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Formação Geral 1
PEDAGOGIA
2 Educação e Linguagem
PEDAGOGIA
PEDAGOGIA
Programa de Formação de Professores
em Exercício, para a Educação Infantil, para
as Séries Iniciais do Ensino Fundamental
e para a Gestão Educacional
Educação e Linguagem
Formação Geral 3
PEDAGOGIA
Pró-Reitoria de Graduação
Rua Quirino de Andrade, 215 - CEP 01049-010 - São Paulo – SP
Tel. (11) 5627.0245
www.unesp.br
Atualização
Sonia Maria Coelho
Os textos aqui apresentados são aqueles utilizados durante a última edição deste curso,
de 2016 a 2019.
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PEDAGOGIA
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SUMÁRIO
Formação Geral 7
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Educação e Linguagem
Caros estudantes,
A disciplina Educação e Linguagem tem como pressuposto básico que os processos
educativos e linguísticos estabelecem o eixo central do ensino na própria concepção do que a
história secular da escola estabeleceu. É nessa instituição que, obrigatoriamente, serão feitos
estudos que abordem ensinamentos nos processos educacionais como prática social e que serão
definidos a partir da Linguagem, principalmente a verbal.
Nenhuma outra instituição fará esse trabalho. E aqui estamos falando da linguagem verbal
em sua vertente de prestígio, também denominada padrão que pode ser encontrada nos jornais
e documentos a serem lidos, com possibilidade de entendimento em qualquer parte do país por
utilizarem aspectos fundantes da própria linguagem. Ela pode ser escrita ou oral, mas tem uma
forma de apresentação que respeita formas concebidas como “corretas” e que são aprendidas na
escola. Isso tem gerado a desvalorização da linguagem oral e dos registros populares como sendo
de menor valor.
Linguagem é a prática de interlocução que permite a interação social verificada na Educação
que pode ser entendida como um processo social e histórico que baliza-se em ações concretas
também assim compreendidas. O pressuposto da educação é fazer com que o educando participe
de diversas ações de forma interlocutiva, ou seja, que se expresse nos processos de conhecimento,
de forma a utilizar uma linguagem que possa ser compreensível ao maior número de pessoas
possível.
Este livro texto busca a discussão da relação necessária entre educação e linguagem de
forma a que possa delinear práticas para a formação de professores. É isso que encontraremos
no primeiro texto, baseado nas concepções da professora Maria de Fátima Barbosa Abdalla:
“Linguagem, Educação e formação de professores”. Afinal, o que a escola deve ensinar sobre
a linguagem?
No segundo texto, “Linguagem e Língua”, o professor Juvenal Zanchetta Junior estabelece
a diferença entre Linguagem e Língua, destacando que a manifestação mais complexa desenvolvida
pela humanidade é a Linguagem Verbal. Aqui serão analisados aspectos em que a Língua se
apresenta em seu caráter vibrante em constantes modificações.
No próximo texto, “As funções da linguagem”, o professor Juvenal Zanchetta Junior
aborda as diferentes funções da linguagem, apresentadas aqui, com caráter didático, que o código
verbal assume na comunicação humana.
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LINGUAGEM E LÍNGUA
Juvenal Zanchetta Junior
Livre-docente em Educação. Doutor em Educação. Mestre em Educação.
Graduado em Letras. Professor na Universidade Estadual Paulista (Unesp),
Faculdade de Ciências e Letras, Câmpus de Assis, SP.
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formal (utilizada pelo jornalismo, pela medicina etc.), a linguagem popular, a linguagem familiar,
entre outros registros (que veremos mais adiante). É importante frisar que a Língua conta com
regras determinadas para seu uso, nas diversas modalidades em que ela se apresenta. Mas a
Língua está longe de ser um código fixo, rígido, que se pode prender num bom livro de gramática. A
Língua é um fenômeno vibrante, que se modifica constantemente, graças à capacidade cognitiva,
à criatividade e à interação entre seus falantes:
Note-se, portanto, que, a Língua é uma forma de linguagem cujas características são tão
ou mais dinâmicas do que a linguagem da televisão ou dos sinais de trânsito, por exemplo. A
história secular da escola, com trabalho reduzido à questão formal da Língua escrita, disseminou
preconceitos diversos em relação à linguagem verbal, como a desvalorização da linguagem oral e
dos registros populares, entre outros.
Referências
MARCUSCHI, L. A. Exercícios de compreensão ou copiação nos manuais de ensino de língua? Em
Aberto, Brasília, n. 69, p. 71-72, jan./mar. 1996.
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AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Juvenal Zanchetta Junior
Livre-docente em Educação. Doutor em Educação. Mestre em Educação.
Graduado em Letras. Professor na Universidade Estadual Paulista (Unesp),
Faculdade de Ciências e Letras, Câmpus de Assis, SP.
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Essas funções aparecem distintas apenas para efeito didático. Na comunicação humana, as
funções estão imbricadas umas nas outras, muitas vezes de forma indissociável. As lágrimas e as
palavras de lamento de um jovem apaixonado, diante da mulher amada que está prestes a abandoná-
lo, evidenciam o uso da função emotiva, da função persuasiva e da função fática: as lágrimas do
rapaz mostram sua tristeza, mas também acabam por tentar convencer a garota do contrário. A
mesma situação serve ainda para dar algum fôlego a mais para a conversa (função fática). O cartaz,
geralmente encontrado em hospitais, em que se representa uma mulher fazendo, com o dedo
indicador levado à altura da boca, o gesto alusivo à ideia de silêncio, sugere o uso predominante da
função referencial: informa-se que naquele determinado local o silêncio é necessário. Mas o fato de
se utilizar a imagem de uma mulher com vestes típicas de uma enfermeira, para produzir um cartaz
endereçado a hospitais, sugere também as funções fática (as roupas brancas estão de acordo com
a etiqueta de um hospital) e emotiva (a imagem carrega carga positiva, pois a figura da enfermeira
lembra atenção, cuidado, tolerância etc., para com os pacientes).
Referências
JAKOBSON, R. Linguística e comunicação. São Paulo: Cultrix, 1969.
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com fatores não verbais, como os gestos, as atitudes, mas compartilhados por menos
pessoas do que no caso da linguagem popular. A filha que pede ao pai para passear
à noite com colegas pode receber a resposta com um sinal feito com a cabeça. Esse
sinal pode não só indicar autorização ou não, mas também dizer o que o pai pensa
a respeito do pedido da filha, como a filha deve portar-se, se ele dará dinheiro a ela
para o passeio e assim por diante.
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chamadas gêneros textuais. Segundo Marcuschi (2008, p. 155, grifos do autor), em definição sobre
gênero textual próxima de Bakhtin, do ISd e das orientações oficiais:
Os gêneros não são apenas estruturas das quais nos utilizamos quando preciso. Eles
também compreendem expectativas para a leitura. Quando lemos uma bula de remédio sabemos
que, em algum espaço destacado, estão presentes informações como: a) os efeitos esperados
do medicamento; b) os efeitos colaterais possíveis; c) as doses recomendadas. Se uma dessas
informações não estiver presente, alguma coisa está errada!
Os gêneros textuais, por outro lado, também não se colocam de forma solta. Eles fazem
parte de domínios discursivos determinados e cada um deles tem suas características sociais,
também desenvolvidas a partir da experiência humana. No domínio religioso, gêneros textuais
como o sermão e a oração tem em comum a evocação de um ser divino e o tom prescritivo, por
exemplo.
No domínio discursivo familiar, há um sem-número de gêneros possíveis, que utilizam
registros os mais variados, desde um mero gesto de carinho com os olhos até a participação do
casal em uma audiência formal, para discussão de termos de um processo de divórcio!
As noções de texto e de gênero serão tratadas com mais detalhe na disciplina voltada ao
ensino de língua materna. Neste momento, tais noções são importantes para se observar não só
o papel social da Língua, mas, principalmente, a responsabilidade da escola em tratar, com os
estudantes, do maior número possível de gêneros, para que o estudante conheça e saiba dialogar
com textos dos mais diversos domínios discursivos.
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Referências
BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: o trabalho
com diferentes gêneros textuais em sala de aula: diversidade e progressão escolar andando juntas.
Brasília: MEC/SEB, 2012a. (Ano 3, unidade 5).
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: o
trabalho com gêneros textuais em sala de aula. Brasília: MEC/SEB, 2012b. (Ano 2, unidade 5).
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo:
Parábola, 2008.
VANOYE, Francis. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral e escrita. São Paulo:
Martins Fontes, 1979.
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