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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO TOCANTINS/CAMETÁ


FACULDADE DE LINGUAGEM LÍNGUA PORTUGUESA

LETICIA DE SOUSA MARTINS

ASAS DA LITERATURA: a leitura literária como aprendizagem social transformadora no


contexto do CRAS/Cametá – PA.

Cametá (PA)
2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO TOCANTINS/CAMETÁ
FACULDADE DE LINGUAGEM LÍNGUA PORTUGUESA

LETICIA DE SOUSA MARTINS

ASAS DA LITERATURA: a leitura literária como aprendizagem social transformadora no


contexto do CRAS/Cametá – PA.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de


Graduação em Letras, habilitação em Língua Portuguesa,
da Faculdade de Linguagem Língua Portuguesa, Campus
Universitário do Tocantins/Cametá, Universidade Federal
do Pará, como requisito parcial à obtenção do título de
Licenciado em Letras Língua Portuguesa.

Orientador: Prof. Dr. Ivone dos Santos Veloso.

Cametá (PA)
2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO TOCANTINS/CAMETÁ
FACULDADE DE LINGUAGEM LÍNGUA PORTUGUESA

ASAS DA LITERATURA: a leitura literária como aprendizagem social transformadora no


contexto do CRAS/Cametá–PA.

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado


à obtenção do título de Licenciado em Letras Língua
Portuguesa e aprovado em sua forma final pelo Curso de
Graduação em Letras Licenciatura Língua Portuguesa, da
Faculdade de Linguagem Língua Portuguesa, Campus
Universitário do Tocantins/Cametá, UFPA.

BANCA AVALIADORA

Prof. Dr. Nome do orientador (Presidente)


FAL/CUNTINS/UFPA

Prof. Dr. Nome do avaliador (Membro interno)


FAL/CUNTINS/UFPA

Prof. Dr. Nome do avaliador (Membro externo)


Universidade ...

Cametá (PA)
2023
Para Fulano de tal.
AGRADECIMENTOS

A Fulano de tal.
“Não fui eu que ordenei a você? Seja forte e
corajoso! Não se apavore nem desanime, pois o
Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você
andar”
Josué 1:9 (ANO, p. N)
RESUMO

O presente trabalho investiga ... [este resumo deve conter de 150 a 500 palavras]

Palavras-chave: língua portguesa; ensino de língua; letras. [de 3 a 5 palavras-chave]


LISTA DE SIGLAS

MEC Ministério da Educação


TCC Trabalho de Conclusão de Curso
UFPA Universidade Federal do Pará
LISTA DE ABREVIATURAS

adj. Adjetivo
adv. Advérbio
conj. Conjunção
n. Nome
v. Verbo
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................13
2. A LEITURA LITERÁRIA COMO APRENDIZAGEM SOCIAL-
TRANSFORMADORA EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES.......................................16
3. ASAS DA LITERATURA NO CRAS DE CAMETÁ: FORMAÇÃO LEITORA E
CIDADÃ PARA CRIANÇAS E JOVENS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE
...................................................................................................................................................20
3.1.O CRAS/CAMETÁ: NOVA CAMETÁ.............................................................................................20
3.2. ASAS DA LITERATURA: PRÁTICAS DE FORMAÇÃO LEITORA E CIDADÃ........................................20
3.3. O ALÇAR DE VOO DA LITERATURA PARA ALÉM DO ESPAÇO ESCOLAR........................................23
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................25
REFERÊNCIAS......................................................................................................................26
APÊNDICE..............................................................................................................................27
APÊNDICE A – SEQUÊNCIA DIDÁTICA.....................................................................................27
APÊNDICE B – RESPOSTAS ESPERADAS DO FORMULÁRIO SOCIO-ECONÔMICO..........31
ANEXOS..................................................................................................................................34
ANEXO A – TEXTO 1: A HISTÓRIA DAS CRIANÇAS QUE PLANTARAM UM RIO, DE
DANIEL DA ROCHA LEITE...........................................................................................................34
ANEXO B – TEXTO 2: DA JANELA DE MINAS, DE NICOLE RODRIGUES...........................35
ANEXO C – TEXTO 3: A POESIA PEDE PASSAGEM, DE ELIAS JOSÉ...................................36
ANEXO D – TEXTO 4: QUEM É O BOTO COR DE ROSA, DE ÂNGELA FINZETTO............................37
ANEXO E – TEXTO 5: A LENDA DO BOTO, DE RONICLEI VIEIRA...................................................38
9

1. INTRODUÇÃO

O hábito de ler promove muitos benefícios para o desenvolvimento cognitivo no ser


humano, por isso, salienta-se a importância de estimular o indivíduo desde a infância a ter
gosto pelas leituras literárias. Além disso, toda história contada ao sujeito desde sua infância
contribui relativamente para o processo cognitivo e intelectual, pois possibilita o gosto pela
leitura e aproxima o indivíduo a ser um leitor critico na sociedade.
O autor Veloso (2006, p.3) afirma que “[...] a valorização do livro surge associada ao
fato de ser através dele que as crianças descobrem o prazer da leitura e desenvolvem a
sensibilidade estética”, desse modo observa-se sobre sua afirmação a necessidade de
apresentar livros na infância, pois acrescenta dizendo que trabalhar tal habilidade desde o
momento Pré-escolar, contribui significativamente para existir um sujeito crítico, pensante,
provocador de mudanças de sua própria realidade e construtor de uma sociedade forte, justa e
democrática. (VELOSO, 2006, p. 1)
Entretanto, Mello (2022, p. 3-4) aborda que ainda é possível perceber como a literatura
está inerte nas escolas, vista apenas como um objeto de estudo e não como uma prática social.
Ao adentramos nessa discussão, a realidade mostra que além da literatura ser trabalhada de
maneira deficiente em várias escolas do nosso país, em muitos casos ainda se apresenta
restrita para determinados grupos sociais, os quais dispõe de um poder aquisitivo baixo ou
estão em um estado de vulnerabilidade social, por isso encontram dificuldades para ter acesso
a livros.
Nessa linha de raciocínio, segundo a Fundo das Nações Unidas para a Infância
(UNICEF), há no Brasil 32 milhões de crianças e adolescentes vivendo em estado de miséria.
Acrescenta ainda que a situação se agrava quando concerne sobre os seguintes fatores:
alimentação, educação e renda. Com relação a essas áreas, entre 2020 e 2021, à proporção que
era de 16,1%, subiu para 25,7% das crianças e jovens restritos a alimentação. Já no campo de
alfabetização, dobrou o percentual na passagem do ano de 2020 para o 2022, isto é, passou de
1,9% para 3,8%. E no fator de renda nas famílias, acabou superando os 5 anos, porque em
2021 subiu para a estimativa de 16,1%, tendo em vista que, em 2017, era de 13,8%.
Como se pode perceber, tais considerações nos chamam a atenção de que o problema
da leitura e/ou o baixo número de leitores no Brasil não tem suas causas somente na falta de
formação de profissionais na área da docência, mas também em fatores ligados a questões
10

sociais e econômicas, como foi mencionado. Compreendemos, dessa maneira, o porquê do


quanto é discutido o processo de leitura no Brasil dentro da comunidade acadêmica. Além
disso, os dados vistos aqui, mostrada pela UNICEF, reforçou a fala de Mello quando diz que,
por conta dessa diferença social, a literatura chega a ser vista como um luxo para muitas
famílias no nosso país (MELLO, 2022, p. 4).
O interesse em propor esse projeto em espaços não formais partiu de duas concepções,
a de minha realidade com a leitura em espaços escolares e do projeto de extensão Janelas
literárias. Lembro de na infância ser apaixonada por leitura, independente do conteúdo que
fosse, menina do interior e de família humilde, busquei me segurar em livros didáticos
recebidos pela escola, essa paixão pelos livros começou desde criança, já que meus pais eram
incentivadores de proporcionar uma melhor educação, sempre contavam histórias todas as
noites, como forma de incentivar o processo de leitura, mesmo sendo desempregados nunca
nos deixaram faltar o necessário.
Entre esse meio de vida sempre tive o desejo de ter livros para ler, na época era difícil
o acesso a eles, pois na época meus pais eram providos apenas do benefício social e da
agricultura, no caso aquele auxilio apenas nos proporcionava o básico para sobreviver,
imagina para realizar um desejo de uma criança leitora que se confortava com apenas histórias
relatadas em livros didáticos.
Moradora de uma vila, nesse tempo não havia um espaço formal escolar e muito
menos biblioteca, se tinha, nunca fomos levados a conhecer o referido espaço por nenhum
professor. No ensino fundamental toda atividade era relacionada em apenas seguir o que a
escola pedia, deixando de lado a leitura e focando apenas em jogar atividades de perguntas e
respostas sem a obtenção de um entendimento sobre o que se era pedido, o famoso ensino
tradicional. Apenas nos enchiam de livros didáticos e muitas das vezes nem focavam nos
contos e poesias de alguns livros. Mesmo sem esse incentivo meus pais relatam de sempre me
encontrarem deitada em uma rede coberta por um lençol lendo um livro de História.
Já no ensino médio também não tive contato com livros literários, já que o estudo era
constituído por módulos e não havia tempo suficiente para repassar os conteúdos, imagina
para ter tempo de apresentar a leitura literária de forma ampla, além do professor convocado
para trabalhar com a disciplina Literatura, focar apenas em apresentar as escolas literárias e se
resumir apenas nisso.
11

Foi no ensino superior o maior contato com a leitura literária, no curso de letras língua
portuguesa que obtive o interesse em aproximar mais da literatura, pois as histórias contadas
por Machado de Assis, José Saramago e outros autores renomados que comecei a ver a leitura
não como apenas um mero texto onde se codifica as palavras, mas de ir além e conseguir
ampliar as expectativas do mundo de leitura para a nossa realidade e como ela consegue nos
formar em pessoas pensantes e críticos na sociedade.
Além, do ensino superior proporcionar todo esse caminho de conhecimentos foi pela
faculdade da UFPA do curso de letras de língua portuguesa, onde conheci o projeto
“JANELAS LITERÁRIAS” promovido pela Prof. Dr. Ivone dos Santos Veloso, que busca
levar a leitura literária para alunos, professores, gestores e toda a comunidade escolar. Assim,
por meio desse projeto tive o prazer de promover atividades com algumas crianças do CRAS-
Nova Cametá, no qual tive interesse grande em continuar trabalhando mais nesse ambiente
não-formal. Pois, a partir dessa experiência observei o quanto elas são desprovidas do contato
com o livro, crianças vulneráveis e sem condições de ter acesso aos livros literários,
relembrando a história vivida na infância.
Nessa perspectiva, ao constatar o quanto é relevante despertar o interesse pela leitura
literária, para auxiliar na formação de um pensamento crítico e moral na sociedade. Logo, faz-
se imprescindível desenvolver metodologias que sejam responsáveis pela construção
sistemática intelectual humana. Dessa maneira, a partir do projeto Janelas Literárias, essa
pesquisadora obteve contato com as crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade
do CRAS-Nova Cametá, e com isso observou através de algumas atividades proposta com
leituras literárias infanto-juvenis, a importância de introduzi-las em espaço não formal,
abrindo o seguinte questionamento: Quais estratégias de ensino de leitura literária que podem
contribuir para a formação leitora e cidadã de crianças e adolescentes em situação de
vulnerabilidade no contexto não escolar como o CRAS/Cametá?
Nessa construção, surgiu a proposta desse projeto de pesquisa, em fazer um estudo de
como o ensino de leitura literária pode contribuir para a formação leitora de crianças e
adolescentes em situação de vulnerabilidade em contexto não escolar. Uma vez que, esse
estímulo busca englobar tanto a leitura literária como o acesso a ela, em espaços além da
escola, propondo mediante leitura infanto-juvenis, contos e poemas, atividades lúdicas que
fomente o prazer pela leitura e a reflexão social que proporciona.
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Desse modo, o presente projeto de pesquisa teve como sujeito crianças e adolescentes,
em especial as que se encontram em estado de vulnerabilidade socioeconômica e, que se
enquadram na área de abrangência do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) do
Bairro Nova Cametá na cidade de Cametá (PA), onde foi aplicado o projeto de intervenção
pedagógica sobre leitura literária infanto juvenil. Visto que, de acordo com Nunes (2021, p.
12-13) a vulnerabilidade estabelecida como uma conjunção de debilidades não desencadeia
apenas a forma individual ou está fomentada apenas por uma única razão. Assim, segundo ela,
existem três tipos de vulnerabilidade: a individual, social e programática. Nesse caso, esse
trabalho direciona para a vulnerabilidade social, pois segundo Nunes (2021, p. 13)

A vulnerabilidade social resulta de diversos fatores que acabam colocando


grande parte da população em uma situação de exclusão social. Entre eles
podemos citar a questão racial, histórica, de gênero e orientação sexual,
condições de moradia, trabalho, pouco recurso financeiro, acesso à
educação. Engloba ainda os acessos a informações, serviços, a bens culturais
e saúde. Questões como essas fazem com que grande parte da população
sofra com falta de oportunidades e representatividade, acabando por viverem
em situação de fragilidade por não poder ter o mesmo acesso a recursos que
outros grupos sociais possuem. (NUNES, 2021, p. 13)

A metodologia caminhou-se pela abordagem qualitativa que buscou compreender o


processo de leitura com crianças e adolescentes em estado de vulnerabilidade, viabilizando o
contexto em que estão inseridos e as características da sociedade a que pertencem. Assim
sendo, essa modalidade dessa pesquisa caminhou-se pela pesquisa descritiva e explicativa,
visto que, ao mesmo tempo que irá descrever toda as particularidades do ambiente que agrega
as crianças e adolescentes, também buscará explicar o motivo dessas manifestações em seu
meio.
Caminhou-se pelo método indutivo, no qual parte da análise do ambiente e da
realidade do público-alvo, para expor um projeto que trabalhe nas problemáticas em um
espaço não formal. Ressalta-se que este se caracteriza, também, como uma pesquisa de
campo, no caso desse trabalho, o espaço será o CRAS/Cidade Nova/Cametá/PA, para ter
baseamento de como o lugar apresenta suporte para a composição entre o público e o
ambiente, com aplicação de questionário. No que concerne à natureza do estudo, esse trabalho
dirigiu-se pela pesquisa aplicada, com aplicação do plano de aula de atividades organizadas
em forma de sequência didática.
13

Aqui você pode utilizar parte do seu projeto de TCC, mas também sua própria experiência de leitura, como foram suas
primeiras experiências com a leitura literária, ainda no ensino fundamental, no ensino médio e na universidade. Tratar da sua
participação nos projetos de extensão e como isso te levou a questionamentos que te motivaram a realizar esta pesquisa.
Trazer as questões norteadoras que pretende responder a partir desse trabalho, bem como as hipóteses que foram levantadas.
Descrever a metodologia empregada e o modo como pretendemos dividir esse trabalho. Este tópico, provavelmente, pode ser
revisado ao final, tendo em vista o processo e os resultados que alcançaremos.
14
15

2. A LEITURA LITERÁRIA COMO APRENDIZAGEM SOCIAL-


TRANSFORMADORA EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES.

O texto de Antônio Candido apresenta uma reflexão sobre o direito a literatura,


proporcionando um olhar diferente para a vida social e o quanto a leitura literária está inerte
para uma camada da população. Para adentrar nessa discussão, o autor busca explicar que o
direito a literatura deve ser um direito para todos, e não para uma parcela da camada da
população, nesse caso necessita-se ser incluído no documento dos Direitos Humanos, por ser
algo indispensável para o indivíduo.
Desse modo, partindo da visão de Antônio Candido a leitura ainda é um desafio
enfrentado pela sociedade brasileira, nesse caso ao olharmos para a educação formal
observamos as dificuldades encaradas em relação a esse processo. Em ambientes não formais
essa situação se agrava mais, visto que a leitura literária não é trabalhada de forma ampla,
devido ao contexto social que o sujeito está inserido e a precariedade de acesso a esses
materiais.
A Constituição Federal afirma, a garantia dos direitos básicos e fundamentais para
todos os cidadãos brasileiros, como direito à moradia, alimentação, educação, entre outros.
Contudo, no capítulo "O direito à literatura" de Antônio Cândido, frisa-se uma importante
discussão sobre direito ao acesso às obras literárias e o quanto é imprescindível que este
privilégio seja alcançado de forma igualitária. Logo, faz-se a sugestão de que indivíduos
menos favorecidos tenham acesso à cultura erudita e não somente a cultura popular, pois a
distribuição desproporcional de bens no Brasil permite que poucos tenham contato com a
"boa literatura". Por isso, Antônio Cândido destaca que a Luta pelos Direitos Humanos é um
caminho que se evidencia por meio da literatura tal qual diversos escritores utilizaram a
literatura social para denunciar os infortúnios ocasionados, por exemplo, na primeira guerra
mundial.
Nesse sentido, percebe-se o quanto o direito à literatura se torna essencial para debates
políticos, sociais e culturais, admitindo que o acesso às obras literárias proporciona mudanças
revolucionárias. Pois a partir da visão de Cândido, a literatura: "ela é uma construção de
objetos autônomos como estrutura e significados; ela é uma forma de expressão, isto é,
manifesta emoções e a visão do mundo dos indivíduos e dos grupos; ela é uma forma de
conhecimento, inclusive como incorporação difusa e inconsciente." Cândido (2004, p.176)
16

A 5ª edição de 2019 do Projeto “Retratos da leitura no Brasil” abre uma pertinente


discussão sobre os diversos fatores que causam a redução de leitores brasileiros. Um desses
fatores diz respeito à vulnerabilidade socioeconômica dos grupos crianças e adolescentes no
processo da educação. Desse modo, para que essas pessoas tenham contato com a leitura
literária é imprescindível que a sociedade e as instituições de educação possibilitem esse
acesso com parcerias.
Analisando por outro ângulo, a literatura especializada mostra que, na área da
educação, existem três maneiras de levar o conhecimento, dos quais são: educação formal,
educação informal e educação não-formal. Podemos dizer, também, que essas ações podem
ocorrer de modo separadas, porém jamais independentes.
Educação formal se define como aquela que acontece dentro da escola-prédio, tanto do
âmbito público, quanto do privado. Trata-se de cursos de capacitação, formação continuada e
treinamento, etc., onde as atividades dos estudos acontece na maioria das vezes dentro de
quatro paredes escolares, por meio de livros didáticos, quadro brancos e etc.
De maneira sintética podemos dizer que a educação informal está vinculada ao
costume, proceder, experiências de vida, valores não intencionados e não oficializados. Já a
prática da educação não-formal ocorre no período oposto no qual está habituado a estudar.
Segundo Libâneo (2002, p. 8), a educação não-formal está relacionada às organizações
políticas, profissionais, científicas, culturais, agências formativas para grupos sociais,
educação cívica, etc., com atividades de caráter intencional. Esse tipo de educação está
ganhando espaço considerado no Brasil, principalmente no estado paulista onde obras sociais,
organizações não governamentais e instituições privadas e religiosas se preocupam com a
realidade social de crianças e adolescentes que vivem em condições socialmente precárias.
A prática da educação não-formal desenvolvida por diversas instituições, ocupam o
aluno com atividades produtivas e longe do tempo ocioso inverso ao escolar, onde um número
grande de crianças ficariam pelas ruas, sujeitas a conhecerem a realidade no país, como
drogas, cigarro e bebida. Ao contrário, a criança ou adolescente frequentadora de projetos
sociais tem a oportunidade de aprender uma profissão, pelo fato de que a maioria das
instituições e projetos de educação não-formal desenvolvem seus trabalhos por meio de
oficinas culturais, esportivas e profissionalizantes.1
1
RAMOS, Marcela Fernanda. Educação não formal: Pedagogia Social transformadora e Motivadora.
Disponível em: https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/%20educacao-nao-formal.htm . Acessado
em: 14/07/2023.
17

O filme "O menino que descobriu o vento", escrito e dirigido pelo Chiwetel Ejiofor,
retrata a história de William Kamkwamba, cujo maior objetivo era ter a possibilidade de
estudar, mas perante problemas financeiros, sua família se encontra sem condições para pagar
a mensalidade escolar. O interessante da trilogia dessa produção é a persistência do garoto em
querer progredir e ajudar a sua família, uma vez que o local está em seca e o pouco alimento
que lhe resta é roubado. Foi em meio a este caos que William Kamkwamba, mesmo sem
auxílio algum de projetos e governos, consegue através da vontade e resiliência mudar essa
história e, o primeiro passo para essa transformação foi utilizar a sua imaginação através de
livros para a criação do moinho de vento que bombeia água, por isso se tornou sujeito de
grande valia, não apenas da família, mas de uma sociedade do seu entorno.
O enredo dessa história real serve para mostrar o quão é grande a importância de
crianças e adolescentes terem acesso a livros em suas vidas, pois a prática da leitura abre
caminhos e traça meios de mudar realidade de indivíduos que vivem em estado de
vulnerabilidade social, ou apenas sobrevivem.
A leitura literária abre portas para a reflexão e a criticidade, principalmente, quando
trabalhadas com leituras infanto-juvenis, as quais conseguem mostrar uma realidade de forma
lúdica. Assim, Mello (2022, p. 35). aborda que “[...] resta buscar seduzir os leitores para o
universo da literatura, criando uma relação positiva, agradável, prazerosa e mesmo lúdica,
abrindo oportunidades para os alunos falarem e explicitarem sua subjetividade sobre as
leituras realizadas.”.
Esse autor nos faz compreender que a literatura é apontada como um artifício cultural,
que permite aproximação com o avanço do processo de ensino-aprendizagem em perfeição,
da emotividade, do foco em expressões cognitivos e linguísticos. Assim, facilitando que cada
indivíduo possa usar a sua imaginação para escapar da realidade que o oprime, ou até mesmo
mudá-la. Dessa forma, quantas mentes brilhantes como de William Kamkwamba estão
largadas e perdidas para o mundo, por falta de amparos governamentais ou projetos que
consigam ajudar nas suas transformações sociais para melhor.
Em entrevista para o jornal online Jornal Fato.com.br Claudia Ferreira, relata sobre os
vários projetos direcionado ao público infantil: "Nós sabemos que as crianças não têm acesso
18

aos livros em suas casas. Livro é caro! Por isso, todas as nossas ações são voltadas à
gratuidade desse material"2.
O poeta estadunidense Thoreau (2012) afirma que, “muitos homens iniciaram uma
nova era na sua vida a partir da leitura de um livro.” E se torna real quando vemos histórias e
filmes baseadas na realidade, da qual mostram a virada de vida que um livro é capaz de
proporcionar. Trago uma frase do artigo de Claudio Mello (2022, p. 42) que casa com esse
parecer: “Portanto, se queremos construir uma sociedade leitora, é fundamental que todos, não
só vinculados à área da educação, mas os cidadãos em geral valorizam a leitura prazerosa, a
leitura autêntica a que nos dedicamos porque temos necessidade de fazê-lo.”

“Nesse tópico você trará a discussão teórica sobre o direito à literatura (Antônio Candido), a
importância da leitura literária para a formação leitora e cidadã, e sobre os conceitos que
atravessam sua temática, tais como a formação literária em ambientes não- escolares, leitura e
vulnerabilidade social. Pode utilizar parte do seu projeto de pesquisa.”

2
Informações do site: https: https://jornalfato.com.br/cultura/-a-inclusao-literaria-de-criancas-em-situacao-de-
vulnerabilidade-social-,413390.jhtml
19

3. ASAS DA LITERATURA NO CRAS DE CAMETÁ: FORMAÇÃO LEITORA E


CIDADÃ PARA CRIANÇAS E JOVENS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE

Nesse trabalho foi possível trabalhar quatro livros literários infanto juvenis, com
intuito de proporcionar a essas crianças e adolescentes o contato com a leitura literária de
forma dinâmica e criativa, abordando a criatividade deles e aproximação com esse universo
de leitura.

3.1.O CRAS/CAMETÁ: NOVA CAMETÁ

A escolha do local surgiu a partir do contato com as crianças e adolescentes do CRAS


da Nova Cametá, decorrente do projeto de extensão Janelas Literárias coordenada pela Prof.
Dr. Ivone dos Santos Veloso, abrindo portas para a construção desse trabalho com a proposta
de integrar em espaços não-escolares o acesso à leitura literária.
Antes da criação do nome CRAS, em 1999 esse sistema era conhecido como Núcleo
de Apoio à Família (NAF). Por conseguinte, de acordo com o texto, O CRAS e a política de
assistência social, os autores Martins e Mazur discorrem sobre o surgimento do Sistema
Único de Assistência Social (SUAS), fundado no Brasil no ano de 2004, com o intuito de
presidir as tarefas, auxílios, planejamentos e projetos avançados na esfera social. Desse modo,
foi com a implantação desse sistema que foi pressuposto a introdução do Centro de
Referência de Assistência Social (CRAS) em todo o local nacional.
Em pressuposto, os autores atenuam que essas repartições tem como objetivos,
articular um quadro de acolhimento social básico para a vida de pessoas em estado de
vulnerabilidade social, violência e/ou social.
Ademais, segundo a Política Nacional de Assistência Social (PNAS), o CRAS é um
setor público que detém a função de trabalhar com grupo familiares e pessoas em sua
condição comunitária, tencionando a direção e a relação entre os dois estados, membro
familiar e social. É um dos sistemas que cria técnicas para aprimorar a situação de diferenças
gerais, neste centro projetam movimentos dirigidas aos cidadãos e famílias encontradas em
situação de vulnerabilidade, orientando sobre casos de perigo, por intermédio do avanço
capacidades, de aprendizagens e da consolidação de relações familiares e sociais.
20

A conjuntura deste trabalho traz o CRAS da cidade de Cametá/PA, nesse local os


designados cametaenses tem o direito de buscar o sistema para assessoria gratuita ou qualquer
pessoa brasileira.
Nessa perspectiva, consoante um relato de um dos responsáveis da implantação do
CRAS na referida cidade, tudo começou no ano de 2004, quando foi verificado na gestão da
época uma quantia em dinheiro aglomerado no NAF, desta maneira com ajuda de uma pessoa
de Brasília, foram instruídos a utilizarem esse valor para fundarem a casa da
família/cidadania, visto que esse projeto já era vigorado no Brasil, mas só obtiveram
conhecimento no ano de 2004. Visando, que nesse mesmo ano, no mês de junho, obtiveram
sucesso implantando a Casa da Família na R. Treze de Maio em frente ao banco do Brasil,
com o recurso do NAF.
Em síntese, nesse mesmo ano do mês de dezembro para janeiro, foi divulgado a
Política Nacional de Assistência Social (PNAS), no qual tiveram contato com esse novo
projeto, e ao conversarem com o prefeito e a primeira dama da época, os auxiliaram para a
implantação do primeiro CRAS, em março de 2005. Outrossim, ao terem descoberto o direito
que possuíam pelo tamanho do local, implementaram mais 5 unidades, ampliando o acesso
maior para os moradores.
Assim, segundo o dado estatístico sua população estimada em 2020 era de 139.364 do
município de Cametá, portando 5 setores: CRAS - centro de referência de assistência social -
núcleo Bairro Novo; centro de referência de assistência social - São Benedito; centro de
referência de assistência social - Baixa Verde; centro de referência de assistência social -
Nova Cametá; centro de referência de assistência social - Cidade Nova.
Nessa atribuição, obtive aquisição ao espaço e conhecimentos específicos sobre a
realidade dessas crianças e adolescentes em estado de vulnerabilidade social, a partir do
contato ao ambiente do CRAS- Nova Cametá.

Aqui vc apresenta o seu lócus de pesquisa, advindo do projeto de extensão Janelas literárias.
Faça um breve histórico sobre o surgimento do CRAS no Brasil, seus objetivos e função;
surgimento na cidade e nos bairros referidos. Traga dados quantitativos e qualitativos sobre o
público atendido.
21

3.2. ASAS DA LITERATURA: PRÁTICAS DE FORMAÇÃO LEITORA E CIDADÃ

A pesquisa, baseou-se em investigar como a leitura-literária é vista e trabalhada, uma


vez que o local comporta crianças e jovens de localização ribeirinhas e suburbanas, que
muitas vezes não possuem amparos financeiros para adquirir um livro.
Nesse contexto, para aplicação das atividades, fez-se necessário primeiramente
conhecer o ambiente onde comporta esse público, assim, foi observado que na área há uma
divisão de espaços para cada atendimento, visto que obtém o do Serviço de Convivência e
Fortalecimento de Vínculos (SCFV), na unidade do CRAS Nova Cametá, onde atendem as
crianças e adolescentes.
Muitas dessas crianças vivem uma realidade triste, sem acesso a uma boa educação,
sem um lar digno e principalmente sem acesso a livros, Candido (2004, p.191) afirma
dizendo, “Portanto, a luta pelos direitos humanos abrange a luta por um estado de coisas em
que todos possam ter acesso aos diferentes níveis de cultura.”, ou seja, são direitos tirados
dessas crianças, sem a oportunidade de mostrar para a sociedade o quanto são importantes,
existem leis que muitas das vezes são apenas colocados no papel, e a luta pelos direito de ter
um lar, alimentação, educação, também está ligado ao direito de ter acesso a todo tipo de
cultura.
Por esses motivos que muitas dessas crianças e adolescentes apresentam dificuldades
no processo da leitura, visto que o foco nas famílias são proporcionar o básico para a
sobrevivência, deixando a compra de livros literários para seus filhos como última opção ou
jogando a responsabilidade para a escola, que muitas das vezes também não proporcionam
projetos de leitura no ambiente escolar. Nesse caso, visando todo o contexto de falta de acesso
a livros literários e de projetos e metodologias para sanar parte dessa problemática, que tanto
o projeto de extensão JANELAS LITERARIAS da Prof.ª Dra. Ivone dos Santos Veloso, com
a pesquisa ASAS DA LITERATURA, promoveram um conjunto de atividades e doações de
livros para as crianças e adolescentes do CRAS Nova Cametá.
Dessa forma para compreender mais o contexto sobre o processo de leitura do
ambiente e do âmbito familiar e como esse grupo comporta na sociedade que foi feito um
questionário, no qual foi direcionado a coordenadora do CRAS, com as seguintes perguntas:
1. Nome completo e sua função no CRAS-Nova Cametá? 2. Qual foi a data da implantação
do CRAS-Nova Cametá nesse local? 3. O que é o SCFV e qual o seu objetivo e metodologias
22

trabalhadas com as crianças e adolescentes do CRAS-Nova Cametá? 4. Você acha que o


SCFV contribui para a formação das crianças e adolescentes na sociedade? 5. São
desenvolvidas atividades com familiares/responsáveis dos participantes dos grupos do
SCFV? Se sim, eles demonstram interesse em participar? 6. Qual é a realidade das crianças
e adolescentes no ambiente familiar? 7. Qual a realidade sócio econômica desse grupo? 8.
Quantas crianças recebem nesse espaço e qual as suas faixas etárias? 9. Qual as
dificuldades que essas crianças adolescentes têm para o acesso à leitura? 10. Quais motivos
faz com que essas crianças e adolescentes não tenha o acesso à leitura, visando a realidade
das crianças e adolescentes atendidas nesse local? 11. Qual o nível de leitura dessas
crianças e adolescentes? ( ) RUIM ( X ) REGULAR ( ) BOM ( ) EXCELENTE.
Com essas perguntas obtive repostas sobre a realidade dessas crianças e adolescentes,
que confirmaram toda problemática vivida por eles, que vai desde o local, família, escola e
sociedade. Foi confirmado que muitos indivíduos desse grupo, já sofreram violências e foram
tiradas de seu âmbito familiar, e outros forçados a trabalhar desde cedo para sobreviver.
Dessa maneira, segundo a resposta da coordenadora a realidade socio econômica é de
situação vulnerável, e que o acesso à leitura provém muitas das vezes dessa problemática, ou
seja, muitas dessas famílias não possuem condições financeiras para a compra de livros, além
desse grupo ter sido bastante afetado na pandemia por ficarem muito tempo fora da sala de
aula, fazendo com que fossem mais prejudicados. Outra questão é a dificuldade de participar
de projetos de leitura por causa do contraturno, dos problemas no processo da leitura, da
distância, além de outras estarem sendo acompanhadas por profissionais para entender melhor
a situação dessa mazela.
O CRAS- Nova Cametá já teve outros locais, mas hoje se encontra implantado no
bairro São Benedito, desde 2021. No referido local é comportado 50 crianças e adolescentes,
entre 7 a 14 anos, recebidos pelo SCFV visto que, é um serviço de intervenção social
planejada, no qual cria situação, estimula e orienta os usuários. Esse serviço trabalha com o
grupo nessa faixa etária e tem o objetivo de fortalecer as relações familiares e comunitárias,
criando metodologias que amplie as trocas culturais de vivencias entre as crianças e
adolescentes.
Assim, de acordo com a entrevistada ela confirma a importância do SCFV para essas
crianças e adolescentes, visto que é de grande importância para fortalecer laços familiares e
comunitárias para as famílias em vulnerabilidade.
23

Nesse cenário, o SCFV se faz de extrema importância para esse público, pois é onde
eles conseguem buscar muitas das vezes, carinho, compreensão e principalmente atenção. São
crianças e adolescentes que ainda estão em formação, com diferentes dons e capacidades,
prontos para serem descobertos. E foi nessa conjuntura de percepção das habilidades de cada
um desse grupo, que escolhi livros literários infanto juvenis, contos e poemas, ligados à sua
realidade, trabalhados de forma dinâmica e com atividades que despertassem seus dons e se
aproximassem da sua realidade cultural.
No texto, A formação do leitor de Vera Teixeira Aguiar, nos apresenta a seguinte
questão:

Os interesses variam, ainda, de acordo com o nível socioeconômico do


público leitor, observando-se o sucesso dos textos em que predominam os
ingredientes mágicos entre os estudantes menos favorecidos e a busca de
leitura engajada entre os privilegiados. A leitura vem satisfazer, em cada
grupo, um tipo de necessidade social: para os primeiros, supre carências e
aponta para um mundo melhor; para os últimos, serve de instrumento de
apropriação do real, de forma a favorecer a adaptação social e a promoção.
(AGUIAR, p, 114)

Ou seja, as preferências de leitura dependem muito do contexto em que o sujeito está


inserido, nesse caso o indivíduo menos favorecido são os que buscam textos com ingredientes
mágicos, como uma forma de escapar dos problemas vividos por eles e suprindo a
necessidade da carência pelo abraço do mundo imaginário despertado pela leitura literária.
Por esse motivo foi selecionado os livros literários infanto juvenis A poesia pede
passagem de Elias José; Da janela de Minas de Nicole Rodrigues Florentino; As crianças que
plantaram um rio de Daniel da Rocha Leite e Meus amigos Botos dos contos de Dona Onete,
porém esse último livro não foi possível a compra, pelo difícil acesso de encontrá-lo para a
venda, nesse caso foi trocado por outra obra de Ângela Finzetto, Quem é o Boto Cor de Rosa.
Cada livro proporciona reflexões sociais e trabalha com imagens ilustrativas, com uma fácil
leitura e compreensão, pois de acordo com Cruz3 (2017, p. 20) apud Cagnet (1996, p. 7) “A
literatura Infanto-juvenil é antes de tudo, literatura, ou melhor é a arte fenômeno de
criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde os sonhos e
a vida prática o imaginário e o real, os ideais e sua possível/impossível realização.”

3
Taísa de Maria Santos da Cruz. “A LITERATURA INFANTOJUVENIL COMO INSTRUMENTO DE
INCENTIVO À LEITURA” trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Colegiado do Curso de Letras da
Faculdade de Ciências da Linguagem da Universidade Federal do Pará, em Abaetetuba/PA, 2019.
24

Desse modo, para a aplicação foi utilizado o teatro com fantoches visando a variação
da idade das crianças e adolescentes e por ter constatado que algumas delas não soubessem
ler, uma proposta interativa que engloba a realidade desse grupo. Além, de atividades com
pinturas, rodas de conversas, criação de poemas e etc.

3.3. O ALÇAR DE VOO DA LITERATURA PARA ALÉM DO ESPAÇO ESCOLAR.

Em síntese, foi desenvolvido um projeto integrado que abrange uma sequência


didática, baseada na estrutura de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) “uma ‘sequência
didática’ é um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno
de um gênero textual oral ou escrito”, em contra partida o trabalho ficou sempre sujeito a
mudanças, com o objetivo de enlaçar a situação de cada indivíduo, esclarecendo que essa
proposta foi aplicada entre 6 etapas: apresentação da situação, produção inicial, módulos e
produção final. Cada passo dessa sequência didática foi dividido em momentos, com o intuito
de organizar o desenvolvimento das atividades durante a aplicação, como estão listados a
seguir.
1. Apresentação da Situação: Aconteceu no dia, 21/09/2023, divididos em três
momentos, o primeiro consistiu em apresentar a proposta do primeiro livro que seria;
Meus amigos Botos da coletânea dos contos de Dona Onete, mas por motivos de não
conseguir comprar o livro pelo difícil acesso de encontrá-lo para a venda, foi
substituído pelo livro Quem é o boto cor de rosa, de Ângela Finzetto, disponível na
internet. Essa obra foi impressa para que as crianças e adolescentes tivessem contato
maior entre o texto e as imagens presentes no livro, no qual apresenta uma narração de
fácil compreensão e descreve para o leitor toda a característica de como é o
personagem folclórico. Desta maneira, essa aplicação necessitou dos seguintes
materiais: Fantoches de meias, cenário feito de papelão, e o livro impresso. Assim,
nesse primeiro momento aconteceu um diálogo com as crianças e adolescentes, para
falar sobre a importância do teatro e a sua ligação com a literatura, e de como é
relevante essa cultura para a sociedade, visto que nesse dia estava na semana do dia do
teatro. Após essa conversa foi sucedida a leitura pela pesquisadora, que realizou a
leitura com uma tonalidade de voz clara e divertida, obtendo com sucesso a atenção
deles para a realização do último momento.
25

No segundo momento aconteceu a preparação das crianças e adolescentes para a


apresentação do teatro com os fantoches, como houve o diálogo sobre o dia do teatro,
foi importante trazer essa atividade lúdica para esse grupo conhecer a partir do contato
a importância dele em suas vidas, desde do cenário, enredo, personagens e toda a
estrutura que compõe a apresentação da peça teatral, e por serem crianças a inclusão
dos fantoches como personagens se torna imprescindível, pois não necessita decorar as
falas, uma vez que ficarão escondidos por traz do cenário. Nesse contexto, para a
proposta do tema foi tirada do aplicativo Scribd, A Lenda do Boto, de Roniclei Vieira,
um texto com falas regionais e de fácil acesso para ser trabalhado com esse público,
além da história ser pequena e engraçada.
Após, a apresentação do teatro realizamos uma roda de conversa para retomar sobre o
texto apresentado a eles, esse último momento tornou-se de grande valia para
compreender a importância de introduzir a leitura literária em espaços não formais
com crianças e adolescentes em estado de vulnerabilidade social. Em primórdio, a
pesquisadora juntamente com a profissional responsável por essa turma, narraram
histórias referente a lenda do boto contadas por alguém de suas famílias, em seguida
abrimos a discussão para as crianças e adolescente relatarem suas experiências com
esse texto, foi o momento único para cada um deles, pois foi perceptível o entusiasmo
em apresentar a sua história para o que estavam presente.
Desta maneira, observou o quanto esse texto os aproximou de suas realidades, cada
um deles sempre tinha algo para relatar, as pessoas mais citadas eram sempre os avós
que ao anoitecer sempre reunia a família para esse momento único, ao encerrar essa
aplicação tive o comentário de uma criança que disse sentir falta das histórias contadas
pela sua avó.
2. Produção inicial: No dia, 5/10/2023, foi trabalhado o segundo livro da Janela de
Minas de Nicole Rodrigues Florentino promovido pelo banco Itaú através do
programa “leia para uma criança”, nesse primeiro momento, ocorreu a leitura
proferida pela pesquisadora, com uma leitura clara, emocionante e divertida, buscando
sempre tomar a atenção do público. Essa obra apresenta um conjunto de fatores que
desencadeia uma realidade vivida por muitos deles, é uma narrativa composta por
poemas que demostram a beleza da cidade de Belo Horizonte (MG) vista pela janela
de uma criança, ao mesmo tempo que incita a criatividade, este livro demonstra as
26

duras cenas da realidade vividas do outro lado da janela por outro sujeito. Os materiais
utilizados foram, Folha A4, lápis, lápis de cor, borracha e uma janela feita de papelão,
mais o livro dessa aplicação, que foram impressas duas cópias.
Segundo momento, constituiu-se na realização da leitura pelas crianças e adolescentes
para uma maior aproximação com o texto e as imagens. Para essa ação foi posto uma
janela feito de papelão e em seguida escolhido uma criança para realizar a leitura da
visão da janela e os demais foram postos fora da janela para lerem e perceberem a
dura realidade vivida pelos sujeitos fora da janela, pondo o contraste de vidas de cada
personagem da história, a ideia era conseguir repassar que muitas das vezes a sua
realidade não é a mesma das outras pessoas, desse modo os preparando para o debate
final que aconteceu após essa atividade.
Terceiro momento, aconteceu o diálogo sobre o texto, em primórdio a pesquisadora
fez uma pergunta sobre o que a leitura teria despertado neles, os motivando para
falarem. A discussão era sempre ampla, todos sempre tinham a relatar algo, nesse
contexto foi observado que as crianças menores eram as mais promissoras nesses
momentos, pois como a atenção pairava sobre eles mais queriam expor suas ideias.
Contaram, desde as violências presentes em seus bairros, como a insegurança de
brincar, a realidade de algumas crianças não terem um lar e do esforço de seus pais em
trabalharem para sustentar a família, despertando-os para a realidade no qual muitos
vivem na sociedade, ou seja, grande parte deles convivem nesse mundo cheio de
problemas sociais. E por final eles produziram um desenho, revelando a vista de sua
janela e proporcionado a descoberta de muitos dons.
3. Módulo 1: Nesse dia, 05/10/2023, no turno da tarde ocorreu a apresentação do terceiro
livro, A poesia pede passagem de Elias José. Para essa aplicação foram impressas
algumas imagens do livro e outras do google, essas ilustrações foram penduradas em
um fio e expostas para as crianças e adolescentes observarem, como o livro era físico
foi passado pelas mãos das crianças para que tocassem e sentissem cada detalhe desde
da capa e páginas, visualizando os textos e como estavam estruturados. Desse modo,
essa proposta promoveu uma reflexão sobre o que é a poesia, pois ela não estabelece
apenas a escrita, mas uma série de fatores que extrapolam a própria literatura.
No segundo momento, a pesquisadora discorreu um pouco sobre a importância da
poesia e como ela faz parte do nosso dia a dia, em seguida as crianças e adolescentes
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foram convidados para observarem cada imagem penduradas no local, após esse ato
foi perguntado se alguém poderia vim até na frente para a realização da leitura, e
assim se deu a dinâmica até finalizar a recitação de todos os poemas que estavam
expostos para eles. Essa atividade proporcionou a reflexão do público alvo,
percebendo que a poesia está presente em qualquer lugar desde pinturas, desenhos,
escrita, dança e etc., e qualquer um deles poderiam criá-la.
Terceiro momento, encerramos com a seguinte proposta, a criação de uma poesia
construída a partir da pergunta: “O que é amor para você?”. No início foi um pouco
complicado, visto que a turma da tarde é composta por uma grande quantidade de
participantes, para isso tive que organizá-los em grupo para que todos tivessem a ajuda
necessária, principalmente aqueles que não sabiam escrever, auxiliando-os para serem
incluídos na atividade. A seguir, foi feito a junção das frases pela pesquisadora e lido
para os que estavam presentes, o olhar de satisfação deles foi o desfecho de mais uma
etapa concluída com sucesso.
4. Módulo 2: Esse primeiro momento aconteceu no dia, 17/10/2023, com a introdução do
último livro, A história das crianças que plantaram um rio de Daniel da Rocha Leite.
Esse episódio, consistiria na exposição das imagens presentes no livro por meio de um
Data Show, porém não foi possível pela falta do equipamento, nesse caso, optamos em
mostrar as imagens por meio do livro, passando de mãos em mãos. Além disso, foi
feito perguntas as crianças e adolescentes, com o intuito de saber se aquelas imagens
os lembravam de uma memória afetiva familiar, no qual tivemos a resposta imediata
do sim. Essa aplicação, foi exclusivo para trabalhar com as crianças e adolescentes a
ligação do texto com as imagens presentes, despertando neles todo um contexto da
realidade da seca dos rios, por conta das várias poluições feita pelo homem. Por esse
motivo, foi necessária essa primeira leitura ser proferida pela pesquisadora, para um
maior entendimento de todos.
No segundo momento, foi dividido a leitura entre 3 crianças que sabiam ler, enquanto
os demais ficaram com os desenhos postos em palitos de picolé relacionado a cada
passagem da história, para assim acompanhar a leitura com atenção. Então quem
estivesse com o desenho que se encaixava com o trecho lido levantava para todos
verem. Após, a dinâmica conseguimos ter um diálogo muito emocionante, pois essa
história conseguiu desencadear lembranças vividas por eles quando visitavam seus
28

parentes ribeirinhos, em um dos relatos feito por uma das crianças, disse que lembra
de todos sentarem a frente da casa de sua avó para escutar as histórias contadas por
ela, além de perceber que no local as estrelas eram mais brilhantes do que em Cametá.
Expressaram também a importância da preservação dos rios,
Esse terceiro momento, focou em buscar os dons e capacidades de cada criança e
adolescente através da criação de elementos presentes no texto, desse modo eles
conseguiram construir juntamente com as orientações da pesquisadora, um rio feito de
papel crepom e peixes de EVA, colados em uma cartolina, também foi construído um
casco de papelão, uma arvore de açaí e o desenho dos personagens da avó e do
menino, porém pelo tempo já ter se esgotado não foi possível realizar essa atividade,
juntamente com a proposta de fazer alguma criação de algo que os lembrassem do
local onde moram. Atenuando, que essa atividade foi trabalhada tanto no turno da
manhã como a tarde, cada passo aqui descrevido foi trabalhado da mesma maneira
com todos, apenas os relatos das suas perspectivas que mudavam, mas sempre estava
em torno da história.
5. Módulo 3: Essa aplicação seria trabalhada exclusivamente em um único momento,
pois seria apenas uma preparação das crianças e adolescentes para o trabalho final da
exposição de suas produções dos 4 livros aplicados na praça localizada a frente da
escola Santa Terezinha, com criações de fantoches, pinturas relacionadas a poesia,
ensaio de apresentação de dança (caso aceitassem), ensaio para a leitura de poesias e
de apresentação do teatro com os fantoches. Mas, devido algumas situações de
mudança no CRAS-Nova Cametá, não foi possível reunir essas crianças e
adolescentes, forçada a mudar algumas coisas para a aplicação do último dia.
6. Produção final: Em primórdio, faz-se necessário compreender que para essa última
apresentação, não foi possível seguir algumas atividades planejadas. Desse modo, essa
etapa destinou-se para a exposição da atividade final que constituiu em uma exibição
na praça em frente à escola Santa Terezinha dos quatros livros trabalhados nas oficinas
com as crianças e adolescentes: Quem é o Boto Cor de Rosa, de Ângela Finzetto; Da
janela de Minas, de Nicole Rodrigues Florentino; A poesia pede passagem, de Elias
José; A história das crianças que plantaram um rio, de Daniel da Rocha Leite. O
espaço estava todo decorado para mostrar as obras trabalhadas e ficou aberto ao
público, com esse fim, a apresentadora criou um cartaz no aplicativo canva para
29

divulgar essa produção final, com o intuito de chamar toda a comunidade local e
escolar para apreciar esse momento literário. Houve uma gaiola pendurada cheia de
trechos de poesias e poemas com a seguinte frase “Liberte uma poesia” para quem
tivesse o interesse de ler, criação de uma asa colocada atrás da palavra literatura, feitas
de isopor, para dar ênfase a essa pesquisa “Asas da literatura”, foram colocados todos
os objetos produzidos pelas crianças e adolescentes e mais as imagens imprimidas
relacionadas ao livro A poesia pede passagem de Elias José. O objetivo do evento foi
especificamente apresentar a literatura infanto-juvenil para todos os públicos, em
especial, aquelas pessoas que não tiveram e/ou não tem nenhum contato com livros
literários.
Nesse cenário, foi planejado que nesse primeiro momento seria aberto com uma
apresentação musical e, em seguida a pesquisadora desse trabalho discorreria acerca
do propósito dessa ocasião, bem como sobre a importância da leitura literária na vida
de crianças e adolescentes em espaços não formais. Além disso, apresentaria através
de slide trailers de dois filmes – O menino que descobriu o vento, de Chiwetel Ejiofor
e Mãos talentosas: A história de Bem Carson, de Thomas Carter, para mostrar que a
leitura dá novos rumos para mudança de sua realidade social, com o intuito de chamar
atenção para o público presente. Após isso, a pesquisadora convidaria o público para
visitar a exposição dos livros, que estaria organizado em barracas. Porém, por não ter
conseguido alguém para cantar no evento essa opção da apresentação musical logo foi
descartada, a falta de equipamentos fez também com que descartasse a exibição dos
vídeos e por não ter conseguido as barracas, utilizei mesas da escola EMEIF Santa
Terezinha.
Nesse contexto, seguimos para o segundo momento, no qual ocorreu apenas as duas
apresentações do teatro com fantoches, que foram realizadas uma pelas crianças e
adolescentes do CRAS - Nova Cametá e outra por alguns discentes da UFPA. Cada
teatro teve um tema especifico, mas os dois retravam lendas regionais – um apresentou
A Lenda do Boto, de Roniclei Vieira e o outro Lendas da Amazônia de Tatiane Santos,
para a atividade ficar mais divertida encaixamos as seguintes músicas para as entradas
dos personagens, No meio do pitiú e Boto namorador de Dona Onete, Boiúna de Boi
Bumbá Caprichoso o Curupira da turma do folclore.
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No terceiro momento, ocorreu o final do evento que em princípio seria apresentado ao


público um vídeo produzido por alguns discentes do curso de Letras -Língua
Portuguesa 2019, na disciplina Oficina de Ensino da Literatura, sobre o livro A
história das crianças que plantaram um rio, de Daniel da Rocha Leite. O vídeo retrata
de forma poética o contrato entre a beleza da natureza e a realidade vivida no local
descrito no livro, mas foi descartado pela falta do equipamento. Assim, convidamos as
crianças e adolescentes presentes para receberem os livros doados, elencando que para
essas doações a pesquisadora criou um cartaz feito no canva divulgando as
informações precisas sobre o pedido e o local de onde poderia deixar o livro, para
recepção dos livros foi decorado com caixotes de madeira e um cartaz sinalizando a
deixa de sua contribuição, tudo isso aconteceu meses antes, conseguindo acumular
muitos livros literários infanto-juvenis, assim contemplando todos presentes com 2 a 3
livros. E por fim foi encerrado a programação agradecendo pela presença de todos no
espaço e pelo momento vivido com as crianças e adolescentes do CRAS - Nova
Cametá.

As etapas aplicadas acima, teve suas concretizações e impasses. Em alguns momentos


de aplicabilidades dos livros, ocorreram os entraves, o primeiro dia conseguiu seguir os três
momentos, o único obstáculo foi não ter conseguido o livro da Dona Onete, mas logo foi
solucionado com a proposta do segundo livro de Ângela Finzetto, não mudando nada para a
introdução da literatura. Na segunda apresentação, ocorreu a demora da chegada das crianças
e adolescentes, mas felizmente não atrapalhou a realização das atividades, visto que a
mediadora esperou até chegarem alguns deles.

Através da linguagem literária é possível amplificar a competência de captar o mundo,


pois estamos rodeados sempre de novos dialetos, de certo modo desenvolvendo um
conhecimento maior de aprendizagem. Assim, conforme Amorim, nos abre um ponto
importante sob sua perspectiva da importância da leitura literária.

A leitura de textos literários procura-se ler e compreender o significado dos


textos, levando em conta as relações daquele texto com outros do mesmo ou
de outros autores, com a época em que foi escrito, com a atualidade,
propiciando a capacidade de ler, refletir, pensar; mas é também sentir,
emocionar-se apurar a sensibilidade, sonhar. (AMORIM, 2010)
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Principalmente quando trabalhadas com atividades lúdicas, como apresentadas acima,


despertando vários sentidos, rompendo todo princípio que os afastava desse universo literário.
Nesse viés, foi perceptível o foco das crianças e adolescentes serem restritamente tomadas
pela leitura, proporcionando a eles a reflexão, questionamentos, ideias e aprendizado de todos
os livros exposto nas etapas.
À vista disso, é de suma importância saber escolher livros que aproxime da realidade
deles, pois ao trazer leituras dessa magnitude, obtiveram o espirito do entusiasmo e da
curiosidade, os despertando para refletir sobre o contexto da história com a sua realidade.
Em princípio, a experiência de se trabalhar com as crianças e adolescentes em
vulnerabilidade, oportunizou conhecer sobre suas realidades, além de abrir novos
conhecimentos tanto como formação educacional como social, pois cada método aplicado
desenvolvia um ensino e aprendizagem diferente e desconstruía tanto o repertorio deles como
da mediadora...................

Descrever o passo-a- passo da pesquisa, os questionários, a seleção e a dos textos, a organização em


sequências didáticas, o relato das experiências analisando as estratégias aplicadas, verificando sua
viabilidade, seu alcance, participação, dificuldades e avanço no processo de formação leitora e cidadã.
Retomar sempre aspectos teóricos discutidos anteriormente
32

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Parte final do texto, na qual são apresentadas conclusões correspondentes aos objetivos
e/ou às hipóteses. É o fecho do trabalho. Nessa parte, explicitamos a resposta à pergunta do
problema de investigação, bem como possíveis limitações do estudo. A conclusão deve ser
breve. Visa a recapitular, sinteticamente, os resultados da pesquisa feita, evidenciando qual ou
quais hipótese(s) do trabalho se confirma(m) e o porquê. Ao escolher um tema para trabalhar,
é preciso que o pesquisador faça um inventário do conhecimento disponível e proceda a uma
triagem daquilo que pode ser útil para explicar a nova situação proposta. Nem sempre uma
conclusão é uma resposta final e acabada a um problema. Ao contrário, boas conclusões
devem deixar “portas abertas” para novas propostas de pesquisa em torno do tema estudado,
além de evidenciar que contribuições o estudo proporcionou no âmbito acadêmico, no
profissional e para a sociedade. Devem ser apontadas as dificuldades que tenham sido
responsáveis ou por limitar o alcance das conclusões do estudo, ou por determinar opções de
trabalho, ou qualquer outra que tenha contribuído para dar cunho particular ao estudo,
dificuldades essas que poderão, inclusive, ser revistas em trabalhos futuros.
33

REFERÊNCIAS

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CARVALHO, Helba. (Con) fabulando na praça: a criação de espaços literários e lúdicos no


festival do livro e da literatura de são miguel paulista. Linha d'água, São Paulo, v. 30, n. 2,
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34

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Itinerários no Pensamento Social e na Literatura. 2. ed. rev. atual. São Paulo: Paz e Terra,
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científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo,
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em: www.casadaleitura.org/portalbeta/bo/abz_indices/000714_LL.pdf. Acesso em: 07 jul
2023.

REFERENCIAS DOS TEXTOS


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APÊNDICE

APÊNDICE A – SEQUÊNCIA DIDÁTICA

APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO
Primeiro momento: Apresentação do primeiro livro regional intitulado Quem é o
Boto Cor de Rosa, de Ângela Finzetto, para que o público alvo da pesquisa o conhecesse e
obtivesse interesse e maior compreensão sobre conteúdo. Além disso, realizaremos
comentários sobre o dia do teatro e como essa arte está ligada a literatura, pois no dia
previsto para a aplicação dessa primeira etapa será o dia mundial do teatro no Brasil.
Segundo momento: Na sequência, realizaremos uma atividade lúdica que consiste
na apresentação de um teatro de fantoches sobre a peça teatral a Lenda do Boto, de Roniclei
Vieira, que está disponível no aplicativo de livros Scribd. Essa atividade irá ser proposta
para que crianças e adolescentes do CRAS-Nova Cametá participem como as personagens.
Terceiro momento: Após o teatro de fantoches, retornaremos ao primeiro livro
literário apresentado, para realiza-se perguntas sobre a obra, com o objetivo de aguçar a
leitura literária das crianças e adolescentes. Em seguida abriremos espaço para que eles
relatem histórias contadas pelos seus familiares sobre o boto ou outras lendas.
PRODUÇÃO INICIAL

Primeiro momento: Apresentação do segundo livro, Da janela de Minas, de


Nicole Rodrigues Florentino, promovido pelo banco Itaú através do programa “leia para
uma criança”. Essa obra é composta por poemas que demostram a beleza da cidade de Belo
Horizonte (MG) vista pela janela de uma criança, ao mesmo tempo que pondera a
criatividade, demonstra as duras cenas da realidade vividas do outro lado da janela por
outro sujeito.

Segundo momento: Após a primeira leitura realizada pela pesquisadora, será a vez
das crianças e adolescentes lerem o livro, para que tenham contato com o texto e as
imagens ilustrativas. Nessa atividade será posta uma janela feita de papelão para representar
as visões opostas descrita na obra – de um lado será lido o poema da visão bela do lugar e
de outro da dura vida que algumas pessoas vivem, o objetivo é mostrar a moral que a leitura
nos quer expressar com intuito de ver que muitas vezes a vista de algumas pessoas não são
36

as mesmas de outras.
Terceiro momento: Acontecerá um diálogo sobre a leitura do livro e da perspectiva da
dura realidade vivida por algumas pessoas. Nesse momento, as crianças irão fazer um
desenho como é a realidade vista de sua janela.
MÓDULO 1
Primeiro momento: Apresentação do terceiro livro, A poesia pede passagem, de
Elias José. Nesse momento, o local estará todo decorado de poesias e imagens relacionadas
ao livro, terá várias poesias e poemas pendurados, haverá pinturas, palavras únicas e etc.
Essa proposta tem o intuito de promover uma reflexão sobre o que é a poesia, pois ela não
estabelece apenas a escrita, mas uma série de fatores que denominam de fato a literatura.
Segundo momento: Após observarem cada detalhe presente no espaço, acontecerá
recitação de algumas poesias presentes no livro – na obra o autor faz comentários sobre
cada poesia e poema, esse momento será realizado pelas crianças e adolescentes do CRAS -
Nova Cametá. O objetivo é fazê-los perceberem que a poesia está em todo lugar e surgi das
junções de várias palavras.
Terceiro momento: Após a apresentação do livro as criança e adolescente irão
realizar uma atividade que consiste na criação de um poema, construído a partir das
respostas dadas da seguinte pergunta “O que é amor para você?”, cada uma delas escreverá
uma frase que representará a sua resposta sobre a pergunta. Cabe ressaltar, caso um deles
presentes não saiba escrever, a pesquisadora os auxiliará na escrita, além disso eles
receberão uma folha de papel sulfite A4 para a escrita. Ao final de suas respostas, haverá a
junção das frases e ocorrerá a leitura da poesia construído.
MÓDULO 2
Primeiro momento: Apresentação do quarto e último livro, A história das crianças
que plantaram um rio, de Daniel da Rocha Leite. Esse momento, consistirá na exposição
das imagens presentes no livro por meio de um Data Show. Além disso, será feito perguntas
as crianças e adolescentes, com o intuito de saber se aquelas imagens os lembram de uma
memória afetiva familiar.
Segundo momento: Nessa etapa será realizada a leitura do livro com a ajuda das
crianças e adolescentes que sabem ler. Nesse processo, será entregue as outras crianças
desenhos relacionado ao livro posto em palitos, assim de acordo com a leitura levantarão as
imagens para indicar cada passagem da história. Essa dinâmica tem o intuito de pregar a
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atenção deles no momento da leitura.


Terceiro momento: Ao final, iremos construir alguns elementos presentes no livro,
como: casas de palito de picolé; um rio de papel crepom; peixes na cartolina; árvores de
açaí; e a pintura do desenho da avó e o menino da história. Além do mais, se caso eles
queiram fazer alguma criação de algo que os lembrem o local onde moram, faremos juntos.
MÓDULO 3

Único momento: Esse dia será exclusivamente para a preparação de suas


apresentações dos 4 livros para a exposição final na Praça localizada a frente da escola
Santa Terezinha, com criações de fantoches, pinturas relacionadas a poesia, ensaio de
apresentação de dança (caso aceitem), ensaio para a leitura de poesias e de apresentação do
teatro com os fantoches.

PRODUÇÃO FINAL
Essa etapa será destinada para a apresentação da atividade final que constituirá em
uma exposição na praça em frente à escola Santa Terezinha dos quatros livros trabalhados
nas oficinas com as crianças e adolescentes: Quem é o Boto Cor de Rosa, de Ângela
Finzetto; Da janela de Minas, de Nicole Rodrigues Florentino; A poesia pede passagem, de
Elias José; A história das crianças que plantaram um rio, de Daniel da Rocha Leite. O
espaço estará todo decorado para a exposição dos quatro livros trabalhados e será aberto ao
público local, haverá uma gaiola pendurada cheia de trechos de poesias e poemas com a
seguinte frase “Liberte uma poesia” para quem tiver o interesse de ler. O objetivo desse
evento é especificamente apresentar a literatura infanto-juvenil para todos os públicos em
especial aquelas pessoas que não tiveram e/ou não tem nenhum contato com livros
literários. Além disso, ocorrerá distribuição de livros infanto-juvenil que serão de doações
realizadas.
Primeiro momento: O evento será aberto com uma apresentação musical e em
seguida a pesquisadora desse trabalho discorrerá acerca do propósito desse momento, bem
como sobre a importância da leitura literária na vida de crianças e adolescentes em espaços
não formais. Além disso, apresentará através de slide trailers de dois filmes – O menino que
descobriu o vento, de Chiwetel Ejiofor e Mãos talentosas: A história de Bem Carson, de
Thomas Carter, para mostrar que a leitura dá novos rumos para mudança de sua realidade
social, com o intuito de chamar atenção para o público presente. Após isso, a pesquisadora
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convidará o público a visitar a exposição dos livros, que estará organizada em barracas.
Segundo momento: Em seguida, haverá duas apresentações de teatros que serão
realizadas uma pelas crianças e adolescentes do CRÁS - Nova Cametá e outra pelos
discentes do curso de Letras -Língua Portuguesa 2019 da UFPA. Cada teatro terá um tema
especifico, mas os dois retrataram lendas regionais – um apresentar a lenda do boto e o
outro apresentará outras lendas regionais.
Terceiro momento: Ao final do evento será apresentado ao público um vídeo
produzido por alguns discentes do curso de Letras -Língua Portuguesa 2019, na disciplina
Oficina de Ensino da Literatura, sobre o livro A história das crianças que plantaram um
rio, de Daniel da Rocha Leite. O vídeo retrata de forma poética o contrato entre a beleza da
natureza e a realidade vivida no local descrito no livro. Para encerrar a pesquisadora
agradecerá pela presença de todos no espaço e pelo momento vivido com as crianças e
adolescentes do CRÁS - Nova Cametá.

Fonte: Elaboração própria da autora.


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APÊNDICE B – RESPOSTAS ESPERADAS DO FORMULÁRIO SOCIO-ECONÔMICO


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APÊNDICE C – ATIVIDADES REALIZADAS PELAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES


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APÊNDICE D – IMAGENS DAS PRODUÇÕES DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES


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ANEXOS

ANEXO A – TEXTO 1: A HISTÓRIA DAS CRIANÇAS QUE PLANTARAM UM RIO, DE


DANIEL DA ROCHA LEITE
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ANEXO B – TEXTO 2: DA JANELA DE MINAS, DE NICOLE RODRIGUES


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ANEXO C – TEXTO 3: A POESIA PEDE PASSAGEM, DE ELIAS JOSÉ


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ANEXO D – TEXTO 4: QUEM É O BOTO COR DE ROSA, DE ÂNGELA FINZETTO


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ANEXO E – TEXTO 5: A LENDA DO BOTO, DE RONICLEI VIEIRA

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