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Índice

Introdução..........................................................................................................................2

Objectivos..........................................................................................................................3

Geral..................................................................................................................................3

Específicos.........................................................................................................................3

Metodologia.......................................................................................................................3

Problema ou problematização...........................................................................................4

Justificativa........................................................................................................................4

Literatura teórica...............................................................................................................6

Desigualdade na perspectiva das ciências sociais.............................................................6

Literatura metodológica e empírica...................................................................................8

Desigualdades Regionais: Emprego, Educação e Saúde.................................................10

Crescimento e distribuição de renda................................................................................10

Políticas de distribuição de renda....................................................................................11

Conclusão........................................................................................................................13

Referências Bibliográficas...............................................................................................14
Introdução
No presente trabalho irei falar da desigualdade económica, isso no contexto
moçambicano.

As desigualdades económicas, sociais e do desenvolvimento humano em Moçambique


têm sido tema de preocupação de diversas organizações e investigadores. O conceito de
desigualdade subentende uma distribuição não uniforme, ou proporcional repartida
pelos membros da sociedade, de oportunidades, recursos, rendimentos, consumo,
salários, acesso a serviços de saúde ou educação, e outros serviços básicos.

A desigualdade econômica, a depender de sua intensidade, é causa direta de problemas


sociais, políticos e até mesmo econômicos. Nesse caso, ela é alvo de nossa preocupação
se e na medida em que consideramos esses problemas importantes em si mesmos.

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Objectivos

Geral
 Analisar as desigualdades sociais influenciam na exclusão social;

Específicos
 Avaliar as tendências das desigualdades económica em Moçambique a nível
nacional;
 Estimar os níveis da desigualdade económica em Moçambique a nível nacional;
 Descrever as desigualdades regionais na Educação, Saúde e Emprego;

Metodologia
O método científico representa o processo racional que se emprega na investigação. É a
linha de raciocínio adoptada no processo de pesquisa (Carvalho, 2009).

Quanto à pesquisa é de referência bibliográfica, pois apoia-se a pesquisa em livros,


artigos, que abordam sobre estes assuntos. Quanto a natureza é qualitativa pois
possibilitou um aprofundamento significativo e construtivo sobre o tema em análise. A
pesquisa desenvolveu-se através de investigação, leitura, reflexão, e com base em
análise conjunta sobre o tema norteado do trabalho.

Para a materializaçao deste trabalho, reccori livros e artigos electronicos.

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Problema ou problematização
A literatura económica reúne evidência significativa de que desigualdades econômicas,
sobretudo quando extremas, prejudicam o crescimento econômico e, ao fazê-lo, podem
agravar a pobreza.

Face ao impacto que as desigualdades económicas e do desenvolvimento humano têm


no bem-estar e dadas as disparidades inter e intra-regionais, assim como os
constrangimentos económicos enfrentados pela economia moçambicana sobretudo a
camada de mais baixa renda, senti-me motivada a estudar melhor os níveis e tendências
da desigualdade económica e do desenvolvimento humano em Moçambique.

Nos últimos dez anos foram realizados vários estudos sobre condições de vida e pobreza
em Moçambique nomeadamente os Inquéritos aos Agregados Familiares Sobre
Condições de Vida (IAF 1996/97 e IAF 2002/03). Estes inquéritos recolheram muita
informação sobre o nível de renda dos agregados familiares e outro tipo de informação
útil para a análise da desigualdade económica e do desenvolvimento humano em
Moçambique. Por outro lado, os Recenseamentos Gerais da População e Habitação
realizados pelo INE, de dez em dez anos, para além da contagem da população,
recolhem outro tipo de informações sobre as condições de vida que podem ser usadas
para a análise da desigualdade económica e do desenvolvimento humano em
Moçambique.

Os argumentos acima, me levam a tentar responder: a problemática de como as


desigualdades económicas regionais influenciam na exclusão social e na pobreza em
Moçambique?

Justificativa
A desigualdade econômica, a depender de sua intensidade, é causa direta de problemas
sociais, políticos e até mesmo econômicos. Nesse caso, ela é alvo de nossa preocupação
se e na medida em que consideramos esses problemas importantes em si mesmos. .
Desigualdades econômicas estão também associadas a desigualdades políticas
(democracias enfraquecidas, tendendo a plutocracias) (Cohen 2009).

De modo geral, desigualdades econômicas também implicam em controle de aspectos


importantes da vida dos que têm menos recursos por aqueles que detém mais recursos.
A desigualdade política é um caso especial desse tipo de problema, mas é possível
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pensar, ainda com Scanlon, o grau de controle que os mais ricos ao controlar a riqueza
podem exercer em termos de decisões sobre onde e como outros podem trabalhar, sobre
os bens e serviços que estarão disponíveis para eles comprarem, de um modo geral
sobre como serão suas vidas – podemos acrescentar, por exemplo, onde podem morar,
que escolas seus filhos podem frequentar, que atendimento de saúde eles podem ter, que
relações interpessoais estariam abertas para eles, que aspirações eles podem cultivar.
Para não falar do controle “cultural”, sobre as percepções e representações sobre a
sociedade e o mundo e sobre si mesmos (os mais pobres) difundidas por veículos de
comunicação dos quais os ricos são os proprietários. Essa capacidade de controle está
associada ao grau de concentração de riqueza.

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Literatura teórica
A literatura sobre a desigualdade é muito diversa. A presente pesquisa não busca
analisar e nem explicar a natureza da desigualdade, uma vez que o foco da pesquisa está
na medição da desigualdade portanto neste ponto, apresentam-se de forma sucinta
algumas das muitas abordagens existentes sobre a desigualdade.

A desigualdade acontece de diversas formas e deve ser concebida como multi-


dimensional. Deve-se reconhecer a natureza multi-dimensional da desigualdade e
considerar as suas possíveis dimensões (Therborn, 2001).

A desigualdade pode ser abordada do ponto de vista das ciências exactas e das ciências
sociais.

Desigualdade na perspectiva das ciências sociais


O tema da desigualdade esteve sempre no centro das preocupações das ciências sociais.
Assim, do ponto de vista da teoria marxista, essa centralidade é indiscutível, assumindo
que a desigualdade constituía a chave tanto para se entender o processo histórico-
evolutivo entre classes, como para se superar o problema moral da exploração do
homem pelo homem (Marx, apud Reis, 2000).

“O marxismo estabelece que a desigualdade é inerente ao modo de produção capitalista.


A teoria marxista defende que a desigualdade da renda é inerente ao regime de trabalho
assalariado.” (Peet, 1975)

Amartya Sen (1992), um dos autores mais citados na literatura sobre desigualdade, trata
da desigualdade no que concerne à qualidade de vida, àquilo que uma pessoa é capaz de
ser e fazer. A desigualdade crucial na perspectiva de Sen é a falta de liberdade, na forma
de privações de capacidades (Sen, 1992 apud Therborn, 2001).

A desigualdade nas capacidades, ou nas oportunidades de vida, para utilizar um


conceito clássico, podem ser consideradas como uma soma de recursos e ambientes.
Ambos são pertinentes à capacidade de conquistar feitos e realizações às quais se tenha
motivos para dar valor. Mas, enquanto os recursos podem ser distribuídos
individualmente, os ambientes indicam a ausência ou presença de contextos de acesso e
de possibilidades de escolha (Therborn, 2001).

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Em Rousseau (1753) assume-se que na espécie humana existem duas espécies de
desigualdade: (i) uma por ele definida como sendo natural ou física, considerando que
foi estabelecida pela natureza, e que consiste na diferença das idades, saúde, das forças
do corpo e das qualidades do espírito, ou da alma; a outra (ii) que se pode chamar de
desigualdade moral ou política, porque depende de uma espécie de convenção, e que foi
estabelecida ou, pelo menos, autorizada pelo consentimento dos homens. Consiste esta,
nos diferentes privilégios de que gozam alguns com prejuízo dos outros, como ser mais
ricos, mais honrados, mais poderosos do que os outros, ou mesmo fazerem-se obedecer
por eles (Rousseau, 1753 apud Oliveira, 1989).

Segundo Schumpeter, um país pode ser muito rico e seus habitantes muito pobres. Ou
pode ser tão rico e seus habitantes desfrutarem de um padrão de vida superior ao de um
país que tenha uma renda per capita maior. O que determina essa diferença é o perfil da
distribuição de renda, ou seja, como a riqueza total que é produzida no país se distribui
entre os habitantes (Schumpeter, 1908).

De acordo com Lamas (2005), a desigualdade é vista não apenas como diferença de
renda, mas também de qualidade e acessibilidade a serviços sociais básicos (educação e
saúde, por exemplo), oportunidade de emprego, protecção dos direitos humanos e
acesso ao processo decisório (poder político e de representação). A desigualdade
assume diferentes ângulos. Não há dúvidas que a desigualdade é um tema vasto,
múltiplo e complexo, como todos os outros que dizem respeito à vida social.

Portanto, não há outro recurso para respeitar a sua complexidade e relevância senão
simplificá-lo, reduzi-lo a “fatias” analíticas, privilegiando ângulos específicos. A
presente pesquisa analisa a desigualdade do ponto de vista sócio-económico, analisando
a desigualdade económica e do desenvolvimento humano.

A desigualdade refere-se a uma distribuição não igualitária ou não proporcional pelos


membros de uma região, país ou de uma sociedade de oportunidades, recursos,
rendimentos, consumo, salários, acesso aos serviços públicos, como saúde, educação, e
outros serviços básicos para usufruírem de uma vida digna, e ao espaço político e à
identidade social para uma boa convivência em sociedade. Esta é, frequentemente,
considerada uma injustiça que pode ser resolvida por meio de políticas públicas, por não
ser algo divino ou natural, podendo ser alterada para melhorar as condições de vida dos
afetados (Rohwerder 2016; Ali 2010).

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Por isso, a desigualdade constitui uma preocupação de muitos países, principalmente os
emergentes e em desenvolvimento, que apresentam grandes desigualdades entre os
membros da sociedade, como é o caso de Moçambique.

A UNICEF et al. (2014) considera a desigualdade como um problema em si, e também


um desafio para a erradicação da pobreza extrema, pelo seu impacto na eficiência das
políticas de luta contra a pobreza e no crescimento econômico, pois altos níveis de
desigualdade minam a sustentabilidade do crescimento econômico pelos seus impactos
negativos no capital humano, legitimidade institucional e coesão social, entre outros
aspectos. Ainda, afirma que a desigualdade pode ser resultado da falta de investimentos
ou da negligência política em determinadas áreas geográficas, setores ou grupos da
população.

De acordo com Lamas (2005), a desigualdade é vista não apenas como diferença de
renda, mas também de qualidade e acessibilidade a serviços sociais básicos (educação e
saúde, por exemplo), oportunidade de emprego, protecção dos direitos humanos e
acesso ao processo decisório (poder político e de representação).

A desigualdade assume diferentes ângulos. Não há dúvidas de que a desigualdade é um


tema vasto, múltiplo e complexo, como todos os outros que dizem respeito à vida social.
Portanto, não há outro recurso para respeitar a sua complexidade e relevância senão
simplificá-lo, reduzi-lo a “fatias” analíticas, privilegiando ângulos específicos. A
presente pesquisa analisa a desigualdade do ponto de vista sócio-económico, analisando
a desigualdade económica e do desenvolvimento humano.

Para mensurar a desigualdade de uma variável em estudo, recorre-se a medidas de con


centração. Segundo De Abreu (2001), concentração é um conceito que se opõe às
distribuições igualitárias ou uniformes; e é geralmente avaliada por comparação entre a
distribuição efectiva que uma variável tem e a distribuição igualitária, medindo-se pela
distância ou diferença que existe entre os correspondentes valores de cada.

Literatura metodológica e empírica


A literatura metodológica e empírica da desigualdade é vasta. Para mensurar a
desigualdade de uma determinada variável, foram criadas diversas medidas de
desigualdade e concentração. Champernowne e Cowell (1998, apud Medeiros, 2006)
sugerem que existem pelo menos duas abordagens importantes para a mensuração da
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desigualdade. A primeira é analisar as desigualdades absolutas e, a segunda, as
desigualdades relativas. As primeiras estão relacionadas a diferenças enquanto as
segundas a razões.

As expressões distribuição de renda e desigualdade de renda evocam ideias muito


parecidas, mas, a rigor, não tratam da mesma coisa. Na maioria das vezes, quando
dizemos desigualdade de renda estamos, na verdade, nos referindo à desigualdade na
distribuição das rendas; a distribuição da renda é um objecto e, por sua vez, a
desigualdade é uma característica desse objecto. Uma distribuição estatística pode ser
descrita a partir de dois tipos básicos de medidas: as de localização e as de dispersão.
Medidas de localização comuns são as de tendência central, como a média e a mediana,
e as medidas de dispersão mais comuns são a variância e suas transformações. A
desigualdade de rendimentos, diz respeito à segunda característica básica da
distribuição, sua dispersão. As duas expressões, no entanto, são comummente
associadas e uma frase do tipo precisamos melhorar a distribuição da renda deve ser
entendida como um apelo para a redução na desigualdade na distribuição dos
rendimentos (Medeiros, 2006).

A desigualdade, em termos abrangentes, é designada por concentração

A noção de concentração deve-se ao estatístico italiano Corrado Gini, que a


desenvolveu a propósito da distribuição dos salários e dos rendimentos. Respeitava ao
facto de haver, ou não, muitos indivíduos com valores semelhantes de rendimento ou de
salário e poucos indivíduos com valores de rendimento ou salário muito diferentes (De
Abreu, 2001, p.1).

A concentração é um conceito aparentemente simples, que se opõe às distribuições


igualitárias ou uniformes. Medir a concentração duma distribuição é pois conhecer o
afastamento que se verifica entre essa distribuição e duas situações padrão: uma em que
todas as unidades da análise têm a mesma parcela do total da variável (i.e. são iguais) e
outra em que o total da variável se encontra atribuído a uma única unidade de análise
(Ibidem).

Os níveis e as tendências das desigualdades económicas são indicadores que devem


continuar a ser controlados e monitorados, pois um agravamento destas desigualdades
pode ser fonte de desestabilização em Moçambique.

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Desigualdades Regionais: Emprego, Educação e Saúde
Na avaliação da pobreza que tem sido feita pelas autoridades moçambicanas,
concretamente pelo INE e MEF, desde 2001, vários indicadores têm sido utilizados para
medir as desigualdades. Contudo, neste trabalho, como resultado do uso dos
fundamentos do CVP, serão consideradas as atividades praticadas por chefes das
famílias (para representar as oportunidades de emprego), o analfabetismo (para
representar o acesso à educação) e o acesso à saúde. No que se refere às oportunidades
de emprego entre as regiões urbanas e rurais, entre os anos 2014/15, a distribuição se
mostrava desigual. Conforme o gráfico 02 abaixo, na região rural quase 83,7% de
chefes dos agregados familiares eram ocupados em atividades agrárias; somente 15,1%
(5,5% de operários não agrícolas e 9,6% de comércio e serviços) tinham um emprego
não agrário. Todavia, nas áreas urbanas, cerca de 26,7% desses chefes eram ocupados
em atividades agrárias e 64,4% (20,7% de operários não agrícolas e 43,7% de comércio
e serviços) em outras atividades fora da agricultura.

Estas diferenças regionais de oportunidade de emprego, em que grande parte da


população rural dedicava-se à agricultura, considerada de menor produtividade em
relação aos outros setores, têm um grande impacto na renda das famílias e na redução da
pobreza, pois o emprego na agricultura pode criar mais pobreza devido a um dos seus
problemas clássicos, particularmente em Moçambique, que é caracterizado por
monoculturas e sazonalidade do trabalho. Assim, mesmo que o salário fosse alto,
considerando os meses em que não se trabalha, seria insuficiente para a subsistência.
Este regime de trabalho não cria uma força de trabalho produtiva e, por outro lado, torna
muito difícil a sua organização frente às condições de emprego, comprometendo a
melhoria das condições de vida dos trabalhadores na agricultura (Castel-Branco 2019).

Por outro lado, parte da população que está ligada às atividades não agrícolas (indústria,
comércio e serviços), tem potencial de auferir um rendimento melhor para um estilo de
vida digno, devido à produtividade e estabilidade do emprego nestes setores.

Crescimento e distribuição de renda


De um modo geral, a maioria dos estudos empíricos parece apontar para a seguinte
constatação: o crescimento econômico continuado possui nítido efeito favorável na
redução da pobreza absoluta, mas incerto e não previsível efeito sobre a distribuição da
renda. Hipóteses sobre a evolução da distribuição de renda baseadas no U invertido de
10
Kusnetz não se sustentam empiricamente ; tampouco parece haver uma relação positiva
entre desigualdade e crescimento. Estas observações, algo consensuais e, digamos,
tradicionalmente reconhecidas, levam à conclusão de que políticas de distribuição de
renda – cujos mecanismos de determinação estão longe de ser unanimemente
reconhecidos3 – devem sem implementadas de forma a ampliar o efeito positivo do
crescimento econômico sobre a redução da pobreza. (Deininger e Squire 1996)

Com efeito, uma mudança nos níveis de pobreza pode ser separada em dois
componentes: um componente de crescimento, traduzindo o efeito da mudança na renda
média, enquanto a distribuição permanece constante, e um componente de redistribuição
quando a mudança na pobreza decorre da mudança na distribuição, enquanto a renda
média permanece constante. Quando, num artigo influente publicado pelo Banco
Mundial, Dollar (2000) argumentou que o “crescimento é bom para os pobres”, ele
assumiu como verdadeira uma relação direta entre os ganhos dos extratos médios e os
dos mais pobres. Centrado num período longo de tempo – 20 anos –, considerou uma
distribuição homogênea ao longo do período. Esta conclusão é muito difícil de ser
sustentada empírica ou teoricamente. Comparando, por exemplo, as experiências
brasileiras e indiana nos anos 80, Datt e Ravallion (1992) encontraram que, no caso do
Brasil, o índice de pobreza teria caído cerca de 5%, se o crescimento tivesse sido
distribuído de forma neutra. Em contraste, os efeitos distributivos contribuíram para a
redução da pobreza na Índia, ainda que o crescimento tivesse tido uma importância
maior.

Recentemente, Sainz e Fuente (2001) da CEPAL mostraram que nas últimas duas
décadas o crescimento na América Latina, além baixo, foi fortemente desigual. Durante
os anos 80 e 90, as famílias pobres tiveram um crescimento de renda real menor do que
a média. Observaram que, se nos anos 80 o colapso no crescimento da renda afetou
fortemente os pobres, nos anos 90, na presença de um baixo crescimento como o que se
deu em muitos países, a renda dos mais pobres não recuperou o que havia perdido.
Concluíram os autores que houve, na América Latina, uma assimetria entre crise e
crescimento: concentração de renda, no primeiro caso; e rigidez, no segundo.

Políticas de distribuição de renda


Como se depreende da análise anterior, a persistente concentração da renda observada
historicamente na economia brasileira não decorre de um único e mesmo processo, mas
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resulta de movimentos econômicos e políticos contraditórios. Nos últimos vinte anos,
foram raros os momentos em que houve expansão simultânea do PIB per capita, do
emprego, do salário mínimo real e estabilidade na cesta básica; e, quando estes
ocorreram, houve redução da pobreza e aumento da parcela da renda apropriada pelos
mais pobres. (Taylor, 1998).

A introdução de redes de proteção e políticas de renda especialmente dirigidas à


pobreza – como as que caracterizaram a política social dos últimos anos – não pode
contornar a necessidade de um modelo de desenvolvimento em que a sustentação da
taxa de crescimento e de elevação continuada do salário mínimo real esteja claramente
priorizada.

É evidente que, com a extraordinária expansão do setor informal, os esquemas de


transferência social, centrados no emprego, tornam-se crescentemente insuficientes e os
programas universais (como, por exemplo, a renda de cidadania), ou voltados
diretamente aos pobres (Bolsa-escola), ou a extensão da cobertura social ao setor
informal (como a que ocorreu com a aposentadoria rural) tornam-se centrais. Mas,
qualquer que seja o sistema, a sua viabilidade como política efetiva é fortemente
dependente da expansão da renda per capita, da redução das transferências financeiras e
do aumento da base tributária do governo. Com efeito, há um conflito insanável entre a
expansão dos benefícios sociais, necessária à redução das desigualdades, e a estagnação
do produto per capita, tal como a que se firmou na economia brasileira dos anos 9022.
Os desníveis primários da renda no país são muito elevados para serem
substancialmente reduzidos por medidas centradas exclusivamente nas transferências de
um estagnado orçamento social. Por outro lado, sem uma segura expansão econômica,
os esforços educacionais se frustram e criam uma inevitável “desvalorização
educacional”. Uma macroeconomia voltada ao crescimento econômico é condição
básica para uma política de renda voltada à redução das desigualdades. (Varsano, 1997)

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Conclusão
A desigualdade refere-se a uma distribuição não igualitária ou não proporcional pelos
membros de uma região, país ou de uma sociedade de oportunidades, recursos,
rendimentos, consumo, salários, acesso aos serviços públicos, como saúde, educação, e
outros serviços básicos para usufruírem de uma vida digna, e ao espaço político e à
identidade social para uma boa convivência em sociedade.

Em síntese, desigualdades econômicas globais (principalmente em Moçambique),


acarretam problemas econômicos, sociais e ambientais e ferem nosso senso de justiça,
mesmo que nesse caso ainda não tenhamos instituições a quem legitimamente dirigir
nossas queixas. O que não deveria obstruir nossa imaginação moral. E também,
desigualdades econômicas, especialmente se persistentes e intensas, além de
responsáveis por graves problemas sociais, econômicos, políticos e ambientais, são
sintoma de que as instituições que têm regulado a vida social estão falhando
fragorosamente.

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