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A Transgeneridade

e o Comitê Olímpico
Internacional:
Análise Discursiva da Série Identify

08 DEZ. 2023 | CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - PUBLICIDADE E PROPAGANDA


Introdução
Atletas transgêneros reivindicam, dia
após dia, seus direitos desportivos;

Corpos trans como objeto de intenso


debate e proibições;

Participação oficial de atletas trans nos


Jogos Olímpicos de Tóquio 2020/2021;

Comitê Olímpico Internacional como


principal regulador da trans-inclusão.

08 DEZ. 2023 | INSTITUTO DE CULTURA E ARTE ATLETA 1: QUINN (THEY/THEM) | ATLETA 2: LAUREL H. (SHE/HER) | ATLETA 3: ALANA S. (THEY/THEM)
Contextualização Histórica
Jogos Olímpicos e Transgeneridade

Primeira edição dos Jogos Criação do Consenso Segundo Marco Terceiro Marco Participação oficial
Olímpicos Modernos de Estocolmo Regulatório Regulatório de atletas trans

1896 | ATENAS 2003 | ESTOCOLMO 2015 | LAUSANE 2021 | LAUSANE 2021 | TÓQUIO

Participaram 14 Terapia hormonal pelo Terapia hormonal Proposta de dez Participação efetiva
países e 241 atletas período mínimo de pelo período mínimo princípios basilares de três atletas
homens, pois as dois anos; de um ano; e orientadores na trans, de diferentes
mulheres eram criação de novas modalidades e
proibidas de Cirurgias Nível de políticas trans- identidades.
competir. modificadoras, testosterona total inclusivas;
plásticas e abaixo de 10 nmol/L
redesignadoras; por pelo menos Delegação da
doze meses responsabilidade de
Reconhecimento legal. regular.
Problema de pesquisa

Como a entidade
máxima do esporte
mundial comunica seus
critérios trans-inclusivos?
Avaliar como o COI se relaciona com a trans-inclusão;

Objetivos Identificar possíveis padrões, contradições e nuances


na comunicação do COI sobre a pauta;

de pesquisa Compreender os elementos norteadores das práticas


comunicacionais do COI acerca do tema;

Entender como o COI representa corpos transgêneros


Teorizações preliminares

Gênero e Esporte.
A desigualdade de gênero como elemento
constitutivo do esporte;

O esporte como ferramenta de perpetuação


do colonialismo e dos valores ocidentais;

Teoria queer e Judith Butler.

[...] (a) assumir que as diferenças entre mulheres e homens são construídas social, cultural e
discursivamente; (b) problematizar as relações de poder em que essas diferenças são
produzidas, vividas e legitimadas; (c) explorar o caráter relacional do conceito de gênero; (d)
fissurar as homogeneidades e os essencialismos contidos nos termos mulher e homem e
suas conexões; (e) operar com a pluralidade, a conflitualidade e a provisoriedade do viver e
definir o gênero em diferentes tempos e lugares. (Meyer, 2004, p. 15).
Comunicação
e Inclusão.
Dinâmicas de poder e controle;

Responsabilidade Social x Pinkwashing;

Comunicação e narrativas em torno da trans-inclusão no esporte;

O COI como eminente narrador cultural e titular de um poder


significativo no tocante à orientação dos discursos acerca da pauta;

Comunicação ritualística (Carey, 2008).

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Entidades esportivas como
‘guardiãs’ dos parâmetros mínimos.
“Podemos dizer, portanto, que, a partir de discursos de poder, investidos particularmente nas áreas
médica e midiática, o corpo esportivo tido como ‘ideal’ representa características ‘coerentes’ aos sexos de
machos e fêmeas da espécie e é produzido via regulamentações estabelecidas para determinar o que
deve, ou não, ser permitido nos espaços de práticas do esporte.”

(CAMARGO; ALTMANN, 2021, p. 1).

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+1.618.000
VISUALIZAÇÕES
Soma dos números de visualizações dos 5 ep. no YouTube.

Sinopse: “A inspiradora história de


cinco atletas transgêneros e como
encontraram suas verdadeiras
identidades através do esporte.”

Veiculação: Canal “Olympics“ no


Identify (2017) YouTube e site oficial do COI

Principal artefato de comunicação do Comitê Olímpico


1 Temporada | 5 Episódios
Internacional acerca da temática trans-inclusiva.

08 DEZ. 2023 | INSTITUTO DE CULTURA E ARTE DISPONÍVEL EM: HTTPS://OLYMPICS.COM/EN/ORIGINAL-SERIES/IDENTIFY/


Convergências fílmicas notáveis.

1. 2. 3.
Humanização dos
protagonistas, exibindo Concessão da voz ativa
com frequência seus aos protagonistas e Mínima intervenção e
amigos e familiares demais personagens participação do COI

Os quatro episódios iniciais compartilham a mesma estrutura narrativa e fílmica.


Episódio
Final.
Um ponto fora da curva

Primeira e única intervenção do COI na série;

Ao invés de humanizar, este episódio coloca em


evidência significantes de perícia e triunfo;

Maior dinâmica entre as falas. Neste episódio,


não parece haver um locutor principal.
Análise do discurso.

Chloe Anderson Chris Mosier


Episódio 1 Episódio 5

Objeto central Último episódio, analisado


norteador da análise individualmente e de
conjunta dos quatro forma mais aprofundada.
primeiros episódios.
Conta com a participação
Único episódio de personalidades
protagonizado por uma relevantes e um
atleta mulher. representante do COI.
As conclusões das análises
realizadas nos levam a uma
profunda reflexão acerca das
dinâmicas de poder que
perpassam o COI.

Elementos basilares
da comunicação do COI acerca da pauta trans-inclusiva

1. Pacificação 2. Argumentação 3. Autopreservação

Evidencia-se uma postura diplomática e demasiadamente conciliadora.


“Instruções e recomendações
Considerações
muito claras e concisas

Finais.
É imperativo e urgente
publicadas em 2003 tornaram-se
um conjunto de recomendações
vagas e ambíguas em 2021, não
apenas sobre quem é elegível
compreender que, se de um lado, para competir profissionalmente,
há uma busca legítima pelo direito
mas também sobre quem pode
de competir, do outro, subsiste a
tentativa deliberada de promover ou não ser considerada
a segregação de um grupo mulher.” (Parcina, 2023, p. 32,
minoritário de atletas em potencial.
tradução própria).
Obrigada!

08 DEZ. 2023 | INSTITUTO DE CULTURA E ARTE UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

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