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PARA A EJA
UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (047) 3281-9000/3281-9090
Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller
Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald
Profa. Jociane Stolf
374
P795p Poncio, Gilberto Valdemiro
Práticas pedagógicas para a EJA / Gilberto
Valdemiro Poncio.
Indaial : Uniasselvi, 2012.
132 p. : il.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7830-528-4
APRESENTAÇÃO.......................................................................7
CAPÍTULO 1
A Prática Pedagógica na Educação de Jovens
e Adultos e a Interface com a Educação Popular...............9
CAPÍTULO 2
O Fazer Pedagógico e a Educação de
Jovens e Adultos: Algumas Teorias.....................................35
CAPÍTULO 3
Andragogia: as Habilidades de Aprendizagem
e o Processo Cognitivo na EJA............................................57
CAPÍTULO 4
Intertextualidade na EJA: Resignificando o cotidiano....77
CAPÍTULO 5
Atividades Práticas na EJA:
Campartilhando Experiências e Projetos..........................99
CAPÍTULO 6
Os Processos Avaliativos e os
Sujeitos Jovens e Adultos..................................................119
APRESENTAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a):
E então? O que você achou? Esperamos que tenha se animado, pois nossa
caminhada vai começar...
O autor.
C APÍTULO 1
A Prática Pedagógica na Educação
de Jovens e Adultos e a Interface
com a Educação Popular
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Capítulo 1 A Prática Pedagógica na
Educação de Jovens e Adultos e a
Interface com a Educação Popular
Contextualização
Você está começando agora o último módulo do seu curso de Pós-
Graduação em Educação de Jovens e Adultos. E, por isso, já está de parabéns,
mas, para concluir sua jornada rumo ao título de especialista, você terá, por meio
deste módulo, a possibilidade de aplicar a grande maioria dos conhecimentos
aprendidos durante o curso, pois neste módulo trataremos sobre a Prática
Pedagógica para a Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Com este pensamento, propomos um grande desafio a você, caro (a) aluno
(a): romper com este paradigma e aplicar seus conhecimentos adquiridos nas
leituras dos cadernos, nas vídeo-aulas oferecidas pelo curso, tanto para quem já
possui a experiência de sala de aula na EJA ou como quem ainda não.
Se você ainda está se perguntando como tal empreitada será possível, atente
para o que vamos lhe propor.
Uma das formas de conhecer algo é descobrir sua história, como se deu
sua constituição, em que contextos históricos. Por isso, convidamos você a
conhecer um pouco da história da EJA no Brasil e, também, sobre um de seus
principais articuladores, Paulo Freire. Ao conhecermos sua história, veremos
que a educação é um processo que se constrói permanentemente, e mais, nos
diversos campos sociais. A relação da EJA com a Educação Popular se evidencia
ao longo da trajetória histórica da modalidade e traz consigo outra característica
marcante: os processos educativos sendo valorizados em espaços não escolares.
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Práticas Pedagógicas para a EJA
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Capítulo 1 A Prática Pedagógica na
Educação de Jovens e Adultos e a
Interface com a Educação Popular
Ou seja, a
A cidade escolhida foi Angicos, localizada no sertão Centro-Norte
implantação
no estado do Rio Grande do Norte. Conforme Pelandré (2002, p.52), da iniciativa de
a cidade “[...] revelava-se como o cenário ideal para a realização da Freire em cenário
experiência, pelas condições econômicas, sociais, educacionais e desfavorável trazia
topográficas que a caracterizavam, bastante adversas”. Ou seja, consigo o indicativo
de que, se o
a implantação da iniciativa de Freire em cenário desfavorável trazia
educador tivesse
consigo o indicativo de que, se o educador tivesse êxito em Angicos, êxito em Angicos,
seu “método” poderia ser aplicado em uma diversidade de outros seu “método”
contextos sociais de menor carência social. poderia ser aplicado
em uma diversidade
de outros contextos
sociais de menor
carência social.
UM PEDAÇO DE ANGICOS
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Práticas Pedagógicas para a EJA
Atividade de Estudos:
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Capítulo 1 A Prática Pedagógica na
Educação de Jovens e Adultos e a
Interface com a Educação Popular
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Práticas Pedagógicas para a EJA
1º passo:
2º Passo:
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Capítulo 1 A Prática Pedagógica na
Educação de Jovens e Adultos e a
Interface com a Educação Popular
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3º Passo:
Muito bem, realizada a primeira atividade prática, já temos uma sala de aula
com sua diversidade de histórias de vida e trajetórias escolares. Em uma breve
leitura de seus personagens você identificará diversos modos de vestir, diversas
idades, tons de pele... Relembramos o que Freire nos ensinou com a experiência
de Angicos: prestar atenção em quem estamos nos relacionando. Por isso, é
importante você trabalhar, a partir de agora, com seus personagens que a partir
daqui, chamaremos de “nossa turma”.
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Práticas Pedagógicas para a EJA
Freire, que já possuía destaque nacional, teve que deixar o país, pois o
educador tentava mostrar que devemos compreender a educação com um papel
político e revolucionário. Conforme Gadotti (2001, p.52): “Paulo Freire entendia
que através da educação seria possível ampliar a participação consistente de
massas e levar à sua organização”.
Para saber mais sobe Paulo Freire, sua obra e seu legado,
visite: www.paulofreire.org .
Ao relacionar o
processo educativo Perceba aqui, caro estudante, que o papel político está
acontecendo estreitamente ligado ao fato de conhecer os sujeitos, o que só acontece
fora dos espaços quando sabemos sobre suas histórias de vida. É dessa forma que
escolares com
poderemos contribuir no processo de inclusão social e educacional que
os conteúdos
eleitos para serem se propõe para a EJA.
abordados com
a turma, abrimos Freire também nos alerta para outro fundamento: conforme
espaços para Pelandré (2002), a Educação é um ato diretivo e sempre é parte de um
outras organizações processo cognitivo. Também convém destacar que Freire nos alertava
populares
para a compreensão do fato de sermos seres inacabados, ou seja, em
ampliarem a oferta
de educação. permanente (re) construção, e que este processo se dá nas relações
Assim, ocorre a sociais que vivenciamos. Estas informações serão importantes ao
proximidade com os montarmos nosso primeiro planejamento de aula para a “nossa turma”.
movimentos sociais. Isto porque, ao identificarmos situações de aprendizagem em ações do
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Capítulo 1 A Prática Pedagógica na
Educação de Jovens e Adultos e a
Interface com a Educação Popular
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Práticas Pedagógicas para a EJA
A Educação Popular e os
Movimentos Sociais
Caro pós-graduando à medida que vamos nos inserindo nas particularidades
da EJA, somos constantemente forçados a rever nossos conceitos e paradigmas
sobre Educação.
Deste modo, tendo como um de seus fundamentos a formação
Assim, os sistemas
de sujeitos conscientes do coletivo, o que também é diretriz de
educativos para
adultos podem grande maioria dos movimentos populares organizados, a EJA
direcionar o pode manter essa proximidade com os Movimentos Sociais. Assim,
currículo para os sistemas educativos para adultos podem direcionar o currículo
uma educação para uma educação emancipadora, que objetiva o protagonismo e o
emancipadora, empoderamento dos sujeitos enquanto cidadãos.
que objetiva o
protagonismo e o
empoderamento Ao estudarmos o caderno sobre os fundamentos da EJA, também
dos sujeitos foi abordada a aproximação da modalidade com os movimentos sociais
enquanto cidadãos. e seus reflexos na educação.
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Capítulo 1 A Prática Pedagógica na
Educação de Jovens e Adultos e a
Interface com a Educação Popular
Como a ideia de que o sujeito não é pronto, e sim inacabado, e que todas as
ações são de cunho pedagógico, uma vez que nos ensinam algo, vamos convidar
você para realizar mais uma etapa da construção de nosso portifólio.
Atividade de Estudos:
1º Passo:
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Práticas Pedagógicas para a EJA
2º Passo:
Essa atividade contribui para que seja feita a primeira avaliação da turma que
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Capítulo 1 A Prática Pedagógica na
Educação de Jovens e Adultos e a
Interface com a Educação Popular
irá estar com você no seu cotidiano profissional em uma turma de EJA. Fazer esse
levantamento nos permite saber com quem vamos interagir, que conhecimentos
se fazem necessários para mediar uma relação de aprendizagem em prol do
saber universal e formal.
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Práticas Pedagógicas para a EJA
No link: http://youtu.be/lUPbqxlusq8 .
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Práticas Pedagógicas para a EJA
aluno deve organizar algum tipo de registro. Pode-se pedir uma carta
Neste sentido,
comercial, a criação de um panfleto ou folder sobre o evento. Pode-se
apresentamos
o conceito calcular a quantidade de visitantes com relação à mobilidade urbana da
de interação comunidade pela Geografia.
comunitária
defendido pela Outra vantagem da aplicação de atividades do tipo interação
Organização comunitária é a adequação quanto à oferta de horários diferenciados
mundial da Saúde para que os alunos da EJA realizem suas atividades. Além disso, a
(OMS):
interação comunitária permite a participação da família, que pode
Consiste em frequentar os mesmo eventos que o aluno.
atividades que
envolvem a Neste sentido, apresentamos o conceito de interação comunitária
comunidade, defendido pela Organização mundial da Saúde (OMS):
durante toda
a experiência Consiste em atividades que envolvem a comunidade, durante
educacional, na toda a experiência educacional, na qual não somente os
qual não somente estudantes e professores, mas também profissionais da
os estudantes saúde, membros da comunidade, e representantes de outros
e professores, setores são ativamente engajados nos processos educativos.
mas também (2011, site)
profissionais da
saúde, membros Além de contribuir com o incentivo familiar, as interações
da comunidade, ainda mantêm a família unida por mais tempo, trazendo todos os
e representantes benefícios que são conhecidos sobre o acompanhamento familiar
de outros setores
nas trajetórias escolares.
são ativamente
engajados
nos processos Observe a relação estabelecida entre mães inseridas na EJA
educativos. que estudam com seus filhos adolescentes também inseridos na
(2011, site) modalidade. A investigação identifica as estratégias educativas
familiares destas mães para a permanência e o sucesso de seus filhos
na escola. Para todas as mães entrevistadas, o sucesso escolar está
diretamente ligado ao sucesso profissional.
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Capítulo 1 A Prática Pedagógica na
Educação de Jovens e Adultos e a
Interface com a Educação Popular
Atividade de Estudos:
1º Passo:
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Práticas Pedagógicas para a EJA
Depois, você pedirá aos alunos que encontrem quem tem um papel
da mesma cor e que conversem para se conhecer durante 3 minutos.
Feita esta etapa, peça aos alunos que socializem o que ouviram
dos colegas. Durante os relatos, o professor deverá observar com
atenção as histórias de vida contadas. Se possível, evite fazer
anotações durante as apresentações, deixe para fazer os registros
após esta etapa.
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Capítulo 1 A Prática Pedagógica na
Educação de Jovens e Adultos e a
Interface com a Educação Popular
É isto aí, caro cursista, terminamos o primeiro capítulo e você pode fazer
agora uma leitura das últimas considerações.
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Práticas Pedagógicas para a EJA
Algumas Considerações
Chegado o momento de finalização do primeiro capítulo, já podemos
identificar os fundamentos da teoria crítica proposta pelo pensamento de Paulo
Freire e sua influência na Educação de Jovens e Adultos no Brasil e no mundo.
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Capítulo 1 A Prática Pedagógica na
Educação de Jovens e Adultos e a
Interface com a Educação Popular
Referências
BRASIL. Lei 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Fixa as diretrizes e bases da
educação nacional. Diário Oficial, Brasília, v.134, n.248, 23 dez, 1996.
SOUZA, RAQUEL PEREIRA DE. Et. al. Resenha de: SILVA, Tomaz Tadeu
da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo
Horizonte: Autêntica, 1999. 156 p. Disponível em: <http://www.revistas.ufg.br/
index.php/fef/article/view/83/2679>. Acesso em: 03 Jan. 2012.
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Práticas Pedagógicas para a EJA
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C APÍTULO 2
O Fazer Pedagógico e a Educação de
Jovens e Adultos: Algumas Teorias
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Capítulo 2 O Fazer Pedagógico e a
Educação de Jovens e Adultos:
Algumas Teorias
Contextualização
Sua jornada continua... E você começará agora o segundo capítulo deste
caderno de estudos.
Para Relembrar
Inicialmente tendo caráter evangelizador, a EJA, no século XV, período
colonial brasileiro, foi uma das primeiras notícias de educação de pessoas adultas
que se tem registro na história do Brasil.
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Práticas Pedagógicas para a EJA
As Teorias Pós-Críticas e o
Currículo na EJA
Vamos iniciar lembrando que, como educadores, são muitas as situações que
nos remetem, no cotidiano, a agir de acordo com esta ou aquela corrente teórica.
Essas mudanças podem ter seus pontos positivos, desde que você entenda que
“Qualquer prática que procura responder às necessidades e aos anseios de
aprendizagem dos educandos com qualidade exige do educador concentração e
atenção a detalhe, exige tempo, exige dedicação” (IRELAND, 2003, p.2).
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Capítulo 2 O Fazer Pedagógico e a
Educação de Jovens e Adultos:
Algumas Teorias
Outro fator importante que deve ser destacado neste momento é que
nenhuma teoria de educação ao ser adotada fará a ruptura total com as
anteriores. Ou seja, ao estudarmos a teoria pós-crítica, você irá encontrar vários
fundamentos já utilizados pelos autores críticos. Este destaque é importante para
que se perceba a importância dos conhecimentos de autores como Freire, por
exemplo, e como perduram nas correntes pós-críticas.
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Práticas Pedagógicas para a EJA
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Capítulo 2 O Fazer Pedagógico e a
Educação de Jovens e Adultos:
Algumas Teorias
Atividade de Estudos:
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Práticas Pedagógicas para a EJA
Atividade de Estudos:
Agora que você leu o texto, registre sua opinião sobre a notícia.
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Práticas Pedagógicas para a EJA
Atividade de Estudos:
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Capítulo 2 O Fazer Pedagógico e a
Educação de Jovens e Adultos:
Algumas Teorias
turma. Assim, você, Pós- Graduando (a), precisará ter conhecimento do seu grupo
para mediar a abordagem da temática de forma a compreender o universo de
dúvidas e reais necessidades de aprendizagem de cada grupo.
http://tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=
article&id=694:salto-para-o-futuro-serie-educacao-e-diversidade-
sexual&catid=71:destaque
Certamente, prezado (a) cursista, você compreenderá que tanto você quanto
os alunos possuem conhecimentos e que estes interferem diretamente nas suas
escolhas sobre este tema normalmente polêmico, mas que faz parte da vida dos
sujeitos adultos.
Deste modo, ao fazer suas escolhas de como abordar este assunto, você
estará se posicionando ideologicamente através do currículo, pois, como alerta
Louro (1997, p.64 apud SANTOS, 2008, p.3), “Currículos, normas, procedimentos
de ensino, teorias, linguagem, materiais didáticos, processos de avaliação são,
seguramente, loci das diferenças de gênero, sexualidade, etnia, classe [...]. Todas
essas dimensões precisam, pois, ser colocadas em questão [...]”.
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Capítulo 2 O Fazer Pedagógico e a
Educação de Jovens e Adultos:
Algumas Teorias
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Práticas Pedagógicas para a EJA
(2006), quando diz que ninguém ensina ninguém, todos aprendem com todos.
E, neste sentido, para atender a diversidade de sujeitos inseridos na EJA, outro
fator importante passa a ser a constituição de um corpo docente que esteja
em consonância com os saberes que são fundamentais na prática voltada às
aprendizagens coerentes de pessoas jovens adultas trabalhadoras.
Neste contexto, você, caro (a) cursista, terá que mediar sua própria
aprendizagem. Essa mediação se dará durante todo o processo educacional.
Vamos lembrar que você, professor, tem sua bagagem e se relacionará com
sujeitos também portadores de conhecimentos prévios. Nesta relação, ambos
ampliam seus pontos de vistas e enriquecem seus saberes formais e informais
sobre os assuntos postos em discussão.
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Capítulo 2 O Fazer Pedagógico e a
Educação de Jovens e Adultos:
Algumas Teorias
Atividade de Estudos:
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A troca de conhecimentos que acontece na relação professor e aluno faz
com que também o professor aprenda. Como mostra Marques, é desta troca que
Atividade de Estudos:
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Capítulo 2 O Fazer Pedagógico e a
Educação de Jovens e Adultos:
Algumas Teorias
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Enfim, são condições da vida de cada adulto cursista que facilitará ou não
o aprendizado e o resultado final da atividade proposta ao final deste capítulo.
Na prática, nos grupos de alunos da EJA, não será diferente. Lembre-se de que
os alunos são adultos, em sua maioria, trabalhadores com contextos de vida
externos e anteriores à vivência na EJA.
Algumas Considerações
Chegamos ao final de mais um capítulo. E você já pode identificar os
elementos característicos das teorias pós-críticas. Lembre-se de que a influência
dos movimentos sociais vivenciada pela EJA, mais o reconhecimento de que
o sujeito deve estar no centro das relações pedagógicas que acontecem no
processo educativo, serviram de base para estas correntes de pensamento
que resultaram na valorização do multiculturalismo. Um reconhecimento de que
todas as camadas sociais e, todas as culturas, passam a ser reconhecidas como
igualmente importantes.
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Práticas Pedagógicas para a EJA
Feito isso, será possível, então, construir novas formas de pensar e agir
para todo o grupo, professores e alunos. Nessa corrente, temas diretamente
relacionados aos grupos de trabalho dos alunos são relevantes, por exemplo:
para algumas escolas ou locais de aprendizagem, pode ser importante discutir
a questão da migração e imigração, seus aspectos sociais e culturais, aspectos
geográficos, aspectos históricos, cálculos matemáticos, entre outros. Já em outras
escolas, o uso sustentável da água passa a ser muito mais relevante, então
podemos observar e destacar com os alunos questões relevantes para este tema
e este grupo: você poderá investigar questões sociais e culturais relacionadas
entre os grupos que têm acesso a água e aos que não têm. Mas, veja, sendo a
água um bem natural, por que não ter acesso? Essas, as questões de composição
da água em Ciências, a análise dos valores cobrados na Matemática, aspectos
históricos e geográficos da região podem servir para abordar a mesma temática.
Veja que alguns assuntos são pertinentes a todos os grupos, mas o enfoque
dado deve ser diferente, atendendo às características do grupo com o qual
você, cursista, irá trabalhar. Até mesmo quem já trabalha com grupos de EJA
possivelmente terá um novo olhar e poderá aplicar os conhecimentos adquiridos
neste caderno para complementar sua prática com os alunos da modalidade.
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Capítulo 2 O Fazer Pedagógico e a
Educação de Jovens e Adultos:
Algumas Teorias
Referências
COIMBRA, Ivanê Dantas. Educação contemporânea e currículo escolar:
alguns desafios. 2006. Disponível em: <http://revistas.unijorge.edu.br/
candomba/2006-v2n2/pdfs/IvaneDantasCoimbra2006v2n2.pdf>. Acesso em: 06
jan. 2012.
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Práticas Pedagógicas para a EJA
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C APÍTULO 3
Andragogia: as Habilidades de
Aprendizagem e o Processo
Cognitivo na EJA
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes
objetivos de aprendizagem:
33 Conceituar Andragogia;
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Capítulo 3 Andragogia: as Habilidades
de Aprendizagem e o
Processo Cognitivo na EJA
Contextualização
Os capítulos anteriores nos permitiram montar um panorama geral sobre as
correntes teóricas que mais influenciaram a Educação de Jovens e Adultos, que
foram as teorias Críticas, seguidas da teoria Pós-Crítica do conteúdo.
Quando você cursou sua graduação, fez parte da maioria dos currículos
o foco nos processos e aprendizagens de crianças. Afinal, o acesso ao ensino
regular é um direito de qualquer cidadão brasileiro. Ou seja, espera-se que toda
criança passe, na idade determinada em lei, pelos bancos escolares. No entanto,
sabemos que a realidade não é assim e, por isso, muitos adultos voltam à escola
para continuar sua trajetória escolar interrompida.
Andragogia
As diferenças entre as formas de aprender entre crianças e adultos, já era
pesquisada no início do século passado. Cavalcanti (1999) aponta que já na
década de 1920 alertava-se para o fato de os sistemas educativos terem uma
“ordem inversa”, ou seja, sistemas educacionais que erram centrados no currículo
exigindo que o aluno se ajustasse para receber o conhecimento de forma passiva.
A partir de 1970 , Malcom Knowles publicou várias obras, entre elas “The
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Práticas Pedagógicas para a EJA
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Capítulo 3 Andragogia: as Habilidades
de Aprendizagem e o
Processo Cognitivo na EJA
Para a Andragogia, fica mais fácil aprender aquilo que nós mesmos
fazemos, e este pensamento está na gênese da teoria que tem o aprendizado
focado no estudante, que passa a ser o centro e a ele é possibilitado aprender a
fazer fazendo.
Com este contexto, Anzerona (2010, p.65) nos mostra que:
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Práticas Pedagógicas para a EJA
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Capítulo 3 Andragogia: as Habilidades
de Aprendizagem e o
Processo Cognitivo na EJA
social” (KEIL, 2004, p.21 apud BAQUERO et. al, 2008, p.3). A partir
deste contexto, olhar a juventude que está inserida na EJA e atentar
para sua especificidade, contribui para que a escola minimize os
impactos da intolerância à diversidade cultural no que se refere à
cultura popular, percebendo os jovens e adultos como sujeitos, como
atores sociais, possuidores de vontades, anseios e sonhos, enfim,
como indivíduos que exercem sua cidadania. Ou seja, a “juvenilização”
que vem ocorrendo na EJA produz a necessidade de uma escola que
perceba, como sintetiza Durand (2008), “a presença dos jovens”:
63
Práticas Pedagógicas para a EJA
Veja, caro cursista, que agora não basta mais partir do conhecimento do
aluno, é preciso pensar em atividades pedagógicas que, aliadas às práticas
cotidianas dos alunos, são o terreno para se discutir os assuntos do currículo.
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Capítulo 3 Andragogia: as Habilidades
de Aprendizagem e o
Processo Cognitivo na EJA
Atividade de Estudos:
• O adulto é o agente de sua aprendizagem e, por isso, é ele quem deve decidir
sobre o que aprender.
Tipos de Aprendizagem
Uma das formas de desenvolver com qualidade o processo de aprendizagem
(escolar ou sistematizada) é por meio das ações pedagógicas pensadas e
propostas pelo professor. Observe, caro (a) cursista, que isto não significa ter o
professor como centro do processo pedagógico, pois, deste modo, estaríamos
66
Capítulo 3 Andragogia: as Habilidades
de Aprendizagem e o
Processo Cognitivo na EJA
Paulo Freire é um dos pensadores que chamou a atenção para o ato pedagógico
como um processo diretivo, você se lembra disso? Abordamos este ponto no capítulo
1, quando Graciani (1993) apontou o conceito de Educação Popular.
Deste modo, ao pensarmos no ato pedagógico planejado a partir
Ao pensarmos no
do contexto histórico-social e cultural do aluno, e indicarmos as ações
ato pedagógico
que poderão contribuir para o desenvolvimento cognitivo do coletivo, planejado a partir
estamos propondo aos alunos uma Aprendizagem Direcionada. Ou do contexto
seja, os professores definem os temas e as ações, que acontecem em histórico-social e
sua maioria em ambiente de educação formal. cultural do aluno,
e indicarmos as
ações que poderão
Os sujeitos têm suas histórias de vida e seus conhecimentos
contribuir para o
valorizados, mas ainda não participam ativamente do planejamento desenvolvimento
das ações pedagógicas. cognitivo do coletivo,
estamos propondo
Veja que até agora nossos planos de ensino deste caderno de aos alunos uma
estudos estiveram pautados neste tipo de aprendizagem. Pois você Aprendizagem
Direcionada.
determinava as atividades e os temas a serem abordados e como eles
seriam abordados.
As diferenças podem ser percebidas nas falas dos alunos, quando fazem
perguntas ou expõem seus comentários durante a aula, são formas que os alunos
usam para se posicionarem e serem percebidos pelos outros enquanto sujeitos.
Outro tipo de aprendizagem que pode ter destaque é a chamada
Aprendizagem Autodirecionada. Conforme Knowles, Horton e Swanson
(apud CARDOSO, 2006, p.32), são dois os conceitos mais frequentes deste
modo de aprendizagem:
67
Práticas Pedagógicas para a EJA
Assim, Mezirow pretendia “[...] compreender como a aprendizagem
emancipatória pode promover mudanças na construção da realidade pelas
pessoas” (LIMA, 2011, p. 40).
Você pode relacionar este pensamento a vários outros momentos deste capítulo
e verá que estamos cada vez mais fundamentando teoricamente nossa prática.
http://www.unibarretos.edu.br/v3/faculdade/imagens/nucleo-apoio-
docente/ESTILOS%20DE%20APRENDIZAGEM%203.pdf
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Capítulo 3 Andragogia: as Habilidades
de Aprendizagem e o
Processo Cognitivo na EJA
Atividade de Estudos: :
Visite uma instituição que reúna pessoas adultas. Pode ser uma
reunião de associação de moradores, igreja, clube de mães,
sindicatos. Observe: que possibilidades de ensino você identifica
no local e na situação que você está?
Algumas Considerações
Neste capítulo você conheceu um pouco sobre a Andragogia, arte de ensinar
adultos. Deste modo, você poderá, a partir deste estudo, (re)pensar sua prática
e seguir com segurança, com sua atuação fundamentada em uma teoria que
prioriza a educação emancipadora.
74
Capítulo 3 Andragogia: as Habilidades
de Aprendizagem e o
Processo Cognitivo na EJA
Referências
ANZORENA, Denise Izaguirre. A formação inicial de professores para a
educação de jovens e adultos: os dizeres dos coordenadores dos cursos de
licenciatura. 2010. 184 f, il. Dissertação (Mestrado em Educação) - Programa de
Pós-Graduação em Educação, Centro de Ciências da Educação, Universidade
Regional de Blumenau, Blumenau, 2010. Disponível em: <http://www.bc.furb.br/
docs/DS/2010/345710_1_1.PDF>. Acesso em: 09 jan. 2012.
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C APÍTULO 4
Intertextualidade na EJA:
Resignificando o cotidiano
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes
objetivos de aprendizagem:
33 Conceituar Intertextualidade.
Práticas Pedagógicas para a EJA
78
Capítulo 4 Intertextualidade na EJA:
Resignificando o cotidiano
Contextualização
Prezado (a) Cursista!
Estamos abrindo o capítulo em que abordaremos a importância da inserção
de jovens e adultos na sociedade grafocêntrica em que o mundo ocidental vive
hoje. Claro que em maior ou menor grau, de acordo com cada contexto social,
saber ler, escrever e as operações matemáticas básicas costumam já não ser
mais o suficiente para alguém desenvolver a consciência de ser cidadão, logo
sujeito de determinados direitos e deveres.
Isto porque, com o avanço das tecnologias que nossa sociedade vivenciou,
temos cada vez mais que saber lidar com códigos, senhas, novas terminologias
da língua, contratos a assinar. Por isso, é importante não apenas decodificar
os símbolos ou signos que as letras representam, mas igualmente conhecer
a mensagem que traz cada comercial de TV, ou rádio; saber compreender um
gráfico no jornal de TV preferido; compreender o consumo da sua fatura de
água, luz, conta de banco, entre outras, das muitas informações importantes que
recebemos de forma escrita.
Atividade de Estudos:
Fonte: <Dicionário on-line www.wordreferece.com>.
Acesso em: 10 de jan. de 2012. 79
Práticas Pedagógicas para a EJA
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Sem querer deixar você apreensivo, mas, se não tiver a resposta desta
pergunta, você não chegará a tempo de receber um prêmio milionário fictício a
que você tem direito. Vamos lá... Descubra...
Veja, a menos que você já tenha usado algum tradutor, ou domine a língua
chinesa, você ainda não descobriu o que está sendo perguntado.
Esta situação hipotética tem o objetivo de mostrar a você uma pequena parte
de como é visto o universo por uma pessoa analfabeta, pois neste capítulo é
sobre esta parte da população e sua inserção na EJA que iremos tratar.
Veja, cursista, que a idéia não é apenas alfabetizar para pegar o ônibus, mas
para desenvolver a habilidade de reconhecer todos os sentidos e significados
de contratos, propagandas, negócios, bem como conhecer os seus direitos de
consumidor na vida real, quando lida com o comércio local, seus direitos quanto
ao fornecimento dos serviços públicos de educação, saúde, moradia, assim como
o direito de estar inserido e interagir na sociedade.
Enfim, seja qual for a motivação que leva os jovens e adultos a retornarem
aos sistemas escolares para continuar sua trajetória escolar, sabemos que o
direito a alfabetização é um direito universal garantido a todos os cidadãos
brasileiros. E como já estudamos sobre as especificidades da EJA, convidaremos
você a refletir sobre o processo de alfabetização na modalidade. Mas lembre-se
de não apenas desenvolver no aluno a habilidade de decodificar símbolos, mas
de interpretar, de relacionar, ou seja, inserir o aluno no processo de letramento.
E para esta proposta, vamos partir do exemplo, deixado por Paulo Freire em sua
experiência em Angicos, no estado do Rio Grande do Norte.
81
Práticas Pedagógicas para a EJA
Alfabetização na EJA
Como já vimos neste caderno de estudos, várias são as formas e os tipos de
aprendizagens e até mesmo os canais de percepção que cada sujeito utiliza no
seu processo de aprendizagem.
Vejamos o exemplo dos slides criados a partir do proposto por Paulo Freire:
82
Capítulo 4 Intertextualidade na EJA:
Resignificando o cotidiano
Uma primeira ação que o professor poderá tomar poderia ser de abrir com
a turma de alfabetização uma discussão para que assim possa perceber o que
os alunos conhecem sobre o processo de escrita. Vamos imaginar que os alunos
digam que, para escrever algo, é preciso, por exemplo, palavras. O professor
deverá escrever “PALAVRAS” no quadro e assim com todas as demais palavras
que forem aparecendo. Se um (a) aluno (a) disser que é preciso letras, então o
professor deverá escrever no quadro a palavra “LETRAS”.
• Caberá ao professor mostrar que uma mesma letra pode ser representada de
diversas maneiras, como por exemplo, as maiúsculas no início das frases e
parágrafos. Sobre este ponto, aproveite para mostrar as entonações na leitura
que variam de acordo com a pontuação.
83
Práticas Pedagógicas para a EJA
84
Capítulo 4 Intertextualidade na EJA:
Resignificando o cotidiano
Leia a frase:
85
Práticas Pedagógicas para a EJA
Leitura e significado
Você deve ter observado a importância atribuída às imagens e palavras no
método Paulo Freire. Sim, você está certo. A leitura, neste caso, tem o auxílio
direto do canal visual na utilização de imagens que contextualizam as palavras a
serem trabalhadas com os alunos.
http://youtu.be/ImQa0t_qVm4.
Figura 3 – Acessibilidade
87
Práticas Pedagógicas para a EJA
•
Você sabe o significado da imagem?
•
Você acha que os deficientes têm seus direitos respeitados em
nossa comunidade?
• Você conhece algum deficiente?
• Você acha que os deficientes devem ter seus direitos garantidos?
E quais seriam estes direitos?
• Você concorda com a inclusão de deficientes nas escolas?
Por quê?
Escolha com o
grupo uma palavra
Que tal explorar um pouco essa atividade, apresentada pelo Léo?
inicial que será
escrita no quadro Vamos imaginar que o grupo de alunos conheça alguém, ou quem sabe
pelo professor. até mesmo na própria sala haverá alguém que poderá falar sobre a
Neste momento, experiência de ser deficiente nos dias de hoje.
você já poderá
abordar a diferença Escolha com o grupo uma palavra inicial que será escrita no
entre texto verbal e
quadro pelo professor. Neste momento, você já poderá abordar a
não verbal.
diferença entre texto verbal e não verbal.
88
Capítulo 4 Intertextualidade na EJA:
Resignificando o cotidiano
Com seu grupo de alfabetização, talvez seja possível fazer um passeio pelo
bairro e ver como está a acessibilidade com relação às calçadas e entradas de
edifícios. A disciplina de Estudos Sociais abordará o conceito de mapa, localização
geográfica, densidade demográfica. A disciplina de História pode trabalhar com
a história das pessoas que deram nomes às ruas principais da comunidade. A
Matemática pode abordar a distância percorrida. Em Ciências, pode-se falar sobre
os animais e plantas vistos na caminhada.
Caso não seja possível um passeio em grupo, peça aos alunos que façam a
observação sobre o caminho de casa ao trabalho, ou do trabalho à escola, enfim,
um caminho que seja parte da rotina diária do aluno.
Uma relação importante que merece ser mencionada é que, após estudar
as teorias deste caderno, fica mais fácil perceber que existe no processo de
educação destinado a pessoas jovens e adultas uma necessidade de que toda
a ação pedagógica seja contextualizada, seja relacionada ao universo social e
cultural do grupo com o qual estamos trabalhando.
89
Práticas Pedagógicas para a EJA
Letramento e a Implicação na
Formação de Sujeitos Autônomos
Ao trabalharmos com um grupo de pessoas jovens e/ou adultas e em
processo de alfabetização, não podemos esquecer, em momento nenhum,
que estamos trabalhando com pessoas que já vivem em um contexto social de
trabalho, de família, de relações que são externas e anteriores ao processo que
acontecerá na escola. Em outras palavras, ao alfabetizar um adulto, não podemos
propor atividades pensadas para crianças, pois, desse modo, não respeitaremos
toda a vivência deste sujeito. É claro, prezado (a) Pós-Graduando (a), que
igualmente no processo educativo com crianças é preciso respeitar e considerar
as vivências dos sujeitos. No entanto, são experiências de vida diferentes, ou
seja, com os alunos da EJA, deve ser evitada toda e qualquer possibilidade
de “infantilização” do processo de alfabetização das pessoas adultas. Mesmo
que você, professor(a), esteja com uma carga extenuante que lhe impeça de
selecionar material específico para os adultos, dedique muita atenção à escolha
de materiais prontos para os sujeitos inseridos na EJA.
90
Capítulo 4 Intertextualidade na EJA:
Resignificando o cotidiano
Parte 1: http://www.youtube.com/watch?v=Gb_HDtzgmGo.
Parte 2: http://youtu.be/M-VMUXdzbR8.
Este conhecimento prévio deve ser aproveitado por você para sistematizar e
ampliar os conhecimentos, fazendo com que o espontâneo passe ao sistematizado.
92
Capítulo 4 Intertextualidade na EJA:
Resignificando o cotidiano
habilidades artísticas para compor uma moeda “oficial do grupo”. Nossa moeda
fictícia, nesta nossa sugestão de atividade, vai se chamar “Pila”.
93
Práticas Pedagógicas para a EJA
beneficiados pelo clima, ou para turmas de EJA de uma área urbana, ver a
diferença entre os setores primário, secundário e terciário.
Os textos são construídos por materiais que podem proceder de outros textos.
Estes materiais podem ser frases inteiras, palavras, ideias e noções, transpostos
integralmente desses textos. Nestes casos, existem marcas para evidenciar
a penetração de outras falas no texto em questão, como uma das formas de
preservação da autoria ou de atitude de oposição do locutor. Os exemplos mais
abundantes são a citação, o discurso direto e o discurso indireto. No entanto, há
outros modos mais sutis de interpenetração textual, não tão evidentes quanto
os primeiros, os quais se relacionam ao gênero dos textos, à pressuposição
linguística e não-linguística e, principalmente, à interação de elementos opositivos
no texto de modo a mostrar a luta entre práticas discursivas e a propensão a
assumir uma escolha entre elas (RIOS, 1999, p.25).
94
Capítulo 4 Intertextualidade na EJA:
Resignificando o cotidiano
Atividade de Estudos:
2º Passo:
95
Práticas Pedagógicas para a EJA
3º Passo:
Algumas Considerações
Ao longo deste capítulo, pudemos refletir sobre nossa prática e como
contribuir para que os alunos dos grupos com os quais trabalhamos utilizem a sua
história de vida para realizar o processo de intertextualidade.
Pense nisso !!
Referências
COUTINHO, Ana Carolina Faria. Letramentos de jovens e adultos: Um
estudo com os porteiros. Disponível em : <http://www.anped.org.br/concurso/
curriculos/10mh_ana_carolina/ana_carolina_monog.pdf>. Acesso em: 10 de jan.
de 2012.
97
Práticas Pedagógicas para a EJA
98
C APÍTULO 5
Atividades Práticas na EJA:
Campartilhando Experiências
e Projetos
100
Capítulo 5 Atividades Práticas na EJA:
Campartilhando Experiências e Projetos
Contextualização
O nosso foco, neste capítulo, será a interdisciplinaridade em sua relação
direta com o que ficou conhecido no meio acadêmico como “Pedagogia de
Projetos”. Vamos refletir sobre como as várias disciplinas atuando em conjunto
poderão contribuir significativamente nos planejamentos, permitindo, assim, o
desenvolvimento de aulas com abordagens contextualizadas e com materiais
diversos, auxiliando os alunos a realizar a intertextualidade em seus processos
de aprendizagem.
Interdisciplinaridade na EJA:
Aproximações com a Pedagogia de
Projetos
Ao desenvolver o planejamento de suas aulas, você já precisa pensar em
materiais, fontes de pesquisa, propostas de atividades que sejam diversificadas.
Observe que a grande maioria dos materiais propostos para a EJA traz algum tipo
de contribuição no processo educativo dos sujeitos, mas mais importante do que
o material selecionado pelo professor é a abordagem e o uso que o professor fará
deste material.
Um dos primeiros fatores é que você deve propor um trabalho coletivo aos
seus colegas, pois, deste modo, todas as áreas de conhecimento poderão propor
atividades comuns, ou até mesmo a investigação de temas pertinentes a cada
uma das disciplinas, porém a partir de um único assunto ou tema. Tente, convide
inicialmente alguns colegas e vá ampliando o grupo posteriormente. Faça uso dos
resultados positivos para cativar adesões ao trabalho interdisciplinar.
102
Capítulo 5 Atividades Práticas na EJA:
Campartilhando Experiências e Projetos
Você pode perceber, caro (a) cursista, que quando várias disciplinas tomam
como objeto de investigação uma mesma temática, não significa,
em momento algum, a anulação ou transformação desta ou daquela
Todas as disciplinas
disciplina em mais ou menos importante. Todas as disciplinas têm sua têm sua igual
igual importância, pois configuram formas de ver o mundo as quais o importância, pois
sujeito aluno tem direito a ter acesso. configuram formas
de ver o mundo as
Deste modo, com as diversas disciplinas atuando em parceria, quais o sujeito aluno
tem direito a
alguns estudiosos convencionaram chamar este procedimento de ter acesso.
Pedagogia de Projetos.
103
Práticas Pedagógicas para a EJA
Pedagogia de Projetos
105
Práticas Pedagógicas para a EJA
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Capítulo 5 Atividades Práticas na EJA:
Campartilhando Experiências e Projetos
107
Práticas Pedagógicas para a EJA
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Capítulo 5 Atividades Práticas na EJA:
Campartilhando Experiências e Projetos
Atividade de Estudos:
Nas aulas de História, o professor recebeu o convite para mostrar aos alunos
como se faz caldo de cana (garapa), pois o diretor traria canas de açúcar e a
máquina para fazer a extração do suco. Mediante tal convite, algumas ideias foram
sendo articuladas. Surgiu o questionamento sobre o porquê de não fazer um dia
na Colônia e explorar com os alunos da 6ª série o modo de vida, a culinária,
algumas apresentações culturais relacionadas ao período colonial brasileiro.
109
Práticas Pedagógicas para a EJA
Nesta e nas demais turmas foi passado um vídeo sobre a cultura negra em
Blumenau. Foi realizado um trabalho de pesquisa com os alunos sobre a diferença
entre pichação e grafitagem. Abordamos crenças religiosas e o candomblé em
debates de sala de aula. Os alunos ainda produziram cartazes com palavras de
origem africana e que foram incorporadas na língua portuguesa.
110
Capítulo 5 Atividades Práticas na EJA:
Campartilhando Experiências e Projetos
grafite, street dance, contação de histórias; além de sessão de cinema com filmes
curta-metragem e oficina de Saxofone.
Atividade de Estudos:
111
Práticas Pedagógicas para a EJA
112
Capítulo 5 Atividades Práticas na EJA:
Campartilhando Experiências e Projetos
113
Práticas Pedagógicas para a EJA
Deste modo, e com o objetivo de mostrar de forma mais clara como pode
ser feita a construção de um projeto interdisciplinar, vamos propor alguns passos
a serem seguidos. Este modelo pode ser modificado, ampliado, reduzido, enfim,
adaptado à sua realidade, como temos reforçado ao longo de todo o caderno.
Quanto aos seus colegas, uma boa opção é fazer uma reunião na hora do
intervalo, ou quando possível, na reunião pedagógica do grupo. Exponha suas
ideias e deixe a participação ser por adesão. Reúna os professores que se
mostrarem interessados em um segundo momento e troque ideias para que se
chegue a um tema específico, ou tema comum de trabalho com a turma em que o
projeto será desenvolvido.
Vamos exemplificar:
http://youtu.be/jo24zwWH8CQ.
http://youtu.be/k18wjGX6Gmg.
Algumas Considerações
Você pôde perceber, ao longo deste capítulo, que o trabalho pedagógico,
sendo pensado em grupo e para o grupo, contribui significativamente para o
melhor desempenho cognitivo dos alunos da EJA.
116
Capítulo 5 Atividades Práticas na EJA:
Campartilhando Experiências e Projetos
E uma das formas de realizarmos tal tarefa é propiciar aos alunos o contato
com a maior diversidade de materiais possíveis sobre os temas escolhidos, para
que, assim, os alunos possam ampliar sua visão de mundo e seus conhecimentos.
Referências
ANZORENA, Denise Izaguirre. A formação inicial de professores para a
educação de jovens e adultos: os dizeres dos coordenadores dos cursos de
licenciatura. 2010. 184 f, il. Dissertação (Mestrado em Educação) - Programa de
Pós-Graduação em Educação, Centro de Ciências da Educação, Universidade
Regional de Blumenau, Blumenau, 2010.
117
Práticas Pedagógicas para a EJA
118
C APÍTULO 6
Os Processos Avaliativos e os
Sujeitos Jovens e Adultos
120
Capítulo 6 Os Processos Avaliativos
e os Sujeitos Jovens e Adultos
Contextualização
Prezado(a) pós-graduando,
Naquele momento, você estava sendo guiado pela teoria e o objetivo era que
você fizesse uma avaliação diagnóstica na prática. Assim, você estaria efetivando os
conhecimentos debatidos neste caderno, aplicando esse conhecimento à sua prática.
121
Práticas Pedagógicas para a EJA
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Capítulo 6 Os Processos Avaliativos
e os Sujeitos Jovens e Adultos
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Capítulo 6 Os Processos Avaliativos
e os Sujeitos Jovens e Adultos
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Práticas Pedagógicas para a EJA
Indicação de Bibliografia:
Espera-se que fiquem para trás as falhas e faltas apontadas, pois você,
professor (a) de EJA, precisa compreender essas situações, redirecionar seu
olhar e o processo de aprendizagem para que se foque no desenvolvimento
127
Práticas Pedagógicas para a EJA
Também cabe a você, cursista, ter a clareza do que quer efetivamente avaliar
e em que ponto quer chegar com essa prática. Assim, uma atividade permitirá
que você perceba as atitudes dos alunos mediante situações-problema que sejam
importantes para a comunidade em que o grupo está inserido.
Atividade de Estudos:
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Capítulo 6 Os Processos Avaliativos
e os Sujeitos Jovens e Adultos
Algumas Considerações
Prezado(a) Cursista!
Você pôde perceber, ao longo deste capítulo, que a avaliação deve
acompanhar todo o processo pedagógico. Os métodos avaliativos devem ser
usados para verificar o lugar de onde partir (conhecimento prévio do aluno sobre
os assuntos) e se o grupo, ou o aluno, está atingindo seus objetivos. Também é
importante o professor se autoavaliar com relação ao processo pedagógico.
Agora chegou sua vez, agora não de exercitar sua aprendizagem com
propostas de atividades simuladas, mas na prática, no chão de sala, com sujeitos
reais. Sucesso e bom trabalho !!
130
Capítulo 6 Os Processos Avaliativos
e os Sujeitos Jovens e Adultos
Referências
BEISIEGEL, Celso de Rui. O processo de avaliação em programas de
educação de adultos. Caderno de Pesquisa. São Paulo: Suplemento Especial,
1980. p. 48-54
A+DO+IFRS-BG+UMA+ABORDAGEM+FEITA+A+PARTIR+DE+SEUS+SUJEIT
OS.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2012.
132