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GT 1 - POLÍTICAS E PROGRAMAS PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA

O PROGRAMA ALFA E BETO NA SALA DE AULA: O PONTO DE VISTA


DOS DOCENTES

Agnaldo Almeida de Jesus


Universidade Federal de Sergipe
agnaldoal@hotmail.com

Paula Ferreira dos Santos


Universidade Federal de Sergipe
paula.avioes@hotmail.com
INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por finalidade trazer à discussão a proposta do


Programa Alfa e Beto na perspectiva dos professores do Ensino Fundamental de uma
escola estadual de Itabaiana. Para tanto, discutimos a fundamentação e a proposta
pedagógica apresentadas por tal programa a fim de verificar o seu funcionamento, suas
vantagens e desvantagens. O Programa Alfa e Beto enfatiza, fundamentalmente, a
aprendizagem por meio do método fônico, o qual valoriza a leitura, associando os sons
a suas respectivas formas. Nesse contexto, discorremos sobre a importância de se
trabalhar com tal método para o desenvolvimento cognitivo das crianças. Verificamos
também se a proposta do Programa Alfa e Beto condiz com as orientações dos
Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, os quais enfatizam a importância da
reflexão da língua a partir do uso e não a discussão de meros conceitos gramaticais
descontextualizados. Dessa forma, analisamos o posicionamento dos sujeitos que
trabalham diretamente com o programa, o qual é adotado por algumas escolas do Ensino
Público Estadual de Sergipe.
Uma das principais características do Programa Alfa e Beto é a ênfase no
método fônico, que visa alfabetizar as crianças a partir da associação das letras aos seus
respectivos sons. O método fônico é o adotado pelo Programa Alfa e Beto com o
objetivo de ―substituir‖ o método global. Para este a alfabetização se dá a partir de
textos complexos, introduzidos no início da alfabetização, antes mesmo da criança
aprender a decodificar e codificar, sem ensinar as correspondências entre grafemas e
fonemas. Por outro lado, o método fônico defende que o texto deve ser abordado
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gradualmente, ou seja, após a criança ter aprendido a associação entre os grafemas e os


fonemas ela terá contanto com textos mais complexos.
O Programa Alfa e Beto foi criado em 2005 com o objetivo de compensar a
deficiência dos alunos da Rede Pública de Ensino. O Programa dispõe, segundo o
Instituto Alfa e Beto, de um conjunto variado de materiais que contempla competências
como a consciência fonêmica, o princípio alfabético, a decodificação, a fluência, o
desenvolvimento de vocabulário, as estratégias de compreensão de textos e as
competências da escrita. Ainda de acordo com o IAB, esse programa e os materiais são
elaborados de acordo com os princípios do ensino estruturado, o que facilita a vida do
professor. Assim,
Os materiais são lúdicos e mantêm o aluno motivado e interessado
durante todo o processo de alfabetização; todas as propostas de
atividades do programa são baseadas nas evidências científicas atuais
da Ciência Cognitiva da Leitura; o ensino da decodificação utiliza o
método fônico, comprovadamente o mais eficaz para promover a
efetiva alfabetização das crianças; há materiais para o aluno, para a
classe, para o professor, para a escola e para a Secretaria de Educação;
O programa inclui instrumentos de gerenciamento pedagógico para o
professor, escola e Secretaria de Educação; o IAB oferece capacitação
e assistência gerencial e pedagógica. (INSTITUTO ALFA E BETO,
2010).

Dessa maneira, o material didático do programa tem como objetivo


direcionar o aluno ao ambiente letrado, a fim de desenvolver o vocabulário das crianças
e, consequentemente, a capacidade de compreensão de textos e de expressão oral. O
programa também disponibiliza material para os professores e, segundo o IAB, estes
materiais são voltados para competências metalinguísticas e de metacognição dos
alunos. Aqui notamos uma discrepância em relação aos PCNs, já que estes enfocam a
perspectiva epilinguística, isto é, o ensino pautado no uso da língua e não ―na descrição,
por meio da categorização e sistematização dos elementos linguísticos‖ (BRASIL,
1997, p. 38), como preconiza a perspectiva metalinguística. Entendemos que ambas são
atividades de reflexão sobre a língua, mas possuem fins distintos.
Segundo Raquel Freitag (2010), as professoras Lianna de Melo Torres e
Sonia Meire Santos Azevedo de Jesus, ambas do Departamento de Educação da
Universidade Federal de Sergipe, pesquisaram e analisaram os pacotes educacionais
implantados na Rede Pública do Estado de Sergipe e entre tais pacotes está o Programa
Alfa e Beto, que, segundo elas, inova ao trabalhar com a ―consciência fonêmica‖. Cabe
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destacar que a consciência fonêmica focaliza os fonemas, sendo, portanto, caracterizada


como uma sub-habilidade da consciência fonológica a qual se refere à capacidade de
perceber que as palavras são construídas por uma sequência de sons. Dessa maneira, é
possível inferir que a proposta do Alfa e Beto é trabalhar com os fonemas como a menor
unidade para alfabetização, levando a criança a entender que fonema é o som e que deve
saber unir este a sua representação gráfica para poder pronunciar as palavras, para a
partir de então desenvolver a leitura.
Nesse enfoque, concordamos com o método adotado pelo Programa Alfa e
Beto, porém, observamos que existem algumas falhas, dentre elas, temos o uso de
palavras que não existem na nossa língua, histórias inverossímeis que não fazem parte
do contexto sócio-histórico dos alunos etc. Atentamos também para a função social da
leitura que não é tão relevante para tal programa. Dessa forma, acreditamos que a
eficácia do método depende do seu envolvimento sociocultural e que o programa
deveria estar adaptado à realidade de cada região do país, com suas peculiaridades.

A proposta dos PCNs para o ensino de língua materna e o programa Alfa e Beto

Os Parâmetros Curriculares Nacionais, por sua vez, preconizam que o


ensino de Língua Portuguesa deve ser pautado em práticas inovadoras e não no ensino
tradicional, aquele que visa, primordialmente, o ensino de regras e conceitos. Para os
PCNs, o que deve ser enfatizado nas aulas de língua materna são as diversas formas que
a língua possui, sendo que temos que saber utilizá-las a depender do contexto. Dessa
forma, a escola deve ―viabilizar o acesso do aluno ao universo dos textos que circulam
socialmente, ensinar a produzi-los e a interpretá-los.‖ (BRASIL, 1997 p.30), para assim
exercer sua cidadania.
Destarte, os PCNs propõem ao professor o trabalho com a língua oral e
escrita e suas diversas formas e usos, assim, ―a finalidade do ensino de Língua
Portuguesa é a expansão das possibilidades de uso da linguagem [...] relacionadas às
quatro habilidades linguísticas básicas: falar, escutar, ler e escrever.‖ (BRASIL, p. 43)
Relacionando os PCNs ao Programa Alfa e Beto, percebemos que as
práticas de leitura têm uma importância fundamental para ambos, já que a elaboração de
textos eficazes depende dessas práticas, além da ―leitura por um lado, nos fornecer
matéria-prima para a escrita: o que escrever. Por outro, contribui para a constituição de
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modelos: como escrever.‖ (BRASIL, p.53). No entanto, os PCNs não recomendam a


simples decodificação, mas a construção de sentidos. Já o Programa Alfa e Beto, em
suas bases, enfatiza a decodificação, ou seja, ―o aluno decodifica o som em fonemas,
identifica os grafemas correspondentes e os registra no papel.‖ (INSTITUTO ALFA E
BETO, 2010). Passamos agora à constituição dos nossos corpora.

Caracterização da unidade escolar e constituição do corpus

Nosso estudo, como mencionado acima, desenvolveu-se em uma escola


estadual de Itabaiana. Nesta Unidade de Ensino encontram-se matriculados 295 alunos,
o corpo docente é composto por 15 professores distribuídos em 13 turmas, sendo
mescladas por alunos da zona urbana e da zona rural. Fisicamente, a escola possui sete
salas de aula, uma sala de computação com seis computadores, não utilizados pelos
alunos, não possui diretoria nem biblioteca, existe apenas uma sala que serve,
simultaneamente, como sala de leitura e sala dos professores.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB – da Unidade
Escolar foi de 4.2 no ano de 2007 e 3.8 no ano de 2009, não obtendo a meta projetada
pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP –
que era 4.4 para o ano de 2009. Atualmente, a escola atende a alunos do 1º ao 5º ano do
Ensino Fundamental. Em relação ao Projeto Alfa e Beto, desde o ano de 2007 está
sendo implantado, sendo que no ano de 2010 o programa se estende do 1º ao 3º ano,
pois está se desenvolvendo gradativamente. O intuito do Governo Estadual é implantá-
lo até o 5º ano do Ensino Fundamental, o que corresponde ao ensino estruturado
defendido pelo Instituto Alfa e Beto, como demonstramos a seguir.
Com o intuito de verificar o posicionamento dos professores que trabalham
com o Programa Alfa e Beto, coletamos dados a partir de entrevistas estruturadas, já que
os entrevistados respondiam as perguntas elaboradas pelos entrevistadores a fim de
verificar o ponto de vista de tais docentes em relação ao nosso objeto de estudo que é o
Programa Alfa e Beto. Para tanto, verificamos também o nível de instrução de tais
professores e quando se deu a sua titulação. Abaixo, contamos com um quadro
explicativo, lembrando que os professores serão especificados da seguinte forma: Prof.
A, Prof. B, Prof. C, Prof. D, Prof. E, Prof. F, contabilizando seis docentes.
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Quadro I – Demonstrativo dos professores que trabalham com o Programa Alfa e


Beto na Unidade de Ensino, Itabaiana/SE.
Professores Série em Formação
que leciona
Graduado em Pedagogia pela Universidade Federal de
Sergipe no ano de 1985 e pós-graduado em Administração e
Prof. A 1º ano Supervisão Escolar pela Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras de Maceió no ano de 1991.
Prof. B 2º ano Graduado em Pedagogia pela Universidade Vale do Acaraú
no ano de 2003.
Prof. C 2º ano Graduado em Pedagogia pela Universidade Federal de
Sergipe no ano de 1991.
Graduado em Pedagogia pela Universidade Vale do Acaraú
Prof. D 3º ano no ano de 2003 e pós-graduado em Educação e Gestão pela
Faculdade Pio décimo no ano de 2009.
Prof. E 3º ano Graduado em Pedagogia pela Universidade Vale do Acaraú
no ano de 2004.
Prof. F 3º ano Graduado em Pedagogia pela Universidade Vale do Acaraú
no ano de 2003.

É válido ressaltar que apesar da maioria ter adquirido a graduação por volta
de 2003 e 2004, todos os profissionais atuam como professores há mais de vinte anos,
ou seja, a graduação se deu porque a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB – de
1996 preconiza que a formação de professor para o Ensino Básico deve ser feita em
Nível Superior, em curso de licenciatura ou de graduação plena. Tais professores
possuíam apenas o ―curso normal‖, isto é, os alunos que concluíam o Ensino Médio
eram habilitados para lecionar nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Como fator
impulsionador para os professores obterem a graduação foi concedido um aumento
salarial. A seguir prosseguimos com as análises dos dados.

O programa Alfa e Beto na sala de aula: o que acham os professores?

A partir das considerações em torno do Programa Alfa e Beto, acima


mencionadas, passaremos agora a nos deter nas análises das entrevistas coletadas. Após
transcrevermos, selecionamos alguns trechos, os quais ilustraremos a seguir.
Ressaltamos que a nossa entrevista foi estruturada em quatro perguntas, quais sejam:
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1. O que você acha do Programa Alfa e Beto, quais são os pontos positivos e
negativos do Programa Alfa e Beto?
2. Para você, o programa Alfa e Beto atende às necessidades dos alunos?
3. Você acredita que, com programa, você tem mais autonomia em sala de aula ou
o programa te restringe?
4. Você acredita que as habilidades de leitura e escrita são melhores
desenvolvidas pelo Alfa e Beto se comparado a outros programas?

A partir de tais questionamentos, analisamos os pontos de vista dos


professores contrapondo-os com os princípios do Instituto Alfa e Beto e dos PCNs em
relação ao programa analisado.

 Pontos positivos e negativos do programa Alfa e Beto

Ao questionarmos sobre os pontos positivos e negativos do Programa Alfa e


Beto, os profissionais, em sua maioria, afirmaram que o programa tem mais pontos
negativos que positivos. Quanto aos pontos positivos a focalização da leitura foi
apontada como o fator mais relevante do programa, já que os alunos conseguem ler com
fluência nos primeiros anos de escolaridade. Por outro lado, eles elencam alguns pontos
negativos como, as atividades repetitivas e em grande quantidade, assim como os
materiais descontextualizados. Como podemos visualizar nos trechos a seguir:

O programa pra idade da turma que eu trabalho de 7 e 8 anos, eu acho a metodologia


defasada, a gente tem que completar bastante, porque ele, assim, condiciona o aluno.
Todas as perguntas do livro são no mesmo ritmo [...]. (Prof. B)
[...] Os livros não estão adaptados ao nível de aprendizagem deles. Eu não concordo
com os conteúdos dos livros. Não sei também porque pegam a gente de surpresa, não
foi do início do ano, foi imposto. (Prof. E)
O livro do segundo ano, se vocês abrirem e olharem, você diz não, não tem condições,
não é a realidade das crianças. Não tem nada a ver. [...] A quantidade de atividade que
é passada, eu acho que é grande, não deveria. [...] a parte gramatical não tem, não
existe. Porque você imagine no início do semestre você começar, você encontrar
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adjetivo, verbo tudo misturado, uma coisa que eles não sabem nem o que é isso. (Prof.
F)

Como observamos, os professores enfatizam o aspecto repetitivo como o


principal ponto negativo do programa. O prof. F, por seu turno, corrobora a importância
do ensino tradicional, uma vez que, para ele, o programa por si só não alfabetiza, já que
ele não trata explicitamente de conceitos gramaticais. Ressalvamos que os PCNs vão de
encontro a este tipo de ensino, uma vez que ele é pautado na metalinguagem. Dessa
forma, a prioridade do ensino tradicional é o ensino de nomenclaturas como pressupõe a
Gramática Normativa. Os PCNs, como já afirmamos, indicam que o ensino deve ser
pautado na reflexão da língua, tendo o uso como princípio e finalidade. No que se refere
à adesão do programa, verificamos que os professores foram obrigados a adotar tal
metodologia, pelos seus superiores. Assim, não existiu uma efetiva capacitação, os
professores não foram consultados se queriam ou não trabalhar com o Programa Alfa e
Beto.

 Suprimento das necessidades dos alunos

Quanto ao segundo questionamento, isto é, sobre o atendimento das


necessidades dos alunos, os docentes foram categóricos ao afirmar que o programa
deixa a desejar e que é preciso que sejam inseridos mais conteúdos e atividades. Como
podemos constatar nos excertos abaixo:

Em partes. Assim como em todos os programas deixam a desejar. Então ele não vem
completo, a gente tem que tá sempre complementando em alguns aspectos. (Prof. C)
Não. [...] no início não era admito utilizar caderno de jeito nenhum, nem copiar nada
do quadro para o caderno [...] Existe uma diferença muito grande do material do Alfa e
Beto do 1º e do 2º ano, aí quando a gente vem pra esse do 3º ano que eles chamam de
Projeto Integrado é muito diferente. Matemática mesmo no 1º e 2º ano é uma
pincelada, é soma ainda com bichinhos, assim 3 + 2. Quando a gente vem praqui o
material é muito complexo sabe... É uma discrepância muito grande. E assim também a
gente vê e ouve entrevistas de pedagogos que o material de alfabetização ele tem que
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ser mais lúdico. [...] Aí você traz um material desse, eles não tem o menor interesse,
entendeu? (Prof. D)

Pelos fragmentos acima, podemos comprovar que o programa não supre as


necessidades dos estudantes. O Prof. D infere ainda que existe uma discrepância em
relação ao material utilizado, pois enquanto nos 1º e 2º anos os assuntos são tratados de
maneira superficial, no 3º ano os assuntos são abordados de modo complexo, sendo que
os alunos não conseguem acompanhar o ritmo proposto pelo programa. No que diz
respeito ao aspecto lúdico dos livros, o professor vai de encontro ao que o Instituto Alfa
e Beto preconiza, uma vez que este corrobora que os ―materiais são lúdicos e mantêm o
aluno motivado e interessado durante todo o processo de alfabetização‖ (INSTITUTO
ALFA E BETO, 2010). O professor afirma ainda que os alunos não se interessam
porque os livros não atraem visualmente. Sabemos que a leitura não é só a parte escrita,
mas também a parte visual a qual atrai o leitor, principalmente as crianças.

 Autonomia em sala de aula

Em relação à autonomia em sala de aula, os educadores alegaram não tê-la


plenamente, mas que podem retirar ou acrescentar assuntos e atividades quando é
necessário. Dessa forma, eles afirmam:

Tenho autonomia, todo professor tem autonomia em sala de aula, você não precisa,
você segue, você faz a programação, mas pode acrescentar o que achar necessário
para a turma. Eu sigo as atividades, o roteiro do programa, mas eu acrescento. (Prof.
A)
Elas dizem que a gente tem autonomia, só que é uma autonomia entre aspas,
mascarada. É assim, a gente tem que seguir o programa, não pode, tem que seguir
sempre. E se você não seguir o programa eles não acompanham que é muito extenso.
(Prof. E)
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 Progressão das habilidades de leitura e escrita

Quanto ao desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita, alguns


professores alegam que o programa enfatiza tanto a leitura quanto a escrita. Por outro
lado, outros declaram que ele desenvolve apenas a leitura. Como constatamos abaixo:

Como o programa prima muito pela leitura, aí então assim eles leem, mas na hora de
passar para a escrita têm dificuldade. (Prof. D)
A parte da escrita não, mas na leitura, sim. Porque como já te disse eles visam mais a
leitura. (Prof. C)
Ambos [...]. Então, tem alunos que tão lendo muito bem, mas na hora de escrever meu
amigo. Não, mas é passado muito ditado, tem isso trabalha o ditado pra eles
escreverem muito bem. (Prof. F)
[desenvolve] A leitura e a escrita [...]. Porque ele cobra um ditado todos os dias e uma
leitura todos os dias. E a partir do momento que o professor cobra do aluno a leitura e
o ditado eles vão aprendendo mais (Prof. E)

Como observamos no decorrer do trabalho, o programa em análise


privilegia a leitura. Todavia, temos que verificar qual o intuído desta no Programa Alfa
e Beto, se é a simples decodificação ou a formação de sujeitos leitores. Os PCNs
defendem essa última ideia e corrobora que para a leitura ―constituir um objeto de
aprendizagem, é necessário que faça sentido para o aluno [...].‖ (BRASIL, 1997, p. 54),
porém o programa trabalha com textos que não fazem parte da realidade dos aprendizes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante o desenvolvimento do trabalho, verificamos que há uma


discrepância entre o que é proposto pelo Instituo Alfa e Beto e o que é posto em prática
entre os professores da escola, uma vez que estes não estão em comum acordo com o
que aqueles preconizam, gerando assim um conflito na maneira como se deve de fato
ser concebida a alfabetização. Por um lado, há um programa que dá suas regras e que
afirma serem estas a melhor maneira de se alfabetizar, por outro lado está a experiência
de professores que estão, em sua maioria, há mais de vinte anos em sala de aula,
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acostumados com o método tradicional. Dessa maneira, vale ressaltar que esse conflito
também é causado pela maneira como esse programa chega às mãos destes professores,
já que segundo eles, foi um programa imposto. E como estes professores, em sua
maioria, são tradicionais, seria de extrema valia que os suportes apresentados pelo
Instituto Alfa e Beto fossem postos em prática, já que este diz que ―oferece capacitação
e assistência gerencial e pedagógica.‖ (INSTITUTO ALFA E BETO, 2010) e não foi
que ouvimos dos profissionais entrevistados. Assim, para encontrar o melhor caminho
para se alfabetizar é de extrema valia que os professores entrem em acordo com o
Programa e vice-versa, ou seja, é necessário que cada um, programa e professor, veja a
realidade de cada turma e a partir das vantagens que cada um apresenta se descubra a
melhor maneira de alfabetizar.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros curriculares nacionais: Língua


Portuguesa. Brasília: SEF/MEC, 1997.
FREITAG, Raquel Meister Ko.. Alfabetização, fracasso escolar: pacotes educacionais
são a solução? In Revista EntreLetras, 2010. Disponível em:
<http://www.uft.edu.br/pgletras/revis ta/resenhas/texto_12.pdf>. Acesso em:
21/09/2010.
INSTITUTO ALFA E BETO. Programa Alfa e Beto de Alfabetização. Disponível
em: < http://www.alfaebeto.org.br/ProdutosServicos/Alfabetizacao>. Acesso em:
21/08/2010.
RAMAL, Andrea Cecilia. A nova Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Disponível em: <http://www.pedroarrupe.com.br/upload/ldbceap.pdf>. Acesso em:
24/10/2010.

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