O documento descreve a educação de jovens e adultos na LDB 9.394/96 e os principais programas e políticas implementados pelo governo para a modalidade. A lei garante o acesso gratuito ao ensino fundamental e médio para quem não teve na idade apropriada e diretrizes estabelecem as características da EJA. Diversos programas como o PAS, PBA e Recomeço descentralizaram recursos, porém desafios permanecem para consolidar a EJA como política pública.
Descrição original:
Título original
A Educação de Jovens e Adultos a Partir Da LDB 9394-96
O documento descreve a educação de jovens e adultos na LDB 9.394/96 e os principais programas e políticas implementados pelo governo para a modalidade. A lei garante o acesso gratuito ao ensino fundamental e médio para quem não teve na idade apropriada e diretrizes estabelecem as características da EJA. Diversos programas como o PAS, PBA e Recomeço descentralizaram recursos, porém desafios permanecem para consolidar a EJA como política pública.
O documento descreve a educação de jovens e adultos na LDB 9.394/96 e os principais programas e políticas implementados pelo governo para a modalidade. A lei garante o acesso gratuito ao ensino fundamental e médio para quem não teve na idade apropriada e diretrizes estabelecem as características da EJA. Diversos programas como o PAS, PBA e Recomeço descentralizaram recursos, porém desafios permanecem para consolidar a EJA como política pública.
Prof. Esp. Rodrigo de Freitas Amorim Enquanto isso A EJA na LDB 9.394/96:
Art. 4 O dever do Estado com a educao escolar pblica ser efetivado mediante a garantia de:
I ensino fundamental, obrigatrio e gratuito, inclusive para os que a ele no tiveram acesso na idade prpria; II progressiva extenso da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino mdio; [...]; VI oferta de ensino noturno regular, adequado s condies do educando; VII oferta de educao escolar regular para jovens e adultos, com caractersticas e modalidades adequadas s suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condies de acesso e permanncia na escola; [...]. Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 2 Seo V Da Educao de Jovens e Adultos
Art. 37. A educao de jovens e adultos ser destinada queles que no tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e mdio na idade prpria.
1 Os sistemas de ensino asseguraro gratuitamente aos jovens e aos adultos, que no puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as caractersticas do alunado, seus interesses, condies de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 3 2 O poder pblico viabilizar e estimular o acesso e a permanncia do trabalhador na escola, mediante aes integradas e complementares entre si.
3 A educao de jovens e adultos dever articular-se, preferencialmente, com a educao profissional, na forma do regulamento. Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 4 Art. 38. Os sistemas de ensino mantero cursos e exames supletivos, que compreendero a base nacional comum do currculo, habilitando ao prosseguimento de estudos em carter regular.
1 Os exames a que se refere este artigo realizar-se-o: I no nvel de concluso do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos; II no nvel de concluso do ensino mdio, para os maiores de dezoito anos.
2 Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais sero aferidos e reconhecidos mediante exames. Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 5 MARCOS LEGAIS E OPERACIONAIS A contradio do veto do presidente FHC a contagem das matrculas de EJA na redistribuio dos recursos do FUNDEF (Lei 9.424/96); Consequncias: Negao da garantia de oferta, acesso e permanncia do jovem e do adulto na escola; Sobrecarga sobre os sistemas de ensino municipais e estaduais; Diminuio da oferta de vagas. Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 6 A criao do Programa Alfabetizao Solidria (PAS), 1996: Atribuio inicial = alfabetizao das regies com os maiores ndices de analfabetismo do Brasil, Norte e Nordeste; Estabeleceu parcerias: universidades, setores pblicos e privados, juventude; Problemas:
Desviou-se de sua atribuio inicial passando a ter a meta de institucionalizao das aes do programa, na prpria rede, na educao de jovens e adultos; Conceito de alfabetizao, curto prazo, falta de continuidade da escolarizao, etc. Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 7 Incertezas geradas pelo PAS + mobilizao nacional para discutir o sentido da EJA + demanda dos CEE + demanda dos fruns de EJA = Parecer CNE/CEB n 11/2000, Diretrizes Curriculares Nacionais para EJA
[...] Logo a EJA uma modalidade da Educao Bsica, nas suas etapas fundamental e mdia. O termo modalidade diminutivo latino de modus (modo, maneira) e expressa uma medida dentro de uma forma prpria de ser. Ela tem, assim, um perfil prprio, uma feio especial diante de um processo considerado como medida de referncia. Trata-se, pois, de um modo de existir com caracterstica prpria. (BRASIL. CNE, 2000a, p. 26). Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 8 = Resoluo CNE/CEB n 01/2000:
Art. 5 []
Pargrafo nico. Como modalidade destas etapas da Educao Bsica, a identidade prpria da Educao de Jovens e Adultos considerar as situaes, os perfis dos estudantes, as faixas etrias e se pautar pelos princpios de eqidade, diferena e proporcionalidade na apropriao e contextualizao das diretrizes curriculares nacionais e na proposio de um modelo pedaggico prprio, de modo a assegurar:
Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 9 III quanto proporcionalidade, a disposio e alocao adequadas dos componentes curriculares face s necessidades prprias da Educao de Jovens e Adultos com espaos e tempos nos quais as prticas pedaggicas assegurem aos seus estudantes identidade formativa comum aos demais participantes da escolarizao bsica. (Brasil. CNE, 2000b).
II quanto diferena, a identificao e o reconhecimento da alteridade prpria e inseparvel dos jovens e dos adultos em seu processo formativo, da valorizao do mrito de cada qual e do desenvolvimento de seus conhecimentos e valores; I quanto eqidade, a distribuio especfica dos componentes curriculares a fim de propiciar um patamar igualitrio de formao e restabelecer a igualdade de direitos e de oportunidades face ao direito educao; Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 10 = Plano Nacional de Educao (Lei 10.172/2001):
Estabeleceu 26 metas para a EJA nas seguintes categorias:
Ampliao da matrcula; Aes do governo federal (programas de apoio); Avaliao das aes de alfabetizao; Integrao curricular entre formao geral e profissional no ensino fundamental; Formao de professores; Parceria com a sociedade civil; Apoio federal aos sistemas estaduais e municipais para atendimento da EJA. Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 11 Problemas do PNE: Vetos do presidente Fernando Henrique Cardoso sobre o financiamento para as aes de avaliao do PNE impossibilitaram o controle; O presidente Lus Incio Lula da Silva no retirou os vetos; Os estados tinham um ano-meta para criarem seus PNEs/PEEs. Em 2009, apenas sete tinham seus PNEs/PEEs; Levou a criao de mais um programa, O Programa Recomeo. Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 12 O PROGRAMA RECOMEO Regulamentado pelo FNDE, Res. 10/2001: Transferncias de recursos em carter emergencial; Ampliao da oferta de vagas da EJA; Manuteno da qualidade do ensino; Atendimento da demanda social; O clculo considerava o IDH das regies; Em 2003, sofre mudanas, sendo chamado de Programa Fazendo Escola. Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 13 O PROGRAMA FAZENDO ESCOLA Permanece a poltica de incentivo matrcula por meio da descentralizao de recursos, mudando apenas a forma de cobertura; Res. FNDE n 25/2005 extingue a distino de Estados e municpios por IDH e passa a universalizar o apoio s matrculas de EJA; Em 2007, com a criao do FUNDEB, o programa extinto, pois o FUNDEB incluir as matrculas da EJA para financiamento. Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 14 PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO (PBA) Criado em 2003 em substituio do Programa Alfabetizao Solidria (PAS); Rompe com as parcerias pblico/privado; Relao direta com Estados e municpios; No incio havia a possibilidade de parcerias de ONGs, IES, movimentos sindicais e populares; Em 2007, envio exclusivo para as secretarias municipais e estaduais mediante apresentao do Plano Plurianual de Alfabetizao. Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 15 Para compreender o que significou a participao da Unio nos principais programas de alfabetizao e na EJA, desde a promulgao da LDB de 1996, cabe retomar que, historicamente, o papel do governo federal no financiamento educacional para EJA sempre teve o papel de orientao e induo da poltica, no cabendo uma ao direta do Ministrio da Educao na oferta de cursos de EJA. As principais aes de campanhas de alfabetizao e escolarizao de jovens e adultos contaram, direta ou indiretamente, com financiamento quase que exclusivo da Unio, como, por exemplo, as campanhas aps a dcada de 1940 e o Mobral do perodo da ditadura militar; todavia, as turmas eram de responsabilidade, enquanto mobilizao e execuo das aes de alfabetizao, das secretarias de educao dos Estados e municpios. Essa realidade chega ao final da dcada de 1990 e ultrapassa a virada do sculo, at os dias atuais. (MACHADO, 2009, p. 24) Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 16
Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 17 No prximo grfico, nota-se uma mudana de distribuio destes recursos; No governo FHC todos os recursos eram destinados a uma nica ONG responsvel pelo PAS; No governo Lula outros parceiros passam a perceber parte dos recursos; Em 2007, somente os Estados e municpios. (Res. FNDE n 45/2007) Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 18 Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 19 Algumas concluses O crescente investimento na EJA voltado para transferncia de recursos para os Estados e municpios; A aproximao da EJA com a Educao Profissional, levando a possibilidade de reconstruo do currculo da EJA; A caminhada para construo da EJA enquanto poltica pblica que supere os estigmas da alfabetizao e o ensino aligeirado continua
Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 20 Questes para debate O que voc entende por uma poltica pblica relacionada educao? Qual a diferena entre uma poltica pblica de Governo e uma poltica pblica de Estado? O que significa constituir uma poltica pblica para a educao de jovens e adultos no Brasil? Enquanto educadores, que aes podem ser feitas, em nveis micro e macro, para consolidar uma poltica pblica para EJA? Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 21 A EJA como pauta poltica do Estado e da Sociedade Civil Histria da educao brasileira: dualismo na oferta de um ensino de qualidade; Educao de qualidade versus educao de baixa qualidade; Ensino regular versus EJA; Ensino privado versus pblico; etc. EJA = modalidade marginalizada, educao de menor, baixa qualidade, aligeirada Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 22 Fatos desta realidade Falta de uma poltica pblica consolidada; Rupturas e descontinuidade das aes governamentais; Programas para financiamento (PAS, Recomeo, PBA, Fazendo Escolar); Novidade = publicizao do financiamento (opo republicana segundo Machado, 2009). Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 23 Os rumos da opo republicana Esperava-se uma adeso maior s matrculas da EJA na alfabetizao; De 1997 a 2003 h crescimento (de 899 mil para 1,5 milho); De 2004 a 2006 h uma leve queda (dos 1,5 milho para 1,48 milho); Vejamos a tabela 2, a seguir: com destaque para o crescimento nos municpios, provavelmente relacionado recepo dos recursos descentralizados. Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 24 Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 25 Gesto da poltica da EJA pelos governos O problema do patrimonialismo no Governo; Decises personalistas; No MEC at 2003 a EJA tinha uma coordenao dentro da Secretaria de Ensino Fundamental; Depois de 2004, passa a ser o Departamento de Educao de Jovens e Adultos dentro da Secretaria de Educao Continuada, Alfabetizao e Diversidade (Secad); Coordenaes de EJA foram criadas nos entes executores (secretarias municipais e estaduais); Reunies peridicas Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 26 A diversidade contemplada Com a incluso da EJA na Secad, h uma nfase na questo da diversidade; Povos do campo, indgenas, quilombolas, pescadores, privados de liberdade, necessidades especiais, etc.; Resultados = Proeja, Projovem, Pescando Letras, Educando para a Liberdade e Literatura para Todos. Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 27 A participao da sociedade civil na EJA Maior expresso a partir de 1996 = fruns de EJA (www.forumeja.org.br); Os fruns = articulao da sociedade civil para consolidao de uma poltica pblica da EJA no Brasil;
No h na histria da educao brasileira uma modalidade de ensino que tenha vivido essa experincia de convivncia, tensa, mas duradoura, de um movimento permanente que luta pela institucionalizao de uma poltica pblica de direito, como o caso da educao voltada para jovens e adultos, com essa capilaridade que atinge, hoje, todos os Estados brasileiros. (MACHADO, 2009, p. 34) Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 28 Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 29 Os fruns lutam pela qualidade desta modalidade de ensino; Lutam pelo convencimento da populao de que estudar importante; Lutam pelo atendimento amplo e vasto desta populao; Enfatizam a necessidade de formao dos professores; Educao como direito na construo do sujeito que faz sua prpria histria. Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 30 Consideraes (quase) finais No bastam as leis e o financiamento que ora j esto garantidos, necessrio uma articulao da sociedade civil e a sociedade poltica para acompanhar a execuo destas polticas pblicas; H necessidade de uma mobilizao de todos os sujeitos envolvidos com a EJA para consolid-la como direito de todos. Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 31 REFERNCIAS MACHADO, Maria Margarida. A educao de jovens e adultos no Brasil ps- Lei n 9.394/96: a possibilidade de constituir-se como poltica pblica. In: Em Aberto. Braslia: INEP, v. 88, 2009.
MACHADO, Maria Margarida. Educao de jovens e adultos no sculo XXI da alfabetizao ao ensino profissional. In: Revista InterAo. Goinia, v. 36, n. 2, p. 393-412, jul./dez.2011. Prof. Rodrigo de Freitas Amorim 32