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RELATÓRIO FINAL DE ESTATÍSTICA


Prof: Elis Gonçalves Moretti.
Disciplina: ESTATÍSTICA APLICADA À PSICOLOGIA - NOTURNO

Grupo: Alice Graciano Dias, Luan Martins de Campos, Levy Scalli Neto e Vinchenzzo
Amaral de Souza

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Alice Graciano Dias

Luan Martins Campos

Levy Scalli Neto


Vinchenzzo Amaral de Souza

CRITÉRIOS DE ESCOLHA DE PARCEIROS SEXUAIS IDEALIZADOS DE


HETEROSSEXUAIS E LGBT’S

Relatório final da disciplina de


Estatística do curso de Psicologia - Noturno
da Universidade Estadual Paulista, ministrado
pelo professor Elis Gonçalves Moretti.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 4
2. JUSTIFICATIVA..................................................................................................................8
3. MÉTODO..............................................................................................................................8
3.1 Participantes................................................................................................................... 9
3.2 Local...............................................................................................................................9
3.3 Material.......................................................................................................................... 9
3.3.1 Para a coleta dos dados sociodemográficos.......................................................... 9
3.3.2 Para a avaliação das preferências sexuais........................................................... 10
3.4 Procedimentos.............................................................................................................. 10
3.4.1 Para a coleta de dados......................................................................................... 10
3.4.2 Para a análise dos dados...................................................................................... 11
4.1. Perfil do participante................................................................................................... 11
4.2. Pontuação de atributos segundo a EADPI...................................................................13
5. DISCUSSÃO....................................................................................................................... 14
6. REFERÊNCIAS................................................................................................................. 17

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1. INTRODUÇÃO

Ao tratar da comunidade LGBT e seus desdobramentos, é necessário fazer um


glossário de termos básicos para definir e descrever as expressões que serão utilizadas ao
longo deste artigo para que leitores não esclarecidos acerca do assunto possam tomar
conhecimento dos dados levantados e analisados. Visto isso, serão esclarecidos a seguir
alguns termos definidos pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia: sexo biológico/sexo -
características biológicas e anatômicas às quais a pessoa apresenta ao nascer associadas ao
feminino e masculino; identidade de gênero - maneira de se sentir e de se apresentar para si
mesmo e para as demais pessoas, seja o indivíduo homem, mulher, ou uma mescla que não se
coloca de maneira fixa; orientação sexual - características que determinam por quem a
pessoa sente ou não atração; LGBT - sigla utilizada para se referir à comunidade de lésbicas,
gays, bissexuais e transsexuais; lésbica - mulher que sente atração afetiva e/ou sexual por
outra mulher; gay - homem que sente atração afetiva e/ou sexual por outro homem; bissexual
- pessoa que sente atração afetiva e/ou sexual por homens e mulheres; transexual - pessoa
que possui identidade de gênero diferente do sexo biológico designado no nascimento -
cisgênero - indivíduo que se identifica com o sexo biológico determinado no nascimento.

Nas últimas décadas, as motivações da atração entre pessoas de sexos opostos vêm
sendo exploradas como objeto de estudo, pois é uma influência direta no contexto da
evolução humana perante à seleção sexual (DARWIN, 1871). Buss (1989), um dos pioneiros
dessa linha de pesquisa, entrevistou cerca de 10.000 indivíduos de 37 culturas diferentes ao
redor do mundo para compreender o padrão intercultural das características - das mais
superficiais às mais profundas - que tornam um indivíduo atraente ou não para uma relação
mais duradoura.

De acordo com o texto supracitado, a partir de 18 atributos avaliados em uma escala


foi traçado um padrão para atributos em relacionamentos heterossexuais de longa duração:
mulheres tendem a valorizar homens com características como orientação familiar,
capacidade financeira e nível educacional; em contrapartida, homens demonstram preferência
por mulheres jovens e atraentes. Sob olhar da psicologia evolucionista, essas atribuições e

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preferências indicariam boas chances de reprodução e perpetuação da espécie. Buss (1989,


p.1) constatou:

[...] Females were found to value cues to resource acquisition


in potential mates more highly than males. Characteristics signaling
reproductive capacity were valued more by males than by females.
These sex differences may reflect different evolutionary selection
pressures on human males and females; they provide powerful
cross-cultural evidence of current sex differences in reproductive
strategies.

Kenrick et. al (1990) concluíram, posteriormente, que mulheres são criteriosas em


qualquer nível de envolvimento, e homens, apenas para relações duradouras (compreensão,
cultura e amabilidade são pouco importantes para fins sexuais, por exemplo).

Entretanto, grande parte desses estudos não abarca as impressões da comunidade


LGBT, que por si só é constituída de indivíduos variados entre si, mas que se assemelham no
que diz respeito às normas da sexualidade e gênero: não se encaixam no paradigma. Lésbicas,
Gays e Bissexuais fazem parte das 3 primeiras letras por serem, em algum nível,
homossexuais. “Contudo, figuras homoeróticas não são pontos fora da curva da sexualidade
humana; tipos geneticamente diferenciados e destacados da maioria das pessoas”
(CLEMENTE, 2018, p. 182). A própria homossexualidade não tem a mesma definição e
significados nas diferentes culturas existentes e que já abarcaram a história, afinal, a
homossexualidade é um comportamento já anterior às dicussões sobre ela, como o caracteriza
(MOREIRA FILHO; MADRID, 2008, v. 1, p. 2):

[...] a homossexualidade não é algo novo no comportamento


humano, não se trata de uma forma “moderna” de viver. A
homossexualidade é algo que já existe há muito tempo, ou seja,
mesmo antes de Cristo, já se verificava a existência de relações
homossexuais.

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Embora o conceito de homossexualidade seja percebido de maneiras distintas, há um


elemento comum: a atratividade e o relacionamento sexual ou afetivo entre indivíduos do
mesmo sexo.

A pesquisa feita por Ferreira e Miskolci (2018) buscou a comparação entre o desejo
homossexual antes e após a AIDS, a fim de notar o impacto cultural da epidemia de
HIV/AIDS no desejo dos homens contemporâneos. Foram analisadas 38 edições de um jornal
da década de 80 voltado para o público homossexual, assim como 120 perfis públicos de
homens residentes em São Paulo entre os anos de 2015 e 2018, utilizando um aplicativo
geolocalizado.

Na primeira análise, os resultados do estudo supracitado mostraram a preferência por


parceiros discretos e jovens. Vale ressaltar que o público desse jornal era composto por
homens de classe média, com idades médias de 24 a 65 anos. É importante destacar também
que a circulação do jornal ocorreu durante o período da ditadura militar (1964-1985), uma
época caracterizada pela hegemonia heterossexista.

Na revisão dos dados dos 120 perfis analisados, identificou-se um número


significativamente maior de detalhes, como "foto de perfil", "raça/etnia", "status de
relacionamento" e "procurando". A análise desses detalhes objetivos e das descrições
pessoais fornecidas pelos usuários revelou algumas tendências: a maioria dos usuários era de
origem branca na faixa etária média entre 30 e 40 anos, a maioria buscava "encontros", que
geralmente se refere a sexo casual, e a maioria das fotos exibia o rosto, assim como regiões
do peito e abdômen. Já as preferências expressas na interface dos perfis pelo aplicativo
tinham em sua maioria a busca por parceiros discretos e sigilosos, sendo então os fatores
determinantes para a escolha dentre tantos perfis a aparência física expressa através das fotos
e a compatibilidade no relacionamento (FERREIRA; MISKOLCI, 2018).

No artigo “identidade de gênero social e identidade de gênero social e identidade de gênero


erótico-sexual: o corpo que interage” (LAHAM SONETTI, 2019) a identidade de gênero tem
como definição:

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[...] A identidade de gênero é representada pelo cérebro, por


ser como a pessoa se identifica, se percebe, como é ou está perante as
suas relações sociais. Ela tem a ver com a autopercepção do
indivíduo. Logo, ela, em geral, guia a expressão de gênero, que é
como o indivíduo comunica ao mundo o que sente, através de
vestimentas, acessórios e comportamentos lidos pela sociedade como
femininos, masculinos ou outros termos.

Desse modo, a transexualidade se enquadra na identidade de gênero, e não como orientação


sexual, sendo assim, independentemente de ser trans ou cis, o indivíduo orienta-se como
heterossexual ou homossexual.

Um estudo entitulado “A escolha amorosa e interação conjugal na heterossexualidade


e na homossexualidade” (FÈRES-CARNEIRO, 1997) analisou a escolha de parceiros
amorosos de homens e mulheres hétero e homossexuais para a prática clínica da terapia de
casal homossexual. Foram entrevistadas 356 pessoas (240 heterossexuais e 116
homossexuais) com a finalidade de sanar algumas das dúvidas supracitadas. Contando com
25 atributos avaliados em uma escala de 5 pontos, os resultados transparecem a preferência
dos homens gays por aspectos como atração física e capacidade econômica, e de mulheres
lésbicas por amor e amizade. Todavia, o estudo não compreende amostragem de pessoas
bissexuais e transexuais que se relacionam com outros indivíduos de mesma orientação
sexual.

Isso, entretanto, não é um impeditivo para formular hipóteses acerca do padrão da


escolha de parceiros da comunidade LGBT: a hipótese é de que pessoas da comunidade
LGBT têm comportamentos contemplados pelo perfil padrão traçado por Buss (1989):
mulheres lésbicas, transexuais ou bissexuais ainda buscarão em suas parceiras características
relacionadas a orientação familiar, capacidade financeira e nível educacional; homens gays,
transexuais e bissexuais continuarão a atender a tendência de procurar parceiros jovens e
atraentes. Destarte, independentemente da orientação sexual do indivíduo, aponta-se a
possibilidade da presença de modelos culturalmente construídos de homens e mulheres os
quais seguem um padrão na busca por parceiros sexuais.

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2. JUSTIFICATIVA

Estudos sobre os critérios na escolha de parceiros são relevantes, posto que entende-se
melhor as relações sociais contemporâneas e suas expectativas acerca do outro;
relacionamentos íntimos influenciam não só a micro realidade do casal, mas também o
macro, como o trabalho, a cultura, os estudos e o lazer. Ademais, são escassos os artigos que
se propõem a explorar temas referentes à comunidade LGBT para além do olhar da
psicologia evolucionista.

Para o presente artigo não há uma bibliografia para com o assunto de critérios de
escolha de pessoas transexuais, pois nota-se a invisibilidade da comunidade trans na literatura
acadêmica, visto que os estudos realizados com essa população tendem a ignorar a
experiência subjetiva dessa população nos relacionamentos sexuais (KULICK apud
ALEXANDRE; SANTOS, 2020).

Visto isto, é possível analisar os critérios na escolha de parceiros idealizados para


relacionamentos gays, lésbicas, bissexuais e transsexuais e chegar a conclusão de suas
preferências de forma coerente e notória no cotidiano dessa população? Além disso, os
resultados serão os mesmos que os obtidos por David Buss? Os padrões visto por David Buss
sobre a população heterossexual continuam nos dias atuais?

3. MÉTODO

Para a coleta dos dados foram tomadas todas as providências éticas cabíveis por
ocasião do convite para a participação neste projeto, de acordo com o CNS, resolução
466/2012 do CONEP. Os participantes foram informados sobre o objetivo do projeto, as
atividades pertinentes a ele, a ausência de qualquer ônus para a participação no mesmo, o
sigilo das informações por eles fornecidas quando da apresentação dos dados em eventos e
publicações da área, assim como da manutenção dos demais serviços por eles usufruídos nas
instituições parceiras, em caso de desistência, o que poderia ocorrer em qualquer fase deste

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projeto. A partir do aceite e redimidas todas as dúvidas, os participantes assinaram o Termo


de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

3.1 Participantes
Participaram do estudo pessoas que se identificam como heterossexuais, lésbicas,
gays, bissexuais e pessoas transsexuais, e foram alcançados 139 participantes. Os critérios de
inclusão foram: indivíduos na faixa de 18 a 30 anos. Como critérios de exclusão: indivíduos
que se consideram assexuais ou arromânticos - pela definição segundo WANDERMUREM
(2023) respectivamente, indivíduo que não sentir atração sexual por outras pessoas, seja uma
ausência total de interesse sexual ou parcial e indivíduo que não sente desejo e nem interesse
em desenvolver relacionamentos amorosos. - pois tais identidades poderiam interferir e gerar
dados imprecisos para a pesquisa; participantes que apresentaram recusa em assinar o termo
de consentimento livre e esclarecido e que forneceram dados imprecisos ou incompletos.

3.2 Local
Os dados foram coletados por meio de formulários disponibilizados na internet,
compartilhados principalmente em redes sociais como Twitter, Instagram e Facebook, onde
foram enviados em comunidades e grupos dessas redes sociais formulários criados e
respondidos através da plataforma Google Forms. Não foram coletados nomes ou
informações que permitissem identificar os participantes, a fim de garantir sua anonimidade e
segurança e gerar maior conforto a eles e maior fidedignidade das respostas.

3.3 Material

3.3.1 Para a coleta dos dados sociodemográficos


O formulário teve questões iniciais voltadas para caracterização do participante, como
idade, sexo biológico, cor/raça, identidade de gênero, orientação sexual, estado civil e renda
per capita .

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3.3.2 Para a avaliação das preferências sexuais


Para obter as preferências sexuais dos participantes, foi utilizada a Escala de Atributos
Desejáveis do Parceiro Ideal (EADPI) desenvolvida no estudo de Gouveia, et al. (2014), que
continha originalmente 56 características, como beleza, aptidão física, “trabalhador” etc, mas
que foi adaptada para 20 atributos que seriam desejados em um parceiro ideal. Cada ponto foi
classificado de 1 = Nada importante até 5 = Extremamente importante.
O EADPI foi desenvolvido por 7 psicólogos e um coordenador de equipe, também
psicólogo, a fim de selecionarem atributos que pudessem ser considerados na escolha de um
possível parceiro. Os atributos foram debatidos e analisados entre o grupo e somente
incluídos após consentimento total dentro da discussão.

Figura 1: Escala EADPI

3.4 Procedimentos
3.4.1 Para a coleta de dados
A Escala de Atributos Desejáveis do Parceiro Ideal foi adaptada para a plataforma
Google Forms e um link foi disponibilizado para acesso e preenchimento do formulário
durante o prazo de 2 semanas. Este link, junto de um pequeno texto de introdução ao projeto,
foram divulgados e compartilhados em diversas plataformas como Whatsapp, Facebook,
Twitter e Instagram, para um maior alcance de participantes universitários e
não-universitários. Dessa maneira, julga-se que a pesquisa foi mais democrática, obteve

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resultados mais variados e teve um público mais abrangente, visto que para participar bastou
ter acesso a internet e concordar com o TCLE dentro do formulário.

3.4.2 Para a análise dos dados


Os resultados obtidos pelo formulário foram analisados mediante critérios
estabelecidos nos manuais de correção da Escala de Atributos Desejáveis do Parceiro Ideal
(EADPI) e categorizados de acordo com ele. Como houve um enorme volume de dados, a
análise também foi realizada com grupos das categorias, sendo estes: 1) Afetuoso; 2)
Atlético; 3) Tradicional; 4) Realizado; 5) Sociável, como sugerido pelo estudo de Gouveia et.
al.

[...]Decidiu-se reespecificar a solução fixando a extração de


cinco componentes, adotando rotação varimax.Com o fim de definir o
item como pertencente ao componente, assumiu-se que ele deveria
apresentar saturação mínima de |0,40|, além de representar
semanticamente o fator em que saturou, sendo escolhidos os cinco
itens mais importantes.

Estatisticamente, para maior precisão de dados e melhores conclusões, foram


utilizadas análises comparativas e de correlação.

4. RESULTADOS

Para melhor compreensão dos resultados, os dados foram divididos em duas categorias: Perfil
do participante e Pontuação de atributos segundo a EADPI, sendo respectivamente suas finalidades:
traçar o perfil do participante médio da pesquisa, e expor semelhanças e diferenças acerca dos
critérios de escolha de atributos para parceiros sexuais.

4.1. Perfil do participante


Dos participantes que responderam, 139 se enquadraram no perfil traçado para fazer a análise
dos dados. A maioria das pessoas pessoas que responderam à pesquisa foram mulheres
cisgênero (60,44%). Quanto à sexualidade, a maior parte dos participantes era bissexual
(47,5%), e quanto à cor/raça, eram em sua maioria brancos (61,9%). A média da faixa etária

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dos participantes foi de 21.99 anos, e foi utilizado um gráfico de box plot para a análise da
dispersão de idades e para conferir se a faixa etária dos participantes era similar à faixa etária
estipulada no projeto de pesquisa.

Figura 2: gráfico de setores de identidade de gênero

Figura 3: gráfico de setores de orientação sexual

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Figura 4: gráfico de setores de cor/raça

Figura 5: gráfico box plot de idade


4.2. Pontuação de atributos segundo a EADPI
Para a análise facilitada dos participantes, os experimentadores dividiram-os em
subgrupos para compará-los, sendo esses: pessoas cis, pessoas não cis, pessoas héteros,
pessoas LGBTs, homens e mulheres. Foi feita a média dos atributos de cada subgrupo, e com
o resultado dessa média foram feitos gráficos comparativos para evidenciar melhor suas
semelhanças e diferenças.

Resultado EADPI Afetuosa Atlética Tradicional Realizada Sociável


Pessoas cis 18,32 10,28 12,85 13,14 16,5

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Pessoas não-cis 18,78 9,89 12 13 16,89


Pessoa héteros 18,2 10,47 12,9 12,85 16,05

Pessoas LGBTs 18,46 10,1 12,72 13,34 16,89


Homens 17,74 10,72 12,02 11,76 15,13
Mulheres 18,58 10,08 13,19 13,83 17,19
1
Figura 6: tabela comparativa com resultados da EADPI

Figura 7: gráfico de barras com resultados da EADPI


5. DISCUSSÃO

Após a realização da média de cada subgrupo, foram feitos gráficos comparativos. É


possível observar que há poucas diferenças entre pessoas cis e não-cis, sendo a maior
discrepância no atributo Atlética (pessoas cis - 10,28; pessoas não-cis - 9,89). Os demais
atributos assemelham-se, com uma diferença máxima de 0,85 (Tradicional).

1
Na tabela, em vermelho encontram-se os maiores resultados de cada atributo, enquanto em azul,
os menores. Este é apenas um recurso didático para eventuais comparações e discussões.

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Figura 8: gráfico de linhas comparativo - pessoas cis e não-cis

Ao comparar o perfil médio de critérios de escolha de homens e mulheres, pode-se


notar uma diferença mais nítida no gráfico de linhas, principalmente nos atributos Tradicional
(1,17), Realizada (2,07) e Sociável (2,06). Esse resultado apenas reitera a análise feita por
Buss em 1989, que teve como principal conclusão a valorização das mulheres de
características como orientação familiar, capacidade financeira e nível educacional; e em
contrapartida, a maior valorização dos homens de características atléticas. Embora as
características que Buss descreve estejam próximas das obtidas, não se identifica nessa
população essas diferenças tão específicas, como por exemplo na categoria “atlética” que em
ambos os gêneros é a menos valorizada.

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Figura 9: gráfico de linhas comparativo - homens e mulheres

Quanto ao subgrupo de maior enfoque neste estudo, a comunidade LGBT, ao


comparar com pessoas heterossexuais, constatou-se não haver grandes diferenças, sendo a
maior na categoria Sociável, com 16,89 (LGBTs) e 16,05 (heterossexuais), o que demonstra
que, preferencialmente, pessoas lésbicas, gays e bissexuais têm preferência por parceiros que
sejam atenciosos, determinados, tolerantes e gentis.

Figura 10: gráfico comparativo - pessoas héteros e LGBTs

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Algumas observações importantes foram feitas ao longo do estudo: admite-se não ser
possível levantar hipótese sobre pessoas transsexuais e não binárias com essa pesquisa,
levando em consideração o baixo número de pessoas dessas identidades de gênero que
responderam os formulários (7 pessoas não binárias e 1 mulher transgênero). Além disso,
segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a comunidade LGBT
brasileira corresponde a cerca de 12% da população - 19 milhões de pessoas. Logo, a
pesquisa realizada não é representativa, mas pode auxiliar na compreensão da realidade.

Sobre as limitações da pesquisa estão principalmente relacionadas ao uso de


formulários, uma vez que, dessa maneira, não conseguimos abstrair com tanta riqueza de
detalhes as características que as pessoas buscam na escolha de um parceiro. Além disso, não
conseguimos verificar o contexto daquela pessoa (o que deixa em aberto para o entendimento
do aplicador); Há também o fator de distância entre os conceitos apresentados pelos
avaliadores e os participantes o que torna o estudo passível de vieses na auto avaliação do
voluntário ou dos critérios apresentados em relação aos seus próprios critérios, especialmente
quando se trata de características sensíveis ou socialmente desejáveis. Na entrevista, como
conduzida por David Buss com 10.000 indivíduos, é mais difícil de realizar, pois demandaria
tempo e dinheiro, mas proporcionaria uma análise de dados muito mais profunda.
Há também uma preocupação em relação com a população estudada por se tratar de
indivíduos que se diferem muito mesmo dentro da comunidade, diversas vezes se veem em
invisibilidade social, é raro capturar sua impressão e opinião, como por exemplo os homens
trangêneros que não responderam a pesquisa.

6. REFERÊNCIAS

Glossário – LGBT. Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, 2017. Disponível em:


https://www.saude.ba.gov.br/atencao-a-saude/saude-de-todos-nos/saudelgbt/glossario-lgbt/.

ALEXANDRE, V.; SANTOS, M. A.. Conjugalidade Cis-trans: Reinventando Laços,


Desestabilizando Certezas. Psicologia: Ciência e Profissão, vol. 41, Conselho Federal de
Psicologia, 2021. Disponível em: doi:10.1590/1982-3703003224044.

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BUSS, David. Sex Differences in Human Mate Preferences: Evolutionary Hypothesis


tested in 37 cultures. Estados Unidos: 1989. Disponível em:
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CLEMENTE, Anselmo. Pegação: reflexões sobre o homoerotismo nas cidades. 2018. Tese
(Doutorado em Psicologia Clínica) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP,
2018. Disponível em:
https://tede2.pucsp.br/bitstream/handle/21594/2/Anselmo%20Clemente.pdf .

DARWIN, Charles. The Descent of Man, and Selection in Relation to Sex. Reino Unido:
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FÈRES-CARNEIRO. T. A escolha amorosa e interação conjugal na heterossexualidade e


homossexualidade. Psicologia: Reflexão e Crítica, vol. 10, n.2, p. 351-368, 1997.
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FERREIRA, J. P.; MISKOLCI, R. O desejo homossexual após a AIDS: uma análise sobre os
critérios acionados por homens na busca por parceiros do mesmo sexo. Ciência Saúde
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LAHAM SONETTI, S. Identidade de gênero social e identidade de gênero erótico-sexual: o


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GOUVEIA, Valdiney Veloso et al . Construção e validação da escala de atributos desejáveis


do(a) parceiro(a) ideal. Aval. psicol., Itatiba , v. 13, n. 1, p. 105-114, abr. 2014 . Disponível
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