão mais associados à ambiência escolar
que experimentam ou ao reconhecimento da sua condição de sujeitos de direitos nas
sociedades em que vivem? E de que modo estes dois pontos retroalimentam-se? Nesse
contexto, importa refletir se a autonomia das escolas pode contribuir com a autonomia dos
educandos e em que medida. Soma-se a este feixe de ideias o legado dos últimos tempos de
distanciamento físico em função da pandemia e a inevitável (re)valorização das relações sociais,
a alertar-nos sobre o papel da autonomia do indivíduo no desenvolvimento da sua empatia com
os demais. As interseções e os contrastes costumam evidenciar nossos elos enquanto
humanidade e apurar nossa capacidade propositiva. É por isso que a peculiar convivência nesse
“universo de várias grandezas ou de vários mundos” (Estêvão, 2001:66) que é a escola, vem se
mostrando, em grande parte, como mobilizadora do aprendizado sobre a importância, a
potência e a responsabilidade de uma postura ativamente cidadã.

Esta tendência fragilizou-se ou fortaleceu-se a partir dos novos e variados formatos de educação
implementados por força das circunstâncias crísicas (Ferreira, 2004, 2007, 2012, 2017) que
precisamos enfrentar desde o ano de 2020? Que outras maneiras de se sentir elemento do
protagonismo coletivo no espaço escolar (Goulart, 2017 e Pasquali, 2017) têm sido valorizadas
ou depreciadas pelos estudantes, por suas famílias e pelos gestores? Para além da(s)
pandemia(s), podemos e quiçá devemos questionar-nos sobre com que tipo de saberes ainda
nos permitimos contagiar para descobrir caminhos de efetivo compartilhamento decisório na
administração das escolas.

Palavras-chave: Autonomia escolar; gestão diferenciada; participação e vozes dos estudantes

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Gestão Escolar e Democracia: a participação da comunidade educativa e as vozes dos/as
alunos/as na administração de um agrupamento de escolas
Inês Sousa | FPCEUP
Elisabete Ferreira | FPCEUP/CIIE

Resumo
As mudanças no enquadramento político-educativo do governo das escolas em Portugal
permitem perceber discursos normativos que enfocam uma gestão democrática, a partir do
exercício de autonomia local e da formação de projetos educativos, entre possíveis
interpretações de caráter mais centralizado ou descentralizado, autónomo ou de controlo
(Barroso, 2017; Lima, Sá & Silva, 2017).

Desde as primeiras referências, em políticas educativas, à necessidade de conferir mais


responsabilidade e poder de decisão às escolas (DL 769-A/76; LBSE – Lei 46/86; DL 172/91; DL
115/98) que se percebe uma forma retórica e instrumental, “uma “autonomia” principalmente
técnica e processual, de execução e não de decisão.” (Lima, 2011:94) e, segundo Ferreira (2007b;
2012), uma autonomia redonda, que no exercício burocrático normativo e legal mais não faz do
que se servir de lógicas reguladoras demonstrativas de uma racionalidade burocrática
dominante (idem). Neste seguimento, surge o normativo que centra numa figura unipessoal no
exercício de “boas lideranças e lideranças eficazes, para que em cada escola exista um rosto (…)”
(DL 75/2008) – a figura do/a diretor/a de escola, que é pressionada quanto à conformidade
burocrático-política (Torres, 2013); e, mais recentemente, processos de autonomia e
flexibilidade curricular (DL 5908/2017), onde as decisões devem ser tomadas pelas escolas, em
diálogo com os/as alunos/as, famílias e comunidade (DL 55/2018), através de desenvolvimentos
autónomos mais ou menos crísicos (Ferreira, 2007b) e de instâncias regulares de auscultação
dos/as alunos/as (Resolução do Conselho de Ministros n.º90/2021).

Porém, tendo por base os dados empíricos recolhidos num agrupamento de escolas, através de
observação participante e com base nas notas de terreno, e consoante estudos científicos já
desenvolvidos (Carvalho, 2017; Ferreira, 2007a, 2007b, 2013; Lima, 2012; Sousa, 2019; Sousa
& Ferreira, 2019; Torres, 2013), atenta-se num sistema de administração ainda
centralizado, intitulado por Ferreira (2007b) numa lógica de autonomia crísica. Estas práticas
fazem refletir nas escolas, por um lado, crises constantes e regulações, dificuldades burocráticas,
reprodutivas e de prestação de contas; e, por outro lado, uma certa emancipação com diferentes
esforços criativos, esperançosos e compartilhados entre todos os atores escolares.

35
Neste sentido, a investigação desenvolvida na direção de escolas constrói um olhar esperançoso
em relação à forma como é articulada a administração e gestão desta escola, a partir dos
discursos: da direção, num trabalho colegial e partilhado; dos/as professores/as, assumindo que
encontram sempre uma direção de porta aberta; dos pais e encarregados de educação,
presentes e de apoio à escola; e dos/as alunos/as, reclamando “lugares e espaços de
participação, representação, associação” (Sousa, 2019:71).

Palavras-chave: Gestão democrática; Participação da comunidade educativa; Autonomia


crísica; Voz dos/as alunos/as

Simpósio 6 | Symposium 6 - 11/02, 11h30 - 13h


Da educação para os direitos humanos à educação como prática de liberdade: como
desafiar hegemonias?
Nas últimas décadas, verificou-se um progresso sem precedentes na educação a nível global,
porém a globalização da educação (Dale, 2000) conformou-se ao modelo de desenvolvimento
de matriz liberal, onde formas fundamentais de domínio hegemónico (Santos & Avritzer, 2005),
como a desigualdade económica, o racismo, o patriarcado e o colonialismo foram apenas
superficialmente questionadas, permitindo assim o surgimento de uma crise civilizacional à
escala planetária, resultante de múltiplas crises – humanitária, pandémica, sanitária, ecológica,
climática, demográfica, geográfica, energética, alimentar, política, económica, social e cultural.

As situações de crise podem ser também oportunidades para mulheres e homens poderem
assumir novos papéis e responsabilidades, através de iniciativas educativas que promovam o
potencial transformador do mundo. A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável,
adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia 25 de setembro de 2015, ambiciona
um futuro melhor, onde, coletivamente, se derrubem barreiras e corrijam disparidades,
priorizando as pessoas que estão em situação de maior vulnerabilidade. A redução de todas as
desigualdades é o objetivo. O empoderamento de todas as pessoas, a prioridade. “Sem deixar
ninguém para trás” (United Nations, 2015). Reconhece-se a Educação de Qualidade – ODS4 –
como desígnio prioritário e transversal para alcançar 17 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável.

Cruzando com o princípio fundamental implicado no ODS5 – Igualdade de Género, o


investimento na educação transformadora e no empoderamento das jovens mulheres ganha

36
assim uma dupla vantagem: permite o atual usufruto de direitos e oportunidades e promete um
futuro mais justo e próspero, no qual metade da humanidade se torna par – e agente
transformador, na procura de soluções para as alterações climáticas, os conflitos políticos, a
prevenção de doenças, o crescimento económico e a sustentabilidade global.

No entanto, existem riscos associados ao modelo globalizado de educação, porventura mais


observáveis em territórios onde as hegemonias liberais reforçam aspetos coloniais e funcionam
como formas de opressão das comunidades. O trabalho educativo de movimentos sociais
configura uma alternativa a estas hegemonias, valorizando a identidade, a língua materna, os
desafios e as aspirações locais. Do ponto de vista teórico, as alternativas contra-hegemónicas
são frequentemente associadas à reflexão crítica sobre as raízes fundamentais dos sistemas
sociopolíticos, configurando propostas de educação radical.

Neste simpósio, pretende-se explorar desafios e possibilidades para uma educação


transformadora e contra-hegemónica, dialogando sobre propostas pedagógicas radicais e
inspiradoras, como as de Paulo Freire, Ivan Illich, Henry Giroux ou bel hooks e conhecendo
campos científicos pioneiros como a Jineoloji. Da educação para os direitos humanos à educação
como prática de liberdade, analisam-se práticas educativas, biografias e realidades que se
relacionam paradoxalmente com as hegemonias, desafiando-as.

Pode a aprendizagem pela conversa promover uma praxis feminista em espaços patriarcais?
Cláudia Múrias | Associação Espaços – Projetos Alternativos de Mulheres e Homens |
c_murias@hotmail.com

Resumo
A violência nas relações de intimidade continua a ser uma das formas mais gravosas de
discriminação das mulheres em razão do seu sexo, reflexo de persistentes estereótipos de
género e relações de poder desiguais. Quando os homens são socializados para dominar os
outros, verbal ou fisicamente, enquanto meio de prova da sua masculinidade, acabam por
internalizar uma mentalidade que pode levar a diversas formas de violência de género, através
de comportamentos dominantes e agressivos, pressionando as mulheres para a assunção de
papéis de obediência, invisibilidade, submissão e aceitação da violência dirigida contra si.

A comunidade internacional vem apelando para a prevenção deste tipo de violência, através da
atuação a montante, ou seja, do desenho e implementação de políticas públicas que visem a
sensibilização da sociedade civil para este problema social complexo, para os direitos das

37
mulheres e para a igualdade de género, como reconhecido na Convenção do Conselho da Europa
para a Prevenção e o Combate à Violência contra as Mulheres e a Violência Doméstica
(Convenção de Istambul), adotada em 2011.

Nesta comunicação iremos refletir sobre o trabalho de prevenção que temos vindo a realizar na
última década. Tendo em vista, quer a emancipação de mulheres e de homens, quer o
empoderamento comunitário, torna-se pertinente agir no sentido do desenvolvimento da
capacidade de literacia, ou seja, a capacidade de leitura do mundo e de intervenção ou ação na
polis, segundo inspiração de Paulo Freire.

É este posicionamento epistemológico que informa a nossa opção pela metodologia da


“aprendizagem pela conversa” (conversational learning), proposta por Baker, Jenson & Kolb
(2002). É uma metodologia que permite criar espaços de conversa, onde os vários pontos de
vista, saberes e fontes de informação mobilizados e partilhados, poderão promover, mais do
que a capacitação individual, a construção conjunta de conhecimento e formas de agir sobre o
mundo (Koning, Múrias, Ribeiro, Carvalho & Lopes, 2012).

Palavras-chave: violência nas relações de intimidade; igualdade de género; aprendizagem pela


conversa

Resistir à educação colonial: a criação de alternativas no Curdistão


Elif Berk | Revista de Jineolojî | elif_b@riseup.net
Eleonora Gea Piccardi | Centro de Estudos Sociais, Coimbra | geapiccardi@gmail.com

Resumo
Nesta comunicação abordam-se os sistemas de educação que, dentro das geografias coloniais,
se baseiam na proibição da língua materna, na negação da identidade nativa e na privação da
sociedade da sua capacidade de se autoeducar. Em particular, discute-se como a educação
colonial se consolidou na sociedade do Curdistão, entre as fronteiras de quatro estados-nações
(Irão, Iraque, Síria e Turquia), e como foram desenvolvidas formas de resistência contra estas
políticas e criados modelos alternativos de educação.

Comparam-se os significados atribuídos ao conceito de educação na tradição social curda, na


educação promovida pelo Estado, e na tradição da civilização democrática. Enfoca-se
particularmente a exploração das práticas educativas dentro desta última esfera, entendendo a
civilização democrática como o conjunto de forças contra-hegemónicas que resistiram aos
regimes coloniais, capitalistas e patriarcais ao longo da história e que hoje em dia lutam por uma

38
modernidade alternativa e democrática. O Movimento de Libertação do Curdistão é um
exemplo paradigmático destas forças resistentes, cuja proposta política é desenvolvida através
da experiência revolucionária atualmente em curso na região autónoma do Norte e Leste da
Síria.

Qual é a abordagem educacional dentro da modernidade democrática? De que forma a


experiência do Movimento de Libertação do Curdistão contribui para a sua formulação? Através
de que tipo de currículos, métodos pedagógicos, e relação professor/a-aluna/o?

Para a resposta a estas questões, analisam-se os discursos e as práticas de educação alternativa


realizados no Norte e no Leste da Síria por meio da experiência pessoal de Elif Berk e do seu
envolvimento político de longo prazo neles. Elif é uma ativista que vive em Rojava,
presentemente envolvida no campo da Jineolojî, a nova ciência "das mulheres e da vida"
difundida pelo Movimento de Mulheres do Curdistão desde há uma década. A sua participação
direta nos processos educativos da região, permitirá uma abordagem empírica e experiencial de
questões como: Que tipo de reflexões existem na sociedade para a construção de novas
academias, currículos escolares e novos campos da ciência como a Jineolojî? Que modelo
educacional foi proposto até ao presente? A comunicação é concluída com a análise do nível de
socialização e do impacto descolonizador dos sistemas alternativos de educação na região Norte
e Leste de Síria.

Palavras-chave: educação descolonizadora; modernidade democrática; Movimento de


Libertação do Curdistão

Quatro propostas de Educação Radical - Paulo Freire, Ivan Illich, Henry Giroux e bel hooks
Sérgio Xavier | Centro de Estudos Sociais, Faculdade de Economia da Universidade de
Coimbra) | sergioxavier@ces.uc.pt

Resumo
A reflexão sobre a dimensão radical na Educação ganha expressão académica no início do séc.XX
a partir dos contributos de Antonio Gramsci sobre hegemonia política e cultural.
Posteriormente, Paulo Freire e Ivan Illich elaboram propostas radicais de Educação que, a partir
de contextos distintos, conceptualizam contra-hegemonias como a libertação da opressão
hegemónica ou a desescolarização da sociedade. Henry Giroux e bel hooks dão continuidade a

39
esta reflexão no séc. XXI, através do desenvolvimento da pedagogia crítica, da pedagogia da
transgressão, ou da pedagogia feminista.

Nesta comunicação, propõe-se explorar as propostas dos diferentes autores, nas suas
semelhanças e nas suas diferenças. A partir desta revisão bibliográfica, pretende-se contribuir
para o entendimento do conceito de “educação radical” e dos seus diferentes significados
teóricos.

Em conclusão, revisitar-se-á a pertinência da educação radical nos desafios das sociedades


contemporâneas, em particular no exercício contra-hegemónico em contextos de democracia
liberal.

40
Ateliês | Ateliers

ATELIÊS

ATELIERS

41
ATELIÊS 1

ATELIERS 1

09/02 | 15h45 – 16h45

42
ATELIÊS 1 I ATELIERS 1 - 09/02 – 15h45 / 16h45

SESSÃO 1.1 | SESSION 1.1 – 36, 84, 126, 152

[ID 36]

A educação à distância em contexto de pandemia: A perspectiva dos estudantes universitários

João Eduardo Martins | Faculdade de Economia da Universidade do Algarve; CICS.NOVA - FCSH


NOVA | jrmartins@ualg.pt

Henrique Firmino | Faculdade de Economia da Universidade do Algarve | a64796@ualg.pt

Resumo

A presente comunicação tem como objectivo a apresentação e discussão dos resultados de um


estudo exploratório sobre a educação à distância em contexto de pandemia a partir da
perspectiva dos estudantes universitários, levado a cabo numa instituição de ensino superior
público, com estudantes da licenciatura em sociologia. O estudo segue uma metodologia de
carácter qualitativo em que se procura conhecer em profundidade as perspectivas dos
estudantes universitários sobre a experiência do processo de ensino-aprendizagem à distância
institucionalizado em Portugal, na sequência do processo de confinamento que levou ao
encerramento compulsivo das escolas e universidades e que fez com que centenas de milhares
de estudantes dos mais diversos níveis de ensino passassem a aprender a partir de casa. Foram
feitas entrevistas semi-estruturadas a seis estudantes universitários e o material empírico
produzido foi objecto de tratamento a partir de uma análise temática de conteúdo sobre a forma
da Framework Analysis. Os principais resultados desta investigação de carácter exploratório
indiciam que o ensino à distância foi perspectivado pela maioria dos entrevistados como uma
forma educativa alternativa que teve a grande função de impedir que o sistema de ensino
tivesse bloqueado, permitindo a continuidade do processo de ensino-aprendizagem e a
certificação dos estudantes. A sociedade em rede, para usar a designação com que o sociólogo
Manuel Castellls a caracteriza, assente no desenvolvimento das referidas Novas Tecnologias da
Informação e Comunicação, foi fundamental para que o sistema de ensino universitário
continuasse o processo de produção e de reprodução educativo e social. O material empírico

43
analisado permite também identificar algumas das principais limitações do processo de
educação à distância em contexto de confinamento e de pandemia. As desigualdades sociais e
educativas de acesso e de uso das tecnologias digitais; as desiguais condições do espaço
doméstico e familiar, os diferentes modos de relação à aprendizagem a partir de casa, são
aspectos que aparecem como condicionantes do ensinar e aprender à distância num contexto
de pandemia globalizada.

Palavras-chave: Educação à distância, pandemia, estudantes universitários

[ID 84]

Conceções dos professores sobre a operacionalização da abordagem multinível em tempos de


pandemia

Elza Mesquita | Centro de Investigação em Educação Básica, Instituto Politécnico de Bragança |


elza@ipb.pt

Ilda Freire-Ribeiro | Escola Superior de Educação, Instituto Politécnico de Bragança | ilda@ipb.pt

Angelina Sanches | Centro de Investigação em Educação Básica, Instituto Politécnico de


Bragança | asanches@ipb.pt

Resumo

As medidas de educação inclusiva expressas no Decreto-Lei n.º 54/2018, de 6 de julho, e ditadas


pelo Programa do XXI Governo Constitucional, surgem como forma de aprofundar a escola
democrática e indicam claramente para uma gestão integrada do currículo e para uma
abordagem de intervenção multinível. Também a intencionalidade do Perfil dos Alunos à Saída
da Escolaridade Obrigatória se direciona para o desenvolvimento curricular e para o trabalho a
realizar em cada escola como sendo uma mais-valia para responder aos desafios sociais e
económicos do mundo atual, alinhando-os com o desenvolvimento de competências para o
século XXI. Seguindo estes pressupostos, a Lei assegura, ou deveria assegurar, formas de lidar
com as diferenças individuais de cada criança e a escola reconhecer também a mais-valia dessa
diversidade. Contudo, em tempos conturbados, ditados pela COVID-19, o cumprimento da Lei
sobre a inclusão e a gestão integrada do currículo pode, de alguma forma, ter ficado

44
comprometida, embora a vivência da pandemia também possa ter integrado possibilidades de
inovação e mudança. Neste sentido, o nosso estudo, de natureza exploratória, visa
compreender como é que os professores de 3 agrupamentos de escolas de uma cidade do
nordeste português organizaram as suas estruturas de apoio para a identificação das medidas
de suporte à aprendizagem e à inclusão ao longo da escolaridade obrigatória em tempos de
pandemia, mais especificamente na educação básica. Como conseguiram os professores
identificar as barreiras à aprendizagem com que as crianças se confrontaram? Que apostas
fizeram em termos de diversidade de estratégias para assegurar que essas mesmas crianças
tivessem as mesmas oportunidades de acesso ao currículo e às aprendizagens? Como
conseguiram garantir que cada uma delas atingiu o limite das suas potencialidades, tal como é
determinado pela Lei? Serão estas e outras questões que iremos explorar e analisar partindo da
inquirição por questionário aos educadores e professores dos 1.º e 2.º Ciclos do Ensino Básico.

Palavras-chave: Abordagem multinível, Educação inclusiva, Gestão integrada do currículo

[ID 126]

Literacia digital e bibliotecas escolares: um estudo de caso

Pedro Miguel Gonçalves | Universidade Aberta | 2001569@estudante.uab.pt

Teresa Cardoso | Universidade Aberta | tcardoso.uab@gmail.com

Resumo

A literacia digital tem sido objeto de vários estudos e, com a pandemia, alcança uma outra
dimensão e pertinência. Mas, qual o tempo e o espaço que a literacia digital assume no contexto
da biblioteca escolar? Motivados por esta questão de partida, pretendemos analisar conceções
e práticas de professores bibliotecários em torno da literacia digital e de competências digitais
que lhe são/estão associadas. Para o efeito, recorreremos, metodologicamente, ao estudo de
caso, suportado em procedimentos de análise documental, nomeadamente de documentos
estruturantes das bibliotecas escolares, e que orientam as suas atividades, bem como ao
inquérito por entrevista, a professores bibliotecários, e ainda à análise de conteúdo.
Teoricamente, suportamos a nossa investigação, que pretendemos apresentar, em referências
e referenciais, nacionais e internacionais, com enfoque na própria noção de literacia digital, que,

45
sendo atualmente predominante, cada vez mais se torna plural, como, aliás, atesta a designação
literacias digitais, por traduzir uma multiplicidade de saberes, aptidões e atitudes, e ao integrar
literacias prévias – a literacia da informação e a literacia mediática. Mais especificamente,
revisitam-se os fundamentos e os princípios, ou, dito de outro modo, os territórios e as
fronteiras entre as três (novas) literacias, considerando as respetivas definições, dimensões
básicas das competências relacionadas, práticas regulares, e articulação com as competências
do professor bibliotecário. Assim, com o nosso estudo, será possível identificar consonâncias e
dissonâncias entre a ação da biblioteca escolar e as teorias que a enquadram, sobretudo no que
concerne à literacia digital, entendida, numa alusão ao recente Quadro estratégico (2021-2027)
do Programa Rede de Bibliotecas Escolares, como uma literacia presente para o futuro.

Palavras-chave: Literacias Digitais, Biblioteca Escolar, Perfil do Professor-Bibliotecário

[ID 152]

Sementes de inovação durante o ensino remoto de emergência: o digital e a criatividade


(pedagógica e curricular)

Joana Viana | Instituto de Educação - Universidade de Lisboa | jviana@ie.ulisboa.pt

Sandra Fradão | Instituto de Educação - Universidade de Lisboa | sjfradao@ie.ulisboa.pt

Helena Peralta | Instituto de Educação - Universidade de Lisboa | hperalta@ie.ulisboa.pt

Gilda Soromenho | Instituto de Educação - Universidade de Lisboa | gspereira@ie.ulisboa.pt

Fernando Albuquerque Costa | Instituto de Educação - Universidade de Lisboa | fc@ie.ulisboa.pt

Resumo

Esta comunicação relata um estudo misto que investigou o ensino remoto de emergência (ERE)
ocorrido durante a pandemia COVID-19 em Portugal, com o propósito de saber como é que
professores ensinaram e alunos aprenderam durante esses vários meses em 2020 e em 2021.

46
Tendo como questão de partida saber se o ensino digital tem potencial transformador/inovador
das práticas de ensino e de aprendizagem, traçaram-se dois objetivos: descrever as práticas
pedagógicas durante o período de ensino remoto de emergência nos ensinos básico, secundário
e superior, e descrever diferentes modelos de ensino de acordo com as práticas pedagógicas
adotadas em ambientes online durante esse período.

Foram inquiridos, através de um questionário online, professores e alunos dos ensinos básico,
secundário e superior. O questionário aplicado foi constituído por questões fechadas, cujas
respostas foram objeto de tratamento estatístico, e por questões abertas, cujas respostas foram
sujeitas a uma análise de conteúdo, sustentada por categorias temáticas. Na primeira fase do
estudo, em 2020, obtiveram-se 897 respostas por parte dos professores e 211 de alunos e, na
segunda fase, em 2021, contou-se com a participação de 687 professores e 461 alunos. As
respostas dos professores ao conjunto de itens predefinidos no questionário foram submetidas
a uma análise fatorial exploratória e confirmatória para definição de perfis de ensino e com base
nesses perfis foi identificada a constituição dos grupos a partir de uma análise de clusters.

Os resultados mostram que alunos e professores vivenciaram a experiência de modo


diferenciado, sendo particularmente nos primeiros ciclos de ensino que a experiência de ensino
remoto de emergência é avaliada de modo mais positivo. Consoante é maior o nível de ensino,
maior foi o período de tempo passado online para a realização das tarefas académicas e menor
foi a satisfação por parte dos alunos relativamente às atividades desenvolvidas e ao respetivo
contributo para a aprendizagem. As práticas de ensino online podem ser agrupadas em três
perfis de ensino: ensino tradicional, ensino inovador criativo e ensino inovador tecnológico.
Contudo, na definição dos grupos foi possível apurar a coexistência de um perfil de ensino
marcadamente tradicional e fechado, com um de cariz tecnológico, bem como de outro com um
perfil inovador, centrado no aluno, privilegiando o desenvolvimento de competências-chave,
transversais a par com o desenvolvimento da competência digital, que as completa e as
potencia. O perfil docente não depende nem do género nem da idade, mas parece depender do
ciclo. A coexistência de um modelo de ensino tradicional com muitas sementes de inovação faz
querer uma aproximação das práticas pedagógicas aos princípios veiculados nos modelos de
currículo atuais.

Palavras-chave: ensino remoto de emergência, inovação curricular e pedagógica, métodos de


ensino, tecnologias digitais

47
SESSÃO 1.2 | SESSION 1.2 – 34, 59, 137, 171

[ID 34]

O currículo da formação inicial docente e a preparação de educadores e professores para o

envolvimento da família no século XXI

Sónia Cabral | Centro de Investigação em Educação – CIE-ISPA | soniacabral.email@gmail.com

Lourdes Mata | Centro de Investigação em Educação – CIE-ISPA | lmata@ispa.pt

Francisco Peixoto | Centro de Investigação em Educação – CIE-ISPA | fpeixoto@ispa.pt

Resumo

Os efeitos do envolvimento da família na educação, na melhoria da qualidade de aspetos


académicos, sociais e comportamentais dos alunos, são hoje indiscutíveis, conferindo
consistência à necessidade de se desenvolverem, intencionalmente, competências na formação
inicial docente para a sua promoção.

Independentemente das evidências sobre o impacto positivo destas relações (Miller, 2019;
Walker, 2019), investigações recentes demonstram que a estrutura curricular da formação
inicial docente raramente aborda aspetos interpessoais da profissão, onde se incluem as
relações com as famílias. Walker (2019) afirma mesmo que o currículo da formação inicial de
professores limita, em quantidade, abrangência e qualidade, o ensino e a consequente
aprendizagem sobre envolvimento da família na educação. Daí que muitos docentes, apesar de
reconhecerem a importância do envolvimento da família, sintam dificuldade na implementação
e manutenção destas relações (Epstein, Jung & Sheldon, 2019).

Em Portugal, Silva (2010) destaca a ausência de reflexão sobre este envolvimento nos currículos
da formação docente, e Sarmento (2005), ao procurar fazer um levantamento das unidades
curriculares da formação inicial, dedicadas ao constructo em análise, conclui que existem
poucas, sendo a maioria de caráter opcional.

Assim, considerando a relevância e atualidade dos dados apresentados é nosso objetivo


caracterizar a formação para o envolvimento das famílias na educação, dos mestrados em
educação pré-escolar, e educação pré-escolar e 1º ciclo do ensino básico, nas instituições que

48
os ministram em Portugal. Pretende-se obter uma visão multifacetada, através da estratégia
metodológica prevista, que combinará o estudo dos curricula e as práticas de formação de
docentes para o envolvimento das famílias na educação, com as perceções dos futuros
profissionais sobre essas práticas.

Dados preliminares da análise documental permitem-nos aferir a existência de 29 instituições


em Portugal a ministrar estes cursos (n=44). Aproximadamente 68% destes cursos (n=30) fazem
referência a alguma das palavras-chave pesquisadas (envolvimento da família ou parental;
parceria, cooperação com pais e/ou familiares e comunidade) nos objetivos, nas competências
a desenvolver, e/ou nas referências de 56 unidades curriculares, 75% das quais, de cariz
obrigatório.

Palavras-chave: Formação inicial docente, Envolvimento da família, Currículo

[ID 59]

Currículo e a formação de policiais na Academia Estadual de Segurança Pública – AESP

Maria Girlane Nobre de Souza | Instituto Dom José- Universidade Estadual Vale do Acaraú |
girlanesouza04@gmail.com

Flávio Muniz Chaves | Instituto Dom José- Universidade Estadual Vale do Acaraú |
flavioufc2@gmail.com

Francione Charapa Alves | Universidade Federal do Cariri | francione.alves@ufca.edu.br

Michelline da Silva Nogueira | Universidade do Porto | michellinequeiroz81@gmail.com

Resumo

O presente artigo trata sobre o currículo da formação de soldados de fileiras, peculiar, como a
de policial militar, no que se refere ao trabalho cotidiano, operacional. Problematiza se este
currículo contempla adequadamente a formação humana. Objetiva analisar a formação dos
profissionais de segurança pública do Estado do Ceará, Brasil, policial militar, nos aspectos
teóricos e práticos, considerando a perspectiva da formação humana. A relevância desta análise
encontra-se em sua dimensão acadêmico-científica ao acompanhar as mudanças curriculares e

49
pedagógicas do ensino policial militar, tendo em vista a exigência de formar profissionais
militares e de se ter conhecimento de como ocorre a relação teoria x prática, garantindo a
segurança da população civil. A metodologia adotada se insere na abordagem qualitativa,
fazendo uso da pesquisa bibliográfica e da análise documental. Aa análises nos permitem
concluir que se faz necessária a atualização periódica da matriz curricular para o
aperfeiçoamento constante do processo de formação, incluindo disciplinas que contemplem a
formação humana, pois o currículo é dinâmico e deve considerar todas as dimensões da
formação do profissional em questão. Percebemos que no cotidiano o trabalho policial o coloca
em situações conflitantes, entre demandas burocráticas por eficiência e a vocação em promover
o valor moral da legalidade, e a proteção dos cidadãos, essa amplitude pode gerar um conjunto
de conhecimentos teóricos em formação humana que poderiam ser fortalecidos na matriz
curricular, porém não contemplados.

Palavras-chave: Formação, currículo, Polícia Militar

[ID 137]

Educação de Jovens e Adultos e Política Curricular: Olhares que se entrecruzam na


contemporaneidade

Maria Cândida Sérgio | CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico


| candidasergio.20@gmail.com

Resumo

O presente estudo é uma abordagem sobre a política curricular e a prática docente que
(des)organizam a Educação de Jovens e Adultos (EJA) na escola pública brasileira. Tomando
como referência o Ensino Médio, última etapa da Educação da Básica, esta modalidade de
ensino ao longo da história, tem enfrentado muitos desafios pelo fato de ser secundarizada no
âmbito da política educativa e, com efeito da política curricular, que rebate na prática docente
e na aprendizagem dos estudantes jovens, adultos e idosos, que buscam na escola o direito a
formação necessária para a elevação do nível de escolaridade e (re)inserção no mercado de
trabalho. Recorte da tese de doutorado, o estudo foi desenvolvido em uma escola da Rede
Pública Estadual de Ensino do Estado de Pernambuco/Brasil, em duas salas de aulas do Ensino

50
Médio. Envolveu nove professores e trinta e quatro estudantes. O objetivo do estudo foi
identificar as concepções de política curricular do professor e como a política curricular
influenciava sua prática docente. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, cujo corpus de
análises foi composto pela observação não participante e a técnica de Focus Groups, para o
registro, utilizamos as notas de campo. Os dados analisados pelos procedimentos da análise de
conteúdo, revelaram como os professores concebem a política curricular e (re)organizam suas
práticas docentes para os estudantes da EJA no Ensino Médio. Revelaram também os desafios
dos estudantes para a sua permanência na sala de aula e conclusão do Ensino Médio. A
observação evidenciou a aproximação das práticas dos professores que permitem desenvolver
habilidades como a criticidade, a reflexão e a autonomia, contribuindo de forma significativa
para a formação dos estudantes.

Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos, Política Curricular, Prática Docente

[ID 171]

Desenvolvimento curricular das didáticas de formação inicial. "perspectivas dos estudantes


de educação de infancia"

Albertina Mecupale | Faculdade de serviço social | albemecupale@gmail.com

Resumo

O processo de ensino e aprendizagem é movido pelos programas curriculares das disciplinas,


visando concretizar com êxito o processo de ensino e aprendizagem. O conhecimento
profissional docente que a didática curricular abarca é de grande relevância na formação dos
futuros profissionais de ensino. Este facto, justifica a importância da realização do estudo sobre
o desenvolvimento curricular das didáticas de formação inicial de Educadores de Infância e
Professores Primários, para compreender de que forma as instituições de formação incorporam
o desenvolvimento curricular das didáticas especificas, os modelos e as conceções que
informam a formação de educadores e professores. Para tal, foram formuladas as seguintes
questões de investigação: Qual o discurso de formação (de docentes e de futuros docentes)
relativamente ao desenvolvimento curricular realizado nas componentes da didática? Que
práticas de ensino são valorizadas no desenvolvimento curricular das didáticas, no processo de

51
formação inicial de Educadores de Infância e Professores Primários? Responder de forma
cientifica e fundamentada a estas questões permite a prossecução de objetivos de investigação
deste projeto: descrever os planos curricular das componentes de didática especifica por
referência as questões orientadoras; conhecer discursos representacionais e prática de
formação no âmbito das componentes de didática de formação de Educadores de Infância e
professores do ensino primário; descrever práticas de formação realizadas nas componentes de
didática, relacionando-as com os discursos de formação. Libânio (2013) perspectiva que os
conhecimentos adquiridos com a aprendizagem dos conteúdos didáticos servem para a
sustentabilidade da atividade prática que o futuro professor utilizará na ação docente. Alarcão
(1991) diferencia a didática em três categorias: i) a didática que se prática na sala aula, a didática
da ação profissional; ii) a didática que se investiga, investigação em didática; iii) a didática que
se ensina, didática curricular. Estas categorias contemplam o leque de competências que um
professor ou educador de infância deve possuir no exercício da atividade docente (Mesquita
2011). Este estudo insere – se no paradigma interpretativo, metodologia qualitativa, partindo
da análise dos discursos das entrevistas e dos questionários feito aos estudantes do curso de
Educação de Infância. Os resultados revelam a valorização dos conhecimentos teóricos e
práticos, porem 46% dos inqueridos apontam a exposição como principal estratégia e recurso
privilegiado nas aulas de didática, aspecto a melhorar como pontam 60% dos estudantes.

Palavras-chave: Currículo, Desenvolvimento Curricular, Formação Inicial, Didáticas, Educação


de Infância

SESSÃO 1.3 | SESSION 1.3 – 1, 7, 125, 157

[ID 1]

Atualizações legais do uso de imagens criadas por outrem em contexto educativo, de


investigação e público-pessoal

Inês Rebanda Coelho | Universidade Católica Portuguesa (CECC) | insclh@gmail.com

52
Resumo

Tanto em contextos escolares, como privados, de investigação e profissionais estamos


constantemente a usar, alterar ou partilhar imagens criadas por outras pessoas. Mas será que o
fazemos legalmente? O que é que devemos ter em conta quando queremos utilizar uma imagem
criada por terceiros? O objetivo deste estudo é expor as práticas legais relacionadas ao uso de
imagens na União Europeia nas áreas que sofreram um maior impacto com a implementação da
DIRETIVA (UE) 2019/790 DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO, ou seja, investigação,
educação e público-pessoal (que inclui a partilha de conteúdo em blogs, redes sociais e páginas
da internet). Para isso, foi feito um estudo de práticas de usos de imagens de terceiros
consideradas comuns, que foram divididas em três categorias: educação – uso de imagem para
lecionação (presencial e digital), integração em material de ensino, partilha de imagens com
discentes, uso de imagens para a elaboração de exercícios ou trabalhos); investigação - uso de
imagens em comunicações (digitais e presenciais), publicação de imagens em artigos, livros ou
outros formatos semelhantes; e privado, incluindo público-pessoal - criação de cópias,
remistura, derivações com e sem publicação. A partir daí foi feita uma análise e levantamento
dos códigos de Direito de Autor dos países da UE, assim como das Diretivas, Decretos,
Convenções e outros documentos e acordos legais associados, presentes nas respetivas
plataformas governamentais de cada país ou através da WIPO (World Intellectual Property
Organization). O seu levantamento e análise inicial começou em 2017, tendo sido registadas as
atualizações legais que afetaram, de alguma forma, os países da UE em termos de usos de
imagens até hoje (2021), havendo um especial enfoque na diretiva do parlamento europeu
estabelecida em 2019, pelas possibilidades que a integração do mercado único digital na
legislação abriu em termos de facilitação de uso de imagens em determinados contextos. Tenha-
se em atenção que, até então, praticamente não existia menção legal a utilização de imagens
sem a autorização do seu autor e/ou a sua remuneração, incluindo em contextos educativos ou
de investigação, a não ser que estivessem sob domínio público ou sob uma licença de uso
facilitado (e.g.: Creative Commons).

Esta investigação possibilitou colocar em perspetiva as práticas legais, assim como todo o
conhecimento e passos requeridos por parte do utilizador, de modo a garantir que o uso da obra
é feito legalmente. Nesta investigação, há tanto uma vertente informativa e de atribuir
conhecimento, como de alerta para as exigências e alguma complexidade associada à lei que
cada país expõe. Conclui-se que, apesar de nos últimos anos a legislação relativa à proteção de
propriedade intelectual que abrange toda a UE ter melhorado, ainda existe uma necessidade de

53
harmonização e simplificação da legislação para obras de cariz artístico e a sua integração na era
digital, principalmente para o utilizador comum.

Palavras-chave: Uso de imagens de outrem, Direito de Autor e Direitos Conexos na UE,


Direitos de Imagem, Legislação vigente, Educação, Investigação, Público-pessoal

[ID 7]

Ressonâncias da Contemporaneidade no Ensino de Matemática nos Anos Iniciais

Fernanda Longo | Universidade Federal do Rio Grande do Sul |fernandalongo25@gmail.com

Resumo

A pesquisa que segue vem problematizando alguns enunciados que constituem o discurso
educacional da Educação Matemática e seus efeitos sobre as práticas pedagógicas de
professoras que atuam nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental – a professora pedagoga -
antes, durante e pós-pandemia. Além disso, pretende-se analisar alguns entrecruzamentos dos
enunciados acerca das Metodologias Ativas no espaço escolar com os que regulam as práticas
pedagógicas destes docentes. Os aportes teóricos que sustentam a investigação são as
teorizações de Michel Foucault acerca de enunciado, discurso e verdade. O material empírico
analisado constitui-se de entrevistas e narrativas pessoais de professoras sobre suas práticas
docentes ao ensinarem matemática nos terceiros e quartos anos dos Anos Iniciais da rede
privada da cidade de Porto Alegre/RS. A estratégia analítica baseia-se pela análise do discurso
na perspectiva de Michel Foucault, na busca pelas recorrências e pelas dispersões das
enunciações das professoras. O exame do material até o momento, constituído pelas entrevistas
pré-pandemia, evidenciou a presença de dois enunciados que orientam as práticas das
professoras no ensino de Matemática: o uso do material concreto para facilitar as aprendizagens
e a grande importância e preocupação das docentes com o abstracionismo como prova do
aprendizado. Estes dois enunciados carregam fortes marcas do construtivismo e dos ideais
platônicos, conduzindo uma forma de ensinar: do concreto para o abstrato. Nas narrativas do
período de pandemia, algumas dessas verdades foram colocadas em xeque pelas limitações
impostas pelo distanciamento. Pergunta-se, agora, se tais verdades encontradas anteriormente

54
encontram força para regrar os comportamentos docentes no ensino de matemática ou se
novas verdades são possíveis e constituem uma escola pós-pandemia.

Palavras-chave: Educação Matemática, Anos Iniciais, Michel Foucault

[ID 125]

A metanarrativa dos direitos humanos e a educação inclusiva como direito humano no quadro
de uma globalização excludente

Henrique Ramalho | Politécnico de Viseu - Escola de Educação/CI&DEI | hpramalho@esev.ipv.pt

Resumo

Este ensaio, decorrente de uma investigação qualitativa, analisa e discute a interseção de duas
intencionalidades da educação, na sua relação com os direitos humanos no quadro da atual
globalização: a educação inclusiva como direito humano universalmente efetivado e os direitos
humanos como princípio educacional, curricular e pedagógico inclusivo. Questionamo-nos em
que estado se encontra, hoje, o espaço conquistado pela educação inclusiva? Esse espaço é,
estruturalmente, social e cultural, ou mantém-se como texto e contexto educativos atomizados
face à “zona” globalizada? Por outro lado, pensando que a educação, está ela própria
globalizada, como é que o novo paradigma da educação inclusiva se (des)articula com a ideia de
uma globalização excludente? E esta preocupação justifica-se na medida em que o projeto de
globalização em curso alberga, ainda, velhas tensões ocorridas na esfera da educação e a sua
ligação à intencionalidade curricular de educar para os direitos humanos. Dessas tensões,
chamamos a atenção para duas, ainda que articuladas entre si: i) o enfoque na educação
instrumental e padronizadora, cujos horizontes curriculares e pedagógicos se alinham, quase
exclusivamente, com finalidades econométricas e produtivistas, na linha da conceção
hegemónica da planificação social e educacional neoliberal, subordinando a educação à ética
mercantilista, em que as políticas educativas passam a incorrer numa matriz mercadológica; ii)
o cenário de intensificação instrumental do trabalho docente, denunciando dificuldades práticas
para trabalhar, de forma autónoma, as temáticas dos direitos humanos, bem como lacunas
teóricas e práticas com que os educadores e professores se deparam, mormente muito mais
(pre)ocupados com as avaliações dos seus alunos, face a um conhecimento escolar e a um

55
referencial de avaliação das aprendizagens que lhes é absolutamente heterónomo. Tendo por
base a metodologia da meta-análise de investigações pré-selecionadas que versam, de forma
articulada, as problemáticas da educação inclusiva, dos direitos humanos e da globalização,
aventamos a ilação geral de que é persistente a tensão, com uma tradução descoincidente,
entre os direitos humanos, a educação inclusiva, per se, como direito humano, as políticas
educativas de base supranacional e o atual projeto de globalização.

Palavras-chave: Metanarrativa dos direitos humanos, Educação como um direito humano,


Globalização excludente, Educação inclusiva

[ID 157]

Direitos humanos na escola: práticas pedagógicas nos anos iniciais do ensino fundamental em
tempos pandêmicos

Maira Freitas | Universidade do Estado do Rio de Janeiro | freitasmaira@yahoo.com.br

Luís Borges | Universidade do Estado do Rio de Janeiro | borgesluispaulo@yahoo.com.br

Resumo

O presente trabalho parte das reflexões-ações-reflexões realizadas nos anos de 2020 e 2021,
marcados pela pandemia da COVID-19. Tal contexto problemático nos surpreendeu, em muitos
sentidos, colocando em xeque concepções de educação, escola, docência, currículo e didática
tão presentes e/ou cristalizadas em nossos discursos pedagógicos. No Instituto de Aplicação
Fernando Rodrigues da Silveira da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (CAp-UERJ),
especificamente no Departamento de Ensino Fundamental (DEF) que atua nos anos iniciais do
Ensino Fundamental, nos propusemos repensar a escola com seus currículos e didáticas, fazendo
dialogar com todos os projetos dos anos de escolaridade com a temática central dos Direitos
Humanos. As práticas pedagógicas fundamentadas nos Direitos Humanos têm por finalidade
propagar a ideia de que a participação na sociedade civil pode favorecer o desenvolvimento de
uma consciência crítica e ética. De acordo com a professora Vera Maria Candau (2010, p.400)
“Hoje não se pode mais pensar na afirmação dos Direitos Humanos a partir de uma concepção
de igualdade que não incorpore o tema do reconhecimento das diferenças, o que supõe lutar
contra todas as formas de preconceito e discriminação”. Assim, tivemos como objetivos

56
promover a construção de uma cidadania na democracia, desenvolvendo o senso crítico de cada
criança, além de estimular o reconhecimento das diferenças culturais e as Ciências como direito
à vida e como princípio de desenvolvimento da humanidade para o Bem Viver a partir dos
projetos por ano de escolaridade. Destacam-se as questões trabalhadas: O que são Direitos
Humanos? Como os Direitos Humanos estão presentes em nossas vidas? E como a escola e a
sociedade podem construir um conhecimento baseado nos Direitos Humanos? Tais questões
nos orientaram e ainda orientam na empreitada de um projeto pedagógico que nasce no
contexto do tempo presente. Por fim, pensamos que o papel docente para uma Educação dos
Direitos Humanos é problematizar o mundo e as práticas sociais que não estejam de acordo com
a própria noção de humanidade. Dessa forma, é preciso educar-se constantemente construindo
práticas pedagógicas no diálogo, na escuta sensível e nos conflitos que permeiam a vida escolar.
Para reconstituir os nossos abraços presenciais futuros, vivemos a esperança de novas
possibilidades. Escrevemos, nesse triste momento de nossa história, com as nossas incertezas e
esperanças, do verbo “esperançar” no sentido freireano, com a coragem de apostar nas Ciências
como caminho possível de reconstrução da vida e na educação para os Direitos Humanos como
possibilidade de reinventar-se.

Palavras-chave: Direitos Humanos, Ensino Fundamental, Práticas pedagógicas

SESSÃO 1.4 | SESSION 1.4 – 29, 52, 67, 178

[ID 29]

Educação Integral e Tempo Integral: Revisitando Conceitos

Amanda Borde | Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) |


amandaborde@yahoo.com.br

Tereza Guimarães | Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) |


tecrisalgui@hotmail.com

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Elisangela Bernado | Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) |
efelisberto@yahoo.com.br

Resumo

O presente trabalho tem por objetivo compreender a concepção de educação integral e em


tempo integral no território brasileiro, ele está embasado na metodologia qualitativa com foco
na pesquisa bibliográfica e documental. As discussões acerca da educação integral compõem os
cenários das políticas educacionais brasileiras, evidenciando, inclusive, a ampliação do tempo
escolar como bandeira de eficácia escolar e formação integral do educando. No entanto,
especialistas como Coelho (1998) e Cavaliere (2009) elucidam o fato de que mais tempo na
escola não é sinônimo de educação integral. É nesse sentido que trazemos Paro (2009) para
discussão, pois para o autor, a educação integral é um pleonasmo. Nessa lógica, caminha o
pensamento de Gadotti (2013), uma vez que ele considera que o ser humano se educa ao longo
da vida, portanto não se pode pensar em um período em que somos educados e em outro em
que não somos, pois somos educados o tempo todo. Para Cavaliere (2015) a educação integral
é algo inerente à vida humana, que está nos diferentes movimentos diários, que se encontra no
ambiente familiar, com a religião, com o contato com os mais velhos, na vida em sociedade
como um todo. Na educação escolar, os indivíduos não se desvinculam dos aprendizados que
trazem consigo diante da comunidade na qual estão inseridos. Cavaliere (2002) traz a base das
suas interpretações sobre educação integral alicerçada em John Dewey. As suas ideias tiveram
fortes influências no campo educacional brasileiro, principalmente por ter sido um dos
disseminadores da Pedagogia Nova. Elas foram trazidas para o Brasil por Anísio Teixeira nas suas
viagens pedagógicas, dentre outros pensadores da época. A escola aberta a tempo inteiro nos
leva a pensar em um projeto educativo para o aluno em tempo integral, deixando o pensamento
hierarquizado de escolas, nas quais o aluno se encontra nas “gavetas fechadas” do turno e do
contraturno. (GUIMARÃES, 2019), para se pensar em uma escola de turno completo, na qual o
tempo é o fator primordial da expansão da oferta educativa. Em suma, no contexto educacional
do século XXI no Brasil, podemos perceber que a educação integral, por vezes está intimamente
associada à ampliação da jornada escolar.

Palavras-chave: Educação Integral, Tempo Integral, Políticas Educacionais

58
[ID 52]

A Participação Dos Alunos na Escola: um desafio à qualidade da educação

Mariana Dias | Escola Superior de Educação de Lisboa | mariana.c.c.dias@gmail.com

Ana Gonçalves | Escola Superior de Educação de Lisboa | anag@sapo.pt

Resumo

A participação dos alunos na vida da escola faz parte da agenda politica nacional desde a
revolução de Abril de 1974 embora a forma de legitimar essa participação tenha tido diferentes
matizes ao longo do tempo : requisito indispensável ao funcionamento democrático das
organizações educativas ; aprendizagem de conteúdos e competências indispensáveis a uma
cidadania ativa ; envolvimento dos alunos no seu próprio processo de aprendizagem e
desenvolvimento .No entanto , o processo de “dar voz aos alunos “não tem tido em Portugal um
processo linear , como a própria Estratégia de Educação para a Cidadania reconhece,
prevalecendo um percurso em ziguezague que” não tem permitido a apropriação da visão e das
boas práticas na cultura escolar, nem o envolvimento dos alunos e das alunas e de outros
parceiros em atividades com a comunidade educativa local e na sociedade em geral”

Através desta comunicação pretendemos contrariar esta tendência e descrever e analisar um


caso de sucesso neste domínio, em que “dar voz aos alunos “constituiu um pilar fundamental
no processo de transformação de uma escola que se encontrava em situações de grande
dificuldade , visível numa significativa perda de alunos e degradação da imagem junto da
comunidade

A estratégia de Investigação que sustenta esta apresentação é a história de vida de um diretor


da região de Lisboa ( 2003-2019) , que foi elaborada a partir duas técnicas de investigação
fundamentais : entrevista e análise documental (testemunho escrito do diretor e relatórios de
avaliação externa das escolas ) Através da análise desses elementos pudemos constatar que o
diretor estabeleceu parcerias fortes com os alunos e outros elementos da comunidade escolar ,
conseguindo alterações muito significativas ao modelo escolar “tradicional “: fim das retenções
, dos trabalhos de casa , dos “toques “nos intervalos , da prioridade concedida à preparação para
testes e exames .Estas mudanças , foram decisivas para que a organização em análise
abandonasse os últimos lugares do ranking em que se encontrava e se transformasse numa

59
escola com forte procura por parte de alunos e famílias , com bons resultados académicos e uma
forte imagem no universo académico e nos meios de comunicação social.

Palavras-chave: Participação alunos, cidadania, melhoria da qualidade

[ID 67]

O ensino de ciências em interfaces com os diferentes saberes na construção da formação


escolar dialógica e multidimensional

Nádia Rocha | Universidade Federal do Pará | nrocha@ufpa.br

Ariadne Contente | Universidade Federal do Pará | acpcontente@gmail.com

Eulália Vieira | University of Minho | eulaliasoaresvieira@gmail.com

Resumo

Considerando a diversidade de saberes presentes no contexto amazônico em que nos


encontramos e a prática docente como elemento imprescindível para a formação escolar e
socioeducativa dos estudantes quando fundamentada na interação entre as diferentes formas
de conhecimentos, partimos do seguinte questionamento: Como se dá a prática docente voltada
ao ensino de Ciências de uma professora do 5º ano do Ensino Fundamental da Escola da
comunidade Segredinho/Capanema/Pará? Este artigo traz um recorte da pesquisa de
doutoramento e tem como objetivo refletir sobre a importância da interação entre os diferentes
saberes apresentados na prática docente por meio dos conteúdos do Ensino de Ciências e as
contribuições no processo formativo dos estudantes. Optamos pela pesquisa qualitativa
(GUERRA,2006) pelo seu caráter interpretativo e analítico tendo como técnicas da pesquisa a
observação participante e a entrevista semiestruturada e, como instrumentos um questionário
com perguntas, registros fotográficos e o diário de campo dos pesquisadores. Para fins de
obtenção dos resultados, contamos com a análise de conteúdo, extraindo duas categorias que
emergiram durante a organização dos dados. Os resultados apontaram que a prática docente
investigada possibilitou a interação entre os saberes científicos (ALMEIDA,2010), os saberes dos
alunos (FREIRE,1987) e os saberes da tradição (ALMEIDA,2010) presentes no contexto da
comunidade o que contribui para que a formação escolar dos alunos seja dialógica e

60
multidimensional pois estes passam a compreender os fatos interligados e conjugados sob as
diferentes perspectivas do conhecimento.

Palavras-chave: Prática docente, Ensino de Ciências, Diálogo entre os saberes

[ID 178]

Conquistas de direitos trabalhistas das empregadas domésticas no Brasil e possíveis


contribuições para as crianças: reflexões a partir de uma perspectiva interseccional sobre
gênero e infância

Maira Freitas | Universidade do Estado do Rio de Janeiro | freitasmaira@yahoo.com.br

Ligia Aquino | Universidade do Estado do Rio de Janeiro | ligiaaquino@yahoo.com.br

Resumo

O presente trabalho se inscreve numa investigação sobre infância e maternidade, considerando


que as condições de vida das crianças estão imbricadas com as de suas mães. A responsabilidade
pelo provimento e cuidados das crianças tem recaído sobre as mulheres, visto serem
identificadas como destinadas a tal tarefa, tanto por viés religioso como por discursos
biologizantes. Entretanto, desde o século XIX as mulheres, via movimento feminista, vêm
denunciando o caráter opressivo e dominador dessa condição de confinamento à maternidade,
lutando por seus direitos de participação e decisão nas distintas esferas sociais e políticas, para
além do espaço doméstico. Parte dessas lutas está associada à demanda por políticas de
compartilhamento com a sociedade e o Estado da educação e o cuidado das crianças
(Rosemberg, 2001), o que tem resultado em conquistas de direitos da infância a espaços e ações
educativas, culturais e convivência com outros e não apenas na esfera familiar e privada. O
direito à educação em creche e pré-escola às crianças de até 5 anos se configura como um desses
direitos, embora ainda não disponível para todas que demandam. A desigualdade de oferta
compõe as múltiplas desigualdades socioeconômicas no Brasil e são justamente as crianças mais
pobres e negras que estão fora dos equipamentos e serviços sociais. Para compreensão da
relação infância e gênero, particularmente no que concerne à maternidade, em contextos de
desigualdades e sobreposição de opressões e discriminações existentes em nossa sociedade,
recorremos ao conceito de interseccionalidade, como categoria de análise, aparato teórico e

61
provocador de questões sobre políticas públicas e seus possíveis impactos na vida das mulheres
e das crianças. Elegemos uma lei brasileira, de 2015, chamada de “PEC das domésticas” (Lei
Complementar nº 150, 1º/06/2015) para discutir possíveis investigações sobre sua repercussão
na vida de mulheres negras e seus filhos, uma vez que essa categoria profissional é
majoritariamente feminina e com a presença de muitas mulheres negras, em idade reprodutiva
(UFRGS, 2021). Nossas reflexões indagam como a garantia de direitos a grande contingente de
mulheres jovens, pobres, negras e com baixa escolaridade pode provocar uma mudança
sistêmica e estrutural na sociedade conforme anunciado por Davis (2017). Dessa forma, romper
com a lógica precária de sobrevivência de mulheres pobres e negras, implica romper também
com a lógica de subalternização de seus filhos/as. Discutimos, que tanto políticas públicas que
contribuem para igualdade de gênero, quanto as que visam a proteção à infância demandam
aportes dos estudos interseccionais (Collins & Bilge, 2021), propondo a interlocução com os
Estudos da Infância (Alanen, 2001; Abramovicz et al, 2017; Qvortrup, 2010).

Palavras-chave: Políticas públicas, Infância, Gênero, Interseccionalidade

SESSÃO 1.5 | SESSION 1.5 – 8, 22, 31, 32

[ID 8]

Desenho didático de cursos de formação de professores voltados para literacia digital durante
a pandemia: a experiência da Universidade Federal do Tocantins

Elaine Jesus Alves | Universidade Federal do Tocantins | elainealves@uft.edu.br

Helenara Santos | Universidade Federal do Tocantins | helenara@uft.edu.br

Resumo

Nos anos de 2020 e 2021 os professores de todos os países do mundo passaram por uma
situação limítrofe e atípica: a suspensão das aulas presenciais e a migração do espaço físico de
aula para os meios digitais. O Ensino Remoto Emergencial (ERE) que deveria ter sido provisório,
estendeu-se por mais tempo do que se planejava. As consequências dessa interrompição das
aulas presenciais e o possível retrocesso na aprendizagem dos estudantes ainda não foram
calculados. No Brasil, o governo federal deu poucas respostas para orientar as escolas e

62
professores nesta nova realidade. Os professores e as famílias se organizaram para que fosse
possível seguir com as aulas em formato de ensino remoto (Nóvoa, 2020). O que ficou evidente
é que nem as instituições de ensino e nem os professores estavam preparados para esta
realidade (OLIVEIRA, 2020). E os poucos docentes preparados foram mais de forma autodidática
ou por interesse próprio do que por incentivos e programas institucionais (ALVES, & FARIA,
2021) Como explicita Costa (2013, p. 54) a universidade continua a ser o “centro nevrálgico da
decisão sobre as estratégias de integração das tecnologias digitais no currículo”. Assim, neste
artigo apresentamos as iniciativas de formação de professores na Universidade Federal do
Tocantins no âmbito do Programa de Formação Docente Continuada - PROFOR. Os cursos
ofertados em 2020 e 2021 foram desenvolvidos a partir da premissa do desenho didático
interativo (Santos e Silva, 2009), que constitui a estrutura de situações de aprendizagem
utilizadas pelos docentes e estudantes com a finalidade de potencializar a construção coletiva
do conhecimento e da aprendizagem. A primeira parte do texto delineia o contexto da situação
da formação dos professores na área de tecnologia educativa no Brasil. Na segunda parte,
exploramos o conceito de literacia digital e de desenho didático interativo na formação docente.
Em seguida, apresentamos a experiência da formação dos professores no âmbito do PROFOR na
UFT e os desafios encontrados como a evasão e a baixa aderência dos professores. O texto
finaliza com apontamentos sobre a necessidade de uma política efetiva de formação de
professores voltada para a literacia digital.

Palavras-chave: Formação de professores, pandemia, desenho didático, literacia digital,


PROFOR

[ID 22]

A experimentação na formação docente: ensinar a ensinar em um contexto de educação para


o desenvolvimento sustentável

Rosivânia Andrade | Universidade Federal de São Carlos | rosivaniandrade@gmail.com

Vania Zuin | Universidade Federal de São Carlos | vaniaz@ufscar.br

Resumo

63
A experimentação como componente curricular é uma via para o favorecimento da Educação
para o Desenvolvimento Sustentável (EDS) no Ensino Superior, à medida que enriquece a
formação de conceitos científicos, fomenta a investigação, favorece as habilidades de resolução
de questões sociocientíficas e oportuniza o desenvolvimento de experiências formativas. Para
esse estudo estabelecemos as abordagens experimentais: expositiva, investigativa-guiada e
investigativa-aberta que, alinhadas aos modelos de aprendizagem para a EDS, em práticas
experimentais (ANDRADE e ZUIN, 2021), se tornaram o fundo teórico para analisar o
desenvolvimento de práticas experimentais em um contexto de EDS por estudantes de um curso
de Licenciatura em Química de uma Instituição Federal de Ensino Superior no Brasil. Para tanto,
foi adotada a abordagem qualitativa, sendo desenvolvida por meio do método de estudo de
caso (FLICK, 2009), envolvendo 22 licenciandos. Organizados em 11 grupos desenvolveram suas
propostas acerca dos temas: funções orgânicas; indicadores ácido-base; tabela periódica;
poluição e combustíveis, em uma escola de Educação Básica brasileira. A coleta de dados
envolveu o método da observação participante, entrevista semipadronizada e um guia para
auxiliar na elaboração da proposta experimental. A investigação organizou-se em cinco
momentos para que os licenciandos discutissem, organizassem e aplicassem suas propostas
experimentais sob a perspectiva da EDS. A abordagem para análise de dados utilizada
compreendeu a análise textual discursiva (MORAES e GALIAZZI, 2016) que permitiu verificar que
a maioria dos estudantes - 18 deles - apresentou, inicialmente, uma concepção alinhada à ideia
instrumentalizada da teoria-prática. No entanto, apenas o grupo G04 organizou e desenvolveu
sua prática experimental do tipo expositiva. As demais propostas experimentais desenvolvidas
pelos outros estudantes, que apresentaram a mesma ideia, superaram sua concepção inicial da
experimentação como uma atividade absolutamente neutra, acumulativa e destituída das
relações socioculturais e desenvolveram propostas experimentais, investigativa-guiada,
integradas a questões sociocientíficas (G02, G03 e G11) e estudo de caso (G01 e G09). Diante
dos resultados, o processo formativo que envolveu o desenvolvimento de práticas
experimentais colaborou na consolidação de um conhecimento profissional mais fundamentado
e enriquecido na formação docente para o ensinar a ensinar em um contexto de EDS.

Palavras-chave: Formação de professores, Ensino de Química, EDS

[ID 31]

64
Re-união de professores: o compartilhamento narrativo de práticas pedagógicas como ação
coletiva de formação continuada

Claudia Tietsche | Universidade Federal de Santa Catarina | claudia.tietsche@gmail.com

Gilka Girardello | Universidade Federal de Santa Catarina | gilkagirardello@gmail.com

Resumo

A educação, em pleno século XXI, está inserida em uma nova realidade comunicacional, e o
contexto escolar, como é característico de uma instituição sempre em movimento, vive em
desafiadora adaptação, em tempos de docência sobrecarregada e desvalorizada (CODO, 1999;
VIEIRA, 2004; MEC, 2021). O/a professor/a tem como direito garantido em sua jornada de
trabalho, tempo para estudo, planejamento e avaliação (MEC, 2013), mas fica a questão: será
que os espaços-tempo de reunião pedagógica fomentam o desenvolvimento da autonomia
profissional e formativa para a prática pedagógica? Partilhar práticas pedagógicas em forma
narrativa pode vir a libertar o/a professor/a para dialogar como um intelectual criativo e ativo
no processo de educar. A proposta deste trabalho de doutorado, a partir da metodologia de
pesquisa Grounded Theory (CHARMAZ, 2009) é entender como formação continuada (NÓVOA,
2002) as narrações (BENJAMIN, 1985) de práticas pedagógicas docentes (FREIRE, 2014) em
rodas de conversas inseridas em reuniões institucionalizadas (MEC, 2012). Enraíza-se em ações
de quatro professoras gestoras, duas que trabalham em escolas privadas e as outras duas, na
rede pública, tendo em comum a valorização dos compartilhamentos entre os pares e a
obtenção de importantes resultados para suas respectivas comunidades escolares. A coleta de
dados inicial, aprovada pelo comitê de ética da Universidade Federal de Santa Catarina foi feita
por entrevistas de forma semiestruturada e intensiva. Seus nomes fictícios foram relacionados
com os pilares teóricos da pesquisa: Formação, Narração, Partilha e Reunião. O próximo passo
será formar grupos focais de discussão virtual, com espaço, cada participante em seu tempo,
para compartilhamento de experiências vividas, uma construção/costura em/de rede. Os/as
participantes terão acesso a todas as informações, e as suas contribuições serão espontâneas,
não obrigatórias e assíncronas. Em uma conclusão ainda parcial, esse processo depende
necessariamente de um espaço-tempo de escuta ativa, para além da demanda burocrática. Um
interesse genuíno pelo fazer do outro, que molda o próprio fazer e consequentemente, modela
uma escultura social. Significa estar em permanente abertura à fala, ao gesto e às diferenças,

65
com liberdade para discordar, opor-se e posicionar-se; portanto, uma construção de
comunidade a partir da convergência circular das diferenças.

Palavras-chave: Formação, Compartilhamento Narrativo, Reunião

[ID 32]

Educação estética e artística em dança e teatro e a formação de professores do 1.º ciclo do


ensino básico em Portugal

Fernanda Andrade | fernanda.andrade.cultura@gmail.com

Adriano Santos | Universidade Federal da Bahia - PPGAC | a.f_adrianoferreira@hotmail.com

Resumo

Nesta pesquisa, entende-se que ao âmbito da Educação Artística, em ambiente formal de


educação, reserva-se tanto para a promoção das artes da Dança e do Teatro como áreas de
conhecimento específicas quanto para o alargamento das experiências estéticas dos pequenos
e futuros jovens/adultos espectadores. Nesse sentido, considerando que a lecionação das artes
da Dança e do Teatro, especificamente nos primeiros anos escolares, pode se configurar como
um potencial primeiro encontro físico/experimental entre as crianças e as artes performativas,
a mediação destas áreas de conhecimento toma uma proporção de elevada relevância pois,
sabe-se que muitas das vezes a primeira impressão é a que ‘marca mais os sujeitos’. E sendo
assim, a nossa premissa é a de que, caso estes primeiros encontros com as referidas Artes não
estejam alicerçados por bases sólidas, consistentes de conhecimentos ímpares, podem disparar
- com a falta de sustentação - um tipo de (in)sucesso na relação das crianças com as artes a
depender das experiências estéticas que destas ações de ensino-aprendizagem derivem.
Portanto, nesta pesquisa, em andamento, desenvolvem-se argumentos teóricos e disserta-se
sobre a presença e o impacto destas artes, consubstanciadas em unidades curriculares, nos
cursos de Licenciatura em Educação Básica, dos treze institutos politécnicos, de ensino público,
de Portugal. Procura-se compreender em que medida a mediação artística nas áreas citadas
anteriormente são potencializadas na formação dos futuros docentes, e por fim, objetiva-se
examinar junto aos futuros docentes se, são desenvolvidas as aptidões profissionais para
assumirem essas lecionações segundo as indicações normativas.

66
Palavras-chave: Dança, Teatro, Formação de professores, Educação estética e artística,
Licenciatura em Educação Básica

SESSÃO 1.6 | SESSION 1.6 – 26, 48, 66, 71

[ID 26]

O fazer-se docente no século XXI - capacitação continuada para metodologias ativas

Maria Fernanda Ricci | Universidade de Vassouras- Vassouras - RJ |


mariafernanda.ricci@gmail.com

Suzana Amorim | Universidade de Vassouras- Vassouras - RJ | suzana-amorim@uol.com.br

Maria Luiza Medeiros | Universidade de Vassouras- Vassouras - RJ |


marialuiza.medeiros@yahoo.com.br

Suely Crahim | Universidade de Vassouras- Vassouras - RJ | suelycrahim@yahoo.com.br

Therezinha de Souza | Universidade de Vassouras- Vassouras - RJ | thei.souza@yahoo.com.br

Resumo

A Educação tem passado por mudanças nestes tempos pandêmicos. O uso de tecnologias
educacionais é uma realidade na prática educativa e novos fazeres docentes devem permanecer
e ser ressignificados. Mesmo antes da ocorrência da COVID-19, as instâncias reguladoras do
ensino superior já sinalizavam nas Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos superiores a
emergência da adoção de metodologias ativas nas práticas docentes, mudança anunciada, mas
o que precisa mudar é a concepção do ato educativo, que construa perfil de formação discente
alinhado aos perfis profissionais exigidos pelo mercado, cada vez mais demandante de
metodologias de ensino e aprendizagem que atendam ao processo de construção de espírito
empreendedor, de autonomia, de um olhar para processos pluridimensionais, que levem em
consideração os pilares do conhecimento: aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a
conviver; e aprender a ser, muito exigidos em nossa sociedade com relações plurais e
complexas. O uso de Metodologias Ativas no processo de formação docente é tendência nas
Universidades Brasileiras, que buscam uma nova vertente formacional. Agora, a construção de

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um ecossistema de inovação não se dá apenas pelo embarque de tecnologia. O docente deve
alinhar seus fazeres a esse paradigma, diverso daquele da sua formação profissional. Nesse
sentido, o uso dessas metodologias apoia-se em um tripé para que se obtenha delas seus
melhores resultados. Primeiro, um processo de formação dos docentes para a apropriação e
validação desses procedimentos metodológicos, frutos de reflexão teórica, também vivenciados
pela sua experiencialização. Quanto à formação docente, teóricos são uníssonos na validação
da teoria pela prática. Finalmente, há de se considerar que esse fazer parte de premissas nas
quais o acompanhamento do preceptor, que opera como um mediador de saberes para a
construção de habilidades e competências, deve ser individualizado, promovendo feedback em
tempo real para os processos de aprendizagem do acadêmico. Diante disso, o estudo propõe
acompanhar a formação continuada de docentes da Universidade de Vassouras, em Vassouras,
Rio de Janeiro, Brasil, acompanhando o Projeto de Capacitação Contínua Docente, desenvolvido
pela referida universidade no segundo semestre de 2021. Espera-se que, pela Formação
continuada de docentes com práticas mais alinhadas aos saberes do século XXI, possamos
oportunizar aos discentes da universidade um ambiente propício ao perfil pluriprofissional.

Palavras-chave: Metodologias Ativas, Formação de professores, Educação

[ID 48]

O presentismo e o adoecimento docente em tempos de pandemia

Neslei Nogueira | Instituto Federal Sul-rio-grandense | nesleinogueira@yahoo.com.br

Denise Silveira | Universidade Federal de Pelotas | silveiradenise13@gmail.com

Resumo

O início do século XXI ficará marcado por uma crise pandêmica sem precedentes na história da
humanidade, a qual acarreta desequilíbrios em vários setores sociais, pois transformou os
hábitos da população mundial. Neste momento de anormalidade, o qual não há previsão de fim,
somos tomados por uma diversidade de sentimentos, que abalam nossas emoções, destacamos
o sentimento de Presentismo. A definição de Presentismo admitida pela pesquisa advém da
obra Regimes de historicidade: Presentismo e experiência do tempo, do historiador francês
François Hartog, publicada no Brasil em 2013. Para esse autor, o Presentismo é uma experiência

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do tempo em que o presente é o único horizonte. Pensamos que o vínculo entre o Presentismo
e a pandemia dá-se devido a perda da noção de tempo e a incerteza de quando voltaremos a
viver num mundo sem a COVID 19, porque ao estarmos confinados em casa para conter a
expansão do vírus, nossa percepção do tempo foi alterada suscitando em nós a sensação de que
vivemos um presente infindável. A pesquisa interliga o Presentismo e as demandas laborais dos
professores para o planejamento das aulas nas modalidades de ensino: remoto e à distância. A
carga de trabalho docente, que antes da pandemia de COVID 19 já era grande devido as
prescrições estabelecidas pelas políticas educacionais, advindas dos órgãos multilaterais sob
égide neoliberal, tornaram-se ainda mais intensas e precarizadas implicando no adoecimento
docente. A partir do que foi exposto, enfatizamos que o texto refere-se ao recorte de uma
pesquisa acadêmica, relacionando: a intensificação/precarização do trabalho dos professores,
as orientações das políticas educacionais com viés neoliberal, o sentimento de presente
interminável e o adoecimento docente, com o objetivo compreender de que maneira a
sobrecarga laboral dos professores, durante a pandemia de COVID 19, juntamente com as
políticas educacionais impostas pelo Neoliberalismo e o Presentismo contribuem para o
adoecimento docente. A metodologia da investigação é dividida em duas etapas: realização da
Análise Documental, com o auxílio da Análise de Conteúdo do documento selecionado; e o
preenchimento de um questionário pelos docentes, com o propósito de selecioná-los para uma
entrevista, com o intuito de compreender o ponto de vista dos professores acerca de como as
políticas educacionais podem interferir nas condições de trabalho dos professores, e na
demanda de trabalho destes, acarretando o adoecimento docente.

Palavras-chave: Presentismo, Adoecimento docente, Pandemia

[ID 66]

Identidade Profissional de Futuros Professores face aos Desafios da Diversidade

Ana Sofia Pinho | Instituto de Educação da Universidade de Lisboa | aspinho@ie.ulisboa.pt

Resumo

Um dos reptos e desafios colocados à formação de professores de línguas, particularmente de


Inglês como Língua Estrangeira (ILE), consiste no desenho de contextos de aprendizagem que
promovam o pensamento crítico acerca do ensino de línguas e potenciem o saber agir
pedagogicamente em contextos marcados por paisagens linguísticas e culturais complexas. Os

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professores de ILE são chamados não só a reestruturar as suas conceções de língua (inglesa),
mas também a expandir as suas visões acerca das finalidades do ensino de línguas, o que traz
implicações para o desenvolvimento da identidade profissional (Pinho & Moreira, 2012; Pinho
2019; Rodgers & Scott, 2008). Mostra-se, por isso, necessário compreender em que medida os
programas de formação, e componentes curriculares específicas, concorrem para e apoiam a
aprendizagem profissional e identitária de futuros professores (Beijaard, 2019; Beauchamp &
Thomas 2009; Flores, 2011; Comissão Europeia, 2017). Neste âmbito, a investigação conduzida
na área da educação em línguas tem destacado a necessidade de se aprofundar o conhecimento
acerca de processos de construção identitária, com particular ênfase nas autoimagens de
futuros professores e nas suas práticas pedagógicas ambicionadas e/ou concretizadas, em
especial por referência a abordagens críticas, ético-políticas, materializadas em pedagogias para
a diversidade linguística e cultural (Andrade, Martins, Gonçalves, & Pinho, 2012; Barkhuizen,
Benson, & Chik, 2014).

O presente estudo parte das seguintes questões de investigação: Que construções identitárias
são desenvolvidas por futuros professores de inglês no contexto de duas unidades curriculares
do Mestrado em Ensino de Inglês da ULisboa? Qual o potencial transformativo das situações de
aprendizagem desenhadas e concretizadas nessas duas unidades curriculares, à luz de uma
pedagogia para a diversidade como ação política? A partir de uma análise temática de conteúdo,
analisa-se um corpus de 29 narrativas visuais ou multimodais (desenhos) e respetivas
explicações, elaborado por 13 futuros professores e recolhido entre 2016 e 2021. Os principais
resultados apontam para trajetórias de aprendizagem identitária partilhadas e
simultaneamente únicas, que ilustram autoimagens profissionais ambicionadas, no âmbito das
quais os futuros professores procuram acomodar discursos enraizados e novos acerca da
educação em línguas e do ensino de ILE. Com base na problematização dos resultados,
refletimos acerca das potencialidades das estratégias de formação adotadas.

Palavras-chave: Identidade profissional, Formação de professores, Educação em línguas,


Narrativas visuais, Inglês língua estrangeira

[ID 71]

Percursos de identidade do professor em início de carreira: um contributo para actualização


dos currículos de formação

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Lando Pedro | Instituto de Educação da Universidade de Lisboa | landoemanuel@campus.ul.pt

João Gomes | Ministério da Educação | jgbazongajoao@gmail.com

Resumo

Neste artigo pretendemos analisar a contribuição da formação inicial para a construção da


identidade profissional dos professores em início de carreira, tendo por base uma investigação
realizada com professores em formação frequentando o estágio nas escolas do ensino de base
e no primeiro ciclo do ensino secundário. Na tentativa de compreender os processos de
formação de professores em duas instituições, levantamos algumas questões de partida: quais
são as representações dos futuros professores sobre a formação inicial de professores nos
Magistérios Primários em Cabinda? Qual é o significado que os futuros professores atribuem à
profissão docente e como este processo de atribuição influencia a construção da sua
identidade? Assim sendo, adoptamos a abordagem metodológica de natureza quantitativa,
através de um inquérito elaborado com base a escala Likert, que foi aplicado aos futuros
professores de duas escolas de formação inicial de professores. De acordo com os professores
e alunos, pode-se notar, como dimensionam o trabalho do professor a quem atribuem a
qualificação: comprometimento, bem-estar social dos alunos, fazendo-se associadamente, a
dimensão humanística, dimensão técnica-didáctica e a promoção da justiça social. Por outro
lado, os professores apontam algumas dificuldades e fragilidades. A primeira delas centra-se ao
modelo de ensino centrado na transmissão do currículo, o execesso de disiciplinas, assim como
a falta de condições e materiais de ensino. Os resultados apontam ainda como dificuldades
pouco domínio das diferentes metodologias de ensino. Igualmente, os resultados da
investigação apontam como necessidades de formação o investimento nas escolas de formação
de professores, a construção de novas escolas. Os futuros professores apontam ainda como
necessidades de formação a melhoria do critérios de acesso às escolas do Magistério, o
recrutamento de professores e a concepção de uma formação baseada no diálogo profissional.

Palavras-chave: Identidade profissional, currículo, formação inicial de professor, Magistério


Primário

SESSÃO 1.7 | SESSION 1.7 – 43, 47, 113, 135

71
[ID 43]

Uma proposta de formação em serviço de professores em interculturalidade para acompanhar


estudantes imigrantes

José González-Monteagudo | Univ. de Sevilha | monteagu@gmail.com

Rodrigo Matos-de-Souza | Univ. de Brasília | rodrigomatos@unb.br

Maria-Dos-Remédios Rodrigues | Univ. de Brasília | mariarigues@gmail.com

Túlio Villafañe-Fernandez | Univ. de Brasília | tuliovillafane@gmail.com

Resumo

Esta comunicação apresenta e avalia uma proposta para a formação em serviço de professores
do ensino secundário, que foi concebida, implementada e avaliada num projeto de colaboração
envolvendo vários países europeus. O quadro teórico desta proposta baseia-se em estudos de
migrações, no paradigma das novas mobilidades, nos contributos da educação intercultural
crítica e do multiculturalismo, e na aprendizagem colaborativa.

A primeira parte descreve e discute o contexto espanhol e europeu sobre migração, destacando
como características relevantes o aumento da diversidade intercultural e a necessidade de
melhorar a formação e as competências dos professores a fim de enfrentar os recentes desafios
derivados do aumento da migração. A segunda parte apresenta a metodologia, baseada na: a)
análise documental, a nível europeu, de experiências e boas práticas na formação intercultural
de professores; b) a conceição colaborativa de um curso online; c) a avaliação da formação
desenvolvida, utilizando técnicas quantitativas e qualitativas.

O curso online tem sido baseado em boas práticas, recursos e ferramentas partilhadas entre os
países parceiros do projeto, para assegurar a participação de migrantes nos países europeus de
acolhimento. O principal objetivo do curso era reforçar o profissionalismo dos professores
através da cooperação europeia. Assim, tentou melhorar as competências, metodologias e
práticas adquiridas pelos professores, a fim de promover a formação crítica e intercultural. O
projeto foi também concebido para ter um impacto positivo na inclusão social de crianças e
jovens imigrantes, reduzindo o abandono escolar precoce e o número de jovens que não
estudam nem trabalham.

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Finalmente, discute-se uma proposta global de boas práticas em educação intercultural,
baseada na aprendizagem derivada da formação desenvolvida em vários países europeus
mediterrânicos e na Dinamarca, enquanto se descrevem vários contributos relevantes desta
experiência, com transferibilidade e aplicabilidade, tanto a nível europeu como global.

Palavras-chave: migrações, educação intercultural crítica, formação de professores em serviço

[ID 47]

Qual o lugar da formação de educadores de adultos no ensino superior em Portugal e no


Brasil?

Leôncio Soares | Universidade Federal de Minas Gerais | leonciogsoares@gmail.com

Paula Guimarães | Universidade de Lisboa | pguimaraes@ie.ulisboa.pt

Resumo

Este trabalho traça um paralelo sobre o que se vem fazendo nas universidades portuguesas e
brasileiras para contemplar o direito de todos à educação por meio da formação de educadores
para atender ao público jovem, adulto e idoso. Para alcançá-lo, discutiremos investigações
acadêmicas sobre o tema realizadas nos últimos anos nos dois países. Estudos sobre a educação
de adultos em Portugal têm trazido discussões sobre as políticas de educação de adultos (Melo,
Lima e Almeida, 2002; Guimarães e Barros, 2016), a profissionalidade (Alcoforado, 2014), a
problematização da escolarização (Canário, 1999), a formação experiencial (Cavaco, 2016) e os
educadores de adultos (Guimarães, 2010 e 2014). A questão da formação desses educadores,
no entanto, tem sido relativamente pouco estudada, como mostra o estado da arte
desenvolvido por Guimarães e Quissini (2020). Segundo as autoras, a institucionalização da
educação de adultos no ensino superior português tem sido sobretudo suportada pela oferta de
unidades curriculares nos cursos de graduação e de pós-graduação. No Brasil, a situação é
semelhante, como mostram alguns estudos (Soares, 2008; Soares e Soares, 2014; Soares e
Pedroso, 2016, Silva, Soares e Soares, 2018). Como não há exigência de preparação específica
para o ingresso na profissão, a maioria do professorado que trabalha na EJA adquire experiência
a partir da prática, aliada, às vezes, a cursos de formação continuada (Porcaro e Soares, 2012).
Essa é a realidade também em outros países da América do Sul, como no Chile, que embora

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tenha uma reconhecida tradição de educação popular, é muito incipiente a preparação
específica de educadores para trabalhar com jovens e adultos nas universidades (Cunha Junior,
Soares e Collado, 2019). Em Portugal e no Brasil experimentou-se um incremento de políticas
educativas dirigidas ao público jovem e adulto que não tinha o mínimo de escolaridade. Esse
novo contexto tem demandado, cada vez mais, discussões sobre a especificidade da formação
de educadores de adultos, no cenário contemporâneo. A questão que orienta esta comunicação
é a seguinte: Qual o lugar da formação de educadores de adultos no ensino superior em Portugal
e no Brasil? Outras questões como a vigilância ética sobre os ditos avanços tecnológicos (Freire,
1996), a desagregação social e a destruição ambiental (Melo, 2011) e o papel da educação nos
processos de transformação na formação levadas a cabo nas universidades deste dois países
serão ainda contempladas nesta intervenção.

Palavras-chave: educação de adultos, ensino superior, formação de educadores

[ID 113]

Discursos sobre sujeitos analfabetos nas políticas de educação de adultos no Brasil

Ágata Quissini | Instituto de Educação, Universidade de Lisboa // Instituto Federal Catarinense,


Campus Camboriú, Brasil | agatarq@gmail.com

Paula Guimarães | Instituto de Educação, Universidade de Lisboa | pguimaraes@ie.ulisboa.pt

Resumo

Este trabalho tem como objetivo discutir os discursos sobre sujeitos analfabetos nas políticas de
aducação de adultos no Brasil. Toma-se, como referência, o Movimento Brasileiro de
Alfabetização – Mobral, programa de alfabetização em massa desenvolvido entre 1967 e 1985
e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos (DCNEJA), em vigor
desde 2000. Parte-se do pressuposto de que o indivíduo constitui-se sujeito por meio de práticas
sociais, dentre as quais as práticas discursivas (Fairclough, 2001). Esta constituição é atravessada
por relações de poder que se manifestam das mais diferentes formas, de modo a produzir
diferenciações, classificações e regimes de verdade (Foucault, 2019) que incidem na produção
de determinadas posições de sujeito e identidades coletivas (Fairclough, 2001). Nesta
perspectiva, acredita-se que, no Brasil, a produção discursiva sobre pessoas analfabetas foi
impulsionada por relações desiguais de poder que alimentaram a constante desqualificação de

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suas experiências e histórias de vida, de modo a conformar um campo de autoridade que
concebe o analfabetismo como símbolo de atraso, precariedade e rusticidade e a pessoa
analfabeta, um problema a ser superado (Freitas, 2006). Nesta perspectiva, abordam-se as
mudanças na configuração dos discursos que designam e caracterizam os sujeitos analfabetos
em documentos oficiais produzidos pelo Estado brasileiro. O enquadramento teórico é formado
por quatro conceitos estruturantes: educação de adultos, políticas públicas, sujeito e discurso.
Metodologicamente, trata-se de uma investigação qualitativa, de caráter interpretativo. A
recolha de dados deu-se através do exame sistemático de fontes documentais oficiais, com a
aplicação do método de análise crítica do discurso (Fairclough, 2001). Os resultados apontam o
Estado como uma voz expressiva na produção de discursos sobre a população analfabeta. No
caso do Mobral, o discurso preponderante incide sobre carências variáveis atribuídas aos
sujeitos analfabetos, especialmente com relação a presumir sua incapacidade de inserção no
sistema produtivo. Por outo lado, a análise das DCNEJA exalta uma ênfase na valorização das
dimensões culturais da vida da pessoa analfabeta (diversidade, experiências e saberes), embora
a posicione socialmente em situação de desvantagem, atribuindo-lhe um repertório discursivo
que reúne expressões correlatas à privação, perda e dano (com relação à cidadania, à
democracia e à liberdade).

Palavras-chave: educação de adultos, analfabetismo, discurso, sujeito

[ID 135]

Política de Formação Contínua de Professores do Ensino Primário em Angola

Sónia Quimbamba | Universidade de Lisboa, Instituto de Educação |


soniaquimbamba@hotmail.com

Resumo

Esta comunicação insere-se no âmbito do trabalho de investigação realizado para o Ciclo de


Estudos Conducentes ao Grau de Mestre em Educação e Formação com a área de especialização
em Organização e Gestão da Educação e da Formação, do Instituto de Educação da Universidade

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de Lisboa. O trabalho teve como objetivo estudar as políticas de formação contínua de
professores do ensino primário em Angola entre 2001 e 2020, com enfoque nas medidas levadas
a cabo pelo sistema educativo procurando identificar os referenciais das políticas públicas que
estiveram subjacentes às inúmeras mudanças ocorridas durante este período.

Esta investigação, optou-se por explanar o entendimento assumido sobre os conceitos de


formação contínua (Ferreira, 2003; Sachs, 2009), profissionalidade docente (Gorzoni & Davis,
2017), política pública (Muller & Surel, 2002), bem como o quadro de análise de políticas
públicas sob o prisma da Abordagem Cognitiva (Hassenteufel apud Pires, 2012).

Nesta investigação optou-se por desenvolver uma pesquisa de natureza qualitativa


fundamentada no paradigma fenomenológico-interpretativo (Afonso, 2005). As técnicas de
recolha de dados privilegiadas remetem a pesquisa arquivística/documental e a entrevista
(Amado,2015; Bogdan & Biklen,1994). Para o tratamento das informações recolhidas foi
utilizada a análise de conteúdos (Bardin, 2011), tendo como base o trabalho exaustivo de
triagem documental. Neste sentido foram elaborados instrumentos de recolha e tratamento de
dados como guião de entrevista, grelha de análise documental e grelha de análise de conteúdo
das entrevistas (Afonso, 2005; Silvestre, et.al, 2014).

Na discussão dos dados, observou-se que no período em análise, foram desenvolvidas diversas
medidas que visaram a formação contínua de professores do ensino primário pela iniciativa do
Ministério da Educação. A análise dos dados evidenciou como as políticas educativas que
visaram a formação de professores são construídas por múltiplos atores para além do Estado,
nomeadamente com Instituições Internacionais e Organizações não Governamentais, e
transportaram um referencial sobre a profissionalidade docente. Neste estudo entendeu-se que
a falta da formulação de uma política específica para a formação contínua de professores do
ensino primário deu lugar a programas, planos e projetos com um referencial ligado à
capacitação e ao desenvolvimento profissional do docente.

Palavras-chave: Política Pública, Formação Contínua, Profissionalidade

76
ATELIÊS 2

ATELIERS 2

10/02 | 9h45 – 11h15

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ATELIÊS 2 I ATELIERS 2 - 10/02 | 9h45 - 11h15

SESSÃO 2.1 | SESSION 2.1 – 41, 103, 145, 205

[ID 41]

O tempo escolar em uma escola de tempo integral brasileira

Tereza Guimarães | Unirio | tecrisalgui@hotmail.com

Amanda Moreira Borde | Unirio | amandaborde@yahoo.com.br

Elisangela da Bernado | Unirio | efelisberto@yahoo.com.br

Resumo

No Brasil, a ampliação do tempo escolar tem se traduzido em propostas nas diversas redes
públicas de ensino. A partir dessa assertiva, este estudo objetiva analisar como a ampliação do
tempo escolar tem sido planejada em uma escola pública brasileira. A fim de compreendermos
a rotina de uma escola de tempo integral escolhemos, como lócus de investigação, o município
de São Gonçalo/RJ, onde se realizou, no ano de 2019, pesquisa de campo por meio de análise
documental, entrevista e observação. A análise dos dados assinalou três indicações importantes
para compreensão do tempo escolar nas estratégias de organização do tempo na escola de
jornada ampliada: 1) a desresponsabilização do Estado em proporcionar a diversidade para os
tempos da escola intensifica a improvisação da organização do tempo escolar; 2) a preocupação
com a vulnerabilidade social dos estudantes enfatiza um modelo de escola assistencialista; 3) a
percepção dos professores acerca dos conceitos de educação integral e tempo integral
influencia a organização do tempo escolar. Tais indicações foram discutidas a partir das
contribuições de Cavaliere (2002, 2007, 2009), Coelho (2008, 2009) e Parente (2006, 2010),
tendo como base os seguintes temas: as concepções de educação integral e de tempo integral
e os pressupostos da escola pública em tempo integral. Concluímos que o tempo é um dos
elementos estruturantes da cultura escolar e que sua organização na escola de tempo integral
concorre para proporcionar ao aluno uma diversidade de oportunidades educativas. Nesse
contexto, a jornada escolar ampliada e a intensidade das relações que se dão ao seu redor
instalam lógicas de funcionamento atravessadas por obstáculos sobre os quais é necessário

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refletir, compreendendo que “com o tempo escolar ampliado, é possível pensar em uma
educação que englobe formação e informação que compreenda outras atividades – não apenas
as pedagógicas – para a construção da cidadania partícipe e responsável” (COELHO, 2009, p.93).

Palavras-chave: Tempo Escolar, Organização do Tempo, Ampliação da Jornada Escolar

[ID 103]

Imagem corporal, autoconceito e rendimento académico na pré-adolescência e adolescência

Paulo Bulhões | Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade dos Açores |


paulo_bulhoes82@hotmail.com

Ana Lopes | Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade dos Açores |


analopes2303@msn.com

Armanda Costa | Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade dos Açores |


armandafcosta@hotmail.com

José Mendes | Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade dos Açores |


josemendes78@gmail.com

Teresa Medeiros | Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade dos Açores |


maria.tp.medeiros@uac.pt

Resumo

Na sociedade contemporânea existe uma grande preocupação com o corpo jovem, definido por
padrões estereotipados em função do sexo. Num período de desenvolvimento de grandes
modificações anátomo-fisiológicas e endócrinas, iniciadas com a puberdade, o corpo idealizado
do(a) adolescente quando inatingível, pode conduzir a transtornos psíquicos (e.g., depressão,
bulimia, anorexia, dismorfofobias), com efeitos no rendimento académico. O estudo visa: i)
analisar a classificação do IMC por sexo; ii) verificar diferenças na imagem corporal entre os dois
grupos (pré-adolescentes e adolescentes); e iii) cotejar o autoconceito nos dois grupos na sua
relação com o rendimento académico. A presente investigação quantitativa e exploratória, teve
base numa amostra de 62 adolescentes (4 turmas de escola de São Miguel - Açores), divididos

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por dois clusters (32 pré-adolescentes, 5.º ano, 10 - 11 anos e 30 adolescentes do 9.º ano, 14 -
18 anos). Recorreu-se a um Questionário Sociodemográfico que incluía a recolha do peso, Índice
de Massa Corporal (IMC) e avaliações escolares dos 1º e 2º períodos, à Escala de Autoconceito
e à Escala de Silhuetas. Respeitados os procedimentos éticos da investigação com adolescentes,
procedeu-se à análise estatística com recurso ao software SPSS (versão 24). Resultados: o índice
percentual da classificação do IMC é de variação normal para 50% dos participantes, seguido da
classificação de baixo peso (38,7%), esta com maior prevalência no sexo masculino (n = 15) em
relação ao sexo feminino (n = 9). Verificou-se apenas uma correlação moderada e positiva entre
o autoconceito e a disciplina de matemática dos participantes que frequentam o 9.º ano.
Conclui-se que: i) em média, os participantes da amostra apresentam valores considerados de
“corpo saudável”; ii) ambos os clusters evidenciam uma subestimação do seu tamanho corporal
(apesar de 87% gostar do seu corpo quando olha ao espelho); iii) não se verificaram diferenças
estatísticas entre o autoconceito e o IMC em relação à escolaridade, exceção para a matemática
(9.ºano). O estudo revela que os pré-adolescentes apresentam uma IMC normal em comparação
com o relatório da DGS (2005), podendo estes dados estar relacionados com as políticas e
práticas de saúde e bem-estar na escola.

Palavras-chave: imagem corporal, autoconceito, pré-adolescência, adolescência, rendimento


académico

[ID 145]

As mudanças organizacionais na alavancagem da inovação pedagógica e curricular: o caso da


reorganização do calendário escolar em escolas portuguesas

Marta Almeida | Instituto de Educação, Universidade de Lisboa | mialmeida@ie.ul.pt

Estela Costa | Instituto de Educação, Universidade de Lisboa | ecosta@ie.ulisboa.pt

Nuno Dorotea | Instituto de Educação, Universidade de Lisboa| nmdorotea@ie.ulisboa.pt

Joana Viana | Instituto de Educação, Universidade de Lisboa | jviana@ie.ulisboa.pt

Resumo

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Nos últimos anos vem-se assistindo a um incremento de políticas impulsionadoras de mudança
e inovação curricular e pedagógica nas escolas. Assinalam-se como marcos legais a publicação
do diploma que concretiza a possibilidade de uma gestão mais flexível do currículo (decreto-lei
nº55/2018 de 6 de julho), possibilidade reforçada pela Portaria nº 181/2019, de 11 de junho que
prevê a apresentação de Planos de Inovação (PI) mais abrangentes. Foi intuito deste estudo
compreender de que modo as mudanças nas dimensões organizativas da escola são
enquadradas nos PI de 55 dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas que
apresentaram as suas propostas no 1º ano após publicação do diploma legal. De forma mais
particular, procurou-se conhecer os pressupostos inerentes à medida de reorganização do
calendário escolar adotada por estas escolas, o modo como a medida é enquadrada nos PI
gizados e ainda como esta medida é percecionada pelos diferentes atores. Metodologicamente,
optou-se por uma abordagem mista, triangulando dados de natureza quantitativa e qualitativa.
Recorreu-se a técnicas de pesquisa arquivística e de análise documental e foram aplicados
questionários semiestruturados, a gestores escolares, professores, alunos, e pais/encarregados
de educação. Os resultados mostram que as escolas em estudo dão primazia à dimensão
pedagógica, estejam estas focadas na gestão da matriz curricular, na introdução de novas
práticas de ensino-aprendizagem ou na avaliação. A reorganização do calendário escolar deu-se
em função de se obter uma distribuição mais equilibrada do tempo, enquanto medida
facilitadora ou indutora da introdução de novas práticas. A perceção dominante é a de que não
sendo uma medida indispensável para que a mudança aconteça, a reorganização do calendário
escolar tem a vantagem de ser rápida e objetivamente visível na alteração das rotinas
convencionais das escolas, com repercussões na motivação das pessoas e na melhoria do ethos
organizacional.

Palavras-chave: Políticas de inovação curricular e pedagógica, Medidas organizacionais,


Reorganização do calendário escolar

[ID 205]

O modelo escola cívico-militar no Brasil: desafios e perspectivas para uma formação crítica

Maria Geralda Rosa | Instituto Federal do Espírito Santo | mariageraldaoliver@gmail.com

Adriana Loss | Universidade Federal da Fronteira Sul | adriloss@uffs.edu.br

Raquel Vindilino | Instituto Federal do Espírito Santo| raquelvindilino@gmail.com

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Resumo

O presente texto é resultado da pesquisa realizada em duas instituições federais, uma localizada
na região norte do Rio Grande do Sul e outra do Sudoeste do Brasil, Estado do Espírito Santo,
em cursos de licenciatura. O problema de pesquisa versou sobre a indagação: Quais as
concepções de professores e estudantes de cursos de licenciatura sobre o modelo cívico-militar
e seus efeitos na gestão das escolas públicas? A investigação teve como objetivo identificar e
analisar os efeitos da gestão das escolas públicas no modelo cívico-militar sobre as concepções
de professores e estudantes de cursos de licenciatura. A pesquisa qualitativa, de caráter
descritivo-interpretativa teve como procedimento o estudo bibliográfico com base em autores
como Arroyo (2011), Freire (2000), Walsh (2013) e Freitas (2018), e a pesquisa de campo, a partir
da aplicação de questionário de opinião, modelo Escala Likert. A análise dos dados se deu com
base na análise de conteúdo de Bardin (1977). Os resultados da pesquisa apontam a fragilidade
acerca de conhecimento crítico sobre a temática do modelo cívico-militar e seus efeitos na
gestão das escolas da Educação Básica. Assim, para resistir ao modelo de escola cívico-militar é
fundamental assegurar processos formativos sob viés crítico nos cursos de formação de
professores.

Palavras-chave: Escola cívico-militar, Formação de professores, Gestão Democrática,


Autonomia.

SESSÃO 2.2 | SESSION 2.2 – 3, 10, 14, 94

[ID 3]

International Computer and Information Literacy Study (ICILS): avaliação do conhecimento de


tecnologia da informação e comunicação de alunos e professores

Vitor Rosa| CeiED/ULHT | vitor.alberto.rosa@gmail.com

Resumo

82
São cada vez mais os estudos internacionais desenvolvidos a partir de questionários,
abrangendo diferentes domínios. Os da educação dizem respeito a diversos níveis de ensino e
etários e também a adultos não escolarizados. Os grandes inquéritos internacionais, relativos à
avaliação dos alunos, destinam-se a fazer uma apreciação da eficácia relativa das políticas
educativas. Várias revistas e obras especializadas dão conta destes estudos, insistindo sobre os
seus objetivos, metodologia aplicada e resultados. Há vários anos que Portugal participa em
vários estudos internacionais ligados à educação e aprendizagem dos alunos, realizados por
diversas organizações, em particular a International Association for the Evaluation of
Educational Achievement (IEA). Um dos mais recentes é o International Computer and
Information Literacy Study (ICILS), que procura avaliar as competências dos alunos do 8.º ano
de escolaridade em Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC), focando-se em dois
domínios principais: a Literacia em Computadores e Informação (CIL) e o Pensamento
Computacional (CT). Para que se possa avaliar os benefícios das novas Tecnologias de
Informação (TIC), no processo educacional e de inclusão social de alunos, é importante averiguar
o contexto no qual essas tecnologias são inseridas, quer do ponto de vista educacional, quer
quanto ao contexto social. Será que o “nativo digital” é um mito ou uma realidade? Estão os
alunos bem preparados para o mundo digital? Existem diferenciações de género no uso das TIC?
Os docentes têm experiência na utilização das tecnologias digitais? O nível de escolaridade dos
pais influencia os resultados? Estas e outras questões são legítimas de se colocarem. Com esta
comunicação pretendemos artigo analisar os resultados gerais de Portugal e a diferenciação de
género no uso das TIC. Recorremos a uma metodologia interpretativa, com base na análise dos
relatórios e bases de dados produzidos(as) por diferentes organizações, em particular os
relatórios produzidos pela IEA e pelo Instituto de Avaliação Educativa, I.P. (IAVE), entidade
responsável pela organização e gestão dos estudos internacionais de alunos em Portugal. Os
resultados revelam que Portugal se encontra no grupo de participantes que registaram uma
pontuação média superior ao ponto médio da escala ICILS. Revelou também que existe
diferenciação de género nos dois domínios avaliados. Os alunos portugueses indicaram que as
TIC são utilizadas sobretudo fora da escola para atividades que nada têm a ver com as atividades
escolares. Utilizam essencialmente a Internet para fazer pesquisa. Os professores têm uma
longa experiência nas TIC, recorrendo a elas para preparem e darem as aulas. O powerpoint é a
ferramenta digital que mais recorrem para as aulas.

Palavras-chave: ICILS, Literacia, Computadores.

[ID 10]

83
Avaliação do Nível de Proficiência Digital dos Professores dos Institutos Federais do Estado do
Maranhão

Suzana Nunes | UFT | suzanagilioli@yahoo.com.br

Jorcelyo Lima | UFT| alencar2008@hotmail.com

Sara Dias-Trindade| Universidade de Coimbra | suzanagilioli@uft.edu.br

Resumo

A presente investigação científica tem como objetivo avaliar a relação entre tecnologia e as
competências digitais na educação no processo de ensino-aprendizagem nas instituições de
ensino no mundo contemporâneo, cuja função fundamental é a formação intelectual e
profissional dos sujeitos. Nesse sentido, o trabalho intitulado “Avaliação do nível de proficiência
digital dos professores dos Institutos Federais do Maranhão”, buscou avaliar o nível de
proficiência digital dos professores nos Campi dos Institutos Federais no Estado do Maranhão.
Foi utilizado o questionário proposto pelo DigCompEdu“CheckIn” EU Science Hub (Centro de
Ciências da União Europeia), para análise da autorreflexão dos docentes dos Institutos Federais
no Estado do Maranhão.

Palavras-chave: Educação, Tecnologia, Competência digital

[ID 14]

Matriz de avaliação de sustentabilidade de programas educativos: contribuições para o


debate

Ana Maria Aragão | Universidade Estadual de Campinas | anaragao@terra.com.br

Telma Vinha | Universidade Estadual de Campinas | telmavinha@gmail.com

Maria Suzana Menin | Universidade Estadual Paulista | sumenin@gmail.com

Adriana Braga | Universidade Federal de São Paulo | adribraga.braga@gmail.com

Adriano Moro | Fundação Carlos Chagas | amoro@fcc.org.br

84
Warley Corrêa | Universidade Estadual de Campinas | warguilger@gmail.com

Resumo

Embora o termo sustentabilidade ser, muitas vezes, relacionado ao meio ambiente, a


sustentabilidade também é empregada em políticas públicas e em programas em distintas áreas,
como educação e saúde. Trata-se de um conceito polissêmico na literatura e apesar de referir-
se à continuidade de programa após encerramento da principal agência parceira ou do apoio
financeiro, a sustentabilidade pode ser compreendida de várias formas, podendo variar da
simples continuação de um programa ou projeto até a manutenção de longo prazo dos
benefícios na comunidade. Nesse sentido, compreendemos a sustentabilidade educativa como
a capacidade de um programa permanecer ao longo do tempo e gerar efeitos contínuos e
acumulados, impactando a realidade. Assim, objetivando propor a discussão de fatores que
interferem na sustentabilidade em programas de educação e indo além da manutenção dos
benefícios ou resultados, o nosso desafio é abordar principalmente a sustentabilidade de
programas que fomentam transformações profundas visando à melhoria educativa, promotores
de mudança de cultura e de um processo de avanço contínuo. Como contribuições pontuais,
buscamos discutir as seguintes dimensões na construção de uma matriz de avaliação de um
programa em educação que vá além da escola, podendo sua análise ser focalizada em uma rede
educacional, sendo elas: Gestão e Liderança; Condições Oferecidas; Cultura, Integração e
Harmonização de Políticas e Programas; Engajamento coletivo; Desenvolvimento de capital
profissional: social, humano e de decisão; Confiança relacional; Clima escolar e organizacional;
Estabilidade dos profissionais-chave e de políticas; Coerência interna da escola e da rede;
Processos contínuos de acompanhamento e Avaliação; e Accountability. Quando se desenha
uma política ou programa, evidencia-se a concepção de escola e educação que o embasa e
estamos defendendo uma educação de qualidade, compreendida como aquela que promove o
desenvolvimento pleno da pessoa, tendo a garantia do direito de todos a uma educação plena
com a valorização da diversidade de interesses e trajetórias individuais e grupais. Além disso, a
procura pela diminuição das desigualdades buscam a manutenção das condições de dignidade
às próximas gerações e o equilíbrio entre natureza, economia, justiça social, cultura de paz e a
necessária valorização e promoção do bem-estar de todos na escola.

Palavras-chave: Sustentabilidade de projetos educativos, Elementos constitutivos da


sustentabilidade, Matriz de avaliação

85
[ID 94]

Literacia Digital e Avaliação de Escolas Técnicas e Politécnicas: transformações digitais e


mudanças educacionais

Amilcar Santos | Universidade do Minho | amillcar@gmail.com

José Augusto Pacheco | Universidade do Minho | jpacheco@ie.uminho.pt

Vicente Parreiras | Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais |


vicentearchives@gmail.com

Resumo

O ponto de partida para essa reflexão é do terceiro ciclo da Avaliação Externa das Escolas da
Inspeção-Geral da Educação e Ciência (IGEC) e sua aplicação nas escolas técnicas e politécnicas,
servindo o referido quadro como parâmetro para análise de escolas com as mesmas
características e do mesmo nível de formação no Brasil. Isso ocorre porque a presente
investigação é parte da construção dos referencias teóricos de um de doutoramento que
compara a literacia digital para ensino de língua materna, no Brasil e em Portugal. Essa temática
apresenta parte dos desafios do século XXI, diante da complexidade (Morin, 2002; Paiva,
Nascimento et al. 2009), das transformações do ambiente escolar e da formação (de professores
e de estudantes), que exigem que se perceba a importância da literacia / letramento (Kato, 1986,
Kleiman, 1995, SOARES, 1998, 2003;), tanto analógico, quanto digital (Coscarelli & Ribeiro, 2005;
Xavier & Marcuschi, 2009), para a formação cidadã dos jovens

Diante disso, os estudos sobre avaliação institucional (Pacheco, 2014; Fernandes, 2014) e sobre
inovação e currículo (Silva, 2016; Pacheco, 2019; Morgado, 2019) suportam como a escolar
percebe e rentabiliza todos esses saberes e ainda os conhecimentos sobre multimodalidade
discursiva (Dionísio, 2007; Kress, 2010; Rojo e Moura, 2012), que são importantíssimos para
desenvolvimento da literacia digital dos estudantes. O objetivo central desta comunicação é
discutir a literacia digital para ensino de língua materna, com suporte do quadro de referência
da IGEC, nomeadamente no domínio da Prestação do serviço educativo, e nos referentes:
inovação curricular e pedagógica e articulação curricular. Para isso, reportamos a uma análise
dos relatos de professores - que ainda vivem os resquícios de um atípico contexto da Pandemia

86
Covid-19 e, por isso, ainda há dificuldades para mensurar e expressão as transformações digitais
e mudanças educacionais com precisão.

Palavras-chave: Avaliação Externa de Escolas, Literacia digital, Inovação Curricular, Formação


de professores.

SESSÃO 2.3 | SESSION 2.3 – 81, 191, 206, 209

[ID 81]

O trabalho pedagógico no litoral do Paraná: reflexões sobre suas condições de trabalho

Amanda Gonçalves |Universidade Estadual do Paraná| amanda_lucle@hotmail.com

Núbia Moreira | Universidade Estadual do Paraná| nubiamariamoreira@gmail.com

Denise França | Universidade Estadual do Paraná - Campus FAFIPAR |


denisefranca77@gmail.com

Resumo

Vários campos de estudo, investigam as condições de trabalho de trabalhadores da educação.


A carga de trabalho, as condições para o exercício profissional, a diversidade nas demandas do
dia a dia, as formas de gestão, determinam um conjunto de situações que influenciam a
qualidade de vida dos trabalhadores, sua saúde e qualidade de trabalho. Objetivos: analisar a
realidade e condições de trabalho do Pedagogo nos Municípios Litoral do Paraná e levantar os
principais desafios que o Pedagogo enfrenta em suas atividades diárias como profissional. Foi
elaborado questionário e aplicado por via digital, em 19 Pedagogos no Litoral do Paraná em
atividade. Metodologia: o estudo foi do tipo descritivo exploratório executado entre os anos de
2019 e 2020. Resultados: os resultados apontaram que os Pedagogos possuem satisfação no
trabalho que executam e mostraram como maiores desafios as questões relacionadas à
inclusão, ligadas ao ambiente físico das escolas, sobrecarga de trabalho, jornada de trabalho
exaustiva, relacionamento entre professores e participação das famílias na escola. Compreende-
se que os programas de formação de professores e formação continuada, melhorias nas
questões arquitetônicas das edificações escolares e aprimoramento da gestão e consequente

87
organização do trabalho pedagógico, podem melhorar as condições de trabalho, a qualidade de
vida no trabalho e interferir na saúde dos Pedagogos do Litoral do Paraná.

Palavras-chave: Pedagogo, Condições de trabalho, Gestão na escola, Ambiente de trabalho

[ID 191]

Análise de perspetivas e práticas de docentes acerca do recurso ao jogo no(s) espaço(s) de


aprendizagem escolar

Liseta Almeida | JI Castelinho Encantado – Centro Paroquial de Bem Estar Social de São José|
liseta-licamoal@hotmail.com

Isabel Condessa | Universidade dos Açores| maria.id.condessa@uac.pt

Resumo

Partindo da ideia que ao se criarem aprendizagens desafiadoras e divertidas, motivamos as


crianças a aprender dentro e fora da sala de aula, selecionámos dois objetivos para este estudo
exploratório. O primeiro, foi confrontar perspetivas de profissionais de educação acerca das
potencialidades do jogo no desenvolvimento e aprendizagem da criança; o segundo foi
comparar as práticas de jogo mais usadas em contexto de espaço(s) escolar(es).

A nossa amostra total foi de 25 indivíduos (pré-escolar - n=13; 1.º ciclo - n=12), aplicou-se um
questionário, tendo-se realizado uma análise cruzada dos dados obtidos: quantitativos –
percentagens; qualitativos – análise de conteúdo.

Os nossos resultados refletiram que os docentes do estudo consideram que o jogo é um recurso
inestimável a ter em conta contexto de escola, uma vez que este proporciona o desenvolvimento
da criança a vários níveis: cognitivo, social, afetivo e motor. No 1.º ciclo realçou-se mais o papel
do jogo nos domínios social (100%) e afetivo (83%) e no pré-escolar tinham uma aplicabilidade
mais abrangente relevando os domínios social e cognitivo (54%) e motor (46%). Compreende-
se esta diferença pela idade das crianças com que trabalham. Todos os profissionais afirmaram
que o uso do jogo é fundamental no processo ensino aprendizagem por possibilitar a melhoria
de capacidades intelectuais, favorecendo a aprendizagem e tornando-a mais motivadora.

88
Relativamente ao segundo propósito do estudo, verificou-se que era usada uma grande
diversidade de jogos, sendo no 1.º ciclo mais usados dentro da sala de aula os brinquedos
comprados, ao contrário do que acontecia com os educadores que realizam mais atividades com
jogos fora da sala de aula e com aproveitamento de recursos mais variados.

Podemos concluir que é constante a preocupação em desenvolver uma cultura lúdica


sustentada desde muito cedo, sendo os jogos de infância e atividades de espaço exterior muito
marcantes para o desenvolvimento das crianças.

Palavras-chave: Potencialidades do Jogo, Criança, Práticas, Espaços de Aprendizagem, Bem-


Estar

[ID 206]

Abrindo janelas para o conhecimento: o atuar docente no contexto da pandemia

Taiani Corrêa | IFSUL | taianircorrea@gmail.com

Cleoni Fernandes| IFSUL | cleofernandes@terra.com.br

Resumo

Neste espaço tempo em que ainda perpassamos a pandemia, que vivenciamos o esperançar do
retorno as atividades educacionais, presenciamos um diferente contexto. A diferença está em
todas as possibilidades que nos dimensiona o ensinar e aprender. Nossos lares tornaram-se
janelas para a interação e canal para a manutenção de vínculos com nossos aprendizes. Como
seres inacabados que somos, fomos levados a adaptações para nos comunicar com o mundo,
aliás, quantas janelas abriram-se nestes quase dois anos de pandemia? Vivenciamos tantas
informações, contextualizações e mediações simultâneas por diferentes janelas. Encaramos
desafios, seja nos aspectos econômicos, emocionais e estruturais no que tange abrir as janelas
para acolher vidas que partilhavam das mesmas incertezas que também sentíamos diariamente.
Construímos o caminhar caminhando. Muitos vendavais enfrentamos. Olhar pela janela
propiciava medo, anseio, frustações, mas também alento. Um esperançar, de que a vida
continuava em cada janela, no espaço tecnológico que se abria, na certeza que não estávamos
sozinhos. As interações e partilhar de experiências e conhecimentos, nem sempre ocorriam

89
como planejávamos e queríamos, mas modificou nosso olhar para a necessidade do interagir
para que mantivéssemos a indissociabilidade que prima a educação. Dentre as incertezas a
pandemia nos trouxe uma certeza: nada substituirá a mediação entre professor e alunos. Apesar
das conexões alcançadas, dos olhares, da possibilidades de estar em diversos espaços e
dimensões. Não há melhor janela a ser contemplada do que o espaço da sala repleta de
experiências e interrogações e vivências partilhadas na coletividade. Podemos até capturar telas
das janelas que abrimos no decorrer do dia, mas não há nada mais gratificante que sentir o
toque, o respirar, o sorriso, o diálogo sobre um texto, algo que ocorreu na sala, naquele tempo
presente. Sem a preocupação da internet que oscila, ou a tolerância das horas dos links.
Sobretudo, sem preocupar-se de adentrar o espaço do outro sem sua permissão, pois
adentramos um espaço individual, profundo e íntimo nossos e dos alunos. Partilhamos novas
experiências, aprendizagens, construímos conexões e percebemos a importância da práxis a
cada instante, pois “o futuro não nos faz. Nós é que nos refazemos na luta para fazê-lo” (FREIRE,
2000, p. 27).

Palavras-chave: Docência, Educação, Tecnologia

[ID 209]

As condições de trabalho docente na educação superior no Brasil

Janaina Paiva | Universidade Federal do Amazonas - UFAM | janainajzsp@gmail.com

Elenise Scherer | Universidade Federal do Amazonas - UFAM| elenisefaria@gmail.com

Resumo

Esta comunicação oral discuti sobre o trabalho e o adoecimento docente na educação superior
pública na Universidade do Federal do Amazonas – UFAM, ao norte do Brasil. Nos últimos anos
as universidades públicas foram afetadas pelos projetos macroeconômicos de ajustes fiscais
ocorridos no mundo contemporâneo. Essas instituições foram atingidas por cortes de gastos
públicos, sofreram transformações em suas estruturas funcionais e nos processos educacionais,
e tais processos estão vinculados as formas de reprodução social. Inúmeras reformas nos
processos educacionais buscam tornar as universidades mais modernas para preparar sujeitos
sociais mais produtivo para o mercado, como força de trabalho. Esse novo modelo de

90
universidade impõe novas ideologias e posturas como exigências do projeto societário dos anos
70 com a globalização. E vai exigir, novos comportamentos do seu quadro docentes. Esses,
deixaram se encantar pela modernização da universidade, atraídos pelos parâmetros de
rendimento, produtividade e eficácia. Essas novas perspectivas universitárias, sobretudo os
critérios de rendimento e produtividade acadêmica, contribuíram para a intensificação dos
ritmos de trabalho e situações de adoecimento dos docentes. A imposição de novas metas com
a produtividade acadêmica, vem afetando a saúde dos docentes, nem sempre visíveis aos
gestores universitários. Hoje, há um índice significativo de doenças físicas, inerentes à docência:
a Lesão por Esforço Repetitivo, Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho, dor na região
lombar da coluna, alteração ou enfraquecimento da voz. E as doenças mentais, Síndrome de
Burnout e a depressão, as quais demoram para serem diagnosticadas. Essas doenças têm
causados afastamento dos docentes de seus ambientes de trabalho. Essa pesquisa qualitativa
em andamento pretende trazer o tema em pauta, dada a sua relevância em dois sentidos,
contribuir com uma nova percepção dos docentes em relação as suas condições de trabalho e
de adoecimento. E fornecer dados que contribuam para a gestão de pessoas na UFAM, de modo
a assegurar melhores condições de vida e de trabalho docente.

Palavras-chave: Educação, Trabalho Docente, Adoecimento

SESSÃO 2.4 | SESSION 2.4 – 122, 154, 161, 167

[ID 122]

Éducatronique: une technologie à penser

Enrique Sánchez | Universidad Nacional Autónoma de México | enriques@unam.mx

Josefina Bárcenas López | Universidad Nacional Autónoma de México |


josefina.barcenas@icat.unam.mx

Resumo

91
Il est essentiel que les établissements d´enseignment offrent une formation de base en
technologie en général et plus particulièrement en pensée informatique aux étudiants dès les
plus jeune âge.

Actuellement, il n´y a pas de matière dans le programme des écoles mexicaines qui permet aux
élèves du primaire de commencer l´étude de la pensée informatique.

La pensée informatique fait partie de la vie ordinaire de chacun en tant qu´individu et exerce
une certaine influence sur le calcul dans toutes les disciplines, à la fois dures et douces. La
pensée informatique ne signifie pas seulement programmer, elle va au-delà de la capacité de
programmer, elle permet d´agir et de penser à différents niveaux d´abstraction. Cette possibilité
en fait un axe transversal et un articulateur de la pensée en général. C´est- à-dire qu´elle est
complémentaire à d´autres types de pensée, tels que la mathématique, le technologique et
l´humaniste.

La pensée informatique pourrait être l´option qui peut conduire à l´apprentissage de la


programmation informatique. Pour ce faire, nous proposons une application mobile appelée «
Educatrónica ». Cette application permet d´apprendre la philosophie des langages de
programmation. Cette philosophie implique la connaissance des principales structures de tout
langage de programmation informatique, quel que soit le langage utilisé.

Pour l´expérimentation dans les écoles d´éducation de base dans les zones marginalisées de la
ville de Mexico, un ensemble de situations didactique constructiviste-constructionnistes-
connexionnistes a été conçu. Ces expériences ont permis aux étudiants d´apprendre la
philosophie des langages de programmation avec une technologie accessible, disponible et
utilisable (un téléphone portable à faible coût.

Cela se traduira par la qualité des connaissances techniques et scientifiques afin que les
étudiants aient la possibilité de les appliquer à leur profit et à celui de la société dans laquelle ils
vivent.

L´objectif est de générer une pensée réflexive, critique et créative pour donner une meilleure
réponse aux vrais problèmes et exigences de la vie moderne.

Palavras-chave: Éducatronique, Pensée informatique, Programmation informatique, Écoles


primaires

[ID 154]

92
L'enseignement à distance de base comme méthode d'inclusion des étudiants handicapés au
Mexique

Zaira Navarrete-Cazales | Universidad Nacional Autónoma de México|


znavarrete@filos.unam.mx

Héctor Manzanilla-Granados | Escuela Superior de Cómputo del Instituto Politécnico Nacional|


hmanzanilla@ipn.mx

Lorena Ocaña- Pérez | Universidad Nacional Autónoma de México|


lorenaocana@filos.unam.mx

Resumo

Le terme "handicap" est utilisé pour désigner les secteurs de la population qui présentent des
limitations affectant leur structure ou leur fonction corporelle et des difficultés à accomplir des
actions ou des tâches, qu'elles soient physiques, mentales, intellectuelles ou sensorielles, qui
sont prévisiblement permanentes et empêchent leur participation pleine et effective à la
société, dans des conditions d'égalité.

Malgré les efforts du gouvernement pour inclure les personnes handicapées dans l'éducation, il
n'a pas été possible de donner à tous une éducation de qualité et inclusive. Les raisons de cette
situation sont variées et dépendent dans une large mesure des politiques d'éducation du
Mexique. Selon la loi générale pour l'inclusion des personnes handicapées, le Mexique doit
promouvoir l'intégration des personnes handicapées dans les établissements d'enseignement
ordinaire par l'application de méthodes, techniques et matériels spécifiques. Dans la pratique,
les écoles n'intègrent pas les étudiants handicapés car elles ne disposent pas de personnel
spécialisé ni d'espaces adéquats. Et ces écoles inclusives ne reçoivent qu'un à trois élèves par
groupe selon la condition, favorisant ceux qui semblent plus faciles à gérer en fonction des
ressources humaines et matérielles existantes.

La pandémie de Covid-19 a rendu nécessaire l'introduction de l'éducation à domicile,


démontrant ainsi que l'enseignement à distance permet de rapprocher les services éducatifs des
personnes qui, pour diverses raisons, ne sont pas inscrites dans une école ordinaire. Mais en
laissant l'éducation de base sans cet avantage pour les étudiants qui ne sont pas en mesure de
se rendre en personne dans une école.

93
Ce document présente les résultats d'une recherche qualitative avec une base théorique-
analytique, organisée en quatre sections : Le premier étudie les statistiques de la population
handicapée au Mexique qui est en âge de suivre l'enseignement de base mais qui n'est inscrite
dans aucune école. Le second passe en revue les politiques éducatives et les plans d'étude
actuels du gouvernement mexicain, ainsi que ses directives pour la prise en charge des enfants
et des jeunes handicapés ; Le troisième est une proposition pour le profil des enseignants qui
pourraient s'occuper à la fois de la plate-forme éducative et des besoins de la population scolaire
; le quatrième est une proposition pour un plan de collaboration pour les institutions
d'enseignement supérieur, par le biais de conseils et d'orientation, pour soutenir la mise en
œuvre d'une plate-forme de cette ampleur ; enfin, les conclusions de ce travail sont présentées.

Palavras-chave: Éducation de base, Politique éducative, Inclusion

[ID 161]

La titulación en la Universidad Nacional Autónoma de México. Innovaciones y acciones


emprendidas en tiempos de pandemia

Zaira Navarrete-Cazales | Universidad Nacional Autónoma de México |


znavarrete@filos.unam.mx

Resumo

Esta ponencia se deriva del Proyecto de Investigación UNAM-PAPIIT IT400421, y tiene por
objetivo dar cuenta de las innovaciones realizadas y acciones emprendidas por la Universidad
Nacional Autónoma de México para incentivar la titulación de sus egresados durante la
pandemia, específicamente enfocaremos el caso de las acciones emprendidas por la Facultad
de Filosofía y Letras, para incentivar la titulación en tiempos de pandemia.

Se utilizó el enfoque epistémico cualitativo, en tanto que se realizó una investigación de


gabinete que implicó búsqueda bibliohemerográfica, documental y mesográfica. Se responde a
las siguientes preguntas de investigación, en el marco de la pandemia sanitaria provocada por
el Coronavirus SARS-CoV-2: ¿Es posible continuar con los trámites para la titulación en la UNAM?
¿Por medio de qué estrategias o acciones se está dando continuidad a la titulación en la UNAM?

94
¿Cuáles son las innovaciones realizadas y las acciones emprendidas en la FFyL-UNAM para dar
continuidad a la titulación?

Se encontró que, la Universidad Nacional Autónoma de México, ha tratado de dar continuidad


a la titulación de sus alumnos en estos tiempos de contingencia, en cada una de las facultades y
en las entidades relacionadas con los trámites de titulación: Dirección General de
Administracción Escolar (DGAE); Dirección General de Cómputo y de Tecnologías de Información
y Comunicación (DGTIC); Dirección General de Orientación y Atención Educativa (DGOAE)
(Servicio Social) y Escuela Nacional de Lenguas, Lingüística y Traducción UNAM (ENALLT), se han
hecho esfuerzos para que los egresados puedan concluir sus trámites y realizar los exámenes de
grado de programas de licenciatura y posgrado. Por ejemplo, la DGTIC, habilitó un Salón Virtual
para Exámenes Profesionales de la UNAM, este recurso permite que la comunidad universitaria
se reúna en un espacio virtual, a través de una computadora con conexión a Internet, para la
realización de un examen profesional. Otro ejemplo es que la ENALLT implementó la realización
de exámenes en sesiones de dos tipos: 1. Aplicaciones remotas, y 2. Aplicaciones presenciales
en la ENALLT, Ciudad Universitaria.

En la época actual, y considerando que al día de hoy no se cuenta con una fecha segura de
regreso a las aulas e instalaciones de la UNAM, es ineludible el vínculo formado entre la
creatividad y la innovación, pues la primera puede ser aplicada tanto a los procesos pedagógicos
como al desarrollo institucional, viéndose reflejada en los cambios curriculares que atienden las
transformaciones y las necesidades de los diversos contextos. Así, se concluye que las soluciones
para atender a los estudiantes que están por titularse dejan abierto el tema respecto a las
dificultades que han enfrentado quienes inicien el proceso de elaboración de su trabajo de
titulación. Las opciones para entrar en contacto con posibles asesores, así como la obtención de
material bibliográfico y documental, han requerido de una disposición diferente que
posiblemente impactará en el futuro, pues la comunicación a través de video conferencia,
correo electrónico y otras formas de comunicación a distancia, permiten un mejor contacto
entre los docentes y los egresados.

Palavras-chave: Educación superior, Titulación, Innovación, Pandemia

[ID 167]

95
Índices de titulación en ocho licenciaturas de la Universidad Nacional Autónoma de México.
Una comparación antes y durante la pandemia

Zaira Navarrete-Cazales | Universidad Nacional Autónoma de México |


znavarrete@filos.unam.mx

Ileana Rojas-Moreno | Universidad Nacional Autónoma de México |


ileana_rojas_moreno@hotmail.com

Resumo

Esta ponencia se deriva del Proyecto de Investigación UNAM-PAPIIT IT400421, y tiene por
objetivo presentar una comparación analítica sobre los índices de titulación de las ocho
licenciaturas (Filosofía, Geografía, Historia, Letras Hispánicas, Letras Inglesas y Pedagogía) que
se ofrecen en el Sistema de Universidad Abierta y Educación a Distancia (SUAyED) de la Facultad
de Filosofía y Letras (FFyL), de la Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM) durante el
periodo 2017-2021. Paralelamente, el propósito de este trabajo es dar cuenta de las acciones
emprendidas para continuar con la titulación en el SUAyED-FFyL, en el marco de la emergencia
sanitaria por Covid-19. Para la realización de este trabajo comparativo, se hizo uso de la
metodología mixta: 1) del enfoque cualitativo, en tanto que se realizó una investigación de
gabinete que implicó búsqueda bibliohemerográfica, documental y mesográfica, que derivó en
la presentación y análisis de datos históricos-documentales, 2) el enfoque cuantitativo para la
búsqueda, presentación y análisis de datos estadísticos.

Algunos resultados son los siguientes: respecto a la titulación en el año 2017 se titularon 50
estudiantes del sistema abierto y 18 del sistema a distancia, para un total de 68 titulados. No se
logró el que se titulara la totalidad de egresados. Las consecuencias del sismo del 19 de
septiembre afectaron o retrasaron los procesos de titulación de algunos estudiantes. Durante el
2018, se titularon 50 estudiantes del sistema abierto y 19 del sistema a Distancia. Se reporta un
incremento en la titulación de estudiantes del sistema abierto, pasando de 50 en 2018 a 69 en
2019, mientras que el sistema a Distancia se cuentan 18 estudiantes titulados en 2019, en total
contamos en el año 2019 con 87 estudiantes titulados. Debido a la pandemia por Covid-19 en el
2020 el índice de titulación en la Facultad decayó notablemente, solamente lograron titularse 7
estudiantes del sistema abierto y 5 estudiantes del sistema a distancia, en total 12 estudiantes.
En lo que va del año 2021 las cifras han crecido y se han titulado 19 estudiantes, esto debido a

96
que se implementaron nuevas estrategias para acelerar los trámites administrativos durante y
a pesar de la pandemia que estamos viviendo.

Una de las conclusiones de este trabajo es que, los números reflejados en la titulación del
SUAyED, muestran poca variación en los índices de titulación en el transcurso del periodo 2017-
2019, y una disminución en 2020 debido a la situación que se vive actualmente por la pandemia
de Covid-19, así se observa una disminución en la titulación no solo en el sistema SUAyED, sino
en todo el sistema universitario, no obstante, en lo que va del año se observan un crecimiento
importante. Se sostiene que, año tras año, la UNAM hace esfuerzos considerables para
incentivar la titulación entre sus egresados, pero sin duda existen condiciones que afecta
negativamente en el logro de la titulación de los egresados.

Palavras-chave: Universidad, titulación, comparación, pandemia, COVID-19

SESSÃO 2.5 | SESSION 2.5 – 13, 88, 95, 218

[ID 13]

A Educação e a Formação de Adultos: Os Centros Sociais e Modos de Produção do


Conhecimento

Maria Pereira | Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - Universidade de Lisboa |


manuela38ster@gmail.com

João Baptista | AICA - Associação de Investigação Científica do Atlântico |


joaolemosbaptista@hotmail.com

Resumo:

No presente artigo pretendemos apresentar um estudo em desenvolvimento, no âmbito de um


Projeto de Investigação Pós-Doutoramento, no campo das Ciências da Educação e da Sociologia,
na Especialidade de Educação, Sociedade e Desenvolvimento, relacionado com a temática:
“Educação e Formação de Adultos: Redes de Laços e Confiança Social nos Centros Sociais”. Em
relação a esta problemática procuraremos desenvolver uma reflexão crítica sobre as principais
caraterísticas e peculiaridades da chamada “burocracia de nível de rua”. Profissionais de terreno
dos Centros Sociais, agentes de fiscalização são exemplos de integrantes dessa categoria

97
analítica por se constituírem como uma das principais interfaces do Estado perante os cidadãos.
Estes profissionais vivenciam limitações, dificuldades e pressões semelhantes para
desempenharem as suas funções, principalmente porque, estão em constante relacionamento
direto com os cidadãos, em particular com os beneficiários das Instituições Sociais. Assim,
procuraremos a partir da literatura da sociologia um aprofundamento teórico que suporte
reflexões acerca dos efeitos e do valor dos momentos de interação entre burocratas de nível de
rua, quer do setor público quer do setor privado para a implementação dos serviços públicos e
acompanhar os modos de produção de conhecimento decorrente das relações de redes de laços
sociais.

A metodologia a ser adotada embora seja a de um corpus misto, qualitativo e quantitativo, terá
maior incidência na investigação-ação. Quais as finalidades da Educação e Formação de Adultos?
Que conhecimentos, capacidades, atitudes e valores são importantes na sociedade
contemporânea? Qual o contributo das políticas públicas de educação e formação dos Adultos
nos Centros Sociais? As práticas educativas nos Centros Sociais podem promover o otimismo
crítico, ativo, transformador e de bem-estar social? Qual o contributo da investigação em
educação para a produção de conhecimento científico sobre as políticas e as práticas educativas
nos Centros Sociais?

As articulações dos conhecimentos teóricos com os empíricos permitirão também compreender


como se processam as lógicas de ação dos diversos atores que dinamizam e os que frequentam
os Centros Sociais e os modos de produção de conhecimento científico.

Palavras-chave: Políticas Públicas, Educação e Formação de Adultos, Burocracia de Nível de


Rua

[ID 88]

Universidade e Movimentos Sociais na Amazônia: reflexões sobre os desafios políticos e


institucionais

João Silva | CUNTINS - UFPA | jbatista@ufpa.br

Gilmar Silva | UFPA | gpsilva@ufpa.br

Ademar Júnior | UFPA | junyor.faryas@gmail.com

98
Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar as relações estabelecidas entre universidade e
movimentos sociais na Amazônia, mais especificamente no Campus Universitário do Tocantins,
da Universidade Federal do Pará, explicitando os desafios políticos e institucionais inerentes a
esse diálogo. Trata-se de pesquisa qualitativa, fundamentada no materialismo histórico-
dialético, desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica e documental. Os resultados da
pesquisa apontam que existem 05 (cinco) modelos institucionais de universidade: Universidades
públicas federais; Universidades privadas; Universidade corporativa; Universidade tecnológica;
Universidade do movimento social. Nossas investigação analisa os desafios institucionais,
experimentados pela UFPA, que constitui-se como modelo institucional de universidade pública
federal. A pesquisa aponta que para captar demandas dos movimentos sociais pode-se utilizar:
PDI; PDU; PPC dos cursos; Projetos de pesquisas; Projetos de ensino; Projetos de extensão;
Regimentos. O CUNTINS – UFPA, obteve a aprovação de seu novo regimento geral, em 2020,
que em seu Art. 30, alínea XXII, define que a composição de seu conselho terá a participação de
01 (um) representante da Sociedade Civil Organizada. As discussões exigem a necessidade de
reflexão sobre qual a concepção de universidade fundamenta essa reflexão (CUNHA, 1989), para
entendemos que a universidade é um campo de disputa social (SANTOS, 2016). Mas, por outro
lado nos questionamos: qual universidade que os movimentos sociais querem/precisam? Onde
encontramos alguns elementos imprescindíveis: Universidade pública, Universidade autônoma,
democrática e inclusiva, Universidade que valorize a educação popular, Universidade que possa
construir novos sentidos para suas práticas educativas pautadas no interesse público (ensino,
pesquisa e extensão). Conclui-se que a universidade carrega em seu interior as contradições da
estrutura da sociedade que a constrói e que precisa ampliar os instrumentos internos de
participação democrática em seu interior, que fortaleçam os laços políticos e institucionais com
a educação popular presentes nas práticas educativas e nas práticas de gestão dos movimentos
sociais.

Palavras-chave: Universidade, Movimento social, Educação popular

99
[ID 95]

Educação e luta sociopolítica: contributos da teoria anarquista para pensar a questão


educacional e a emancipação popular

Luciana Brito | Universidade Federal de Santa Catarina | luciana.brito@outlook.com

Resumo

As crises dos modos hegemônicos de organizar a vida social colocam a necessidade de resgatar
reflexões produzidas a partir de perspectivas alternativas e subalternizadas. O anarquismo se
constitui enquanto projeto sociopolítico contra hegemônico, forjado a partir dos saberes e
experiências de resistência das classes e frações sociais dominadas. Os intelectuais e militantes
anarquistas, desde o século XIX, produziram análises críticas sobre a função social global das
instituições de ensino e pesquisa na sociedade capitalista, bem como proposições para um
projeto educacional que contribua para que os explorados possam pensar por si, trabalhar por
si e governar por si. Essa possibilidade exige dois movimentos distintos e complementares: um
primeiro, negativo, de crítica e ruptura com as funções coesionadoras e mercantilizadoras das
instituições de ensino capitalistas, que resultam das formas centralizadas e centralizadoras de
organização do poder econômico, político e sociocultural no regime capitalista. O segundo,
afirmativo, de elaboração de um projeto próprio, coerente com as necessidades e interesses dos
sujeitos marginalizados e oprimidos pelo modo de produção vigente. Na perspectiva do
anarquismo, tal projeto se desenvolve no seio das atividades associativas e das lutas por
redistribuição (de recursos e oportunidades) e por reconhecimento (de saberes e capacidades).
É, portanto, um projeto educacional em que a educação assume função coletivizadora e
emancipadora, fazendo parte do processo de constituição de forças coletivas que serão sujeitos
por si da luta contra a exploração. O caminho metodológico escolhido é a revisão bibliográfica
dos textos capitais do principal formulador da teoria anarquista, o russo Mikhail Bakunin. Serão
analisados os três principais livros do autor, que apresentam seu método de análise e o universo
categorial mobilizado, e um conjunto de artigos produzidos entre os anos de 1868 e 1869 que
versam especificamente sobre os temas da educação e da instrução. A partir da recuperação
deste arsenal teórico, é possível derivar reflexões e proposições que podem contribuir para a
superação dos dilemas educacionais contemporâneos, a partir de uma perspectiva que conjuga
a atividade sociopolítica de associação e luta com formas pedagógicas que negam os objetivos
e valores autoritários, utilitaristas e colonialistas das instituições oficiais de ensino e pesquisa.

100
Palavras-chave: Associativismo, Coletivismo, Anarquismo, Emancipação, Autonomia

[ID 218]

Análise das recomendações da UNESCO sobre a educação de adultos (de 1976 e 2015).

Hernani Sumbo | Instituto de Educação da Universidade de Lisboa| hernanibunga@gmail.com

Resumo

Esta comunicação insere-se no doutoramento em Educação, na especialidade de Formação de


Adultos no qual se pretende compreender a influência das organizações governamentais
internacionais nas políticas públicas e nos programas de alfabetização de Angola, desenvolvidos
nos últimos vinte anos.

Esta comunicação aborda os textos oficiais elaborados pela UNESCO, no quadro das orientações
feitas pelas organizações internacionais governamentais aos Estados-membros, na área de
educação de adultos (Milana, 2014). Estes documentos remetem para a Recomendação sobre o
Desenvolvimento da Educação de Adultos, de 1976, e a Recomendação sobre a Aprendizagem
e Educação de Adultos, de 2015. Esta análise é feita a partir de três lógicas, nomeadamente a
lógica democrática-emancipatória; a lógica de modernização e de controlo estatal; e a lógica de
gestão de recursos humanos (Lima & Guimarães, 2018).

Nesta comunicação, a abordagem metodológica escolhida enquadra-se no paradigma


fenomenológico-interpretativo (Lessard-Hébert, Goyete & Boutin, 1994; Amado, 2014;
Gonçalves, Gonçalves & Marques, 2021). A técnica de recolha de dados é a análise documental
(Amado, 2014; Lejeune, 2019) de textos oficiais da UNESCO, como aqueles aqui discutidos. Para
o tratamento de dados, destaca-se a utilização da técnica de análise de conteúdo (Bardin, 1977;
Amado, 2014; Compenhoudt, Marquet & Quivy, 2019).

Na discussão dos dados, observa-se que as orientações políticas da Recomendação sobre o


Desenvolvimento da Educação de Adultos, de 1976, enquadram-se sobretudo na lógica
democrática-emancipatória. Esta recomendação propõe uma educação de adultos alargada e
heterogénea, fundamentada nos princípios de igualdade, justiça, democracia, reflexão crítica,
liberdade, valorização da cultura local, autonomia e emancipação social. No caso da

101
Recomendação sobre o Desenvolvimento da Aprendizagem e Educação de Adultos, de 2015,
remete mais claramente para a lógica de recursos humano. Num contexto de globalização
económica, verifica-se a articulação entre aprendizagem-trabalho, produtividade-
desenvolvimento, competitividade-economia, bem como o incentivo à utilização e valorização
de recursos tecnológicos, que promovem a individualização das aprendizagens.

Palavras-chave: UNESCO, Educação de Adultos, Lógicas Políticas

SESSÃO 2.6 | SESSION 2.6 – 11, 30, 104, 105

[ID 11]

Os desafios do ensino remoto em disciplinas teórico-práticas: a experiência do ensino da


alfaiataria artesanal

Juliana Barbosa | Universidade Federal de Minas Gerais | julianawinck@gmail.com

Daisy Cunha| Universidade Federal de Minas Gerais | daisycunhaufmg@gmail.com

Resumo

A imposição do ensino remoto como alternativa para o isolamento imposto pela pandemia da
Sars-Cov2, colocou os professores frente a desafios até então não imaginados em suas práticas
educativas, ainda maior quando consideramos disciplinas teórico-práticas que dependem do
uso de laboratórios e equipamentos específicos. A investigação apresentada trata da
experiência de um curso de graduação da Universidade Federal de Minas Gerais – Brasil, em que
disciplinas artesanais como a alfaiataria, estamparia entre outras, em um primeiro momento
fossem preservadas e substituídas por disciplinas apenas teóricas, afim de que esses conteúdos
fossem apresentados ao fim do período de isolamento. No entanto, a falta de políticas de
enfrentamento à COVID no Brasil, fez com que esse período se estendesse chegando a
completar quase dois anos de afastamento das salas de aula. Diante deste cenário, as disciplinas
antes preservadas, tiveram de ser repensadas e ofertadas uma vez que a retenção dos discentes
tornou-se uma problemática. Desta forma, tornou-se necessário criar alternativas para que
essas disciplinas fossem ofertadas de modo satisfatório, contemplando o conteúdo sem prejuízo
aos alunos. A situação que será apresentada trata da experiência do ensino remoto da alfaiataria

102
por uma série de videoaulas, desenvolvidos passo a passo e apresentados entre encontros
síncronos e assíncronos de modo a permitir a total compreensão por parte do aluno na execução
da tarefa proposta. A inserção forçada de mediadores novos na relação ensino-aprendizagem,
por meio de tecnologias de ensino como a do audiovisual, exigiu uma série de conhecimentos e
saberes tanto do docente quanto do discente que se viu diante de uma nova dinâmica de classe.
No entanto, são novos caminhos para que os conteúdos ministrados, em período posterior ao
isolamento da pandemia, sejam ofertados de maneira híbrida, contemplando assuntos que
antes não eram abordados presencialmente por uma série de fatores: carga horária insuficiente,
falta de monitores ou ainda salas superlotadas. A imposição inesperada do uso desses recursos
tecnológicos em nossas práticas de ensino nos trouxeram muitos desafios e angústias, mas
também novos olhares e perspectivas.

Palavras-chave: Ensino remoto, Convergência tecnológica, Ensino híbrido

[ID 30]

Reconstruyendo la acción tutorial del maestro en tiempos de incertidumbre: hacia un modelo


analítico desde el cuidado

Alfredo Berbegal Vázquez | University of Zaragoza | abrbgal@unizar.es

Abel Merino Orozco| University of Burgos | amorozco@ubu.es

Ana Arraiz Pérez | University of Zaragoza | aarraiz@unizar.es

Fernando Sabirón Sierra | University of Zaragoza | fsabiron@unizar.es

Resumo

El cuidado se presenta como una aproximación paradigmática en las Ciencias Sociales. Posibilita
una convivencia compartida, integrada social e institucionalmente (dimensión política), su
naturaleza relacional e interactiva es inherentemente moral (dimensión ética) y representa
modos específicos de reconocimiento, singulares y transdisciplinares (dimensión
epistemológica). El cuidado no se inscribe en una sola tradición filosófica, epistemológica,
política o ética, sino que revela contradicciones teórico-prácticas de implicaciones profundas
para la calidad de vida de las personas y de las organizaciones sociales. Su análisis contribuye al

103
desarrollo de campos como la deontología profesional, la inteligencia emocional y las políticas
laborales, interculturales, ecológicas y feministas, explorando formas alternativas de
racionalidad que ofrezcan respuestas a las necesidades emergentes de nuestras actuales
sociedades complejas.

El cuidado se ha instalado en educación desde tres ejes claves de desarrollo, estrechamente


interconectados: 1) la naturaleza relacional del conocimiento educativo y sus implicaciones para
la toma de decisiones interpersonales, profesionales e institucionales (teorías éticas, implícitas
y de la presencia); 2) la formación de los profesionales de la educación (referenciales
aptitudinales, actitudinales y disposicionales); y 3) la construcción de la identidad profesional de
los educadores (principios para el compromiso y desarrollo profesional). De este modo, la
investigación educativa ha presentado un especial impacto en ámbitos como la familia, el
currículum escolar o la educación en valores, enriqueciendo el debate educativo, científico y
profesional sobre temas como civismo y ciudadanía, equidad y género, sostenibilidad y medio
ambiente, y profesionalidad y competencia.

Se propone una revisión sobre el cuidado en el ámbito educativo con el objetivo de reconsiderar
los referentes profesionales de los maestros y especialmente de una de sus intervenciones
educativas por excelencia: la acción tutorial. En primer lugar, se rastrean los modelos analíticos
del campo sociosanitario, más desarrollados y consolidados, para analizar su potencial de
transferencia teórica en el campo socioeducativo. En segundo lugar, se identifican las
aproximaciones adoptadas en los estudios y trabajos principales y se analizan los referentes y
diseños de investigación educativa más pertinentes a la naturaleza multidimensional del
fenómeno del cuidado. Finalmente, se revisa la cultura profesional de los maestros en el campo
de la orientación educativa y la tutoría desde la perspectiva del cuidado, analizando las sinergias
con los marcos analíticos del cuidado.

Los resultados identifican programas de investigación y modelos analíticos que ofrecen claves a
la investigación educativa para la definición de diseños, escenarios y unidades analíticas de
indagación empírica. Asimismo, detecta las convergencias con ciertos modelos teóricos de
orientación educativa y tutoría y define las líneas de transferencia más oportunas para la acción
tutorial del maestro. También establece criterios de excelencia profesional desde las
implicaciones de una educación en y para el cuidado, señalando oportunidades para una
reconstrucción de la praxis profesional de los maestros tutores en sus comunidades educativas
de referencia.

104
Se concluye poniendo en valor dos cuestiones principales, una explícita y otra implícita. La
cuestión explícita apela al reconocimiento del cuidado como una aproximación paradigmática
que permite explorar las prácticas institucionales y profesionales de los maestros, describir sus
culturas profesionales en tanto que maestros tutores, y comprender y resignificar los
componentes teóricos, prácticos y performativos de su acción tutorial. La cuestión implícita, y
no menos importante, atiende a la revalorización de la acción tutorial de los maestros como
espacios y tiempos de intervención profesional sustancialmente educativos y a su consideración
ineludible para ofrecer respuestas educativas de calidad ante los retos y desafíos de las actuales
sociedades de riesgo e incertidumbre.

Palavras-chave: Cuidado, Práctica Pedagógica, Tutoría

[ID 104]

O ensino remoto de emergência no âmbito da formação inicial de Professores: aprendizagens


realizadas

Maria Helena Esteves | IGOT/Universidade de Lisboa | me@campus.ul.pt

Resumo

O ensino remoto de emergência caracterizou a formação de professores e professoras na


Universidade de Lisboa durante os anos letivos de 2020 e 2021. A emergência pandémica vivida
entre março e junho de 2020 e entre janeiro e maio de 2021, em que Portugal assistiu ao
encerramento das escolas e a passagem do ensino presencial ao ensino remoto de emergência,
levou a uma rápida adaptação ao modelo de aulas online no âmbito da formação inicial de
professores de Geografia.

Para além da contextualização teórica relacionada com o ensino remoto de emergência e como
foi adaptado ao ensino português durante os dois períodos de confinamento identificados,
procurou-se conhecer a resposta dos/as professores/as, em formação, que se viram
diretamente envolvidos nesta mobilização nacional. A nossa investigação teve como quadro
analítico as recomendações da UNESCO lançadas em 2019, no âmbito do encerramento de
escolas em todo o mundo, face à crescente propagação da Covid-19.

105
A investigação realizada baseia-se na análise qualitativa dos relatórios de prática de ensino
supervisionado apresentados no Instituto de Geografia e Ordenamento do Território cuja
prática de ensino supervisionado decorreu nestes dois períodos. Para além disso os/as
professores/as em formação apresentaram as suas impressões no que diz respeito aos dois
momentos de ensino remoto de emergência, salientando as principais dificuldades, desafios e
conquistas.

Podemos concluir que os desafios foram inúmeros, mas as aprendizagens realizadas foram
também muito importantes. O ensino remoto de emergência criou novas formas de
comunicação entre docentes e discentes, mas dificultou a interação entre ambos.
Apresentaremos as principais conclusões, quer as relacionadas com a formação docente, quer
as relacionadas com o ensino e aprendizagem realizada.

Palavras-chave: Geografia, Formação inicial de professores, Ensino remoto de emergência,


Ensino, Aprendizagem

[ID 105]

Discutindo práticas de orientação docente na educação a distância: relatos de experiência em


contextos de instituições de ensino superior no Brasil

Eliana Salomon | Universidade Federal de Itajubá - Unifei | salomonefs@gmail.com

Isabel Arantes | Universidade Federal de Itajubá - Unifei | Isabel.adm@unifei.edu.br

Cácia Rehem | Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB | caciarehem@gmail.com

Resumo

Com este estudo, objetivamos discutir os relatos de experiência de docentes-orientadores do


Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), de uma pós-graduação, lato sensu, em Gestão
Educacional na modalidade Educação a Distância – EaD, ministrado em uma Instituição Federal
de Ensino Superior – IFES, no sul de Minas Gerais, Brasil. O recorte teórico envolveu questões
sobre a caracterização da EaD e suas funcionalidades e disfuncionalidades, tendo como aporte
teórico Behrens, Carbonell, Masetto, Moran e Vergara. Trata-se de um estudo qualitativo-
descritivo, empreendido por meio de análises e avaliações tecidas pela coordenadora do curso

106
e profissionais da educação da instituição acima citada, partindo dos relatórios construídos pelos
docentes-orientadores, como parte do relatório final do curso, este exigido pelo sistema
educacional vigente - Ministério da Educação (MEC), e pela Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Universidade Aberta do Brasil (UAB). Os relatos nos
mostram que, a priori, são reconhecidos os benefícios da EaD e suas contribuições em termos
de produção de saberes, de conhecimentos e de aprendizados, tanto para os próprios docentes
em suas práticas, como para os discentes e equipe envolvida no processo. Todavia, observamos,
particularmente na experiência de orientação do TCC da edição do curso em questão, grandes
dificuldades na integração/interação dos elementos participantes – gestores, docentes-
orientadores, tutores e alunos – o que prejudicou a qualidade do trabalho desenvolvido. Não
pretendemos, com os resultados aqui apresentados, fornecer uma “receita mágica” sobre as
possibilidades de resolução dos pontos aqui discutidos, mas acreditamos que as experiências
relatadas podem sugerir reflexões importantes e mudanças práticas nos contextos de EaD no
Brasil.

Palavras-chave: Educação a Distância, Prática docente de orientação, Gestão Educacional

SESSÃO 2.7 | SESSION 2.7 – 140, 173, 174, 201, 208

[ID 140]

O Projeto PRAC3: tutoria e coaprendizagem no contexto de estágio em ambiente online

Maria Assunção Flores | Centro de Investigação em Estudos da Criança, Universidade do Minho


| aflores@ie.uminho.pt

Eva Fernandes | Afiliação | evalopesfernandes@ie.uminho.pt

Maria Teresa Vilaça | Centro de Investigação em Estudos da Criança, Universidade do Minho |


tvilaca@ie.uminho.pt

Cristina Parente | Centro de Investigação em Estudos da Criança, Universidade do Minho |


cristinap@ie.uminho.pt

Maria de Fátima Vieira | Centro de Investigação em Estudos da Criança, Universidade do Minho


| fatima@ie.uminho.pt

107
Resumo

Neste trabalho apresentam-se as dimensões principais de um projeto Erasmus+ sobre práticas


de ensino online - Digital Practicum ('PRAC3') - financiado pela União Europeia e envolvendo um
consórcio de cinco parceiros europeus. A pandemia da COVID-19 implicou a transição forçada
do ensino presencial para o ensino remoto, também no campo da formação inicial de
professores e mais concretamente no estágio. Neste contexto, faz sentido (re)pensar espaços e
tempos de aprendizagem profissional numa perspetiva promotora da diversidade, da
colaboração e da inovação. O PRAC 3 visa explorar recursos de ensino online (e.g. realidade
aumentada e ambientes de aprendizagem a distância em sala de aula) em contexto de estágio
no sentido de fomentar a coaprendizagem e a tutoria através da interface entre escola e
instituição de formação, permitindo o desenvolvimento de ecossistemas educativos inovadores
nos contextos onde se realiza o estágio. Nesta comunicação apresenta-se o quadro conceptual
do referido projeto, nomeadamente no que se refere ao mentoring, bem como os seus objetivos
específicos e os resultados das atividades já desenvolvidas.

Palavras-chave: Estágio, Formação de professores, Ensino online

[ID 173]

Ensino remoto emergencial: inseguranças e convicções no uso das tecnologias digitais para a
formação de professores

Tatiane Bernardo | Unopar Pitágoras | tati.bern@gmail.com

Maria Elisabette Prado | Unopar Pitágoras | bette.prado@gmail.com

Fátima Dias | Unopar Pitágoras | fatimadias.consultoria@gmail.com

Maria Altina Ramos | Universidade do Minho | altina@ie.uminho.pt

Dayane Bessa | Unopar Pitágoras | dayanebbessa@gmail.com

Resumo

108
Com o avanço significativo e constante das tecnologias digitais, é comum que observemos
mudanças em paradigmas sociais, comportamentais, econômicos, culturais, dentre outros.
Diante do cenário de pandemia do novo coronavírus, observamos mudanças bastante
aprofundadas no que diz respeito ao uso das tecnologias digitais no cotidiano dos indivíduos e
na educação. Muitas ressignificações a respeito destas ferramentas foram feitas. Ao longo dos
últimos anos, no contexto da educação brasileira, novos documentos normativos de orientação
à formação docente foram homologados nos anos de 2019 e 2020, de modo que pudéssemos
melhor preparar os docentes para os desafios que a contemporaneidade impõe. Contudo, o
cenário de pandemia e a necessidade do Ensino Remoto Emergencial para dar continuidade aos
trabalhos de educação fez com que a necessidade por esta preparação docente fosse acelerada
significativamente. É neste contexto em que se insere esta pesquisa que tem como objetivo
entender como e se os documentos normativos de formação de professores atenderam às
necessidades de formação para a prática docente para uso das tecnologias digitais como
intermédio para ensinar. Para isso, comparamos as inseguranças e convicções de professores
quanto ao uso das tecnologias digitais para ensinar e as diretrizes definidas nos documentos de
formação inicial de professores. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, do tipo
pesquisa de campo e documental, na qual realizamos a coleta de dados por meio de entrevista
com cinco docentes que atuam na formação inicial de professores do curso de Pedagogia. Para
a análise dos dados, utilizamo-nos da perspectiva da Análise de Conteúdo (AC), buscando
sistematizar e demonstrar as relações existentes entre as respostas encontradas na
subjetividade destes sujeitos, a fim de que pudéssemos entender proximidades e disparidades
de entendimento da prática docente. Como resultados, obtivemos que as convicções dos
professores permearam o campo do conteúdo e disciplinar; já as inseguranças foram
identificadas com frequência quanto ao uso das tecnologias digitais para ensinar remotamente.
Apesar desta deflagração, pudemos observar que muitas das dificuldades pontuadas pelos
professores estão contempladas nos novos documentos instituídos para a formação de
professores e, então, se relacionam diretamente com a prática destes docentes.

Palavras-chave: Formação docente, Ensino Remoto Emergencial, Tecnologias Digitais da


Informação e da Comunicação

[ID 174]

109
Projeto de Iniciação Científica e Tecnológica EAD (PICT): O processo de formação para a
pesquisa no Ensino Superior à distância.

Dayane Bessa | Universidade Pitágoras Unopar | dayanebbessa@gmail.com

Fátima Dias | Universidade Pitágoras Unopar | fatimadias.consultoria@gmail.com

Maria Elisabette Prado | Universidade Anhanguera | bette.prado@gmail.com

Maria Altina Ramos | Universidade do Minho | altina@ie.uminho.pt

Hélio Hiroshi Suguimoto | Universidade Pitágoras Unopar | helio.suguimoto@kroton.com.br

Tatiane Bernardo | Universidade Pitágoras Unopar | tati.bern@gmail.com

Resumo

Esse artigo é parte de uma pesquisa de doutoramento em andamento tem como propósito
apresentar o Projeto de Iniciação Científica e Tecnológica EAD (PICT) do Ensino Superior, como
uma possibilidade de formação para a pesquisa de alunos graduandos na modalidade de ensino
a distância. O PICT, visa propiciar aos estudantes de graduação das diversas áreas do
conhecimento, o desenvolvimento do pensamento científico. Nesta perspectiva, a formação
para pesquisa científica pode ser vista como uma ferramenta de apoio teórico e metodológico
voltada para a realização de projetos de pesquisa, constituindo um canal de grande contribuição
para a formação de uma nova mentalidade no aluno, a qual possa atender as características e
demandas da sociedade atual. Vale ainda ressaltar que o surgimento desse programa
considerou a indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão (LDB9394/96) por meio da
Iniciação Científica no Ensino Superior na modalidade EAD. Acreditando na relevância do
Programa de Iniciação Científica e Tecnológica e na possibilidade de tornar esta ação mais
abrangente, oportunizando a participação de um maior número de alunos, nos desafiamos a
compreender como concretizar a pesquisa científica com alunos na modalidade a distância. Este
artigo é um recorte de uma pesquisa em andamento, portanto, realizamos uma análise
interpretativa dos dados contidos no projeto, com base nos conceitos de análise de Bardin
(2010, p. 280) que apresenta as seguintes fases para a sua condução: a) organização da análise;
b) codificação; c) categorização; d) tratamento dos resultados, inferência e a interpretação dos
resultados, para responder o seguinte o objetivo: Analisar como se dá o processo de formação
do aluno para a pesquisa científica na EaD. A análise do PICT, nos fez entender que é possível e

110
se faz necessária a efetivação da formação para a pesquisa no ensino a distância, cada detalhe
do projeto faz dele único e inovador e o depoimento dos alunos concluintes ressaltam o
cumprimento dos objetivos estabelecidos para o PICT, portanto, disseminar esta prática é
também um de nossos objetivos para que a formação para a pesquisa seja valorizada,
considerando que há uma confrontação na compreensão da importância da iniciação à pesquisa
e o despertar de curiosidade para a investigação, uma vez que, no cenário brasileiro, a pesquisa
é pouco valorizada, mesmo que seja parte da tríade de formação para o ensino superior, aliada
ao ensino e à extensão.

Palavras-chave: Iniciação Científica, Formação para a pesquisa, Ensino a distância, Ensino


Superior

[ID 201]

O reinventar-se no ensino remoto: uma análise da EEMTI GOV. Luiz de Gonzaga Fonseca Mota

Maria de Fátima Bezerra | fabezerra2002@yahoo.com.br

Resumo

This article seeks to reflect on what changes with the new format of remote education, a
challenge that schools, especially teachers, have faced in this context of the pandemic. The
doing, before the pandemic, took place in person and without time to appropriate new
technological resources, teachers had to adapt to emergency remote teaching, their pedagogical
strategies needed to be revised and their forms of communication were incorporated new
languages. Faced with this challenging and disquieting scenario, we turn our gaze to the context
of EEMTI Luiz de Gonzaga da Fonseca Mota, of the state network in Ceará, in order to better
understand the scenarios and challenges of remote education from the perspective of teachers.

Palavras-chave: Remote teaching, Technological resources, New languages

[ID 208]

O desafio da transformação digital em contexto educativo: dimensões de análise e perfis de


agrupamentos de escolas

111
Fernando Albuquerque Costa | IEUL | fc@ie.ul.pt
Elisabete Cruz | IE, University of Lisbon | ecruz@ie.ulisboa.pt
Emily Sousa | Universidade de Lisboa | ellenemily@hotmail.com
Carolina Pereira | IEUL | cmpereira@ie.ulisboa.pt

Resumo

A presente comunicação tem como objetivo apresentar o processo e os principais resultados do


diagnóstico realizado, no âmbito do Projeto Escol@s Digitais, nas escolas do 1.ºCEB que
integram os 12 agrupamentos de escolas da rede municipal da Amadora, relativamente a um
conjunto de dimensões consideradas relevantes para a concretização da transformação digital
em curso em Portugal.

O trabalho de recolha de dados decorreu entre março e junho de 2021 e assentou numa
estratégia alicerçada na abordagem de avaliação participativa de programas, e nos pilares de
sustentação e desenvolvimento do próprio projeto (monitorização, contextualização,
envolvimento e sustentabilidade).

Na prática, procedeu-se a uma recolha sistemática de informação composta por 53 indicadores


de referência considerados relevantes para a fundamentação e planeamento da intervenção
futura no contexto do projeto, agrupados em 12 dimensões de análise: 1) Rede de Escolas; 2)
Corpo docente e alunos; 3) Políticas locais para o digital; 4) Infraestruturas e equipamento; 5)
Liderança; 6) Colaboração e Trabalho em Rede; 7) Desenvolvimento Profissional Contínuo; 8)
Competência digital; 9) Atitudes e Confiança face ao digital; 10) Representações sobre “escola
digital”; 11) Expectativas de realização profissional; e 12) Sugestões para a concretização do
objetivo do projeto.

Em termos de resultados, apresenta-se nesta comunicação o que de mais relevante se apurou


relativamente a cada uma das dimensões definidas (i), identificando padrões ou perfis
diferenciados de agrupamentos de escolas (ii), mas procurando evidenciar também pontos de
convergência e diferenciação entre os agrupamentos (iii).

Palavras-chave: Escola digital, Transformação digital, Avaliação participativa

SESSÃO 2.8 | SESSION 2.8 – 138, 165, 170, 189

112
[ID 138]

Olhares para si, do/para o outro em um currículo com Dança: subjetivação e a abertura de
corpos para dançar

Anna Vitória Alves | Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) | annavfa@gmail.com

Marlucy Paraíso | Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) | marlucyparaiso@gmail.com

Resumo

Este trabalho traz resultados de uma pesquisa que objetivou investigar o funcionamento de um
currículo com Dança em uma escola, que nomeamos Trans-Forma, da rede privada de Belo
Horizonte (MG/Brasil), que tem a Dança como componente curricular em sua organização
pedagógica. A partir da perspectiva pós-crítica do campo curricular e adotando como
metodologia a observação participante; entrevistas semiestruturadas e diários de narrativas –
dialogando técnicas de Etnografia Educacional e Pesquisa Narrativa –, a pesquisa priorizou
seguir os questionamentos mapeados nas relações construídas por cada participante com este
currículo com Dança, para mostrar os modos de subjetivação colocados em funcionamento.
Tendo como inspiração a obra “Ensaio sobre a cegueira” (1995) de José Saramago sobre olhar,
ver e reparar, exploramos essas práticas como ações distintas, para analisar os efeitos do olhar
na disponibilidade de estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental de dançar e aprender
no currículo com Dança investigado. Considerando o olhar – no caso de pessoas que possuem
suas funções visuais preservadas – como uma das primeiras camadas de relação com o que nos
cerca, mostramos como tal ação é produzida e produtora nos modos de subjetivação acionados
neste currículo com Dança. Afinal, o modo pelo qual nos tornamos sujeitos (FOUCAULT, 1995)
afeta diretamente nossos modos de olhar o que nos cerca, na medida em que os produz; ao
mesmo tempo em que os modos de olhar funcionam como uma prática produtora daquilo que
tomamos como realidade (FOUCAULT, 1987). Neste sentido, compreendendo a imbricação dos
modos de olhar nos processos de subjetivação, mostramos como a visão compromete nossas
experiências estéticas (BONFITTO, 2014), atuando como um elemento que regula e normatiza
nossas relações, atravessando os corpos. Assim, os olhares analisados abrangem olhares para
si, para o outro e do outro na abertura dos corpos investigados para a dança, para o aprender e
para a vida. Os resultados deste trabalho mostram que a visão e seus modos de olhar atuam
como elemento regulador e normatizador no currículo com Dança, alterando as relações

113
construídas por cada estudante com a dança e com o aprender, em jogos de efeitos que
transitam entre a inibição, o bloqueio e o desejo. Tais efeitos produzem deslocamentos entre o
“abrir” e “fechar” desses corpos para a experiência com Dança, fazendo com que os estudantes
acionem estratégias diferentes para lidar com os efeitos desses olhares.

Palavras-chave: Olhares, Subjetivação, Dança

[ID 165]

Escrita inventada e mediação pedagógica: a apropriação da escrita por crianças de 6 anos

Valéria Resende | valeriaresende2@gmail.com

Resumo

A presente comunicação está alinhada com o eixo temático 4: Práticas pedagógicas e o processo
de ensino-aprendizagem e pretende descrever e analisar o processo de mediação do adulto na
escrita de palavras compostas por sílabas complexas: consoante – vogal – consoante (CVC) e
consoante – consoante – vogal (CCV), realizada por crianças de 6 anos falantes do português
brasileiro. Estudos de Ferreiro (2013) e Soares (2016) indicam que, no processo inicial de
aprendizagem da língua escrita, as crianças conseguem escrever as sílabas CV (consoante
seguida de vogal); compreendendo o princípio alfabético basicamente por essa sílaba canônica,
entretanto, a criança se vê diante de novos desafios no que se refere à representação de sílabas
complexas. Diante do exposto, traçamos como objetivo de estudo analisar as estratégias de
mediação do adulto, em um “Programa de Escrita Inventada”, visando compreender as
apropriações feitas pelas crianças de palavras compostas por sílabas com estrutura complexa
(CVC e CCV). Para capturar as mediações adulto-criança e as interações criança-criança, optamos
pela pesquisa-intervenção, com inspiração no “Programa de Escrita Inventada” desenvolvidas
pioneiramente por Alves Martins e colaboradores (2017, 2019), que consiste, basicamente, em
trabalhar com a escrita de palavras, em pequenos grupos, tendo como referência a mediação
no sentido vygotskiano, em que a dimensão social e a individual se unem pela interação por
meio da argumentação. A partir da identificação e análise das mediações (Vygotsky, 1991) e dos
tipos de scaffolding (Pontecorvo, 2005, Resende & Montuani, 2020), verificou-se o predomínio
de estratégias que procuram criar situações desafiadoras pelas quais as crianças precisem

114
argumentar e envolver-se na construção de uma solução coletiva para um problema,
contribuindo para a discussão de tipos de mediação que podem ser usadas em sala de aula,
garantindo a apropriação do Sistema de Escrita alfabético-ortográfico pelas crianças. O estudo
revelou avanços das crianças na escrita de palavras com as estruturas silábicas investigadas.

Palavras-chave: Escrita, Alfabetização, Crianças, Mediação

[ID 170]

A arte como experiência para uma educação mais artística: fundamentos e tensões a partir de
Dewey e Read

Ana Paz | Instituto de Educação | apaz@campus.ul.pt

Resumo

Esta comunicação visa dar conta de um trabalho em andamento sobre os fundamentos


epistemológicos da Educação Artística enquanto disciplina académica em expansão e em
constante tensão (Baldacchino, 2015). A partir de uma história do presente em que se procura
questionar de que modo se vieram a construir as narrativas salvacionistas em torno da educação
artística (Martins & Alves, 2021), perscrutam-se os fundamentos desta área disciplinar. Numa
perspetiva genealógica, em que se atravessam as políticas institucionais como da UNESCO a
nível mundial, ou, em Portugal, na Fundação Calouste Gulbenkian, chegamos aos trabalhos
fundadores de John Dewey, no seio do pragmatismo americano, e de Herbert Read, o precursor
da corrente de educação pela arte que defendeu a educação estética como fundamental para
erradicar a possibilidade de uma outra Guerra, após a experiência europeia de 1914-1918. Trata-
se de pensadores que, em algum momento, se filiam no pensamento platónico (Swanger, 1982)
e ambos também perspetivaram em algum momento a arte como forma de exponenciar a
educação, sempre a partir de uma perspetiva de liberdade. É nesta justaposição entre liberdade
e arte que reside uma chave de leitura destes autores, e que importa compreender tanto na
aceção de travelling libraries, isto é, na transmissão e circulação de conhecimentos pelo espaço
mundial (Popkewitz, 2005), como de autores que são ainda usados na conquista de um presente
para a educação artística. Neste trabalho, essa recuperação será feita de modo crítico,

115
salvaguardado a educação artística como espaço de conflito, onde se poderão colocar novas
questões ao presente.

Palavras-chave: Educação artística, Arte, Educação estética

[ID 189]

Experimentando cinema num lugar-escola: a partir de fragmentos (de filmes) de Brasil e China
em transformação

Katharine Nunes | Universidade Estadual de Campinas (Brasil) e Universidade Nova de Lisboa


(Portugal)| k073302@dac.unicamp.br

Resumo

No contexto de formação de professores do ensino básico e através da metodologia da


cartografia, esta investigação de doutoramento realiza sessões de cineclube escolar dedicadas
não só a assistir e a conversar, mas a criar experimentações audiovisuais que sejam atravessadas
por forças, ritmos, fluxos e materiais de um lugar-escola. Atentando-se a demandas de políticas
públicas como a Lei 13.006/14 (acerca da exibição de filmes de produção nacional em escolas
de todo o Brasil) e o Programa “Cinema & Educação: A experiência do cinema na escola de
educação básica municipal” da Secretaria de Educação do Município de Campinas (Brasil),
pretende-se contribuir para o debate sobre o papel das tecnologias audiovisuais na escola
pública hoje e que potências estéticas elas podem incorporar/vibrar desse tipo de lugar.
Assistimos fragmentos de filmes brasileiros e chineses sensíveis às transformações urbanas e
sociais sentidas no cotidiano de pessoas cujos aspectos locais, comunitários e/ou públicos de
seus modos de vida têm sido ameaçados por interesses privados com apoio estatal. E, a partir
deles, temos proposto exercícios de experimentação - com gravação/edição de vídeo e
computação gráfica – que pretendem fazer o cinema operar de uma forma "outra" na escola,
cuja reprodução de uma mensagem e/ou roteiro fechado não tem centralidade; permitindo que
a produção de imagens seja atravessada pelo acaso e por forças/materialidades de um lugar-
escola: pensado aqui como a coexistência de uma multiplicidade de trajetórias humanas e
inumanas que envolve contato e negociação. Esses cruzamentos têm desestabilizado e repartido
(em coletivo) tempo e espaço imagético; reinventando um comum partilhado que propicia

116
encontros imprevistos de autoconhecimento e de contato com o outro, envolvidos no tecer de
uma rede/comunidade de cinema. Também nos atentamos às potencialidades de efetivação de
“comuns” (commons) - sejam espaços, relações, bens… - que tecnologias de código aberto e
livre proporcionam, ao permitirem gestionar sistemas de forma coletiva e adaptada a diversas
necessidades. Assim, pensando nas tensões, processos de subjetivação e devires que esses
movimentos colaborativos têm provocado, problematizamos políticas educacionais -
intensificadas atualmente em resposta à pandemia da COVID-19 – que têm ameaçado a
construção comunitária e democrática de culturas produzidas e mediadas por tecnologias em
escolas públicas.

Palavras-chave: Tecnologias na educação, Experimentação estética na educação, Comum

117
ATELIÊS 3

ATELIERS 3

10/02 | 11h30 – 13h00

118
ATELIÊS 3 I ATELIERS 3 - 10/02 | 11h30 - 13h

SESSÃO 3.1 | SESSION 3.1 – 23, 107, 121, 204

[ID 23]

Calificaciones recordadas y alcanzadas, su relación con el autoconcepto de los alumnos.

Antonio Miguel Pérez-Sánchez | Universidad de Alicante |am.perez@ua.es

José Manuel García-Fernández | Universidad de Alicante| josemagf@ua.es

Josep Maria Baldaquí-Escandell | Universidad de Alicante | josep.baldaqui@ua.es

Francesc Xavier Llorca-Ibi | Universidad de Alicante |francesc.llorca@ua.es

Nuria Antón-Ros | Universidad de Alicante | nuria.anton@ua.es

Resumo

Objetivos. En esta investigación mostramos los cambios producidos en el autoconcepto de los


alumnos, y las relaciones que se dan entre dicho autoconcepto y las calificaciones concedidas
por los profesores. Así mismo exploramos la relación existente entre el recuerdo de las
calificaciones conseguidas en el curso anterior y las efectivamente obtenidas seis meses más
tarde. Por tanto las hipótesis que vamos a poner a prueba son las siguientes: a) existen
diferencias significativas entre el recuerdo anterior y la realidad posterior (calificaciones
escolares) que van en la dirección de mayor a menor; b) el autoconcepto académico de los
alumnos al comenzar el curso es más positivo al comenzar el curso que al recibir las primeras
calificaciones (en diciembre), y estas diferencias son significativas; c) no existen diferencias
significativas entre las calificaciones obtenidas por los alumnos en la primera (diciembre) y la
segunda evaluación (marzo). Método. Los participantes fueron 231 alumnos y alumnas de 3º de
Educación Secundaria Obligatoria (edad media = 14 años). El diseño aplicado fue pretest –
postest. Evaluamos a los alumnos dos veces, la primera inmediatamente comenzado el curso y
la segunda después de las vacaciones de Navidad (después de que los alumnos hubieran recibido
la primera evaluación). Los análisis estadísticos utilizados fueron: análisis correlacional y prueba
“t” para muestras relacionadas. Resultados. Los resultados obtenidos confirman las hipótesis

119
establecidas. Conclusiones. De los resultados obtenidos podemos extraer las siguientes
conclusiones: a) las calificaciones recordadas son más positivas que las obtenidas en el presente,
este hecho creemos que provoca, en parte, que el autoconcepto académico (general y
específico) del alumno empeore a medida que avanza el curso, especialmente al recibir las
primeras notas académicas, b) el hecho de no encontrar diferencias significativas entre las
calificaciones obtenidas por los alumnos en la 1ª y la 2ª evaluación, implica que en los centros
no se ha puesto en práctica ninguna medida efectiva para mejorar la situación académica de los
alumnos, y c) lo que nos lleva a apuntar la necesidad de tomar las medidas necesarias para evitar
que los alumnos que obtienen en la primera evaluación una calificación negativa continúen
manteniéndola a lo largo de todo el curso con la finalidad de evitar el “abandono” académico y
el aparecimiento de conductas incompatibles con el proceso de enseñanza y aprendizaje, se
trata de evitar el fracaso del alumno tanto académico como personal.

Palavras-chave: autoconcepto, calificaciones, pretest-postest

[ID 107]

A avaliação da formação no ciclo da gestão da formação profissional nos Hospitais

Tiago André Gomes de Oliveira | CIEd, Instituto de Educação da Universidade do Minho|


tagoliveira@sapo.pt

Resumo

As necessidades da população têm vindo a evoluir ao longo dos tempos, avocando nos dias de
hoje particularidades e exigências diferentes, com graus de satisfação distintos de pessoa para
pessoa. No âmbito da saúde, tais necessidades exigem modelos de prestação de cuidados
devidamente atualizados, de forma contínua, com uma capacidade de resposta eficaz e
eficiente.

O desempenho global do setor da saúde é fortemente dependente dos recursos humanos, pelo
que a implementação de novos modelos de prestação de cuidados, de novas técnicas, de novos
sistemas de gestão da saúde, requer profissionais dotados de conhecimentos, aptidões e
atitudes conducentes ao exercício adequado das suas funções e consequentemente satisfação
das necessidades dos doentes.

120
Torna-se claro que a formação surge como essencial nos quadros de recursos humanos do setor
da saúde, objetivando o desenvolvimento e a atualização permanente de competências,
caracterizada como vetor fundamental na gestão e evolução organizacional de cada entidade
de prestação de cuidados.

Para o efeito, importa que a gestão do ciclo formativo dos profissionais de saúde, nas
instituições ondem exercem funções, seja eficaz com particular atenção à fase de avaliação da
formação, por forma a se perceber o real impacto da formação, a verificação da sua existência.

Com base num estudo realizado em 2017, em 5 hospitais portugueses, conseguimos perceber
que na avaliação da formação produzem-se diversas dificuldades na sua produção. São aplicados
em algumas ações instrumentos de avaliação dirigidos aos formandos para aferição das
aprendizagens. É atribuído e reconhecido o valor da avaliação da formação, propriamente dito,
no entanto, apresentam carência de recursos na avaliação do impacto. A legitimidade e a
objetividade da formação parece inexistente. Emerge a aposta no desenvolvimento da função
da avaliação por todos os Centros de Formação, pela essência que apresenta na valorização dos
processos formativos, pela adequação à realidade que deve assistir.

Palavras-chave: avaliação da formação, formação contínua, profissionais de saúde, hospitais

[ID 121]

Tempos pandêmicos: reflexões sobre o processo avaliativo em contextos de ensino remoto


emergencial em Instituição de Ensino Superior no Brasil

Alessandra Bueno de Grandi | Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia| florbi@uesb.edu.br

Cácia Cristina França Rehem | Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia |


caciarehem@gmail.com

Eliana De Fátima Souza Salomon | Universidade Federal de Itajubá - Unifei |


salomonefs@gmail.com

Resumo

121
Este artigo é parte de uma pesquisa em desenvolvimento na Universidade Estadual do Sudoeste
da Bahia, e tem como objetivo refletir sobre o processo avaliativo desenvolvido nessa
universidade por meio do Ensino Remoto Emergencial analisando conteúdos veiculados em
Seminários /Webinários Online e outros eventos disponibilizados na plataforma do Youtube.
Adaptações foram determinadas nas instituições de ensino superior presencial, públicas e ou
privadas brasileiras, em virtude da epidemia mundial causada pelo Corona vírus, o COVID 19 -
para a materialização das atividades pedagógicas propostas aos alunos dos cursos de graduação,
de forma domiciliar, partindo do princípio de que estariam impossibilitados de frequentar
temporariamente as aulas presenciais em suas devidas instituições. Utilizando de plataformas e
aplicativos disponíveis na internet, as aulas da graduação no ano letivo de 2020 retornaram por
meio de procedimentos do então chamado na universidade citada, de Ensino Remoto
Emergencial. O retorno tardio das práticas educacionais foi necessário para que, não só a
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, mas várias outras instituições educacionais
pudessem regulamentar o funcionamento do que seria o Ensino Remoto Emergencial, bem
como de proporcionar aos seus docentes, uma formação para o uso de plataformas e aplicativos
para a docência online, que contemplasse não apenas atividades práticas mas também uma
formação teórica, que possibilitasse a continuação das atividades de ensino, que haviam sido
paralisadas. A formação docente iniciou-se por meio de um Seminário Virtual, para
sensibilização da comunidade acadêmica, e posteriormente um curso de 80h para os docentes,
ministrado através do Google Education, no classroom, com profissionais estudiosos e
pesquisadores da área. Tanto em relação aos eventos seminários, Webinários e outros, o tema
avaliação foi recorrente, sendo considerado um dos maiores problemas vivenciado para o tipo
de formatação de ensino estabelecido. Isso posto, por meio de uma abordagem qualitativa e
descritiva, as falas dos palestrantes são analisadas, demonstrando que é necessário pensar uma
avaliação diferenciada, mediada pelas tecnologias, que proponham uma diversidade de
interfaces e que possa permitir também a auto avaliação e avaliação entre pares.

Palavras-chave: Avaliação da Aprendizagem, Ensino Remoto, Pandemia

[ID 204]

122
Autoavaliação de escolas e Avaliação externa de escolas: comensalismo ou simbiose?

Eduarda Rodrigues | Universidade do Minho | lo.eduarda@gmail.com

Resumo

Identificada como o efeito mais visível da Avaliação Externa das Escolas (AEE) conduzida pela
Inspeção Geral da Educação e Ciência, a Autoavaliação das escolas foi despoletada
essencialmente após as primeiras inspeções. No primeiro ciclo de AEE, o domínio da capacidade
de autorregulação e melhoria da escola, foi o que apresentou as prestações mais baixas na
maioria das escolas. De então para cá as escolas tiveram um longo caminho a percorrer sendo-
lhe reconhecido mérito na construção da identidade do agrupamento, na edificação de objetivos
e metas e na definição de projetos, espaços e recursos comuns aos agrupamentos. A sua
reconhecida importância tornou-a alvo de vários estudos que pretendiam esclarecer como é
que as escolas se organizaram para iniciarem os processos de autoavaliação, quem foram os
envolvidos, que objetivos preconizaram, que dados foram considerados pertinentes recolher e
analisar, que produtos daí resultaram, quais as principais dificuldades encontradas ao longo do
seu processo e que efeitos se observaram.

Mas será que todo este processo foi construído paralelamente à AEE ou sobre ela?

Uma análise qualitativa a 57 estudos científicos publicados nos Repositórios Científicos de


Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) e conduzidos entre 2006 e 2020 infere que as equipas de
autoavaliação criadas, tendem a traçar um diagnóstico da organização, analisando os pontos
fortes e áreas a melhorar apontadas pela AEE, recolhendo dados de forma sistemática e
posteriormente fazendo chegar os resultados a todos os interessados, quer sejam stakeholders
quer sejam a própria equipa da inspeção. A falta de apoio e orientação sentida é colmatada com
recurso a modelos externos como os modelos CAF, PAR ou Observatórios universitários, que
trouxeram às equipas a segurança e procedimentos que reforçaram as práticas autoavaliativas.

Palavras-chave: Autoavaliação de escolas, Avaliação externa de escolas, Inspeção Geral de


Educação e Ciência

SESSÃO 3.2 | SESSION 3.2 – 89, 101, 180, 207

123
[ID 89]

Análises de teses e dissertações produzidas entre 2006 e 2014 no Brasil sobre educação e
formação em Economia Solidária

Maria Clara B. Fischer | Universidade Federal do Rio Grande do Sul |


mariaclara180211@gmail.com

Tainara F. Machado | Universidade do Porto | machadoftai@gmail.com

Resumo

Este trabalho apresenta resultados de um estudo do tipo estado de conhecimento de produção


científica sobre educação/formação em Economia Solidária (ES). Foram analisadas 7 teses e 14
dissertações defendidas entre 2006 e 2014, no Brasil e uma tese defendida em Portugal
(pesquisa de campo realizada no Brasil). Realizou-se a caracterização dessas produções
científicas considerando autor, título, ano de produção, universidade de origem, programa de
pósgraduação, linha e/ou grupo de pesquisa, o objeto de pesquisa e a abordagem teórico
metodológica (considerando o paradigma, os principais conceitos e autores utilizados e a
metodologia). Cinco desses trabalhos, que investigaram atividades de formação estruturadas,
foram analisados em profundidade considerando a atividade/curso, os objetivos, a abordagem,
a metodologia, presença e/ou tratamento dos saberes dos sujeitos, conteúdo, quem realiza,
quem financia e, a relação com o movimento ou a política nacional da ES. Utilizou-se como
metodologia procedimentos de construção de estado da arte indicados por Ferreira (2002),
Romanowski e Ens (2006) e Romanowski (2001). As produções, em sua maioria, são do ano de
2012 e com maior concentração na região Sudeste do Brasil. Predominam abordagens teórico
metodológicas numa perspectiva crítica. Os autores mais citados são: Luiz Inácio Gaiger, Paul
Singer, Cláudio Nascimento e Lia Tiriba. As metodologias de pesquisa utilizadas combinam
pesquisa de campo e revisão bibliográfica e, na coleta de dados é recorrente a realização de
entrevistas, observação participante e diário de campo. Cinco pesquisas sobre atividades de
formação estruturadas investigaram 8 incubadoras universitárias, um Centro de Formação em
ES, um programa privado (SENAC) com curso gratuito, 2 cooperativas (uma de formação e outra
de produção) e uma associação nacional para ensino/assessoria de empreendimentos. As
atividades de formação variam desde assessoria jurídica à formação econômico-política da ES,
sendo que, em alguns casos, há a presença dos saberes dos sujeitos nos conteúdos e na

124
abordagem das mesmas. Os estudos indicam que, em geral, proporcionam uma formação que
combina conhecimentos técnicos, científicos e/ou sociais/culturais emancipatórios. Os
trabalhos, em sua maioria, baseiam-se, fundamentalmente, na perspectiva histórico-crítica.
Como vocábulos em evidência de frequência, encontrou-se: economia solidária, formação,
trabalho, autogestão, educação, educação popular, saber e emancipação.

Palavras-chave: Economia solidária, Trabalho e educação, Emancipação

[ID 101]

A educação para a cidadania ambiental no 1.º CEB: Design de um modelo pedagógico.

Teresa Monte | Instituto de Educação da Universidade de Lisboa | teresamonte@edu.ulisboa.pt

Pedro Reis | Instituto de Educação da Universidade de Lisboa | preis@ie.ulisboa.pt

Resumo

As mudanças climáticas e a redução dos recursos naturais, entre outros problemas ambientais,
colocaram o tema do Desenvolvimento Sustentável na Agenda Mundial como prioridade,
aumentando os esforços globais no desenvolvimento de diversas estratégias para alcançá-lo. A
Cidadania Ambiental surge como uma forma complementar de promover o desenvolvimento
sustentável e, de acordo com algumas estratégias económicas e políticas em todo o mundo, a
Educação para a Cidadania Ambiental é considerada essencial e deve ser promovida desde a
infância, para a formação de cidadãos ambientais conscientes, informados e participativos.

Existem várias abordagens pedagógicas com potencial para envolver os alunos em atividades
ambientais, mas não há um modelo pedagógico específico para o 1.ºCEB. Com esta investigação
pretende-se: Desenvolver um modelo pedagógico de Educação para a Cidadania Ambiental no
1.ºCEB; Estabelecer as caraterísticas principais de uma abordagem pedagógica de Educação para
a Cidadania Ambiental no 1.ºCEB; Identificar fatores que promovam ou dificultem a Cidadania
Ambiental nos alunos do 1.ºCEB; Conhecer as perceções dos alunos do 1.ºCEB relativamente à
sua participação ativa no desenvolvimento sustentável global; e Avaliar o impacto do Modelo
Pedagógico desenvolvido nas competências científicas, sociais e de ativismo dos alunos do
1.ºCEB.

125
Este estudo segue uma metodologia de Investigação Baseada em Design (IBD), com três
iterações que permitem desenhar, desenvolver, avaliar e rever um protótipo do modelo
pedagógico, para o 1.ºCEB, sempre que necessário e em contexto real. A Iteração 1 que será
descrita nesta comunicação, baseia-se na revisão da literatura sobre Cidadania Ambiental, tendo
em vista o desenvolvimento de um protótipo. A iteração 2 consiste na avaliação do protótipo
por especialistas e no seu aprimoramento. A iteração 3 traduz-se na implementação e avaliação
do protótipo em contexto escolar, tendo em vista a elaboração do Modelo Pedagógico final.

De acordo com o protótipo do Modelo Pedagógico de Educação para a Cidadania Ambiental no


1.ºCEB em Portugal, construído a partir da análise da literatura, as competências consideradas
importantes para a Cidadania Ambiental e que podem ser desenvolvidas nos alunos do 1.ºCEB
são: consciência e conhecimento ambiental, direitos ambientais, deveres ambientais,
pensamento crítico, ética, respeito, responsabilidade e empoderamento. Para alcançar as
competências listadas anteriormente, algumas metodologias poderão ser combinadas numa
abordagem pedagógica global: aprendizagem colaborativa, aprendizagem baseada em
brincadeiras, aprendizagem de investigação crítica, orientada para a comunidade
aprendizagem, aprendizagem contemplativa, aprendizagem outdoor, aprendizagem através
soluções baseadas na natureza e aprendizagem socioemocional. Este protótipo recorre a sete
etapas para estruturar as atividades propostas: explorar o meio; questionar problemas;
pesquisar conteúdo; explicar fatos e estruturar ideias; propor soluções; elaborar e comunicar
ações; refletir e avaliar. Atualmente, o protótipo continua a ser objeto de avaliação e
aprimoramento através de interações com especialistas em educação do 1.ºCEB, especialistas
em educação ambiental, autarquias e ONGAs.

Palavras-chave: Educação para a Cidadania Ambiental, 1.ºCEB, Modelo Pedagógico

[ID 180]

126
Academia de Comércio Epitácio Pessoa e Escola Secundária de Avelar Brotero: Dinâmicas
sociais e pedagógicas em tempos de mudanças.

José Jassuipe da Silva Morais | Universidade Federal da Paraíba |


jose.jassuipe@academico.ufpb.br

Iris Monteiro | Universidade Federal da Paraíba | iris.barbosa@academico.ufpb.br

Raquell Nunes | Universidade Federal da Paraíba | rdsn2@academico.ufpb.br

Gilmara Nóbrega | Universidade Federal da Paraíba | gilmara.nobrega@academico.ufpb.br

Rooney Pinto | Universidade de Coimbra | rooneypinto@gmail.com

Resumo

As práticas pedagógicas no âmbito do ensino técnico-profissional transitaram entre a


necessidade do cumprimento dos programas de ensino relativos aos níveis de formação e as
necessidades de uma formação voltada para o trabalho seu tempo e contexto. Invenções como
a máquina de escrever, provocaram mudanças no mundo laboral que refletiram nas dinâmicas
pedagógicas das escolas técnicas-comerciais. Na segunda metade do século XIX, o avanço da
industrialização e do mercado corporativo no Ocidente impulsionou uma educação voltada para
o trabalho. Neste sentido, foi criada na cidade de João Pessoa-PB/Brasil em 1822, a Academia
de Comércio Epitácio Pessoa (ACEP). No caso português, a elevação para escola industrial
(1889), da hoje Escola Secundária de Avelar Brotero (ESAB), atendeu à demanda da formação
para o trabalho na cidade de Coimbra (Morais, Albuquerque e Ferreira, 2020). Como parte de
um projeto em desenvolvimento no âmbito da circulação e ideias Brasil-Portugal, este estudo
tem por objetivo detetar as proximidades e distanciamentos nas dinâmicas sociais e pedagógicas
em ambas as escolas em seus tempos de mudanças. Neste sentido, adotou-se uma abordagem
qualitativa com objetivos exploratório-descritivos e procedimento documental e bibliográfico
com recurso à análise de conteúdo. Os resultados preliminares permitiram cartografar os
aspetos socioeconómicos nos quais inserem-se ambas as escolas e sua influência no contexto
local de formação para o trabalho. Verificou-se ainda publicações na imprensa relacionadas às
escolas, seus professores e alunos, indicando em certa medida, que as dinâmicas sociais da
escola recebiam alguma atenção (consoante seu tempo e contextos). Embora do ponto de vista
de suas origens, a ACEP e ESAB tenham características distintas, o plano didático-pedagógico de
ambas reflete seus contextos nacionais da. Ambas surgem num cenário de abertura de escolas

127
comerciais e industriais, onde a formação técnica-profissional torna-se segue uma linha
desenvolvimentista e progressista. Seus programas de ensino se assemelham em muitos
aspetos do ponto de vista didático-pedagógico, mas as escolas diferem quanto aos seus cursos
e também quanto à sua longevidade. Podemos concluir que os panoramas de mudanças
nacionais no Brasil e em Portugal constituiu cenários distintos para ambas as escolas, refletindo
em no ajustamento de seus cursos, ainda assim pode-se afirmar que há mais proximidades que
distanciamentos em suas dinâmicas sociais e pedagógicas.

Palavras-chave: Ensino técnico, Ensino industrial, Educação profissional, Trabalho, Educação

[ID 207]

Dança como modo de endereçamento na Escola Trans-Forma: a produção de corpos fluidos


no governo de estudantes

Anna Vitória Alves | Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) | annavfa@gmail.com

Marlucy Paraíso | Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) | marlucyparaiso@gmail.com

Resumo

Este trabalho traz resultados de uma pesquisa que objetivou investigar o funcionamento de um
currículo com Dança em uma escola – que chamamos de Trans-Forma – da rede privada de Belo
Horizonte (MG/Brasil), que tem a Dança como um componente curricular em sua organização
pedagógica. Tendo como referência a perspectiva pós-crítica do campo curricular e adotando
como instrumentos metodológicos a observação participante; entrevistas semiestruturadas e
diários de narrativas – “numa bricolagem” entre técnicas de Etnografia Educacional e Pesquisa
Narrativa –, o trabalho analisou o investimento tático empreendido nos corpos dos/as
estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental da Escola Trans-Forma, por meio de
estratégias, técnicas e práticas de saber-poder operacionalizadas no currículo com Dança para
produzir “corpos fluidos” – como sujeitos de um determinado tipo – e governar suas condutas
(FOUCAULT, 1993; 1995). Neste investimento, a estratégia da Experimentação; as técnicas de
Estudos do movimento – como técnica de dominação – e de Criação – como técnica de si –,
aliadas às práticas de Movimentações cotidianas e Apreciação verificadas no currículo
investigado, ao serem postas em funcionamento de forma conjunta, fabricam a fluidez desejada.

128
Assim, a Dança funciona como um dos modos de endereçamento (ELLSWORTH, 2011) acionados
pela escola investigada para atrair o público para o qual se destina: aquele público para o qual
o pensamento pedagógico e abordagens metodológicas da instituição façam sentido. Os
resultados da investigação que subsidia este trabalho mostram que a produção de “corpos
fluidos” – que apresentam a fluidez como um modo de constituir-se – é uma das posições de
sujeito (FOUCAULT, 2005) disponibilizadas pelo sistema de funcionamento do currículo com
Dança da Escola Trans-Forma e que as estratégias, técnicas e práticas acionadas, imbricadas em
relações de saber-poder, fazem aparecer no currículo investigado a vergonha; os
estranhamentos; o autocuidado; o desestabilizar de normalizações e os deslocamentos no
pensamento, fazendo-o dançar. A fluidez produzida nas subjetividades dos/as estudantes
também funcionou como possibilidade de resistência às ações pedagógicas exercidas em seus
corpos, já que entre os “corpos fluidos” que a Escola Trans-Forma quer/pensa que seus/suas
estudantes são ou deveriam ser e as formas como os/as estudantes realmente usam a Dança –
como um dos endereçamentos desse currículo – para se constituírem, não há garantias.

Palavras-chave: Dança, Corpos fluidos, Governo

SESSÃO 3.3 | SESSION 3.3 – 120, 142, 176, 211

[ID 120]

Avaliação institucional e globalização. Uma discussão sobre a melhoria da qualidade da escola


num cenário de políticas de accountability

Ila Beatriz Maia | Universidade do Minho/Instituto de Educação | ib.maia@hotmail.com

José Augusto Pacheco | Universidade do Minho/Instituto de Educação | jpacheco@ie.uminho.pt

Resumo

Diante de um cenário marcado por crises em diversos setores da sociedade, com relevo para a
pandemia de Covid-19, que causou mudanças e transformações no campo educativo (Pacheco,

129
2020), as políticas e as práticas educativas assumem um papel de destaque na promoção da
coesão social. No contexto da globalização, marcado pelo neoliberalismo no campo económico,
a linguagem de accountability é legitimada através da valorização dos resultados numéricos.
Nesse sentido, as políticas educativas são pautadas pela competitividade económica (Ball, 2004)
e por uma cultura de avaliação centrada na prestação de contas e na responsabilização. Assim,
são adotados mecanismos de avaliação institucional e avaliação em larga escala com o intuito
de avaliar escolas, professores e gestores, a partir dos resultados escolares dos alunos. Contudo,
a avaliação institucional também é capaz de promover a melhoria da qualidade da escola e dos
processos de ensino-aprendizagem. Neste trabalho, a avaliação institucional é discutida através
da sua natureza transdisciplinar (Pacheco, Morgado & Sousa, 2020), bem como de impactos e
efeitos que produz nos sistemas educativos, com foco para as realidades portuguesa e brasileira,
no mundo globalizado. A partir de uma metodologia qualitativa (Bogdan & Biklen, 1994), com
recurso à análise documental, a discussão centra-se na seguinte questão de investigação: De
que modo é que a avaliação institucional se pode configurar em um instrumento capaz de
promover a melhoria da qualidade da escola num cenário de políticas de accountability?

Palavras-chave: Avaliação Institucional, Globalização, Políticas de accountability

[ID 142]

Liderança escolar: perspetivas dos diretores sobre o trabalho docente

Maria Assunção Flores | Centro de Investigação em Estudos da Criança da Universidade do


Minho | aflores@ie.uminho.pt

Fernando Ilídio Ferreira | Centro de Investigação em Estudos da Criança da Universidade do


Minho | filidio@ie.uminho.pt

Eva Lopes Fernandes | Centro de Investigação em Estudos da Criança da Universidade do Minho


| evalopesfernandes@ie.uminho.pt

Luís Costa | Centro de Investigação em Estudos da Criança da Universidade do Minho |


luiscg.costa2@gmail.com

Diana Pereira | Centro de Investigação em Estudos da Criança da Universidade do Minho |


dianapereira@ie.uminho.pt

130
Resumo

Nesta comunicação apresentam-se resultados de um projeto de investigação mais amplo


intitulado “Investigando os efeitos das lideranças escolares nos resultados dos alunos”,
financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (PTDC/CED-EDG/28570/2017), cujo
objetivo principal é analisar as práticas de liderança e o seu impacto no trabalho dos professores
e nos resultados escolares dos alunos. Os dados foram recolhidos através de um inquérito por
questionário a nível nacional (n=379) e através de entrevistas semiestruturadas (n=25). Os
diretores manifestam uma visão global positiva em relação às condições de trabalho dos
professores, nomeadamente quanto à existência de recursos pedagógicos adequados, à
autonomia para tomar decisões no contexto da sala de aula e ao volume de trabalho,
considerando que as responsabilidades cometidas aos professores no tempo não-letivo não são
excessivas e que as tarefas administrativas que os professores têm de realizar no
agrupamento/escola não agrupada são necessárias. Quanto aos fatores que contribuem para o
desempenho académico dos alunos, os diretores inquiridos destacam a relação entre
professor/aluno, as estratégias de apoio a alunos com dificuldades, o bom ambiente existente
na escola, o sentido de profissionalismo e o trabalho colaborativo dos professores. Em
contrapartida, a comunicação entre as diferentes escolas do agrupamento, o apoio por parte da
equipa de liderança, as políticas educativas orientadas para a melhoria dos resultados, a
diversidade cultural dos alunos e o uso das TIC no contexto da sala de aula recolhem menos
consenso junto dos diretores. Estes e outros resultados são discutidos à luz do referencial
teórico que serviu de base ao projeto.

Palavras-chave: Diretores, Liderança, Trabalho docente

[ID 176]

Planejamento e gestão da educação básica: implicações para o direito à educação

Regina Tereza Cestari de Oliveira | Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) |


reginacestari@hotmail.com

131
Maria Fernanda Cestari de Oliveira Saad | Universidade Católica Dom Bosco |
mfcsaad@gmail.com

Resumo

O Brasil é um país federado e, desse modo, a responsabilidade pela oferta da educação, entre
outras responsabilidades estatais, encontra-se dividida entre as três esferas governamentais
que o compõem: União, unidades federadas (26 estados) e municípios (5.570), assim como
Brasília, capital federal. No âmbito do Plano Plurianual (PPA), instrumento de planejamento
governamental, uma exigência da Constituição Federal de 1988, o governo apresentou o Plano
de Desenvolvimento da Educação (PDE), como uma das agendas prioritárias. Em decorrência,
instituiu o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, pelo Decreto 6.094, de 24 de
abril de 2007, no segundo mandato do governo Luiz Inácio Lula da Silva (2007-2010), que
oficializou o PDE para a educação básica, no sentido de fortalecer o regime de colaboração. A
partir desse decreto, portanto, as transferências voluntárias da União foram condicionadas à
adesão ao Compromisso e ao cumprimento de suas diretrizes, assim como à exigência de
elaboração do Plano de Ações Articuladas (PAR), pelos estados e municípios, para recebimento
de assistência técnica e financeira do Ministério da Educação (MEC). Diante do exposto, esta
proposta apresenta resultados de pesquisa que tem como objetivo analisar o processo de
materialização das ações do PAR nas redes de ensino e sua articulação com os Planos Municipais
de Educação 2015-2025. A investigação focaliza dois municípios localizados no estado de Mato
Grosso do Sul, região Centro-Oeste do país, Campo Grande e Dourados, com maior número de
habitantes, situados em diferentes áreas do estado (IBGE, 2010) e que têm população indígena.
Os procedimentos metodológicos compreendem: análise bibliográfica, documental, mediante
consulta em fontes oficiais impressas e via on-line, especialmente o PAR e os relatórios dos
planos municipais de educação; levantamento de dados estatísticos da base de dados do
INEP/MEC, organização e análise dos dados. Conclui-se que, apesar da importância da União de
prestar assistência técnica e financeira aos demais entes federados, de maneira especial aos
municípios para a oferta da educação básica, há necessidade de maior integração entre as
políticas sociais, observando-se, principalmente, a materialização das metas do Plano Nacional
de Educação 2014-2024 (BRASIL, 2014), de modo a garantir o direito à educação a todos os
brasileiros.

Palavras-chave: Política educacional, Educação básica, Planos de educação

132
[ID 211]

Gestão escolar democrática e metodologias ativas: alternativa face aos desafios


contemporâneos

Deuzimar Serra | UEMA | deusa_dkg@yahoo.com.br

Maria Goretti | UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO -UEMA |


goretticavalcante2008@yahoo.com.br

Francisco Araújo | UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO |


romario_araujo855@hotmail.com

Resumo

O texto apresenta reflexões sobre a Gestão escolar democrática e metodologias ativas, como
alternativa face aos desafios contemporâneos de escolas do município de Codó-MA. Demarca o
contexto da gestão escolar municipal e as expectativas de métodos ativos para o enfrentamento
de desafios contemporâneos, quais sejam os impactos causados pela pandemia do COVID 19.
Utiliza metodologia de análise de referenciais teóricos, tais como, Andrade (2010), Bardin
(2011), Camargo e Daros (2018), Lakatos e Marconi (2019), Minayo (2019), Gil (2017), Imbernón
(2008) e Scriptori (2004) Pandini (2016), Rojo (2013) e Almeida (2010), para observar aspectos
relativos à gestão democrática e a sua aproximação com os processos de organização didático-
pedagógicos inovadores. Na perspectiva do problema gerador: a gestão escolar municipal de
Codó conhece as metodologias ativas para inovação na melhoria do processo ensino e
aprendizagem? Em resposta a essa problemática, objetivo geral está em analisar se os gestores
utilizam as metodologias ativas para melhoria do processo ensino e aprendizagem em tempos
difíceis. A investigação de abordagem qualitativa e quantitativa teve como base, a pesquisa
bibliográfica, de campo e descritiva, tendo como instrumento, um questionário criado no Google
no App Google Drive, o Google Docs.

Palavras-chave: Gestão Escolar, Gestão Democrática, Metodologias ativas

133
SESSÃO 3.4 | SESSION 3.4 – 159, 175, 192, 203

[ID 159]

Policies implemented in Mexico for the inclusion of Information and Communication


Technologies in education

Héctor Granados | Instituto Politécnico Nacional | hmanzanilla@ipn.mx

Zaira Cazales | Universidad Nacional Autónoma de México | znavarrete@filos.unam.mx

Lorena Pérez | Universidad Nacional Autónoma de México | lorenaocana@filos.unam.mx

Resumo

The objective of this paper is to present an analytical review of the educational policies that have
been proposed over the years of this century to address the inclusion of Information and
Communication Technologies (ICT) in the educational field, and at the same time to analyze the
way in which these policies have been adapted to the current emergency context, in order to
continue with the distance learning processes, in which the educational needs of millions of
students have been met. A qualitative epistemic approach was used, while a desk research was
carried out involving a bibliohemerographic, documentary and mesographic search.

It was found that, in Mexico, the public policies that have prevailed around Information and
Communication Technologies are related to the vision of technologies as an input for economic
and social development, proposing a necessary massification of these, favoring aspects for the
formation and transformation of school practices. Thus, the Mercosur Human Development
Report "Innovate to include" pointed out the importance of access to ICTs as a key to human
development, making available various means to improve living conditions by contributing to
the enhancement of people's capabilities.

ICTs have represented a window to innovate teaching processes and strategies, showing
themselves as a way to modify the roles of teachers and students. For this reason, their
integration into educational projects is essential to achieve democratic forms of inclusion, equity
and educational quality that meet the proposals of the international agenda.

It is concluded that the current context has shown the need for reforming educational policies,
emphasizing the creation of strategies to meet the educational needs in different contexts,

134
guaranteeing access to education and reducing the digital divide. Thus, Mexican educational
policies should integrate aspects related first to connectivity, inclusion and affordability of
technological infrastructure and, in addition, ensure aspects that certify its integration into the
school curriculum, seeing technology as an opportunity to strengthen training processes that
fall on the constitution of higher digital skills in students, necessary to integrate into knowledge
societies.

Undoubtedly, the Covid-19 pandemic has exposed the shortcomings and challenges with which
we continue to operate in the field of ICT, although governments have had a rapid response to
such a contingency, it is still necessary to design appropriate strategies to reduce improvisation
and work with the support of online resources, computers, television, radio and printed
materials to improve distance learning and thus generate proposals to maximize the
opportunities offered by ICT for access and educational development.

Palavras-chave: Educational policies, ICT, Higher education, Connectivity, Digital divide

[ID 175]

A extensão como espaço tempo formativo: circularidades na escola e os desafios em meio à


pandemia da COVID-19

Maira Freitas | Universidade do Estado do Rio de Janeiro | freitasmaira@yahoo.com.br

Perseu Silva | Universidade do Estado do Rio de Janeiro/ Colégio Pedro II |


perseusilva@gmail.com

Luis Borges | Universidade do Estado do Rio de Janeiro | borgesluispaulo@yahoo.com.br

Thamara Figueiredo | Colégio Pedro II | tsfigueiredo.rj@gmail.com

Priscilla Figueiredo | Universidade do Estado do Rio de Janeiro |


profpriscillafigueiredo@gmail.com

Resumo

A prática extensionista universitária brasileira enfrenta desafios devido, entre diversas questões,
à falta de investimento na educação pública. Com o avanço da COVID-19, que tomou proporções

135
mundiais, os desafios tornaram-se ainda maiores, fazendo com que projetos de extensão de
todo Brasil tivessem que se reinventar a fim de continuar suas atividades. O presente trabalho
parte das reflexões-ações-reflexões realizadas pelos integrantes do Projeto de Extensão
Circularidades na escola nos anos de 2020 e 2021, marcados pela pandemia da COVID-19. Tal
contexto problemático nos surpreendeu, em muitos sentidos, colocando em xeque concepções
de educação, escola, docência, currículo e didática, tão presentes e/ou cristalizadas em nossos
discursos pedagógicos. O conceito de circularidades é entendido como um valor afro-brasileiro,
abarcando idas e vindas, horizontalidade, dinamismo e movimento (Trindade, 2005). Sendo
assim, o projeto “Circularidades na escola pública: significando culturas no cotidiano escolar”,
vinculado ao Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro (CAp-UERJ), com parcerias interinstitucionais com o Colégio Pedro II (CPII) e a
Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SME-RJ), se coloca como importante
instrumento de formação docente, que busca (re)pensar a escola na - e com a – escola. A partir
da produção de saberes criados pelos diversos sujeitos atuantes nesses espaços-tempos gera-
se uma aproximação, de forma dialógica, das problemáticas sociais e os conceitos oriundos da
universidade, criando uma circularidade político-epistêmica-educativa. Diante do isolamento
social trazido pela pandemia, as discussões que já ocorriam de forma presencial, precisaram ser
modificadas e transferidas para o modelo virtual, mais especificamente, as redes sociais. À guisa
de conclusão, podemos afirmar que a presença atuante do projeto de extensão nas redes
sociais, entendendo que as mídias se tornaram canais fundamentais para que o projeto seguisse
com seu trabalho em contexto pandêmico, corroborou a ideia de uma escola que passa a ser
compreendida como produtora e afirmadora de individualidades históricas e culturais, dando
visibilidade a singularidades características do processo ensino aprendizagem destacando a
extensão como uma potência nos processos formativos docentes.

Palavras-chave: Extensão Universitária, Formação de Professores, Pandemia de COVID-19

[ID 192]

Reflexões sobre o papel do gestor para a cultura de inovação e pertencimento nas escolas
municipais de Taquara/RS/Brasil

Maria Reszka | Faculdades Integradas de Taquara | reszka@faccat.br

Maria Reschke | Faculdades Integradas de Taquara | mariareschke@faccat.br

Rozimeri Ranzolin | Faculdades Integradas de Taquara | rozimeriranzolin@faccat.br

136
Marlene Ressler | Faculdades Integradas de Taquara | marlene@faccat.br

Aline Alves | Faculdades Integradas de Taquara | alinealves@faccat.br

Aneli Paaz | Faculdades Integradas de Taquara | anelipaaz@faccat.br

Resumo

Estar em constante reflexão é fator decisivo para se obter a inovação. Somos perpassados com
a preocupação da formação inicial, contínua e continuada de professores, para que esses
possam atuar em todos os níveis da educação, e sabemos que é de responsabilidade do próprio
educador, da comunidade escolar, das políticas públicas e do papel do gestor a busca pelo
ensino de qualidade com responsabilidade e com uma pedagogia diferenciada para os dias
atuais. Para isto, faz-se necessário que o professor gestor seja capacitado constantemente, pois
é na capacitação que existe a possibilidade de uma reflexão e análise do seu papel. Esse trabalho
que conta com a parceria da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes de
Taquara/RS/Brasil, tem como objetivo oportunizar aos gestores o espaço de formação que
propicie o ressignificar do fazer, ser, conhecer e conviver na gestão escolar, buscando nas
linguagens integrativas um novo olhar por meio de uma visão participativa, integrada e
democrática, que inclui a discussão de temas reais, como os documentos norteadores do
município, as tecnologias educacionais, os princípios da gestão escolar, as atribuições dos
colaboradores, seus papéis e habilidades, a liderança e a ética, a resolução de conflitos, a
legislação e o direito educacional, a avaliação institucional e os indicadores de qualidade, que
vão ao encontro dos conteúdos e teorias, por meio de práticas e vivências para uma discussão
pedagógica que está sendo desenvolvida, por meio do Google meet, durante os meses de agosto
a novembro de 2021, junto ao grupo de 60 gestores destas escolas, sendo uma pesquisa
qualitativa de cunho exploratório. Como resultados parciais apontamos que mostra-se possível
promover o otimismo crítico, ativo e transformador; que o gestor, com a sua experiência prática,
é o ponto de partida para se fazer uma discussão a nível de formação, pois não há possibilidade
de excluir um conhecimento que está alicerçado nas suas vivências escolares; e o quanto é
notório a necessidade de rompermos paradigmas para inovarmos na educação.

Palavras-chave: gestão escolar, inovação, formação de professores

137
[ID 203]

Programa alfabetizar com sucesso (pas): limites/contribuições do eixo pedagógico para o


ensino da alfabetização, sob a perspectiva das professoras alfabetizadoras

Risocleide Silva | Universidade Federal de Pernambuco | risocleideasilva@gmail.com

Resumo

O acesso à escola só se tornou direito no Brasil nas duas primeiras décadas do século XX, mesmo
assim, até o final dos anos de 1990 as taxas de pessoas analfabetas no país eram alarmantes.
Esta situação fez com que a partir dos anos 2000 fossem criados vários programas que
objetivavam mudar esse cenário. Um desses, foi o Programa Alfabetizar com Sucesso (PAS)
implementado em 2003 no Estado de Pernambuco-BR, visando à melhoria da alfabetização. O
PAS possui três eixos de atuação: o político, o gerenciamento de dados e o pedagógico. É a esse
último que nos deteremos nesse estudo. Assim, utilizando as principais discussões sobre
Alfabetização e Saberes/fazeres docentes, apresentamos o seguinte questionamento: quais as
contribuições e os limites do eixo pedagógico do Programa Alfabetizar com Sucesso para o
ensino da alfabetização, sob a perspectiva das professoras alfabetizadoras? Neste sentido, o
nosso objetivo geral consiste em compreender, sob a perspectiva das professoras
alfabetizadoras, as contribuições e os limites do eixo pedagógico do Programa Alfabetizar com
Sucesso para o ensino da alfabetização. Para tanto, utilizamos como procedimento
metodológico o questionário eletrônico, que foi respondido por cinco professoras
alfabetizadoras que já trabalharam com o PAS. Os dados foram tratados a partir da análise
temática de conteúdo e revelaram entre outros elementos, que a principal contribuição do
Programa para as professoras participantes desse estudo foi referente ao “Planejamento das
aulas”. Em contrapartida, o principal limite citado foi a proposta de “Reprovação apenas ao final
de cada ciclo (3º e 5º ano)”. Na contemporaneidade, os programas voltados para a alfabetização
estão cada vez mais em alta no cenário brasileiro, assim, deixamos algumas questões
provenientes do estudo sobre o Programa Alfabetizar com Sucesso: em que medida as
professoras alfabetizadoras são ouvidas pelos implementadores de programas voltadas para a
alfabetização? A que ponto as opiniões e posicionamentos dessas docentes são levados em
consideração? É possível construirmos uma educação de qualidade sem levar em conta o que
pensam e fazem as profissionais que estão no chão da escola, cotidianamente?

138
Palavras-chave: Alfabetização, Programa Alfabetizar com Sucesso, Professoras alfabetizadoras

SESSÃO 3.5 | SESSION 3.5 – 75, 77, 185, 187

[ID 75]

Accountability na educação básica: indicações de organizações multilaterais para a América


Latina

Marilda Schneider | Universidade do Oeste de Santa Catarina |


marilda.schneider@unoesc.edu.br

Camila Rostirola | Universidade do Oeste de Santa Catarina | camila.rostirola@unoesc.edu.br

Resumo

A presente proposta versa sobre modelos de accountability na educação básica, em países da


América Latina. Tem por objetivo analisar documentos produzidos por organismos multilaterais,
buscando evidenciar estratégias político-ideológicas forjadas por esses organismos para a
produção de uma convergência transnacional sobre o que é como deve ser organizado um
sistema de accountability na educação latino-americana. Trata-se de um estudo qualitativo, de
natureza descritiva, que tem por finalidade fornecer material para uma investigação mais
aprofundada, de envergadura e abrangência internacional, cujo objetivo é a realização de
estudos comparativos entre países da América Latina sobre a implementação de políticas de
accountability e os seus usos na educação básica. Os organismos multilaterais são entidades
criadas pelas principais nações do mundo e respectivos blocos econômicos, inseridos na
conjuntura das relações internacionais, na lógica da interlocução e do desenvolvimento global e
local, com foco nas múltiplas áreas da atividade humana. Com base em levantamento de dados
e análise da literatura, o estudo recai sobre documentos produzidos e disseminados na América
Latina, por organismos multilaterais, cuja ascendência no exercício de uma hegemonia
discursiva sobre a definição e formulação de políticas públicas e sociais, no campo educacional,
ocorre, sobretudo, em decorrência das operações financeiras e de assistência técnica ofertadas
a esses países, situados na periferia do sistema capitalista. Nessa direção, o levantamento de
documentos recai sobre quatro organismos multilaterais, a saber: Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco); Organização para a Cooperação

139
Econômica e Desenvolvimento; Grupo Banco Mundial; e Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID). Enquanto entidades de abrangência supranacional, esses organismos
têm priorizado a realização de diagnósticos e diretrizes orientadores de reformas
implementadas por meio de uma pedagogia que tem o capital como determinante. As ações são
algumas vezes coordenadas e têm como contrapartida, além do pagamento de juros sobre o
crédito liberado, a implementação de medidas de ajuste estrutural, operada por meio de
acordos de cooperação entre os países-membros e a adoção conjunta de aspectos
normatizadores de comportamento e desenvolvimento comercial, cultural, educacional, entre
outros.

Palavras-chave: Accountability educacional, Organismos Multilaterais, América Latina

[ID 77]

Políticas de regulação por resultados e o governo democrático da educação básica no Brasil

Elton Nardi | Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc) | elton.nardi@unoesc.edu.br

Resumo

No Brasil, a introdução de medidas de accountability na educação básica vem ocorrendo por


meio de políticas que concebem a escola como lócus da produção de resultados e que têm na
avaliação de desempenho dos estudantes seu principal instrumento. Em face da ascensão dessa
fórmula, completada com a associação de consequências decorrentes dos resultados obtidos
pelas escolas e redes de ensino, tanto o estudo de sua influência na determinação de opções e
práticas de gestão dos sistemas educativos quanto a análise de sua repercussão na
materialização da gestão democrática da educação pública constituem medidas fundamentais.
Assim, o presente trabalho tem por objetivo analisar, em um contexto de crescente implantação
de medidas de accountability na educação básica, identificadas com políticas de regulação por
resultados, possíveis reconfigurações de arranjos institucionais destinados à democratização do
governo da educação básica em redes escolares municipais. O campo empírico da investigação
compreendeu um conjunto de cinco capitais brasileiras, precisamente uma de cada região
geográfica do país. A concentração na esfera municipal visou, por um lado, considerar a
circunstância do seu envolvimento em uma malha de políticas de regulação por resultados; e,

140
por outro, a sua projeção mais recente à posição de ente federativo, com incumbência de
organizar seu sistema de ensino e de regulamentar a gestão democrática do ensino público. Os
procedimentos metodológicos compreenderam exame documental (legislação municipal,
normatizações e documentos técnicos, assim como notícias e informes), com vistas a acessar
diretrizes e condições correspondentes ao governo democrático da educação pública e a
explicitar bases referenciais de medidas de accountability na educação básica (avaliação,
prestação de contas e responsabilização). Embora a maior parte das reconfigurações de arranjos
institucionais não represente comprometimento direto das condições que visam à participação
e ao controle social, com apenas uma menor parte das movimentações sendo sugestivamente
detrimentosas a essas condições, conclui que, diante de quadros político-institucionais que
notadamente sobrelevam medidas identificadas com a regulação por resultados, referenciais e
mecanismos convencionais à gestão democrática da educação pública no país tendem ao
ofuscamento das suas prioridades na agenda educativa, com consequente escasseamento do
seu caráter político.

Palavras-chave: Educação básica pública, Regulação por resultados, Gestão democrática

[ID 185]

La inclusión gerenciada en escuelas emplazadas en contexto de pobreza urbana. Un estudio


en Ciudades-Barrios de Córdoba, Argentina.

Maria Bocchio | CONICET | mcbocchio@gmail.com

Resumo

El artículo se enmarca en una investigación que aborda la recepción y puesta en acto de políticas
orientadas a la inclusión socio-educativa en escuelas secundarias emplazadas en Ciudades-
Barrios de Córdoba Capital . Las Ciudades-Barrios constituyen un espacio clave ya que su
construcción responde a una política habitacional, impulsada en el año 2005, por el Gobierno
de la provincia de Córdoba, para erradicar asentamientos precarios. Por tanto, en este estudio
importa de modo especial el análisis, desde un enfoque socio-político, de las dinámicas y
tensiones de la inclusión social y educativa en estos emplazamientos urbanos, atendiendo a las

141
lógicas de acción (Barroso, 2006, Sarmento, 2000) que los sujetos construyen en el cotidiano
escolar para garantizar el derecho a la educación secundaria obligatoria (ESO) de los sectores
populares.

Se presentan dos ejes de análisis para pensar las transformaciones recientes en las políticas para
garantizar la ESO: 1. Políticas nacionales de inclusión socio-educativa y su desfinanciamiento y
2. Las reformas al régimen académico. Se parte de reconocer que en las escuelas circularon/an
políticas nacionales y provinciales orientadas a la promoción de la ESO. Lo que interesa analizar
es la regulación in situ de las políticas y los efectos en los docentes, directivos y alumnxs de los
vaivenes políticos de tales normativas, vaivenes que hacen a las condiciones de escolarización
en una escuela secundaria masificada.

La hipótesis que se plantea acerca del proceso que están transitando las políticas de ESO
propone que como consecuencia del desmantelamiento de las políticas de inclusión se está
promoviendo un viraje hacia políticas que priorizan las reformas en el régimen académico y
delegan en los equipos directivos y docente la responsabilidad sobre el gerenciamiento de la
inclusión social y educativa; así, la inclusión se transforma en inclusión gerenciada, esto es,
descansa en la capacidad de individuos e instituciones que se vuelven sujetos y objetos de
aquello que, se supone, debería garantizar el Estado.

Palavras-chave: Política educativa, Educación Secundaria Obligatoria, Inclusion Gerenciada

[ID 187]

Nova filantropia e redes políticas na regulação transnacional da educação

Sofia Viseu | IE-ULisboa | sviseu@ie.ulisboa.pt

Resumo

Esta comunicação toma a Network of Foundations Working for Development (netFWD), criada
em 2012 pela OCDE, como um exemplo da emergência de novas redes políticas na regulação
transnacional da educação. Apresentando os resultados preliminares de trabalho empírico em
curso, baseado na etnografia de redes e na análise de redes sociais, a comunicação foca-se no
papel intermediário da netFWD, considerando: a) a sua dimensão social, mapeando os seus
atores individuais e coletivos, para mostrar como a netFWD convoca e ativa uma rede
transnacional de filantropos, decisores políticos e especialistas da OCDE; b) a sua dimensão

142
cognitiva, para ilustrar o modo como nesta rede o conhecimento pericial sobre a nova filantropia
(mais orientado para a tecnologia, o empreendedorismo, a capacitação, os resultados e o
retorno social do investimento) é produzido e disseminado.

Palavras-chave: Redes políticas, Nova filantropia, Análise de redes sociais, Regulação da


educação, netFWD

SESSÃO 3.6 | SESSION 3.6 – 4, 60, 117, 133

[ID 4]

Educação em Prisões no Brasil: um estudo sobre a remição de pena pela leitura

Ana Godinho | Universidade Federal do Rio Grande do Sul | anaclaudia.godinho@gmail.com

Resumo

O sistema prisional brasileiro é constituído majoritariamente por homens pobres, negros com
baixa escolaridade. Diante desse perfil, a Lei de Execução Penal em vigência no país considera a
educação para este público uma parte da assistência educacional necessária à reintegração
social da pessoa privada de liberdade. Alterações legais e normativas recentes possibilitaram a
remição de pena através da participação em atividades educacionais, inclusive com a realização
de projetos de leitura. Desde então, cada unidade federativa do país criou um projeto ou mais
para remição de pena pela leitura. Este trabalho discute os resultados de um projeto de pesquisa
em fase de conclusão que buscou compreender os avanços, potencialidades educativas e os
limites da remição de pena pela leitura no que concerne à ampliação do direito à educação no
sistema prisional brasileiro. Para isso, realizou-se estudo bibliográfico com análise documental.
Os resultados indicaram: desigualdades regionais na oferta dos projetos de remição pela leitura;
o inexpressivo número de participantes diante do total de pessoas privadas de liberdade no país,
que hoje representa a 3ª maior população prisional do mundo; e a precariedade das condições
de implementação dos projetos na maioria dos estados, que não dispõem de recursos
financeiros para aquisição de livros nem para a gestão do trabalho, tampouco contam com
professores contratados para realização das atividades educativas. Nesse contexto, a principal
estratégia adotada para criação dos projetos é recorrer ao voluntariado para garantir
profissionais ou acadêmicos que trabalhem nos projetos, bem como a campanhas de doação

143
para a aquisição de livros. Conclui-se que a remição de pena pela leitura tem sérias limitações
para sua consolidação como política pública voltada à garantia do direito à educação, uma vez
que os sistemas prisionais da maior parte do país não disponibilizam condições materiais
mínimas para a sua realização.

Palavras-chave: Educação em Prisões, Educação em Jovens e Adultos, Remição de pena pela


leitura

[ID 60]

Formação Do Professor Para Ensinar Matemática - os registros em tempos de aulas remotas

Mercedes Carvalho | Universidade Federal de Alagoas | mercedes.projeto.cnpq@gmail.com

Resumo

Esse artigo trata da análise acerca das atividades assíncronas e síncronas registradas nos diários
de bordo dos alunos do curso de pedagogia da Universidade Federal de Alagoas – BR, na
disciplina Saberes e Metodologias do Ensino da Matemática I, durante o período de crise
sanitária em que as aulas foram ministradas de forma remota. Para tanto, a partir de estudo
exploratório com vistas a possibilitar melhor entendimento sobre este assunto e favorecer
novas investigações, foram selecionados seis diários de bordo, dois de cada turno - matutino,
vespertino e noturno - com base nos seguintes critérios: participação ativa durante as atividades
síncronas e cumprimento de todas as orientações para a realização das tarefas assíncronas. Para
fundamentar estas análises ancorado nos pressupostos de Birdin (2005), para a análise do
conteúdo dos registros e, nos estudos de Ponte (2005, 2017), Carvalho (2012), Passos (2012) e
Grando (2019), sobre a formação dos professores que ensinam matemática, depreendeu-se que
o ato de registrar, além de contribuir para o desenvolvimento da escrita e reflexão do futuro
docente, favoreceu sobremaneira a compreensão dos conteúdos matemáticos como o sistema
de numeração decimal, a resolução de problemas, os campos conceituais e a geometria.
Conjectura-se que o fato das tarefas assíncronas, para além de atender aos conteúdos
estudados nos encontros síncronos, também possibilitaram aos estudantes analisarem práticas
pedagógicas em vídeos disponibilizados no youtube e aplicativos disponíveis pela web. Essas
atividades conjugadas à necessidade de registrar suas análises podem ter potencializado

144
reflexões mais elaboradas, isso porque, não bastava escrever sobre o que acharam dos vídeos e
apps, mas também, sobre as relações com o ensino da matemática para a educação infantil e
anos iniciais, como também, os tipos de práticas que podem ser ensejadas para favorecer a
aprendizagem dos alunos. Desta forma, mesmo em uma época da alta tecnologia que deve fazer
parte do processo de ensino e aprendizagem, registrar seja em um caderno de papel ou em
caderno virtual, faz parte das nossas reflexões, afinal, parafraseando Warschauer (1993), ao
registrar deixamos marcas de um momento vivido, mesmo que virtualmente.

Palavras-chave: registro, conteúdo matemático, formação de professores

[ID 117]

Trabalho colaborativo: uma experiência desenvolvida no estágio pedagógico da formação de


professores

Christian Ferreira | ISEC, Universidade de São Tomé e Príncipe, São Tomé e Príncipe |
chrisferreirasc@gmail.com

Maria Rodrigues | Centro de Investigação em Educação Básica, Instituto Politécnico de


Bragança, Portugal | mrodrigues@ipb.pt

Cristina Martins | Centro de Investigação em Educação Básica, Instituto Politécnico de Bragança,


Portugal | mcesm@ipb.pt

Resumo

Do intercâmbio entre duas instituições de ensino superior, uma santomense e outra portuguesa
e através de uma bolsa de estudos, concedida pela Organização dos Estados Ibero-Americanos
(OEI) no âmbito do programa Paulo Freire, resultou o desenvolvimento do estágio pedagógico
do primeiro autor num curso de formação de professores em Portugal. O estágio e,
consequentemente, a investigação desenvolvida durante o mesmo assumiu o trabalho
colaborativo como uma estratégia basilar na sua prática letiva. Tendo presente as constantes
mudanças culturais e sociais existentes na sociedade torna-se necessário o desenvolvimento de
competências que ajudem os alunos a ser cidadãos ativos e integrados, sendo que a escolha do

145
tema atendeu a esta preocupação e à ênfase colocada nas aprendizagens dos alunos das duas
turmas envolvidas no estágio realizado. Assim, foi definida a seguinte questão de investigação:
quais os contributos do trabalho colaborativo no processo de ensino e aprendizagem dos
alunos? Nesta comunicação pretendemos sintetizar o trabalho desenvolvido, dando particular
relevância ao objetivo: compreender como se desenvolve o trabalho colaborativo em contexto
de sala de aula, no âmbito do desenvolvimento do estágio pedagógico. A observação foi a
técnica fundamental de recolha de dados e os instrumentos utilizados foram uma grelha de
observação e notas de campo efetuadas pelo professor estagiário e pelo seu par de estágio. Nas
experiências de ensino e aprendizagem (EEA) em que foi desenvolvido intencionalmente
trabalho colaborativo foi preenchida uma grelha, onde foi registado o desempenho de cada
aluno, de acordo com os parâmetros definidos. As notas de campo serviram para o relato escrito
feito sobre as EEA realizadas no âmbito das disciplinas lecionadas – matemática e ciências
naturais no 2.º ciclo do ensino básico.

Para a análise dos dados recorreu-se à análise de conteúdo, tendo para tal sido criadas duas
dimensões de análise: a capacidade de colaboração e a competências colaborativas, que foram
divididas em categorias e subdivididas em várias componentes de análise. Como resultados da
investigação realizada, destacam-se, de entre outros, uma atitude de colaboração por parte dos
alunos, que se traduziu num maior empenho, interesse e participação nas atividades realizadas,
estimulando a relações interpessoais e promovendo, desta forma, uma maior coesão nos grupos
de trabalho. Destaca-se também que, durante as EEA desenvolvidas, os grupos de trabalho
conseguiram realizar as tarefas que lhes foram propostas com eficácia e autonomia.

Palavras-chave: Trabalho colaborativo, Experiências de ensino-aprendizagem, Estágio


pedagógico

[ID 133]

As Competências do Século XXI e as Tecnologias na Formação Inicial de Professores: Scoping


Literature Review

Alexandra Loução | Instituto de Educação da Universidade de Lisboa - UIDEF |


mariaalexandraloucao@gmail.com

Ana Pedro | IEUL | aipedro@ie.ulisboa.pt

146
Resumo

O tema das competências do século XXI e da utilização das tecnologias na Formação Inicial de
Professores (FIP) têm sido foco de estudo há alguns anos, no entanto a investigação tem
mostrado que os programas de formação de professores ainda não proporcionam aos futuros
professores uma formação que lhes permita desenvolver ferramentas de trabalho, estratégias
e competências entendidas como essenciais à sua atividade profissional (Sointu, Kukkonen,
Mäkitalo-Siegl, Lambert, Kontkanen & Valtonen, 2017; Pedro & Matos, 2019).

O estudo que agora se apresenta é parte integrante de um trabalho de doutoramento mais vasto
que tem por objetivo analisar quais as perceções de stakeholders, docentes e estudantes do
contexto da Formação Inicial de Professores (FIP), acerca do desenvolvimento das competências
do século XXI, através de abordagens pedagógicas que recorram às tecnologias digitais.

Assim sendo, neste momento, iremos apenas centrar-nos na análise bibliográfica, tendo por
objetivo identificar as evidências encontradas na investigação realizada entre 2000 e 2020 sobre
o desenvolvimento de competências do séc. XXI e a integração das tecnologias digitais na FIP.

A Scoping Literature Review (SLR) foi a metodologia utilizada para a análise da bibliografia, por
forma a mapear as conclusões obtidas na literatura, examinando assim a extensão e a natureza
dos estudos mais relevantes (Arksey & O’Malley, 2005).

Procura-se, neste estudo, descrever de que forma se operacionalizou a metodologia utilizada


nesta componente da investigação, seguindo as cinco etapas da metodologia SLR definidas pelas
autoras – (a) Identificar a questão de revisão da literatura; (b) Identificar os estudos relevantes
para a temática; (c) Seleção de estudos; (d) Mapeamento dos dados; (e) Comparação, síntese e
divulgação de resultados.

Os resultados encontrados remetem para três aspetos principais: (i) a necessidade de


preparação dos futuros professores para a utilização das tecnologias dentro da sala de aula,
destacando a importância e igual necessidade de desenvolver nos mesmos competências que
lhes permitam utilizar eficazmente essas ferramentas; (ii) as unidades curriculares da FIP não
contemplam (ou não são adequados à necessidades atuais) objetivos para a preparação dos
futuros professores para a implementação de tecnologias na sala de aula e desenvolvimento de
competências chave; e (iii) quando são implementados cursos/unidades curriculares na FIP que
promovam o desenvolvimento de competências e a utilização das tecnologias, obtém-se por
parte dos futuros professores, testemunhos positivos sobre o seu desenvolvimento de
competências e a sobre a implementação das tecnologias em sala de aula.

147
As conclusões obtidas através desta análise permitirão caracterizar os dados que serão
recolhidos das próximas fases do estudo.

Palavras-chave: Competências do século XXI, Tecnologias, Formação Inicial de Professores

148
ATELIÊS 4

ATELIERS 4
10/02 | 17h – 18h30

149
ATELIÊS 4 I ATELIERS 4 - 10/02 | 17h - 18h30

SESSÃO 4.1 | SESSION 4.1 – ID 39, 44, 53, 62

[ID 39]

Política de imigração: análise de documentos da união europeia para acolhimento, integração


e inclusão

Maria-Dos-Remédios | Universidad de Sevilla | mariarigues@gmail.com

José González-Monteagudo | Universidad de Sevilla | monteagu@us.es

Resumo

A partir de um olhar humanitário, esta pesquisa tem por objetivo analisar documentos da União
Europeia (UE) para acolhimento, integração e inclusão de pessoas migrantes em seus territórios.
A escolha dos documentos se deu em função da atualidade de suas publicações, a saber: O Novo
Pacto em Matéria de Migração e Asilo e o Plano de Ação da União Europeia Para Integração e
Inclusão 2021-2027. As novas versões foram apresentadas em setembro e em novembro de
2020, respectivamente. Realizamos uma pesquisa qualitativa e documental, que possui em
essência a possibilidade de problematização e compreensão das múltiplas faces que configuram
a complexidade e dinamicidade dos fenômenos sociais, desde a perspectiva pós-estruturalista
considerando a migração como direito humano. O Novo Pacto em Matéria de Migração e Asilo
se fundamenta nos instrumentos legislativos e em recomendações gerais, traz nova abordagem
para o acolhimento de refugiados e requerentes de asilo, intensifica os controles de fronteiras,
introduz uma triagem pré-entrada para identificar as pessoas que entram sem autorização ou
que desembarcam após uma operação de busca e salvamento. Em consonância, o Plano de Ação
da União Europeia Para Integração e Inclusão 2021-2027 se estrutura com nova roupagem ao
centrar-se em aspectos essenciais à vida como uma sociedade de acolhimento estruturada pela
educação e a formação, o emprego e as competências, a saúde e a habitação. Após a análise dos
documentos, ficam os questionamentos: Mas serão esses dispositivos parte da solução para a
crise migratória? Quais possíveis impactos desses dispositivos na vida cotidiana do migrante? A
aplicabilidade dos dispositivos se concretiza ou se torna apenas mais um documento instalado

150
no campo teórico e no campo do discurso? Identificamos que ambos se fundamentam num
projeto de acolhimento, integração e inclusão, no entanto esquivam-se de indicar políticas
públicas de imigração específicas, embora seja notório o avanço em relação às versões
anteriores. Finalmente, a investigação apresenta problematizações sobre a necessidade de
mudança na elaboração destes documentos, pois podem trazer nos silenciamentos, a
possibilidade de falta de vontade política, a insuficiência de estratégias de inclusão e uma ação
mais humanitária frente ao fenômeno para efetivar o acolhimento das pessoas imigrantes que
chegam a U.E. O que pode denotar um comportamento ainda eurocêntrico que se distancia de
um projeto migratório que vise essencialmente o acolhimento, a integração e a inclusão.

Palavras-chave: Política de imigração, Documentos para integração e inclusão, Direitos


humanos

[ID 44]

As situações-limites em tempos líquidos: uma abordagem jurídico-educacional da educação


inclusiva.

Patricia De Mello | Universidade Estadual do Paraná UNESPAR |


profpatriciademello@gmail.com

Daniel Fernando Matheus Gomes | Universidade Estadual do Paraná UNESPAR |


profdanielmgomes@gmail.com

Anna Luiza Possagnoli Freitas | Centro Universitário Filadelfia UNIFIL |


annapossagnoli@hotmail.com

Resumo

O presente resumo objetiva, por meio da metodologia da análise de conteúdo, segundo a


perspectiva de Bardin (2011), propiciar a compreensão das situações-limites na educação
inclusiva, analisando a abordagem jurídico-educacional, em tempos líquidos. Para tanto, partiu-
se da premissa de que a educação inclusiva está substancialmente ligada aos Direitos Humanos
e princípios de cidadania dentro da escola, pós-moderna e líquida, e que crianças e
adolescentes, mesmo enquanto sujeitos de direitos em situação especial, são tratados de forma

151
a ter suas prerrogativas cerceadas e desrespeitadas por um sistema que discrimina aqueles que
não correspondem a um ideal pré-determinado na área educacional. Para a comprovação da
premissa exposta acima estão sendo coletados artigos publicados na base Scielo. No mecanismo
de busca desta plataforma foi utilizada a relação “educação inclusiva”; “situações-limites”;
“cidadania” e “tempos líquidos”. O marco teórico da pesquisa é: Paulo Freire, que indicará para
a abordagem dialógica entre diálogo, cidadania e situações-limites e Zygmund Bauman que traz
o significado de sociedade líquida para análise das situações-limites na educação inclusiva em
tempos de crise. A pesquisa encontra-se em andamento e conclui de forma parcial, após a
constatação nos artigos captados até o momento, que há necessidade fundamental do respeito
à cidadania desenhado pelo diálogo em relação à educação inclusiva, quando das situações-
limites, em tempos líquidos.

Palavras-chave: Situações-limites, Tempos Líquidos, Educação Inclusiva, Cidadania

[ID 53]

A educação inclusiva em Portugal: um estudo numa comunidade de aprendizagem


transformativa

Daniela Semião | Universidade de Lisboa | daniela.semiao@campus.ul.pt

Luis Tinoca | Universidade de Lisboa | ltinoca@ie.ulisboa.pt

Maria João Mogarro | Universidade de Lisboa | mjmogarro@ie.ulisboa.pt

Resumo

Partindo da problemática das múltiplas dimensões da diversidade dos estudantes e da urgência


de se proporcionar uma resposta educativa adequada e global de inclusão de todos os alunos
(UNESCO, 2020) propomo-nos refletir, investigar e agir sobre estas questões, em contexto,
focando as visões e ações dos professores e dos alunos. Neste sentido, a investigação tem como
objetivo principal promover a criação e desenvolvimento de uma Comunidade de Aprendizagem
Transformativa (CAT), num agrupamento de escolas de Lisboa, pautado por uma vasta
diversidade sociocultural.

152
Segundo o relatório TALIS de 2018, promovido pela OCDE, a maioria dos professores que
participa em iniciativas formais de desenvolvimento profissional relata melhorias na
autoeficácia em relação ao ensino em ambientes de elevada diversidade (Ainley & Carstens,
2018). Adicionalmente, a investigação sugere que o desenvolvimento de processos inclusivos é
facilitado através da construção de comunidades colaborativas que acolham a diversidade e
promovam o sucesso de todos os alunos, o que exige uma profunda reestruturação de culturas,
políticas e práticas educativas (Ainscow & Messiou, 2018), no qual o envolvimento dos
estudantes é fundamental (Caetano et al., 2020; Messiou, 2016, 2017, 2019).

Deste modo, a pedra angular do presente estudo é a teoria da aprendizagem transformativa,


preconizada por Mezirow. Trata-se de “uma aprendizagem que transforma quadros
problemáticos de referência para os tornar mais inclusivos, discriminatórios, reflexivos, abertos,
e emocionalmente capazes de mudar" (Mezirow, 2009, p. 22, tradução nossa), que apoiará o
desenvolvimento de uma cultura de escola colaborativa e inclusiva, que torne sustentável.

Dada a natureza participativa do projeto, adotámos uma abordagem de Investigação Baseada


em Design (IBD), por permitir integrar uma metodologia mista (qualitativa e quantitativa),
operacionalizada em ciclos iterativos (Herrington et al., 2007). Os dados empíricos serão
recolhidos por meio de: (1) análise documental; (2) questionários; (3) protocolos de entrevista
de grupos focais; e (4) diário de campo de observação. Procederemos à triangulação dos dados
e de métodos (Yin, 2005), conferindo uma maior confiabilidade e validade à investigação, e
todos os procedimentos ligados às questões de ética serão assegurados.

A presente investigação é financiada pela FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia, I. P. –


Portugal, e pelo Fundo Social Europeu, referência nº UI/BD/150761/2020.

Palavras-chave: Educação Inclusiva, Comunidade de Aprendizagem Transformativa,


Desenvolvimento Profissional Docente

[ID 62]

O trabalho da inclusão escolar no ensino fundamental: contribuições para a formação


continuada do pedagogo

Michelline da Silva Nogueira | Universidade do Porto | michellinequeiroz81@gmail.com

Maria Marina Dias Cavalcante | Universidade Estadual do Ceará | maria.marina@uece.br

153
André Leandro dos Santos Pereira | Colégio Diocesano Padre Rolim |
andre.leandro2019@gmail.com

Francione Charapa Alves | Universidade Federal do Cariri | francione.alves@ufca.edu.br

Kátya Elyzabeth Charapa Alves | Instituto Educacional Francisca Ramos - Alegria |


charapaalves@gmail.com

Resumo

O estudo trata sobre a formação do pedagogo e o seu trabalho com a inclusão escolar no Ensino
Fundamental, verificando os aspectos da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva
da Educação Inclusiva, tendo como campo de estudo duas escolas da rede municipal de
Fortaleza, Ceará, Brasil. Indagamos: quais os desafios e dificuldades que os pedagogos apontam
no cotidiano escolar para trabalhar com a inclusão? Objetivando compreender como vem se
dando o trabalho do pedagogo com a Inclusão Escolar dos alunos nos anos iniciais do Ensino
Fundamental de duas Escolas Municipais de Fortaleza. A pesquisa tem uma abordagem
qualitativa de cunho descritivo, utilizando como coleta de dados a entrevista semiestruturada e
análise de conteúdo para o tratamento dos dados. Utilizamos o aporte teórico de autores da
área da Educação, Formação Docente, Educação Inclusiva, Educação Especial e as leis que
regulamentam e regem os direitos das crianças com deficiência no tocante a educação básica.
Assim, destacamos as contribuições de Skliar (1999), Sassaki (1998) Cavalcante e Vieira, (2013)
que fundamentam questões obre a educação inclusiva e nas questões ao que cerne a educação
básica: Maturana (1997), Saviani (2008) e Nóvoa (1997). Os resultados revelam que as escolas
visitadas apresentam uma perspectiva inclusiva, pois além do Atendimento Educacional
Especializado, trabalham a inclusão no dia-a-dia escolar. Nesse sentido, há uma reivindicação
constante pela garantia dos direitos das crianças com deficiência, desde as questões estruturais
como rampas, indicações em braile até os projetos pedagógicos que trazem a família das
crianças com deficiência para a escola, em uma tentativa de estabelecer um diálogo mútuo que
favorece o desenvolvimento das suas habilidades cognitivas, o que exige uma formação
específica para o pedagogo, para que possa promover a inclusão em suas atividades
pedagógicas; propor o diálogo entre os diferentes e as diferenças no seio da comunidade
escolar, além de ampliar esse debate para a sociedade como um todo.

Palavras-chave: Formação do Pedagogo, Inclusão Escolar, Ensino Fundamental

154
SESSÃO 4.2 | SESSION 4.2 – 28, 65, 97, 124

[ID 28]

Conselhos Escolares: um estudo sobre gestão democrática no Rio de janeiro/Brasil e


Coimbra/Portugal

Amanda Moreira Borde | amandaborde@yahoo.com.br

Elisangela Da Silva Bernado | Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO |


efelisberto@yahoo.com.br

Patricia Flavia Mota | Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO |


patriciafmota@hotmail.com

Resumo

Este texto tem por objetivo analisar os conselhos de escola como possíveis mecanismos de
gestão democrática de escolas no Rio de Janeiro/Brasil e em Coimbra/Portugal. A pesquisa
qualitativa tem sua base nos estudos comparados, por meio de uma abordagem sociodinâmica,
fundamentada nos estudos de Ferreira (2008 (2); 2009(3); 2014(4)). Inicialmente, apropriamo-
nos da análise bibliográfica e documental das legislações que tratam sobre democracia nas
escolas públicas no Rio de Janeiro/Brasil e Portugal. No Rio de Janeiro, foram analisadas
dezessete legislações que tratam sobre gestão democrática, incluindo seleção de diretores e
conselhos escolares, mas nos debruçamos em nove documentos que tratam sobre conselhos
escolares, iniciando com a Resolução n.º 212/1984, na qual se cria o Conselho Escola
Comunidade (CEC) nas unidades escolares da rede pública do municipio e finalizando com a lei
que aprova o Plano Municipal de Educação (PME), do ano de 2018. No que tange às legislações
de Coimbra/Portugal, por se tratar de um sistema federativo, analisamos a Lei de Bases do
Sistema Educativo, além de realizamos um levantamento minucioso dos decretos-leis que
tratam da gestão democrática nas escolas desde 1974, mas tomamos por base o Decreto-lei
75/2008 que trata do regime de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos
públicos da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário. As aproximações que foram
observadas entre CEC e o Conselho Geral estão relacionadas à participação do colegiado nas
questões administrativa, financeira e pedagógica, na eleição dos seus membros que são por

155
representatividade, com exceção do diretor que é membro nato. O principal distanciamento
está relacionado ao fato do Conselho Geral em Portugal/Coimbra ter como função eleger o
diretor do agrupamento, enquanto no Rio de Janeiro existe uma consulta pública com a
comunidade escolar para a escolha do diretor. As legislações dos países nos apresentam a
participação da comunidade escolar em colegiados como instância de gestão democrática.

Palavras-chave: Gestão Democrática, Conselhos Escolares, Democracia

[ID 65]

Uso de ferramentas de accountability no acompanhamento dos planos municipais de


educação: a atuação do tribunal de contas

Camila Regina Rostirola | Universidade do Oeste de Santa Catarina |


camila.rostirola@unoesc.edu.br

Marilda Pasqual Schneider | Universidade do Oeste de Santa Catarina |


marilda.schneider@unoesc.edu.br

Resumo

Desde o início dos anos 1990, sistemas de ensino de muitos países estão passando por mudanças
em suas políticas educacionais, especialmente as que afetam a gestão das escolas. Em defesa à
desconcentração de responsabilidades e à autonomia das instituições educativas,
testemunhamos o desenvolvimento de ferramentas que operam por meio de auditorias e
regulação das unidades de prestação de serviço. Estas ferramentas refletem um tipo de
regulação que opera à distância ampliando o uso e diversificando os arranjos institucionais na
implementação de políticas de accountability educacional. No Brasil, a partir de 2007, quando
foi instituído o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, ampliaram-se os órgãos de
regulação e controle social, bem como suas funções, sob o vaticínio da melhoria da qualidade
da educação. Com base nas metas do Plano Nacional de Educação (2014-2024), Tribunais de
Contas dos Estados da federação brasileira passaram a acompanhar e monitorar a elaboração e
execução dos Planos Municipais de Educação. Com base no exposto, a presente proposta versa
sobre arranjos no uso de ferramentas de accountability nas ações de fiscalização e controle dos
Planos Municipais de Educação do Estado de Santa Catarina/Brasil, analisando o modelo de

156
regulação que sobressai a partir desses arranjos na implementação de ações municipais para a
melhoria da educação básica catarinense. O conjunto de pressupostos teóricos que orienta o
procedimento metodológico do trabalho fundamenta-se na metodologia histórico-crítica, cuja
base é a dialética. O estudo é regrado pela análise de documentos organizados pelo Tribunal de
Contas de Santa Catarina, entre 2016 e 2020. Os resultados permitem evidenciar que os arranjos
no uso de ferramentas de accountability concordam com modelos de accountability gerenciais
que têm na regulação por resultados sua máxima expressão.

Palavras-chave: Accountability, Tribunal de Contas, Planos Municipais de Educação

[ID 97]

Políticas e planejamento educacional: desafios atuais

Regina Tereza Cestari de Oliveira | Universidade Cató | reginacestari@hotmail.com

Resumo

A Constituição Federal de 1988 da República Federativa do Brasil define os princípios da


educação nacional, entre eles gestão democrática do ensino público, na forma da lei, que se
fundamenta na noção de Estado Democrático de Direito. Decorre da CF a elaboração do Plano
Nacional de Educação (PNE) 2014-2024, aprovado pela Lei n. 13.005, de 2014, com 20 metas e
estratégias, resultado de amplo debate, tensões e correlação de forças sociais. Entendido como
eixo central das políticas educativas, sua materialização se efetiva por meio de arranjos
institucionais e na intersecção entre regulamentação, regulação e ação política (Dourado, 2017).
Diante do exposto, este texto apresenta resultados de pesquisa e tem como objetivo, a partir
da aprovação do PNE 2014-2024, verificar como ações de gestão expressas no Plano Estadual
de Educação de Mato Grosso do Sul (PEE/MS) 2014-2024 e nos Panos de educação de três
municípios sul-mato-grossenses (2015-2025), vêm sendo materializadas nos sistemas/redes de
ensino e suas implicações para a democratização da educação. A investigação abrange o estado
de MS, localizado na região Centro-Oeste do país e três municípios da mesma unidade federada,
com maior número de habitantes e situados em diferentes áreas do estado (IBGE, 20100. Os
procedimentos metodológicos compreendem análise bibliográfica, análise documental,
mediante consulta ao PNE 2014-2024, ao PEE/MS, aos planos municipais de educação, aos

157
relatórios de monitoramento e avaliação desses planos, à legislação educacional pertinente,
publicada nos Diários Oficiais do estado de MS e dos municípios selecionados, assim como à
regulamentação de ações de gestão da educação. Conclui-se que, apesar de mecanismos e
dinâmicas de gestão participativa presentes no âmbito dos sistemas/redes de ensino,
contraditoriamente, observam-se ações baseadas na gestão gerencial, que vem se tornando
hegemônica nas políticas educacionais da educação básica do estado e municípios selecionados.

Palavras-chave: Política educacional, Planejamento da educação, Gestão democrática, Gestão


gerencial

[ID 124]

Compreender as políticas educativas à luz do atual projeto de globalização

Sílvia Menezes | Universidade Aberta | spmenezes2@gmail.com

Glória Bastos | Universidade Aberta | bastos.gloria@gmail.com

Resumo

Enquadrado numa investigação mais geral sobre as atuais direções das políticas educativas, este
texto debruça-se, analiticamente, sobre as seguintes questões orientadoras: Quais as direções
que, hoje, as políticas públicas de educação estão a tomar? Dessas políticas educativas, quais as
que se mostram mais preponderantes para a consolidação da planificação social radicada no
atual projeto de globalização? Que relações podem ser estabelecidas entre as políticas
educativas de charneira, das quais consideramos, mais particularmente, a formação de
professores, a gestão das escolas e a avaliação educacional (de alunos, de professores e de
escolas) e o atual projeto de globalização? Ante este quadro de problematização, alinhamos o
nosso estudo pelo eixo temático da educação e desafios da sociedade contemporânea – políticas
e práticas, propondo uma análise e compreensão da relação entre as políticas educativas
contemporâneas e a atual planificação social, mormente, coincidente com o que também
apelidamos de globalização económica e financeira. Do ponto de vista teórico e concetual,
cotejamos as noções de políticas públicas de educação, Estado avaliador e mercado educador,
na sua relação, mais ou menos direta, com as políticas educativas anteriormente enunciadas.
Do ponto de vista metodológico, procedemos a uma análise de conteúdo sistemática (Bardin,

158
1995) de documentos oficiais de pendor nacional (corpus legislativo nacional de referência) e
documentos orientadores e relatórios que versam a institucionalização, à escala global, de
política educativa de matriz supranacional, com origem nas principais organizações
internacionais e supranacionais como é o caso da OCDE, FMI e União Europeia. Em termos de
ilação geral do nosso estudo, diríamos que é manifesto o efeito de regulação intencionalmente
atribuído ao vulto ideológico da New Public Management (Lessard, 2006), decorrente de um
crescente interesse que alguns daqueles organismos internacionais manifestam em torno do
efeito utilitário das políticas públicas de educação, colocando-as ao serviço de um projeto de
escolarização mercantilista da sociedade (Laval, 2002). E isso parece ocorrer com um claro
propósito em prolongar aquele efeito de escolarização em processos de aprendizagem ao longo
da vida, no quadro de uma agenda globalmente estruturada para a educação (Dale, 2000;
Antunes, 2004). Numa outra ilação subsequente, diríamos que nos encontramos num cenário
de plena convivência entre o Estado avaliador e o emergente mercado educador.

Palavras-chave: Políticas educativas, Globalização, Estado avaliador, Mercado educador

SESSÃO 4.3 | SESSION 4.3 – 17, 76, 160, 184

[ID 17]

Transferencia de aprendizajes entre colegio y el espacio formativo no formal del fútbol escolar

Abel Merino Orozco | Universidad de Burgos | amorozco@ubu.es

Alfredo Berbegal Vázquez | Universidad de Zaragoza | abrbgal@unizar.es

Ana Arraiz Pérez | Universidad de Zaragoza | aarraiz@unizar.es

Fernando Sabirón Sierra | Universidad de Zaragoza | fsabiron@unizar.es

Resumo

Las actividades extraescolares suponen un complemento formativo inexorable a los


aprendizajes formalmente promovidos en el colegio. Entre el espectro de posibilidades,
destacan las actividades físicas y deportivas y, particularmente por su volumen de participación
e implicación, el fútbol escolar. Las familias invierten ilusiones y esfuerzos en la construcción de

159
un escenario socioeducativo con significados y claves axiológicas singulares mediadas por la
competición.

La institucionalización formativo-deportiva del niño confluye en paralelo entre la planificación


curricular formal del colegio y los aprendizajes dinamizados en las actividades extraescolares. La
coordinación entre escenarios educativos emerge como armonización de la transferencia de
aprendizajes en coherencia una educación holística e integral. Este estudio tiene por objetivo
comprender las principales implicaciones educativas en la transferencia de aprendizajes entre
el ambiente no formal del fútbol escolar y el colegio, a fin de procurar una optimización de las
estrategias de coordinación y monitorización.

Se presenta un diseño de estudio de caso de modalidad etnográfica, que acompaña a 101


escolares durante su primer y segundo año de participación en el fútbol mediante la observación
participante. Se desarrollan 207 sesiones de observación entre partidos, entrenamientos y
recreos escolares, que se complementan con entrevistas a 21 de sus maestros. En las sesiones
de observación se incluyen familias, allegados presentes, equipos rivales, monitores y
organizadores.

Los resultados categorizan cuatro ámbitos de transferencia de aprendizajes destacados: la


cuasiescolarización, que representa la movilización de contenidos curriculares en el colegio
mediante el fútbol; la socialización mediada por el fútbol, que se evidencia en la composición
microsocial del aula y la promoción de competencias sociales; la construcción de una identidad
personal de eminencia competitiva, que conlleva una gestión emocional y desarrollo
consecuente del autoestima, y la capitalización de una autoevaluación mediada por el resultado.

Se concluye revalorizando el potencial de la comunicación para la coordinación entre los


espacios formativos y la monitorización de una actividad deportiva que, por definición, habría
de ser escolar. Consustancialmente, se exploran las posibilidades formativas y de sensibilización
educativa que ofrece un espacio donde la implicación y presencia familiar es permeable y
concurrente.

Palavras-chave: Transferencia de aprendizajes, Educación no formal, Iniciación Deportiva

[ID 76]

La práctica socioeducativa de los Gabinetes de Mediación de Conflictos

160
Elisabete Pinto da Costa | Universidade Lusófona do Porto / CeiED |
elisabete.pinto.costa@gmail.com

Juan Carlos Torrego Seijo | Universidad de Alcalá | juancarlos.torrego@uah.es

Rejane Carvalho | Universidade Lusófona do Porto | carvalhorejane002@gmail.com

Raquel Herrero | Universidad de Alcalá | raquel.herrero@edu.uah.es

Carlos Monge | Universidad de Alcalá | carlos.monge@edu.uned.es

Resumo

Los Gabinetes de Mediación de Conflictos (GMC) se presentan como estructuras socioeducativas


que mejoran las relaciones interpersonales, potenciando la paz y previniendo futuras
distensiones. De modo que potencian ambientes que propician el proceso de enseñanza-
aprendizaje. La convivencia es influenciada tanto por la cultura social como por la cultura de la
escuela. Su ausencia es no solo un problema social, sino también un problema educativo.
Además, esta se aprende en las escuelas y debe reflejar interacciones interpersonales positivas.
Según un enfoque cualitativo y a través de un análisis de trabajos de investigación sobre GMC,
con esta contribución se busca evidenciar los GMC en relación con su organización, sus
resultados e impactos alcanzados. Por ende, se ha pretendido comprender la dinámica de los
GMC y cómo contribuyen a la mejora de la convivencia escolar, como apoya la literatura
científica (Jares, 2006; Gaspar, 2007; Torrego y Galán, 2008; Pinto da Costa, Torrego & Martins,
2016; Carvalho, 2020, Pinto da Costa & Carvalho, 2020).

Palavras-chave: Convivência, Mediación de conflictos, Mejora educativa

[ID 160]

Autogestión y mediación tecnológica de los aprendizajes: una experiencia docente

Rosalina Arteaga | Instituto Tecnológico Autónomo de México, ITAM |


arte.barron01@gmail.com

161
Dalia García | Universidad Nacional Autónoma de México, UNAM | daliagarcia0511@gmail.com

Concepción Barrón | Universidad Nacional Autónoma de México, UNAM |


baticon3@hotmail.com

Resumo

La presente comunicación tiene como objetivo conocer la experiencia docente ante el uso de
las TIC y, a partir de ello, repensar la forma en la que miramos el futuro de la educación, para
anticipar posibles soluciones ante futuros cada vez más inciertos; sobre todo, derivado de la
contingencia sanitaria de 2020. Para ello, se presentan los resultados parciales del proyecto de
investigación “Docencia y mediación tecnológica de los aprendizajes”, el cual recupera y
sistematiza la experiencia de un diplomado del mismo nombre cursado por profesores de
educación básica en México entre septiembre de 2019 y mayo de 2020. El objetivo general del
diplomado fue fomentar el desarrollo profesional docente en el uso y aprovechamiento de las
TIC en el aula. La propuesta, creada desde el enfoque de la autogestión del aprendizaje,
promovió la incorporación de recursos digitales para generar prácticas creativas e innovadoras,
en las que el estudiante se convirtiera en el eje central del proceso educativo.

Para el logro del objetivo de la investigación definimos una metodología mixta. En un primer
momento, diseñamos y levantamos una encuesta en línea que fue respondida en su totalidad
por 912 docentes participantes. El cuestionario se estructuró en 5 secciones configuradas a
partir de categorías de análisis definidas para conocer el impacto del Diplomado en las y los
participantes, así como en sus prácticas docentes.

En un segundo momento se invitó a los y las docentes participantes a elaborar un relato de


historia de vida sobre sus experiencias docentes durante y después del Diplomado. Se recibieron
cinco relatos, mismos que se emplearon desde una perspectiva etnosociológica con el propósito
de identificar generalizaciones en la particularidad, así como reconstruir las experiencias
compartidas simbólicamente por las y los docentes.

Los resultados obtenidos muestran la mirada de los y las docentes participantes del Diplomado,
analizados a partir de dos categorías: la autogestión y la mediación pedagógica, ambas se
muestran como posibilidad para pensar en rutas alternativas que nos permitan tomar conciencia
de nosotros mismos y afrontar futuros inéditos, donde los procesos y prácticas docentes serán

162
fundamentales en la promoción de cambios educativos significativos a partir de un
conocimiento crítico y libre.

Palavras-chave: Actualización docente, Autogestión, Mediación tecnológica

[ID 184]

Escolaridad secundaria obligatoria en Córdoba, Argentina. Dinámicas de inclusión y


producción de desigualdades escolares

María Cecilia Bocchio | CONICET | mcbocchio@gmail.com

Yanina Maturo | UNC | yanina.maturo@unc.edu.ar

Estela Miranda | UNC | estelam@ffyh.unc.edu.ar

Resumo

En las últimas décadas la política educativa enfrenta el desafío de garantizar el cumplimiento de


la Educación Secundaria Obligatoria (ESO) y es en la escuela de gestión estatal donde se
materializa el reto de escolarizar a sectores sociales que representan la primera generación
familiar que acceden a la educación secundaria. En Argentina este reto es asumido a partir de la
Ley de Educación Nacional del año 2006.

Con base en los resultados de dos estudios de caso en escuelas de nivel secundario, proponemos
analizar y problematizar, desde los aportes de Nancy Fraser y Stephen Ball, dos instrumentos de
regulación de la escolaridad: el Nuevo Régimen Académico, diseñado para reformar el formato
escolar y las Prácticas Profesionalizantes en la figura de la pasantía, para la inserción en el mundo
laboral.

Planteamos que las políticas educativas de los gobiernos que se sucedieron desde el inicio de la
presente centuria se nutren de una concepción de justicia social que aboga por el
reconocimiento de las desigualdades sociales y la redistribución de recursos como dimensiones
estructurantes de un conjunto de políticas educativas y sociales promovidas para paliar los
efectos de décadas de neoliberalismo salvaje. A partir del análisis de los casos seleccionados,
sostenemos que el reconocimiento y traducción de un problema de injusticia social y educativa

163
en políticas para el sector, no supone per se garantizar la redistribución de los recursos
(materiales y simbólicos) que tales políticas demandan en su puesta en acto en las instituciones
escolares.

A modo de hipótesis orientadora sostenemos que si bien ambos instrumentos tuvieron como
propósitos la inclusión educativa para efectivizar el cumplimiento de la obligatoriedad escolar
se estarían produciendo nuevas desigualdades que se manifiestan en las estrategias utilizadas
por las instituciones escolares para la puesta en acto de esas políticas. Los resultados alcanzados
buscan contribuir a los debates actuales sobre las dinámicas y tensiones de los procesos de
inclusión/exclusión educativa en la escuela secundaria.

Palavras-chave: Escuela secundaria obligatoria, Inclusión, Desigualdades escolares

SESSÃO 4.4 | SESSION 4.4 – 24, 72, 87, 158

[ID 24]

A Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal de Viçosa em Foco:


Antecedentes Históricos, Projeto Pedagógico & Proposta da Formação por Alternância do
Curso

Lourdes Helena Silva | Universidade Federal de Viçosa | lhsilvaii@gmail.com

Élida Lopes de Miranda | Universidade Federal de Viçosa | elida.miranda@ufv.br

Diego Gonzaga Duarte da Silva | Universidade do Estado de Minas Gerais |


diegoduartegeo@gmail.com

Resumo

Buscamos, na presente comunicação, caracterizar a Licenciatura em Educação do Campo da


Universidade Federal de Viçosa (UFV) em sua proposta de formação do educador do campo,
descrevendo e analisando os antecedentes históricos do processo de criação do curso na
Instituição, seus objetivos e o seu Projeto Pedagógico, com destaque para a sua proposta da

164
formação por alternância - dinâmica, organização e instrumentos pedagógicos de articulação
entre as experiências de vida dos educandos e a formação acadêmica. No conjunto, os dados
que subsidiaram as descrições e análises aqui compartilhadas foram oriundos da combinação
dos procedimentos técnicos da pesquisa documental e bibliográfica e do método de Análise de
Conteúdo. Em termos da pesquisa documental, utilizamos como fontes de consulta diversos
documentos institucionais, selecionados a partir da relevância de suas informações e dados
sobre a história, o desenvolvimento e a proposta de formação do curso de Licenciatura em
Educação do Campo da UFV. A pesquisa bibliográfica, por sua vez, foi realizada a partir de um
conjunto de artigos e produções acadêmicas oriundo da pesquisa sobre a Licenciatura em
Educação do Campo da UFV que, realizada com o apoio financeiro da FAPEMIG e do CNPq,
buscou identificar e analisar o perfil dos sujeitos integrantes dessa experiência educativa, suas
representações sociais e as práticas pedagógicas construídas nos processos de formação do
educador do campo. Dentre os resultados da pesquisa, especificamente sobre a proposta de
formação por alternância do curso, seus instrumentos e estratégias didático-pedagógicas,
identificamos que ao longo da história do curso na UFV um conjunto das ações e processos
pedagógicos foram sendo paulatinamente implementados. Nestas ações e processos, o ritmo
da alternância e os instrumentos pedagógicos da alternância foram objetos de ressignificações
e de mudanças que, realizadas a partir de diálogos e do trabalho coletivo, pudesse atender as
especificidades e as demandas próprias de um curso de formação do educador do campo. Um
curso no qual a dinâmica de alternância não se restringindo à uma perspectiva de simplesmente
alternar tempos e espaços formativos, visa desenvolver um processo de formação capaz de
integrar não apenas estes tempos e espaços formativos – Tempo Universidade e Tempo
Comunidade, mas integrar também os conteúdos destes diferentes tempos e espaços da
formação, de maneira a vincular a realidade de vida e trabalho dos educandos aos tempos
educativos, problematizando e aprofundando as discussões previstas no currículo do curso.

Palavras-chave: Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal de Viçosa,


Formação de Educadores do Campo, Projeto Pedagógico do Curso, Formação por Alternância

[ID 72]

Estratégias de ensino e aprendizagem: foco de um projeto com professores do ensino superior

Cristina Martins | Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Bragança; Centro de


Investigação em Educação Básica | mcesm@ipb.pt

Dario Santos | Universidade Púnguè | darionhungue18@gmail.com

165
Lubacha Zilhão | Universidade Púnguè | lubachazilhao@gmail.com

Maria José Rodrigues | Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Bragança; Centro
de Investigação em Educação Básica | mrodrigues@ipb.pt

Resumo

As estratégias de ensino e aprendizagem são uma das questões que mais se discute entre os
professores de qualquer nível de ensino. Num momento em que a sociedade tem cada vez mais
acesso à informação é mais plural e diversificada, importa que a universidade se harmonize com
estas condições e lhe dê uma resposta cabal. Neste contexto as estratégias usadas, constituirão,
sem dúvida, uma ferramenta determinante para o sucesso do processo de ensino e
aprendizagem. Neste texto pretendemos apresentar o design de um projeto de cooperação para
o desenvolvimento, no âmbito da educação, entre a Escola Superior de Educação do Instituto
Politécnico de Bragança e a Universidade Púnguè, cuja finalidade é contribuir para o
desenvolvimento de competências dos docentes de eticas da Unipúnnguè, dos cursos de
formação de professores, sobre a utilização de estratégias de ensino e aprendizagem nos seus
contextos de trabalho. Este projeto ambiciona ter impacto na formação inicial de professores e
consequentemente no sistema educativo moçambicano. Neste primeiro momento
pretendemos apresentar e contextualizar o projeto, bem como as suas principais linhas de ação
para o seu desenvolvimento. De salientar que, para esta fase dos trabalhos, contribuíram
representantes que, de uma forma mais ou menos direta, terão participação ativa no projeto,
num clima de partilha, de colaboração e de cooperação. Com base nas suas ideias e expetativas
traçamos um plano de trabalhos que sinteticamente se desenvolve nas seguintes etapas: (i)
diagnóstico das conceções dos professores ; (ii) desenvolvimento do projeto; (iii) 1.º ciclo de
implementação das ações e posterior reflexão/avaliação; (v) implementação das ações; (vi)
reflexão/avaliação; (iv) 2.º ciclo de implementação das ações e posterior reflexão/avaliação e
(v) avaliação global do projeto. Tratando-se de um projeto de investigação-ação, pretendemos
desenvolver dois ciclos de implementação e de reflexão das ações para que se criem espaços e
tempos que permitam a mudança de práticas. Estamos cientes que o referido projeto trará
contributos profícuos à discussão sobre a formação de professores em Moçambique e,
consequentemente, sobre a qualidade do seu sistema educativo, aspirando concorrer para a
formação de cidadãos capazes de construir de uma sociedade mais justa, inclusiva e sustentável.

166
Palavras-chave: Estratégias de ensino e aprendizagem, Ensino superior, Formação de
professores

[ID 87]

Aprender para ensinar: as licenciaturas e seu potencial formador

Rita Márcia Magalhães Furtado | Universidade Federal de Goiás | rmmfurtado@uol.com.br

Almiro Schulz | Universidade Federal de Goiás | almiroschulz@yahoo.com.br

Amone Inácia Alves | Universidade Federal de Goiás | amoneinacia@gmail.com

Resumo

Este trabalho de investigação, de cunho teórico, baseia-se na análise do processo de ensino e


aprendizagem no contexto das licenciaturas, propondo um estudo crítico dessa interação, no
qual é dada uma ênfase à temporalidade no que tange ao processo de formação e as condições
dadas, tanto individual quanto coletivamente, para que a aprendizagem múltipla aconteça no
espaço acadêmico. A questão que se apresenta como cerne da investigação desta problemática
aponta para a necessidade de, inicialmente, identificarmos quais as especificidades
determinantes das formas de aprender no contexto universitário que impulsionam a adesão a
determinadas metodologias do ensinar para, posteriormente, analisarmos quais são as
implicações pedagógicas destas escolhas metodológicas. Nesse sentido, torna-se crucial a
identificação da interrelação entre os objetivos propostos pelos cursos de licenciatura e as
formas de ensinar e aprender. Essa perspectiva interativa da pesquisa aponta para a exclusão
da unilateralidade como princípio. Nesse sentido, questionar a apropriação e a partilha dos
saberes no contexto das licenciaturas, torna-se crucial para a compreensão do vínculo entre a
base epistemológica e as práticas docentes que colocam em evidência as tensões postas pela
análise das variantes contextuais (sociais, pedagógicas, políticas, econômicas e biográficas) e as
perspectivas e expectativas contidas no processo ensino/aprendizagem. Nosso referencial
teórico baseia-se nos estudos da área educacional que abordam aspectos cruciais para a análise
por nós proposta, a saber, as concepções e abordagens de aprendizagens de caráter
emancipatório. Pretendemos assim, com este estudo, efetivar a análise dos fundamentos de
uma pedagogia universitária que nos permita apreender as especificidades que compõem o

167
potencial formador das licenciaturas bem como as peculiaridades a serem consideradas na
condução desse processo.

Palavras-chave: Licenciatura, Formação, Pedagogia universitária

[ID 158]

O acesso e a permanência de estudantes que ingressaram por políticas de ações afirmativas


nas universidades públicas brasileiras

Silene de Paulino Lozzi | Universidade de Brasília | silozzi@gmail.com

Ana Maria de Albuquerque Moreira | Universidade de Brasília | ana_moreira@hotmail.com

Danielle Xabregas Pamplona Nogueira | Universidade de Brasília |


danielle.pamplona@gmail.com

Resumo

A educação é um bem público, direito de todos e é dever do Estado ofertá-la com qualidade,
sem a qual não é possível a democratização da sociedade. Na educação superior brasileira, não
há como discutir democratização sem falar em equidade. Um dos meios de se buscar equidade
tem sido a implementação de políticas educacionais que promovam e ampliem o acesso e a
permanência dos estudantes, em especial aqueles que se encontram em situação de
vulnerabilidade económica, social e cultural. A implementação de políticas públicas que afirmem
o direito à educação em universidades públicas brasileiras tem ocorrido por meio da
implementação de programas de reserva de vagas, as conhecidas cotas. Este estudo, de
natureza descritiva e exploratória, foi realizado com base nos dados do Censo da Educação
Superior de 2019, disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
(Inep). São apresentados dados de caracterização do perfil dos estudantes que ingressaram por
reserva, que pode ser do tipo étnica, por deficiência, por renda familiar e para estudantes que
cursaram o ensino médio em escolas públicas. Considerando esse grupo de estudantes, maior
percentual deles recebe apoio social, quando comparados àqueles que não ingressaram por
reserva. Também proporcionalmente, mais estudantes que ingressaram por reserva realizam
atividades extracurriculares e possuem bolsas de estágio e pesquisa quando comparados aos

168
que não ingressaram dessa forma. Nesse grupo, quase a totalidade é composta por aqueles que
concluíram o ensino médio em escolas públicas, dado que aponta para a inclusão de uma
população menos favorecida socioeconomicamente na educação superior brasileira. Sobre a
situação dos estudantes, entre os que ingressaram por cotas, eles apresentam maior percentual
que estão cursando quando comparados com os que não ingressaram por esse sistema e menor
proporção de desvinculados e com trancamento de matrícula nos cursos. Quanto aos
formandos, os cotistas apresentam percentual menor quando comparados com não cotistas, o
que pode indicar algum nível retenção desses estudantes nos cursos, algo que merece ser
investigado. Esses dados indicam a importância de políticas de acções afirmativas nas
universidades públicas brasileiras e a necessidade de sua ampliação, para que as universidades
se contraponham ao fenómeno de “exclusão por dentro” citado por Dias Sobrinho (2013).
Somente investigações sobre os efeitos das políticas de democratização do ensino podem
validá-las, contribuir para sua ampliação e fortalece-las como pauta de extrema importância
para a democratização da sociedade como um todo. Mais do que acesso à educação,
necessitamos de melhores condições de permanência e conclusão dos estudos, assim como
boas perspectivas de empregos, o que pode efectivamente contribuir para uma democratização
efectiva de oportunidades.

Palavras-chave: Universidades públicas, Democratização, Políticas afirmativas

SESSÃO 4.5 | SESSION 4.5 – 15, 90, 153, 169

[ID 15]

A observação interdisciplinar como contributo para o desenvolvimento pessoal e profissional

Cristina Duarte | Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade de Lisboa |


cristinaduarte@sapo.pt

Tatiana Sanches | Instituto de Educação, Universidade de Lisboa | tsanches@fpie.ulisboa.pt

169
Joana Miranda | Faculdade de Farmácia, Universidade de Lisboa | jmiranda@ff.ulisboa.pt

Mariana Batista | Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Lusófona (Lisboa) |


mariana.r.batista@gmail.com

Resumo

A presente comunicação resulta de reflexão conjunta no âmbito da Pós-Graduação em


Pedagogia do Ensino Superior, do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, decorrente
de trabalho de observação realizado por quatro docentes do ensino superior das áreas de
Serviço Social, Educação, Ciências Farmacêuticas e Veterinária.

Sendo a observação entre pares um espaço privilegiado para o desenvolvimento pessoal e


profissional (cf. Bell e Mladenovic, 2008; Mouraz et al, 2016) este trabalho teve como ponto de
partida a construção de uma grelha de observação utilizada no contexto das aulas por cada uma
das docentes. O estudo teve como objetivo colaborar para o desenvolvimento de competências
de observação entre pares, constituindo-se este como um ponto de partida para a melhoria das
práticas da docência.

É-nos permitido referir que os resultados desta experiência apontam para a necessidade dos
docentes refletirem e adaptarem as suas práticas e de serem capazes de construir feedback para
potenciar o desenvolvimento pessoal e profissional dos seus pares. Por outro lado, o caminho
da observação entre pares revelou-se como uma possibilidade de autorreflexão de cada uma
das docentes face à suas práticas pedagógicas, abrindo oportunidades de as ajustar em função
das necessidades e exigências do ensino superior no mundo atual, assim como a valorização da
interdisciplinaridade como espaço de construção de boas práticas de ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: Pedagogia, Observação de práticas por pares, Interdisciplinaridade,


Desenvolvimento profissional

[ID 90]

Contribuições da programação de condições para o desenvolvimento de comportamentos à


formação de professores de ensino superior em programas de pós-graduação

Valquiria Maria Gonçalves | Universidade Estadual de Londrina | valquiria@uel.br

170
Nádia Kienen | Universidade Estadual de Londrina | nadiakienen@uel.br

Resumo

Um dos objetivos da pós-graduação stricto sensu brasileira é capacitar docentes para atuarem
no ensino superior. Assim, é necessário que os futuros professores de ensino superior recebam
formação específica para atuarem por meio do ensino nesse contexto. Estudos evidenciam que
apesar de ser um dos objetivos da pós-graduação, a formação de professores de ensino superior
parece ser insuficiente para capacitar mestres e doutores a ensinar de modo efetivo. Além disso,
há cursos sem disciplinas ou atividades voltadas à formação do professor ou com carga horária
de atividades de capacitação para a docência muito inferiores se comparadas àquelas voltadas
à capacitação científica e ao desenvolvimento da dissertação ou tese. Dessa forma, este trabalho
objetivou, por meio de um exame teórico-metodológico da literatura da área, avaliar as
contribuições da Programação de Condições para o Desenvolvimento de Comportamentos
(PCDC) para a formação de professores de ensino superior. A PCDC constitui-se como tecnologia
de ensino que permite a descoberta e o desenvolvimento de comportamentos relevantes a
serem apresentados por pessoas em múltiplos contextos. Pesquisas em PCDC têm possibilitado
caracterizar comportamentos constituintes de diferentes profissões ou funções sociais. A PCDC
tem, como etapa inicial do processo de programar ensino, a caracterização de necessidades
sociais do aprendiz e a proposição dos comportamentos a serem desenvolvidos por ele para que
possa lidar de forma mais efetiva com essas necessidades. Essa etapa de proposição dos
comportamentos que comporão a atuação do aprendiz na sociedade servirá de base para a
programação de várias outras etapas de desenvolvimento desses comportamentos. Assim,
condições para que os comportamentos sejam desenvolvidos podem ser planejadas e são
propostas atividades para esse fim. A avaliação da eficiência, eficácia e efetividade dos
programas de ensino é o que permite que o programa elaborado seja aprimorado (Cortegoso &
Coser, 2011; Kienen, Kubo, & Botomé, 2013). Discute-se a relevância do uso de princípios e
procedimentos da PCDC para a compreensão dos processos de ensino-aprendizagem no ensino
superior e como possibilidade para descobrir e desenvolver comportamentos profissionais que
serão necessários aos professores de ensino superior, bem como as implicações do
embasamento científico na prática docente e no auxílio à elaboração de políticas institucionais
voltadas à capacitação docente no ensino superior.

Palavras-chave: Docência no Ensino Superior, Formação de Professores de nível superior,


Programação de Condições para o Desenvolvimento de Comportamentos

171
[ID 153]

Trajetórias de egressos do curso de licenciatura em educação física da UFMG

José Angelo Gariglio | UFMG | angelogariglio@hotmail.com

Marcella Ottoni Guedes Oliveira | UFMG | marcella.ed.fis@gmail.com

Resumo

Este resumo discorre sobre os resultados parciais de uma pesquisa de mestrado que busca
analisar as trajetórias profissionais dos egressos do curso de Licenciatura em Educação Física
(EF) formados pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Para isso, realizamos uma
pesquisa quantitativa de tipo web survey. Utilizamos como único instrumento de pesquisa o
questionário online, construído com perguntas abertas e fechadas. Os sujeitos da pesquisa são
201 egressos do curso de licenciatura em EF da UFMG, formados entre os anos de 2009 e 2019.
As respostas às perguntas do questionário foram analisadas a partir da análise estatística
simples e descritiva e por meio de correlação de variáveis. Além disso, nos valemos da análise
de conteúdo, para fins de interpretação das questões abertas. Os dados construídos até aqui
mostram que 60% dos egressos são mulheres e 40% homens. Do tal 51,2% se autodeclaram
brancos, 45,7% como negros; 0,44% como indígena ou amarelo e 1,9% preferiram não se
identificar. Sobre as trajetórias de inserção profissional, 44,7% atuam como professores de EF
na educação básica, 13,4% já atuaram, mas não atuam mais por razões voluntárias, 26,3% nunca
atuaram na profissão por escolhas voluntárias e 15,4% não estão atuando na educação básica
por razões não voluntárias. Esses dados parciais da pesquisa confirmam o quadro de feminização
da profissão docente, mas aponta para uma realidade de maior equilíbrio entre os gêneros;
indica também para o equilíbrio racial entre autodeclarados brancos e negros entre licenciados
em EF. No que trata da aderência na profissão, os dados indicam uma situação muito
preocupante: apenas 44% dos egressos continuam a atuar nas redes de ensino. Todavia, os
índices de abandono da profissão são baixos (13,4%), comparativamente com a realidade dos
egressos de licenciaturas de outras áreas no Brasil. Dos que trabalham na escola, 40% atuam nas
escolas há no máximo três anos, 30% estão na profissão entre quatro e seis anos e o mesmo
percentual atua a mais de seis anos. O que indica a predominância de professores jovens a atuar
com o ensino da EF. Entre aqueles que já atuaram como professores na escola (13,4 %),

172
abandonaram a profissão, 81,5% atuavam há no máximo três anos. Tal dado aponta para o alto
índice de abandono da profissão no período da iniciação à docência, dados esses em índices
superiores àqueles indicados em pesquisas internacionais sobre abandono da profissão docente
entre professores iniciantes.

Palavras-chave: Egressos, Licenciatura, Educação Física

[ID 169]

Meia culpa: narrativas colaborativas na aprendizagem em pós-graduação ou um currículo-


outro para a escrita

Ana Paz | Instituto de Educação | apaz@campus.ul.pt

Resumo

Esta comunicação procura refletir sobre a escrita, realizada no âmbito do Grupo de Estudos e
Processos Participativos e Artísticos de Investigação em Educação (GEPPAIE), sobre a narrativa
“Meia Culpa”, escrita a várias mãos em estilo livre, por vários membros deste grupo de
investigadores (docentes, alunos de pós-graduação), numa plataforma online, desde março de
2020.

Insere-se numa vasta problemática de escrita académica (Aitchison & Lee, 2006) que parte da
indagação que todos os professores a certa altura se colocam: como posso ajudar os alunos a
escrever? E, melhor, como pode o professor continuar a escrever? Uma resposta parcelar a estas
questões chegou de modo inusitado, durante o desafio colocado pela pandemia Covid-19,
quando os alunos, aqui investigadores, iniciaram conjuntamente uma narrativa online.

Com efeito, no início da constituição do GEPPAIE também ficou disponível um documento com
um breve conto autobiográfico, que se intitulava inicialmente “Foi culpa minha?” e aludia ao
sentimento da guerra fria, de algum modo similar ao que se vivia então, no intuito experimentar
a drive. Sem qualquer indicação para isso, o texto passou a ser editado e novos episódios de
uma história não linear, não científica, foram sendo escritos. Surgiu um protocolo de escrita
deste documento, por vezes intuitivo, que raramente foi discutido nas sessões ou em particular,
entre os colaboradores mais habituais. Ninguém solicitou qualquer ato ou direção de escrita, ele

173
fez-se espontamente. Sabendo de antemão que a uma experiência desta natureza não é
replicável, pondero, todavia, a necessidade de refletir sobre este evento de aprendizagem
(Atkinson, 2018) coletivo, tanto para os colaboradores, como os assistentes.

O intuito desta comunicação é explorar a ação de escrita em torno da narrativa “Meia Culpa”
durante a pandemia, partindo de uma proposta de autoetnografia, em razão de ser a primeira
autora desta narrativa, mas em que se procura o atravessamento de outras vozes através de um
questionário anónimo a todos os membros de grupo e entrevistas abertas aos colaboradores.
Proponho também uma análise documental, não só da narrativa em questão, como ainda dos
diferentes documentos que foram sendo produzidos sobre este tema pelo grupo (notas, diários,
apresentações, fotografias, imagens). A autoetnografia compromete-me ainda a uma produção
sistemática desta auto-reflexividade, com vista ao desenvolvimento de novas estratégias
pedagógicas de escrita.

Palavras-chave: Escrita inventiva, Pedagogias do ensino superior, Processos colaborativos

SESSÃO 4.6 | SESSION 4.6 – 21, 144, 172, 213

[ID 21]

Representações & Práticas da Alternância na Formação de Educadores do Campo: A


Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal de Viçosa em Foco

Lourdes Helena Silva | Universidade Federal de Viçosa | lhsilvaii@gmail.com

Diego Gonzaga Duarte da Silva | Universidade do Estado de Minas Gerais |


diegoduartegeo@gmail.com

Élida Lopes de Miranda | Universidade Federal de Viçosa | elida.miranda@ufv.br

Resumo

174
Se a necessidade de formação de professores para o campo não é novidade na realidade
educacional brasileira, a ampliação do acesso à escolarização das populações camponesa, assim
como sua elaboração como tema de pesquisa são fatos recentes em nossa sociedade. Assim,
visando suprir a escassez de informações sistematizadas sobre os cursos de Licenciaturas em
Educação do Campo em desenvolvimento no Brasil e, muito particularmente, sobre os sujeitos
e as práticas pedagógicas da alternância construídas no processo de formação de educadores
do campo, realizamos, com apoio financeiro da FAPEMIG e do CNPq, a pesquisa intitulada A
Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal de Viçosa (Licena) em Foco. Nela,
nossos propósitos foram analisar o processo histórico de construção da Licena, os princípios e
as concepções orientadoras do Projeto Pedagógico do curso, o perfil dos sujeitos integrantes do
processo de formação – educadores, educandos e egressos, assim como as representações
sociais construídas por eles sobre a alternância, de maneira a identificar os avanços e desafios
do curso na formação de educadores do campo. Metodologicamente, a investigação assumiu os
pressupostos da abordagem qualitativa de pesquisa, combinando os procedimentos técnicos da
pesquisa documental, pesquisa bibliográfica, questionários e entrevistas semiestruturadas na
coleta dos dados que, por sua vez, foram submetidos ao método de Análise de Conteúdo. Nesta
Comunicação privilegiamos a discussão e as análises sobre a Alternância na formação de
educadores do campo e as representações sociais construídas pelos sujeitos da Licena sobre
essa prática pedagógica no curso. Para tanto, uma de nossas referências centrais foi a Teoria das
Representações Sociais (Moscovici, 1978) que afirma que a maneira como os sujeitos
interpretam a realidade revela elementos orientadores de suas condutas e práticas,
apresentando contribuições para a compreensão sobre os sentidos orientadores da Alternância
no curso. Dentre outros aspectos, os resultados da pesquisa revelaram os contornos da
Alternância na Licena que, orientada para uma articulação dos saberes científicos aos saberes e
práticas sociais dos educandos, busca reconhecer e valorizar os modos de vida, de trabalho e de
lutas sociais dos povos do campo brasileiro. Revelaram, ainda, que a despeito dos desafios
enfrentados, o curso é reconhecido e valorizado como uma formação de educadores críticos e
reflexivos no desenvolvimento de práticas pedagógicas mais comprometidas com as realidades
das escolas, dos sujeitos e dos territórios camponeses.

Palavras-chave: Formação de Educadores do Campo, Formação por Alternância, Licenciatura


em Educação do Campo da Universidade Federal de Viçosa

[ID 144]

175
Formação em contextos não formais para o conhecimento didático dos professores – um
estudo com recurso à Astronomia e ao Espaço com professores do 1º ciclo do ensino básico

Isabel Borges | UIDEF, Instituto de Educação - Universidade de Lisboa |


isabelborges@campus.ul.pt

Isabel Chagas | UIDEF, Instituto de Educação - Universidade de Lisboa | michagas@ie.ulisboa.pt

Resumo

As potencialidades dos contextos não formais para a educação em ciência, englobando questões
sociais, ambientais, atuais e críticas, têm sido reconhecidas por numerosos estudos,
recomendando abordagens integradas e transdisciplinares, a partir de idade precoce nas
crianças. Porém, de acordo com relatórios internacionais recentes, demasiados alunos
continuam a revelar insuficiente literacia científica, muitos professores não integram o ensino
não formal na sua prática, além de faltarem estudos sobre programas de formação de
professores centrados nestes contextos.

Contribuindo para colmatar esta situação, foram especialmente idealizados, uma formação e
kits educativos (apoio: Agência Espacial Europeia), que desde 2015, decorre em centros de
ciência em Portugal, numa abordagem transdisciplinar STEM (Science Technology Engineering
& Mathematics), promovendo inquiry-based science learning, em temas associados à
Astronomia e ao Espaço, tão enraizados nas culturas populares e profícuos em conceções
pessoais.

Ao longo de várias edições, num estudo exploratório qualitativo procedeu-se a recolha de dados
e alguns indicadores, através de questionários, observação participante e follow-up de alguns
professores na escola. Detetou-se alteração positiva no conhecimento dos professores,
motivação e entusiasmo perante a ciência, adesão a mais formação e disseminação na escola.

Complementarmente, outro estudo está em curso (apoio Fundação para a Ciência e Tecnologia),
com o objetivo de clarificar estes contributos no conhecimento didático dos participantes (CD)
considerado como o conhecimento específico do professor e seus componentes, conhecimento
do conteúdo, pedagógico, do contexto, e disposições/emoções, bem como identificar
dificuldades demonstradas pelos participantes ao longo da formação. É um estudo qualitativo,
recorrendo a observação durante a formação, pré- e pós- questionário e análise de conteúdo

176
das produções dos professores (plano de aula, reflexão individual e apresentação), de exemplos
de produções dos alunos e observação de aula em follow-up.

Esperamos que os resultados possam levantar novas questões e incentivar futuros estudos na
relação dos campos teóricos do não formal com o CD dos professores. Sobretudo, possam trazer
novos contributos para a sua formação, com integração dos contextos formais e não formais,
bem como inovar dinâmicas dos contextos não formais, permitindo novas visões para renovar
o status quo, numa era de mudanças aceleradas.

Palavras-chave: Contextos não formais de ciência, Conhecimento didático, Formação de


professores

[ID 172]

Os impasses da educação do século xxi e o debate do ensino domiciliar no Brasil

Mariana Ferreira | Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP |


marianasegheto@gmail.com

Isabela Teles | Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP | paimteles@gmail.com

Luciane Barbosa | Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP | lumuniz@unicamp.br

Resumo

Este estudo visa apresentar o atual movimento a favor da prática e regulamentação da educação
domiciliar no Brasil, em um contexto de impasse entre a efetividade das Pedagogias modernas
e as problemáticas do sistema educacional.

Mediante pesquisa bibliográfica e documental, analisamos os processos pela regulamentação


da educação domiciliar no âmbito municipal, estadual e federal no atual contexto político de
aproximação com a legalização da prática no Brasil. O tema vem ganhando notoriedade na
imprensa e fortalecendo-se com apoio do Governo Federal que inseriu a temática como uma
das principais de sua pauta, ganhando mais força em razão de uma política mais conservadora.

O movimento da Escola Nova ou pedagogia moderna surge no início do século XX como forma
de questionamento e contraposição aos moldes tradicionais utilizados na educação até então.

177
A pedagogia contemporânea vive um impasse a partir do esgotamento das práticas pedagógicas
do século XX.

Esse impasse chegou a tal ponto que a própria ideia de escola foi colocada em questão. Nos anos
60, surgem movimentos contra a instituição escolar e uma crítica em que a própria existência
da escola parecia não ter mais sentido. Muito se fala de uma “educação ao longo da vida”, pois
a aprendizagem acontece em todo tempo e lugar, não apenas nas instituições de ensino. A
escola passa a ser vista sob a perspectiva de reprodutora das desigualdades da sociedade.

Nos últimos anos, discursos favoráveis à regulamentação da educação domiciliar no Brasil vêm
ganhando força e espaço no âmbito legislativo, executivo, judiciário e acadêmico. No ano de
2010, foi criada a Associação Nacional de Educação Domiciliar. A referida associação passou a
negociar com os poderes executivo e legislativo em prol da tentativa de regulamentação do
método sob a defesa dos direitos da família sobre a educação dos filhos e relatando a
insatisfação com o sistema educacional vigente. Essas famílias posicionam-se contra o Estado
que monopoliza a direção da educação escolar, obrigando os cidadãos a segui-la.

Este estudo aponta que a partir de então, houve um aumento nos projetos de lei com esta pauta,
sendo a fala dos representantes repleta de críticas à escola, ao sistema educacional vigente e
reforçando a ideia de liberdade de escolha das famílias. Nota-se também a expansão da
divulgação sistematizada de informações sobre educação domiciliar e apoio jurídico aos seus
praticantes.

Palavras-chave: Educação domiciliar, Impasses, Regulamentação

[ID 213]

Trajetórias de vida de professores de Educação Física iniciantes: trajetórias de inserção


profissional singulares?

José Angelo Gariglio | UFMG | angelogariglio@hotmail.com

Gabriel Ferreira Mendes | UFMG | bielfmendes99@gmail.com

Resumo

178
Este resumo discorre sobre uma pesquisa que teve por objetivo investigar as possíveis relações
entre as trajetórias de vida de professores de Educação Física (EF) iniciantes, processos
formativos e os desafios da iniciação à docência. A pesquisa nutre-se de estudos no campo da
formação de professores que tem procurado romper com a tradicional ruptura do eu
profissional e do eu pessoal, de forma a recolocar os professores no centro dos debates
educativos e das problemáticas de investigação. Tendo esse debate em perspectiva, partimos
da premissa que as trajetórias de vida e a pluralidade das experiências formativas (informais e
formais) são constituidoras de um reservatório de saberes os quais os docentes iniciantes
mobilizariam em situações de enfretamento dos desafios e dilemas da iniciação à docência, ciclo
da carreira docente esse marcado, em geral, por sentimentos extremos de desamparo, solidão,
estranheza, alienação, insegurança, obscuridade e ambiguidade. Tendo esse debate em
perspectiva, nosso estudo visou entender como os processos de socialização primária (vida
familiar, escolar, esportiva) e secundária (experiência universitária na graduação) participam,
favorecem, dificultam os processos de iniciação à docência e de desenvolvimento profissional.
Este estudo é de caráter qualitativo, e faz uso de um único instrumento de pesquisa: a entrevista
narrativa. O estudo foi feito com 12 professores/as iniciantes de EF, egressos do curso de
licenciatura em EF da UFMG, todos com no máximo três anos de inserção profissional na
docência da EF escolar. Os dados levantados apontam para uma enorme diversidade de
vivências, tomadas pelos professores/as como significativas ao processo de formação humana
e profissional. Tal diversidade de vivências foi propiciada pela vida familiar, pela participação
comunitária nos bairros, a inserção religiosa em Igrejas, o acesso a projetos culturais diversos,
na trajetória escolar/universitária, a inserção no movimento estudantil, em partidos políticos,
na relação com o universo esportivo, em coletivos de formação acadêmica e pela presença
formativa de sujeitos significativos diversos (pais, irmãos, professores, treinadores esportivos,
colegas de escola/universidade, amigos, marido, esposa). Tais achados da pesquisa sugerem que
as trajetórias de vida conformam professores plurais, com disposições sociais diversas, o que
tornaria as trajetórias de inserção profissional um fenômeno social plural, situado e intrasferível.

Palavras-chave: Trajetórias de vida, Iniciação à docência, Educação Física escolar

SESSÃO 4.7 | SESSION 4.7 – 106, 128, 131, 197

[ID 106]

A análise de necessidades de formação continua dos profissionais da saúde

179
Tiago André Gomes de Oliveira | CIEd, Instituto de Educação da Universidade do Minho |
tagoliveira@sapo.pt

Resumo

As necessidades da população têm vindo a evoluir ao longo dos tempos, avocando nos dias de
hoje particularidades e exigências diferentes, com graus de satisfação distintos de pessoa para
pessoa. No âmbito da saúde, tais necessidades exigem modelos de prestação de cuidados
devidamente atualizados, de forma contínua, com uma capacidade de resposta eficaz e
eficiente.

O desempenho global do setor da saúde é fortemente dependente dos recursos humanos, pelo
que a implementação de novos modelos de prestação de cuidados, de novas técnicas, de novos
sistemas de gestão da saúde, requer profissionais dotados de conhecimentos, aptidões e
atitudes conducentes ao exercício adequado das suas funções e consequentemente satisfação
das necessidades dos doentes.

Torna-se claro que a formação surge como essencial nos quadros de recursos humanos do setor
da saúde, objetivando o desenvolvimento e a atualização permanente de competências,
caracterizada como vetor fundamental na gestão e evolução organizacional de cada entidade
de prestação de cuidados.

Para o efeito importa, que a gestão do ciclo do ciclo formativo dos profissionais de saúde, nas
instituições onde exercem funções, seja eficaz com particular atenção à fase de análise de
necessidades de formação.

Com base num estudo realizado em 2017, em 5 hospitais portugueses, conseguimos perceber
que na análise de necessidades se verifica ausência de mecanismos definidos para esta etapa do
ciclo da gestão da formação, nomeadamente instrumentos metodológicos, assim como o
envolvimento dos profissionais no processo. São tidos em conta outros instrumentos, tais como
a avaliação de desempenho, as reclamações dos utentes e os relatórios das comissões e órgãos
de apoio aos Conselhos de Administração dos hospitais. Pelo facto de não se envolver os
profissionais na identificação das necessidades formativas, manifesta-se aqui um
comportamento altruísta, numa perspetiva positivista, por parte das organizações. Este
processo deveria ser partilhado, permitindo a negociação de interesses, desejos e
racionalidades, possibilitando articular objetivos individuais e organizacionais.

180
Palavras-chave: Formação contínua, Análise de necessidades, Formação, Profissionais de saúde,
Hospitais

[ID 128]

Desafios da educação e o papel do educador em contexto empresarial

Alda Bernardes | El corte inglés | aldabernardes@gmail.com

Resumo

A comunicação tem como objetivo abordar o lugar da educação e o papel do educador no


contexto empresarial. Partindo da realidade de uma organização do setor do retalho em
Portugal, esta comunicação visa abrir o debate a um campo ainda pouco explorado, a educação
no contexto das organizações. Tradicionalmente, é a formação de cariz profissionalizante e
também a aprendizagem, de cariz mais de adaptação do que de transformação, que têm lugar
no seio das áreas de gestão de pessoas, ou direções de recursos humanos das empresas.
Existem, contudo, sentido, lugar, possibilidade e necessidade em aberto no contexto das
empresas. Nesta apresentação abordam-se os caminhos trilhados numa organização
empresarial para a implementação de uma área de Educação. Os eixos de atuação assentam
numa trilogia de ações que vão da implementação de programas de qualificação escolar, a
medidas de corresponsabilidade em educação, à promoção da cidadania e desenvolvimento
pessoal dos trabalhadores. Neste processo é inevitável abordar o papel do educador, enquanto
agente mobilizador, mediador e facilitador de ações centradas na tomada de consciência, nos
valores e na responsabilidade dos trabalhadores enquanto pessoas e enquanto cidadãos. A
partir dos dados obtidos em questionários aplicados aos trabalhadores participantes ou
beneficiários de diferentes medidas, apresenta-se uma reflexão sobre os resultados e os
impactos positivos na vida destas pessoas, mas também um conjunto de limitações será
apresentado.

Palavras-chave: Educação de adultos, Educação permanente, Cidadania e desenvolvimento


pessoal, Educação transformadora, Formação e educação nas empresas

181
[ID 131]

Práticas pedagógicas em eja em interface com o trabalho como princípio educativo

Tânia Dantas | Universidade do Estado da Bahia | taniaregin@hotmail.com

Ednalva Nascimento | Universidade do Estado da Bahia | fnalvafiuza@gmail.com

Teresa Mendes | Universidade do Estado da Bahia | teresaneris@gmail.com

Katia Melo | Universidade do Estado da Bahia | katiafilardi@yahoo.com.br

Resumo

Este trabalho teve como objetivo identificar práticas pedagógicas em EJA que tenham interface
com a categoria trabalho como princípio educativo na Educação de Jovens e Adultos, a partir do
mapeamento de artigos publicados na Plataforma de Periódicos da Capes. Visava entender mais
a condição de oprimido e a necessidade de libertação, contemplando artigos no período de
2011-2021, e os seus resultados trouxeram contribuições para a teoria e a prática da EJA. Trata-
se de uma pesquisa em uma abordagem qualitativa e como metodologia utilizou-se o estado do
conhecimento que permite uma busca e síntese das produções científicas em um repositório de
informações que podem tecer ideias sobre essa temática. Para fundamentação teórica, optou-
se pelas pesquisas de CIAVATTA e FRIGOTTO (2012), DANTAS (2019), ROMANOWSKI e ENS
(2006) e SANCEVERINO (2017).

A investigação foi ancorada na categoria trabalho como princípio educativo por considerar um
imperativo categórico na prática da EJA, haja vista que a formação de jovens e adultos
trabalhadores atende às demandas socioeconômicas e educativas para o mundo do trabalho.
Buscar compreender como a modalidade EJA contempla práticas pedagógicas que incorporam
o trabalho como princípio educativo com homens, mulheres, jovens, adultos, idosos, negros,
indígenas e seus descendentes, todos originários de classes trabalhadoras. Torna-se
imprescindível pensar essa realidade de inclusão/exclusão com o rigor científico e crítico, pois
entende-se que a pesquisa é um dos caminhos que além da teoria, fundamenta práticas de
investigação que permitem traçar caminhos, metodologias inovadoras, que contribuam para as
mudanças no campo da EJA e consequentemente, na sociedade.

182
Constata-se que, nos últimos anos, a expansão do número de pesquisas sobre a Educação de
Jovens e Adultos (EJA), torna fundamental a construção de “estado do conhecimento” na área,
abrindo espaços para revisões de literatura capazes de compor o estado da arte que mapeia
temas, inferindo ideias a partir de referenciais teóricos, metodologias e resultados alcançados
pelos estudos realizados. Os resultados encontrados na pesquisa são relevantes pois contribui
com reflexões acerca dos vínculos trabalho e educação, além de produzir dados e informações
permitindo outras análises, estudos e questionamentos sobre o tema estudado.

Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos, Práticas Pedagógicas, Trabalho como Princípio


Educativo

[ID 197]

Referencial de formação pedagógica de Formadores em conteúdos digitais para


autoaprendizagem (e-Conteúdos)

Arnaldo Santos | Universidade Aberta | arnaldo.santos@uab.pt

Lucia Moreira | Human Architects | luciafreitasmoreira@gmail.com

Paula Valente | IEFP | paula.alexandra.valente@iefp.pt

Paulo Vieira | IEFP | paulo.vieira@iefp.pt

Daniela Barros | Universidade Aberta | Daniela.Barros@uab.pt

Resumo

A formação contínua de Formadores tem como principal objetivo promover a atualização, o


aperfeiçoamento e a aquisição de novas competências didático-pedagógicas que abrangem
diferentes domínios de atuação, nomeadamente, a conceção, a elaboração e a implementação
de programas de formação, no campo da investigação e da experimentação de novas
abordagens e metodologias aplicadas a públicos e contextos diversificados, especialmente em
ambientes de e-Learning e b-Learning.

Para o cumprimento das referidas competências, o Centro Nacional de Qualificação de


Formadores (CNQF) do IEFP que, para além da gestão e coordenação do sistema de formação e

183
certificação de formadores em Portugal, tem vindo a desenvolver uma estrutura modular de
Formação Pedagógica Inicial de Formadores, e de Formação Pedagógica Contínua do Formador
a Distância (e-Formador) com o objetivo de contribuir para a aquisição e o desenvolvimento de
competências pedagógicas e técnicas dos formadores que concorram para a elevação dos
padrões da qualidade da formação ministrada.

A inovação e evolução tecnológica lança novos desafios aos Formadores, sendo necessário um
grande esforço de adaptação e de domínio, quer do ponto de vista dos modelos pedagógicos,
quer do ponto de vista dos processos comunicacionais em ambientes de aprendizagem e em
conteúdos digitais.

Neste contexto, foi desenhado o novo Referencial de Formação Pedagógica Contínua de


Formação em Conteúdos Digitais para Autoaprendizagem (e-Conteúdos) que explora as
dimensões pedagógicas e tecnológicas da produção de conteúdos digitais para ambientes de
formação a distância.

Este artigo apresenta os fundamentos deste referencial, a sua aplicação e validação num estudo
de caso suportado por duas ações de formação de e-Conteúdos.

Pretende-se com este estudo de caso, e numa ótica de melhoria contínua, compreender de que
forma a estrutura modular do referencial adotado influencia os resultados obtidos pelos
formandos das ações de formação de e-Conteúdos e qual o seu grau de satisfação.

Palavras-chave: Formação de Formadores, Práticas Pedagógicas, Tecnologias digitais e e-


Learning, e-Formador, Formação Profissional, e-Conteúdos, Referencial de Formação
Pedagógica de eFormadores

SESSÃO 4.8 | SESSION 4.8 – 18, 51, 92, 100

[ID 18]

Qual o lugar das TIC na Formação Inicial de Professores Portugueses?

Cristiano Rogério Vieira | Instituto de Educação, Universidade de Lisboa - UIDEF |


cristiamviera93@gmail.com

Neuza Pedro | Instituto de Educação, Universidade de Lisboa - UIDEF | nspedro@ie.ulisboa.pt

184
Resumo

A presente comunicação é resultado de sequenciadas etapas de investigação de natureza


qualitativa e de âmbito descritivo-analítico, que procuraram identificar a presença das
tecnologias da informação e comunicação (TIC) nos cursos de formação inicial de professores
portugueses. As referidas etapas constaram de uma revisão sistemática de literatura elaborada
por meio de metassíntese qualitativa, que buscou apresentar o estado da arte da integração das
TIC na formação inicial dos professores portugueses, entre os anos de 1998-2019; e de duas
análises documentais, assentes numa metodologia de Análise de Conteúdo. Na primeira
analisou-se normativos e legislação portuguesa e europeia orientadas para a formação inicial de
professores, com vista a identificar em que medida e como tais documentos consideram a
integração das tecnologias da informação e comunicação na formação inicial de professores. Na
análise documental, analisou-se 978 programas das unidades curriculares estruturantes de 82
cursos de mestrados de formação inicial dos educadores de infância e professores de 1º e 2º
Ciclo do Ensino Básico, em 58 instituições de ensino superior em atividade no ano letivo
2019/2020, distribuídos por 17 dos 18 distritos de Portugal Continental, com o objetivo de
compreender a forma como as TIC se encontram aí presentes. Os resultados alcançados na
etapa de revisão da literatura indicaram que, referente a integração das tecnologias na
formação inicial de professores, apresentam-se em maior proporção os aspectos de retrocesso
e estagnação, frente a um limitado avanço na mudança de posturas de professores do ensino
superior sobre a importância das tecnologias na formação oferecida aos futuros professores. No
âmbito das análises documentais identificou-se que, tanto Portugal como vários países que
compõem a União Europeia, possuem normativos e legislação que orientam para a integração
das tecnologias da informação e comunicação no contexto da formação inicial de professores.
Por fim, os programas curriculares de formação inicial de professores e educadores de infância
portugueses revelaram que a presença das TIC se revela ainda discreta e distante dos objetivos
preconizados pelo referencial europeu de competências digitais para educadores
(DigCompEdu).

Palavras-chave: Análise Documental, Formação Inicial de Professores, Tecnologias da


Informação e Comunicação

[ID 51]

185
Literacia e Cidadania digital: repensar as estratégias pedagógicas através de uma
intencionalidade cívica

Daniela Silva | Faculdade de Letras da Universidade do Porto | danielasilva0497@gmail.com

Resumo

As estratégias pedagógicas em torno da Literacia digital e da Cidadania digital (ou Participação


cívica no espaço digital) têm-se vindo a multiplicar nos últimos anos. No entanto, estas
estratégias nem sempre resultam em ações efetivas nos que as deveriam aprender e
operacionalizar. O quadro conceptual de Paul Mihailidis, em Civic Media Literacies: Re Imagining
Human Connection in an Age of Digital Abundance (2019), dá-nos conta da existência de uma
“lacuna de agência cívica”. Por um lado, o autor preserva a necessidade de uma literacia
mediática entre os jovens, mas questiona a eficácia das abordagens normativas envolvidas neste
processo (baseadas no esquema aceder, analisar, avaliar, criar e agir). Estas estratégias
articulam e motivam a consciência sobre um concern (problema/preocupação), mas falham em
traduzi-lo em capacity (capacidade/poder). Por essa razão, ao focarem-se, na maior parte das
vezes, na desconstrução objetiva das mensagens mediáticas e no provisionamento de
capacidades técnicas individuais, provocam uma certa desconfiança em relação às instituições
mediáticas, desencorajando a participação dos mais novos.

O autor questiona-se, então, como é que as tecnologias podem ser Team Human. A resposta
reside na procura de agirmos segundo uma civic intentionality. Em termos práticos, trata-se de
um design de iniciativas que se foquem em “processes and practices that help people not only
“exercise democratic power,” but also find out where that power lies and how to exercise it.”
(Gordon and Mihailidis, 2016, 2). A participação concretizar-se-ia mediante uma reflexividade
contínua entre uma “voz ativa” (baseada na experiência pessoal), no acionamento de valores
humanos (refletindo sobre o impacto da experiência pessoal ao nível do coletivo/da
comunidade) e, por fim, em ponderar sobre as “ferramentas, as plataformas e as práticas”
necessárias à participação.

Nesta comunicação pretende-se refletir sobre a abordagem crítica e metodológica de Mihailidis


à luz dos resultados de um projeto-piloto realizado em 2020. O projeto, designado “Comunica
com energia pela Cidadania ambiental”, incluía uma componente de desenvolvimento pessoal
e autoexpressão e outra de literacia digital. Os resultados permitiram levantar uma série de

186
questões relacionadas com o seu impacte nos participantes, entre elas a confirmação de uma
“lacuna de agência cívica” no cumprimento do resultado esperado.

Palavras-chave: Literacia Digital, Cidadania Digital, Participação Cívica, Literacia Mediática


Cívica, Estratégias Pedagógicas

[ID 92]

Políticas públicas educacionais de formação de professores por meio da educação a distância


no Pará

Benilda Miranda Veloso Silva | UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS- UFMG |


benildaveloso@hotmail.com

EucÍdio Pimenta Arruda | UNIVERSIDADE DE MINAS GERAIS- UFMG | eucidioo@gmail.com

Resumo

Este artigo tem como objetivo investigar as políticas públicas educacionais de educação a
distância desenvolvida no estado do Pará no período de 2009 a 2019 por meio do Programa
Universidade Aberta do Brasil (UAB). Esta pesquisa justifica-se pela necessidade de se obter
dados que demonstrem o alcance da formação de professores por meio deste programa. Do
ponto de vista metodológico, trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo bibliográfica e
documental, dentre os quais se destacam-se: Bonetti (2011), Belloni (2015), Arruda e Arruda
(2015) e Mill (2016). Nossas analises refletem o resultado de algumas aferições sobre a
importância da EaD para a política de expansão dos níveis de escolaridade. Foram utilizadas as
informações das Sinopses Estatísticas do INEP para descrever a quantidade de vagas ofertadas,
alunos matriculados e alunos egressos do ensino superior a distância, o período de 2009 a 2019.
Os dados do INEP demonstram ainda que as lacunas na formação de professores no estado do
Pará fazem com que uma política pública como a UAB torne-se necessária. Nesse sentido, a
opção pela identificação de efetividade da política pública da UAB na formação de professores
da EAD pode nos indicar importantes dados sobre caminhos possíveis para a continuidade
destas iniciativas governamentais. Os resultados preliminares mostram que a quantidade de
vagas novas ofertadas em 2019 no Brasil, são de 7.805.840 novas vagas, na região norte, são de
288.912 novas vagas, no estado do Pará, são de 241.440 novas vagas. Em 2019, 63,2%

187
(10.395.600) das vagas ofertadas foram nessa modalidade, entre as 16.425.302 vagas
disponíveis para o nível de ensino, no total. Observamos que o número de matrícula da região
norte significa 11,83% das matrículas do Brasil. O estado do Pará por sua vez representa apenas
5,11% das matrículas da região Norte. Conclui-se que as políticas públicas educacionais são
marcadas pelas contradições inerentes às perspectivas adotadas por cada governo. Trata-se de
uma reflexão sobre o contexto no qual se desenvolveu essas políticas para que possamos
compreender seus limites e possibilidades no processo de formação de professores.

Palavras-chave: Políticas públicas educacionais, Educação a Distância, Formação de professores

[ID 100]

Os desafios da geografia escolar no processo ensino-aprendizagem com o uso de tecnologias


digitais na educação

Washington Oliveira | Universidade de Brasília - UnB | washington@washingtoncandido.com.br

Fernando Luiz Sobrinho | Universidade de Brasília - UnB | flasobrinho@gmail.com

Resumo

Os contextos de aprendizagem deste século XXI demandam estratégias para viabilizar o ato de
aprender. A aprendizagem com o uso das tecnologias ligadas a internet está entre as
preocupações na educação, pois é de importância fundamental para o sujeito, contudo carece
romper com os modelos tradicionais do modo como se ensinar. Essa mudança de foco, quanto
à maneira de ensinar, deu novo rumo ao ensino, em especial ao de Geografia. Justifica-se esta
pesquisa para compreender os determinantes da aprendizagem que levam o sujeito à
autoaprendizagem e a busca da superação das limitações que devem estar presentes no ato de
aprender. O objetivo principal deste trabalho é investigar os componentes que envolvem a

188
aprendizagem e que estejam envolvidos com o uso das tecnologias digitais. Desenvolver
atividades de pesquisa para investigar o uso das Tecnologias Digitais da Informação e
Comunicação na educação no campo da Geografia com o objetivo de apoiar, instrumentalizar e
apontar caminhos para que a geografia escolar seja um instrumento para educação. Necessita-
se mapear metodologias no processo ensino-aprendizagem para tanto, entrevistas com
professores e alunos da rede pública do Distrito Federal embasada no método de abordagem
qualitativo e se utilizará o grupo focal para ordenar as informações e resultados obtidos. Assim,
a metodologia de recolha e análise dos dados será qualitativa com o objetivo de aprofundar-se
na compreensão do fenômeno que se estuda. Preliminarmente, tem-se como resultados que
cada recurso mediático empregado com a tecnologia digital contém características estruturais
específicas e níveis de diálogos possíveis, os quais interferem no nível da distância transacional
segundo a concepção epistemológica e a respectiva abordagem pedagógica.

Palavras-chave: Educação, Geografia, Tecnologias

189
ATELIÊS 5

ATELIERS 5
11/02 | 9h45 – 11h15

190
ATELIÊS 5 I ATELIERS 5 - 11/02 | 9h45 - 11h15

SESSÃO 5.1 | SESSION 5.1 – ID 40, 45, 99, 202

[ID 40]

Influencers de migração: quem ensina como emigrar?

Tulio Villafane-Fernandez | Universidad de Sevilla | tuliovillafane@gmail.com

José González-Monteagudo | Universidad de Sevilla | monteagu@hotmail.com

Resumo

Este artigo analisa a produção discursiva de quatro criadores de conteúdo (influenciadores


digitais) para a plataforma de vídeos Youtube dedicados ao tema da migração. Aqui destacamos
o potencial das tecnologias digitais como uma ferramenta de aprendizagem dentro da temática
das tecnologias educacionais inseridas no contexto das mudanças nos hábitos de consumo e
produção de informações. Diante de uma globalização assimétrica e de desenvolvimentos
nacionais excludentes, a criação de canais de comunicação dedicados à partilha de informações
sobre migração pode mobilizar experiências e esforços contra-hegemônicos ao construir
estratégias para a quebra das barreiras que limitam a circulação de pessoas. Assim, os
influenciadores destacados, em colaboração com seus interlocutores, produzem conhecimentos
de forma autônoma e experiencial que são organizados para orientar, dar sentido ou traduzir as
dúvidas e anseios daqueles que planejam deixar a madre pátria. Essa investigação analisa
criticamente como esses criadores de conteúdo constroem entendimentos sobre a experiência
da migração, sobre os países “de primeiro mundo”, projetam futuros possíveis e influenciam os
planos de migração de milhares de pessoas. Foram selecionados os quatro primeiros vídeos com
mais de dez mil visualizações para a busca “trabalho na Espanha para brasileiros” recomendados
pela plataforma Youtube. Em uma primeira etapa, recorremos à análise de conteúdo para
organizar e classificar o conteúdo vinculado nos vídeos. Na segunda etapa, analisamos por meio
da análise crítica do discurso o local de fala dos influenciadores e as implicações éticas das
posições adotadas em relação a migração. A análise mostrou que os canais especializados em
migração permitem o compartilhamento e construção colaborativa de saberes práticos. Como

191
aspecto positivo cabe destacar a linguagem simples, a especificidade temática e liberdade de
expressão como principais características. Contudo, uma parcela desses influenciadores
generaliza experiências pessoais ou reduzem os processos complexos da migração criando a
ilusão de que tudo é possível. Futuras investigações se beneficiaram de uma análise ampla,
atento a como esses influenciadores constroem as rotas migratórias imaginárias para os
brasileiros.

Palavras-chave: migração, influenciadores digitais, Youtube

[ID 45]

A privação da liberdade em tempos líquidos: uma análise sobre a efetivação da educação em


face do inédito-viável

Patricia de Mello | Universidade Estadual do Paraná UNESPAR |


profpatriciademello@gmail.com

Daniel Gomes | Universidade Estadual do Paraná | profdanielmgomes@gmail.com

Anna Luiza Freitas | Centro Universitário Filadélfia UNIFIL | annapossagnoli@hotmail.com

Resumo

O presente resumo objetiva, por meio da metodologia da análise de conteúdo, segundo a


perspectiva de Bardin (2011), propiciar a compreensão da privação da liberdade em tempos
líquidos e a efetivação da educação em face do inédito-viável. Para tanto, partiu-se da premissa
de que em tempos líquidos a privação da liberdade compromete o diálogo. E, as prerrogativas
dos educandos são cerceadas e desrespeitadas por um sistema que desconhece o verdadeiro
sentido de inédito-viável e que discriminam os estudantes que não condições materiais e
emocionais para acompanharem a transformação no meio educacional, em tempos de
pandemia. Para a comprovação da premissa supra exposta foram coletados artigos publicados
na base Scielo no mecanismo de busca desta plataforma foi utilizada a relação “privação de
liberdade”; “educação”; “inédito viável”; “tempos líquidos”. Como marco teórico da pesquisa,
destacam-se: Paulo Freire, que indicará o conceito de diálogo e inédito viável, demonstrando
ações para superação em espaços esducacionais e Zygmund Bauman, trazendo o significado de

192
sociedade líquida para a análise da privação de liberdade, na contemporaneidade, em tempos
líquidos e de crise. A pesquisa encontra-se em andamento e conclui de forma parcial, que há
necessidade fundamental do conhecimento dos conceitos de diálogo, inédito-viável para que a
privação da liberdade, em tempos líquidos não cerceie a efetivação da educação em face do
inédito-viável.

Palavras-chave: Privação da liberdade, Tempos líquidos, Inédito-viável, Diálogo

[ID 99]

As políticas de intervenção prioritária em Portugal: contextos, públicos-alvo e formas de


Intervenção

Mariana Dias | Escola Superior de Educação de Lisboa | mariana.c.c.dias@gmail.com

Resumo

As políticas de discriminação positiva desenvolveram-se com base no pressuposto de que a


“igualdade de acesso”, dada a heterogeneidade da população escolar, não se traduzia
geralmente em igualdade proporcional de resultados. Esta ideia foi expressa de forma
paradigmática por Bourdieu, ao criticar a indiferença às diferenças e a função de segregação que
a escola desempenha mesmo quando se equacionam as questões exógenas que dificultam o
acesso à escola (custos indiretos da escolaridade como transportes ou material escolar). Em
Portugal, a não indiferença às diferenças vai ser assumida, de forma mais explícita, através da
criação de escolas e territórios de educação prioritária.

Esta comunicação visa descrever e analisar as principais etapas de desenvolvimento das politicas
de educação prioritária (1988- ) , identificando as principais mudanças verificadas tendo como
referência os contextos em que as principais diretrizes legislativas foram definidas , os público-
alvo visados e as estratégias de investigação preconizadas.

A fundamentação da reflexão a empreender tem por base principal a análise documental da


legislação e os relatórios de avaliação produzidos sobre as referidas políticas mas não esquece
que as politicas não são apenas “textos “.Com efeito , a perspetiva teórica e metodológica
subjacente a este trabalho tem sido designada como “abordagem de trajetória” ou de “ciclo

193
político” e procura captar as formas pelas quais as políticas evoluem, se modificam e decaem ao
longo do tempo (Ball, 2008).Nesse sentido , serão mobilizados projetos de investigação
realizados pela autora ao longo da ultima década e que envolveram a aplicação de surveys aos
principais atores educativos ,a realização de estudos de caso e o acompanhamento estatístico
dos resultados das escolas TEIP e Não TEIP.

A reflexão revela uma grande proximidade entre as grandes etapas de desenvolvimento das
políticas de educação prioritária em Portugal e os períodos de alargamentos da escolaridade
obrigatória no país. Apesar disso, é notória a influencia da agenda europeia, especialmente
partir de finais do seculo XX, nas políticas nacionais de discriminação positiva designadamente
no que respeita aos públicos escolares visados e às estratégias de intervenção definidas. Não se
verificou, contudo, uma fragmentação das respostas comparável á que se verifica no espaço
europeu, embora as últimas décadas também sejam caraterizadas em Portugal por uma
crescente diversidade de programas e projetos neste domínio.

Palavras-chave: educação prioritária, equidade, Políticas educativas

[ID 202]

Educação do Campo e relações étnico-raciais: a representação imagética dos campesinos,


negros e indígenas em imagens nos livros didáticos da coleção Buriti Mais

Raquel Freitas | Universidade Federal de Pernambuco | raqueldasilvafreitas.ufpe@gmail.com

Resumo

O presente texto parte de uma análise histórica colonial que mostra a face ocultada pela
Modernidade/Colonialidade e as propostas de Decolonização, constituindo meios de superação
da subalternização e silenciamento dos grupos excluídos. O estudo dos Livros Didáticos se
justifica baseado na sua função sociocultural. As coleções, avaliadas e distribuídas no Brasil pelo
Programa Nacional do Livro Didático, assumem um papel central no cotidiano escolar e na vida
dos alunos. Constitui-se, assim, enquanto problematização: como são representados
imageticamente os campesinos, os negros e os indígenas nos Livros Didáticos na coleção Buriti
Mais (2019)? Para responder a essa questão elegemos como objetivos: a) identificar e
caracterizar a representação imagética das atividades realizadas pelos campesinos, negros e

194
indígenas nos livros didáticos investigados; b) identificar quais os lugares que os sujeitos
campesinos, negros e indígenas ocupam nessas imagens. Para tanto, filiamo-nos às abordagens
teórico-metodológicas os Estudos Pós-Coloniais Latino-Americanos (QUIJANO, 2000; MIGNOLO,
2008; WALSH, 2008), autores que auxiliam na discussão do papel da Educação do Campo
(ARROYO, 2017; CALDART, 2002; FERNANDES, 2006), no debate sobre a Educação das Relações
Étnico-Raciais (GROSFOGUEL, 2016; MUNANGA, 2008), e a respeito do Currículo (ESCOBAR,
2005; LOPES, 2013; SILVA, 2000). Como procedimento de análise de dados utilizamos a Análise
de Conteúdo via Análise Temática (BARDIN, 1995; VALA,1999). As análises apontam que os
Livros Didáticos da coleção se constituem em uma relação conflitiva entre a desvinculação do
modelo hegemônico colonial e a sua continuidade, quando carregam marcas da Herança
Colonial na naturalização dos processos de escravização, patriarcalismo, genocídio,
epistemicídio e esquecimento, homogeneíza os conhecimentos e folcloriza as expressões
culturais. Como considerações, a despeito de um dos meios de superação da subalternização e
silenciamento dos grupos excluídos apresentamos um Currículo Decolonial. Uma proposta de
ensaio para a desconstrução de padrões hegemônicos da intelectualidade e o encaminhamento
para afirmação de novos espaços de enunciação epistêmica.

Palavras-chave: Estudos Pós-coloniais Latino-americanos, Educação do Campo, Educação das


Relações Étnico-Raciais, Livros Didáticos

SESSÃO 5.2 | SESSION 5.2 – 130, 141, 196, 216

[ID 130]

A inteligência emocional e as competências sócio emocionais: diálogos e reflexões no processo


ensino-aprendizagem em Instituição de nível superior no Brasil

Isabel Arantes | Universidade Federal de Itajubá - Unifei | isabel.adm@unifei.edu.br

Eliana Salomon | Universidade Federal de Itajubá - Unifei | salomonefs@gmail.com

Natália Dias | Centro Universitário de Formiga – Unifor | isabel.admpuc@yahoo.com.br

195
Resumo

A Inteligência Emocional e as Competências Sócios emocionais têm sido temáticas relevantes na


contemporaneidade, especialmente no campo da Educação e da Pedagogia. Trata-se de
construtos essenciais à vida e ao processo de ensino-aprendizagem. Diante dessa perspectiva, o
presente artigo objetiva discutir as interfaces teórico-práticas entre a inteligência emocional e
as competências sócio emocionais, bem como os impactos decorrentes dessa articulação nos
processos de ensino-aprendizagem da educação superior. Para cumprir com esse objetivo
buscou-se: (i) discutir os aspectos conceituais da Inteligência Emocional; (ii) problematizar o
processo de desenvolvimento das Competências Socio emocionais e; (iii) apresentar as
interfaces e correlações teórico-práticas da Inteligência Emocional e das Competências Sócio
emocionais nos processos de ensino-aprendizagem. Em termos procedimentais, realizou-se um
estudo teórico buscando na literatura o embasamento para o estabelecimento de correlações
entre tais abordagens. Os resultados demonstram que a inteligência emocional tende a
influenciar no desempenho vivencial dos indivíduos em todos os âmbitos, assim como as
competências sócio emocionais tendem a favorecer o ajustamento social e emocional dos
indivíduos em seus processos vivenciais. De tal modo que a Inteligência Emocional e a
Competência Sócio emocional se apresentam como construtos imbricados, inter-relacionados e
altamente necessários ao processo de ensino-aprendizagem, especialmente no contexto da
educação superior.

Palavras-chave: Inteligência emocional, Competência Sócio emocional, Processo ensino-


aprendizagem

[ID 141]

Desenvolvimento das estruturas cognitivas dos alunos acerca do Ciclo do Cobre

Iva Martins | Instituto de Educação da Universidade de Lisboa | ivamartins@campus.ul.pt

Mónica Baptista | Instituto de Educação da Universidade de Lisboa | mbaptista@ie.ulisboa.pt

196
Resumo

O ciclo do cobre é uma das atividades experimentais implementadas nos cursos de Química, e
permite aos alunos explorar conceitos relacionados com o princípio da conservação de massa e
reações químicas. Assim, é importante compreender as conceções e as dificuldades iniciais dos
alunos, de forma a implementar estratégias de ensino-aprendizagem que permitam aos alunos
superá-los. Neste sentido, o objetivo deste estudo foi avaliar o desenvolvimento das estruturas
cognitivas dos alunos e, mais especificamente, pretendeu-se saber como as estruturas
cognitivas dos alunos em relação ao ciclo do cobre evoluem após uma sequência de aulas
baseadas em tarefas de investigação (“Inquiry-based Learning”, IBL) Os participantes foram 43
alunos de uma escola pública portuguesa do ensino secundário, que frequentaram o 12.º ano.
A avaliação das estruturas cognitivas dos alunos foi realizada através da aplicação de um teste
de associação de palavras (“Word Association Test”, WAT), de acordo com um design pré-
teste/pós-teste, ou seja, antes e após a realização da atividade de investigação. Além disso, e
como forma de divulgar a natureza da associação, os alunos foram solicitados a escrever frases
que incluíssem as palavras associadas. Os dados obtidos no WAT foram utilizados para construir
os mapas das estruturas cognitivas dos alunos, o que permitiu a sua caracterização em dois
momentos distintos, e a avaliação do seu desenvolvimento em relação ao ciclo do cobre. Este
estudo ilustra o uso de um WAT como um instrumento adequado para elucidar sobre as
estruturas cognitivas dos alunos e sua adequação para investigar as conceções, dificuldades e
resultados de aprendizagem dos alunos.

Palavras-chave: Estruturas cognitivas, Word Association Test (WAT), Inquiry-based Learning


(IBL)

[ID 196]

Competências digitais dos alunos da Educação Básica: o que diz a investigação?

Emily Sousa | Universidade de Lisboa | ellenemily@hotmail.com

Elisabete Cruz | Universidade de Lisboa | ecruz@ie.ulisboa.pt

Fernando Costa | Universidade de Lisboa | fc@ie.ulisboa.pt

197
Resumo

A problemática do desenvolvimento das Competências Digitais dos alunos é uma questão


crescente no âmbito da investigação na área da Educação, uma vez que têm sido consideradas
imprescindíveis para uma cidadania autónoma e crítica. Nessa linha, esta proposta de artigo
apresenta os resultados de uma revisão sistemática da literatura sobre as Competências Digitais
dos alunos em contexto de escolaridade obrigatória. A revisão apresentada faz parte de uma
investigação em desenvolvimento, no âmbito do mestrado, em que se pretende desenhar um
sistema de certificação das competências digitais dos alunos do 1.º ciclo do ensino básico. O
principal objetivo desta revisão é caracterizar a situação atual da produção científica (dos
últimos 5 anos) sobre competências digitais dos alunos no contexto da escolaridade obrigatória.
Assim, procurou-se perceber qual o foco predominante dos estudos identificados e selecionados
para análise, em que referenciais teóricos ou outros se baseiam esses estudos, o nível de
escolaridade em que, empiricamente, se situam e, por fim, que competências digitais são
abrangidas. Para a realização da revisão sistemática, tomou-se como base a proposta
metodológica de Newman e Gough (2020) e desenvolveu-se um percurso que incluiu as
seguintes etapas: definição de objetivos/questões, das palavras-chave e das bases de dados;
determinação dos critérios de inclusão e exclusão; apresentação e discussão dos resultados. Os
resultados da revisão mostram que há uma menor incidência de trabalhos que abordem de
forma específica as competências digitais dos alunos mais jovens, ou seja, os alunos dos 1.º, 2.º
e 3º ciclos. Percebe-se, por outro lado, que muitos estudos se focam mais na identificação de
estratégias visando o desenvolvimento das competências digitais, do que na avaliação dessas
competências, em que o número de estudos é menor.

Palavras-chave: Competências Digitais, Alunos, Educação Básica

[ID 216]

Potencialidades do estudo contextualizado do sistema cardiovascular para o desenvolvimento


da linguagem científica

Ian Martins | Instituto de Educação da Universidade de Lisboa | ianm@edu.ulisboa.pt

Cecília Galvão | Instituto de Educação da Universidade de Lisboa | cgalvao@ie.ulisboa.pt

198
Resumo

A disciplina de ciências avoca uma importância em formar cidadãos com literacia científica, que
tem por sua base o ensino da linguagem científica. Muito das dificuldades relatadas pelos
professores de ciências é o ensino da linguagem científica aos alunos.

Como alternativa surge a contextualização para que os alunos aprendam ciências com um
significado real, com suas atitudes, valores e interesses próprios.

A partir disso, o presente relatório realizado na unidade curricular de Iniciação a Prática


Profissional, teve como objetivo analisar as potencialidades do estudo contextualizado do
sistema cardiovascular para o desenvolvimento da linguagem científica. Para responder as
questões de investigação, avaliou-se os contributos desta abordagem didática para o
desenvolvimento da linguagem científica nos alunos, as competências que desenvolveram, as
principais dificuldades evidenciadas pelos alunos, e que opinião têm os alunos.

Na proposta de intervenção, a contextualização foi abordada no seguimento do projeto “as


nossas tradições a luz da ciência”, com a ingestão de bebidas alcoólicas como forma de
aquecimento do corpo no inverno.

As aulas foram centradas na utilização da linguagem científica e de atividades que acometessem


os alunos para o mesmo sentido, não só nas tarefas solicitadas aos alunos, mas também na
forma como os conteúdos foram apresentados. A recolha dos dados foi realizada através de
observação das aulas, questionário e análise documental.

A partir da análise dos dados é possível inferir que a abordagem didática tem potencial para
contribuir com o desenvolvimento da linguagem científica dos alunos e também permitiram o
desenvolvimento de diversas competências alavancadas nas aprendizagens essenciais (2018). A
principal competência desenvolvida pelos alunos foi a capacidade de construírem explicações
científicas. A maioria dos alunos não apresentou dificuldade em lidar com as atividades e com a
linguagem científica durante as aulas e de modo geral fazem uma avaliação positiva da proposta
em relação as suas aprendizagens e vantagens na utilização de abordagens deste modelo
contextualizado.

Palavras-chave: sistema cardiovascular, ensino contextualizado, linguagem científica

199
SESSÃO 5.3 | SESSION 5.3 – 56, 115, 146, 162

[ID 56]

O que se entende sobre inovação na educação: análise do uso do conceito em publicações de


2020

João Gomes | UNICAMP | joaomiguelgabriel82@gmail.com

Raul França | UNICAMP | raulfranca@gmail.com

Ana Maria Aragão | UNICAMP | anaragao@terra.com.br

Resumo

A pesquisa em tela é parte de um estudo maior sobre projetos pedagógicos inovadores em


escolas públicas que inclui uma busca aprofundada do conceito de inovação educacional dentro
da sociedade atual. Considerando a diversidade dos discursos que fazem referência a esse
termo, esta pesquisa de iniciação científica teve como objetivo produzir um registro sobre os
sentidos e conotações trazidos explícita ou implicitamente por veículos midiáticos acerca do
conceito de escolas inovadoras e de inovação educacional nos anos de 2020 e 2021. Toma-se
como objeto de análise as publicações não acadêmicas (reportagens, entrevistas, documentos
etc.) que utilizam o termo “inovação” atrelado à educação. O levantamento das publicações foi
feito por meio da ferramenta Google Notícias. Utilizando a metodologia de análise de conteúdo
e um software para auxiliar na codificação (ATLAS.ti), e foram buscados indícios que ajudaram a
mapear a variedade de sentidos atribuídos pela mídia à inovação no âmbito educacional. Os
resultados gerados a partir desta pesquisa são importantes para a tentativa de entender quais
as possíveis impressões que a mídia apresenta para a sociedade brasileira no que se diz respeito
à ideia de inovação dentro do âmbito educacional. Analisar a forma e a maneira como um
determinado tema é abordado para uma parcela considerável da população é um processo
necessário para analisar os caminhos que determinada inovação pode seguir. Como resultado,
foram geradas 5 categorias de análises principais sobre inovação na educação: inovações na
estrutura física da instituição, inovação e questões sociais, inovação digital e tecnológica,
inovação na gestão escolar e inovação metodológica, importantes para a análise dos possíveis
sentidos atribuídos pelos veículos midiáticos sobre o conceito de inovação na educação. Toda e
qualquer mudança, nos mais variados aspectos de uma sociedade moderna, deve, ou deveria,

200
perpassar, pelo amplo conhecimento da comunidade ou da população como um todo. Por isso,
se faz necessária a análise qualitativa de temáticas que se relacionam, em determinado assunto,
nas publicações que chegam, pelas mídias sociais, aos indivíduos. As mídias sociais demonstram
ao longo do tempo a habilidade de construir ideais muitas vezes equivocados ou
ideologicamente parciais que devem ser pesquisados, analisados e, em determinadas situações,
modificados.

Palavras-chave: Escolas inovadoras, análise de publicações, inovação educacional

[ID 115]

A vulnerabilidade acrescida em saúde comunitária

Edmundo Sousa | Escola Superior de Enfermagem de Lisboa | jesousa@esel.pt

Claudia Bacatum | Escola Superior de Enfermagem de Lisboa | claudia.bacatum@esel.pt

Resumo

A vulnerabilidade é um conceito geral que, em saúde, significa suscetibilidade para desenvolver


determinado problema de saúde. Assim, entendem-se por populações vulneráveis aquelas que
têm maior risco de desenvolver problemas de saúde a nível físico, psicológico ou social devido
ao seu status sociocultural marginalizado, ao seu acesso limitado a recursos económicos ou
devido a caraterísticas individuais tais como o género ou a idade. O conceito de vulnerabilidade
aplica-se tanto a indivíduos como a populações e tem associado uma conotação pejorativa
porque frequentemente essas populações são caraterizadas pelo que as torna mais frágeis, e só
raramente são referidas pelas suas capacidades, que se forem mobilizadas, as tornam
resilientes. O risco é uma ameaça a um sistema, composto de perturbações e stresse.
Geralmente assume-se “perturbação e stresse” como algo que vem de fora do sistema. No
entanto, esta leitura poderá ser demasiado limitadora, uma vez que existe uma troca de
matéria, energia e informação com o meio externo. A capacidade de resposta (do sistema face
às perturbações) para ajustar a um dano/perturbação será a capacidade desse sistema em
tomar partido das oportunidades e lidar com as consequências de uma transformação que
ocorre. A capacidade de resposta será claramente um atributo da pessoa, grupos e/ou
comunidade. Exemplos de acréscimo de vulnerabilidade são os fenómenos sociais ligados à

201
pobreza, à migração, doença mental, comportamentos aditivos, institucionalização de criança,
de idosos, ou em prisões, a violência sobre a criança, a mulher ou o idoso, o cliente em cuidados
paliativos, adolescente grávida, famílias instáveis, vítimas de violência, sem abrigo, jovens de
rua.

Palavras-chave: Vulnerabilidade acrescida, Comunidade, Saúde

[ID 146]

Tipos de bullying mais frequentes no contexto desportivo: Uma revisão sistemática da


literatura

Álvaro Vaz | Instituto Politécnico de Bragança, Escola Superior de Educação; Universidade do


Porto, Faculdade de Desporto | alvarovaz@ipb.pt

Carlos Dias | Universidade do Porto, Faculdade de Desporto

Edvaldo Della Casa | Universidade do Porto, Faculdade de Desporto

Paula Vaz | Centro de Investigação em Educação Básica (CIEB), Instituto Politécnico de Bragança,
Portugal | paulavaz@ipb.pt

Resumo

O Bullying é uma ação comportamental agressiva e repetida no tempo exercida entre indivíduos
com impossibilidade de defesa por parte de um ou mais dos elementos envolvidos na qualidade
de vítimas, que tem vindo a ser motivo de grande reflexão no âmbito escolar por parte da
comunidade académica. No domínio desportivo também se verificam crescentes preocupações
com este fenómeno por parte de pais, treinadores e ademais agentes desportivos. No presente
trabalho faz-se um levantamento dos estudos científicos que têm vindo a ser realizados no
âmbito do bullying tendo em vista a identificação do tipo de bullying mais prevalente nos
desportos coletivos e individuais. Assim, recorreu-se à pesquisa de artigos nas bases de dados
B-On, SCOPUS e EBSCO, a partir da qual se obtiveram 76 artigos. Após aplicados os critérios de
inclusão e de exclusão, foram analisados 9 artigos, sendo 5 correspondentes a estudos
qualitativos e 4 a estudos quantitativos. Foi possível concluir que a investigação recente no
âmbito desta temática no desporto é escassa. No entanto, parece haver maior prevalência de

202
bullying físico, verbal e de exclusão social. Os autores salientam ainda a necessidade de se
investir na formação dos treinadores e professores para clarificar o conceito de bullying de
forma a poder aumentar a probabilidade de uma correta e atempada identificação, e posterior
intervenção com vista à irradicação deste fenómeno nefasto para o desenvolvimento dos
adolescentes e jovens.

Palavras-chave: Bullying, Violência, Agressividade, Desporto, Revisão sistemática

[ID 162]

Educação em saúde: Desafios atuais para a formação de educadores

Mônica Kassar | Universidade Federal de Mato Grosso do Sul | monica.kassar@gmail.com

Luiza Kassar | Faculdade de Medicina e Odontologia e Centro de Pesquisas Odontológicas São


Leopoldo Mandic | luiza.kassar@gmail.com

Beatriz Kassar | Universidade Federal de Mato Grosso do Sul | biamgkassar@gmail.com

Resumo

Entre final do século XIX e início do século XX a atenção à saúde adentra as escolas brasileiras
sob a perspectiva do movimento higienista. Naquele momento, o cuidado com a saúde mesclava
diferentes visões: cuidado do corpo, identificação de anomalias ou degenerescências, controle
de comportamentos delinquentes, separação entre “normais” e “anormais”, construção de
comportamentos “civilizatórios”. Essa atenção ocorre no contexto de construção de uma visão
Republicana de sociedade em que a escola foi vista como instrumento essencial para garantir a
“reconstrução nacional” na formação desse novo Brasil (Manifesto, 1932). O mesmo período
também é marcado pela disseminação da visão eugenista/higienista com os serviços de médicos
escolares (Zucoloto, 2007), fomentada, entre outros, pelos Arquivos Brasileiros de Higiene
Mental e pelas ligas de higiene mental das diferentes regiões do país (Serra; Schucman, 2012).
Sabe-se que o foco à saúde na escola esteve fortemente atrelado ao médico higienista escolar
e aos profissionais ligados ao campo da psicometria, por influência forte dos trabalhos de Alfred
Binet e Theodore Simon, no entanto, Gustavo e Galieta (2017) identificam nos estudos de Focesi,
1990; Mohr, 2002; entre outros, argumentos que apontam os professores de História Natural

203
(atualmente, docente de Ciências Biológicas) como os principais atores responsáveis
historicamente pela saúde na educação básica, especialmente pela percepção inicial do conceito
de saúde que se reduzia a aspectos biológicos e/ou fisiológicos. A considerar essa breve história,
este trabalho propõe-se a discutir desafios da educação em saúde na escola contemporânea,
com foco nas atribuições relativas ao cargo de professor de Ciências Biológicas na Educação
Brasileira e a pandemia de Covid-19. Para o desenvolvimento deste trabalho, são consultados
documentos normativos oriundos do Ministério da Educação e da Saúde, orientações da Base
Nacional Comum Curricular (Brasil, 2017) e relatórios de instituições públicas de pesquisa. As
análises são desenvolvidas em interlocução com a literatura especializada. Até o momento,
verifica-se que atualmente o professor do campo das Ciências Biológicas encontra orientações
normativas para o desenvolvimento de habilidades e competências e condições complexas e
deficitárias na escola brasileira, especialmente no contexto pandêmico da Covid-19. Tais
condições têm levado a que docentes sejam responsabilizados pela necessidade de superação
de desafios escolares estruturais. Pesquisa em andamento.

Palavras-chave: Formação de professores, Educação em saúde, Covid-19

SESSÃO 5.4 | SESSION 5.4 – 91, 155, 181, 217

[ID 91]

Planos nacionais da pós-graduação: um exame dos aspectos referentes à formação docente


de nível superior brasileira

Valquiria Gonçalves | Universidade Estadual de Londrina | valquiria@uel.br

Nádia Kienen | Universidade Estadual de Londrina | nadiakienen@uel.br

Resumo

A Pós-Graduação stricto sensu no Brasil, constituída por cursos de mestrado e doutorado, tem
como função principal a formação de cientistas e de professores de nível superior. Os Planos
Nacionais de Pós-Graduação (PNPG) são documentos elaborados pela CAPES, fundação do
Ministério da Educação (MEC), com objetivo de apresentar diretrizes e metas relacionadas à
pós-graduação brasileira. Considerando isso, este trabalho teve como objetivo examinar

204
aspectos referentes à formação docente de nível superior apresentada nos PNPGs. Foi realizada
a leitura integral dos cinco PNPGs instituídos: I PNPG (1975-1979), II PNPG (1982-1985), III PNPG
(1986-1989), IV PNPG (2005-2010) e V PNPG (2011-2020). Identificou-se que a formação de
professores de ensino superior é citada ao longo dos cinco PNPGs como um dos objetivos da
política de pós-graduação brasileira, juntamente à capacitação para a pesquisa e ao
desenvolvimento científico do país. O I PNPG foi elaborado devido à necessidade de expansão
de forma organizada da pós-graduação no Brasil. No II PNPG, é iniciado o debate referente à
necessidade de elevação da qualidade da formação docente, com o objetivo de formar recursos
humanos para o sistema educacional, com ênfase nas universidades. Para tal, é estabelecido o
Programa Institucional de Capacitação Docente (PICD), que é reafirmado como avanço na
qualificação do corpo docente das instituições de ensino superior no III PNPG. No IV e V PNPG a
ênfase está na formação de profissionais competentes ao desenvolvimento da pesquisa no
Brasil e na produção de publicações científicas. Observa-se tal ênfase nas avaliações dos
programas de pós-graduação pela CAPES, nas quais se valoriza o peso das publicações e os ideais
de produtivismo acadêmico, e nas quais há dificuldade no estabelecimento de parâmetros para
avaliar a capacitação docente. Conclui-se que a ênfase dos planos recai no desenvolvimento
científico e capacitação para a pesquisa. A preocupação com a capacitação docente aparece, de
forma geral, mais vinculada à obtenção de títulos de mestre e doutor do que na descrição do
que deveria constituir a formação do docente para promover aprendizagens de nível superior e
de diretrizes e metas para implementação dessa formação nos programas de pós-graduação. A
análise dos PNPGs subsidia o exame do desenvolvimento da capacitação docente na pós-
graduação brasileira e suas implicações aos programas de pós-graduação e à sociedade.

Palavras-chave: Capacitação docente, Formação de professores de Ensino Superior, Planos


Nacionais de Pós-Graduação

[ID 155]

Digital Didactic Materials for Primary Education in Mexico: Aprende en Casa

Zaira Navarrete-Cazales | Universidad Nacional Autónoma de México |


znavarrete@filos.unam.mx

Héctor Manzanilla-Granados | Escuela Superior de Cómputo del Instituto Politécnico Nacional |


hmanzanilla@ipn.mx

205
Lorena Ocaña-Pérez | Universidad Nacional Autónoma de México |
lorenaocana@filos.unam.mx

Resumo

Teaching materials have evolved over time, thanks to the advent of technology, they have been
transformed from paper into digital elements accessible from almost any device. Digital
materials are called educational when their design has an educational intention, when they aim
to achieve a learning objective and when their design responds to appropriate didactic
characteristics. They are made to inform about a subject, to help in the acquisition of knowledge,
to reinforce learning, to favor the development of a competence and to evaluate knowledge.

We believe that education must be comprehensive, of quality and accessible and change at the
pace required by current needs. It is necessary to use technological advances, which play a
preponderant role in the new way of teaching. The arrival of the Internet and the opportunity
of global connectivity brought with it an almost infinite amount of information, as well as a
radical change in the way of accessing it, forcing its presence in educational processes.

At the initiative of the Mexican Government, in order to maintain classes during the COVID-19
pandemic, "Learn at Home" was created as a Mexican television program produced by the
Ministry of Public Education (SEP). The objective of this work is to analyze the Digital Didactic
Materials of the website Aprende en Casa, for primary basic education during the COVID-19
pandemic. This study was carried out through a comparative methodology, using eight units of
comparison: multimedia, interactivity, accessibility, flexibility, modularity, adaptability and
reusability, interoperability and portability. Among the findings of this research it was found
that, although the digital didactic materials of the Aprende en Casa website partially comply
with the necessary characteristics to be considered digital, it is necessary to improve them in
order to prepare students for autonomous learning. Also, among other characteristics,
modifications to the web page are required to allow access to students through a username and
password, so that statistical usage data can be collected to allow the measurement of results,
these metadata would help those in charge of the website to make adjustments to the contents,
so that students have the option to explore resources appropriate to their interests and training
needs.

Palavras-chave: Digital Didactic, Distance education, Elementary education

206
[ID 181]

Tecnologias digitais na educação superior: percursos formativos

Suzana Amorim | Universidade de Vassouras | suzana-amorim@uol.com.br

Stella Pedrosa | Universidade Estácio de Sá - Brasil | smpedrosa@gmail.com

Resumo

A articulação entre a docência na educação superior e o uso das tecnologias digitais tem sido
colocada como uma dimensão das práticas pedagógicas, no crescente reconhecimento do papel
preponderante que essa relação se faz estimulando o desenvolvimento dos saberes. Sabemos
que a educação formal tem papel significativo para os alunos que, em sua formação, estarão se
apropriando de aprendizagens, em prol de uma convivência social produtiva e coletiva. Para
tanto, a educação necessita cada vez mais de uso de recursos pedagógicos variados, objetivando
otimizar a construção do conhecimento de seus educandos e a adequação às necessidades
sociais. Nesse sentido, conforme alertado por Carrara e Volpato (2020), as tecnologias digitais
podem ser relevantes na formação do profissional e do cidadão, na medida em que tais recursos
são de uso contínuo na sociedade contemporânea. Os estudos sobre formação docente, no que
se referem especificamente ao aprendizado e uso de tecnologias digitais têm sido alimentados
com discussões e reposicionamentos de conceitos operacionalizados na sociedade
contemporânea. Selwyn (2011) traz a análise de que Tecnologia Educacional é assunto debatido
de forma recorrente, porém pouco refletido, salientando que nos contextos educacionais a
Tecnologia Educacional também é processo que oportuniza resultados desejados na educação
formal, além de serem ferramentas materiais. Entretanto, isto não significa que ao usar as
referidas tecnologias digitais os graduandos em licenciaturas serão qualificados. Nesta
perspectiva, foi conduzido o estudo, que buscou identificar, no percurso formativo dos
professores universitários, o caminho traçado para sua formação inicial e continuada. Para dar
conta do objetivo, os procedimentos metodológicos propostos foi estudo bibliográfico, de
natureza qualitativa. O aporte teórico foi construído a partir de Lüdke; Tardif; Selwyn; Masetto;
Cunha; entre outros autores renomados na temática. O estudo, de natureza qualitativa é fruto
da Tese de Doutoramento “Educação Superior: percursos de formação de formadores para o
uso de tecnologias digitais”. Pela natureza de nosso estudo, caminhos são propostos em relação

207
à formação continuada do professor universitário para o uso das tecnologias digitais, como
novos espaços e tempos de formação no sentido do cenário profissional.

Palavras-chave: Docência universitária, Tecnologias digitais, Formação de Professores

[ID 217]

A inserção de recursos digitais na disciplina Fundamentos da Educação nas licenciaturas do


IFRN

Verônica Pontes | Instituto Federal De Educação, Ciência E Tecnologia Do Rio Grande Do Norte
- IFRN | veronicauern@gmail.com

Fábio Santos | Instituto Federal De Educação, Ciência E Tecnologia Do Rio Grande Do Norte -
IFRN | fabio.santos@ifrn.edu.br

Kamilla Santo | Universidade do Minho | katinllyn@gmail.com

Resumo

Nossa pesquisa tem por objetivo analisar o uso das tecnologias de informação e comunicação –
TDIC no ensino superior durante o ensino remoto na disciplina de fundamentos da educação. O
ensino remoto durante o período da pandemia ocasionada pelo COVID-19, impulsionou-nos a
incluir em nossas aulas diversos recursos digitais, recorrendo assim às possibilidades diversas
trazidas pelo advento das TDIC no meio acadêmico. A partir de autores como: Bottentuit Junior,
Morán, Mattar, Galvão, Antunes, entre outros, buscamos incluir em nosso plano de ensino da
disciplina dos cursos de licenciatura. Com essa inclusão, percebemos o envolvimento dos
discentes resultando em uma melhor aprendizagem, o que nos fez realizar uma pesquisa
qualitativa, via questionários para entendermos como se deu a apropriação do saber, dos
conteúdos planejados e a forma de avaliação disponibilizada por nós, no processo. Nossos
resultados levaram-nos a entender como o processo de ensino e de aprendizagem deve ocorrer
mediado por professores que, como nós, entendem o discente como protagonista da sua
aprendizagem e por isso capaz de ser autônomo, mesmo sendo aprendiz.

Palavras-chave: Recursos digitais, Licenciatura, Ensino, Aprendizagem, TDIC

208
SESSÃO 5.5 | SESSION 5.5 – 9, 57, 74, 78

[ID 9]

Práticas pedagógicas na Educação Infantil: entre o “ter” tempo e o “ser”

Patricia Venzon | UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina | patriciasvenzon@gmail.com

Resumo

O presente texto apresenta contributos da pesquisa realizada no curso de Mestrado em


Educação, na qual desenvolveu-se uma aproximação entre a Filosofia da Educação e a Educação
Infantil. Nossa metodologia, de cunho qualitativo, constituiu-se de análise conceitual, apoiada
em pesquisa bibliográfica, principalmente de obras do filósofo Martin Heidegger, num diálogo
com pesquisadores da infância e da escola. Um dos aspectos abordados foi a questão do
“tempo”, algo que ocupa lugar de destaque entre os estudiosos da Educação Infantil na
contemporaneidade. Vivenciamos tempos aligeirados, em que corremos de um lado para outro
sem nos determos, muitas vezes, no que está mais próximo de nós. De modo abrangente, nas
escolas de educação infantis, a presença do tempo característico das relações capitalistas por
vezes alcança e brutaliza a vida cotidiana e empobrece a experiência da infância. Assim, percebe-
se um sentido de tempo que apenas passa, cumprindo o ordenamento da produtividade.
Enquanto formadores de mundo somos instigados a pensar a questão do tempo em sua relação
com as infâncias. Insiste-se em colocar as crianças num lugar, num modo de ser, mas algo
escapa, pois, mais do que num “ter” tempo em que ela é moldada em meio às medidas de
tempo, a criança está ali num “ser” tempo, lançada em possibilidades. Para aprofundarmos a
questão, nos aproximamos do filosofar de Martin Heidegger, o qual em sua obra mestra Ser e
Tempo, de 1927, concebe que a nossa essência reside em nossa existência, além do que, somos
cuidado, o qual possui a temporalidade como unidade originária em que se estrutura. Todavia,
o filósofo acentua que em nossa autocompreensão cotidiana, temos a tendência de nos
esquecermos disso e vivermos ao modo impessoal, absortos no mundo das ocupações,
medindo, controlando e aprisionando o tempo. Com isso, nos esquecemos do tempo que nós
mesmos somos e de nossa finitude. Nos aproximamos, ainda, do conceito heideggeriano
“demorar-se”, o qual contribui para pensarmos sobre o tempo e traz-nos possibilidades de
perspectivar um caminhar mais sereno, meditativo, em nosso habitar o mundo. Os estudos

209
apresentados buscam trazer aportes ao professor de Educação Infantil e possibilitar um olhar
outro para seu ser/estar com as crianças, concentrando sentidos ao que faz e pensa, numa
escuta atenta às mesmas e a si próprio, (re)pensando práticas pedagógicas instituídas e
cristalizadas.

Palavras-chave: Educação Infantil, Práticas pedagógicas, Tempo

[ID 57]

Conceção dos Educadoras/es de Infância sobre as competências emocionais das crianças em


idade pré-escolar

Ana Fernandes | ISPA - Instituto Universitário; CIE - ISPA | ana_rita_fernandes_@hotmail.com

Lourdes Mata | ISPA - Instituto Universitário; CIE - ISPA | lmata@ispa.pt

Francisco Peixoto | ISPA - Instituto Universitário; CIE - ISPA | fpeixoto@ispa.pt

Resumo

As/os educadoras/es de infância pretendem promover o desenvolvimento e processos de


aprendizagem das crianças nos diferentes domínios (Cardona, 2008). Para tal, relacionam as
suas conceções do papel de educador(a), com os referenciais teóricos subjacentes que irão guiar
a sua prática educativa através da sua intencionalidade educativa. Neste sentido, as
investigações sobre as conceções dos educadores de infância são uma mais valia para a
compreensão da sua prática (Errington, 2004). Para além disso, a literatura demonstra que é
importante a promoção das competências emocionais em crianças de idade pré-escolar (Hyson,
2004; Barret, Lewis, & Havilland-Jones, 2016). Neste sentido o presente estudo teve como
principal objetivo caracterizar as conceções das/os educadoras/es de infância sobre as
competências emocionais de crianças em idade pré-escolar e o papel do educador(a) na
promoção das aprendizagens nesta área. Mais especificamente procurámos compreender: se
os educadores se sentem seguros e competentes para desenvolver esta área de competências
nas suas crianças; como é que os educadores monitorizam estas competências; de que forma os
educadores desenvolvem estas temáticas; e quais as dificuldades que sentem. Participaram
neste estudo 16 educadoras de infância de diferentes contextos e seguindo modelos educativos

210
distintos, que exerciam atividade na região de Lisboa. A partir da revisão de literatura efetuada
foi desenvolvido um guião de entrevista, o qual foi testado num grupo de educadores e, após
algumas alterações, aplicado aos participantes deste estudo. As entrevistas realizadas foram
posteriormente transcritas e analisadas com o apoio do software MAXQDA (Kuchartz & Radiker,
2019). Os resultados permitiram concluir que a maioria dos educadores sente segurança para
trabalhar estas competências de forma geral ou pelo conhecimento que adquiriu, utilizando
registos individuais para monitorizar o desenvolvimento das crianças. Sobre as formas de
desenvolver estas competências nos seus alunos referem fazê-lo maioritariamente através de
situações do quotidiano, bem como atividades específicas na área das emoções como, por
exemplo, a leitura de histórias e o uso de materiais adaptados. Por fim, a maioria refere sentir
dificuldades destacando questões relacionadas com o grupo e dificuldades relacionadas com
recursos materiais e humanos. Os resultados serão discutidos face aos referenciais teóricos, às
OCEPE e às implicações pedagógicas.

Palavras-chave: Crenças, Educadores de Infância, Competências Emocionais

[ID 74]

A participação de mulheres-professoras na construção de uma política pública de gênero e


cidadania na Educação de Infância portuguesa

Carolina Alvarenga | Universidade Federal de Lavras | carolalvarenga82@gmail.com

Maria João Cardona | Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Santarém |


mjoao.cardona@ese.ipsantarem.pt

Thuanny Nogueira | Universidade Federal de Lavras | thuunogueira@gmail.com

Resumo

Este trabalho é parte de uma pesquisa interinstitucional que teve como objetivo compreender
as estratégias e os desafios no processo de elaboração e disseminação do Guião de Educação –
Gênero e cidadania – pré-escolar, coordenado pela professora Maria João Cardona. A pesquisa
situa-se nos campos da Sociologia da Educação e Estudos de Gênero, a partir de um olhar

211
histórico, tendo como suporte teórico os conceitos de configuração e relações de
interdependência, do sociólogo alemão Norbert Elias; e gênero, ecos e reverberações, da
historiadora feminista estadunidense Joan Scott. Trata-se de um estudo de abordagem
qualitativa, que, ao olhar para uma política de Educação de Infância, situa os diferentes
contextos que compuseram os ciclos dessa política portuguesa, a partir do diálogo com a
metodologia proposta pelo sociólogo inglês Stephen Ball. Foram realizadas entrevistas semi-
estruturadas com oito profissionais, mulheres-professoras, que participaram do processo de
construção do Guião, seja a partir do envolvimento com a Comissão para a Cidadania e a
Igualdade de Gênero (CIG), órgão nacional português responsável pela promoção e defesa do
princípio de igualdade entre mulheres e homens, seja na escrita do documento para a pré-
escola. Partindo do pressuposto de que para a compreensão de uma política pública é
necessário analisarmos tanto o contexto social, como a participação dos indivíduos,
apresentamos brevemente cada uma dessas mulheres-professoras para compreendermos a
configuração dessa política pública. Ressaltamos que a participação de cada uma dessas
profissionais foi imprescindível para a solidificação dessa política, na articulação entre as
políticas de Igualdade e as políticas de Educação.

Palavras-chave: Educação de Infância, Gênero, Guião

[ID 78]

O trabalho docente no litoral do Paraná: uma investigação sobre a qualidade de vida no


trabalho de professores do ensino fundamental e educação infantil

Denise França | Universidade Estadual do Paraná - Campus FAFIPAR|


denisefranca77@gmail.com

Mayvillis Conceição | Universidade Estadual do Paraná | mayvilliscristinepires@gmail.com

Resumo

Introdução: A qualidade de vida no trabalho docente T pode ser comprometida por uma
multiplicidade de fatores, entre eles as condições onde se realiza o trabalho docente, o nível de
ensino, a carga diária de trabalho, a gestão, tempo de lazer, demandas de trabalho. OBJETIVO:
Avaliar a qualidade de vida no trabalho dos docentes do Ensino Fundamental da região do Litoral

212
do Paraná. METODOLOGIA: foram avaliados 18 professores, sendo 94% do sexo feminino, com
idades variando entre,26 e 60 anos. Utilizou-se o questionário validado Total Quality Work
Life,(TQWL-42). RESULTADOS: a auto avaliação mostrou que 61,1% dos entrevistados
consideram a sua qualidade de vida no trabalho satisfatória. Quanto à satisfação na dimensão
biológica e fisiológica, 61,1% apresentaram-se satisfeitos com sua disposição para o trabalho e
55, 6% relataram não estar satisfeitos com os serviços de saúde oferecidos pela Instituição aos
seus trabalhadores. Quanto aos aspectos psicológicos e comportamentais, 100% consideraram
o seu trabalho importante e 66,7% mostraram-se satisfeitos ou muito satisfeitos com o apoio
fornecido pela instituição para o seu desenvolvimento pessoal. Com relação aos aspectos
sociológicos e relacionais 38,9% mostraram-se satisfeitos e muito satisfeitos com a possibilidade
de livre expressão de suas ideias no ambiente de trabalho, 83,3% referiram que nunca ou poucas
vezes se desentenderam com colegas de trabalho ou superiores, 72,2% apresentaram-se
satisfeitos ou muito satisfeitos com a sua equipe de trabalho, 50% com a autonomia, embora
somente 44,4¨% dizem que tomam decisões sem consultar o seu superior no trabalho e 16,7%
estavam satisfeitos ou muitos satisfeitos com o tempo que tinham para atividades e lazer. Nos
aspectos econômico e político, 38,9% dos entrevistados apresentaram-se satisfeitos com seu
salário. Nas questões ambientais e organizacionais 77,8% disseram estar medianamente
satisfeitos com as condições de trabalho. 61,1% disseram estar satisfeitos como trabalho que
realizam e 50% mostraram estar satisfeitos com a sua qualidade de vida no trabalho.
CONCLUSÃO: A qualidade de vida do trabalho dos docentes, as condições de exercício
profissional são questões que precisam ser discutidas mais profundamente pelos profissionais
do Ensino Fundamental do Litoral do Paraná.

Palavras-chave: Qualidade de vida no trabalho, Trabalho docente, Prática Pedagógica,


Qualidade de vida, Saúde do Professor

SESSÃO 5.6 | SESSION 5.6 – 27, 83, 143, 179

[ID 27]

O sentimento de pertença e a aprendizagem de evidência

213
Cristina Baixinho | Escola Superior de Enfermagem de Lisboa | crbaixinho@esel.pt

Óscar Ferreira | Escola Superior de Enfermagem de Lisboa | oferreira@esel.pt

Marcelo Medeiros | Universidade Federal de Góias | marcelo@ufg.br

Ellen Oliveira | Universidade Federal de Góias | ellen@ufg.br

Resumo

Objetivo: Compreender se a participação em projetos de translação do conhecimento para a


clínica promove o sentimento de pertença e a integração dos estudantes nos serviços de prática
clínica.

Enquadramento teórico: A necessidade de pertencer influencia a saúde e o bem-estar, as


respostas comportamentais, emocionais e cognitivas nos estudantes de enfermagem (King,
Russell, and Bulsara, 2017). Em Portugal 50% do curso de enfermagem é para estágios, sendo
esta modalidade de ensino um momentos-chave para a aprendizagem dos cuidados de
enfermagem, mas também para a melhoria dos conhecimentos, atitudes e competências dos
alunos ao nível da Prática baseada na Evidência (Mena-Tudela et al., 2018). Alguns autores
defendem que a aprendizagem sobre investigação é maior quando é integrada nesta tipologia
de ensino, possibilitando a integração do conhecimento teórico na prática, o contacto com
projetos de investigação que decorrem nos contextos da clinica (Cardoso et al., 2021) e
motivando os estudantes para a pesquisa e a sua relevância para garantir resultados de saúde
de qualidade.

Metodologia: O método escolhido para dar resposta à questão e pesquisa ‘Qual a percepção dos
estudantes de enfermagem sobre a influencia do sentimento de pertença na aprendizagens
efetuadas em projetos de translação do conhecimento para a clínica?’ foi o Focus Group. Os
critérios de elegibilidade para os participantes deste estudo foram: estudantes finalistas do
curso de licenciatura em enfermagem, que participaram no projeto Transição Segura.
Participaram 15 estudantes que foram distribuídos por 2 Focus Goup (FG1:n=8; FG2: n=7).
Estudo aprovado por uma Comissão de Ética.

Conclusões: Os resultados do estudo apontam para que o envolvimento dos estudantes no


projeto transição segura, como uma atividade extracurricular promove o sentimento de
Pertencer ao serviço. Emergem como categorias que subsidiam esse sentimento: Integração,

214
Participação e Trabalho colaborativo. O trabalho estreito e colaborativo entre enfermeiros
educadores e enfermeiros clínicos, estreita os laços de confiança, a proximidade e suporta a
integração dos estudantes nos serviços, que consideram que uma boa e precoce integração lhes
possibilita uma participação ativa nos serviços, traz novas oportunidades de aprendizagem, com
possibilidade de trabalho colaborativo. O sentimento de pertença é retroalimentado pela
participação e trabalho colaborativo.

Palavras-chave: Aprendizagem, Enfermagem, Estudantes, Ensino Clínico, Evidência, Pertença

[ID 83]

As políticas de internacionalização da educação superior no Brasil e o acesso da classe


trabalhadora aos programas de intercâmbio

Larissa Oliveira |Universidade Federal de Minas Gerais | larissarodriguesoliveira96@gmail.com

Resumo

Este trabalho foi construído a partir das discussões empreendidas no mestrado (ainda em
andamento) da autora, onde se investiga como as políticas públicas da educação superior, na
área da internacionalização, busca incluir estudantes advindos das classes
socioeconomicamente desfavorecidas. O objeto da pesquisa é o principal programa de
intercâmbio da Universidade Federal de Minas Gerais, considerado também o maior programa
nacional de mobilidade acadêmica para a graduação em porte e abrangência (REZENDE, 2015).
Contudo, no presente recorte, que constitui este trabalho, o que se problematiza são as políticas
de internacionalização em disputa no Brasil, que também são apresentadas na dissertação. De
um lado, uma agenda mercadológica e orientada pelos organismos e rankings internacionais
que, ao levantarem bandeiras de cooperação entre nações, conseguem realizar políticas que
atendam suas demandas de crescimento e desenvolvimento e fortalecem a iniciativa privada
em educação. De outro lado, uma internacionalização solidária com vistas a trocas culturais e
fortalecimento regional, que Didriksson (2005) define como Cooperação Internacional
Horizontal (CIH). Morosini (2011), comenta que essa CIH tem “base na solidariedade e na
consciência internacional” e “se oporia ao modelo tradicional de cooperação internacional, no
qual o mercado tem o domínio dos princípios”. Sendo assim, o que se pretende aqui é, através

215
da revisão bibliográfica e da análise documental, expor como a política de internacionalização
da Universidade Federal de Minas Gerais, com foco no programa “Minas Mundi”, é influenciada
por essa agenda de políticas macro e como elas afetam a participação de estudantes da classe
trabalhadora no programa de intercâmbio supracitado.

Palavras-chave: Políticas Públicas de Educação, Educação Superior, Internacionalização

[ID 143]

Atores e práticas de liderança: perspetivas de diretores

Fernando Ferreira | Centro de Investigação em Estudos da Criança da Universidade do Minho |


filidio@ie.uminho.pt

Maria Assunção Flores | Centro de Investigação em Estudos da Criança da Universidade do


Minho | aflores@ie.uminho.pt

Eva Fernandes | Centro de Investigação em Estudos da Criança da Universidade do Minho |


evalopesfernandes@ie.uminho.pt

Diana Pereira | Centro de Investigação em Estudos da Criança da Universidade do Minho |


dianapereira@ie.uminho.pt

Luís Costa | Centro de Investigação em Estudos da Criança da Universidade do Minho |


luiscg.costa2@gmail.com

Resumo

Nesta comunicação apresentam-se resultados de um projeto de investigação mais amplo


intitulado “Investigando os efeitos das lideranças escolares nos resultados dos alunos”,
financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (PTDC/CED-EDG/28570/2017), cujo
objetivo principal é analisar as práticas de liderança e o seu impacto no trabalho dos professores
e nos resultados escolares dos alunos. Os dados foram recolhidos através de um inquérito por
questionário a nível nacional (n=379) e através de entrevistas semiestruturadas (n=25). Os
resultados apontam para a valorização das lideranças formais (diretor, subdiretor,
coordenadores de departamento e de estabelecimento e professores responsáveis por

216
determinados projetos) em detrimento da dimensão informal (grupos de professores e
professores individualmente considerados). Quanto aos fatores que têm dificultado o seu
trabalho enquanto diretores, destacam a burocracia excessiva, o aumento do controlo por parte
da tutela através de plataformas eletrónicas – uma hiper-burocracia assistida por computador
–, as alterações legislativas constantes, a avaliação do desempeno docente, a falta de autonomia
financeira, a resistência dos professores à mudança e, de um modo geral, uma cultura centralista
e burocrática. Por seu turno, destacam como fatores facilitadores a existência de um bom
ambiente na escola, a confiança por parte da comunidade escolar, a concretização de projetos
inovadores, a disponibilidade das pessoas, o contacto próximo e regular com os alunos, a
existência de um sentido de pertença e de bem-estar e a existência de uma boa equipa de
liderança de topo. Estes e outros resultados são discutidos à luz do referencial teórico que serviu
de base ao projeto.

Palavras-chave: Diretores, Lideranças, Resultados escolares dos alunos

[ID 179]

Os contextos no argumento das investigações contemporâneas. O que dizem os artigos


publicados neste século sobre a relevância do contexto?

Maiza Trigo |Université du Luxembourg | maiza.trigo@uni.lu

Rooney Pinto | Universidade de Coimbra | rooneypinto@gmail.com

Resumo

Os desafios impostos à educação na sociedade contemporânea não necessariamente surgiram


nesse tempo e tão pouco se encerram nele. A educação enquanto atividade desenvolvida nos
microcosmos dos grupos humanos está sujeita às suas morfologias sociais em seu sentido lato
(Halbwachs, 2010). Ao mesmo tempo, também é reflexo da forma como seus intervenientes
vivenciam estas realidades e interagem com estes contextos constituindo realidades ordenadas
(Berger & Luckmann, 2010) em seus quadros da experiência social (Goffmann, 2012). Desta
forma, os contextos sociais, económicos e políticos combinam-se e interagem diretamente com
os contextos individuais de todos que habitam os microcosmos da educação. Como parte de um
projeto em desenvolvimento, este estudo tem por objetivo mapear os artigos publicados neste

217
século, os quais apresentam o contexto como uma variável de interesse em suas investigações.
Neste sentido, procedeu-se uma revisão sistemática da literatura e um mapping review, com
recurso à análise de conteúdo. Foi adotado o seguinte critério para a pesquisa na WoS Core
Collection - SSCI: Topic] Context* (and) Relevance of Context* (and) Social Phenomena* [in
Title/Keywords/ Abstract] – retrieved all records. Os resultados preliminares permitiram uma
seleção de 68 artigos, com maior concentração de publicações na área das Ciências Sociais nos
intervalos entre 2017 e 2019. No campo da educação, o contexto é referido
predominantemente nos artigos sobre língua e literacia e concentram-se nos desafios
comunicacionais, nas dinâmicas relacionais na família e na escola e sua interação com a
aprendizagem. No conjunto analisado, foi possível verificar que o contexto assume relevância
nos artigos não como variável de interesse para fundamentação dos argumentos, mas sim como
figura de linguagem utilizada para compor o cenário do discurso. Neste sentido, para este
conjunto de dados preliminares, pode-se inferir que embora o contexto tenha sua importância
na construção dos argumentos, ainda não emerge como uma dimensão de relevância nos artigos
analisados.

Palavras-chave: Contexto, Mapping review, Educação

SESSÃO 5.7 | SESSION 5.7 – 73, 114, 129, 194

[ID 73]

Estratégias formativas inovadoras em contexto de pandemia: um estudo de caso com 5


educadoras em Portugal

Raquel Ramos | Universidade de Aveiro | rvramos@ua.pt

Resumo

O presente projeto de investigação em curso, desenvolvido no âmbito do Programa Doutoral


em Educação, na Universidade de Aveiro, tem como objetivo conceber, implementar e avaliar

218
um Programa de Formação Colaborativa (PFC), na Educação Pré-Escolar, integrado no projeto
“Limites Invisíveis: Educação em Ambiente Natureza” (LI) (http://limitesinvisiveis.pt/pt/).

Partindo da questão de investigação: “Quais as potencialidades e limitações de uma abordagem


articulada e colaborativa de práticas educativas desenvolvidas em contexto exterior,
designadamente num programa de educação na natureza - “Programa Casa da Mata” - do
projeto LI e em contexto de Jardim-de-infância (JI)?”, pretende-se “construir uma ponte” entre
os referidos contextos, em colaboração com as educadoras.

Face ao contexto atual de pandemia e à necessidade de distanciamento das 5 educadoras


participantes neste estudo (duas do projeto LI e três de um JI), foi criada uma plataforma digital,
de acesso reservado, alocada ao Website “Crescer sem Muros” (http://crescersemmuros.pt/),
de acesso público, ambos exclusivamente desenhados e programados de acordo, quer com os
objetivos de investigação e do PFC, quer com as necessidades dos contextos de estudo.

Investigações recentes (Ramos, Figueiredo & Coelho, 2021a, 2021b; Portugal & Bento, 2019)
têm não só alertado para a escassez de oportunidades de ação da criança na natureza, situação
esta agravada com as medidas de confinamento, com implicações na saúde, desenvolvimento e
consciência ambiental da criança, como também têm reforçado a importância da conexão,
coerência e fluidez entre os diferentes espaços em contextos de infância.

Durante o processo de recolha de dados foram realizadas entrevistas semi-estruturadas às


educadoras, bem como a observação das suas práticas nos respetivos contextos, antes, durante
e após o PFC, que teve a duração de 6 semanas, coincidindo temporalmente com o “Programa
Casa da Mata”, onde participaram 16 crianças que também fazem parte deste estudo de caso.
Através de registos em vídeo, estão a ser avaliados os seus níveis de bem-estar e implicação nos
diferentes contextos. Os dados estão a ser analisados através da análise de conteúdo com apoio
do software WebQDA.

Espera-se com este estudo compreender os contributos do PFC, quer na reorientação das
conceções e práticas das 5 educadoras, quer na qualidade da oferta educativa no momento das
observações. Além disso, com este estudo aspira-se contribuir para o desenvolvimento de
estratégias educativas e formativas inovadoras em Portugal e alavancar a construção de
conhecimento científico sobre a articulação entre contextos exterior, natureza e interior, tendo
em vista promover a diversidade e qualidade da oferta educativa na infância.

Palavras-chave: Articulação de práticas educativas, Educação de infância, Colaboração,


Formação, Inovação

219
[ID 114]

Tecnologias digitais e gerontologia: uma busca por caminhos possíveis

Sandra Vieira | Universidade do Minho | sandravieiraifc@hotmail.com

Resumo

A sociedade vive a era digital. As tecnologias acessíveis para os mais jovens podem ser um
desafio para aqueles que já passaram dos 60 anos. O aumento da expectativa de vida e o
incremento da população de idosos operam implicações transversais em todos os setores da
sociedade e têm despertado preocupações em atender esta parcela da população que, até
pouco tempo, não era “vista” pela sociedade. Políticas públicas buscam uma melhoria na
qualidade de vida dos idosos: saúde, mobilidade urbana e lazer são exemplos. O Princípio da
Nações Unidas para o Idoso (1991) visa garantir o acesso à educação permanente e aos recursos
educacionais, além da integração e participação ativa na sociedade. Mas como garantir estes
direitos numa sociedade cada vez mais tecnológica para um público que não teve acesso a estes
recursos quando ainda era jovem? O ensino pode ser uma alternativa para que o idoso seja
inserido nesta sociedade tecnológica. Este trabalho aborda a exclusão digital dos idosos como
novo desafio para a sociedade. Algumas instituições educacionais brasileiras têm investido no
processo de inserção do idoso no mundo tecnológico através do ensino. Desde 2008, o Instituto
Federal Catarinense desenvolve projetos através de uma atividade de extensão que preconiza o
desenvolvimento de habilidades elementares como acessar à internet ou digitar um texto,
através de cursos de informática com duração de 45 horas. São 20 vagas distribuídas
gratuitamente, para idosos alfabetizados que já tenham 60 anos. As aulas são práticas,
ministradas por um professor de informática e realizadas através de encontros semanais de 90
minutos. Os alunos são distribuídos individualmente nos computadores. Embora os estudos
sejam recentes pode-se constatar: baixo índice de evasão, interesse dos alunos, altas taxas de
frequência, desenvolvimento de habilidades cognitivas e motoras, fator de interação social,
predominância de público feminino e baixo custo para execução. Estes resultados preliminares
servem de incentivo para a continuidade e replicação da atividade. Paradoxalmente, no tema
gerontologia e tecnologias digitais, a sociedade ainda está “engatinhando” e restam muitas
questões a serem solucionadas referentes a este tema desafiador e pouco lapidado. A

220
continuidade deste estudo faz parte da pesquisa que está sendo desenvolvida a nível de pós-
doutorado na Universidade do Minho.

Palavras-chave: Tecnologias digitais, Gerontologia, Currículo

[ID 129]

Promoção da aprendizagem autorregulada na Educação Pré-escolar: um processo


investigativo e formativo

Janete Silva Moreira | Faculdade de Psicologia, Universidade de Lisboa |


janetepsilva@gmail.com

Ana Margarida Veiga Simão | Faculdade de Psicologia, Universidade de Lisboa |


amsimao@psicologia.ulisboa.pt

Paula Costa Ferreira | Faculdade de Psicologia, Universidade de Lisboa |


paula.ferreira@campus.ul.pt

Resumo

A promoção da aprendizagem autorregulada é um tema de interesse crescente na investigação,


identificando-se estudos recentes que reforçam a pertinência do desenvolvimento das
competências autorregulatórias desde idades precoces. A literatura tem também contribuído
para se conhecerem as especificidades das crianças na faixa etária dos 3 aos 6 anos e como é
que essas características se constituem como uma oportunidade para desenvolver, por
exemplo, o pensamento crítico, a capacidade de resolução de problemas e a autonomia, que
são inclusivamente designadas pelos documentos orientadores da Educação Pré-escolar.
Contudo, os docentes, especificamente os educadores de infância, enfrentam atualmente novos
desafios profissionais devido às alterações sociais constantes que dificultam a promoção de
competências cognitivas, metacognitivas, emocionais, motivacionais e prossociais das crianças.
Estas condicionantes exigem que os educadores sejam capazes de grande plasticidade na sua
prática profissional e pessoal e personalizem o ensino de acordo com as particularidades dos
seus alunos. Tendo em conta este enquadramento, foi desenvolvido um estudo que objetivou
difundir a utilização de recursos e metodologias promotoras da aprendizagem autorregulada no

221
pré-escolar e investigar as mudanças nas práticas docentes e a sua transferibilidade após um
processo formativo. Participaram nove educadores de infância que integraram uma ação de
formação sobre a promoção da aprendizagem autorregulada na Educação Pré-escolar durante
oito meses. A recolha de dados decorreu no início e no fim da formação através de entrevistas
de grupo focal. Os resultados preliminares do estudo permitem identificar mudanças ao nível
das práticas, das crianças e dos contextos, mostrando ainda aspetos promissores quanto à
transferibilidade das práticas educativas desenvolvidas no processo formativo. Para além disso,
este estudo contribui para a construção de novos recursos e metodologias de aprendizagem
autorregulada adaptadas à fase de pré-escolar. Serão discutidas as potencialidades e
constrangimentos da investigação, considerando as implicações teóricas, práticas e políticas do
estudo.

Palavras-chave: Aprendizagem autorregulada, Educadores de infância, Práticas educativas,


Processo formativo

[ID 194]

Pioneiros da Educação de Infância em Portugal: o caso da aldeia de Pereira

Luís Castanheira | Centro de Investigação em Educação Básica - Instituto Politécnico de Bragança


| luiscastanheira@ipb.pt

Resumo

A Educação de Infância em Portugal percorreu um longo caminho até aos dias de hoje. Foi o
conjunto de muitas iniciativas públicas e privadas que teceram a sua história. É objetivo central
deste trabalho contribuir para alargar o conhecimento histórico da história da Educação de
Infância em Portugal através do estudo de caso de uma pequena aldeia do interior norte de
Portugal - A aldeia de Pereira, Mirandela, que criou uma instituição de educação de Infância
privada, num período conturbado da nossa história, corria o ano de 1928 e funcionou durante
todo o período do Estado Novo, caracterizado pela desvalorização e encerramento de
instituições de Educação de Infância. Este estudo, sistematiza os resultados da investigação
realizada sobre o papel desta aldeia e os poderes institucionais e religiosos a ela ligados, ao dar
a conhecer todo o processo de criação e abertura desta instituição. Num tempo em que havia

222
muitas crianças que não frequentavam a escola primária, é de valorizar a criação de instituições
educativas em locais e em tempos difíceis de o conseguir. Procuro ainda averiguar o espaço que
a criança e esta instituição ocupou na sociedade e nesta aldeia e região, em particular neste
período de tempo. O paradigma de investigação que sustenta este trabalho integra-se numa
perspetiva hermenêutica, utilizando metodologias de interpretação qualitativa e
multidimensional dos problemas equacionados, assentando num forte trabalho de heurística e
análise documental. As principais fontes primárias em que me baseei consistem em material
publicado: monografias e artigos de revistas pedagógicas, imprensa diária e periódica local (em
especial o jornal Mensageiro de Bragança que se publica continuamente desde 1940), regional
e nacional, legislação. Não foi só nos centros urbanos que a educação de infância se desenvolveu
e progrediu, foi também em muitas aldeias de Portugal. É fundamental o seu estudo para
valorizar o seu contributo e a sua retirada do anonimato.

Palavras-chave: História de educação de infância, Instituições, Crianças

223
ATELIÊS 6
ATELIERS 6
11/02 | 11h30 – 13h

224
ATELIÊS 6 I ATELIERS 6 - 11/02 | 11h30 - 13h

SESSÃO 6.1 | SESSION 6.1 – 61, 183, 186, 190

[ID 61]

Migração e Educação: À procura do migrante nos dispositivos curriculares e na pesquisa em


educação da região sul do Brasil

Tulio Fernandez | Universidade de Brasília | tuliovillafane@gmail.com

Rodrigo de Souza | Universidade de Brasília | rodrigomatos28@hotmail.com

Resumo

No Brasil, os sujeitos em deslocamento vivenciam um silenciamento de representação. A


invisibilização a que estão submetidos constrói espaços potenciais para a violência e a
exploração. A vulnerabilidade soma-se as raízes profundamente racista da história nacional que
vê no imigrante não-branco como um corpo indesejado e de menor valor. Este trabalho,
portanto, investiga a produção científica sobre educação com ênfase na população migrante
internacional contemporânea na região sul do Brasil, especificamente nos Estados de Santa
Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. De acordo com a Organização Internacional para
Migrações, o número de migrantes internacionais se aproxima a marca de trezentas mil pessoas,
sendo 13,9% crianças. Nesse sentido, educar tendo o acolhimento, a cidadania e o respeito a
pluralidade cultural tornaram-se grandes desafios das sociedades democráticas. Por meio de
uma extensa revisão de literatura analisamos se os deslocamentos contemporâneos alcançaram
a atenção das pesquisas em educação e em qual direção essas pesquisas se orientam.
Entendendo que a recepção da população migrante demanda respostas urgentes, inquirimos
assim, por meio da análise das pesquisas, quais são os sujeitos, etnias ou fluxos migratórios que
são considerados mais ou menos relevantes. Foram desenvolvidas estratégias de buscas
distintas nos Banco de Teses e Dissertações da Capes e na base de dados Scielo, selecionando
mais de trezentos artigos, que articulam migração e educação. Ainda, analisamos os dispositivos
curriculares (leis, currículos e normativas) que expressam em suas políticas, em maior e menor
medida, a percepção da existência do migrante internacional contemporâneo como um sujeito

225
a ser incluído em seus sistemas. Expomos dessa maneira que, mesmo na pesquisa em educação,
a seleção temática – independente da urgência – evidencia uma discricionariedade que
seleciona sujeitos. A escassez de pesquisas sobre o tema acende um alerta que indica que o
tema das migrações contemporâneas ainda não ganhou a devida relevância dentro das
pesquisas em educação. Pelo contrário, observam-se frequentes pesquisas com forte viés
histórico ou que priorizam a migração de povos de origem europeia. A pouca quantidade de
pesquisas na interseção entre educação e migração dificulta a pesquisa, mas é importante para
futuras investigações dar visibilidade a interseccionalidade com outras questões como o racismo
e o preconceito socioeconômico.

Palavras-chave: Migração internacional, Educação, Invisibilidade Social

[ID 183]

Representações das crises migratórias e climáticas nos manuais de história portuguesa

Alice Balbé | CECS/Universidade do Minho | alicedb.jornal@gmail.com

Rosa Cabecinhas | CECS/Universidade do Minho | cabecinhas@ics.uminho.pt

Resumo

Os manuais escolares constituem como um dos recursos pedagógicos mais utilizados no ensino
com relevantes funções culturais, ideológicas e pedagógicas (Castro, Rodrigues, Silva & Sousa,
1999), além de fomentar a construção de memórias coletivas, identidades nacionais e
representações sociais (Valentim & Miguel, 2018). No âmbito do projeto “Memórias, culturas e
identidades: o passado e o presente das relações interculturais em Moçambique e Portugal”,
que visa analisar narrativas educativas e produtos artísticos, iremos discutir os resultados
preliminares de uma análise dos manuais da disciplina de história em uso em Portugal com foco
na análise sobre as crises migratória e climática e os direitos humanos. De que maneira os
manuais de história portugueses representam as crises migratória e climática? Há
entrelaçamento das crises nas perspectivas apresentadas? De que forma os direitos humanos
estão representados nos manuais escolares no âmbito dessas crises? O corpus da pesquisa é
formado por manuais escolares de história do ensino secundário, do 10.º ao 12.º ano, a partir
das imagens, conteúdos textuais e propostas de atividades. Os resultados exploratórios têm

226
indicado a falta de interligação entre os temas, o que pode indicar a necessidade de perspectivas
mais interdisciplinares no ensino.

Palavras-chave: Manuais escolares, Interdisciplinidade, Representações

[ID 186]

A necessidade de articulação entre os atores intervenientes na inclusão: um desafio para a


escola contemporânea

Maria Pascoal | Mestranda em Ciências da Educação: Educação Especial - Domínio Cognitivo e


Motor na U Lusófona | manuelanetopascoal@gmail.com

Mariana Elias | VilacomVida | fentamariana@gmail.com

Maria da Silva | Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia | p1529@ulusofona.pt

Resumo

A inclusão é um processo que deve envolver os atores que fazem parte da escola e da
comunidade (Ainscow (2019). Segundo Marques e Pereira (2001; 2011), quando um aluno inicia
a escolaridade, as suas características psicológicas, culturais e sociais são relevantes: refletem o
seu meio familiar e envolvente. Para que sejam conhecidas, é necessário que haja diálogo e
articulação entre pais, professores, assistentes operacionais e outros intervenientes. Todos
desempenham um papel fundamental na inclusão e desenvolvimento do aluno, particularmente
se apresenta qualquer tipo de problemática. Assim, é fundamental que os encarregados de
educação transmitam as expectativas que têm relativamente ao desenvolvimento do seu filho,
que serão úteis para o seu processo educativo (Marques, 2001), porque permitem construir um
plano de intervenção mais adequado. O papel dos assistentes operacionais neste processo é
igualmente relevante, uma vez que são atores que passam muito tempo com os alunos. A
valorização do papel de cada um e a cooperação entre todos assume enorme importância,
porque contribui para a construção de uma sociedade equilibrada, participativa, solidária e,
como tal, inclusiva e equitativa. Esta pesquisa, de natureza qualitativa, teve como objetivo
analisar a articulação entre os atores envolvidos na inclusão de alunos com necessidades
específicas de aprendizagem. Como instrumentos de recolha e análise de dados, utilizámos

227
entrevistas com um encarregado de educação, dois professores (titular e de Educação Especial)
e quatro assistentes operacionais. A análise de conteúdo seguiu orientações de Lüdke e André
(2013); Tuckman (2012); Estrela (1994). Os resultados evidenciaram que todos os atores
envolvidos consideram que a inclusão é um processo que deve envolver todos. Reconhecem que
a articulação é frequentemente frágil ou inexistente. Apesar de valorizarem a existência de
momentos para trocas de informações e planeamento de estratégias para estes alunos,
reconhecem que estes momentos dependem muito da organização da escola e do tempo
disponível. Concluímos ainda que a articulação entre todos os implicados no processo é de suma
importância para a educação destas crianças, contribuindo desta forma para uma educação
inclusiva, equitativa e de qualidade (UNESCO, 2015).

Palavras-chave: Inclusão educativa, Articulação, Escola contemporânea

[ID 190]

O direito à educação no Brasil e ações de assistência estudantil do IFRN como forma de mitigar
os efeitos da pandemia de COVID-19

Andreilson Silva | PPGEP/IFRN | andreilson.o.silva@gmail.com

Maria Ferreira | PPGEP/IFRN | maria.santos@ifrn.edu.br

Resumo

O presente estudo decorre da participação no projeto de pesquisa “Políticas de Financiamento


da Educação no Brasil e Portugal em Tempos de Pandemia (2019 a 2021): prioridades e garantia
do direito à educação”, (Edital 14/2021 PROPI-ASERI/IFRN), em parceria com Instituto de
Educação/ULisboa. No Brasil, o direito à educação está garantido no art. 205 da Constituição
Federal de 1988 e no art. 4º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº
9.394/96. Os efeitos da pandemia causaram mais desigualdades socioeconômicas dentre os
alunos em vulnerabilidade social, dificultando a permanência, em aulas não presenciais
(OLIVEIRA; CHAVES, 2020). Os alunos passaram a necessitar da utilização de equipamentos e
acesso à internet para acompanhar as atividades remotas (CASTRO et al, 2020). O estudo analisa
as ações desenvolvidas pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande
do Norte (IFRN), no âmbito da Assistência Estudantil, visando a permanência e o seu êxito dos

228
estudantes. Como procedimento metodológico pautou-se pela pesquisa bibliográfica e
documental. Como resultado preliminar do estudo, aponta-se, que, o Ministério da Educação e
Cultura promoveu medidas emergenciais para reduzir as perdas decorrentes da suspensão de
aulas presenciais. Nessa linha, a Rede Federal de Educação Profissional, Ciência e Tecnologia
(RFEPCT), composta por 63 instituições, desenvolveu ações para o enfrentamento da pandemia
no país. O IFRN é uma delas e possui mais de 41.000 alunos matriculados, com 91,8% em estado
de vulnerabilidade social (IFRN, 2021). Dentre as medidas tomadas pela instituição, no período
de março de 2020 a março de 2021, destaca-se a manutenção dos programas: alimentação
escolar, com distribuição de mais de 20.000 cestas básicas; formação profissional, auxílio
eventual e moradia com a concessão de 10.611 bolsas; 4.635 atendimentos à saúde e 8.095
alunos contemplados com auxílios digitais (FERNANDES, 2021). Apesar de ter sido importante,
o atendimento realizado, não foi suficiente, considerando, que, muito alunos não conseguiram
o auxílio para as aulas remotas. Desse ponto de vista, os resultados poderiam ter sido muito
mais efetivos se não fossem os cortes orçamentários realizados pelo governo federal para a
manutenção das instituições que compõem a RFEPCT. Conforme estudo de (SILVA, FERREIRA,
2021), o IFRN entre 2020 e 2021 teve um corte de 18,32% nos recursos para o desenvolvimento
de ações da Assistência Estudantil.

Palavras-chave: Pandemia, Educação, Assistência estudantil

SESSÃO 6.2 | SESSION 6.2 – 20, 163, 188, 210

[ID 20]

Práticas pedagógicas durante os confinamentos de 2020 e 2021: mudanças e oportunidades

Ana Nobre | Universidade Aberta | ana.nobre@uab.pt

Ana Mouraz | Universidade Aberta | Ana.Lopes@uab.pt

Filomena Sobral | Universidade Aberta | Filomenasobral112@gmail.com

Jorge Cardoso | Universidade Aberta | jorge_mc@sapo.pt

229
Resumo

Os confinamentos decorrentes da pandemia de Covid-19, que ocorreram em 2020 (de 16 de


março até final do ano letivo) e em 2021 (de 22 de janeiro a 4 de abril) no sistema educativo,
com o consequente encerramento de escolas, mobilizaram toda a sociedade portuguesa e em
particular, escolas, alunos, pais, professores e não docentes para uma nova realidade que
tiveram de gerir no seu dia a dia.

A mudança repentina e forçada de ensino presencial para o ensino a distância em todo o país
obrigou as escolas a reorganizarem-se e fez entrar as aulas em casa de cada aluno. Esta mudança
do espaço geográfico da sala de aula provocou alterações significativas na organização familiar
diária de alunos e de professores. Concomitantemente, estes tiveram que adaptar-se a um
quotidiano profissional muito diferente do que estavam habituados, reinventando-se para
novas práticas pedagógicas, que foram também oportunidades de aprendizagem e atualização
profissional.

Assim, procurámos identificar as alterações das práticas pedagógicas realizadas pelos


professores neste contexto, logo após o segundo confinamento, isto é, a partir de meados do
mês de abril de 2021.

O estudo, de âmbito nacional, é de natureza qualitativa e descritivo, tendo enquadramento


teórico com base na análise das reflexões e das investigações recentes acerca da escola e do
ensino e aprendizagem em tempos de pandemia de Covid-19. Para saber quais foram as suas
práticas pedagógicas dos Docentes durante os dois confinamentos, foi administrado um
questionário com questões de resposta fechada e aberta, obtendo-se uma amostra de 134
Docentes da Educação Pré-escolar e dos Ensinos Básico e Secundário, em exercício efetivo de
funções durante os dois últimos anos letivos. Os dados recolhidos foram analisados recorrendo
a análise estatística descritiva e a análise de conteúdo. O estudo permitiu concluir que, para a
maioria dos Docentes que participaram no estudo, o confinamento teve efeito nas suas práticas
educacionais, no âmbito da sua atuação didática, nomeadamente na planificação, nas práticas
pedagógicas, nos critérios de avaliação e nos materiais. Por outro lado, entre o primeiro e o
segundo confinamentos, os professores reportaram uma melhor adequação dessas práticas,
sinal de uma adaptabilidade à mediação digital a que foram obrigados.

Palavras-chave: Práticas pedagógicas, Digital, Pandemia

230
[ID 163]

Da educação em desconstrução, em nome da hospitalidade

Hugo Amaral | FLUC | hugomendesamaral@gmail.com

Resumo

Se é certo que o pensamento de Jacques Derrida, chamado Desconstrução, ocupa um lugar


crucial e absolutamente singular também na Educação, dele não poderemos dizer que se trata
de uma filosofia da educação. Repensando as relações entre pensamento e ensino, educação e
responsabilidade, sistema e incondicionalidade, a Desconstrução é um gesto pedagógico em
nome da hospitalidade, de uma lei mais justa de hospitalidade que deve orientar a educação
como resistência excepcional a todos os poderes de apropriação dogmática, limitadores da
singularidade, da diferença, da justiça social e dos direitos humanos. A Desconstrução vê na
educação, justamente, o domínio exigente onde nada se deve subtrair ao questionamento, onde
tudo o que é exigido pelo pensamento, pelo conhecimento e pela pesquisa (segundo princípios
básicos sociais, educacionais e éticos) deve ser afirmado – um desafio e um direito primordial a
que escolas e universidades, nas novas injunções a realidades inéditas, não devem deixar de
responder.

Como uma flecha de esperança apontada ao coração da educação de amanhã, onde igualdade
e diferença se encontram, o gesto pedagógico da Desconstrução derridiana move uma
constelação de questões sobre educação, invenção e democracia por vir, tocando um nível
profundamente preocupado com a criação de condições e aberturas nas estruturas ético-
didáticas de acolhimento e respeito pela singularidade do outro (como outro), tornando esse
acolhimento operativo e eficaz, ou seja, pensando de novo a responsabilidade pelo porvir,
incluindo o futuro da educação nas salas de aula e na investigação.

Estará assim em questão não só reivindicar a importância da Desconstrução para o discurso e as


práticas educacionais mas responder responsavelmente à pergunta: que consequências tirar
daí, da Desconstrução, quanto à educação?

Palavras-chave: Educação, Desconstrução, Hospitalidade, Incondicionalidade, Resistência

231
[ID 188]

Ecosofia, Anarquismos e Educação – uma conversação entre Francisco Ferrer y Guardia, Maria
Lacerda de Moura e Félix Guattari

Rafael Limongelli | University of Campinas | rafaelimao@gmail.com

Resumo

Este ensaio tem o objetivo de explorar algumas características do racionalismo pedagógico


proposto por Ferrer y Guardia na construção da Escola Moderna de Barcelona (1901),
exploração acompanhada do olhar da anarquista brasileira Maria Lacerda de Moura e das
chaves conceituais oferecidas pelo militante anticapitalista Félix Guattari. Para tanto
procuramos relacionar os escritos de Ferrer y Guardia (2014), Maria Lacerda de Moura (2021),
Félix Guattari (1981; 2004; 2012) e Silvio Gallo (2007; 2014) em uma análise teórico filosófica,
buscando verticalizar a análise e a compreensão do racionalismo pedagógico em face da sua
prática experimental, afetiva e ecosófica na construção de um fazer comunitário, ativista e
educacional. O racionalismo e positivismo europeus, que são contemporâneos à criação da
Escola Moderna, derivaram diversas atrocidades históricas, entre elas o fascismo, a estatística
(vista como ciência de Estado) e a polícia, como mantenedora da razão nas cidades. É necessário
uma distinção do que Ferrer y Guardia elaborou como racionalismo, afirmando uma prática
coletiva e insurgente. Maria Lacerda de Moura afirma a importância de ao ensinar ciência, não
se repetir e decalcar verdades únicas e absolutas, mas compartilhar ferramentas como a
observação, a experiência e o raciocínio, como uma invenção comunitária dos processos de
produção das verdades científicas. Uma ocupação da fábrica de produção de verdades. Afirmava
o ato de conhecer, o uso dos mecanismos de investigação como um gesto nômade diante das
tortuosas e implacáveis dúvidas. Convidar a ecosofia para o campo da educação libertária é
assumir conjuntos diferentes daqueles que conectam a subjetividade ao padrão da produção
capitalista. Através da ecosofia, aprendemos a compor-nos como grupos-sujeito. Anti-Estado e
anti-capitalista, a ecosofia reúne contingências de singularidades cuja manifestação pelos seus
súditos ocorre no sentido de colapsar as manobras de todo o universalismo da monocultura
capitalista. A hipótese que se coloca neste ensaio reside na necessidade de exaltar e dar mais
contorno às características experimentais, afetivas, laboratoriais, populares e investigativas do
racionalismo pedagógico proposto para a Escola Moderna de Barcelona, como prática

232
insurgente contra quaisquer dogmas, sejam da Razão, da Religião ou do Estado. Em qualquer
caso, precisamos de revolucionar a filosofia da razão em busca de uma ecosofia da terra.

Palavras-chave: Educação Anarquista, Filosofia da Educação, Ecosofia, Anticapitalismo

[ID 210]

Diálogos com Paulo Freire e os desafios contemporâneos

Deuzimar Serra | UEMA | deusa_dkg@yahoo.com.br

Heloisa Varão | Universidade Estadual do Maranhão | helocvs@yahoo.com.br

Ilka Serra | Universidade Estadual do Maranhão - UEMA | ilka.tt@gmail.com

Resumo

O texto em epigrafe trata sobre a temática “Diálogos com Paulo Freire e os desafios
contemporâneos”, tendo como referência as ações em torno da comemoração e homenagens
ao memorável educador Paulo Freire pelo seu Centenário que se consolidará em setembro de
2021. Este trabalho tem como objetivos, reconhecer a importância da contemporaneidade de
Freire e suas contribuições para a pesquisa científica vinculados à realidade para ler o mundo
como um ato que permite conhecer e transformar a prática; refletir e debater sobre as ideias
de Paulo Freire nas obras discutidas de forma dialógica, gerando um movimento dialético e
crítico entre saberes e experiências para a transformação sócio educacional; divulgar as ideias
de Paulo Freire contextualizando em tempos de pandemia para resistir e persistir à realidade
sócio política e econômica brasileira. Os procedimentos metodológicos deste estudo têm como
referência a realização de Círculos de Cultura em parceria com a comunidade acadêmica,
abrindo espaço para troca de experiências entre profissionais e estudantes partindo das ideias
de Paulo Freire expressas em suas obras e suas aplicações no ensino contemporâneo.

Palavras-chave: Círculo de Cultura, Desafios, Contemporâneos

233
SESSÃO 6.3 | SESSION 6.3 – 5, 19, 25, 46

[ID 5]

Competências socioemocionais (CSE): caminhos para atender aos desafios da educação


contemporânea

Cristiana da Costa | Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) | cmcmarinhos@gmail.com

Maria Silva | Universidade de Lisboa | maria_neves2009@hotmail.com

Ana de Meira | Faculdade Estácio Brasil | anapassarelim@gmail.com

Resumo

Diante da crise civilizatória que se encontra a sociedade atual em virtude dos múltiplos
problemas socioambientais, humanitário, pandêmico, climático, político, econômico, social ,
cultural, entre outros.

Somos levados a repensar a práxis educacional em que permeiam: carência de afeto, empatia e
sensibilidade nas relações interpessoais no âmbito escolar e social de uma maneira geral.

Numa busca pelas finalidades da educação e no que essa educação contemporânea possa
contribuir para atitudes e valores no cenário atual. Assim como seria o formato de processos
formativos docentes que atendesse a essas demandas tão emergentes, baseado em produções
científicas e práticas educativas atuais trazemos por contribuição as Competências
Socioemocionais na Educação objetivando apontar para práticas educativas e processos
formativos docentes pautados nessas competências.

As competências socioemocionais (CSE) caracterizam-se como um conjunto de habilidades que


promovem autorregulação de sentimentos, espírito de equipe, resiliência, empatia para atuar
na sua vida social e profissional levando o indivíduo a conviver com as diferenças, aberto a novas
experiências, entre outras habilidades que unidas podem contribuir para uma sociedade muito
melhor.

Na contemporaneidade não é admissível reduzir a aprendizagem do aluno somente à avaliação


e mensurações cognitivas, pois os alunos são seres humanos com emoções que se conectam
com professores, amigos de sala, família. (Aben, 2016).

234
As competências socioemocionais permitem desenvolver nos indivíduos habilidades para
gerenciar, autorregular emoções numa proposta de empatia, espírito de equipe, solidariedade,
resiliência, ética, cidadania. Valores esses tão desejáveis nas redes de relações e necessários nos
dias atuais.

A metodologia foi baseada em pesquisas bibliográficas, documentais, através do viés qualitativo


com abordagem no “estado do conhecimento”. A abordagem do tema vem sendo fortalecida
por vários autores, servindo de fundamentação teórica na maioria das produções analisadas
nessa pesquisa, entre esses destacam-se: Goleman (2011), Bisqueira (2000), Casassus (2009),
Gonsalves (2015).

Nos discentes as pesquisas apontam a inserção de vivências que possibilitem: empatia,


felicidade, autoestima, ética, paciência, autoconhecimento, confiança, responsabilidade,
autonomia, empoderar-se e criatividade endossando que o lúdico prevaleça através de jogos,
histórias, desenhos e dinâmicas em sala de aula. Além de contribuírem de forma positiva para
um ambiente favorável através da regulação e autogestão dos sentimentos com intenção de
promover uma cultura de respeito, tolerância e paz.

No processo formativo docente destacam-se vieses das Competências Socioemocionais que


possam viabilizar: autoconsciência, autoformação, técnicas não violentas de diálogos e escuta
ativa, contextos teórico-metodológicos pautados em vieses mais humanísticos e menos racional
e burocráticos.

Palavras-chave: Competências Socioemocionais, Práxis Educacional, Formação Docente,


Educação para o Século XXI

[ID 19]

A pandemia da desinformação: um combate a partir do desenvolvimento explícito do


pensamento crítico na disciplina de Filosofia no ensino secundário

Isabel Bernardo | Universidade de Aveiro | isabelbernardo@ua.pt

Rui Vieira | Universidade de Aveiro | rvieira@ua.pt

Alexandre de Sá | Universidade de Coimbra | alexandre.franco.sa@gmail.com

235
Resumo

Robert Ennis é um dos filósofos que contribuiu para a inserção explícita do desenvolvimento do
pensamento crítico (PC) no ensino-aprendizagem. Conceptualizando a noção de PC como uma
atividade racional reflexiva, com o objetivo práxico de alcançar uma crença ou uma ação
sensata, Ennis enuncia dois grandes componentes: a das disposições e a das capacidades.
Sumariando, as disposições incluem: preocupar-se que as suas crenças sejam verdadeiras e as
suas decisões justificadas, o que implica procurar e considerar posições alternativas, estar bem
informado, sustentar posições para as quais existam evidências e estar disponível para usar as
suas capacidades críticas; preocupar-se em compreender e apresentar com honestidade a sua
posição e a de outros, o que implica descobrir e ouvir razões, ser claro e preciso e procurar
clareza e precisão, manter o foco nas questões em discussão e ter noção das suas crenças
básicas.

Estas disposições para o exercício do PC, conjuntamente com capacidades, como as de


estruturar e analisar argumentos e detetar falácias, entre outras, são fundamentais para o
exercício de um sentido de vigilância e responsabilidade epistémica, num período de acesso livre
a um fluxo contínuo e incontrolado de informação, cujo valor de verdade está longe de ser
garantido.

Nesta comunicação propomos-mos apresentar o trabalho desenvolvido ao longo de dois anos


letivos com uma turma de 23 alunos da disciplina de Filosofia do ensino secundário português,
trabalho esse que no último ano letivo se enquadrou num processo de investigação com
metodologia múltipla (estudo de caso e Educational Design Research) e que tem como finalidade
determinar a possibilidade do desenvolvimento e expressão intencional de capacidades e
disposições de pensamento crítico, num ensino por competências práxico da Filosofia.

Suportadas em tecnologias digitais e em metodologias ativas como a aprendizagem por


resolução de problemas em trabalho colaborativo, foram várias as sequências de aprendizagem
desenvolvidas com os alunos nos quais competências filosóficas e capacidades de PC foram
explicitamente trabalhadas com o intuito de desenvolver nos alunos disposições intencionais de
vigilância e responsabilidade epistémica que os tornassem autónomos na validação, consumo e
utilização de informação.

Apresentaremos ainda dados recolhidos junto dos alunos, nos quais estes evidenciam
aprendizagens efetuadas para estar alerta relativamente à qualidade da informação e para
aplicar critérios e distinguir boa de má informação ou diferenciar informação de desinformação.

236
Palavras-chave: Pensamento crítico, Desinformação, Ensino da Filosofia com tecnologias digitais

[ID 25]

Aprendizagens baseadas nas criatividades: re-imaginando mundos na construção de um


otimismo crítico e transformador

António Vasconcelos | Instituto Politécnico de Setúbal | antonio.vasconcelos@ese.ips.pt

Resumo

As situações de crise, como no caso da COVID19, tem impactos profundos nos modos como se
pensa, organiza e desenvolve o trabalho formativo. A transição do ensino e das aprendizagens
presenciais para um contexto online, apresenta-se como uma tarefa complexa que lança
múltiplos desafios às instituições, aos docentes e aos estudantes uma vez que não é possível,
nem desejável, a transposição de modalidades de trabalho e de formação como se estivesse no
ensino presencial. No caso das práticas artísticas performativas e experimentais, esta mudança
radical afeta profundamente um trabalho assente em corporalidades e conetividades
multipolares envolvendo vários tipos de modalidades artísticas, numa ecologia de ação e de
criação dialogando com espaços físicos, modos comunicacionais e públicos diferenciados.

Neste contexto, partindo do trabalho online realizado numa unidade curricular intitulada “Artes
Performativas”, cinco horas semanais durante um semestre, e da análise de 222 documentos,
que incluem fotos (84), vídeos (54) , poemas (42) e relatórios (42), esta comunicação, inscrita
num projeto de investigação mais vasto relacionado com aprendizagens baseadas nas
criatividades, procura por um lado dar conta das problemáticas e dos desafios que foram
colocados pela pandemia a uma disciplina artística essencialmente prática bem como os modos
como se procurou responder a essa praticidade e às perceções dos estudantes e, por outro,
apresentar e discutir um conjunto de implicações que poderão contribuir para ajudar a re-
imaginar os mundos, reais e imaginários, uma vez que as ambiguidades e problemas, de
natureza técnica e concetual, conduziram à emergência de modos de experimentação de
processos e de procedimentos que vieram acentuar a necessidade de repensar não só a
colaboração e a interdependência entre diferentes atores, tecnologias e pedagogias, como
também a abertura a outras possibilidades de futuro questionando os modos convencionais e

237
imaginando um ecossistema formativo centrado na aprendizagem do que não se conhece, mais
criativo e com maior conetividade entre saberes, técnicas, estéticas, estudante e comunidades
possibilitador da construção de presentes e de futuros promotores de um otimismo crítico ativo,
transformador e voluntarista.

Palavras-chave: Práticas Artísticas, Aprendizagens Baseadas na Criatividade, Otimismo Crítico

[ID 46]

Escalando utopias na educação musical: potenciar o envolvimento parental para melhorar as


competências dos alunos

Luísa Orvalho | Escola das Artes, UCP, Católica Porto | luisa.orvalho@gmail.com

Helena Duarte | Escola das Artes, UCP, Católica Porto e Conservatório Regional Maria Campina,
Faro | helenaduarte2@hotmail.com

Resumo

Este projeto de intervenção pedagógica surge do trabalho desenvolvido como professora de


Violino e Orquestra que acredita que há possibilidades de mudança, através de iniciativas
contra-hegemónicas, centradas na tomada de consciência e na mobilização, veiculando a
responsabilidade, a solidariedade, a colaboração e a empatia. O projeto interdisciplinar
designado “Escalando utopias na educação musical: potenciar o envolvimento parental para
melhorar as competências dos alunos” foi alicerçado na aprendizagem baseada em projetos
(PBL) e na aprendizagem da resolução de problemas (PSL),realizou-se no Conservatório Regional
do Algarve Maria Campina, em Faro, no ano de 2019. A questão orientadora de partida da
pesquisa foi: A relação Família-Escola contribui de forma inequívoca para o sucesso escolar dos
alunos, para a sua motivação intrínseca, autorrealização e desenvolvimento de habilidades
musicais? Aberto à participação da comunidade educativa, envolveu as disciplinas de Classe de
Conjunto do Conservatório: Orquestra Juvenil, Coro Infantil e Coro de Câmara, tendo culminado
num concerto, com a colaboração ativa dos pais e encarregados de educação dos alunos. Tratou-
se de uma investigação qualitativa, seguindo uma abordagem metodológica de aproximação à
Investigação-Ação, tendo envolvido 103 participantes do Conservatório - alunos, professores,
pessoal não docente e vários pais e encarregados de educação (que integraram o coro). O

238
principal objetivo desta intervenção foi estudar a problemática do impacto da interação social e
apoio dos pais no processo de ensino e aprendizagem da música. Como técnicas de recolha e
produção de dados privilegiaram-se os registos audiovisuais dos ensaios e do concerto final, o
feedback qualitativo dos professores ao longo dos vários ensaios e os inquéritos de satisfação
aplicados no final do concerto. A análise de conteúdo foi a técnica usada no tratamento e
interpretação de toda a informação recolhida durante o processo. Os resultados finais
evidenciaram, após uma análise SWOT, que todos os intervenientes contribuíram
significativamente para a revitalização do Projeto Educativo e Social do Conservatório, que o
reforço das relações Família-Escola e o envolvimento parental potenciou não só as
competências musicais, mas também a autoestima, a motivação e o trabalho em equipa. Este
reposicionamento de lugares reajustou perspetivas, permitindo afirmar que as relações pessoais
e a interação social escalam utopias quando se manifesta a empatia e possibilita a construção
de modos diferentes de pensar a educação artística e de vivenciar a música.

Palavras-chave: Ensino artístico especializado da música, Envolvimento parental, Interação


social

SESSÃO 6.4 | SESSION 6.4 – 16, 37, 50, 58

[ID 16]

Orientação pedagógica: estudo sobre as percepções, expectativas e necessidades de alunos


doutorandos

Cristina Duarte | Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade de Lisboa |


cristinaduarte@sapo.pt

Tatiana Sanches | Instituto de Educação, Universidade de Lisboa | tsanches@fpie.ulisboa.pt

Joana Miranda | Faculdade de Farmácia, Universidade de Lisboa | jmiranda@ff.ulisboa.pt

Mariana Batista | Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Lusófona (Lisboa) |


mariana.r.batista@gmail.com

Susana Gonçalves | Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril |


susana.goncalves@eshte.pt

239
Resumo

A presente comunicação integra a apresentação de resultados de estudo que tem como


objectivo compreender as percepções, expectativas e necessidades de alunos de doutoramento
face à orientação recebida ao longo do percurso académico.

A recolha de dados foi realizada através de questionário e incluía as seguintes secções: dados
sociodemográficos; aliança de aprendizagem entre o orientador e o orientando, disponibilidade
mental, área disciplinar de especialização, perícia técnica, conhecimento contextual, critérios
para o sucesso do doutoramento.

O estudo contou com a participação de alunos doutorandos, com idades a partir dos 25 anos,
das áreas das ciências sociais, artes humanidades, exactas e da saúde, sendo que a maioria dos
inquiridos se situa na área metropolitana de Lisboa

Os resultados obtidos permitem-nos aferir que há por parte dos inquiridos a valorização da
orientação doutoral, por ser um processo que “possibilita um amadurecimento do
conhecimento obtido e disseminado” (sic), assim como aponta para as vulnerabilidades e
dificuldades existentes no processo de acompanhamento. São apresentadas propostas de
melhoria deste contexto que possam potenciar a relação orientador-orientando e o
desenvolvimento pessoal e profissional dos implicados.

Palavras-chave: Orientação pedagógica, Doutoramento, Doutorandos

[ID 37]

Práticas pedagógicas no curso de pedagogia da Universidade de Vassouras – RJ: metodologia


da alfabetização

Suzana Amorim | Universidade de Vassouras - Vassouras - RJ | suzana-amorim@uol.com.br

Resumo

A formação docente tem a tarefa de transformação para o melhor, para o mais qualificado, de
modo a contribuir de forma efetiva à identidade profissional. Nesta perspectiva, os processos

240
desenvolvidos para a construção dos saberes dos acadêmicos do curso de Pedagogia da
Universidade de Vassouras - RJ, Brasil, têm refletido propostas constantes. Assim sendo, a
disciplina Metodologia de Alfabetização, disponibilizada na grade curricular do referido curso,
insere discussões no cenário formativo alinhadas com recursos pedagógicos como componentes
da educação formal. As práticas pedagógicas desenvolvidas buscam constantemente olhar
crítico sobre os processos de formação docente como espaços educativos. O fazer pedagógico
precisa ser conjecturado, de modo a ampliar as propostas educativas. O objetivo da disciplina é
oferecer subsídios teóricos e metodológicos acerca dos processos envolvidos na aquisição da
língua escrita como ferramenta básica para o exercício consciente da cidadania; favorecendo a
necessária compreensão sobre a atuação do professor alfabetizador. Para tanto, no percurso da
disciplina os acadêmicos constrõem conceitos básicos para a compreensão do processo de
alfabetização; conhecendo, entendendo e aplicando algumas teorias sobre a alfabetização;
articulando atividades didáticas ao método correspondente de alfabetização; identificando as
características das diferentes fases do processo de desenvolvimento da escrita; bem como os
avanços, dificuldades e necessidades de aprendizagem dos alfabetizandos. O trabalho é
subsidiado por autores renomados na temática como Nóvoa (2013; 2018); Magda Soares (2014);
LOTSCH (2016); dentre outros. O estudo é de cunho bibliográfico, natureza qualitativa e
extensionista, partindo da preocupação de alargamento do campo pesquisado, em prol da
formação docente. No percurso da disciplina é sugerida a apropriação de recursos pedagógicos
em prol de um processo de alfabetização que oportunize práticas pedagógicas mais eficazes. No
término da disciplina, que é oferecida em um semestre letivo, a produção dos graduandos é
compartilha com seus pares, objetivando contribuir com os saberes e fazeres dos acadêmicos
de Pedagogia da Universidade de Vassouras-RJ, de modo a familiarizar-se com variados recursos
que corroboram na construção de conhecimento de educandos.

Palavras-chave: Pedagogia, Prática educativa, Formação Docente

[ID 50]

O conhecimento está no ar: fundamentos, materialidade e implicações da rádio web UFPA no


processo de produção e socialização do conhecimento científico na perspectiva da
universidade multicampi

241
Benilda Silva | Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG | benildaveloso@hotmail.com

João Silva | Universidade Federal do Pará - UFPA | jbatista@ufpa.pt

Resumo

Trata-se de uma pesquisa em andamento que busca analisar os fundamentos, a materialidade


e as implicações da Rádio Web UFPA em uma Universidade Multicampi, no processo de
produção e socialização do conhecimento científico no interior da Amazônia. Ressalta-se que o
projeto Rádio Web UFPA visa proporcionar um novo canal de divulgação das atividades
científicas e acadêmicas desenvolvidas pela UFPA. Um dos principais diferenciais de uma rádio
Web, em relação a uma rádio convencional, é a possibilidade de o ouvinte (no caso da
Universidade, o professor universitário, o aluno, o funcionário ou o professor do Ensino Médio)
ter um banco de dados à sua disposição. A pesquisa objetivou compreender o perfil social,
econômico e cultural dos ouvintes da Rádio Web UFPA que estudam nos campi da universidade
Multicampi. Assim como, analisou os usos, as apropriações, as interações, as temáticas, os
formatos e as funções das rádios na internet no processo de produção do conhecimento
científico no interior da Universidade. Fundamenta-se teoricamente nas produções dos
seguintes autores: Lévy (1999), Pretto e Tosta (2010), Chauí (2003), Pretto (1996), Moran (2013),
Godoy Júnior (2007). Quanto à metodologia referencia-se na pesquisa qualitativa, do tipo
estudo de caso. Os instrumentos de coleta de dados: entrevistas semiestruturadas com a equipe
técnica da Rádio Web UFPA e com a equipe que direciona o programa MULTICAMP. Será feito
um levantamento bibliográfico. Quanto à sistematização e análise dos dados, será feito tendo
por base a “análise de conteúdo”. A rádio web possibilita realizar buscas por palavras-chave,
ouvir e “baixar” programas já transmitidos sobre os mais variados temas (como genética,
aquecimento global, literatura, entre outros), veiculados e armazenados no arquivo digital da
internet. Conclui-se que a rádio Web, trata-se de um importante instrumento pedagógico e de
socialização do conhecimento científico que está sendo aproveitado pela UFPA.

Palavras-chave: Tecnologias digitais, Rádio web, Universidade Multicampi

[ID 58]

A utilização de smartphones como ferramenta educativa na educação superior

242
José Cunha | Instituto Dom José - Universidade Estadual Vale do Acaraú |
josemacunha@hotmail.com

Ana Barbosa | Faculdade Ari de Sá | ana.barbosa@aridesa.com.br

Flávio Chaves | Instituto Dom José - Universidade Estadual Vale do Acaraú |


flavioufc2@gmail.com

Francione Alves | Universidade Federal do Cariri | francione.alves@ufca.edu.br

Michelline Nogueira | Universidade do Porto | michellinequeiroz81@gmail.com

Resumo

O presente artigo tem como objetivo investigar a utilização pedagógica de smartphones na


educação superior, em uma universidade privada do município de Fortaleza, Brasil, no curso de
pedagogia. A referida pesquisa pretendeu compreender o nível de conhecimento dos
professores e estudantes sobre as possibilidades desses equipamentos de figurarem como
instrumentos de mediação pedagógica, no contexto da sala de aula. Para tanto, realizamos uma
pesquisa de abordagem qualitativa, utilizando como instrumento de coleta de dados
questionários estruturados e semiestruturados, a partir do aplicativo Google Formulários® e e-
mail do tipo Outlook®, junto aos sujeitos do estudo, pertencentes ao curso de pedagogia
mencionado. Após o processo de análise constatamos que professores e estudantes
investigados revelaram necessidades de ajuste às novas tecnologias, notadamente no que se
refere ao uso pedagógico dos smartphones. Percebemos, como imperiosa a necessidade de
mudança de perspectiva e adaptações ao contexto digital no qual estamos inseridos, as quais
podem impactar na trajetória das práticas docentes e impactar na aprendizagem dos
estudantes. É preciso, portanto, que o contexto educacional ressignifique o uso das tecnologias
em sala de aula, especialmente do uso de aparelhos celulares, em razão da popularização desses
equipamentos, criando possibilidades, negociando situações e diminuindo conflitos, a fim de
cooptar essa ferramenta e torná-la a serviço das aprendizagens. Postulamos, ainda, que os
resultados provenientes da presente investigação possam servir como fonte de referência para
futuros estudos de aprofundamento da temática de fins pedagógicos.

Palavras-chave: Educação Superior, Prática Pedagógica, Ensino-Aprendizagem, Smartphones

243
SESSÃO 6.5 | SESSION 6.5 – 149, 164, 173, 177

[ID 149]

Trajetórias de inserção à docência: o destino de egressos das licenciaturas em eletromecânica


e computação

José Gariglio | UFMG | angelogariglio@hotmail.com

Railda Jesus | IFBA | raildamaria@yahoo.com.br

Resumo

Este artigo apresenta os achados parciais de uma pesquisa de doutorado que teve como objeto
o processo de inserção profissional na docência de egressos(as) de dois cursos de Licenciatura –
Eletromecânica e Computação, circunscritas ao Instituto Federal de educação, Ciência e
Tecnologia da Bahia (IFBA). O estudo foi realizado com 31 egressos(as) formados(as) por este
Instituto, que se encontram fora da área para a qual seu curso tem maior alinhamento: a
Educação Profissional e Tecnológica (EPT). O número de participantes está relacionado ao
número de egressos(as) que se mostraram interessados(as) em participar da investigação, após
contatos e envio de convite. A metodologia empregada teve caráter qualitativo, de natureza
descritiva, sendo desenvolvida mediante emprego da técnica de aplicação de questionário.
Foram aplicados dois questionários estruturados distintos, em função de dois perfis diferentes
identificados, previamente, no grupo investigado: Perfil 1 – egressos(as) não inseridos (as) na
docência e Perfil 2 – egressos(as) na docência fora da educação profissional e tecnológica. Os
questionários foram elaborados por meio do aplicativo Google Formulários e contaram com
questões que se mostram comuns aos grupos, bem como com questões específicas, pertinentes
à realidade de cada grupo. Estes(as) egressos(as) sinalizaram para questões conhecidas em
educação, como a baixa atratividade pela carreira docente, precarização da profissão, violência
contra o professorado, dentre outros. De forma específica, o estudo revela, também, que as
trajetórias de egressos das licenciaturas da EPT são marcadas pelas singularidades deste campo
de inserção profissional. Mais especificamente, a desregulação da profissão docente, sobretudo
pela inexistência de legislações quer permitam o Estado ter um controle mais efetivo sobre a
formação inicial e atuação profissional; a predominância do setor privado na rede de escolas de
EPT, o que favorece a desregulamentação das formas de contratação de professores; a
instauração da cultura do quem saber fazer saber ensinar, tornando passiva a ideia de que seria

244
suficiente, para ser professor, ter experiência profissional no setor empresarial; o número de
escolas de EPT em número muito inferior ao ensino regular, reduzindo a demandas por
professores nessa modalidade de ensino; e o caráter efêmero das atividades produtivas, que
torna determinadas profissões obsoletas, e de roldão, licenciaturas de professores em áreas
tecnológicas.

Palavras-chave: Trajetória de egressos, Inserção profissional docente, Professores da Educação


Profissional e Tecnológica

[ID 164]

A formação de professores na contemporaneidade

Maria Costa | AFIRSE 2022 | il_costa@sapo.pt

Resumo

A sociedade em que vivemos é uma consequência das sucessivas mudanças, sociais e


económicas, que têm ocorrido ao longo dos tempos. Porém, na atualidade devido aos avanços
científicos, técnicos e tecnológicos bem como aos fenómenos da globalização a metamorfose
social e do mundo que nos rodeia é cada vez mais rápida quase não havendo tempo para refletir
e adaptar ao presente. No vaivém da multiculturalidade onde impera a diversidade, mas que se
deve cultivar o respeito à dignidade humana e à igualdade de oportunidades há que promover
valores humanistas os quais devem ser o propósito da educação.

O Professor é um artesão, um construtor de sentido e faz parte desta sociedade em constante


e acelerada transformação. Tem como principal missão formar jovens, futuros adultos, que
sejam responsáveis, críticos, reflexivos, interventivos e autónomos, capazes de respeitar ‘o
outro’ e o meio ambiente, isto é, preparar jovens que sejam capazes de promover uma sã e
harmoniosa convivialidade. Assim, para melhor compreender as dinâmicas sociais e do meio
envolvente e para fazer face à diversidade que é transportada para o interior da escola, o
professor sente necessidade de atualizar e ou renovar conhecimentos capacidades e atitudes na
modalidade de formação contínua tendo consciência que, num contínuo processo de reflexão –
ação, o lugar da formação é o lugar da profissão.

245
Tendo como suporte as ideias gerais expostas, apresenta-se como tema de investigação os
desafios da contemporaneidade e a formação de professores. Com base neste tema formulou-
se a seguinte questão: De que modo a formação de professores pode contribuir para uma
melhor compreensão dos desafios associados à contemporaneidade? Partindo desta questão, o
objetivo geral do estudo consiste em compreender a relevância da dualidade formação de
professores – sociedade contemporânea.

É uma investigação de âmbito qualitativo com recurso ao inquérito por entrevista para a recolha
de dados e à técnica de análise de conteúdo para a respetiva análise.

Os resultados apontaram para o facto de a formação de professores ser relevante porque a


sociedade está em constante mudança social e tecnológica e o professor precisa se atualizar,
através da formação, para poder responder a esses desafios, nomeadamente, os do seu
quotidiano profissional.

Palavra-chave: Contemporaneidade, Desafios sociais, Formação de professores

[ID 173]

Ensino remoto emergencial: inseguranças e convicções no uso das tecnologias digitais para a
formação de professores

Tatiane Bernardo | Unopar Pitágoras | tati.bern@gmail.com

Maria Prado | Unopar Pitágoras | bette.prado@gmail.com

Fátima Dias | Unopar Pitágoras | fatimadias.consultoria@gmail.com

Maria Ramos | Universidade do Minho | altina@ie.uminho.pt

Dayane Bessa | Unopar Pitágoras | dayanebbessa@gmail.com

Resumo

Com o avanço significativo e constante das tecnologias digitais, é comum que observemos
mudanças em paradigmas sociais, comportamentais, econômicos, culturais, dentre outros.
Diante do cenário de pandemia do novo coronavírus, observamos mudanças bastante
aprofundadas no que diz respeito ao uso das tecnologias digitais no cotidiano dos indivíduos e
na educação. Muitas ressignificações a respeito destas ferramentas foram feitas. Ao longo dos

246
últimos anos, no contexto da educação brasileira, novos documentos normativos de orientação
à formação docente foram homologados nos anos de 2019 e 2020, de modo que pudéssemos
melhor preparar os docentes para os desafios que a contemporaneidade impõe. Contudo, o
cenário de pandemia e a necessidade do Ensino Remoto Emergencial para dar continuidade aos
trabalhos de educação fez com que a necessidade por esta preparação docente fosse acelerada
significativamente. É neste contexto em que se insere esta pesquisa que tem como objetivo
entender como e se os documentos normativos de formação de professores atenderam às
necessidades de formação para a prática docente para uso das tecnologias digitais como
intermédio para ensinar. Para isso, comparamos as inseguranças e convicções de professores
quanto ao uso das tecnologias digitais para ensinar e as diretrizes definidas nos documentos de
formação inicial de professores. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, do tipo
pesquisa de campo e documental, na qual realizamos a coleta de dados por meio de entrevista
com cinco docentes que atuam na formação inicial de professores do curso de Pedagogia. Para
a análise dos dados, utilizamo-nos da perspectiva da Análise de Conteúdo (AC), buscando
sistematizar e demonstrar as relações existentes entre as respostas encontradas na
subjetividade destes sujeitos, a fim de que pudéssemos entender proximidades e disparidades
de entendimento da prática docente. Como resultados, obtivemos que as convicções dos
professores permearam o campo do conteúdo e disciplinar; já as inseguranças foram
identificadas com frequência quanto ao uso das tecnologias digitais para ensinar remotamente.
Apesar desta deflagração, pudemos observar que muitas das dificuldades pontuadas pelos
professores estão contempladas nos novos documentos instituídos para a formação de
professores e, então, se relacionam diretamente com a prática destes docentes.

Palavras-chave: Formação docente, Ensino Remoto Emergencial, Tecnologias Digitais da


Informação e da Comunicação

[ID 177]

Revisitar o artigo “o computador e o ensino” publicado em 1971 na Revista Portuguesa de


Pedagogia

Rooney Pinto | Universidade de Coimbra | rooneypinto@gmail.com

Maiza Trigo | Université du Luxembourg | maiza.trigo@uni.lu

247
António Ferreira | Universidade de Coimbra | antonio@fpce.uc.pt

Resumo

A Revista Portuguesa de Pedagogia foi fundada em 1960 no Instituto de Estudos Psicológicos e


Pedagógicos da Faculdade de Letras de Universidade de Coimbra tendo á frente Émile Planchard
e Joaquim Ferreira Gomes. Em pleno regime autoritário do Estado Novo, a revista manteve uma
dinâmica internacional, agregando um conjunto de publicações de diversos autores nacionais e
estrangeiros. No nº1 de 1971, no qual Jean Piaget publica a “Evolução intelectual: da
adolescência à maturidade” e Joaquim Ferreira Gomes “A pampaedia de Coménio”, o artigo de
Denis & Martegani, intitulado “O computador e o ensino”, destaca em seu primeiro parágrafo
que “uma das tarefas fundamentais da pedagogia experimental é a investigação e o
desenvolvimento da inovação no ensino” (p.193). A partir da análise deste artigo, o presente
estudo tem por objetivo verificar como os autores referem a relação entre as tecnologias digitais
e a educação e analisar em que medida apontam seus aspetos inovadores e constrangimentos.
Partindo de uma abordagem qualitativa e descritiva, com recurso à análise de conteúdo, foi
possível verificar que o computador é referido no artigo como uma ferramenta inovadora por
melhor “individualizar determinado ensino”, permitindo ao professor acompanhar o processo
de ensino-aprendizagem, facilitando os registos sistemáticos e a análise de resultados dos
desempenhos dos alunos. Bem como, na resolução de problemas, exames e simulações,
atividades de jogos, e ensino-aprendizagem autogerida. Contudo, referem os autores que
devido às limitações na compreensão semântica do computador não é possível substituir os
benefícios do professor em contacto com os alunos. Também apontam os autores que
observaram que os alunos tendem a ver o uso do computador como uma ferramenta de
controlo, reagindo com comportamentos de resiliência, fraude nas atividades de ensino,
reconhecimento pelo mérito de seus resultados ou ainda constrangimento pela ação coerciva
de uso do computador. A análise permitiu concluir que mesmo após 30 anos da sua publicação,
o artigo ainda permanece atual em muitos aspetos no âmbito dos benefícios e constrangimentos
no uso do computador enquanto tecnologia digital de ensino. Da mesma forma, também
permanece atual a reflexão dos autores sobre o computador ainda ser incapaz de substituir na
mesma medida o professor em contacto direto com o aluno.

Palavras-chave: Computador, Tecnologias digitais, Inovação, Educação, Ensino-aprendizagem

248
SESSÃO 6.6 | SESSION 6.6 - 38, 79, 102, 195

[ID 38]

Formação de professores para os desafios da sociedade portuguesa contemporânea: Diálogos


sobre a educação inclusiva, equitativa e de qualidade

Adriane Penteado | UTFPR | adriane.penteado@gmail.com

Resumo

As Políticas de Formação de Professores para a Educação Básica, com foco na docência para
enfrentar os desafios da sociedade contemporânea são o objeto desta investigação. O problema
que orienta a reflexão procura elucidar: Como os docentes da educação básica podem contribuir
para o alcance do quarto objetivo, educação de qualidade, da agenda 2030, adotada na
Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, para o Desenvolvimento Sustentável? O
objetivo do trabalho é identificar medidas que visem educação inclusiva e equitativa, a partir de
percepções de docentes e estudantes sobre os traços constitutivos da profissionalidade docente
para a efetivação da qualidade social da educação básica. A análise da questão se apoia nos
argumentos teóricos dos campos da qualidade social da educação nos estudos de Belloni (2003),
Morosini (2009); da profissionalidade docente, nos estudos de Alves e André (2014), Gimeno
Sacristan (1999), Morgado (2005) e Penteado (2015); dos Direitos Humanos , nos estudos de
Estevão (2021); das políticas educacionais e formação de professores, nos estudos de Bowe, Ball
e Gold (1992), Gatti (2011). Os documentos legais que apoiam a análise são a Declaração
Universal dos Direitos Humanos (1948), Decreto nº. 6.755, de 29 de janeiro de 2009, Resolução
CNE/CP nº 1, de 27 de outubro de 2020, Resolução CNE/CP nº 2, de 20 de dezembro de 2019 e
os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. O enquadramento teórico da pesquisa situa-
se na abordagem qualitativa, com referencial teórico dialético, utilizando como metodologia de
análise de dados empíricos a Abordagem do Ciclo de Políticas, de Stephen Ball e colaboradores
(1992). A pesquisa empírica, cujo recorte apresentado neste trabalho subsidia o alcance do
objetivo de pesquisa, foi realizada por meio de questionários com 242 integrantes, entre
docentes e estudantes, de um Programa de Iniciação à Docência e concluída com a tese de
doutorado em Programa de Pós- Graduação em Educação. Os resultados do estudo evidenciam
que a garantia ao direito à educação inclusiva, equitativa e de qualidade, do ponto de vista da
formação docente, para enfrentar os desafios da sociedade contemporânea está diretamente

249
relacionada à necessidade de conhecimento crítico e contextualizado do cotidiano escolar,
ampla visão das condições sociais e políticas da profissão docente, valorização profissional,
fortalecimento do papel social do professor e aplicação de estratégias didático-pedagógicas
emancipatórias.

Palavras-chave: Agenda 2030, Educação de Qualidade Social, Formação de Professores

[ID 79]

Reflexões sobre os desafios da formação de professores

Cleoni Fernandes | Instituto Federal Sul-rio-grandense de Educação, Ciência e Tecnologia -


Campus Pelotas | cleofernandes@terra.com.br

Luciane Freitas | Instituto Federal Sul-rio-grandense de Educação, Ciência e Tecnologia - Campus


Pelotas | lucianealbernaz@pelotas.ifsul.edu.br

Denise Silveira | Universidade Federal de Pelotas | silveiradenise13@gmail.com

Resumo

Este texto apresenta uma reflexão conjunta de três investigadoras, professoras do Programa de
Pós Graduação em Educação – PPGEdu - Mestrado e Doutorado Profissional do Instituto Federal
Sul-rio-grandense, campus Pelotas e do Programa de Pós Graduação em Ensino de Ciências e
Matemática- PPGCEM da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas, a partir
de suas experiências com ERE – Ensino Remoto Emergencial nas disciplinas de Metodologia do
Ensino Superior e .Epistemologia da Matemática. O mundo inteiro foi desestruturado pela
pandemia Covid-19, escancarando as desigualdades sociais e a crise econômico-política do
sistema capitalista e o avanço do neoliberalismo. Nesse contexto, estamos vivenciando um
retrocesso histórico-político sem precedentes: despolitização da política; desintelectualização;
privatização do espaço público; desqualificação da escola/universidade públicas e dos docentes;
fortalecimento da violência simbólica e física contra a diversidade de gênero, etnia e cultura;
aumento das desigualdades sociais. O negacionismo da Ciência e a ausência de um projeto de
justiça social demarcam uma ruptura com avanços democráticos conquistados coletivamente
em movimentos histórico-políticos de vários segmentos sociais. No caso dos sistemas

250
educacionais, o ensino remoto emergencial foi implementado por meio da Portaria nº 343,
publicada pelo Ministério da Educação (MEC), ficando autorizada a substituição das aulas
presenciais por aulas em meio digital, em caráter excepcional, no sentido de preservar a saúde
pública, bem como manter a continuidade dos estudos. Frente a esse momento de perda de
referências de direitos humanos de nossa humana condição nos desafiamos para trabalhar com
a pesquisa como princípio educativo, usando procedimentos pedagógicos de leitura de
realidade em sala de aula para fortalecer valores de solidariedade e defesa da Educação Pública.
Sem a pretensão de generalizar ou negligenciar as implicações, dificuldades e contradições
experimentadas nas aulas ao longo do ano de 2020 e até o presente momento, em uma
condição em que nossos/as alunos/as, em sua maioria são da rede pública de Educação Básica.

Palavras-chave: Formação, Pesquisa, Pandemia

[ID 102]

Formação de Professores em Educação para Cidadania, Desenvolvimento Moral e


Competências Socioemocionais

Rafael Dias | Universidade de Lisboa | rafaeldias.bio@gmail.com

Carolina Carvalho | Universidade de Lisboa | cfcarvalho@ie.ulisboa.pt

Resumo

O presente trabalho relata os resultados de um estudo de caso conduzido a partir de um curso


de formação continuada de professores em Educação para Cidadania oferecido pelo Instutito
Auschwitz para professores da rede pública de ensino do Brasil. O objetivo desta investigação
foi avaliar as percepções dos formadores e professores participantes do curso acerca do papel
da escola e relações potenciais entre a Educação para Cidadania com os corpos teóricos e
práticos dos campos do Desenvolvimento Moral e das Competências Socioemocionais, a partir
da perspectiva da Psicologia da Educação. Para alcançar tal objetivo foram conduzidas
entrevistas semi-estruturadas com os formadores e participantes do curso. Um total de 11
formadores e 12 participantes foram submetidos ao roteiro de entrevista contendo 10
perguntas, cujas respostas foram analisadas com auxílio do software NVivo para análise
qualitativa do conteúdo. A maioria dos entrevistados referiu haver relação potencial positivia

251
entre esses três campos do conhecimento, compartilhando exemplos de atividades práticas
promotoras de desenvolvimento moral e socioemocional relacionados ao exercício da
cidadania. A grande maioria dos entrevistados concorda que seja papel da escola promover o
desenvolvimento de competências morais e socioemocianais relacionadas ao exercício da
cidadania, apontando justificativas e argumentos em defesa dessa tese. No entanto, alguns
formadores e participantes relataram pontos de receio em relação à educação moral e
sociomeocional nas escolas, em decorrência do possível cerceamento de subjetividades e
conflitos com as perspectivas morais das famílias.

Palavras-chave: Formação de professores, Educação para Cidadania, Desenvolvimento Moral,


Competências Socioemocionais, Papel da Escola

[ID 195]

O(s) desafio(s) da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento: modus vivendi na educação


básica

Ilda Ribeiro | Instituto Politécnico de Bragança, Escola Superior de Educação | ilda@ipb.pt

Elza Mesquita | Centro de Investigação em Educação Básica, Instituto Politécnico de Bragança,


Portugal | elza@ipb.pt

Angelina Sanches | Centro de Investigação em Educação Básica, Instituto Politécnico de


Bragança, Portugal | asanches@ipb.pt

Resumo

A Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania (ENEC), apresentada em setembro de 2017,


pretende promover a educação para a cidadania desde a educação pré-escolar até ao final da
escolaridade obrigatória. As aulas de Cidadania e Desenvolvimento (CD) poderão servir de
suporte para que a ENEC seja devidamente implementada nas escolas. Desta forma, a disciplina
de CD faz parte das componentes do currículo nacional e é oferecida segundo três abordagens
complementares: natureza transdisciplinar no 1.º ciclo do ensino básico (CEB), disciplina
autónoma nos 2.º e 3.º (CEB) e componente do currículo desenvolvida transversalmente com o

252
contributo de todas as disciplinas e componentes de formação no ensino secundário. Assim,
podemos sublinhar que a aprendizagem da cidadania na escola está devidamente
regulamentada e prevista nos currículos educativos, no entanto, nem sempre se verifica a
implementação desta nas salas de aula, assim como nem sempre é percecionada “como um
espaço curricular privilegiado para o desenvolvimento de aprendizagens com impacto
tridimensional na atitude cívica individual, no relacionamento interpessoal e no relacionamento
social e intercultural.” (ENEC, 2017, p. 3), constituindo-se pilar fundamental na formação dos
alunos. Este estudo procura colmatar esta necessidade de reflexão, tentando perceber como é
que os professores organizam e implementam a disciplina de CD e que práticas de cidadania é
que promovem. O estudo é de natureza qualitativa e recorreu-se ao inquérito por entrevista a
docentes do 2.º CEB, que lecionam a disciplina de CD, de um agrupamento de escolas do norte
do país. A análise dos dados permitiu perceber que, embora o modus vivendi da escola, o seu
dia a dia e as práticas institucionalizadas nem sempre sejam a confirmação da cidadania
democrática que se deseja, os entrevistados afirmam promover a cidadania em contexto
escolar, através de estratégias diversificadas. Reconhecem também, a importância das
aprendizagens efetuadas na construção de uma consciência crítica e cívica e no
desenvolvimento holístico dos seus alunos.

Palavras-chave: Cidadania e Desenvolvimento, Educação básica, Estratégia Nacional de


Educação para a Cidadania, Práticas de cidadania democrática

SESSÃO 6.7 | SESSION 6.7 - 132, 134, 148, 193

[ID 132]

Disciplina na sala de aula da teoria à prática

Maria Paredes | Instituto de Educação | marialucianaparedes@gmail.com

253
Resumo

A indisciplina em sala de aula não é um fenómeno recente, ainda assim é um grave problema
que cada vez mais se coloca às escolas portuguesas. É algo que não só impede os alunos de
aprender, amadurecer e adquirir ou consolidar competências sociais indispensáveis, como
também desgasta fisicamente e psicologicamente os professores, podendo provocar nestes
sentimentos de impotência, ansiedade, frustração e até desejo de abandonar a profissão. Um
estudo de Farber (1984), no qual que participaram 398 professores, apurou que o stress dos
docentes estava associado à insatisfação no relacionamento com os alunos. Já outra
investigação concluiu que os professores que percecionavam mais dificuldade em controlar os
seus alunos apresentavam maiores níveis de stress, exaustão, despersonalização e menor
sentido de realização pessoal.

Ao longo dos últimos anos diversos fatores contribuíram para profundas alterações na imagem
do professor, na prática docente e no mundo escolar, fragilizando a valorização social da classe
docente. A autoridade indiscutível que o professor exercia no modelo de escola tradicional
desapareceu. As relações na escola mudaram, muitos professores tiveram dificuldade em
encontrar novos modelos de convivência e de disciplina. Não há ensino nem aprendizagem sem
relação – aliás, segundo Estrela (1994), os problemas de indisciplina surgem muitas vezes
associados a problemas na relação pedagógica.

Estabelecer uma boa relação pedagógica, desenvolver práticas pedagógicas para prevenir e lidar
com situações de indisciplina não é necessariamente um talento inato, é algo que os professores
podem e devem aprender. Ainda assim, vários professores afirmam que na sua formação inicial
não lhes foram ensinadas técnicas para evitar e lidar com situações de indisciplina.

Nesta comunicação, após apresentar alguns estudos sobre a disciplina em sala de aula,
nomeadamente no âmbito do Ensino Primário, farei um relato comentado e crítico sobre a
minha própria experiência enquanto professora primária.

Palavras-chave: Ensino Primário, Práticas Pedagógicas, Relação Pedagógica, Socialização,


Disciplina

[ID 134]

254
A aplicação de cenários de aprendizagem com recurso a programação e a objetos tangíveis no
contexto de uma Biblioteca Escolar do 1º CEB

Sílvia Menezes | Universidade Aberta | spmenezes2@gmail.com

Glória Bastos | Universidade Aberta | bastos.gloria@gmail.com

Resumo

A Biblioteca Escolar tem vindo a desempenhar um papel relevante em atividades de articulação


curricular, nomeadamente a partir de uma área-chave da sua intervenção, que é a promoção da
leitura. Neste sentido, a Biblioteca Escolar (BE) tem impulsionado práticas inovadoras, por
exemplo na utilização das tecnologias ao serviço da leitura. O referencial da Rede de Bibliotecas
Escolares, Aprender com a Biblioteca Escolar (2017) aponta exatamente para este papel ativo
das BE e dos professores bibliotecários enquanto agentes de inovação a nível do trabalho nas
diversa literacias e da articulação curricular.

No contexto do estudo que realizámos, foi desenvolvido um projeto integrado na perspetiva da


investigação-ação, com 2 turmas do 3º ano do ensino básico, que aliou a leitura à programação
e à robótica. Foram realizadas diversas sessões na BE que visaram o aprofundamento de
competências em leitura utilizando diferentes recursos tecnológicos e estratégias de
aprendizagem, nomeadamente a programação e a robótica, e aplicando uma visão
interdisciplinar do currículo, uma vez que se associaram diferentes conteúdos, não se cingindo
à leitura per si. As estratégias seguidas envolvem a filosofia das BE enquanto makerspace, isto
é, um espaço de apoio à aprendizagem em que os alunos são envolvidos em atividades ativas
que os colocam na posição de produtores de artefactos. Aponta-se ainda para a aprendizagem
baseada em projetos, usando recursos diversificados, que parte da premissa que o aluno
aprende fazendo, tirando daí uma aprendizagem mais significativa para ele. Os cenários de
aprendizagem que serviram de suporte ao desenvolvimento do projeto de investigação,
utilizando a programação de objetos tangíveis, nomeadamente robots, permitiram trabalhar a
literacia da leitura e outras multiliteracias, aliadas ao currículo. Os professores das duas turmas
foram envolvidos no trabalho realizado, e foram realizadas entrevistas com os mesmos para
avaliação do trabalho realizado. Foi ainda considerada uma turma de controlo, que trabalhou os
mesmos conteúdos mas sem recurso às estratégias de gamificação seguidas nas turmas do
projeto. Os resultados obtidos revelaram ganhos a vários níveis: na motivação dos alunos e no
seu forte envolvimento com as atividades propostas, mostrando curiosidade e criatividade, mas

255
também no domínio dos temas trabalhados a longo prazo, em comparação com a turma de
controlo.

Palavras-chave: Biblioteca Escolar, Programação, Objetos Tangíveis, Multiliteracias, Articulação


Curricular

[ID 148]

Profissional de intervenção precoce na infância, ser e estar entre crianças e adultos: o ponto
de vista das famílias

Isabel Correia | Agrupamento de Escolas Pedro Eanes Lobato | itcorreia@gmail.com

Ana Caeiro | CERCISA - Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados do


Seixal e Almada | anapaulacaeiro@hotmail.com

Resumo

Com o objetivo de ampliar a reflexão sobre o papel do profissional de intervenção precoce na


infância (IPI), apresentamos parte dos resultados de duas investigações, desenvolvidas no
âmbito de uma pós-graduação em educação especial e de um doutoramento em ciências da
educação. Ambos os estudos inscrevem-se num paradigma de natureza qualitativa e
exploratória, considerando as “vozes” das famílias, obtidas a partir de entrevistas
semiestruturadas individuais e coletiva (focus group). Os resultados evidenciam que as famílias
consideram que estes profissionais desenvolvem uma intervenção complexa e múltipla,
exigindo um alto grau de envolvimento e um amplo campo de atuação e de responsabilidades
com as crianças, famílias e equipas (pedagógicas, terapêuticas e médicas). Valorizam
sobremaneira as suas qualidades pessoais e relacionais, alicerçadas numa ética do cuidar que
inclui escuta, atenção, conforto, compreensão, respeito, disponibilidade, autenticidade,
flexibilidade, responsabilidade e responsividade. Fazem referência às qualidades técnicas,
nomeadamente aos saberes específicos das suas áreas disciplinares e atribuem especial atenção
ao conhecimento da ecologia das famílias, à formação, à experiência profissional, à articulação
e colaboração e à atuação em rede. A centralidade da sua ação, segundo a perspetiva das
famílias, deverá ser a de cruzar fronteiras entre crianças e adultos (famílias e profissionais),
adotando uma perspetiva inclusiva, de forma a garantir que todos, e cada um, enquanto

256
Pessoas, se sintam valorizados, acolhidos e respeitados. Reforçam a importância da capacitação
e envolvimento das famílias e das equipas pedagógicas em todas as dimensões da intervenção,
a fim de contribuir para emergirem sentimentos de confiança, segurança, competência e bem-
estar emocional para conseguirem apoiar as aprendizagens e o desenvolvimento dos seus filhos,
assente numa abordagem baseada não em necessidades específicas, mas em direitos
específicos.

Palavras-chave: Intervenção Precoce na Infância, Crianças, Famílias

[ID 193]

Desafios ao planejamento educacional no contexto federativo brasileiro

Elisangela Scaff | Universidade Federal do Paraná | prof.elisscaff@gmail.com

Resumo

O presente texto tem como objetivo discutir os desafios ao planejamento da educação no Brasil,
tendo como referência os processos de elaboração, monitoramento e avaliação dos planos
decenais de educação, elaborados em níveis nacional, distrital, estaduais e municipais, no
período de 2014 a 2020. O Estado federativo brasileiro estabelece, por meio da Constituição
Federal de 1988, as competências dos entes federativos nacionais no que se refere à educação,
compondo um ordenamento jurídico complexo que supõe a cooperação entre os entes como
princípio para o alcance dos objetivos educacionais. Um dos mecanismos para viabilizar tal
propósito inscreve-se no campo do planejamento educacional, e consta no artigo 214 da
Constituição Federal de 1988, que estabelece o Plano Nacional de Educação (PNE), de duração
decenal, a ser aprovado em forma de Lei. O PNE (2014-2024) em vigência no país, foi instituído
pela Lei n° 13.005/2014 e imputou aos demais entes federativos brasileiros a obrigatoriedade
de elaborar ou reformular seus respectivos planos, alinhados ao plano nacional. Resultou desse
processo a aprovação de planos estaduais, distrital e municipais de educação em todos os entes
federativos brasileiros. Considerando-se que o planejamento não se esgota na aprovação do
plano, o monitoramento e a avaliação são consideradas etapas cruciais para que esse plano se
efetive. Para tanto, estabelece-se como objetivo deste texto: identificar os relatórios de
elaboração, monitoramento e de avaliação de planos municipais no Brasil no período de 2014 a

257
2020, analisando esses processos a partir da dimensão da coordenação federativa da União. A
pesquisa foi desenvolvida por meio de metodologia quanti-qualitativa, de cunho documental,
tendo como fonte a página eletrônica oficial do Plano Nacional de Educação junto ao Ministério
da Educação. Os resultados da pesquisa apontam significativa disparidade entre o quantitativo
de planos educacionais aprovados e de relatórios de monitoramento e avaliação desenvolvidos,
o que nos leva a problematizar as consequências do arrefecimento da coordenação federativa
da União em relação aos municípios na história recente da política brasileira.

Palavras-chave: Planejamento Educacional, Plano Nacional de Educação, Planos Decenais de


Educação

SESSÃO 6.8 | SESSION 6,8 - 63, 64, 119, 219

[ID 63]

Para uma poética da educação como ação política

Emanuela Mancino | Unimib | emanuela.mancino@unimib.it

Resumo

Partindo do mal-estar generalizado causado pela situação de emergência sanitária (a que


rebatizamos de "panpatia") da Covid-19 desde os primeiros meses de 2020, a contribuição visa
propor uma reflexão sobre a possibilidade de uma contribuição filosófica e pedagógica criada a
Milão, para apoiar o conhecimento e as práticas dos profissionais da educação face a desafios e
questões de formação sem precedentes, bem como permitir aos cidadãos italianos contactar
professores universitários (da Universidade de Milão-Bicocca) para dialogar sobre problemas
novos e desorientadores e sobre questões abertas de significado.

Os trabalhos propostos através de plataformas online (de março de 2020 a setembro de 2020)
que têm sido chamados de "conversas filosóficas" tem permitido contar com reflexões de
pensadores e filósofos que ao longo do tempo buscaram, no tratamento poético da linguagem,
estratégias para dar sentido para os acontecimentos e para imaginar itinerários de
planejamento existencial.

258
O resultado foram conversas e trocas a partir da ideia de uma poética (por meio de metodologias
autobiográficas) da educação que se transformou em uma ação de cuidado e responsabilidade
social e civil.

Em uma nova condição, foi necessário equipar-se, refletir e experimentar ferramentas e


propostas educacionais dinâmicas, capazes de lidar com complexidades até então
desconhecidas, mas que chamam a atenção do pensamento pedagógico justamente para
aquelas palavras que -com Heidegger- nos ajudam a construir o sentido do mundo.

O texto apresentará as metodologias (auto) biográficas utilizadas, os métodos de construção


dos diálogos filosóficos e os resultados produzidos no intercâmbio com os numerosos
participantes da iniciativa na Itália.

Palavras-chave: Filosofia, Poesia, Conversas, Palavras

[ID 64]

Descolonização do currículo escolar – Carolina Maria de Jesus (1914 – 1977)

Sirlene Barbosa | Universidade de São Paulo | sirlenebarbosa@usp.br

Juliana Grilo | Universidade de São Paulo | julianafroeder@usp.br

Resumo

A partir da experiência da autora como coordenadora de sala de leitura em uma escola


municipal, na periferia da São Paulo, cuja maioria dos estudantes é negra ou descendente de
negros, pôde-se constatar a ausência de livros de autoria negra e/ou de narrativas com
protagonistas negros. Foi feita uma pesquisa muito simples com coordenadores de sala de
leitura, da mesma região da docente (autora do projeto) e foi possível se constatar que de 40
professores, apenas dois ouviram falar de Carolina Maria de Jesus e nenhum nunca a havia lido.
Então, a partir dessa breve introdução, é possível levantar algumas questões: 1) o que e/ou por
que se lê determinada narrativa em detrimento de outra? 2) quando se seleciona a obra a ser
lida, há preocupação em atingir uma grande maioria de estudantes, a fim de estes se verem

259
representados no que foi lido?, entre outras indagações passíveis de serem levantadas. A partir
desses pontos, foi elaborado um plano de aula com o objetivo de apresentar escritores negros,
narrativas negras, sobretudo a literatura de Carolina Maria de Jesus. Livros foram separados
para esse fim e, embora os estudantes se surpreendiam com os exemplares, outros até se
espantavam com a possibilidade de uma princesa de conto de fadas poder ser negra, houve
também o grato prazer em se verem representados nas narrativas. A obra de Carolina foi a que
mais lhes impactou e que houve uma maior identidade. A partir dessa experiência, a autora se
juntou a um quadrinista para escrever uma breve biografia de Carolina Maria de Jesus, na
linguagem dos quadrinhos, com o objetivo de esta chegar às mãos de estudantes e, também, de
professores: objetivo concretizado, pois ambos, autora e quadrinista, foram selecionados por
um prêmio da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, em 2014, o ProAC, que concede
uma bolsa para financiar o projeto, viabilizando, assim, a concretização do livro. Como
considerações finais, é possível afirmar que se Carolina e outros escritores negros não são lidos
nas escolas, no Cieja Itaquera é e se Carolina era uma desconhecida para alguns educadores,
hoje não há desculpas, pois a obra foi comprado pelo Governo Federal a fim de que este chegue
a todas as escolas públicas do território brasileiro. É possível concluir que, sim, deve-se inserir
outros nomes e narrativas no cânone literário, nos currículos escolares, para que estudantes
negros possam se identificar para além do “descendente de escravizado”, além de que
descolonizar não significa calar outras vozes como a do cânone literário, por exemplo, mas
incluir, somar. Vale ressaltar, também, que ignorar no currículo educacional outras literaturas,
para além do cânone, há um descumprimento da lei 10.639/2003 que alterou a Lei de Diretrizes
e Bases Para a Educação Brasileira – LDB 9394/1996 e estabelece a obrigatoriedade de se incluir
no currículo educacional o ensino da história, cultura e literatura negras. É importante dizer que
esta lei foi alterada, mais uma vez, em 2008, pela Lei 11.645, que inclui o ensino da história,
cultura e literatura indígenas.

Palavras-chave: Carolina Maria de Jesus, Descolonização do currículo, Escola municipal,


Periferia de São Paulo

[ID 119]

A avaliação no estágio pedagógico: contributo para a formação integral do aluno

Irís Pontes | ISEC, Universidade de São Tomé e Princípe, São Tomé e Princípe |
irisneydepontes@hotmail.com

260
Cristina Martins | Centro de Investigação em Educação Básica, Instituto Politécnico de Bragança,
Portugal | mcesm@ipb.pt

Maria Rodrigues | Centro de Investigação em Educação Básica, Instituto Politécnico de


Bragança, Portugal | mrodrigues@ipb.pt

Resumo

Esta comunicação vem dar visibilidade ao trabalho desenvolvido no estágio pedagógico pela
primeira autora no âmbito de um intercâmbio entre duas instituições de ensino superior, uma
santomense e outra portuguesa e através de uma bolsa de estudos, concedida pela Organização
dos Estados Ibero-Americanos (OEI) no âmbito do programa Paulo Freire. Da realização do
estágio pedagógico num curso de formação de professores resultou a realização de um relatório
final (RFE). Foi realizada uma investigação sobre a prática do professor incidente no processo de
avaliação e especificamente no contributo deste para o desenvolvimento integral do aluno.
Partindo do pressuposto que tanto os conhecimentos, como as capacidades, atitudes, valores e
comportamentos são essenciais na formação de cidadãos conscientes e ativos numa sociedade
em constante desenvolvimento.

A realização deste RFE propiciou refletir sobre as aprendizagens realizadas em Matemática e


Ciências Naturais no 2.º ciclo e, particularmente, desenvolver conhecimentos acerca do
processo de avaliação e do seu contributo para a formação integral do aluno, tendo como
questão de investigação: Qual o contributo da avaliação para a formação integral do aluno?
Nesta comunicação pretendemos sintetizar o trabalho desenvolvido, dando particular
relevância ao objetivo: averiguar as perceções de dois professores cooperantes sobre o processo
de avaliação. Para o alcance deste objetivo, a realização de entrevistas foi a técnica de recolha
de dados. No respeitante aos resultados a professora Miriam dirige mais as suas perceções para
a avaliação como classificação, ou seja, para a avaliação das aprendizagens e o professor Josué
mostra uma visão abrangente e não restringe a avaliação a um processo que tem como objetivo
exclusivo a atribuição de uma classificação. Quanto às modalidades e instrumentos da avaliação,
as suas perceções apontam para a valorização da avaliação das e para as aprendizagens, pois
aplicam avaliação diagnóstica, formativa e sumativa e instrumentos articulados com as funções.
Não podemos limitar a avaliação à medida dos conhecimentos ou à atribuição de uma nota.
Com esta investigação e tendo em mente contribuir para a melhoria do processo de ensino-

261
aprendizagem-avaliação, recomenda-se que os professores, neste processo, considerem a
formação integral dos alunos.

Palavras-chave: Avaliação, Estágio pedagógico, Relatório final de estágio, Formação integral

[ID 219]

Práticas Pedagógicas dos Professores para a Avaliação de Aprendizagens no Ensino Primário


Angolano

Hilário Eurico | Instituto de Educação da Universidade de Lisboa | hilarioeurico@campus.ul.pt

Resumo

As boas práticas pedagógicas dos professores constituem-se de fatores imprescindíveis na boa


sequência do processo de ensino-aprendizagem que pode promover os conhecimentos, as
capacidades e habilidades requerida pelas sociedades modernas, como por exemplo, o
otimismo crítico, ativo e transformador, a autonomia, a reflexão, a atitude científica, entre
outros. E é salutar quando é iniciado na tenra idade, por ser a fase de semear capacidades e
conhecimentos que podem desabrochar na vida adulta. Entretanto, urge a necessidade de cada
vez mais promover o encontro dos professores onde se pode discutir e encontrar as estratégias,
e avaliação de aprendizagens para os alunos. Isso pode ser feito através de práticas pedagógicas
dos professores em contexto de formação inicial ou contínua, para que estejam munidos de
ferramentas pedagógicas, didáticas e científicas promotoras de práticas pedagógicas eficazes e
eficientes com os seus alunos. É exatamente neste espírito em que se insere este estudo que
tem como objetivo apresentar algumas propostas de práticas pedagógicas que concorrem para
melhoria da atuação dos professores à avaliação de aprendizagens dos alunos das classes de
transição automática de uma escola primária situada no Bengo-Angola.

O estudo foi realizado em Angola, na província do Bengo, o objeto de estudo é avaliação das
aprendizagens nas Classes de Transição Automática do Ensino Primário angolano.

O Ensino Primário angolano comporta seis classes (1.ª à 6.ª Classe) designação correspondente
de 1.º ao 6.º ano de escolaridade em Portugal. No ensino Primário angolano, existe uma
subdivisão de Classes de Transição Automática, ou Classes de ciclos iniciais (1.ª, 3.ª e 5.ª), Classes

262
de transição (2.ª, 4.ª e 6.ª), e Classe de Exame (6.ª). Para cada uma dessa subdivisão existe
critérios, técnicas e instrumentos de avaliação específica.

Os alunos da 1.ª, 3.ª e 5.ª Classes transitam automaticamente para as classes posteriores desde
que não desistam das aulas: o aluno da 1.ª Classe transita automaticamente para a 2.ª Classe; o
da 3.ª Classe transita automaticamente para a 4.ª Classe e o mesmo procedimento acontece
com os alunos da 5.ª Classe. Nas classes seguintes estes alunos devem continuar com o mesmo
professor até serem submetidos a exame, caso o mesmo continue fisicamente na escola.

E, para se garantir a qualidade do processo de ensino-aprendizagem destas classes, foram


concebidos vários materiais pedagógicos, dos quais, destaca-se as cadernetas para a avaliação
contínua e o relatório descritivo, entretanto, e o êxito está nas mãos de cada um(a) dos(as)
professores deste nível de ensino (Afonso, 2008, p. 43).

De acordo com Mfuansuka at, al (2011), todos os alunos da 1ª, 3ª e 5ª classe, transitam
automaticamente para as classes seguintes independentemente da apreciação global
qualitativa e do relatório descritivo sobre o percurso escolar físico, feito pelo professor, devendo
continuar com o mesmo professor, no sentido de o professor dar continuidade do seu trabalho,
colmatando as insuficiências registadas no relatório descritivo. E a grande finalidade da adoção
desta iniciativa é para: a) contribuir na fluidez de alunos dentro das classes do Ensino Primário;
b) fazer com que a política do Governo de Angola em dar educação a todos se efetive sem
sobressaltos; c) permitir que não haja muitas reprovações nas classes iniciais de aprendizagens
de forma a não dificultar o ingresso de mais alunos no sistema educativo.

Visto que o êxito deste processo pesa sobre os ombros dos professores, e dada a importância
da avaliação das aprendizagens no processo de ensino-aprendizagem, neste estudo procurou-
se respostas para as seguintes questões de investigações: Qual tem sido a atuação dos
professores face as avaliações das aprendizagens nas classes de transição automática? A
atuação dos professores face as avaliações das aprendizagens nas classes de transição
automática são promotoras de um processo de ensino-aprendizagem eficaz e eficiente
promotora de otimismo crítico, ativo e transformador? Que práticas pedagógicas podem ajudar
o professor a melhorar a sua atuação às avaliações de aprendizagens nas classes de transição
automática?

De acordo com Sabino (1992) a pergunta de partida deve possuir uma relação direta e
inequívoca com o problema investigativo, com efeito, elencou-se como problema de

263
investigação: Como melhorar a atuação dos professores quanto ao processo de avaliação nas
classes de transição automática na escola primária do Bengo?

Para fazer face a este problema científico, adotou-se a metodologia qualitativa-estudo de caso,
em que se constituiu como caso, a atuação dos professores de uma escola primária do Bengo-
Angola, no que respeita a avaliação das aprendizagens nas Classes de Transição Automática e
não foi revelada o nome dos professores e da escola em estudo por razões éticas da
investigação.

Serviu-se da grelha de observação às aulas e da entrevista semiestruturada aos participantes do


estudo para coleta de dados. Desta ação metodológica aferiu-se que (i) os professores não
fazem uso dos relatórios descritivos ao longo do ano letivo; (ii) Os professores não fazem
avaliação contínua adequadamente; (iii) e alguns manifestaram desconhecimento das normas
de conversão da avaliação quantitativa em qualitativa que é determinante nestas classes; (iv) e
alguns professores são trocados de turmas antes do término do ciclo, mesmo sabendo que o
professor da 1.ª Classe deve transitar com os seus alunos para 2.ª Classe para superar as
dificuldades com as quais os alunos transitaram para a classe posterior.

Entende-se que esta atuação dos professores participantes, não justifica uma prática
consequente de um processo de ensino-aprendizagem que se impõe neste ciclo de ensino e,
também, desta forma não se produz alunos com caraterísticas requeridas na sociedade
contemporânea; o otimismo crítico, a atitude, a autonomia para desafios da época, pois a
avaliação das aprendizagens não está adequada a estes objetivos. Aliás, a avaliação das
aprendizagens no processo de ensino-aprendizagem, além do seu carácter avaliativo também é
orientador, partindo dos resultados obtidos. Neste particular, Candau (1988, p. 161) diz que se
se quer formar indivíduos críticos, capazes de analisar a realidade, criadores, capazes de buscar
soluções para os problemas dessa realidade, para saber se se está atingindo as metas ou em que
aspetos há falhas, é necessário técnicas, instrumentos e procedimentos adequados que captem
essas formas de pensamento. As técnicas e os instrumentos de avaliação quando são bem
elaborados e adequados para cada situação, facilitam a recolha de informações sobre os alunos
e se avalia de forma correta possibilitando, deste modo, o alcance dos objetivos preconizados.

É através da avaliação das aprendizagens que se tem a noção do grau de cumprimento do


processo de ensino-aprendizagem e o feedback dos aspetos positivos e negativos, que servem
de pistas do que se deve fazer para melhorar (Machado, 2013). Na mesma linha, Piletti (2010)
apresenta uma perspetiva de avaliação como um processo de pesquisa contínuo que ajuda a
decidir sobre as alternativas de trabalho do professor e da escola como um todo. Deste modo,

264
pode-se afirmar que a avaliação das aprendizagens se constitui de um objeto de estudo coletivo
dos professores, para juntos socializarem conhecimentos que lhes permite uma melhor atuação
em sede de suas práticas pedagógicas com os seus alunos.

Assim, na esteira deste pensamento, concebeu-se três práticas pedagógicas para a presente
situação problemática: (i) Assistência de aulas com regularidade pela subdireção pedagógica
com o auxílio dos coordenadores de classes, usando uma grelha de observação que lhes
permitirá obter dados úteis a cerca do desempenho dos professores no campo da avaliação das
aprendizagens; (ii) Supervisionar o trabalho docente – educativo do preenchimento dos
relatórios descritivos, com base nas normas pré – estabelecida, para assegurar o processo de
avaliação qualitativa através dos relatórios descritivos e (iii) Criação de um ateliê de elaboração
de provas, uma atividade didática - pedagógica que baseia-se na elaboração de instrumentos de
avaliação que visa melhorar as competências dos professores na construção de instrumentos de
avaliação de aprendizagens.

Portanto, neste estudo, considera-se estas práticas pedagógicas como uma estratégia
metodológica que pode favorecer a superação da atuação dos professores para melhor lidarem
com o processo de avaliação das aprendizagens dos seus alunos visto que, a avaliação das
aprendizagens constitui-se de capital importância no processo de ensino-aprendizagem. E estas
práticas podem servir para a formação contínua que visa o aumento do conhecimento
profissional destes professores relativo a avaliação de aprendizagens.

Palavras-chave: Práticas Pedagógicas, Avaliação de Aprendizagens, Classes de Transição


Automática

265
APOIOS

SUPPORTS

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Apoios | Supports

O XXIX Colóquio da AFIRSE Portugal é um evento organizado em parceria


com o Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.

São apoios já habituais dos colóquios da AFIRSE Portugal as seguintes


organizações e empresas, a quem se agradece o apoio prestado.

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