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RIO DE JANEIRO
2019
1
(Artigo científico)
RIO DE JANEIRO – RJ
2019
2
(...)
Mas criança também tem
O direito de sorrir.
Correr na beira do mar,
Ter lápis de colorir...
Dedicatória:
NASCIMENTO, Angeli Rose. Notas sobre Literatura, Alfabetização e Letramento. IPEMIG, 2019.
Especialização em Educação Infantil, Alfabetização e Letramento.
RESUMO
Este artigo apresenta algumas considerações conceituais sobre alfabetização e letramento, principalmente,
na educação infantil, para em seguida relacionar tais noções teóricas com práticas docentes que incluam a
Literatura (Corsino, 2013), enquanto elemento e recurso necessário para o desenvolvimento da criança,
reafirmando a importância da Literatura na formação desde a Educação Infantil. A partir de definições de
Soares (2004) e reflexões de especialistas sobre a importância da Literatura (infantil) na formação de
cidadãos críticos, entende-se que a formação de professores, esse agente de transformação social (Freire,
2003), também deverá compreender seu papel enquanto professor-leitor, professor reflexivo, ou professor-
pesquisador (Pimenta, 2002), a fim de escolher práticas docentes que reafirmam o “direito à literatura”,
segundo a tese defendida por Antonio Cândido (2011). Para tanto, depois da apresentação dos principais
conceitos, exploram-se reflexões acerca do que é literatura, a literatura infantil e a presença desta na
educação infantil na contemporaneidade. A metodologia qualitativa por revisão bibliográfica foi a mais
adequada ao intento dialógico (Bakhtin, 2006) realizado de registrar e provocar meditações a respeito do
tema, no intuito de contribuir para o debate acadêmico.
SUMÁRIO
I INTRODUÇÃO 6
II DESENVOLVIMENTO 7
2.1 Memorial de formação e ofício 7
2.2 Considerações sobre Alfabetização e Letramento e o campo da linguagem 8
2.3 A alfabetização no tempo 11
2.4 O Direito à literatura (Infantil) 12
2.5 Formações de professores e práticas docentes 15
III CONCLUSÃO 19
IV REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 20
4.1 Livros 20
4.2 artigos em periódicos 21
4.3 documentos na web 22
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I INTRODUÇÃO
1
O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, sendo possível acessar dados mais objetivos e informações
específicas sobre o “Programa” em [http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/33571]
2
“O Brasil no PISA 2015: Relatório Nacional”. Indicamos como destaque a leitura das tabelas que situam o Brasil no
ranking internacional,p.129, e o quadro demonstrativo dos estados brasileiros na competência
leitora,p.134.Disponível em
http://download.inep.gov.br/acoes_internacionais/pisa/resultados/2015/pisa2015_completo_final_baixa.pdf
7
E por fim, concluímos nossas reflexões tecendo algumas considerações finais, tanto
propositivas como de constatação,quem sabe, provocando ânimos para futuras discussões, inclusive,
no nível investigativo das pesquisas acadêmicas.
Assim, damos prosseguimento ao artigo, apresentando o desenvolvimento proposto.
II DESENVOLVIMENTO
2.1 Memorial de formação e ofício
Nesses 32 anos de docência como professor especialista de Língua Portuguesa (e Literatura
Brasileira), 18 deles passados na Educação Básica entre o Ensino Fundamental e o Ensino Médio -
então, 2º. Grau -, deparei-me com desafios mais específicos e relacionados ao campo da
Alfabetização e Letramento, primeiramente como mãe, e depois como profissional ao migrar para o
Ensino Superior, concluído o Mestrado em Educação. Em ambas as situações, percebi a lacuna em
minha formação de especialista em Língua Portuguesa, sem disciplinas no currículo que
contemplassem o tema na época em que me graduei, e ante a falta de experiências com o processo
alfabetizador, apenas conhecido teoricamente até então. Foi na condição de mãe que pude observar
mais de perto e com preocupações técnicas a formação leitora de meu filho (hoje um exímio leitor,
professor universitário e pesquisador). E somente uma década depois me vi desafiada a orientar em
formações iniciais de pedagogos, quer nas atividades de docência presencial e a distância, quer nas
atividades de orientadora de trabalhos de conclusão de curso de graduação em Pedagogia.
Esse processo às avessas pode parecer inconsequente ou contraditório, entretanto, deu-me
mais motivação para mergulhar numa especialização em nível de pós-graduação lacto sensu como
esta (Educação Infantil, Alfabetização e Letramento) numa perspectiva de formação continuada
como muitos de nós, professores, nos submetemos quando despertos pelo caminho investigativo.
Sobre isto, destaco o que o professor Antonio Nóvoa observou: “A formação continuada deve
alicerçar-se numa “reflexão na prática e sobre a prática”,através de dinâmica de investigação-ação e
de investigação-formação,valorizando os saberes de que os professores são portadores.” (1991:30)
Em realidade, o desejo de parar um pouco e me deter em algumas das dúvidas reincidentes
que muitos dos meus alunos vêm reiteradamente colocando solicitou tal iniciativa. Mais curioso foi
olhar de relance meu currículo Lattes e verificar que nos últimos três anos, principalmente, em mais
de 20 orientações concluídas, 70% delas foram sobre o processo de Alfabetização com a
perspectiva do Letramento, incluindo o letramento literário.
Enfim, corroborado pelo interesse observado também em conversas informais com colegas e
outros pesquisadores, pude identificar que o tema parecia aglutinar as angústias de muitos futuros
professores, inclusive, dos que já vinham em exercício docente, porém, sem formação regular até
que lhes proporcionasse melhor suporte para as situações variadas e desafiadoras que o ofício
provoca cotidianamente. E retomo mais uma vez a visão pertinente de Nóvoa acerca da formação
8
continuada: “A formação continuada deve estar articulada com o desempenho profissional dos
professores (...).Trata-se de um objetivo que só adquire credibilidade se os programas de formação
se estruturam em torno de problemas e de projetos de ação e não em torno de conteúdos
acadêmicos.”(1991: 30)
Assim, com a certeza de que me qualificando mais, através de formação na área, poderia
também oferecer melhor apoio aos alunos, meus futuros colegas de profissão, além de me atualizar
para reafirmar meu compromisso com o desenvolvimento de uma cidadania plena, crítica e para a
qual o magistério pode contribuir intensamente, me dispus a refletir brevemente sobre alguns
aspectos da Educação Infantil, a Alfabetização e o Letramento, em uma perspectiva teórica
relacionada à Literatura (Infantil) e sua relevância, no intuito de consolidar alguns conhecimentos
relevantes sobre o tema. Porque como o educador Paulo Freire sabiamente nos advertiu:
Nada do que experimentei em minha atividade docente deve necessariamente
repetir-se. Repito, porém, como inevitável, a franquia de mim mesmo, radical,
diante dos outros e do mundo. Minha franquia ante aos outros e o mundo
mesmo e a maneira radical como me experimento enquanto ser cultural,
histórico, inacabado e consciente do inacabamento. Aqui chegamos ao ponto de
que talvez devêssemos ter partido. O do inacabamento do ser humano. Na
verdade, o inacabamento do ser ou sua inconclusão é próprio da experiência
vital. Onde há vida, há inacabamento. (2015:49-50)
3
Pesquisa sobre formação de leitores jovens na contemporaneidade, publicada pela Atena Editora, sob o título
“Reflexões sobre experiências de leitura e algumas contribuições do mito de Don Juan”, disponível gratuitamente
em e-book: https://www.atenaeditora.com.br/wp-content/uploads/2017/11/E-book-Reflexoes-sobre-
experiencias.pdf
9
ainda move o mundo, desde a propaganda até o romance mais ousado do meio digital, passando
por manuais e instruções sofisticadas ou não sobre como usar um programa de computador ou
como ministrar um remédio. E foi dessa incurável necessidade de narrar (-se) que nos
acompanha e nos acomete nas diversas relações estabelecidas que reafirmamos ser cada vez mais
necessário e imprescindível introduzir uma criança no mundo letrado.Ou seja, o processo de
aquisição da leitura e da escrita só é cumprido quando o sujeito é capaz de interpretar e entender
o mundo,esse mundo letrado em que vivemos.Portanto,em um mundo marcado por falas,
escritas, movimentos, sons, vivemos na linguagem como sujeitos dela,o que para o filósofo da
linguagem,Michael Bakhtin4 sugere acerca dos usos da língua em forma de discurso,isto é,no ato de fala e
no processo comunicativo:
Os estudos extensos e densos de Bakhtin também dão a ver que há uma relação
intersubjetiva que torna a interação entre sujeitos um aspecto fundamental para as ações
comunicativas. E essas interações sociais serão mediadas pelos mais variados textos e/ou sujeitos
envolvidos.
E para adensar nossa percepção crítica sobre o assunto, vale ressaltar que por longo
tempo pensou-se que o processo de aquisição da leitura e da escrita era simples decifração do
código linguístico, consumando-se tal visão como fator que não supria as necessidades sociais
4
Bakhtin, filósofo da linguagem, foi contemporâneo de Lev Vigotsky, outro estudioso do desenvolvimento e da
aprendizagem humana. Ambos atuaram e pertenceram ao reconhecido “Círculo de Praga” no século XIX.
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vigentes, que carece de indivíduos letrados e que saibam utilizar a leitura e a escrita socialmente.
Sabemos que nenhum aluno chega à escola como um repositório a ser preenchido pelos
conhecimentos do professor. Atualmente, entende-se que as crianças trazem saberes sobre a
leitura e a escrita do meio onde vivem. Por isso, compete ao professor fazer uma “avaliação
diagnóstica”5 para saber em qual nível de escrita cada aluno se encontra e iniciar assim seu
planejamento. Sabendo que cada um tem um ritmo diferente e aprende de um jeito diferente, é
fundamental diversificar a ação em sala de aula. Não ensinar apenas a decodificar palavras e
frases sem sentido, mas aproximar o que se estuda da realidade para que a função social da
leitura e da escrita seja compreendida e utilizada eficazmente. Nesta direção, é possível
compreender o ato de ler ao qual Freire confere relevância inigualável, passando a ser um
paradigma existencial:
5
Para melhor esclarecimento sobre o conceito pode-se consultar O Centro de políticas públicas e Avaliação da
Educação(CAED/UFMG),disponível em:[ http://www.portalavaliacao.caedufjf.net/pagina-exemplo/tipos-de-
avaliacao/avaliacao-diagnostica/]
11
No Brasil, o ensino da leitura e da escrita foi apresentado pelos padres jesuítas em contato
com os índios com o objetivo de evangelizá-los, convertendo-os a cristãos. Pode-se dizer que as
notícias sobre este período inicial indicam que havia um treinamento dos índios em ler, escrever
e contar. E durante três séculos a narrativa da leitura era apenas autorizada aos senhores,
excluindo negros (escravos),mulheres,crianças,usurpando aos demais o direito à leitura e à
escrita. As escolas eram raras e os documentos da época restringiam-se ao relato de viajantes,
prontuários e documentos de cartórios, ou escritos de próprio punho como cartas de descrições e
negociações comerciais. Somente a partir de meados do século XVIII aconteceram
transformações intensas na mentalidade senhorial, que vão ao encontro da transição do país,
então nação, de Brasil Império para o Brasil República – a primeira. A realidade decorrente
desse contexto restritivo é que todas as ações de estímulo ou não ao acesso à alfabetização estão
vinculadas aos interesses das elites, tanto no que se refere à política, quanto à economia.
Chegou-se, então, ao final do século XIX com mais de dois/terços da população brasileira
analfabeta. (Paiva, 2003).
se de tal forma a mecânica de ler o que está escrito que acaba-se obscurecendo a linguagem
escrita como tal." (1991:119)
O dever do Estado com a educação básica será efetivado mediante a garantia de:
Para entendermos melhor a relação literatura infantil e família, por exemplo, é preciso
conhecer um pouco sobre o vínculo que há entre elas. A partir do século XVII, período que Ariès
(1981) defende que a noção de infância surge ao lado das transformações que começaram a se
processar junto com a transição para a sociedade moderna. A partir desse momento os adultos
passam a ter uma visão diferente da criança, pois até então estas eram vistas como um adulto em
miniatura. Para Ariès “A criança, por muito tempo, não foi vista como um ser em
desenvolvimento, com características e necessidades próprias, e sim homens de tamanho
reduzido”. (1981:18).
Convivendo juntos com os adultos e dividindo as mesmas responsabilidades e valores
morais, a infância não era vista como um período de formação do ser humano, não havia um
mundo infantil separado, com isso a literatura para ambos era exatamente igual, uma vez que não
se separava a faixa etária. No entanto, em relação às classes sociais havia uma separação bastante
nítida, pois as crianças das altas classes sociais tinham acesso aos grandes clássicos da literatura
universal. Enquanto as crianças das classes mais pobres não tinham acesso à escrita e a leitura,
seus conhecimentos resultavam de uma literatura tradicional do seu povo, que era contada por
seus familiares através de lendas e contos folclóricos de suas regiões.
Ainda segundo Ariès (1981) no século XVI e XVII a criança começou a ser notada como
“criancinha pequena”, mas foi somente a partir do século XVIII que surgiu uma nova
preocupação com a infância, que se consolidaria mais tarde. Nesta perspectiva então se exigiria
mais cuidados e etapas específicas para a formação da criança.
Diante dessa nova ótica de mudança cultural influenciada, principalmente, pelas
transformações sociais e econômicas que a sociedade estava passando, a família também se
modificou em relação ao sentimento da infância, passando assim a nutrir mais afeto e atenção
para com os filhos, além de almejar novos objetivos para eles. Destacamos, então, que a partir do
século XX, após pesquisas realizadas na área pedagógica e psicanalítica com foco em crianças,
os conteúdos dos textos infantis passam a se destacar como objetivo pedagógico.
Porém, é neste ponto que a relevância da Literatura se articula com o processo de
alfabetização e letramento, pois segundo Emilia Ferreiro ressignificar a alfabetização através de
práticas lúdicas de leitura e escrita na Educação Infantil pode ser um caminho mais fácil e
prazeroso de aprender e apreender os conhecimentos necessários para a classe de alfabetização
propriamente. A literatura tem a função de despertar o senso crítico e auxilia no aprendizado.
14
E entendendo que o sucesso nas séries posteriores pode estar justamente ligado ao tipo de
trabalho realizado na Educação Infantil. Assim, cabe ponderar que a qualidade da Educação
Básica está nas mãos da pré- escola, em certa medida.
Mas educar com a literatura, como entendemos ser a relevância de explorar esta linguagem
desde a educação infantil, a linguagem literária, numa perspectiva emancipadora exige do
professor preparo para ter um olhar crítico e educado do ponto de vista estético, ou seja, ser leitor
também, a fim de que escolha obras de qualidade e instigantes para a realidade infantil. E
acompanhados de Corsino refletimos :
Entretanto, para garantir essa presença da Literatura no cotidiano escolar como modo de
formar cidadãos é necessário ter em mente a tese defendida pelo professor e sociólogo Antonio
15
Candido em sua militância pela Literatura (Brasileira): “quer percebamos claramente ou não, o
caráter de coisa organizada da obra literária torna-se um fator que nos deixa mais capazes de
ordenar a nossa própria mente e sentimentos, e, em consequência, mais capazes em organizar a
visão que temos do mundo”.(2011:170)
Esta militância foi ao encontro dos Direitos Humanos, instância que contextualizou a
produção do ensaio em questão de Cândido, conferindo uma dimensão política, ética e estética à
literatura como presença fundamental na formação do caráter nacional e da vida de seus cidadãos
no Brasil. Comenta ainda o crítico literário:
Por quê? Porque pensar em direitos humanos tem um pressuposto: reconhecer
que aquilo que consideramos indispensáveis pra nós é também indispensável
para o próximo. Esta me parece a essência do problema, inclusive no plano
estritamente individual, pois é necessário um grande esforço de educação e
autoeducação a fim de reconhecermos sinceramente esse postulado. Na verdade,
a tendência mais funda é acharmos que os nossos direitos são mais urgentes que
os do próximo (2011:174).
mas que faça algo que tem ligação com o desenvolvimento do ensino de forma mais ampla e
significativa. Gadotti,a respeito desse aspecto formativo na docência comenta:
Ao novo educador compete refazer a educação, reinventá-la, criar as condições
objetivas para que uma educação realmente democrática seja possível, criar uma
alternativa pedagógica que favoreça o aparecimento de um novo tipo de
pessoas, solidárias, preocupadas em superar o individualismo criado pela
exploração do trabalho. Esse novo projeto, essa nova alternativa, não poderá ser
elaborado nos gabinetes dos tecnoburocratas da educação. Não virá em forma
de lei nem reforma. Se ela for possível amanhã é somente porque, hoje, ela está
sendo pensada pelos educadores que se reeducam juntos. Essa reeducação dos
educadores já começou. Ela é possível e necessária. (1998: 90)
O homem faz a sua história intervindo em dois níveis: sobre a natureza e sobre a
sociedade. O homem intervém na natureza e sobre a sociedade, descobrindo e
utilizando suas leis, para dominá-la e colocá-la a seu serviço, desejando viver
bem com ela. Dessa forma ele transforma o meio natural em meio cultural, isto
é, útil a seu bem-estar. Da mesma forma ele intervém sobre a sociedade de
homens, na direção de um horizonte mais humano. Nesse processo ele
humaniza a natureza e humaniza a vida dos homens em sociedade. O ato
Pedagógico insere-se nessa segunda tipologia. É uma ação do homem sobre o
homem, para juntos construírem uma sociedade com melhores chances de todos
os homens serem mais felizes (grifos nossos). (1998, p. 81)
Como é explicitado por GADOTTI, assim como é possível que o ser humano modifique a
natureza, também é concebível e inevitável que o mesmo modifique a sociedade em que está
inserido. O professor, sendo um profissional, diretamente ligado à orientação de seres humanos,
quando os mesmos estão se desenvolvendo social e intelectualmente, se torna assim, um
importante agente dessa transformação social, o que precisamos analisar efetivamente é se esta
transformação que o mesmo está/estará contribuindo para que aconteça será positiva ou negativa,
pois as duas opções são possíveis.
Nas últimas décadas surgem algumas categorias que indicam uma relação bastante
diferenciada dos docentes com o conhecimento e o exercício da docência, tais como a de
“professor-reflexivo e a de professor-pesquisador.Tomaremos apenas estas e de modo breve a
fim de indicar a relevância destas para a compreensão sobre as noções anteriormente
17
E através do trabalho de reflexão sobre a prática, fica a perceber que o professor passa
a atuar como pesquisador da sua própria prática.
18
E a pesquisa faz com que o professor-pesquisador reflita sobre a sua prática, buscando
possibilidades de conhecimentos que darão suportes para que ele, dentro da sua sala de aula,
efetive o processo de emancipação e superação de todos os envolvidos. Repensar sobre a prática
docente e os mecanismos do ensinar com as armas necessárias deve ser prática constante do
professor desde a formação inicial, e não somente nos cursos de pós-graduação ou mestrado.
Pois saber analisar os dados, confrontá-los, ler criticamente a realidade, irá remeter a sua prática
docente, agora sim, com criticidade do que lhe é apresentado.
Ninguém pode estar no mundo, com o mundo e com os outros de forma neutra.
A acomodação em mim é apenas caminho para a inserção, que implica decisão,
escolha, decisão, intervenção na realidade. Há perguntas a serem feitas
insistentemente por todos nós e que nos fazem ver a impossibilidade de estudar
por estudar. De estudar descomprometidamente como se misteriosamente, de
repente, nada tivéssemos que ver com o mundo, um lá fora e distante mundo,
alheado de nós e para nós dele.
com que haja um compartilhamento das ações que resultem na validação da aprendizagem dos
alunos, para modificar ou reestruturar conhecimentos que devem permitir que eles vivenciem
situações com autonomia, recriação, que motive os educandos a elaborações próprias, para que
assim, eles possam assumir o papel de protagonistas, ou seja, sujeitos ativos em seus processos
educativos.
III CONCLUSÃO
As considerações finais destacam a relevância da aproximação da literatura infantil com
aluno da educação Infantil e das séries iniciais do Ensino Fundamental I,por exemplo.Autores
como Vigotsky e Bakhtin trazem leituras que abordam temas que auxiliam bastante em
reflexões, comprovando a necessidade de estimular o professor a pesquisar e o aluno a falar, a
ouvir o outro, a se ouvir ,a se relacionar,interagir,a fim de se compreender melhor, assim como o
mundo que o cerca.E a literatura pode apoiar este aspecto da existência humana.
Com Bakhtin, podemos perceber que a língua é concreta, viva e sofre variações conforme
seus usuários se utilizam dela. Vemos também que devemos nos preocupar em transmitir a
mensagem de forma a ser compreendida, independente de normas estanques de gramática, mas
relacionada à consciência linguística do locutor e do receptor.
Vigotsky nos mostra, assim como Bakhtin, que a linguagem tem como função a relação
social com intenção de comunicação entre os falantes, que a criança utiliza a fala para um
discurso social e interativo. Mesmo o aluno que ainda não lê, mas ouve histórias, tem como se
organizar em termos de emoções e sentimentos, assim como a ser provocado a construir o seu
texto, a sua história, quer pela fala, quer pelos traços que escolher representar sua percepção da
realidade que se lhe apresenta.
Com o estudo bibliográfico, foi possível perceber que a alfabetização e letramento são
processos de ensino/aprendizagem que proporcionam a leitura e escrita, onde a pessoa
alfabetizada e letrada é aquela que possui habilidades básicas para o uso da leitura e da escrita
em seu cotidiano, sendo observado que para que tal ação seja efetivada, existem diversos
métodos para chegar ao aluno alfabetizado.
É essencial que o professor não apenas alfabetize ou letre o aluno e sim, alfabetize
letrando, pois assim estará orientando o discente para os atos de ler e de escrever no contexto das
práticas sociais. O que esta proposta do alfabetizar letrando pressupõe é que a técnica esteja
aliada à construção da significação e contextualização da escrita, onde os processos de
alfabetização e letramento, não se excluem, apenas mantêm suas especificidades, ainda que
sejam processos indissociáveis e interdependentes. Deste modo, reafirmamos mais uma vez que
“o momento é de procurar caminhos e recusar descaminhos”,como Soares assevera (2004:66), e
20
como afirma a própria autora “o caminho seria a integração das várias facetas, ou seja,
alfabetizar letrando e letrar alfabetizando”. Isto é, formar para a cidadania e para um futuro de
sucesso. (SOARES, 2004:68)
Ao lado disso, a literatura infantil é discutida por diversos autores e apresenta-se como
um elemento bastante positivo no que diz respeito às minhas preocupações, pois amplia o
vocabulário do leitor, apresenta novos mundos, novos horizontes, contribui com a formação
reflexiva do indivíduo em relação a si e ao outro de maneira crítica.
Quando um aluno lê um texto literário infantil ou ouve uma história e discute em uma
roda de conversa com outros alunos o que acabou de ler/ouvir, as ideias que ele já possui são
reforçadas ou modificadas, auxiliando-o a constituir-se como um ser social, capaz de ouvir e
falar e mais: capaz de ouvir e falar sem ofender e sem ofender-se com ideias contrárias às suas,
mas crescendo com esta oposição de ideias, reformulando-se e reconstituindo-se.
Mas o teórico da literatura e professor Tzevan Todorov nos mostra que trabalhar com a
literatura desde a tenra idade pode ajudar o aluno a
V REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
4.1 Livros
ARIÉS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2 ed. Tradução de Dora Flaksman.
Rio de Janeiro: LTC, 1981.
CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: Vários Escritos. 5 ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre
Azul/ São Paulo: Duas Cidades, 2011.
FREIRE, Paulo. “A importância do ato de ler: em três artigos que se completam” 23 ed. São
Paulo: Cortez, 1981.
GADOTTI, Moacir. Pedagogia da práxis. 2.ª ed., São Paulo, Cortez, 1998.
LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 2000.
PAIVA, José Maria de. Educação jesuítica no Brasil Colonial. In: LOPEZ. Eliane M. Teixeira
(org.).500 anos de Educação no Brasil.Belo Horizonte: Autêntica,2003.
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SOARES, Magda. Entrevista. Cadernos CENPEC. São Paulo, v.6 ,n.1,p.143-164, jan./jun.
2016.
CABRAL, Sandhra. Dia mundial da Alfabetização: Qualidade da base não cresce no Brasil.
Educar para Ser Grande. Vídeo disponível em
[http://www.educarparasergrande.com.br/2016/09/08/dia-mundial-da-alfabetizacao-qualidade-
da-base-nao-cresce-no-brasil/ ].(Acessado em 05/04/2019).