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Índice

1. Introdução........................................................................................................................2
1.1. Objectivos....................................................................................................................2
1.1.1. Objectivo geral.........................................................................................................2
1.1.2. Objectivos específicos..............................................................................................2
1.2. Metodologia.................................................................................................................2
2. Cultura e sociedade..........................................................................................................3
2.1. Fundamentação teórica................................................................................................3
2.2. Cultura..........................................................................................................................4
2.2.1. Conteúdos do conceito antropológicos de cultura....................................................4
2.2.1.1. Crenças.................................................................................................................4
2.2.1.2. Valores..................................................................................................................5
2.2.1.3. Normas..................................................................................................................5
2.2.1.4. Símbolos...............................................................................................................6
2.2.2. Características do conceito antropológico de Cultura..............................................6
2.3. A Cultura Organizacional............................................................................................8
2.3.1. Caracterização da Cultura Organizacional e da sua Mudança.................................8
2.4. Tipos de cultura..........................................................................................................10
2.4.1. Cultura Material.....................................................................................................10
2.4.2. Cultura Imaterial....................................................................................................11
2.4.3. Diversidade cultural...............................................................................................12
2.4.4. Dinamismo cultural................................................................................................12
2.4.4.1. Processos culturais..............................................................................................12
2.4.4.1.1. Mudança cultura.................................................................................................12
2.4.4.1.2. Factores causadores de mudanças na Cultura.....................................................13
2.4.4.2. Difusão cultural..................................................................................................15
2.4.4.2.1. Factores que impedem ou dificultam a Difusão Cultural...................................15
2.4.4.2.2. Factores que influenciam a Difusão Cultural.....................................................16
2.4.4.3. Aculturação.........................................................................................................16
2.5. Sociedade...................................................................................................................17
2.5.1. Características da sociedade...................................................................................17
2.6. A cultura e educação no contexto de aprendizagem em Moçambique......................17
2.6.1. Hibridização cultural e educação...........................................................................17
3. Conclusão......................................................................................................................22
4. Referências Bibliográficas ………………………………………..……………………23
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1. Introdução

O Homem, desde seus primórdios, vivendo em grupos ou sociedades, cultiva distintas


culturas, que diferenciam um segmento do outro. A antropologia, ao abordar estas questões,
envolve também outras áreas, como as Ciências Sociais, que procuram estudar o ser humano
como membro de camadas sociais estruturadas, e as Ciências Humanas, que enfocam o
indivíduo integralmente sua constituição histórica, crenças, hábitos e práticas, filosofia de
vida, língua, aspectos da psique, princípios éticos, entre outros pontos. Esta modalidade
antropológica também mergulha na investigação da evolução dos grupos humanos em todo o
Planeta. Ela se detém igualmente sobre a compreensão do nascimento das religiões, bem
como do mecanismo das formalidades sociais, do progresso das técnicas e até mesmo das
interacções familiares.

1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo geral
 Estudar a cultura e a sociedade
1.1.2. Objectivos específicos
 Identificar Conteúdos do conceito antropológicos de cultura
 Descrever as características do conceito antropológico de Cultura
 Explicar a cultura e educação no contexto de aprendizagem em Moçambique
1.2. Metodologia

Para a elaboração do presente trabalho foi usada a pesquisa bibliográfica, que consistiu no
levantamento do material bibliográfico (livros, internet) que retratam sobre os temas em
estudo.
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2. Cultura e sociedade
2.1. Fundamentação teórica

No século XIX, alguns autores estabeleciam hierarquias entre todas as culturas humanas,
defendendo uma escala evolutiva de linha única entre elas. Nessa concepção, todas as culturas
teriam que passar pelas mesmas etapas, desde um estágio primitivo até as civilizações mais
evoluídas que seriam as nações da Europa ocidental. Essa visão etnocêntrica servia aos
interesses dos países europeus em legitimar seu expansionismo e colonização a partir de uma
suposta superioridade cultural (LARAIA, Roque de Barros1986).

Tais concepções evolucionistas foram atacadas com o argumento de que a classificação das
sociedades em escalas hierarquizadas era impossível, já que cada cultura tem a sua própria
verdade. Concluiu-se então que não existe relação necessária entre características físicas de
grupos humanos e suas formas culturais. A diversidade das culturas existentes corresponde à
variedade da história humana. Cada realidade cultural tem sua lógica interna, que faz sentido
para os indivíduos que nela vivem, pois é resultado de sua história e se relaciona com as
condições materiais de sua existência. A partir da compreensão da variedade de
procedimentos culturais dentro dos contextos em que são produzidos, o estudo das culturas
contribui para erradicar preconceitos e fomentar o respeito à diversidade cultural.

Vale ressaltar também, que as diferenças culturais não existem apenas entre as sociedades,
mas também dentro de uma mesma sociedade. Basta pensarmos na sociedade brasileira, nos
diferentes sotaques, classes sociais, etnias, género, religiões, gerações, escolarização, origens,
etc. É importante levar em conta a diversidade cultural interna à nossa própria sociedade, para
compreendermos melhor o país em que vivemos.

No actual mundo globalizado, o estudo da cultura assume características peculiares, devido ao


desenvolvimento da indústria cultural e de novas tecnologias de informação e conhecimento.
Por um lado, vivemos um aumento enorme do intercâmbio de conhecimento e de informação
entre diferentes sociedades em todo o planeta; por outro, este é um processo desigual que
pode modificar maneiras tradicionais de viver, produzir e se identificar culturalmente.
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2.2. Cultura

E um termo complexo e de grande importância para as ciências humanas em geral. Sua


etimologia vem do latim culturae, que significa “acto de plantar e cultivar”. Aos poucos,
acabou adquirindo também o sentido de cultivo de conhecimentos. A noção moderna de
cultura foi sintetizada pela primeira vez pelo inglês Edward Taylor, conceituando-a como um
complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra
capacidade ou hábitos adquiridos por uma pessoa como membro de uma sociedade.

Nesse sentido, podemos dizer que a cultura engloba os modos comuns e aprendidos de viver,
transmitidos pelos indivíduos e grupos em sociedade. Para além de um conjunto de práticas
artísticas, tradições ou crenças religiosas, devemos compreender a cultura como uma
dimensão da vida quotidiana de determinada sociedade.

Para Fleury (1987, p.10), "A cultura, concebida como um conjunto de valores e crenças
compartilhados pelos membros de uma organização, deve ser consistente com outras
variáveis organizacionais como estrutura, tecnologia, estilo de liderança. Da consistência
destes vários factores depende o sucesso da organização". Assim, pela análise destes
conceitos de cultura organizacional depreende-se facilmente a inter-relação desta variável do
ambiente empresarial com a eficácia do sistema empresa.

A cultura de determinada sociedade é passada de uma geração a outra através da educação,


manifestações artísticas e outras formas de transmissão de conhecimento. O comportamento
dos indivíduos vai depender desse aprendizado cultural. Portanto, um menino e uma menina
agem diferentemente não por causa de seus harmónios, mas devido à educação diferenciada
que recebem.

2.2.1. Conteúdos do conceito antropológicos de cultura


2.2.1.1. Crenças

Segundo Massenzio (p. 108) as crenças “são representações colectivas que definem a
natureza das coisas sagradas e profanas”. Os antropólogos costumam classificar as crenças
em três categorias:
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a) Pessoais, isto é, aquelas que são aceitas por cada indivíduo, independentemente das crenças
do seu grupo; é o caso da crença no caapora (individuo sem sorte ou aquele que trás azar );

b) Declaradas, ou seja, aquelas que são aceitas, pelo menos em público, com a finalidade
apenas de evitar constrangimentos; poderia ser exemplo disso a crença na igualdade entre as
pessoas, especialmente entre homem e mulher;

c) Públicas são aquelas crenças aceitas e declaradas como crenças comuns. Exemplo disso é
a crença na ressurreição por parte dos cristãos e na reencarnação por parte dos espíritas.
Existem antropólogos que falam de crenças científicas (que podem ser comprovadas),
supersticiosas (fruto do medo) e extravagantes (quando fogem do comum e do que é
considerando normal, como é o caso da crença de que pode acontecer alguma coisa numa
sexta-feira, dia 13 do mês). Há ainda os que classificam as crenças em benéficas e maléficas
(MARCONI; PRESOTTO, p. 28).

2.2.1.2. Valores

Dentro da cultura os valores são muito importantes. Eles são definidos pelos antropólogos
como sendo “objectos e situações consideradas boas, desejáveis, apropriadas, importantes, ou
seja, para indicar riqueza, prestígio, poder, crenças, instituições, objectos materiais etc.

Além de expressar sentimentos, o valor incentiva e orienta o comportamento humano”


(Ibidem).

2.2.1.3. Normas

As normas são definidas como “regras que indicam os modos de agir dos indivíduos em
determinadas situações”. De um modo geral consistem “num conjunto de ideias, de
convenções referentes àquilo que é próprio do pensar, sentir e agir em dadas situações” (Ibid.,
p. 29).

As normas podem ser ideais (aquelas que os membros do grupo devem praticar) e
comportamentais que são aquelas reais, pelas quais, em determinadas situações, os indivíduos
fogem das ideais. Exemplos disso são as normas de trânsito.
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2.2.1.4. Símbolos

Símbolos são realidades físicas ou sensoriais às quais os indivíduos que os utilizam lhes
atribuem valores ou significados específicos” (Ibid., p. 30). Normalmente os símbolos
costumam representar coisas concretas ou também abstractas (MARCONI; PRESOTTO, p.
33-39).

2.2.2. Características do conceito antropológico de Cultura

Uma característica da cultura é que ela é indissociável da realidade social. A cultura é uma
construção histórica e produto colectivo da vida humana. Isso quer dizer que falar em cultura
implica necessariamente se referir a um processo social concreto. Costumes, tradições,
manifestações culturais e folclóricas como festas, danças, cantigas, lendas, etc. só fazem
sentido enquanto parte de uma cultura específica; ou seja, as manifestações culturais não
podem ser compreendidas fora da realidade e história da sociedade a qual pertencem.

Outra característica da cultura é o seu aspecto dinâmico. Por isso é mais pertinente pensá-la
como um processo e não como algo estagnado no tempo. Isso fica claro no mundo
globalizado, marcado por rápidas transformações tecnológicas, pelo constante contacto entre
as culturas e disseminação de padrões culturais pelos meios de comunicação de massa.
Porém, mesmo quando se fala de sociedades tradicionais, não quer dizer que elas não se
modifiquem.

O símbolo de certos objectos, acções e instituições é a base da compreensão da cultura. O


homem vive entre dois espaços que se completam; o referente ao espaço exterior e o espaço
ou mundo simbólico ou imagético.

Strauss (1960; 19) afirma que o problema do simbólico toca a cultura e a sociedade na sua
globalidade e toda a cultura é um conjunto de comunicações:
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a) A cultura é simbólica, ela é um comporte de desígnios e valores, transmitidos


necessariamente através de símbolos e sinais. O símbolo pressupõe dois polos, polo
emissor e polo receptor, a cultura é social e esta é uma das características básicas de
cultura e neste âmbito importa referir que nenhum membro de uma sociedade é
desprovido completamente de cultura. O carácter simbólico da cultura permite que ela
seja transmitida, comunicada entre todos os membros da sociedade.

b) Os hábitos e costumes, os padrões de comportamento são processos sociais.


A cultura pertence ao grupo humano, por isso é social, ela transmite-se por meio da
sociedade, o individuo atinge cultura socialmente transmitida por alguém que age em
nome da sociedade.

c) Acultura é dinâmica e estável, pois ela forma identidades e tradição e a


constitucionalização de padrões de comportamento, tradição não significa repetição,
ela evolui, e dinâmica, ela respeita a lei da vida, isto é, as mudanças podem ser
pequenas ou grandes, despercebidas ou violentas, ou conscientes ou inconscientes. A
Cultura também experimenta mudanças desejadas e violentas quando há encontros
culturais a mudança ocorre em razão das novas necessidades provocadas por novas
situações.

d) A cultura é selectiva, ela é contínua num processo que implica sempre reformulações
e a própria cultura é subjectiva.

e) Acultura é universal e é um fenómeno, pois, nunca se constatou a existência do ser


humano sem cultura. Cada membro da sociedade tem seu interesse próprio, dentro da
cultura a que pertence, cada grupo alimenta os seus interesses e tarefas dentro de um
conjunto cultural próprio, assim se forma os padrões regionais e culturais, conforme
as situações próprias e as necessidades particulares.

f) A cultura é determinante, pois determina em parte o comportamento humano. Ela é


responsável pela padronização do comportamento humano. E precisamente por este
ser determinante de cultura que permite a existência de ciência de comportamento.
g).A cultura humana é determinada, ela vem se transformando ao longo do tempo
influenciando-se por factores tais como modificações demográficas, sociais e
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culturais.

É importante levar em conta a diversidade cultural interna à nossa própria sociedade, para
compreendermos melhor o país em que vivemos.

No actual mundo globalizado, o estudo da cultura assume características peculiares, devido ao


desenvolvimento da indústria cultural e de novas tecnologias de informação e conhecimento.
Por um lado, vivemos um aumento enorme do intercâmbio de conhecimento e de informação
entre diferentes sociedades em todo o planeta; por outro, este é um processo desigual que
pode modificar maneiras tradicionais de viver, produzir e se identificar culturalmente.

2.3. A Cultura Organizacional

O conceito mais prático de cultura organizacional, de acordo com depoimentos de gestores


relatados por Deal e Kennedy (1983, p.501), é o seguinte: "É o jeito que nós fazemos as
coisas por aqui". Esta definição, um tanto ou quanto utilitarista, expressa com simplicidade, a
cultura organizacional. Determina uma forma prática de entender a cultura a partir da
observação de como as coisas são feitas.

2.3.1. Caracterização da Cultura Organizacional e da sua Mudança

As principais características da cultura podem ser percebidas através dos seguintes conceitos:

a) Crenças: verdades concebidas ou aceitas a partir da observação de fatos e pela convivência


em um grupo de pessoas;

b) Valores: elementos que determinam a importância das coisas. Os valores representam uma


predeterminação consciente da acção das pessoas. Uma forma de identificar os valores de um
grupo consiste na observação de como as pessoas do grupo ocupam seu tempo;

c) Costumes: materialização dos valores e crenças através dos actos realizados de forma um


tanto ou quanto sistemática;

d) Ritos: operações rotineiras executadas para êxito das actividades;

e) Cerimónias: encontros formais e informais de um grupo social. Funcionam como meios de


reafirmar ou ratificar valores, crenças e costumes;
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f) Rede de comunicação informal: conhecida em empresas e citada em algumas publicações


como "rádio peão". A rede de comunicação informal funciona como excelente meio de
actualização de crenças, valores e mitos. Através desta rede, a cultura da empresa é reciclada
e reafirmada.

Para Schein (1992, p.12) a cultura de uma organização pode ser definida como um conjunto
de pressuposições básicas compartilhadas que o grupo de pessoas nela envolvido aprendeu
como resolvem seus problemas de adaptação externa e integração interna, que tem
funcionado suficientemente bem para ser considerada válida e, da mesma forma, assimilada
pelos novos membros como a maneira correta de perceber, pensar e sentir em relação aos
problemas. Este autor define três níveis para observação da cultura, de acordo com a visão
que o investigador pode ter do fenómeno cultural, conforme figura a seguir:

2.3.2. Níveis de observação da cultura


 O nível de artefacto faz referência aos aspectos objectivos da cultura que são
facilmente percebidos. Os artefactos referem-se às instalações, aos processos, à
estrutura organizacional e de poder, aos produtos, aos equipamentos, etc., como na
visão antropológica.
 O nível de valores de suporte relaciona-se com as regras de acção, normas e valores
que direccionam as decisões, o comportamento, as atitudes dos indivíduos. São as
regras que formam a identidade do grupo, de acordo com o entendimento da
sociologia sobre a cultura.
 O nível de pressuposições básicas de suporte, segundo Schein (1992, p.22), é a
implícita pressuposição que no momento guia o comportamento, que diz para os
membros do grupo como perceber, pensar sobre e sentir sobre as coisas.

O autor afirma ainda que no processo de cognição, o indivíduo constrói modelos (imagens ou
conceitos) que estruturam, como um filtro, a interpretação de situações. Este filtro assume a
forma de uma estrutura conceitual através da qual o indivíduo analisa e se posiciona frente à
realidade vivida. Neste sentido, o entendimento dos pressupostos básicos assemelha-se à
visão da cultura na óptica da Psicoantropologia, discutida anteriormente. Os valores
assimilados dos acontecimentos são incorporados quando novos, ou modificam os valores
existentes, representando uma manifestação da cultura, intrínseca à existência do indivíduo.
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2.4. Tipos de cultura

As sociedades humanas historicamente desenvolveram formas diferentes de se organizar, de


relacionar internamente, com outros grupos sociais e com o meio ambiente. Sociedades
distintas vão necessariamente originar culturas diferentes, ou seja, diferentes formas de ver o
mundo e orientar a actividade social.

É por isso que existem tantas diferenças culturais, mesmo sendo todos pertencentes à mesma
espécie humana. As diferenças culturais não podem ser explicadas em termos de diferenças
geográficas ou biológicas.
O homem vive entre dois espaços que se completam; o referente ao espaço exterior e o espaço
ou mundo simbólico ou imagético.

2.4.1. Cultura Material

O nome de Cultura Material refere se ao conjunto de objectos - tecidos, utensílios,


ferramentas, adornos, meios de transporte, moradias, armas etc., que formam o ambiente
concreto de determinada sociedade.
Associada aos elementos concretos de uma sociedade está a cultura material ou o património
cultural material. Esses elementos foram sendo criados ao longo do tempo e, portanto,
representam a história de determinado povo.
Diversas edificações, objectos artísticos e quotidianos, fazem parte da cultura material, os
quais são classificados de duas maneiras:
 Bens móveis: podem ser transportados e reúnem os acervos e colecções.
 Bens imóveis: são estruturas fixas e representam os centros históricos, sítios
arqueológicos, etc.

Para superar os obstáculos do meio ambiente, o ser humano, desde os primórdios, criou
diversos utensílios e implementos, aproveitando matérias-primas encontradas na natureza.
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Como desenvolvimento das diversas culturas e sociedades, foram sendo elaboradas formas
que, além de úteis, fossem consideradas belas, com acabamento que proporciona se satisfação
ao usuário e ao observador. Tudo isso reflecte o modo de pensar e os valores de cada cultura e
cada sociedade.

O termo cultura material está relacionado com a finalidade ou sentido que os objectos têm
para um povo numa cultura, ou seja, a importância e influência que exercem na definição da
identidade cultural de uma sociedade. O que é material é físico, objecto ou artefactos é
entendido pelos seres humanos como um legado, como algo, é para ser apreendido, usado e
preservado, que ensina a reproduzir o mesmo objecto ou a guardar a sua memória. 

A cultura material nada mais é que a importância que determinados objectos possuem para


determinado povo e sua cultura. É também através da cultura material que se ajuda a criar
uma identidade comum. Esses objectos fazem parte de um legado de cada sociedade. Cada
objecto produzido tem um contexto específico e faz parte de determinada época da história de
um país. A cultura material se aplica a quase toda produção humana.

Exemplos de Bens Materiais (Vestimentas; Museus; Teatros; Igrejas; Praças; Universidades;


Monumentos; Obras de Arte; Utensílio).

2.4.2. Cultura Imaterial

Todo povo possui um património que vai além do material, de objectos. Esse património é
chamado de cultura imaterial. Ou seja, cultura imaterial é uma manifestação de elementos
representativos, de hábitos, de práticas e costumes. A transmissão dessa cultura se dá muitas
vezes pela tradição.  
A cultura imaterial está associada aos hábitos, comportamentos e costumes de determinado
grupo social está a cultura imaterial ou património cultural imaterial.
Este representa os elementos intangíveis de uma cultura. Sendo assim, ele é formado por
elementos abstractos que estão intimamente relacionados com as tradições, práticas,
comportamentos, técnicas e crenças de determinado grupo social. Diferente do património
material, este tipo de cultura é transmitida de geração em geração.
Exemplos de Bens Imateriais (Danças; Músicas; Literatura; Linguagem; Culinária; Rituais;
Festas; Feiras; Lenda).
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2.4.3. Diversidade cultural

A palavra diversidade cultural é um termo que se refere à diferença, a variedade, a


divergência e a abundância de coisas distintas. E cultural é um termo que se refere a tudo
aquilo que é próprio ou está relacionado à cultura.

Então, o conceito diversidade cultural trata da convivência e interacção que existe efectiva e
satisfatoriamente entre diferentes culturas. A existência de diferentes culturas é considerada
como importante património da humanidade, pois esta questão, sem dúvida, ajuda a promover
e expandir o conhecimento, assim como certos valores como o respeito e a tolerância, pois o
fato de respeitar e tolerar o outro que não manifesta as mesmas crenças e não possui a mesma
bagagem cultural, será sempre um passo a frente como pessoa.

Por outro lado, a diversidade cultural propõe o respeito não só por parte de nossos vizinhos e
daqueles que nos rodeiam e não pensam iguais a nós, mas também o respeito por parte das
autoridades que tem o poder na comunidade que habitamos. Caso a autoridade seja coerciva
contra aqueles que expressam ideias contrárias, encontraremos a clara falta de liberdade de
expressão, o que popularmente se denomina como ditadura.

Mas a autoridade além de respeitar as ideias de uma determinada cultura, deve dar garantia
necessária às diferentes culturas que integram a comunidade para sua sobrevivência, pois é
frequente uma cultura ser ameaçada pelo avanço de outra que possui uma vocação
hegemónica, então, a autoridade ou o governo deve intervir para proteger a cultura mais fraca
e evitar que a mesma termine, desaparecendo assim, a diversidade cultura.

2.4.4. Dinamismo cultural


2.4.4.1. Processos culturais

Mudança Cultural, Difusão Cultural, Aculturação.

2.4.4.1.1. Mudança cultura


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É qualquer alteração na cultura, sejam traços, complexos, padrões ou em toda a cultura (o que
é mais difícil)  .

As culturas mudam continuadamente assimilam novos traços, ou abandonam os antigos ou


reelaboram os já existentes através de diferentes formas:

Crescimento, Transmissão,Difusão, Estagnação, Declínio,  Fusão ,reelaboração

2.4.4.1.2. Factores causadores de mudanças na Cultura 

De acordo com Marconi e Presotto (1989,p.61) têm-se mudanças quando:

 Novos elementos são agregados ou os velhos elementos são aperfeiçoados 


reelaboração;
 Novos elementos são tomados de empréstimo de outras culturas;
 Elementos culturais inadequados superados, obsoletos são abandonados. Alguns
elementos por falta de transmissão de geração a geração se perdem quando um
elemento ou Complexo cultural muda de função

As Mudanças Culturais podem surgir em consequência de:

 Factores internos (endógenos): Descoberta, invenção;


  Factores externos (exógenos): Difusão Cultural.

As modificações na cultura ocorrem em quatro etapas:     

1ª Etapa - Chegada do elemento ou complexo cultural (inovação) através de:

É o aparecimento de um elemento (traço) cultural.

Maneiras de chegada de elemento novo em uma cultura.

Tentativas,Empréstimocultural, Incentivo ,Inovação,Variação,Invenção,descoberta.

Variação: é uma ligeira mudança nos padrões de comportamento pode ocorrer também em
traços culturais materiais e em Complexos Culturais.

 Exemplos: Nas formas de saudar os mais velhos

 Nas vestimentas masculinas ou femininas


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Invenção ou Descoberta:  Descoberta – aquilo que se descobriu ou encontrou por acaso


(achado) Exemplo:  Como o café foi descoberto na Etiópia

Invenção – coisa nova, criada ou concebida no campo da ciência, da tecnologia, ou das artes.

Os processos de descoberta ou invenção podem ser atribuídos à causalidade ou à necessidade.


No crescimento de uma cultura por invenção, cada novo traço cultural nada mais é do que o
desenvolvimento de elementos existentes anteriormente “não surgem do nada”, tem por base
elementos culturais (conhecimentos, equipamentos etc. já existentes

  Exemplo

 - Na invenção da Bomba atómica foi utilizado o conhecimento sobre a estrutura do átomo

- para a invenção da vacina contra a AIDS está sendo utilizado o conhecimento já acumulado
utilizado para inventar outros tipos de  vacina, bem como imunologia.

Tentativa: Quando surgem elementos que tenham pouca ou nenhuma relação com o
passado. Exemplos de Tentativa:  Maquina de escrever, Computador, Internet

Empréstimo Cultural difusão Cultural: é a vinda de elementos cultural ou complexo cultural


de outra cultura.

É a forma mais importante de surgimento de novos elementos culturais (traços ou complexo)


em uma cultura

De todas as Inovações, a Difusão Cultural é o meio mais comum e importante.

Observações: Para esse processo cultural, o uso do termo Difusão Cultural é mais adequado e
mais utilizado do que Empréstimo Cultural

- A Difusão Cultural é o maior causadora de novos elementos culturais em uma Cultura;

Incentivo: Elemento alheio aceito pelo povo quando atende as suas necessidades

2ª Etapa - Aceitação

Aceitação Social é a adopção de um novo traço cultural através da imitação ou do


comportamento copiado.

No inicio pode ser aceito apenas por um ou poucos indivíduos;


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Aceitação de um traço depende muitas vezes, do seu significado

A aceitação é influenciada pela utilização ou necessidade

As vezes uma sociedade aceita elementos culturais de pouca serventia (pouco útil. Por
exemplo: jogos, mitos.

3ª Etapa Eliminação Selectiva  

Consiste na competição pela sobrevivência feita por um elemento novo (que compete com
outro já existente)

4ª Etapa Integração Social 

Consiste no desenvolvimento progressivo de ajustamento do novo elemento cultural com os


outros elementos que compõem a cultura local.

Na Integração deve haver: Adaptação progressiva, Ajustamento recíproco entre os elementos


culturais

2.4.4.2. Difusão cultural 

É um processo na dinâmica cultural em que os elementos ou complexos culturais se difundem


de uma sociedade para outra.

A Difusão Cultural pode realizar-se por imitação ou por estímulo ou a força

Imitação – roupas, penteados, citar papel dos meios de comunicação

Estímulo – computador modernização obrigatória feita em determinados países

Nem tudo é aceito, imediatamente, há rejeição em relação a certos traços ou complexos


culturais.

2.4.4.2.1. Factores que impedem ou dificultam a Difusão Cultural 


 Condições geográficas ( Linton 1962).

2.4.4.2.2. Factores que influenciam a Difusão Cultural


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De acordo com Linton (1962) factores que influenciam a Difusão Cultural são:

 Tipo de contacto entre povos. Pode ter uma grande duração, ou ser apenas breve e
esporádico. Maior a duração do contacto contribui para facilitar a Difusão Cultural
 Comunicabilidade intrínseca do Elemento Cultural. Certos elementos culturais podem
ser expressos mais facilmente do que outros, seja na forma de actos ,sejam na forma
verbalizada. Fazer ligação com a facilidade de difusão de elementos materiais, em
relação à elementos não materiais.
 Utilidade do Elemento Cultural.
 Compatibilidade do novo Elemento Cultural com a Cultura onde esta sendo difundido.
 Interesses que domina a vida do grupo receptor.
 Prestigio do grupo doador.
 Prestigio dos indivíduos sob cujos auspícios o novo elemento é apresentado à
sociedade (inovadores).
 “Voguismo”, ou seja, o prospecção de aceitar coisas novas (de fora) geralmente sem
grandes utilidades. 

2.4.4.3. Aculturação

É a fusão de culturas diferentes que entrando em contacto contínuo originam mudanças nos
padrões de cultura de ambos os grupos. (MARCONI; PRESOTTO, p.64)

Padrão de Cultura é um comportamento generalizado, estandardizado e regularizado.  Ele


estabelece o que é aceitável ou não na conduta das pessoas em uma dada cultura.

Na troca recíproca relativizar entre as duas culturas, um grupo pode dar mais e receber
menos. Um grupo pode receber mais elementos culturais do que transmitir a aculturação é
uma forma especial de Mudança Cultural.

2.5. Sociedade

Sociedade é uma associação de pessoas que compartilham valores culturais, um sistema


jurídico, normas e regras de conduta que permitem aos indivíduos que a integra o sentimento
de pertencer ao todo. É o resultado histórico das relações entre indivíduos.
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A partilha desses elementos cria a identidade cultural e o organismo social. A sociedade une
os indivíduos ao mesmo nível de desenvolvimento cultural e tecnológico em espaços
geográficos, histórico e políticos comuns.

2.5.1. Características da sociedade


 A partilha de um mesmo território;
 A partilha de um estilo particular de vida;
 A partilha de um sistema comum de leis, regras e valores;
 A partilha da construção de relações sociais entre os indivíduos;
 A partilha e aceitação de construções e rituais. Exemplos: nascimentos, casamentos,
morte;
 A partilha de experiências religiosas;
 A aceitação de uma hierarquia específica;
 Autonomia sobre a cultura e seus valores culturais;
 A partilha de um modo de sobrevivência, modo de produção e subsistência;
 O repasse dos conhecimentos para as gerações futuras.

2.6. A cultura e educação no contexto de aprendizagem em Moçambique


2.6.1. Hibridização cultural e educação

O ensino está em situação de multilinguismo e de multiculturalismo como é o caso de


Moçambique convive com várias tensões e enfrenta muitos desafios, sendo de destacar o
processo de hibridização cultural, a tensão entre a homogeneização e a diversidade cultural e
a tensão entre saberes locais e saberes universais. A política educacional e a cultural
esforçam-se em proteger e valorizar a diversidade cultural.

Hoje em dia vários educadores moçambicanos defendem uma educação “diferenciada” na


qual a escola deveria ter o compromisso ético e político de preservar e reafirmar valores,
crenças, costumes e formas de organização cultural, social, política e religiosa (considerados
saberes locais), sem prejudicar o acesso e a apropriação dos saberes e conhecimentos
universais.
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Hoje rejeita-se a tese do “choque de civilizações” e defende-se que a diversidade cultural é


um património tão importante para a humanidade tal como a biodiversidade e que a
interculturalidade e o respeito pelas diferenças são as melhores formas de garantir a paz e o
desenvolvimento.

Os educadores moçambicanos enfrentam o desafio de pensar em concepções e modelos


educacionais que tenham em conta a questão da diversidade e do multiculturalismo na com a
aprendizagem do Português durante a colonização. Julgamos que o falante de língua
portuguesa quer seja monolingue ou bilingue já não possui uma identidade cultural “genuína”
e “autenticamente” africana como os seus ascendentes e antepassados que só falavam a língua
bantu.

A aprendizagem da língua portuguesa promove o surgimento de um processo de aculturação


que integra características culturais do mundo ocidental. Julga-se que o bilinguismo em vez
de criar um biculturalismo, produz uma hibridação cultural. Quer dizer que os falantes não
adicionaram a cultura portuguesa à cultura bantu, eles misturaram as duas culturas e criaram
uma nova cultura que não é tipicamente portuguesa e que também não é genuinamente bantu.
Ela é “híbrida”, pois junta de forma muito particular as duas línguas e culturas.

É a tal hibridação cultural que caracteriza a cultura urbana moçambicana. Apesar de o


conceito de “hibridação” vir carregado de preconceitos coloniais, não é de forma
preconceituosa que usamos tal termo.

Segundo Dussel (2002, p. 56), as origens do conceito situam-se no “projecto colonial de


dominação racial do século XIX e se produz uma celebração acrítica das diferenças que deixa
de lado desigualdades fundantes”, ainda segundo o autor, “a hibridação tem uma história
repleta de colonialismo, mas também de lutas anti e pós coloniais” (DUSSEL, 2002, p. 57). A
hibridação é usada neste trabalho no sentido de exprimir o surgimento de novas culturas e
novas identidades que são o resultado da mistura de outras culturas.

Nosso interesse pelos processos de hibridação surgiu das análises linguísticas que fazemos
acerca da variedade de língua portuguesa usada em Moçambique que consideramos um
produto híbrido resultante do contacto entre a língua bantu e a língua portuguesa. Em nossa
acepção e, contrariamente, às teorias da degeneração de higienistas que defendem as formas
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puras e apontam o lado negativo das misturas linguísticas e culturais, consideramos a


hibridação como uma riqueza cultural que deve ser preservada.

Em Moçambique, sobretudo nas zonas urbanas lidamos com uma cultura híbrida que não é,
nem tipicamente africana, nem sequer, totalmente, europeia. Ela também não é a justaposição
simples de duas culturas, ela tem traços africanos, mas também europeus e ela também é, ao
mesmo tempo, uma terceira cultura. A cultura urbana moçambicana encontra-se ao mesmo
tempo fora e dentro da cultura ocidental e da cultura autenticamente africana.

A questão da hibridação cultural preocupa a muitos intelectuais moçambicanos visto que é


necessário pensar num currículo que tenha em consideração a cultura africana local e que
integre também a cultura universal.

Tal preocupação já se encontra reflectida no actual currículo do Ensino Básico em que se


incluem e se mesclam discursos pedagógicos, políticas educacionais e linguísticas várias.

O Ministério da Educação de Moçambique, no seu Plano Curricular do Ensino Básico


(MINED/ PCEB, 1999) defende um discurso pedagógico marcado por uma teoria técnica e
uma planificação e por uma pedagogia centrada nos objectivos e, ao mesmo tempo, opta por
uma teoria curricular prática, por uma abordagem curricular de processo ao introduzir o
currículo local e princípios de uma Pedagogia Culturalmente Sensível.

Pode-se considerar que Moçambique tem no Ensino Básico um currículo híbrido ao nível dos
conteúdos, bem como ao nível das teorias e abordagens curriculares. O MINED/PCEB institui
uma nova lógica na planificação curricular, pois cria novos sujeitos para a concepção
curricular: professor e membros da comunidade.

O professor tem de recolher, sistematizar e tornar "ensináveis" em sala de aulas os conteúdos


locais. Tornar “ensináveis” os conteúdos locais implica pensar no tempo disponível, no
método pedagógico mais adequado, nos materiais didácticos e nas formas de avaliação.

Para além de ter de assumir o papel de pesquisador-professor de conteúdos locais, o professor


tem de resolver todas as outras preocupações inerentes à profissão do magistério em
Moçambique: trabalhar em turmas superlotadas (de cerca de 70 alunos) com alunos em níveis
de aprendizagem diferenciados (problema acentuado com a promoção semiautomática), sem
material didáctico suficiente, em horários reduzidos.
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A diversidade e a heterogeneidade da população estudantil são a marca mais notória das


turmas. O professor tem de saber trabalhar na e com a diversidade de forma a elevar a
qualidade de ensino e de aprendizagem. Apesar do discurso pedagógico defender uma política
de reconhecimento e aceitação da diversidade, das diferenças culturais e do respeito ao outro,
as acções, efectivamente, levadas a cabo não foram ainda capazes de criar uma sociedade
mais igualitária e livre de preconceitos e estigmatizações étnicas, raciais, religiosas,
linguísticas, etc.

A grande vitória da nova visão educacional e cultural é que aparentemente a sociedade


moçambicana enfrenta a questão das diferenças culturais com menos tabus e subterfúgios.

Já se discute com maior abertura as assimetrias regionais, as desigualdades de oportunidades


de sexos questões de género e de classes sociais, a estigmatização de algumas práticas
culturais como os ritos de iniciação, a prática da medicina tradicional, a crença no
sobrenatural, etc., a incorporação do saber local e do conhecimento popular, do senso comum
na escola, etc.

Ao tratarmos da diversidade cultural fica difícil separar tal reflexão da questão da


desigualdade social, pois temos de reconhecer que as diferenças culturais são, muitas vezes,
socialmente marcadas. Diferentes classes sociais podem exibir traços culturais distintos
dependentes da sua situação sócio-económico.

A origem regional, étnica e racial, muitas vezes, pode estar associada à condição de classe
social, por exemplo, é raro encontrar em Moçambique Como proposto por ( Frederick
Erickson in: ERICKSON F. 1987). mendigo de raça branca ou indiana.

Por exemplo, os indivíduos analfabetos do meio rural possuem uma cultura africana mais
ancestral e são mais pobres do que os alfabetizados do meio urbano que possuem valores
culturais de carácter mais universal.

Ao tratarmos de diversidade cultural é difícil fechar os olhos à discriminação de raça, etnia,


género, idade, língua, culturas. Determinados grupos culturais como, as mulheres, os idosos,
os habitantes das zonas rurais estão mais marcados pela pobreza do que os outros grupos que
se encaixam melhor no modelo hegemónico. Existem desigualdades de oportunidades para as
crianças e jovens das zonas rurais. Eles estão em desvantagem em relação à alfabetização e à
progressão escolar porque há falta de escolas, porque as escolas estão distantes das zonas
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residenciais, porque a escola não consegue ser suficientemente significativa para as


necessidades da sua vida.

3. Conclusão

Chegado a este ponto o grupo conclui que, o conceito de antropologia cultural relaciona se ao
de ciências sócias, ao pretender conhecer o homem enquanto elemento integrante de um
grupos organizado, sendo assim, a cultura é inseparável da natureza humana, na medida em
que qualquer pessoa tem a capacidade de classificar experiencias, de as codificar. Por outro
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lado, enquanto expressões de pessoas vivendo em diferentes lugares, existem diferentes


culturas em diferentes regiões geográficas.

Portanto a palavra “cultura” é relacionada com um tipo específico de arte: a erudita. Além da
arte, a cultura também inclui o conhecimento, as crenças, a lei, a moral, os costumes
e hábitos de uma sociedade. Ou seja, todos que convivem com outros indivíduos em
comunidade são pessoas cultas. A cultura gera um sentimento de pertencimento e se relaciona
com valores, crenças e visões de mundo. Essa identidade cultural representa a memória do
povo durante muitos séculos e varia conforme o tempo.

A cultura tem uma série de características muito próprias, que revelam a sua grande
importância no contexto humano. Em primeiro lugar, a cultura é aprendida. É aprendida,
porque existe graças a um processo de transmissão de geração em geração e não existe
independentemente dos indivíduos. A aprendizagem da cultura começa a partir do
nascimento, e dá-se essencialmente por imitação dos outros. A cultura também é simbólica,
pois todas as culturas possuem símbolos que são compreendidos de modo semelhante por
todas as pessoas que as integram. É uma forma de comunicação, é uma rede de sentidos que
torna possíveis as relações pessoais. Tudo nas culturas é de carácter simbólico

Em Moçambique, sobretudo nas zonas urbanas lidamos com uma cultura híbrida que não é,
nem tipicamente africana, nem sequer, totalmente, européia. Ela também não é a justaposição
simples de duas culturas, ela tem traços africanos, mas também europeus e ela também é, ao
mesmo tempo, uma terceira cultura. A cultura urbana moçambicana encontra-se ao mesmo
tempo fora e dentro da cultura ocidental e da cultura autenticamente africana.

4. Referências Bibliográficas

 AMATTA, Roberto. Relativizando. Uma introdução à Antropologia Social. Rio de


Janeiro: Rocco, 1987.
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 Frederick Erickson in: ERICKSON F. Transformation and school success: the


politicsand culture of educational achievement. Anthropology & Education
Quarterly. Vol. 18 (4), 1987.
 LABURTHE, Philippe; WARNIER, Jean-Pierre. Etnologia-Antropologia. Petrópolis:
Vozes, 2003, 3ª edição.
 LARAIA, Roque de Barros. Cultura. Um conceito antropológico. Rio de Janeiro:
Zahar, 2009, 23ª edição.
 LARAIA, Roque de Barros. Cultura: Um conceito antropológico. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editor, 1997 [1986]. 11ª edição.
 MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zélia Maria Neves. Antropologia: uma
introdução; BOFF, Leonardo. Ética da Vida. Brasília: Letra viva, 2000, 2ª edição.
COLLIN, Denis. Compreender Marx. Petrópolis: Vozes, 2008. D
 MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zélia Maria Neves. Antropologia.
Uma introdução, São Paulo: Atlas. 2006, 6ª edição.
 MASSENZIO, Marcello. A história das religiões na cultura moderna. São Paulo:
Hedra, 2005.

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