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HISTÓRIA DO

AMAZONAS
História do Amazonas: Colônia

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
HISTÓRIA DO AMAZONAS
História do Amazonas: Colônia
Daniel Vasconcellos

Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................3
História do Amazonas: Colônia.................................................................................................................................9
1. História do Amazonas: Colônia. . ...........................................................................................................................9
1.1. As Sociedades Indígenas na Época da Conquista..................................................................................9
1.2. Conquista e Colonização....................................................................................................................................21
1.3. Amazônia Pombalina:. . .........................................................................................................................................51
Resumo................................................................................................................................................................................68
Mapas Mentais. . ...............................................................................................................................................................71
Questões Comentadas em Aula.. ........................................................................................................................... 73
Exercícios............................................................................................................................................................................80
Gabarito............................................................................................................................................................................... 93
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................94

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HISTÓRIA DO AMAZONAS
História do Amazonas: Colônia
Daniel Vasconcellos

Apresentação
Olá, querido(a) aluno(a), tudo bem?
O Governo do Estado do Amazonas publicou três editais, no último dia 03 de dezembro,
com abertura de concurso público para a Secretaria de Segurança Pública, a Polícia Militar e
o Corpo de Bombeiros Militar. De uma só vez, abriram a oportunidade para que você concorra
a vários cargos e, o melhor, com o conteúdo de História do Amazonas comum a todos eles.
Trata-se de uma excelente chance para que você consiga a tão sonhada aprovação, a esta-
bilidade empregatícia e toda a gama de vantagens que poderá valer-se na condição de servidor
público do Estado do Amazonas. Não é mesmo uma boa notícia?
Nesse sentido, ao elaborar esse material, o objeto primordial é que você alcance plenas
condições de GABARITAR QUESTÕES DE HISTÓRIA DO AMAZONAS.
A organização do certame é de responsabilidade da FGV – Fundação Getúlio Vargas, uma
das mais tradicionais do país, o que favorece o melhor entendimento de como os conteúdos
deverão ser abordados.
Assim, nosso curso será inteiramente focado na FGV. Apesar de serem raras as questões da
FGV que abordam o conteúdo de História do Amazonas listado nos editais para estes concursos,
existem provas anteriores de outras bancas e da própria FGV para outros cargos de outros esta-
dos que guardam semelhança com os editais recentes. Mas não se preocupe, abordarei a forma
como os conteúdos serão cobrados e alguns “macetes” para que você, querido(a) aluno(a), con-
siga resolver com tranquilidade e confiança as questões sobe a História do Amazonas.
Devemos ressaltar que a FGV é uma banca habitual na elaboração das provas de con-
cursos para todo o país, tanto para órgãos públicos, quanto para a iniciativa privada e outras
organizações, deixando um vasto banco de dados para estudo. Nesse sentido, poderemos
analisar, em detalhes, as questões de História do Amazonas produzidas pela FGV. Além disso
utilizaremos questões de outras bancas que se assemelham ao “modelo” cobrado na prova,
sempre com uma abordagem coerente com o conteúdo listado no edital.
Por falar em conteúdo, o edital valoriza, e muito, a tão rica e significativa História do Ama-
zonas. Não é para menos. Registros de povoamento na região remontam pelo menos 11.200
anos. A região foi motivo de disputas entre espanhóis, portugueses e, mais tarde, entre Brasil e
Bolívia. Tão importante a ponto de influenciar os destinos do país, os destinos de países euro-
peus. Realmente, não é para menos! Daí a necessidade de esmiuçarmos temas tão regionais e
ao mesmo tempo tão expressivos para a história do Brasil.
Além disso, você, meu(minha) querido(a) aluno(a), precisa ter como requisito o conheci-
mento da História da sociedade a qual deverá servir, defender. Você será membro de umas das
forças de segurança do Amazonas, Estado da Federação que possui aspectos físicos e uma
população com características culturais muito específicas. Como poderá defender uma socie-
dade que você não conhece? Não é apenas uma disciplina cobrada para “encher linguiça”, para
testar sua alfabetização. É uma necessidade lógica muito bem trabalhada na seleção pela FGV.

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Assim, é muito importante que você tenha um grande escopo de conhecimento sobre a
História do Amazonas, conhecimento esse que possibilitará que você tenha um alto índice de
acertos nas questões ou, melhor ainda, que você gabarite a prova e encaminhe com solidez a
sua aprovação em um cargo público.
Para tanto, a base que norteará todo o nosso curso será o diálogo, favorecendo uma boa
interação entre aluno(a) e professor e a resolução oportuna das eventuais e possíveis dúvidas
que por ventura surgirem.
Antes, porém, peço licença para uma breve apresentação.
Meu nome é Daniel Vasconcellos, sou de Patos de Minas, interior de Minas Gerais. Pouco
antes de me formar em História, coisa de um ano antes, 2003, comecei a trabalhar como pro-
fessor no ensino médio. Tomei gosto pela coisa. Gosto do que faço, amo a docência. Foi muito
rápido, quando percebi já atuava em cursinhos preparatórios para concursos públicos, vesti-
bulares e no ensino médio da rede particular no interior de Minas. Passei a ministrar também
aulas de Filosofia, Sociologia e Geografia. Não faltava trabalho.
Tive a sorte de ser “engolido” pelo sistema particular de ensino e recebia um salário
razoável, pelo menos pra quem desejava uma vida pacata no interior. Com isso não criei o
interesse por concurso público. Era feliz: trabalhava com o que gostava, mas… os ventos mu-
daram. Em 2013, após perder minha maior carga horária de trabalho, resolvi ir para Brasília,
onde ainda resido.
Entre agosto e dezembro de 2013 tentei os concursos do Ministério do Trabalho, Câmara
dos Deputados e Secretaria de Educação do Distrito Federal. Fiquei muito mal quando não vi
meu nome aprovado no concurso da Câmara. Me sentia preparado, mas não era a minha área.
A concorrência era enorme para um salário de R$ 18.000. Três meses de preparação é muito
pouco tempo. Para um concurso deste porte eu já deveria estar me preparando. Tudo é plane-
jamento e disciplina.
Mas o negócio é levantar a cabeça, estudar mais e focar no próximo. Em dezembro fiz as
provas para a Secretaria de Educação, em fevereiro saiu o resultado e em julho já estava fa-
zendo o que gosto de novo! Mas o melhor de tudo: fazendo o que gosto, ganhando bem e com
estabilidade!!! A estabilidade é a cereja do bolo do serviço público. Não existe mais aquela
pressão de todos os finais de anos letivos em que ficávamos apreensivos sem saber ao certo
se teríamos emprego no ano seguinte. Em apenas um ano minha vida deu uma guinada radical
e hoje só me arrependo de não ter buscado os concursos públicos antes.
Se existe algo que eu possa passar com essa experiência é que não se pode perder tempo!
Você precisa se dedicar, mas com planejamento, sem desespero. Esse material foi feito com
muito carinho para que seu tempo seja otimizado, para que você não perca tempo com o que
não tem possibilidade aparecer na prova. Vamos ajudá-lo(a) a alcançar seu objetivo, e digo
mais, num curto espaço de tempo.
Você verá, meu(minha) caro(a) aluno(a) que o sacrifício vale muito! Não vá se sentir cul-
pado por não dedicar o tempo que seria justo à sua família e a seus amigos. Aquele encontro
fica pra depois, e vai ser muito mais prazeroso porque carregado da alegria pela conquista do

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seu esforço! Então vamos!!! Bora buscar seu cargo! Conte comigo em tudo o que for preciso
para alcançar seu objetivo.
Muito bem, feitas as apresentações, vamos aos detalhes dos concursos:
Editais:
Edital PM/AM: Polícia Militar do Estado do Amazonas
• Situação atual: Edital publicado
• Banca organizadora: Fundação Getúlio Vargas (FGV)
• Cargos: Soldado, Oficial e Oficial de Saúde
• Escolaridade: Níveis médio e superior
• Carreiras: Segurança Pública
• Lotação: Amazonas
• Número de vagas: 1.350 vagas
• Remuneração: inicial de R$ 2.657,28 a R$ 7.180,34
• Inscrições: de 8/12/2021 até 04/01/2022
• Taxa de inscrição: de R$ 100,00 a R$ 180,00
• Data da prova objetiva: 06/02/2022
• Clique aqui para ver o edital PM AM

Edital CBM/AM: Corpo de Bombeiros do Estado do Amazonas


• Situação atual: edital publicado
• Banca organizadora: Fundação Getúlio Vargas (FGV)
• Cargos: Soldado e Oficial
• Escolaridade: Níveis médio e superior
• Carreiras: Segurança Pública
• Lotação: Amazonas, AM
• Número de vagas: 453 vagas
• Remuneração: de R$ 4.831,43 a R$ 12.468,18
• Inscrições: 08/12/2021 a 04/01/2022
• Taxa de inscrição: de R$ 100,00 a R$ 180,00
• Data da prova objetiva: 13/02/2022
• Clique aqui para ver o edital Bombeiro AM

Concurso SSP/AM: Secretaria de Segurança Pública do Amazonas


• Situação atual: Edital Publicado
• Banca organizadora: Fundação Getúlio Vargas – FGV
• Cargos: Técnico de Nível Superior e Assistente Operacional
• Escolaridade: Níveis médio e superior
• Carreiras: Segurança Pública
• Lotação: Amazonas, AM

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• Número de vagas: 150 vagas


• Remuneração: de R$ 1.350,19 a R$ 2.764,68
• Inscrições: de 13/12/2021 a 11/01/2022
• Taxa de inscrição: de R$ 40,50 a R$ 82,94
• Data da prova objetiva: 20/02/2022
• Clique aqui para ver o edital SSP AM

Note, meu (minha) querido(a), que serão três finais de semana consecutivos de provas
objetivas, caso venha a concorrer para as três instituições, o que recomendo. Ora, você terá a
oportunidade de concorrer a pelo menos três cargos estudando o mesmo conteúdo!!!
Por falar em conteúdo, a FGV listou uma vasta temática nos editais. Para facilitar seu estu-
do e ser didaticamente objetivo, dividi as aulas de acordo com os tópicos listados. Assim, você
acessará três aulas com conteúdos comuns a todos os editais e, ainda, acessará uma aula
80/20 (análise do edital, da banca, de provas anteriores e dicas para a prova) específica para o
concurso que irá concorrer. Veja:
Aula I: História do Amazonas: Colônia.
1. COLÔNIA:
• 1.1. As sociedades indígenas na época da conquista: origem e distribuição das popula-
ções indígenas; Grupos linguísticos e tribais; O modo de vida e a organização dos gru-
pos tribais; Estimativas demográficas;
• 1.2 Conquista e colonização: expedições do século XVI: a de Francisco de Orellana e
a de Ursúa e Aguirre; ocupação militar: o forte do Presépio e a expulsão dos “estran-
geiros”; Expedição de Pedro Teixeira; as bases da colonização portuguesa: as bases
econômicas; organização da força de trabalho indígena; organização e funcionamento
da administração do Maranhão e Grão-Pará; as ordens religiosas; conflitos internos: mis-
sionários X colonos;
• 1.3. Amazônia Pombalina: Portugal Metropolitano; medidas pombalinas; Governo de
Mendonça Furtado; Capitania de São José do Rio Negro; Demarcações de limites: trata-
dos de Madri e Santo Ildefonso. Extinção do Diretório dos índios: elementos históricos;
Instituição dos corpos de milícias.

Aula II: História do Amazonas: Império.


2. IMPÉRIO:
• 2.1. Incorporação da Amazônia ao Estado Nacional Brasileiro: Província do Pará; Comar-
ca do Rio Negro; A Cabanagem: o povo no poder: condições objetivas para a eclosão da
Cabanagem; governo dos cabanos; conflitos no Amazonas; repressão imperial e o fim
da Cabanagem.
• 2.2. Província do Amazonas: economia do Alto Amazonas na primeira metade do século
XIX; Comarca do Alto Amazonas; manifestações autonomistas; criação e implantação
do Estado provincial amazonense; sistema político do Amazonas no Segundo Reinado.
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• 2.3. Economia e sociedade na Amazônia: ciclo da borracha; migração nordestina; serin-


gal e o seringueiro; o sistema de aviamento.

Aula III: História do Amazonas: República.


3. REPÚBLICA:
• 3.1. Fronteiras do Brasil: incorporação do Acre ao Estado Nacional Brasileiro; questão do
Amapá; limites com a Guiana Inglesa.
• 3.2. Amazonas cosmopolita: nova situação sociopolítica; transplantação de novos con-
ceitos culturais; cidades da borracha: Belém X Manaus.
• 3.3. Decadência da economia gumífera: grande crise da economia gumífera; tentativa de
recuperação: “a Batalha da Borracha”.
• 3.4. Manaus: de “Paris dos Trópicos” a “Miami Brasileira”: situação econômica e social
da cidade; Rebelião de 1924; “Era dos Interventores”; “Clube da Madrugada”; Zona Fran-
ca de Manaus.

Aula IV: Essencial 80/20 – História do Amazonas para SSP-AM.


Aula IV: Essencial 80/20 – História do Amazonas para CBM-AM.
Aula IV: Essencial 80/20 – História do Amazonas para PM-AM.

Metodologia

A ideia do curso é que você não precise utilizar nenhum outro material além deste para
se preparar para as questões de História do Amazonas. Cada detalhe do curso foi meticulosa-
mente preparado para sanar todas as dúvidas que puderem surgir.
Na parte teórica você encontrará uma narrativa leve e objetiva, com intuito de que consiga
enxergar, compreender a História do Amazonas como um processo. Variados exemplos, es-
quemas e mapas mentais serão utilizados para que consiga criar links cognitivos. Você, em
curto espaço de tempo, conseguirá ler uma alternativa e perceber o seu erro por um pequeno
detalhe, saberá identificar a única alternativa lógica para o Universo da História do Amazonas.
Ao final da aula, os principais pontos dos temas estudados serão reunidos em um RESU-
MO. É ele o responsável para que você não tenha que voltar a ler as aulas incontáveis vezes.
Esse resumo terá a função de fazer você recordar o que fora estudado como uma cadeia
códigos que se conecta com sua memória, fazendo se lembrar, inclusive, de como o assunto
poderá ser cobrado.
Além disso, as questões sobre História do Amazonas elaboradas pela FGV serão comen-
tadas para que você entenda o “jeito” da banca. Uma lista de exercícios com questões sobre o
tema também o(a) ajudará na fixação do conteúdo.
Detalharemos cada fato relevante à compreensão do processo, mas isto só terá sentido
na medida em que ajudá-lo(a) a resolver as questões, a fazer bem a prova. Não vamos perder

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tempo com detalhes menores já que o objetivo não é que você escreva um artigo científico
sobre “a influência do ciclo da borracha na Primeira Guerra Mundial”.
Não se preocupe, ao final do curso você estará muito bem preparado para realizar uma
excelente prova.

Suporte

A dúvida é o princípio do conhecimento. Questionar, indagar… é assim que a humanidade


chegou no atual estágio de desenvolvimento. Por isso, questione. Não tenha receio em me
chamar no fórum de dúvidas.
Caso a dúvida não seja sanada de maneira firme, objetiva, o processo de aprendizagem
pode ser comprometido. Por isso, não hesite em questionar. Estarei à disposição para sanar
quaisquer dúvidas que tiver.

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HISTÓRIA DO AMAZONAS: COLÔNIA


1. História do Amazonas: Colônia
Estimado(a) concurseiro(a), para entender como a FGV lhe cobrará o conhecimento, é im-
portante que sigamos estritamente a ordem dos conteúdos listados no edital. As palavras usa-
das para nomear cada tópico carregam em si uma intencionalidade, um recorte da temática.
Assim, desmembrei cada tópico do edital em subtópicos para que não fique nada de fora dos
nossos estudos.

1.1. As Sociedades Indígenas na Época da Conquista


Estimado(a), a teoria mais aceita sobre a origem do homem amazônico é a de que chegou
ao Novo Mundo através da Ásia, e, como a geologia mostra que o continente americano já se
encontrava em sua forma atual quando o Homo sapiens apareceu, pode-se aceitar a hipótese
de que, há 24 mil anos, grupos nômades atravessaram o estreito de Bering, ocupando e colo-
nizando as Américas. Algumas dessas levas de migrantes asiáticos, ou seus descendentes,
acabaram chegando ao vale do rio Amazonas. É provável que esses primeiros grupos tenham
cruzado a grande floresta por volta de 15 mil anos atrás, dando início à colonização humana
da Amazônia.

1.1.1. Origem e Distribuição das Populações Indígenas

Querido(a), até bem pouco tempo a região amazônica era considerada uma área de pou-
cos recursos, o que limitava as possibilidades de os grupos humanos desenvolverem ali uma
sociedade avançada. Ainda recentemente, as evidências arqueológicas ou documentais sobre
as antigas sociedades complexas da Amazônia eram simplesmente negadas ou atribuídas à
presença passageira de grupos andinos e mesoamericanos.
Pesquisas como as da arqueóloga Anna Roosevelt, sobre as culturas da ilha de Marajó e da
calha amazônica, comprovam a existência de uma inequívoca ocupação desde o Pleistoceno,
ou início do Holoceno, por sociedades de caçadores-coletores, donos de elaboradas culturas
de tecnologia da pedra, além de algumas das mais antigas sociedades sedentárias, fabrican-
tes de cerâmica e agricultores equatoriais.
Os avanços da arqueologia amazônica nas últimas duas décadas mostraram a utilida-
de relativa dos estudos etnográficos e de etno-história para o conhecimento da realidade
pré-colombiana da região. Os trabalhos arqueológicos realizados em diversas partes do
grande vale deixaram mais nítidas as profundas distinções entre as sociedades contempo-
râneas da chegada dos europeus e aquelas anteriores. Os sinais da ocupação humana do
Holoceno, que ocorreu entre 11000 e 7000 a.C., encontrados por meio de escavações e pros-

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pecções arqueológicas, mostram uma grande diversidade de técnicas na busca de recursos


naturais e fontes de alimentos, bem como a domesticação de certos animais.
Outra surpreendente característica do Holoceno na Amazônia exposta nos sítios arqueoló-
gicos foi a substancial mudança no meio ambiente provocada pelo ser humano. Pode-se dizer
que essas sociedades exerceram uma verdadeira “domesticação da natureza”, que difere subs-
tancialmente em resultados nas mudanças provocadas pelas sociedades agrícolas. O último
milênio do período Holoceno foi de grandes transformações, que deixaram sinais aterradores.

Caçadores-Coletores

Os escassos sinais de ocupação humana na Amazônia durante o Pleistoceno, ou Holoce-


no, foram encontrados em cavernas, abrigos naturais e sambaquis. É importante observar que
os antigos caçadores-coletores da Amazônia não eram exatamente primitivos em termos de
tecnologia e estética, mas também lembram bem pouco os povos indígenas atuais, que supos-
tamente são seus descendentes.
Os primeiros habitantes da Amazônia formaram uma comunidade de alta sofisticação.
Abrangeram desde os paleoindígenas até os pré-ceramistas arcaicos e ceramistas arcaicos
avançados, estabelecendo vasta e variada rede de sociedades de subsistência, sustentadas
por economias especializadas em pesca de larga escala e caça intensiva, além de agricultura
de amplo espectro, cultivando plantas e também criando animais.
A existência de artefatos fabricados por certos povos, encontrados em diversas áreas da
região, é prova de que havia um intenso sistema de comércio, de viagens de longa distância e
de comunicação. Na localidade de Abrigo do Sol, no Mato Grosso, ferramentas utilizadas para
cavar petróglifos nas cavernas foram datadas entre 10000 e 7000 a.C. Outros artefatos de
pedra encontrados nos altiplanos das Guianas venezuelanas e na República da Guiana, bem
como nas barrancas do rio Tapajós, foram datados, a partir de seus grupos estilísticos, como
de um período entre 8000 e 4000 a.C.

Horticultores

A lenta transição da caça e coleta para a agricultura ocupou o período de 4000 a 2000 a.C.
Restos de alimentos, de plantas e de animais encontrados em cavernas e abrigos situados na
Venezuela e no Brasil foram datados entre 6000 e 2000 a.C., registrando a presença de povos
coletores nessas áreas.
Os principais sinais da transição foram localizados nos muitos sambaquis descobertos
próximos à boca do Amazonas e no Orinoco, na costa do Suriname e em certas partes do
baixo Amazonas. As camadas mais antigas não continham cerâmica, porém as mais recen-
tes apresentavam um conjunto de formas surpreendentes datadas de aproximadamente 4000
a.C., nos sambaquis da Guiana, e 3000 a.C., e nos achados da localidade de Mina, também na

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boca do Amazonas. Esses achados e os exemplares de cerâmica, encontrados nos sambaquis


da localidade de Taperinha, perto de Santarém, baixo Amazonas, são evidências de que as
culturas amazônicas já cultivavam a arte da cerâmica pelo menos um milênio antes dos povos
andinos. Foi por essa mesma época que as pequenas povoações de horticultores começaram
a ganhar importância. E, aos poucos, congregaram um maior número a sua população graças
aos avanços na tecnologia do cultivo.
Por volta de 3000 a.C., as sociedades de horticultores passaram a marcar sua presença na
região. O estilo da cerâmica, por exemplo, recebeu fortes modificações, apresentando formas
zoomórficas e decoração com figuras de animais, e utilizando técnicas de pintura e incisão. As
figuras de animais são imediatamente reconhecíveis nessas cerâmicas de fortes conotações
antropomórficas, associadas com uma cosmogonia que implicava em abundância de caça,
fertilidade humana e poderes do xamã em se relacionar com as forças da natureza corporifi-
cadas por animais.
É claro que pouco se sabe dos ritos antigos, mas lentamente esse passado está vindo à
tona com as descobertas de sítios de enterros cerimoniais e restos de aglomerados humanos.
É muito provável que essas sociedades baseassem suas economias na plantação de raízes
como a mandioca, que já vinha sendo cultivada desde pelo menos 5000 a.C., conforme provas
encontradas no Orinoco. Por isso, as mais recentes teorias sobre a natureza das sociedades
humanas de coletores e sua adaptação aos trópicos estão ganhando terreno a cada descober-
ta de novas evidências arqueológicas, além das provas etnográficas tradicionais. Eis por que
se pode afirmar hoje que a introdução do cultivo da mandioca na várzea, durante o primeiro
milênio antes de Cristo, foi um fator decisivo, assim como a chegada da cultura do milho na
mesma área de cultivo significou um excedente maior de alimentos para a estocagem.
Mas a adição da várzea na economia dos povos horticultores, com os depósitos sazonais
de fertilizantes naturais, criou um rico suprimento de alimentos, que incluía peixes, mamíferos
aquáticos e quelônios. Os primeiros amazônidas experimentaram um grande desenvolvimento
por volta de 2000 a.C., transformando-se em sociedades hierarquizadas, densamente povoa-
das, que se estendiam por quilômetros ao longo das margens do rio Amazonas. Essas imen-
sas populações, que contavam com milhares de habitantes, deixaram marcas arqueológicas
conhecidas como locais de “terra preta indígena”.
O mais conhecido deles encontra-se nos arredores da cidade de Santarém, no Pará, exa-
tamente um dos centros de uma poderosa sociedade de tuxauas, guerreiros que dominaram
o rio Tapajós até o final do século XVII, já no período de colonização europeia. Os tuxauas de
Santarém, tais como os tuxauas de Marajó — senhores da boca do Amazonas —, os tupinam-
baranas, os muras, os mundurukus e omáguas, com suas cidades de 20 mil a 50 mil habitan-
tes, recebiam tributos de seus súditos e contavam com numerosa força de trabalho, inclusive
de escravos. Essa massa trabalhadora construiu enormes complexos defensivos, povoados e
locais de culto, além de fazer canais e abrir lagos para viabilizar as comunicações fluviais.

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A maior estrutura de sítios arqueológicos indicando a existência dessas civilizações anti-


gas pode ser encontrada nos altiplanos da Amazônia boliviana, no médio Orinoco e na ilha de
Marajó. Na ilha de Marajó, floresceu uma das mais admiráveis civilizações do grande vale, que
provavelmente já estava extinta ou decadente por ocasião da chegada dos europeus.
No entanto, os restos arqueológicos são impressionantes, com quarenta sítios descober-
tos numa superfície de 10 a 15 quilômetros quadrados. Embora poucos sítios tenham sido
escavados e as áreas de cemitérios tenham atraído saqueadores em busca das soberbas ce-
râmicas que serviam de urnas funerárias, os resultados são intrigantes e surpreendentes.
Entre as escavações da ilha de Marajó, a que mais se destaca é a do monte de Teso dos
Bichos. Ali, entre 400 a.C. e 1300 d.C., existiu uma população estimada entre quinhentas e mil
pessoas. Fazia parte de um complexo de povoados pertencentes a uma sociedade de tuxauas.
Essa sociedade apresentava um alto desenvolvimento tecnológico e uma ordem social bem
definida. As mulheres se encarregavam dos trabalhos agrícolas, cuidavam do preparo da ali-
mentação e habitavam casas coletivas. Os homens eram responsáveis pela caça, pela guerra,
pelas atividades religiosas e viviam em habitações masculinas. Essas habitações ficavam pró-
ximas ao centro cerimonial da aldeia, numa plataforma de barro construída na ala oeste. Toda
a povoação ocupava aproximadamente 2,5 hectares.
O estudo dos esqueletos encontrados em Teso dos Bichos mostra que os moradores da
ilha guardavam traços físicos muito parecidos com os dos atuais povos indígenas, embora
fossem centímetros mais altos. As mulheres eram baixas e bem proporcionadas, e os homens
musculosos, indicando uma dieta rica de proteína animal e comida de origem vegetal. O forma-
to craniano prova que eram amazônidas, não andinos.
Teso dos Bichos deve ter mantido uma concentração humana por dois milênios sem maio-
res problemas, disputas ou superpopulação. Muitos dos hábitos e costumes posteriormente
herdados pelos povos indígenas e pelas populações cabocas foram criados e desenvolvidos
por essas sociedades antigas. A preferência por certos peixes, como o pirarucu, e o uso de
refrescos fermentados, como o aluá, eram muito comuns entre as gentes de Marajó, de Tupi-
nambarana, do Solimões ou do altiplano boliviano.
Mas o processo de despopulação, ocorrido com a chegada dos europeus, fez com que os
povos indígenas modernos retrocedessem para um tipo de vida anterior ao surgimento dessas
economias intensivas comandadas por poderosos tuxauas.
Querido(a), caso tenha interesse em conhecer as principais tribos indígenas do Amazo-
nas, recomendo que consulte o seguinte link: https://pib.socioambiental.org/pt/Categoria:Po-
vos_ind%C3%ADgenas_no_Amazonas. Nele, encontrará detalhes sobre a história, a cultura e a
demografia de pelo menos 63 povos.

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Daniel Vasconcellos

1.1.2. Grupos Linguísticos e Tribais

Estimado, a Amazônia é a região menos conhecida do ponto de vista linguístico em todo


o mundo. Mapas dos idiomas da América do Sul dão a impressão de confusão, com suas
porções coloridas para cada grupo genético, formando quase uma pintura abstrata. E, no caso
das gramáticas das línguas amazônicas, estas estão repletas de imprecisão e estranhas pro-
priedades, em nada ajudando na elucidação do problema.

O idioma tukano, por exemplo, é conhecido pelo sofisticado sistema de evidências que faz de seu
interlocutor o perfeito argumentador, capaz de articular seu raciocínio ao fazer uma afirmação, tor-
nando-a irretorquível. Por isso nunca se deve negociar nada com os tukanos, sem que se tenha
uma argumentação bem fundamentada em fatos. No entanto, a extensão do que conhecemos da
gramática do idioma tukano não se reflete em outros idiomas, porque as gramáticas existentes são

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incompletas, apenas se debruçam sobre exotismos gramaticais e impedem que se compreenda a
tipologia mais geral de tais idiomas. (SOUZA, 2019).

Se alguém deseja aprender um idioma amazônico através dessas gramáticas, é melhor


esquecer, porque não têm essa finalidade. A verdade é que nos idiomas amazônicos, a maioria
das famílias linguísticas está distribuída de forma descontínua na região, muito mais do que
em outras partes do planeta. Os idiomas tupi e aruaque ocupam cerca de dez regiões geográ-
ficas separadas, e o idioma caribe, pelo menos cinco.
O tukano, uma das famílias mais homogêneas do ponto de vista linguístico, é falado em três
regiões bem diferentes. E houve também um intenso processo de difusão linguística em toda a
bacia amazônica, o que dificulta a determinação de similaridades entre idiomas falados nas áre-
as próximas e se há interpenetração de códigos genéticos linguísticos, ou simples apropriações.
Cada idioma amazônico tende a apresentar características de acordo com o tipo de territó-
rio em que é falado, seguindo os métodos de produção de alimentos e a cultura material. Por
isso, quase todas as etnias que falam os idiomas das famílias aruaque, caribe e tupi vivem na
floresta, usam da agricultura, possuem canoas, redes, cerâmica e são os povos de organização
social e cultural com mais complexidade.
Os povos de idioma jê, por seu lado, pouco trabalham com agricultura, não têm canoas,
redes ou cerâmicas, e são encontrados nas regiões de savana. E, espalhados entre as etnias
agrícolas, no interior da selva densa, vivem os pequenos grupos linguísticos de caçadores-co-
letores, como os makus, mura-pirahãs e os guahibos.

A norma entre os povos da Amazônia é o multilinguismo, onde um indivíduo é capaz de falar quatro
a cinco idiomas. O problema é que muitos desses idiomas estão em processo de desaparecimento.
Da bela variante aruaque falada pelos manaus, sobrou apenas uma gramática compilada por um
padre jesuíta. O desaparecimento de língua compromete a diversidade linguística do planeta e reduz
severamente o campo do que é possível na expressão humana. O idioma palikur, da família aruaque,
rompe a regra de uma língua com mais de um sistema de classificação de substantivos: apresenta
um sistema de três gêneros e mais de vinte classificações de substantivos. E como os falantes de
idiomas são repositórios de conhecimentos exclusivos, a perda da diversidade linguística vai mais
além que um desastre para a ciência da linguagem, afeta o conhecimento científico e empobrece a
natureza humana. (SOUZA, 2019)

Uma língua não é uma entidade autossustentada, ela só sobrevive onde há uma comunidade de
pessoas que a falam e a transmitem às novas gerações. E essas comunidades humanas só podem
existir onde possam ganhar a própria vida. Quando essas comunidades perdem seus territórios e
formas de viver, seus idiomas começam a morrer. Quando uma língua perde seus falantes, morre.
Já se afirmou que o mais apropriado seria usar a expressão “língua assassinada”, ou “lín-
gua que se suicidou”, pois as línguas não morrem de causas naturais. Em geral, são assassina-
das junto com o povo que as falava. Assim, há línguas predadoras, como a língua inglesa, que

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quase matou o irlandês e o galês, tal qual o português e o espanhol estão matando os idiomas
amazônicos. Apenas no século XX, 110 idiomas indígenas desapareceram na Amazônia.
Com relação à língua falada, o Censo 2010 identificou 274 línguas indígenas no Brasil, sendo
que 57,1% dos indígenas não falam a língua indígena, já 76,9% deles falam a Língua Portuguesa.
Entre os indígenas que vivem em Terras Indígenas esses percentuais se alteram, 57,3%
falam alguma língua indígena e 28,8% não falam a Língua Portuguesa.
A maior parte dos indígenas são alfabetizados (76,6%). Inclusive os indígenas que vivem
em Terras Indígenas são alfabetizados, em sua maioria (67,7%).

Fonte: Censo Demográfico – IBGE, 2010

1.1.3. O Modo de Vida e a Organização dos Grupos Tribais

Os atuais povos indígenas, que vivem em pequenas aldeias e se organizam a partir de


uma economia de subsistência, são sobreviventes do impacto da colonização europeia. Nos
últimos vinte anos, uma série de estudos começou a sacudir posições tidas como estabeleci-
das e a constatar que a Amazônia compôs, na pré-história, um rico e diversificado cenário de
sociedades humanas.
O encontro com os povos americanos, até mesmo com a natureza do Novo Mundo, exigiu
novas categorias por parte dos europeus. Essas exigências ainda estão vigentes e não cessam
de provocar rupturas no pensamento dominante. Os povos indígenas são ameaçadores, da
perspectiva do pensamento hegemônico, não apenas porque estão no caminho do progresso,
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ocupando terras ricas em minerais ou por impedirem a expansão da frente econômica, mas
porque desmontaram a velha descrição da cultura em termos de natureza humana fundamen-
tada na unicidade e nos obrigam a entender a variedade de outros num relativismo bastante
vasto do ponto de vista histórico e antropológico.

A tendência do pensamento europeu sempre foi de avaliação e menos de entendimento. Assim,


como promover avaliações em casos como o dos ianomâmis, que praticam o endocanibalismo? O
que é realmente próprio: os touros soltos pelas ruas de Pamplona, na Espanha; a flagelação ritual
na Semana Santa em certas cidades italianas; ou a cerimônia em que se arrancava o coração de um
homem vivo, realizada pelos astecas? (Idem)

Exceto o pacifismo de Rondon, oriundo de alguma fonte oriental, a ideia de mapear os po-
vos, protegê-los e integrá-los é consuetudinária entre os militares e políticos brasileiros. Mas
Rondon era diferente. Embora não tenha deixado uma teoria, ele ia bem mais longe que um
simples recenseador. Talvez porque se identificava com os povos indígenas, ele estava bem
mais para o discurso histórico, porém com um apelo etnológico. Rondon, como muitos indige-
nistas e até mesmo antropólogos, concebia a questão indígena não exatamente à luz de uma
teoria evolucionária da humanidade, mas como uma etnologia comparativa. Ou seja, os povos
indígenas não podiam ser entendidos ou explicados como consequência de diferenças psico-
lógicas (psicologia aristotélica) ou estágios da evolução econômica (teoria progressista).
Para Rondon, cada povo indígena indicava apenas determinada posição, assim como a
nossa própria civilização, em que diversas sociedades humanas tinham chegado na escala do
tempo. Infelizmente, Rondon era andorinha solitária na sua corporação, e mesmo no Estado
brasileiro. Na legislação brasileira, os povos indígenas entraram na categoria da imbecilidade
infantil. E, na prancheta dos planejadores, como exemplos do passado neolítico.
De qualquer modo, a questão do outro se faz presente, e é desconfortável, especialmente
por deixar vulneráveis nossas próprias estratégias de lidar com a novidade, com o diferente.
É aceitável o princípio de que talvez nem tenha ocorrido um impacto no pensamento europeu,
com o descobrimento da América e a entrada em cena dos povos indígenas.

O impacto, se de fato ocorreu, foi entre os povos americanos, sobre os quais desabaram os con-
quistadores e toda uma concepção de mundo que lhes parecia absurda. Na verdade, os intelectu-
ais europeus tiveram dificuldades de receber como nova a novidade da América. Diria mesmo que
agiram com bastante teimosia, deliberadamente interpretando de forma equivocada os fragmentos
reais do novo mundo que lhes chegavam através de narrativas de viajantes e aventureiros, pedaços
de plantas e animais, e criaturas que pareciam humanas. Os índios, portanto, desde o início, deram
muito trabalho. 1

1
Souza, Márcio. História da Amazônia: Do período pré-colombiano aos desafios do século XXI. Record. Edição do Kindle.
2019

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Antes de mais nada, foram vítimas da nossa incapacidade de aceitar o novo por si mesmo.
Depois, porque a não familiaridade de suas culturas teve de passar pelo crivo de um pensa-
mento que preferia classificar antes de realmente ver. Desse modo, não há a menor chance
para eles, e o futuro é sombrio. Como aceitar povos sem propriedade privada, nem moeda, nem
mercadorias para vender, na era do shopping center e do cartão de crédito?
Quando os europeus chegaram, no século XVI, a Amazônia era habitada por um conjunto
de sociedades hierarquizadas, de alta densidade demográfica. Ocupavam o solo com povoa-
ções em escala urbana, contavam com um sistema intensivo de produção de ferramentas e
cerâmicas, uma agricultura diversificada, uma cultura de rituais e de ideologia vinculada a um
sistema político centralizado, e uma sociedade fortemente estratificada.
Essas sociedades foram derrotadas pelos conquistadores, e seus remanescentes foram
obrigados a buscar a resistência, o isolamento ou a subserviência. O que havia sido construído
em pouco menos de 10 mil anos foi aniquilado em menos de 100, soterrado em pouco mais de
250 anos e negado em quase meio milênio de terror e morte.
Foi durante os milênios que antecederam a chegada dos europeus que os povos da Ama-
zônia desenvolveram o padrão cultural denominado de cultura da selva tropical. A Amazônia,
como bem indicam os artefatos arqueológicos encontrados na região, nunca foi habitada por
outra cultura que não essa. A cultura da selva tropical é um exemplo do sucesso adaptativo
das populações amazônicas, assim como o são os padrões andino e caribenho de cultura, em
seus respectivos nichos ambientais. Já tivemos a oportunidade de observar que velhos pre-
conceitos, arraigados num extremo determinismo ambiental, procuraram emprestar à cultura
da selva tropical certo primitivismo, um estágio de barbárie que fixava a Amazônia num pata-
mar abaixo do padrão caribenho e muito distante do padrão andino.
De tal forma, esses preconceitos foram tão disseminados que até mesmo certos autores
bem-intencionados acabaram sucumbindo a eles, ao tentar explicar a presença de populações
complexas na região como fruto de migração ou influência dos Andes ou do Caribe.
Os últimos avanços da arqueologia na Amazônia vêm corroborar a tese de que a cultu-
ra da selva tropical foi capaz não apenas de formar sociedades perfeitamente integradas às
condições ambientais como também de estabelecer sociedades complexas e politicamente
surpreendentes.

Assim, está provado que, ao chegar, os primeiros europeus encontraram sociedades compostas
por comunidades populosas, com mais de mil habitantes, chefiadas por tuxauas com autoridade
coercitiva e poder sobre muitos súditos e aldeias; técnicas de guerra sofisticadas; estrutura religiosa
e hierárquica de divindades, simbolizadas por ídolos e mantidas em templos guardados por sacer-
dotes responsáveis pelo culto; uma economia com produção de excedente; e trabalho baseado num
sistema de protoclasses sociais. (Idem)

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Essas sociedades foram registradas nas diversas crônicas e nos vários relatos de espa-
nhóis e portugueses, que as contataram em suas primeiras viagens ao longo dos grandes rios.
Tais sociedades, baseadas na economia do cultivo intensivo de tubérculos, floresceram por
volta de 1500 d.C. e, por estarem localizadas nas margens do rio Amazonas e certos afluentes
maiores, foram as primeiras a sofrer os efeitos do contato com os europeus, sendo derrotadas
pelos arcabuzes, pela escravização, pelo cristianismo e pelas doenças.
Mas a cultura da selva tropical não se apresentava, em termos de evolução qualitativa,
como uma coisa uniforme. Os povos da terra firme, os que viviam nas cabeceiras dos rios ou
em terras menos férteis, mostravam-se mais modestos em comparação com as nações do rio
Amazonas. Havia uma grande diferença entre a grande nação omágua, que dominou durante
muitos séculos o rio Solimões, e os nômades e frágeis waiwai, habitantes dos altiplanos da
Guiana. Embora ambas as nações partilhassem de uma economia comum, baseada na máxi-
ma exploração dos recursos alimentícios dos rios e lagos, e, secundariamente, na caça de ani-
mais e pássaros da floresta, as duas etnias apresentam grandes diferenças em organização
social e cultura material.

001. (UFRGS/VESTIBULAR/2020) Leia o segmento abaixo de Mariana Cassino, pesquisadora


do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).
Tudo indica que é uma floresta cultural, que foi sendo enriquecida e construída ao longo dos
anos de ocupação da área pelas pessoas que viveram ali. Até mesmo o solo que tem indícios
de transformação humana […]. Esse manejo é fundamental para a manutenção da Amazônia
que temos hoje. Sem isso, ela não seria a mesma […] Essas populações são fundamentais para
a conservação da floresta. Nossa sociedade tende a separar a natureza e a cultura, mas as po-
pulações indígenas da Amazônia não fazem essa separação. Tendo em vista essa história de
longa duração da Amazônia, de íntima ligação entre pessoas e florestas, esse manejo é funda-
mental para pensarmos o modelo da Amazônia hoje. ELLER, Johanns. Complexo arqueológico
de grandes proporções é descoberto na Amazônia central.
O Globo, 08/09/2019.
A partir do segmento acima, considere as afirmações a respeito da história da ocupação
da Amazônia.
I – A ocupação indígena na Amazônia caracterizou-se pela monocultura intensiva, provocando
transformações no solo.
II – A conservação da floresta amazônica deve-se em grande parte às formas de relação com
o meio ambiente, mantidas pelas populações locais.

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III – A separação entre natureza e cultura, característica das sociedades ocidentais, foi funda-
mental para a manutenção da riqueza ambiental da floresta.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) I, II e III.
I – Errado. A ocupação indígena na Amazônia se caracterizou sim pela agricultura de subsis-
tência (extensiva) e pela policultura.
II – Certo. O modo de vida dos povos indígenas contribui para a preservação da Floreta Amazô-
nica, já que não utiliza da agricultura extensiva que gera impactos ambientais negativos.
III – Errado. A cultura e a natureza são indissociáveis no modo de vida dos povos indígenas.

Letra b.

1.1.4. Estimativas Demográficas

Steward (1949) buscou estimar o tamanho da população indígena da América do Sul em


1500, baseando seus pressupostos em extrapolações a partir de valores de densidades po-
pulacionais segundo grandes áreas do continente. Ressaltando as dificuldades metodológi-
cas envolvidas, Steward chegou a um valor de aproximadamente 9,1 milhões de indígenas na
América do Sul em 1500, que teria decrescido para 6,9 milhões em 1940. Doenças, guerras,
perseguições e rupturas econômicas e sociais são apontadas como as principais causas res-
ponsáveis pela redução populacional. Para a área relativa ao Brasil, o autor estimou que era
habitada por 1,1 milhão de indígenas em 1500, tendo decrescido para 500 mil em 1940. Um
aspecto que chama a atenção nas estimativas de Steward é que, para 1940, ele sugere que os
indígenas equivaleriam a 11% da população total do Brasil (Steward, 1949:666).
Denevan (1976) considera que as estimativas de Steward foram conservadoras e que, so-
mente para a ‘Grande Amazônia’, a população indígena em 1500 atingiria 6,8 milhões de pesso-
as. Durante as décadas de 1940 a 1970 foram realizados alguns estudos para avaliar os efeitos
da depopulação sobre a organização social das sociedades indígenas, provocados pelos con-
tatos com as diferentes frentes de expansão.
Charles Wagley (1942) inaugurou este campo no Brasil, com a análise das mudanças so-
ciais advindas do contato dos Tapirapé, povo Tupi do Brasil Central, com as frentes expansio-
nistas. Seguiu-se um outro estudo do mesmo autor, sobre as influências dos padrões culturais
de duas populações de língua Tupi (os Tapirapé e os Tenetehara), mostrando a influência das
instituições sociais e valores culturais· sobre o tamanho destas populações após os contatos
com as frentes de expansão (Wagley, 1951).

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Wagley apontou para a relativa estabilidade populacional alcançada pelos Tenetehara, que
não conheciam certas práticas de restrição voluntária da natalidade e puderam, com elevadas
taxas de natalidade, superar os altos níveis de mortalidade a que estavam sujeitos e continuar
crescendo. Por outro lado, os Tapirapé, conhecedores de práticas reguladoras dos nascimen-
tos, especialmente o aborto, teriam anulado seu potencial de crescimento ao experimentarem
altas taxas de mortalidade em momentos de contato com a sociedade nacional.
Esses estudos deixaram fortes marcas na produção de Darcy Ribeiro que, aproximada-
mente no mesmo período, se dedicou à avaliação do impacto provocado pelas epidemias de
doenças infecciosas sobre a demografia e a organização social dos povos indígenas, o que
chamou de “efeitos dissociativos da depopulação”.
Dados do Censo de 2010, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), mostram que em todo território nacional apenas 0,49% da população é indígena, o que
corresponde a cerca de 870 mil pessoas. É na Amazônia que se concentra a maior população
indígena com cultura preservada, com 310 mil pessoas vivendo em tribos, sem contar as et-
nias que ainda são desconhecidas.
O IBGE contabilizou 305 diferentes etnias indígenas no Brasil. Os principais troncos étnicos
e suas ramificações são:
• Macro-Jê – Boróro/Guató/Jê/Karajá/Krenák/Maxakali/Ofayé/Rikbaktsa/Yatê
• Tupi – Arikém/Awetí/Jurúna/Mawé/Mondé/Mundurukú/Puroborá/Ramaráma/Tuparí/
Tupi- Guarani

A Fundação Nacional do Índio (FUNAI) acredita que existam 77 grupos de índios totalmen-
te isolados na floresta amazônica, destes, 32 já foram confirmados. Os maiores grupos de
índios da Amazônia são os Guaranis, Xerentes, Amawákas, Anambés, Kambebas e os Aruá. No
entanto, há mais de 200 diferentes etnias espalhadas por todo o Brasil.
Mesmo diante de muitos avanços tecnológicos, os índios da Amazônia procuram manter
a sua cultura, vivendo em integração com a natureza e resguardando sua hierarquia e rotina.
Suas crenças e seus ritos também são intimamente ligados aos elementos naturais.
Os indígenas que vivem na floresta amazônica, em sua maioria, dormem em redes dentro
de enormes ocas comunitárias e, como seus antecedentes, caçam, pescam, cultivam seus
próprios alimentos e falam suas línguas nativas. Mesmo escolhendo viver em aldeias na mata,
boa parte dos índios conhecem outras culturas e são fluentes em português.
Pouco se sabe sobre como vivem os índios das etnias que não mantêm relações com o
homem urbanizado. Analisando raras imagens produzidas pela FUNAI, pesquisadores pude-
ram concluir que estes índios andam nus, produzem seus próprios alimentos, fabricam suas
ferramentas e falam línguas ainda não identificadas. No entanto, nada foi descoberto sobre
seus rituais, crenças e rotina.

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Esses povos evitam o contato com outros grupos e fazem questão de deixar isso claro:
investem contra tentativas de aproximação escondendo-se na mata ou disparando flechas.
Provavelmente, em algum momento estes índios já se confrontaram com fazendeiros e pos-
seiros que tentaram expulsá-los de suas terras, como relatam sobreviventes de outras tribos,
que também já foram desconhecidas.
A FUNAI realiza um trabalho constante de proteção e identificação desses pequenos gru-
pos que vivem principalmente em Rondônia, Mato Grosso e Maranhão. Segundo a fundação, a
demarcação das terras indígenas é a única maneira de preservar a integridade física e cultura
dessas etnias.
Municípios com maior número estimado de localidades indígenas em 2019:

1.2. Conquista e Colonização


Caro(a) aluno(a), considerada a maior floresta tropical do planeta, a Amazônia possuía
mais de cinco milhões de quilômetros quadrados, porém, em virtude do intenso desmatamen-
to, a área original tem se reduzido drasticamente. Esse bioma está presente em oito países

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sul-americanos (Brasil, Suriname, Venezuela, Guiana, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia), além
do território da Guiana Francesa.
A história da ocupação da Amazônia está intimamente ligada ao desenvolvimento de ci-
clos econômicos e às disputas territoriais pelo controle dessas atividades.

Apesar da grande potencialidade econômica da Amazônia, enxergada por portugueses e,


posteriormente, pelos governos republicanos brasileiros, foram exatamente as características
geográficas da região que praticamente a mantiveram fora do mapa econômico de Espanha
e Portugal durante séculos. À exceção de um ou outro ciclo econômico, a Amazônia somente
entrou de fato no mapa econômico brasileiro somente no século XX.
A ocupação da Região Norte se iniciou no século XVI com expedições espanholas, portu-
guesas, holandesas e inglesas. Hoje, a Amazônia é motivo de cobiça de variadas nações que
colocam em risco constante às fronteiras dos países da qual ela faz parte.
É no contexto das Grandes Navegações que a região Norte será colonizada. No século XV,
portugueses e espanhóis partiram para o desbravamento de novos mares, em busca de novas
rotas comerciais e de novas terras.
Em 1488, em busca de um novo caminho para as Índias, região famosa em especiarias
cobiçadas pelos europeus, a expedição portuguesa de Bartolomeu Dias encontrou uma passa-
gem ao sul da África, que fora batizada de Cabo da Boa Esperança.
Mas é a chegada de Cristóvão Colombo à América, em 1492, a “descoberta” mais signifi-
cativa do período. O genovês convenceu os reis católicos espanhóis (Fernando II de Aragão e
Isabel de Castela) a financiar sua expedição para provar que a terra era redonda, encontrando

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um caminho para as índias pelo ocidente. Aportou em 12 de outubro com as caravelas Pinta,
Niña e Santa Maria.
Portugal e Espanha eram as duas grandes potências marítimas. As recentes descobertas
exigiam um acordo pela divisão das terras que poderiam ser descobertas. Assim, o Papa agiu
como mediador em um acordo, determinando a Bula Intercoetera em 1493. Insatisfeito com a
proposta, Portugal exigiu uma nova negociação que culminou no Tratado de Tordesilhas.
O Tratado de Tordesilhas, assinado em 7 de junho de 1494, foi um tratado celebrado entre
o reino de Portugal e a Coroa de Castela (Espanha) para dividir as terras do globo, “descobertas
e por descobrir”, por ambas as Coroas fora da Europa.

Tratado de Tordesilhas

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Linha imaginária de Tordesilhas sobre as atuais fronteiras políticas.

Note que, de acordo com o Tratado de Tordesilhas, a maior parte da Amazônia pertenceria
à Espanha.
Celebrado do Tratado, as descobertas continuaram. Em 1498 a expedição de Vasco da
Gama chegou às Índias e, em 22 de abril de 1500, Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil.
Foi o navegador espanhol Vicente Pinzón que, em janeiro de 1500, primeiro aportou no
litoral do nordeste brasileiro. Depois, navegou pelo litoral norte e navegou pela foz do Rio Ama-
zonas, o qual chamou de Mar Dulce. Foi o primeiro europeu a navegar pelo litoral do Amapá,
o rio Oiapoque e seguir rumo às Guianas e ao Caribe. Portanto, querido(a) aluno(a), os espa-
nhóis foram os primeiros a chegar ao Brasil. Entretanto, pelo tratado de Tordesilhas, a maioria
do litoral brasileiro, velejado pelos espanhóis, pertencia à Portugal. Entenda: mesmo sendo
os que chegaram primeiro, as terras não poderiam ser colonizadas. A única exceção era a
região Norte.

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Assim, ainda em 1500, outro espanhol, Diogo de Lepe, primo de Pinzón, também navega
pela costa brasileira. Quase simultaneamente à expedição de Pinzon, chegou à foz do rio Ama-
zonas. Passou quase que pelos mesmos lugares e os mesmos rios, mas não teve a sorte de
seu conterrâneo. Os índios da região — provavelmente da etnia tupinambá —, enfurecidos com
o sequestro de seus 36 companheiros, receberam os visitantes de forma belicosa, matando
alguns espanhóis que tentaram desembarcar. A resposta foi imediata, e, mal Diego de Lepe se
viu no interior da sua caravela, ordenando que os homens abrissem fogo. Os tiros dos arcabu-
zes provocaram o primeiro massacre de índios. Não seria o último.
Também é necessário, para compreender a ocupação e colonização do Amazonas, que
você saiba como os portugueses empreenderam a colonização de suas terras na América do
Sul. Pois bem, os portugueses chegaram ao Brasil em 1500 e, no entanto, não ocuparam o ter-
ritório de imediato. Daí a nomenclatura Pré-colonial para nos referirmos aos trinta anos que se
seguiram. Portanto, entre 1500 e 1530, a ocupação territorial se limitou a FEITORIAS no litoral:
uma mistura de forte para defesa do território e armazém. Mas por que isso? A resposta fica
mais interessante e compreensível quando feita em partes:

a) por que a Coroa Portuguesa decidiu não explorar a colônia brasileira entre os anos de
1500 e 1530?

• Porque não encontraram metais preciosos em expedições;


• Porque o comércio com as Índias era suficientemente lucrativo;
• Porque em 1500 a única nação que detinha tecnologia naval para tomar a colônia bra-
sileira de Portugal era a Espanha, que celebrou o Tratado de Tordesilhas com Portugal.

b) por que a Coroa Portuguesa decidiu explorar a colônia brasileira a partir dos anos de
1530?

• Porque tiveram notícias da descoberta de ouro e prata na América espanhola;


• Porque o comércio com as Índias entrou em crise;
• Porque países como França, Inglaterra, Holanda e Bélgica desenvolveram suas frotas
marítimas e passaram a representar uma grande ameaça ao controle português sobre
a colônia.

Entre 1500 e 1530, o único produto explorado era o pau-brasil. Como ainda não havíamos
passado pela Revolução Industrial (Séc. XVIII), não existiam corantes sintéticos. O pau-brasil
foi muito utilizado nas manufaturas têxteis. As concessões para exploração eram dadas pela
Coroa e chamadas de estanco. Para cortar a madeira e levar aos navios, era necessária uma
grande quantidade de mão de obra. A modalidade de exploração da mão de obra indígena
recebeu o nome de escambo: em troca do trabalho, os índios recebiam presentes, artefatos e
animais que não existiam aqui.

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História do Amazonas: Colônia
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Mas a Coroa Portuguesa voltou seus olhos para a colônia brasileira e decidiu povoá-la,
explorá-la, a fim de resolver sua crise econômica e impedir que outras nações tomassem seu
território. O problema é que a Coroa Portuguesa não tinha recursos financeiros para promover
essa empreitada. Eis então a solução proposta: terceirizar a tarefa da colonização, entregando
lotes de terras a fidalgos (nobres portugueses). Nasceram assim as Capitanias Hereditárias.
Observe:

As Capitanias Hereditárias foram faixas de terra que partiam do litoral para o interior até a
linha imaginária do Tratado de Tordesilhas. De início, foram quinze Capitanias entregues para
usufruto do donatário. É importante destacar que o donatário não era dono da terra, ele pos-
suía o direito de explorá-la, direito esse estendido a seus descendentes.
Ocupando-se principalmente do litoral com seus engenhos de açúcar, os portugueses não
apresentaram interesse imediato pela Amazônia, até porque, não era de seu domínio pelo Tra-
tado de Tordesilhas. Contudo, isso não impediu que incursões fossem organizadas para explo-
rar os rios da Amazônia, o que nos leva à ocupação da Região do atual estado de Rondônia.

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002. (FCC/TJ-AP/ANALISTA JUDICIÁRIO/2014) Uma das estratégias da Coroa Portuguesa,


para a administração de sua colônia na América, foi a instituição das capitanias hereditárias,
cada qual a cargo de um donatário. Eram atribuições do donatário
a) representar o rei, administrar a justiça, distribuir sesmarias.
b) negociar livremente e vender pelo melhor preço a capitania recebida, cobrar impostos, criar
regras locais.
c) defender o território, estabelecer comércio internacional, viabilizar o tráfico indígena para
outras colônias portuguesas.
d) conquistar capitanias vizinhas, fundar vilas, apoiar as missões jesuíticas.
e) arrendar sesmarias, barrar as entradas e bandeiras, erguer igrejas e colégios.

Caro(a) aluno(a), a alternativa “b” está errada porque o donatário não poderia negociar a capi-
tania recebida. A alternativa “c” está errada porque o donatário também não poderia estabele-
cer comércio internacional a não ser que exclusivamente com Portugal. Além disso, a colônia
portuguesa não realizava o tráfico de indígenas. A alternativa “d” está errada porque o donatá-
rio não poderia conquistar capitanias vizinhas já que eram doadas pela Coroa. Por fim, a alter-
nativa “e” também está errada porque o donatário não podia barrar as entradas e bandeiras.
Letra a.

1.2.1. Expedições do Século XVI: a de Francisco de Orellana e a de Ursúa e Aguirre


Expedição de Francisco de Orellana

Francisco de Orellana foi um jovem espanhol da Estremadura, o primeiro europeu a con-


duzir uma expedição pelo Mar Dulce descoberto pelo capitão Pinzon. Provavelmente tinha
alguma ligação com a família Pizarro e viesse da mesma província, da cidade de Trujilo, onde
nascera por volta de 1511. Aparentemente, deixou a Espanha ainda adolescente, viajando para
as Índias em busca de riqueza, como tantos outros espanhóis. Era muito corajoso, de tempe-
ramento explosivo, e há registro de sua passagem, em serviço, pela Nicarágua, antes de tomar
parte da conquista do Peru, durante a qual se revelou um fiel partidário dos irmãos Pizarro e,
também, perdeu um olho.
Em 1540, Francisco Orellana conseguiu vencer os índios da costa equatoriana e fundou a
cidade de Santiago de Guayaquil. No mesmo ano, Gonzalo Pizarro chega a Quito, na qualidade
de governador da província, e começa a organizar uma ambiciosa expedição para conquistar
e tomar posse dos desconhecidos territórios orientais. Gonzalo Pizarro pensava em dois obje-
tivos. Primeiro, encontrar as terras do interior do continente, do outro lado da muralha andina,

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onde se dizia que a canela crescia em grande profusão. Embora o lucrativo negócio das espe-
ciarias estivesse nas mãos dos portugueses, Pizarro sonhava em romper com esse monopó-
lio. O segundo objetivo, mais fantasioso, mas não menos improvável que o território da canela,
era encontrar o fabuloso reino do El Dorado.
Em 12 de fevereiro de 1542, Francisco Orellana, vindo do Peru por via fluvial, atingiu o Rio
Amazonas, então chamado de Rio Grande, Mar Dulce ou Rio da Canela. Foi o primeiro europeu
a navegar o rio Amazonas.
Orellana participou com Francisco Pizarro (1476-1541) da conquista do Peru submetendo
o Império Inca ao domínio espanhol em 1532-1535. Em 1541, concordou em participar de uma
expedição a leste dos Andes em busca de canela e do lendário Eldorado, a terra de ouro. Nave-
gando rio abaixo a bordo do bergantim Victoria com 57 homens armados, Orellana fez a peri-
gosa descida para as terras baixas da Amazônia. Depois de meses de busca e perambulação
na selva e com a correnteza do rio cada vez mais forte em pleno período de chuvas, Orellana
concluiu ser impossível retornar conforme combinara com Pizarro. Para seguir em frente, foi
construído um segundo navio com ajuda dos índios nativos, os Cotos. A bordo do San Pedro,
Orellana e seus homens atingiram, no dia 12 de fevereiro de 1542 o rio Amazonas então cha-
mado de Rio Grande, Mar Dulce ou Rio da Canela.
No dia 3 de junho avistaram a desembocadura do Rio Negro e no dia 10, o Rio Madeira.
No dia 24 de junho teria ocorrido o violento encontro com as Icamiabas, índias belicosas que
atacaram e expulsaram os espanhóis. O episódio recriou a lenda das amazonas, mulheres
guerreiras na mitologia grega, e inspirou a imaginação dos aventureiros europeus. Por causa
disso, o rio recebeu seu nome atual, Amazonas.
Derrotados, os espanhóis fugiram navegando rio-abaixo. Em 26 de agosto de 1542 chega-
ram ao enorme delta do rio Amazonas. Apesar dos constantes ataques indígenas, somente
doze homens haviam morrido. Os espanhóis seguiram ainda navegando ao longo da costa em
direção ao porto espanhol mais próximo, Trinidad, ilha na costa da atual Venezuela.
Orellana calculou ter percorrido 1.800 léguas, cerca de 7.500 quilômetros. Os detalhes de
sua aventura foram registrados pelo cronista da expedição, Frei Gaspar de Carvajal, em sua
“Relación del nuevo descubrimiento del famoso Rio Grande de las Amazonas”.

Orellana relatou sobre grandes cidades e milhões de pessoas instaladas nas margens do Amazo-
nas. Quando expedições posteriores navegaram pelo rio, não encontraram nada além da floresta
tropical. Acreditou-se, então, que Orellana teria mentido. Pesquisas mais recentes, entretanto, têm
constatado que a Amazônia pode ter abrigado grandes populações conforme indica a existência de
amplas áreas de Terra Preta – um importante indicador de assentamento humano. Possivelmente,
o vazio demográfico relatado por exploradores posteriores tenha sido resultado de epidemias intro-
duzidas pelos conquistadores europeus.2

2
Blog: Ensinar História - Joelza Ester Domingues. Disponível em: https://ensinarhistoria.com.br/linha-do-tempo/francisco-o-
rellana-chega-ao-rio-amazonas/- Acesso em: 13/12/2021

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003. (UEA/SIS/1ª ETAPA/2016) Frei Gaspar de Carvajal participou e foi o cronista da expedi-
ção espanhola pelo rio Amazonas, comandada por Francisco de Orellana. O excerto a seguir
trata do relato desse cronista.
A informação mais notável do relato do cronista diz respeito ao povoamento. As margens
do Amazonas eram densamente povoadas quando foram percorridas pela primeira vez
por europeus.
(BOLLE, Willi. A travessia pioneira da Amazônia (Francisco de Orellana, 1541-1542.). In: Willi
Bolle et al. (orgs). Amazônia, 2010.)
De acordo com a observação contida no excerto, que aborda as sociedades amazônicas ante-
riores à colonização europeia, é correto concluir que
a) as guerras constantes entre as tribos impediam o crescimento populacional na região.
b) a insalubridade dos territórios ribeirinhos dificultava a permanência de tribos numero-
sas no local.
c) as civilizações indígenas, submetidas a um governo centralizado, apresentavam baixa taxa
de mortalidade.
d) a forte concentração demográfica resultava da limitação geográfica do território.
e) as sociedades estabelecidas ao longo do rio eram indicadores da fartura de recursos
da região.

Questão interpretativa e de fácil resolução. Essa é pra gabaritar. A presença de sociedades


ao longo do rio permitia deduzir que existiam recursos suficientes na região para promover a
colonização.
Letra e.

Expedição de Ursúa e Aguirre

A segunda grande expedição espanhola ao Amazonas foi comandada por Pedro de Ursúa
(1525-1561), que partiu de Lima em fevereiro de 1559, ainda sonhando encontrar o El Dorado.
Esta expedição enfrentou os mesmos problemas da anterior, mas ela fracassou justamente
por reveses de outra natureza: traição e assassinato.
Pedro de Ursúa não se parecia em nada com os brutais conquistadores da época. Era con-
siderado gentil, educado, honrado, perfeito cavalheiro, possuidor de gentileza e caráter, adora-
do por todos, além de ser jovem. Mas, por outro lado, não tinha a capacidade de ver e entender
o verdadeiro caráter das pessoas. Essa falha foi fatal para ele. Sua tropa era formada por
homens rudes, mercenários de toda sorte, onde a ganância era a principal marca. Entre esses
homens, um se destacava com todas as piores qualidades: Lope de Aguirre.

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Aguirre, que era basco, recebeu o apelido de “el lobo”. Os conquistadores espanhóis não
depositavam muita confiança nos bascos, grupo que sempre se comportou a parte em relação
aos demais grupos formadores da Espanha e parecia não se esforçar muito para todas “las
glorias de España”. A língua basca é totalmente incompreensível aos ouvidos castelhanos –
um antigo provérbio espanhol dizia: “Quando Deus quis castigar o Demônio, condenou-o a
estudar basco durante sete anos.” Porém, a necessidade de homens e armas para levar “al fin
y al cabo” a conquista da América, fazia com que os espanhóis fizessem vista grossa aos tipos
de caráter dos mais duvidosos.
A ficha corrida de Lope de Aguirre faria inveja a qualquer meliante de carreira, frequentador
das páginas dos jornais e dos programas policiais: primeiro emprego – ladrão de túmulos; foi
condenado diversas vezes por fraude; mercenário, lutou em muitas das batalhas pela conquis-
ta dos novos territórios; tomou várias cidades a força; foi condenado diversas vezes por crimes
de toda ordem. Em uma destas condenações, levou cem chibatadas nas costas; sobre os feri-
mentos foi colocado sal – Aguirre ficou aleijado para sempre e jurou a todos que se vingaria.
Em outra expedição contra índios, acabou também aleijado de uma das mãos. Era um tipo de
pessoa que não se deveria ter por perto, mesmo num tempo tão duro como foi o início da con-
quista das Américas e da Amazônia.
Uma expedição com um líder fraco e com homens tão terríveis, não poderia obter maiores
êxitos. Ao longo de vários meses, motins de toda ordem levaram a uma sucessão de assassi-
natos, inclusive o de Pedro de Ursúa, morto na noite de ano novo de 1561. Mas do que a fome,
os ataques de índios e toda a sorte de problemas que a floresta fosse capaz de produzir, o
maior risco para este punhado de aventureiros espanhóis eram os próprios espanhóis – “a ex-
pedição não foi de geografia, mas de carnificina”, registrou um cronista da época. A aventura,
agora comandada por Aguirre, terminou pouco mais de dois anos depois, com a expedição
chegando primeiro ao Atlântico e depois até a Isla Margarida, na Venezuela.
Há dúvidas históricas com relação ao ponto de chegada, se foi na foz do rio Amazonas ou
do rio Orenoco, na Venezuela (há uma ligação natural entre as duas bacias hidrográficas – o
Canal de Cassiquiare, que liga o rio Negro ao rio Orenoco); durante muito tempo os rios Ama-
zonas e Negro foram chamados de Marañón. Uma pesquisa histórica detalhada do estudioso
peruano Emiliano Jos, publicada em 1923 (e que, bem por acaso, eu tenho uma cópia), confir-
mou que a expedição seguiu até a foz do rio Amazonas:

En consecuencia, terminaremos afirmando de acuerdo com todos los cronistas del viaje, y com
todos los documentos a él referentes, y com el jefe de la expedicón, y em contra de todos los fan-
taseadores sobre su trayectoria, que los “marañones” alcanzaron el mar por la boca del Amazonas.

Segundo as informações disponíveis, tanto a expedição de Francisco de Orellana quanto


aquela de Lope de Aguirre, fizeram a descida dos rios da Bacia Amazônica utilizando um tipo
de embarcação espanhola conhecida como bergantim. Normalmente, esse tipo de embarca-

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ção se assemelhava a uma galé, porém em tamanho menor, com dois mastros e linhas de
remos nas laterais. Essas expedições sempre contavam com carpinteiros com experiência em
construção naval e com ferramentas, permitindo que se construíssem as embarcações com
matéria prima da região quando se fizesse necessário.
Segundo os registros das duas expedições que sobreviveram ao tempo, as embarcações
foram construídas com o madeiramento das laterais mais elevados que o normal para proteger
os ocupantes das flechas e ataques de índios hostis nas margens dos rios.
Estimativas de peso das embarcações com carga e homens vão de 20 a 30 toneladas. Ima-
ginar uma embarcação desse porte saindo do curso do rio Amazonas, onde navegava a favor
da correnteza, e tomando o curso do rio Negro, subindo na força dos remos contra a correnteza
em direção ao território da Venezuela é uma história mais difícil de aceitar como verdadeira do
que a lenda do El Dorado.
Sempre que encontravam uma oportunidade, esses homens atracavam as embarcações
e se lançavam de assalto às aldeias indígenas menores, que encontravam em abundância ao
longo das margens dos rios, buscando assim conseguir alimentos e suprimentos para sua
sobrevivência. Foi durante esses embates com os índios que se batizou a região como Amazo-
nas, quando os indígenas de cabelo comprido faziam lembrar as lendárias guerreiras amazo-
nas da antiga mitologia grega, muito conhecida pelos espanhóis.
As crônicas das expedições também falam das sereias encontradas nos rios, que de lenda
não tinham nada: eram os peixes-boi amazônicos que, curiosos, emergiam ao lado das embar-
cações para conferir toda aquela movimentação em seus domínios aquáticos.
Homens ignorantes, gananciosos, famintos e apavorados – fantasia e realidade se con-
fundindo. Estavam preocupados apenas com a sobrevivência e sem qualquer motivação para
sonhos de conquista desse território.
Lope de Aguirre e seus homens, que sonhavam retornar ao Peru para conquistá-lo, parti-
ciparam de levantes na Isla Margarida e depois no território da Nova Granada (Venezuela). As
forças rebeldes acabaram subjugadas; Aguirre foi morto em combate; seu corpo foi recupera-
do pelos soldados coloniais, levado para a capital, esquartejado e os pedaços pendurados em
locais diferentes para servir de exemplo (essa era uma prática comum – você deve lembrar que
o mesmo foi feito com Tiradentes aqui no Brasil).
Nos mapas espanhóis, produzidos após a expedição de Pedro de Ursúa e Lope de Aguirre, o
rio Amazonas passou a ser chamado de Marañón – em espanhol, a palavra traição é “maraña”
e “marañón” significa traidor. Mesmo depois da incorporação de grande parte da Amazônia ao
território do Brasil, um dos principais afluentes do rio Amazonas manteve o nome Marañon.
Depois dessas duas expedições desastrosas através da grande Floresta Amazônica, com
o custo de milhares de vidas e de muito dinheiro, as autoridades espanholas desistiram em
definitivo de qualquer esforço de colonização da região. Foi a partir dessa decisão que surgiu
um personagem que conquistaria a Amazônia para Portugal: Pedro Teixeira.

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1.2.2. Ocupação Militar: o Forte do Presépio e a Expulsão dos “Estrangeiros”

Como vimos, pelo tratado de Tordesilhas, a região da Amazônia pertencia à Espanha. En-
tretanto, como os espanhóis se desencantaram com a região, em função do fracasso da expe-
dição de Francisco Orellana, os portugueses passam a se interessar pela área. Em 1553, Luís
Melo da Silva passa pelo litoral Norte, mas sua expedição acaba massacrada por índios na
região da Guiana.
Holandeses se instalaram ao longo dos rios para buscar as drogas do sertão e especiarias
para o mercado europeu. Os espanhóis, por sua vez, acabaram explorando o pau-brasil, utili-
zando mão de obra indígena através do escambo. Nascia, assim, o extrativismo madeireiro. Es-
ses fatos contribuíram para a ocupação da região por europeus e a consequente escravização
e aculturação dos povos nativos.
Deste modo, os franceses tomaram o Rio de Janeiro em 1555 e fundaram a França An-
tártica. A partir disso, os franceses resolveram ocupar outra parte do território colonial portu-
guês. Assim, em março de 1612, organizaram uma expedição liderada por Daniel de La Touche
(1570-1631) e se aliaram aos dos índios Tupinambás. Os indígenas e os franceses já estavam
familiarizados uns com os outros, pois navegantes vindos da França já rondavam a região. O
próprio La Touche esteve por ali duas vezes. Os indígenas, por sua vez, apelidaram os france-
ses de papagaios amarelos, pois estes eram loiros e tagarelas como as aves.
Com isto, fundam uma segunda colônia francesa denominada “França Equinocial”, cuja
capital era a cidade de São Luís em homenagem ao rei e ao santo patrono da França.
Apesar de ser de religião calvinista, Daniel de La Touche trazia frades capuchinhos (francis-
canos) na sua esquadra que rezaram a primeira missa pela fundação da cidade. Em três anos,
o território francês se expandiu para os atuais estados do Pará, Amapá e Tocantins.
Os portugueses, neste momento, estavam ligados aos espanhóis pela União Ibérica. No
entanto, não se descuidavam dos negócios da colônia e é preciso lembrar que os espanhóis
eram históricos inimigos dos franceses. Nomearam comandante Jerônimo de Albuquerque e
Alexandre Moura, que reuniram um grande número de soldados luso-espanhóis e indígenas.
Após muitas batalhas, os franceses foram expulsos definitivamente, em 1615.
Os franceses, contudo, jamais desistiram de fixar uma colônia na América do Sul. Final-
mente, conseguiram fazê-lo no território que hoje é a Guiana Francesa, com a fundação de
Caiena em 1637.
Após a conquista de São Luís do Maranhão, em novembro de 1615, por determinação do
Capitão-mor Alexandre de Moura, o Capitão-mor da Capitania do Rio Grande do Norte, Francis-
co Caldeira de Castelo Branco, partiu para a conquista da boca do rio Amazonas em 25 de de-
zembro de 1615. Em 18 dias de viagem, em 12 de janeiro de 1616, desembarcaram nas tabas
tupinambás, onde estabeleceram uma fortificação que denominaram de Forte do Presépio e
batizaram a região de “Feliz Luzitânia”. Dele, partiram as primeiras ruas e demais construções
do núcleo inicial da cidade de Belém.

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Essa fortificação serviria para a penetração e ocupação do vasto território desconhecido


que ficava a oeste. Ajudados pelos tupinambás, levantaram uma dupla linha de paliçada, reple-
ta de areia, formando um parapeito do lado do mar, onde montaram dez peças de artilharia. A
localidade alta adaptava-se bem aos dispositivos de defesa militar. Tinha 2 faces para os dois
rios e era ligada ao continente por uma estreita faixa de terra tornando fácil isolá-lo e defen-
dê-lo. O forte erguido era de paliçada,1 em quadrilátero, feito de taipa de pilão na parte do rio
e guarnecido por cestões na parte de terra. Peças de artilharia apontavam para os inimigos
eventuais de Portugal e Espanha, se preparando à foz do rio Amazonas para o combate contra
os ingleses e holandeses, então donos do vantajoso comércio na calha do rio Amazonas.
O forte sofreu reformas em 1759 e em 1773. A partir de 1759, uma parte de suas instalações
foi transformada em hospital. Em pouco tempo, o então governador Fernando da Costa de Ataí-
de Teive o transformou em hospital militar. Hoje, esse local é conhecido como a Casa das Onze
Janelas. Reformado e rearmado a partir de 1850, durante o governo de Jerônimo Francisco Coe-
lho, presidente da província do Pará, o Forte do Presépio recebeu limpeza geral interna.
Durante a Segunda Guerra Mundial, serviu de quartel para uma bateria de artilharia. Na
década de 1950, as suas dependências abrigaram diversos serviços da 8ª Região Militar. Em
1962, o Forte do Presépio foi tombado pelo então Serviço do Patrimônio Histórico e Artísti-
co Nacional.

004. (UEA/SIS/2ª ETAPA/2015) A ação da corte portuguesa [no vale do Amazonas] foi mais
visível, mais imediata, mais atenta a minúcias, do que em outros pontos do Brasil. Em 1772, a
Amazônia passava a constituir um novo estado, sem sujeição ao vice-rei do Brasil e diretamente
subordinado a Lisboa. Mais tarde, cogitou-se em criar ali um vice-reinado independente e a auto-
nomia da região pareceu sempre imposta pela consideração das exigências singulares da terra.
(Sérgio Buarque de Holanda. Escritos coligidos, 2011.)
No quadro das singularidades da colonização da região amazônica, ressaltam-se
a) a lavoura de cana-de-açúcar e as atividades do bandeirismo.
b) o caráter militar da ocupação e a exploração das drogas do sertão.
c) o contato com tribos indígenas e o cultivo do café.
d) a exportação de produtos primários e a importação de manufaturados.
e) a exploração aurífera e a instalação de centros administrativos.

a) Errada. A lavoura de cana-de-açúcar se destacou no litoral brasileiro, principalmente na re-


gião Nordeste.
b) Certa. A construção de fortificações ao longo das rotas fluviais foi de fundamental impor-
tância para garantia de domínio dos portugueses sobre o território amazônico.
c) Errada. O café passou a ser cultivado apenas a partir da década de 1980.

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d) Errada. Dentro da lógica do mercantilismo sim, exportavam as “drogas do sertão”, geral-


mente extraídas por indígenas em missões ou sob a égide da escravidão. Também, todos os
produtos manufaturados vinham da Europa. Contudo, essa não é uma “singularidade”, já que
toda a colônia – e não somente a região da Amazônia – adotou essa postura.
e) Errada. A exploração aurífera também não foi uma singularidade. Ocorreu a partir do século
XVIII na região do Guaporé, atual estado de Rondônia.
Letra b.

1.2.3. Expedição de Pedro Teixeira

Antes de seguirmos, é preciso que você compreenda que o Tratado de Tordesilhas, firmado
em 1494, perdera seu efeito, pelo menos temporariamente, em função da União Ibérica (1580-
1640): União das coroas portuguesa e espanhola sob a tutela do rei Felipe II da Espanha por
Portugal estar sem herdeiro de seu trono após o desaparecimento de D. Sebastião.

005. (ISAE/PM-AM/SOLDADO/2011) A União Ibérica, que durou exatos 60 anos (1580/1640),


provocou profundas transformações no Brasil. Assinale a afirmativa que apresenta uma des-
sas modificações.
a) marcou o início do processo de expansão do território ao desobedecer aos limites impostos
pelo Tratado de Tordesilhas;
b) iniciou a abertura comercial para os países europeus ao permitir a livre circulação de seus
navios pelos portos brasileiros;
c) reconheceu a autonomia política da região produtora de açúcar ao reconhecer o seu contro-
le pelos holandeses;
d) admitiu a presença de colonos espanhóis na área de influência portuguesa o que impediu a
expansão da criação de gado para o interior.

Como acabei de lhe mostrar, com a União Ibérica (1580-1640) O Tratado de Tordesilhas perdeu
a validade, permitindo que os portugueses se embrenhassem na região amazônica.
Letra a.

Em 1626 e 1628, Pedro Teixeira chefiou Tropas de Resgates (captura de índios para escra-
vizar) em expedições militares, nos vales dos rios Tapajós e Negro. Em 1637, o governador do
Maranhão, Jácome Raimundo Noronha, delegou a Pedro Teixeira a missão de subir rio Ama-
zonas e chegar até Quito, no então Vice-Reino do Peru, para fazer um reconhecimento mais
detalhado do rio das Amazonas.

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Em 28 de outubro de 1637, o capitão Pedro Teixeira partiu de Gurupá (PA) e alcançou a


foz do rio Napo, no começo de julho do ano seguinte. A expedição tinha o objetivo de explorar
um curso d’água dominado por mulheres guerreiras, hábeis no manejo com cavalos: o rio das
Amazonas. Esta incursão, considerada por muitos como a maior façanha sertanista da região,
contava com 47 grandes canoas, 70 soldados e 1.200 indígenas.
Alcançou Quito em outubro de 1638. Em 10 de novembro, Pedro Teixeira foi recebido em
audiência pelo governador daquela cidade; em 16 de fevereiro do ano seguinte, iniciou a sua
viagem de regresso; em 15 de agosto, tomou posse da Amazônia a partir da margem esquerda
do rio Aguarico (atual rio do Ouro) para o leste em nome do rei da Espanha e de Portugal, e da
Coroa Portuguesa, embora essa ainda estivesse sob o domínio espanhol. O ato de posse foi
registrado pelo escrivão da expedição, conforme as instruções que constavam no seu Regi-
mento, e que deveria servir […] “de baliza aos domínios das duas coroas (de Espanha e Portu-
gal)”. Aportou em Belém, no dia 12 de dezembro de 1639, cumprindo a sua missão após mais
de dois anos de sua partida.
Esta expedição foi descrita no livro Novo Descobrimento do Grande Rio das Amazonas,
editado em Madri, em 1641. O governo espanhol mandou imediatamente recolher e destruir
a publicação, pois se preocupava com a divulgação da rota para as minas peruanas e com
as pretensões territoriais portuguesas relacionadas à sua Colônia na América, sobretudo no
momento da Restauração. Tal medida, contudo, não impediu que, mais tarde, a expedição de
Pedro Teixeira fosse usada pela Coroa Lusa para reivindicar a posse da Amazônia. A incursão
estabeleceu as condições, pelo menos, no que se refere à identificação do território, para a
ocupação do Vale do Amazonas, através da instalação de fortes e missões religiosas nas mar-
gens dos rios.
Já na viagem de volta, em uma das margens do Rio Napo, na confluência com o Rio Aguari-
co, Pedro Teixeira fundou o povoado da Franciscana (16 de agosto de 1639), que, conforme as
instruções que constavam no seu Regimento, deveria servir “de baliza aos domínios das duas
Coroas (de Espanha e Portugal)”.
Em reconhecimento por sua extensa lista de serviços prestados na conquista da Amazô-
nia, foi nomeado, pelo rei Felipe IV, capitão-mor da Capitania do Grão-Pará, assumindo as suas
funções em fevereiro de 1640. Teixeira foi agraciado, posteriormente, pelo monarca ibérico
com o título de Marquês de Aquella Branca.
No primeiro dia do mês de dezembro, a União Ibérica foi rompida e a Monarquia Portugue-
sa restaurada. A posse da terra em nome da Coroa Lusa em 1639 e o fim da união das casas
ibéricas em 1640 permitiram que a Amazônia passasse a ser um domínio legítimo de Portugal,
reconhecido pelos tratados de Madri, de 1750, e ratificado pelo tratado de Santo Ildefonso, de
1777. O advento da Independência do Brasil, em 1822, transferiu a posse da terra da Coroa
Lusitana para o Império Brasileiro que se formava.

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Essa incursão deu condições, pelo menos no que se refere à identificação do território,
para a ocupação do vale amazônico, por meio da instalação de fortes e missões religiosas nas
margens dos rios. No entanto, para o padre João Daniel, que ali já vivia, o verdadeiro “tesouro
escondido” eram os nativos, cujas almas podiam ser convertidas.

006. (FGV/2018/TÉCNICO TRIBUTÁRIO – RO) Analise o mapa a seguir.

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A respeito dos objetivos da conquista político-religiosa do vale do Amazonas, no período colo-


nial, pelos portugueses, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa.
( ) Controlar militarmente o acesso à bacia hidrográfica do Amazonas a partir de fortes, como
o de Presépio, na futura cidade de Belém.
( ) Impor o domínio sobre a região mediante expedições, como a de Pedro Teixeira, que partiu
de Belém rumo a Quito e fundou o povoado de Franciscana.
( ) Promover o estabelecimento de missões e aldeamentos de várias ordens religiosas para
converter os gentios e incorporá-los à economia colonial. Na sequência apresentada, as afir-
mativas são, respectivamente,
a) V – V – F.
b) F – V – V.
c) V – V – V.
e) V – F – V.
e) F – F – V.

A ocupação da região amazônica ocorreu com missões de irmandades religiosas, expedições


bandeirantes e a construção de fortes militares portugueses. Entre eles, o primeiro na Amazô-
nia foi o Forte do Presépio, para proteger a foz em Belém. Entre as principais expedições pode-
mos citar a de Pedro Teixeira que penetrou nos vales amazônicos e chegou até Quito. Mostrou
a viabilidade de alcançar o mercado dos povoamentos espanhóis.
Letra c.

1.2.4. As Bases da Colonização Portuguesa: as Bases Econômicas

Prezado(a), para estudarmos a colonização da Amazônia por parte dos portugueses é preci-
so a compreensão do mercantilismo, base econômica que fundamentou o interesse na região:
• Mercantilismo: os estados europeus, potências coloniais, tinham como objetivos a ob-
tenção de metais preciosos (para fabricação de moedas), manutenção da balança co-
mercial favorável, protecionismo alfandegário, acúmulo de riquezas nas mãos dos reis
e ênfase no comércio marítimo. Este sistema econômico era embasado na relação de
controle da Metrópole sobre suas colônias praticando o chamado exclusivo colonial ou
pacto colonial, no qual a colônia só poderia vender e comprar da metrópole. Podemos
resumir suas principais características:
• Metalismo: valorização do ouro e da prata como medida de riqueza de um Estado.
• Balança comercial favorável: O Estado deveria exportar (vender) mais do que importar
(comprar).

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• Incentivo a novas atividades econômicas, comércio e navegações: Para abastecer as


manufaturas eram necessários novos produtos e mercados consumidores.
• Concessão de monopólios: os reinos concediam monopólios (exclusividade de explora-
ção e produção de mercadorias) através das Companhias de Comércio, que por sua vez
aumentavam a arrecadação da Coroa.
• Sociedade estamental: No Antigo Regime, as posições sociais eram definidas pelo
nascimento, característica de uma sociedade estamental, onde era muito difícil a mo-
bilidade entre as classes sociais. Isso fazia com que se perpetuasse os privilégios de
determinados grupos. Os nobres, por exemplo, tinham acesso a cargos e títulos, o que
significava renda vitalícia e isenção de impostos.
• Pacto Colonial, ou Exclusivo Comercial Metropolitano: um sistema de leis e normas que
as metrópoles impunham às suas colônias durante o período colonial, ou seja: as me-
trópoles eram os países que se beneficiavam dos produtos e da atividade econômica de
seus territórios coloniais.

Dentro da lógica do mercantilismo a região amazônica representava a possibilidade de lu-


cro com a exploração de especiarias – “drogas do sertão” –, com a utilização da mão de obra
indígena e a busca por ouro.
Nessa perspectiva, alguns capitães e sertanistas experientes, como Antônio Raposo Ta-
vares, Manuel Coelho e Francisco de Melo Palheta, passaram a percorrer o Amazonas e seus
afluentes descobrindo comunicações fluviais, atingindo aldeamentos espanhóis na região
oriental da Bolívia e coletando sem cessar as especiarias, com ajuda dos nativos.
Os capitães sertanistas também estabeleceram algumas feitorias e postos de pesca. Com-
bateram e foram combatidos por diversas tribos. Vencedores, escravizaram milhares de índios.
As atividades desenvolvidas por eles, assim como por franciscanos, carmelitas, mercedários
e jesuítas, foram importantes na expansão territorial, na conquista e na consolidação do domí-
nio português.
Quando Portugal decidiu ocupar a Amazônia, enquadrou-a no sistema legal de organização
do trabalho indígena vigente na época: o sistema de “capitães de aldeia”.
O início do projeto de colonização da Amazônia por Portugal dá-se sob vigência da Carta
de Lei de 10 de setembro de 1611, na qual estava determinado o cumprimento do modo de
organizar o trabalho indígena na região, denominado “capitães de aldeia”. Eram tarefas do Ca-
pitão de aldeia: representar e fazer cumprir as atribuições impostas pela Coroa portuguesa à
aldeia; comandar as formas de recrutamento e escravização de mão-de-obra indígena; empre-
ender a distribuição e aluguel dos índios entre colonos, missionários e o serviço real da Coroa
portuguesa; atuar como juiz, civil e criminal, julgando e estabelecendo penas; fiscalizar o paga-
mento dos “salários” aos índios, a fim de impedir que esses fossem enganados pelos colonos.

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007. (UEA/SIS 2ª ETAPA/2014) Quando se aperceberam do valor comercial das especiarias


assim obtidas, substitutivas das que Portugal trazia das Índias, um esforço deliberado se em-
preendeu para racionalizar e ampliar o negócio. Como a única forma factível de obter maior
produção constituía a escravização dos índios para os compelir a um trabalho regular, isso foi
feito. A maior dificuldade, porém, estava na contingência inevitável de deixar os índios soltos,
para juntar as cobiçadas especiarias que crescem, ao acaso, na mata infinita.
(Darcy Ribeiro. O povo brasileiro, 1995. Adaptado.)
O excerto alude a um dos processos de colonização da região amazônica pela metrópole por-
tuguesa. Os traços gerais da colonização do Brasil estão presentes na exploração da Amazô-
nia, ganhando, no entanto, aspectos locais, como
a) a economia extrativista e a especificidade da organização do trabalho obrigatório.
b) a montagem de um sistema agrícola de exploração e a importação da mão de obra.
c) a extração de pedras preciosas na floresta e o emprego do trabalho livre.
d) a criação extensiva de gado bovino e o uso da mão de obra das missões religiosas.
e) a importação de colonos portugueses e o emprego de trabalhadores mestiços.

A motivação econômica para colonização da região passava pelo interesse no comércio de


especiarias (drogas do sertão) com utilização do trabalho escravo dos indígenas.
Letra a.

1.2.5. Organização da Força de Trabalho Indígena

O processo de conquista da Coroa portuguesa na região amazônica só tornou-se possível, em gran-


de medida, devido à utilização da força de trabalho indígena, na construção de grande parte dos
fortes, fortalezas, cidades e vilas; a oeste, ao sul e ao norte, através dos rios Tapajós, Madeira, Negro,
Branco e Javari; na coleta do principal recurso econômico da Amazônia no período, o extrativismo
das chamadas “drogas do sertão”, o qual exigia a penetração pela floresta e o seu profundo conhe-
cimento, constituindo um fator depreciativo em relação à utilização do escravo africano, já que só o
índio poderia suprir tais requisitos. (BEOZZO, 1984, p. 28)

Quando não podia contar com o trabalho indígena, o branco colonizador não encontrava
solução a não ser a importação de escravos africanos. Trabalhar, com suas próprias mãos, a
terra amazônica, ou dela extrair, com seus próprios braços, os produtos naturais – as drogas
do sertão – isso era coisa que não passava pela cabeça da quase totalidade dos portugueses
residentes no Brasil. Afinal, o regime colonial fora implantado justamente para isso.

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A Carta Régia de 1570, assinada por Sebastião I proibia a escravidão indígena. Contudo,
instituiu a chamada “Guerra Justa”, permitindo a escravização de indígenas que oferecessem
resistência à colonização.
A lei de 1595, por seu turno, previa um único motivo para escravizar o índio: somente a pri-
são, feita durante alguma guerra, e efetuada por ordem direta da Coroa. Os decretos de 1605,
1608 e 1609 suprimiram inteiramente a escravidão do índio, declarando por princípio a liberda-
de indígena e a igualdade dos seus direitos políticos ao dos brancos.
Mas essas leis não puderam ser instauradas devido à pressão dos colonos que alegavam
falta de mão-de-obra para continuar seus negócios. Já o decreto de 1611 estabeleceu que os
índios aprisionados numa guerra aprovada pelas altas autoridades, civis ou eclesiásticas, pro-
movida pelos próprios indígenas, portanto, na perspectiva da coroa, resgatados “do martírio
dos seus compatriotas” – deviam ser escravizados. Essa lei perdurou até 1649, quando foi
novamente restaurado o direito de liberdade e igualdade dos índios, estabelecido pelo decre-
to de 1609.
Mas, devido à sua posição totalmente contrária aos pressupostos estabelecidos em 1649,
os colonos de São Luís e de Belém pegaram em armas para impedir a efetivação dessa última
lei. Já a lei de 1655, profundamente influenciada pelo Padre Antônio Vieira, exímio combaten-
te da causa da liberdade indígena na região amazônica, estabeleceu com grande moderação
sérios esforços para acomodar, de um lado, as vantagens materiais dos colonos, e de outro, a
proteção dos índios. Apesar disso, a escravidão particular continuou a existir; em se tratando
de índios prisioneiros de guerra, ela devia, inclusive, ser vitalícia e hereditária.
A escravidão dos índios resgatados, contudo, devia durar somente cinco anos. Com essa
lei a situação dos índios livres mudou, pois a fiscalização deles, antes atribuída a funcionários
civis, foi designada aos jesuítas. A atuação dos funcionários civis era geralmente prejudicial
aos “índios livres”, pois compactuavam com os colonos que os tinham sob guarda, fazendo os
índios prestar serviços aos portugueses por prazos maiores que os estabelecidos.
Neste embate, que envolvia o indígena, teve importância a ação do padre Antonio Vieira
(1608/1697). Na década de 1650, sendo o superior das missões jesuíticas do Estado do Mara-
nhão, implantou as bases do trabalho missionário como batizar, pregar, educar nos padrões da
cultura portuguesa e das regras estabelecidas pelo Concílio de Trento (1545/1563).
O governo português, tentando contornar os problemas decorrentes da proibição da es-
cravidão dos indígenas, optou pela criação, em 1682, de uma companhia que teria, durante
vinte anos, o monopólio comercial da região. A Companhia Geral de Comércio do Estado do
Maranhão possuía o direito exclusivo de comercialização dos produtos locais e de escravos
africanos. Competia a ela, também, a importação de produtos como o vinho, o azeite de oliva,
tecidos etc. Por outro lado, na tentativa de resolver o problema da mão-de-obra escrava para
abastecer a região, a Companhia deveria fornecer 10 mil escravos africanos, numa média de
500 por ano, a preço fixo.

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Os comerciantes locais sentiam-se prejudicados por esse monopólio da Companhia. Os


proprietários rurais entendiam que o preço oferecido pelos seus produtos era insuficiente. Os
apresadores de índios, contrariados, reclamavam da aplicação das leis que proibiam a escra-
vidão dos nativos. A população, em geral, protestava contra a irregularidade do abastecimento
e dos altos preços de produtos como tecidos, bebidas e alimentos muitas vezes estragados.

008. (FGV/PREFEITURA DE PAULÍNIA/PROFESSOR EDUCAÇÃO BÁSICA/2021) Conside-


rando a formação da sociedade brasileira no período colonial, a respeito da escravidão indíge-
na assinale a afirmativa correta.
a) O indígena não se adaptou ao trabalho sistemático e foi reduzido a uma vida de roubo e
contravenções.
b) A resistência indígena desapareceu quando a prática missionária disciplinou a população
autóctone.
c) A escravidão permaneceu como um modo de exploração relevante de parte da popula-
ção nativa.
d) O trabalho escravo dos indígenas foi extinto a partir da importação de africanos.
e) A lei de 1570 determinou a substituição de mão de obra indígena por africana.

a) Errada. A maioria dos indígenas brasileiros de fato não se adaptou ao trabalho escravo. Con-
tudo, não teve sua vida reduzida ao roubo e a contravenções. Pelo contrário, os indígenas bus-
caram preservar seu estilo de vida, inclusive, oferecendo resistência à dominação do europeu.
b) Errada. Existem vários movimentos que são prova da resistência indígena mesmo após a
criação de missões jesuítas, como Guerra dos Bárbaros (movimento de resistência de indí-
genas brasileiros das nações Cariri e Tarairiú à dominação portuguesa. Ocorreu entre 1682 e
1713 na região Nordeste do Brasil, sobretudo no Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba.)
c) Certa. Apesar da proibição da utilização de mão de obra indígena como escrava, a prática foi
comum ao longo do período colonial, principalmente em regiões do nordeste brasileiro, como o
Maranhão. A Revolta de Backman (1684-1685), por exemplo, se deu porque a Companhia Geral
do Comércio do Maranhão não cumpriu sua parte em fornecer mão de obra africana para a
região, levando os colonos a escravizarem os indígenas.
d) Errada. Mesmo após o início da importação de mão de obra escrava africana, indígenas
continuaram sendo capturados como escravos.
e) Errada. A Carta Régia de 1570, assinada por Sebastião I proibia a escravidão indígena, mas não
dizia absolutamente nada sobre a escravidão de africanos. E, ainda assim, a proibição se limitava
aos nativos que não oferecessem resistência à colonização. Contra àqueles que ofereciam resis-
tência, a Carta Régia permitia a captura para a escravidão, no que os portugueses chamaram de
“Guerra Justa”. Pode conferir a íntegra do documento no seguinte endereço: https://lemad.fflch.
usp.br/sites/lemad.fflch.usp.br/files/2018-04/Lei_de_liberdade_dos_indios_de_1570.pdf
Letra c.

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1.2.6. Organização e Funcionamento da Administração do Maranhão e Grão-Pará

Como vimos, a ocupação europeia da região começa no início do século XVI com as in-
cursões de holandeses e ingleses, que estavam em busca de sementes de urucum, guaraná e
pimenta. Os primeiros portugueses só chegarão em 1616, e o marco inicial de sua presença se
dá com fundação do Forte do Presépio, ponto de partida da construção da cidade de Belém,
na época Santa Maria de Belém do Grão-Pará.
Além da natureza hostil do terreno, estes primeiros ocupantes tiveram que lutar contra os
núcleos europeus já instalados na região, além de enfrentar a oposição guerreira dos índios.
A formação do Estado do Maranhão está ligada, portanto, ao empenho da coroa na expul-
são dos franceses, holandeses e ingleses que insistiam em ocupar o enorme território desde a
segunda metade do século XVI e na necessidade de superar as dificuldades de comunicação
entre os governos do Maranhão e Pará com o governo geral na Bahia, devido ao movimento
“contrário” das correntes marítimas na costa norte e a falta de um caminho terrestre alternativo.
Assim, em 1621, no contexto da Dinastia Filipina e da União Ibérica (1580-1640), o território
da América Portuguesa foi dividido por Filipe III de Espanha em duas unidades administrativas
autônomas:
• Estado do Maranhão (com capital em São Luís), abrangeu a capitania do Grão-Pará, a
capitania do Maranhão e a capitania do Ceará, a fim de assegurar a posse do território,
melhorar o contato da região com sua metrópole, além de incentivar a coleta das “dro-
gas do sertão”, o cultivo da cana, algodão, café e do cacau, além da vinda de colonos.
• Estado do Brasil (com capital em Salvador)

Em 1654 o Estado do Maranhão passa a ser designado Estado do Maranhão e Grão-Pará e,


em 1751, o Estado do Maranhão e Grão-Pará passa a se chamar Estado do Grão-Pará e Mara-
nhão, compreendendo os atuais Estados do Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, Maranhão e Piauí;
Portanto, meu (minha) querido(a), tivemos duas colônias portuguesas na América que vi-
riam a ser o Brasil atual. Veja o mapa:

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A criação do Estado do Maranhão foi decretada em 13 de junho de 1621, porém, a insta-


lação efetiva só aconteceu em 1626, com a posse do primeiro governador e Capitão-General
Francisco de Albuquerque Coelho de Carvalho, que esteve neste governo por dez anos (de
03/09/1626 a 15/09/1636). A vila de São Luis, que já era sede da capitania do Maranhão, foi
escolhida como sede da capital do Estado. O Estado do Maranhão e Grão Pará perdurou até
1772, quando foi anexado ao Estado do Brasil, conforme Decreto Régio de 20 de agosto.
Diante da enormidade do espaço geográfico do Estado do Grão-Pará e Maranhão e das
tentativas frustradas de ocupação, mais uma vez a coroa temia pela segurança, ocupação e
expansão daquele espaço. A nova administração que se iniciava exigia novas soluções de go-
verno e por isso, novas capitanias foram sendo formadas e concedidas a particulares. Essas
novas capitanias possuíam regimento próprio para sua administração, isto quer dizer que as
capitanias eram independentes umas das outras.
As atribuições do Governador eram amplas e, à semelhança do governador-geral do Estado
do Brasil, abrangiam todas as áreas da administração do Estado, incluindo funções relaciona-
das à Justiça, à Fazenda e à esfera militar. Em relação à organização do governo, suas compe-
tências incluíam prover os oficiais de Justiça e de Fazenda em todos os lugares e povoações,
e nomear pessoas de confiança para os cargos vagos por ocasião da morte de seus titulares.
Não devia, no entanto, criar ofício novo nem aumentar os ordenados ou soldos, exceto em ca-
sos de guerra, nem interferir na jurisdição eclesiástica, dando conta de tudo ao rei
No que respeita à administração das capitanias, eram suas atribuições convocar, junto
com o ouvidor, os capitães e governadores suspeitos de cometer alguma violência ou extorsão
pública, colocando um substituto em seu lugar, e não permitir que os donatários tomassem
mais jurisdição do que aquelas que lhes pertencessem. Também competia ao cargo passar
alvarás: para os culpados em alguns crimes; de busca a carcereiros; de autorização de fintas
para obras públicas de até cem mil-réis; autorizando apelação e agravos após a vigência do
prazo; de entrega de fazendas de ausentes até a quantia de duzentos mil-réis; de contrato até
cem-mil réis; e de fiança, em nome do rei.
Em relação à organização militar, cabia ao governador pagar os soldos dos soldados e
sentenciar os casos-crimes praticados por capitães e oficiais, junto com o ouvidor, fazendo as
condenações na forma descrita no regimento deste.
No que toca à economia, o governador tinha a função de incentivar a pesca de baleias e a
plantação de palmeiras para fabricação do azeite, bem como resolver os casos de despesas
não previstas nos regimentos junto com o ouvidor e provedor, e conceder provisão ao procura-
dor do rei para que se guardassem os interesses da Fazenda Real
Outros itens que aparecem com frequência no regimento do governador dizem respeito
aos degredados e aos índios. Em relação aos primeiros, competia ao cargo indicar os lugares
onde esses devessem cumprir suas penas e provê-los em alguns ofícios caso merecessem ser
perdoados, exceto aqueles que tivessem praticado furto, falsidade ou outro delito considerado

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grave. Além disso, tinha que se informar sobre os navios que traziam degredados, fazendo
diligências e ordenando o mesmo aos governadores das capitanias. No caso dos índios, o
governador ficava encarregado de cumprir a lei sobre a sua liberdade, não consentindo que
fossem mandados de uma capitania para a outra, e também conceder, sem embargo, apelação
e agravo, a liberdade aos índios cativos ou obrigados a servirem contra sua vontade.
Francisco de Albuquerque Coelho de Carvalho, o primeiro governador-geral do Maranhão e
Grão-Pará, empreendeu diversas iniciativas relativas à organização da máquina administrativa do
novo Estado, ao aprimoramento da defesa e iniciou o processo de criação das capitanias heredi-
tárias. No período governado por Jácome Raimundo de Noronha, o segundo governador, foram
realizadas várias expedições ao interior do Estado pelo rio Amazonas, como a de Pedro Teixeira.

Evolução política do Estado do Maranhão:


1. Estado do Maranhão – Criado em 1621 por Filipe II, com capital em São Luís e ligado a
Lisboa. A região administrada por essa unidade administrativa se estendia do Ceará ao atual
Estado do Amazonas.
2. Estado do Maranhão e Grão-Pará – Constituía a administração da mesma unidade territorial
anterior. Em 1737, a sede dessa nova administração passou a ser Belém.
3. Estado do Grão-Pará e Maranhão (1751-1772) – Constituía uma organização administrativa
cuja sede passou definitivamente para Belém. Em 1772, foi desmembrada em duas unidades:
Maranhão e Piauí; Grão-Pará e Rio Negro. Em 1823, a Amazônia foi anexada ao Brasil, como região
norte, pelas tropas do almirante inglês John Pascoe Greenfel, que estava a serviço de D. Pedro I.
4. Estado do Grão-Pará e Estado do Maranhão (1772) – Separação do Estado do Grão-Pará
e Maranhão

009. (PROCESSO SELETIVO MACRO/PSM/2007) Desde o início da ocupação portuguesa no


vale amazônico, a região manteve-se como colônia portuguesa com ordenamento jurídico au-
tônomo frente ao Brasil. Numa ordem cronológica esse ordenamento seria:
a) Estado do Brasil Setentrional, Estado do Maranhão e Grão-Pará, Estado do Grão-Pará.
b) Capitania de São José do Rio Negro, Comarca do Alto Amazonas, Estado do Grão-Pará.
c) Estado do Maranhão, Estado do Grão-Pará e Maranhão, Estado do Grão-Pará e Rio Negro.
d) Estado do Grão-Pará e Rio Negro, Comarca do Alto Amazonas, Província do Pará.
e) Estado do Maranhão e Grão-Pará, Estado do Grão-Pará e Amazonas, Província do Grão-Pará.

Por ordem, como acabamos de ver: Estado do Maranhão (1621), Estado do Maranhão e Grão-
-Pará, Estado do Grão-Pará e Maranhão (1751-1772).
Letra c.

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1.2.7. As Ordens Religiosas

As missões e os fortes desempenharam papéis importantes no Vale do Amazonas quanto


à expansão territorial e a consequente colonização. Contribuíram para fixar marcos da penetra-
ção portuguesa naquele território disputado por outros povos.
Sempre de sentinela nas lonjuras do Vale estavam os fortes, instalados ao longo do século
XVII: eram unidades pequenas, com poucos homens e escassas peças de artilharia. Isto, entretan-
to, não era empecilho para que enfrentassem os ataques frequentes de estrangeiros ou de nativos.
As ordens religiosas chegaram em épocas diferentes à região. Por exemplo: os carmelitas,
em 1627, e os jesuítas, em 1636. Deparavam-se, porém, com os mesmos obstáculos como a
competição entre os colonos e entre as próprias ordens religiosas pelo “direito de administrar
o indígena”, visto tanto como mão-de-obra quanto como fiel servo de Deus.
Na virada do século XVII o domínio português balizava-se na Amazônia pelo posto avança-
do de Franciscana, a oeste, e por fortificações em Guaporé, ao norte. Os franceses, instalados
em Caiena, pretendiam descer o litoral para alcançar o Amazonas, instigando surtidas cons-
tantes de sacerdotes, pescadores e predadores de índios.
Ao mesmo tempo, as expedições lusas de reconhecimento enfrentavam grandes dificulda-
des na atual região do Amazonas: no rio Negro, os Manaus, coligados com tribos vizinhas, e
os torás, na bacia do Madeira, entregavam-se a guerra de morte contra sertanistas e coletores
de especiarias.
Na zona do Solimões a penetração portuguesa defrontou-se com missões castelhanas,
dirigidas pelo jesuíta Samuel Fritz, que floresciam na bacia do Juruá, e talvez mais a leste.
Logo chegaram ordens de Lisboa para que forças militares invadissem o território das missões
espanholas, a fim de expulsar os padres e os soldados que as amparavam.
Em 1669 ergueu-se o forte de São José do Rio Negro, evitando que espanhóis descessem
pelo Rio Amazonas. Os fortes do Paru e Macapá, fundados em 1685, visavam impedir a passa-
gem dos franceses da Guiana.
Com efeito, entre 1691 e 1697, Inácio Correia de Oliveira, Antônio de Miranda e José Antu-
nes da Fonseca apossaram-se do Solimões, enquanto Francisco de Melo Palheta garantia o
domínio lusitano no alto Madeira e Belchior Mendes de Morais invadia a bacia do Napo.
Restava aproveitar o imenso espaço conquistado, tornando-o produtivo. A coroa portugue-
sa, necessitando assim consolidar sua posição, solicitou o trabalho missionário na área.
A obra a que se deviam entregar os religiosos estava compreendida no chamado Regi-
mento das Missões (1686). Incluía, afora a conversão católica dos gentios, sua incorporação
ao domínio político da coroa mediante o aprendizado da língua portuguesa, a organização das
tribos em núcleos de caráter urbano e, sobretudo, o aproveitamento racionalizado de sua força
de trabalho em atividades extrativas e agrícolas.

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Regulada a divisão do território entre as ordens, por meio de cartas régias (1687-1714),
vários grupos de religiosos iniciaram a tarefa sistemática de colonização, espalhando suas
missões num raio de milhares de quilômetros pelo vale amazônico.
Foram os carmelitas, acompanhados de perto pelos inacianos e mercedários, que mais
aprofundaram a colonização nos antigos domínios espanhóis, ocupando a área atual do esta-
do do Amazonas. As missões jesuíticas espalharam-se pelo vale contíguo do Tapajós e, mais
a oeste, pelo do Madeira, enquanto os mercedários se estabeleceram próximo à divisa com o
Pará, nos cursos do Urubu e do Uatumã. Os carmelitas disseminaram seus aldeamentos ao
longo do Solimões, do Negro e, ao norte, do Branco, no atual estado de Roraima.
Assim distribuídas, as missões entregaram-se a diligente trabalho de exploração econômi-
ca em suas circunscrições. A própria metrópole incentivou tal empreendimento, uma vez que
perdera seu império asiático e necessitava dar continuidade ao comércio de especiarias, de
que o Amazonas se mostrava muito rico.
Os religiosos corresponderam de imediato a essa solicitação, iniciando as primeiras ati-
vidades extrativas de vulto. Firmou-se, dessa maneira, a exportação regular de cravo, cacau,
baunilha, canela, resinas aromáticas e plantas medicinais, toda ela sob o controle dos missio-
nários, que dispunham do indígena como mão-de-obra altamente produtiva.
No empenho de converter os gentios à fé católica e de ampliar o comércio de especiarias,
ou “drogas do sertão”, os religiosos com frequência transferiam suas missões de um ponto a
outro, seguindo sempre a margem dos rios. Da multiplicidade desses aldeamentos surgiram
dezenas de povoados, a exemplo de Cametá, no deságue do Tocantins; Airão, Carvoeiro, Mou-
ra e Barcelos, no rio Negro; Santarém, na foz do Tapajós; Faro, no rio Nhamundã; Borba, no
rio Madeira; Tefé, São Paulo de Olivença e Coari, no Solimões; e em continuação, no curso do
Amazonas, Itacoatiara e Silves na Capitania do Rio Negro.
Os sertanistas acompanharam os missionários na intensa atividade de exploração do
Amazonas. Sua ação, em geral estimulada pelas autoridades coloniais, devia facilitar o traba-
lho dos provedores da fazenda, sob a direção dos quais corriam os serviços do fisco.

Os Franciscanos

Os Franciscanos da Província de Santo Antônio chegaram a Belém em 1618, mas já estava


a mais tempo no Maranhão. Os da Província da Piedade e da Província da Conceição da Beira
do Mecho chegaram a Belém nos anos 1693 3 1706, respectivamente.
Esses missionários, até o século XVIII, administraram cerca de 20 aldeamentos indígenas
distribuídos por diversas áreas do baixo Amazonas: La do Marajó, região entre a margem es-
querda do rio Amazonas e a fronteira da Guiana Francesa, adjacência de Gurupá, distritos do
Amazonas até Nhamundá, inclusive o Xingu e Trombetas.

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Os Jesuítas

Antes mesmo de ser iniciada a colonização da Amazônia, os Jesuítas já tinham se apre-


sentado na parte norte da América Portuguesa. Em 1607, esteve na serra de Ibiapada, no Cea-
rá, sob a liderança do padre Luís Figueira. Outros chegaram a São Luís nos anos de 1615, 1622
e em 1636 e 1643 chegaram até Belém.
Mas suas obras missionárias, propriamente ditas, iniciam-se com a chegada do padre An-
tônio Vieira na Amazônia, em 1653. Essa obra passou por várias fases, perdurou até 1759,
quando foram expulsos definitivamente da Amazônia e de todos os domínios portugueses.
No tempo do padre Vieira, os jesuítas defenderam veementemente a liberdade dos índios,
o que lhe custou duas expulsões da região (1661 e 1684). Esses atos foram liderados por co-
lonos leigos descontentes com a política indigenista que praticavam.
A partir de fins do século XVII, atuaram como administradores espirituais e temporais em
cerca de dezenove aldeamentos indígenas ao longo do rio Amazonas. Pela margem direita e
seu sertão azul, no trecho compreendido do delta do rio até a região do Madeira.

Os Carmelitas

Os primeiros carmelitas chegaram a Belém em 1627. Esses missionários administravam


todos os aldeamentos indígenas do Solimões a partir do século XVIII quando os portugueses
expulsaram os espanhóis da região.
Administraram também os aldeamentos do rio negro e branco. A grande maioria desses
núcleos colônias foram transformadas em vilas, que atualmente são cidades e municípios.
Alguns dos aldeamentos missionários do Solimões administrados pelos carmelitas foram
fundados em fins do século XVII e inicio do XVIII pelo padre Samuel Fritz, jesuíta a serviço do
governo espanhol.

Os Mercedários

Os mercedários espanhóis da ordem de Nossa Senhora das Mercês chegaram a Belém,


com expedição de Pedro Teixeira, em 1639, oriundo do vice-reino do Peru. Administraram uns
poucos aldeamentos no delta do Amazonas, mas atuaram, principalmente, na porção territorial
que compreende o rio urubu até o baixo rio negro.

Regimento das Missões

Em 21 de dezembro de 1686, foi baixado pelo rei de Portugal o Regimento das Missões,
este documento dava o direito de tutela dos índios capturados aos missionários portugueses
e certificava o direito de posse de 20% dos escravos à Coroa Portuguesa.

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Com esta tutela os missionários tinham o direito de aculturar e doutrinar os índios de acor-
do com seus interesses, ou seja, converter o índio em cristão. Após catequizar o índio era mais
fácil convencê-lo de executar as tarefas designadas pelos missionários, como extração de
madeira, frutos e drogas do sertão.
A Junta das Missões era habilitada para autorizar os descimentos (persuadir índios, a fim
de que saiam de suas aldeias de origem para viver nas aldeias de missionários), as tropas de
resgates (resgates de nativos presos por nativos de outras tribos) e as guerras justas (guerras
promovidas com o propósito cristão), todas estas tinham o acompanhamento de missionários.
Os privilégios eram atribuídos aos Missionários da Companhia de Jesus, que incluíam o
poder político e temporal destas aldeias, e que depois também se estendeu aos franciscanos
de Santo Antonio.
O Regimento das Missões foi um dos motivos de destruição de muitas tribos amazônicas,
além de não conservar a liberdade e a cultura destas, causando muitos conflitos entre colonos
e missionários.
O Regimento das Missões durou sete décadas. Foi no governo de Marques de Pombal que
os jesuítas foram expulsos devido à concorrência de poder entre eles. Pombal instituiu então,
o Regimento do Diretório dos Índios.
A disputa acirrada entre as ordens exigiu a intervenção governamental. Na tentativa de re-
solver esta contenda, que envolvia também a ocupação do Vale Amazônico, inúmeras Cartas
Régias fixaram as áreas de atuação das ordens. Os franciscanos de Santo Antônio receberam
as missões do Cabo do Norte, Marajó e Norte do Rio Amazonas; à Companhia de Jesus cou-
beram as dos Rios Tocantins, Xingu, Tapajós e Madeira; os franciscanos ficaram com as da
Piedade e do Baixo Amazonas, tendo como centro Gurupá; os mercedários com as do Urubu,
Anibá, Uatumã e trechos do Baixo Amazonas; e os carmelitas com as dos Rios Negro, Branco
e Solimões.
Nos anos finais do século XVII as missões religiosas cobriam grande parte do espaço que
viria a constituir a atual região amazônica brasileira. O papel do indígena na ocupação do Vale
do Amazonas era de extrema importância. Não se dava um passo sem ele, pois conhecia o
território, sabendo se movimentar naquela área desconhecida pelo europeu.
Os nativos eram os guias pela floresta ou pelos rios. Canoeiros, conduziam as embarca-
ções nas longas expedições fortemente escoltadas, em meio a milhares de quilômetros, pelos
cursos emaranhados d’água. Eram também caçadores, identificando a variada fauna, e coleto-
res das “drogas do sertão”, pois conheciam como ninguém a flora local.
A coleta se organizou no Vale sob a coordenação dos missionários. Os padres, que mono-
polizavam o trabalho indígena, usavam um artifício para que os nativos extraíssem elementos
da flora em grande quantidade. Alegavam que, além das partes destinadas aos adultos, aos
velhos e às crianças, deveriam extrair outra, destinada a Tupã. Esta fração – “Tupã baê” – acu-
mulada nos depósitos das missões, era, posteriormente, exportada para a Europa onde seria
comercializada com grande lucro.

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Conduzido pelos nativos, o “homem branco” penetrava pelo coração pulsante da mata es-
pessa, formada por imenso e heterogêneo verde, onde não bastava querer para efetivamente
ocupar. Era uma tarefa complexa, em meio a terrenos submetidos a chuvas constantes que
provocavam um aumento no nível das águas que, por sua vez, arrastavam e deslocavam gran-
des porções de terra próximas aos cursos dos rios. Por conta disto, a exploração detinha-se no
que a floresta oferecia e possibilitava espontaneamente.
O isolamento de alguma canoa significava extremo risco; por isto, iam em grupos pelos
igarapés, sob a copa de árvores gigantes, geralmente de folhas largas, cercados pelo silêncio
cortado pelo zumbido dos insetos e pelo canto das aves. Assim, pouco a pouco, estes aventu-
reiros divisavam, no lusco-fusco da floresta equatorial, um vale repleto de diferentes espécies
animais e vegetais vivendo em equilíbrio.
Pelos cursos d’água – “estradas líquidas”, segundo o historiador Caio Prado Júnior –, vias
de comunicação natural, iam sendo coletadas especiarias diversas, aproveitadas e utilizadas
no comércio: plantas alimentícias e aromáticas como cravo, canela, castanha dita do Mara-
nhão, salsaparrilha, cacau etc. Também eram extraídas madeiras valiosas e produtos de ori-
gem animal, desconhecidos, como uma espécie de óleo utilizado na alimentação e na ilumi-
nação, obtido dos ovos da tartaruga, ou o “manacuru” (peixe-boi), exportado salgado e seco.
Aos olhos dos colonizadores, o Vale Amazônico apresentava-se com possibilidades incal-
culáveis, inclusive dando a impressão de que seus produtos podiam substituir as especiarias
das Colônias perdidas no Oriente.
A colonização que ali se impôs, portanto, fundamentou-se nas atividades extrativas, com-
pondo um sistema original e peculiar que constituiu e marcou a vida econômica da região.

010. (PUC-MG) No processo de colonização do Brasil (sécs. XVI – XVIII), os jesuítas tiveram
papel de destaque na difusão do catolicismo. Sobre eles é correto afirmar, exceto:
a) Detinham o monopólio da educação e, na segunda metade do século XVI, fundaram colé-
gios na cidade de Salvador e na Vila de São Vicente.
b) Sua tarefa missionária era a catequização dos índios, convertendo-os à verdadeira fé e à
recuperação de fiéis.
c) Construíram as missões para impedir a escravidão dos indígenas pelos coloniais e manter
o universo de valores culturais dos índios.
d) Foram expulsos de Portugal e das possessões coloniais pelo Marquês de Pombal, após
1750, devido ao seu poder econômico e político.

Sim, era objetivo dos jesuítas impedir a escravização dos indígenas, contudo, não era objetivo
dos jesuítas manter o universo cultural indígena, mas, transformar essa cultura, fazendo-os
adotar os preceitos cristãos do catolicismo.
Letra c.

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1.2.8. Conflitos Internos: Missionários x Colonos

Como vimos, a maior parte das tarefas extrativas cabia aos nativos. Entretanto, recrutar
esta mão-de-obra não era tarefa simples. No Vale Amazônico, ela podia ser obtida, algumas
vezes, por incursões armadas contra as tribos consideradas hostis aos portugueses. Mais
frequentemente, pelas chamadas “tropas de resgate”: expedições que pretendiam resgatar
os nativos que estivessem real, ou presumidamente, escravizados por outros. Para justificar o
apresamento, nestas duas situações, exigia-se a decretação pelas autoridades locais da cha-
mada Guerra Justa. Os índios aprisionados em combate seriam cativos perpétuos, enquanto
que os “resgatados” obteriam a liberdade após dez anos.
Uma outra forma de captura eram os “descimentos”, ou seja, expedições nas quais os
índios, tidos pelos religiosos como “bravos”, eram conduzidos para serem aldeados. Isto signi-
ficava receber os ensinamentos da fé cristã e habituar-se ao trabalho sedentário. Nas missões
religiosas localizadas no Vale Amazônico os nativos vistos como fiéis eram aculturados e dou-
trinados sob a vigilante proteção dos jesuítas. Desta forma desestruturavam-se os valores, os
hábitos e os costumes dos nativos.
Relatos da época revelam como o contato destes grupos com o europeu comprometeu,
além da sua identidade cultural sua integridade física, pois eram atingidos por doenças para
as quais não tinham defesas ou imunidades.
Muitas vezes as tribos eram deslocadas do interior, pelos missionários, em longas cami-
nhadas, para serem aldeadas perto das vilas. Outras narrativas descrevem que, durante o traje-
to, as crianças padeciam especialmente, mas (…) “como já fossem batizadas, os padres exul-
tavam; eram tantas almas ganhas para o céu.”
Dentro do vasto território que compreendia o Estado do Maranhão, além do Vale Amazôni-
co, onde predominava a atividade extrativa, existia a capitania do Maranhão, potencialmente
agrícola, sobrevivendo já há algum tempo da lavoura de subsistência, de algum açúcar e de
gado. Ainda no decorrer do século XVII iniciou-se ali a produção do tabaco e do algodão.
Entretanto os proprietários enfrentavam dificuldades para obter a mão-de-obra necessária.
Como os recursos destinados à compra dos escravos africanos não eram suficientes para
garantir um abastecimento regular, os colonos justificavam e persistiam no apresamento e na
escravização dos indígenas.
Esta atitude gerava desentendimentos com os missionários, especialmente os jesuítas
que, em 1665, conseguiram um Alvará Régio que colocava os índios da região sob a sua auto-
ridade exclusiva.
Os protestos dos colonos se espalharam. Entre 1660 e 1661, em São Luís e Belém, ocorre-
ram revoltas contra os jesuítas. Os conflitos prosseguiram sem solução nas décadas seguin-
tes. Ao contrário: a situação agravava-se pela disputa entre as ordens religiosas, e pela pobre-
za da população do Estado do Maranhão. Também a falta de uma moeda circulante contribuía
para aumentar a crise. Na época, naquela região, sementes de cacau e novelos de algodão
chegavam a ser utilizados com tal finalidade.

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A Lei de 1º de abril de 1680 determinou a abolição da escravidão indígena, sem qualquer ex-
ceção, delimitando, mais adiante, as respectivas áreas de atuação das diversas ordens religiosas.

A Revolta de Beckman foi uma revolta popular que aconteceu no Estado do Maranhão e do
Grão-Pará entre 1684 e 1685. Esse levante foi motivado pela insatisfação da população local,
sobretudo de uma pequena elite, com o monopólio comercial exercido pela Companhia de
Comércio do Maranhão e com a proibição da escravização dos indígenas. A rebelião acabou
sendo esmagada por tropas enviadas por Portugal pouco mais de um ano depois de iniciada e
seus principais líderes foram duramente punidos.

011. (CESPE/PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA/PROFESSOR DE NÍVEL SUPERIOR HISTÓ-


RIA/2017) A primeira companhia privilegiada de comércio, surgida em 1755, voltada ao de-
senvolvimento da região Norte, e que pretendia oferecer preços atraentes para os produtos
que a região deveria exportar para o mercado europeu, foi instituída pelo Marquês de Pombal
e denominada
a) Companhia Geral do Comércio do Brasil.
b) Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão.
c) Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba.
d) Companhia das Índias Ocidentais.
e) Companhia Comercial do Governo Geral.

Querido(a), não confunda a Companhia do Comércio do Maranhão (1682) com a Companhia


do Comércio do Maranhão e Grão-Pará (1755). A primeira estudamos quando tratamos da
Revolta de Beckman. A segunda foi criada pelo Marquês de Pombal objetivando o comércio
intercontinental de escravos africanos. Aliás, veremos esse conteúdo na sequência.
Letra b.

1.3. Amazônia Pombalina:


1.3.1. Portugal Metropolitano

Com a morte de Dom João V, em 1750, Dom José I ocupou o trono de Portugal. Para mui-
tos súditos e vassalos, o longo reinado de Dom João V assinalou o apogeu do absolutismo
em Portugal. Alguns chegavam mesmo a dizer que aquele rei tinha sido o Luís XIV português,
comparando o fausto e o poderio de seu reinado aos do soberano francês.

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Por um largo período de tempo, o ouro e os diamantes chegados do Brasil criaram a sensa-
ção de que a grave crise que o Reino vivera desde a Restauração estava superada. A proteção
inglesa, ainda que obtida ao custo de onerosos tratados e concessões comerciais, parecia ga-
rantir a estabilidade do império colonial, cuja parte mais significativa era o Brasil. Contudo, antes
mesmo da morte de Dom João V, alguns sinais de crise voltaram a se manifestar. Dom José I, o
novo soberano bragantino, recebia, portanto, uma pesada herança. Com a finalidade de enfrentar
as novas dificuldades que se apresentavam, e que na opinião de muitos tendiam a se agravar,
Dom José I escolheu Sebastião José de Carvalho e Melo para o cargo de Secretário de Estado.

1.3.2. Medidas Pombalinas

Aquele que receberia os títulos de Conde de Oeiras e Marquês de Pombal logo ficou co-
nhecido como um dos “déspotas esclarecidos”, por entender que a superação das dificuldades
que o Reino enfrentava somente seria possível por meio da realização de reformas por um so-
berano fortalecido, ainda que para tanto devesse se apoiar nas novas ideias da Ilustração, que
não poupavam críticas a uma ordem política e social já considerada velha.
Enérgico, cruel e prepotente, Pombal buscou reerguer o combalido Reino, incentivando a
agricultura, o comércio, a navegação e a frágil manufatura portuguesa, ao mesmo tempo em
que protegia os cristãos-novos e reformava a Universidade de Coimbra. Em inúmeras opor-
tunidades entrou em conflito com membros da nobreza e do clero. Acusados da tentativa de
regicídio, alguns nobres foram condenados à morte, enquanto que os padres da Companhia de
Jesus foram expulsos do Reino e de suas colônias, em 1759.
Voltando seus olhos para o Brasil, Pombal procurou reformar as relações entre a Metrópole
e a Colônia de modo a propiciar o reerguimento do Reino.
Com a intenção de centralizar e controlar ainda mais a administração colonial, extinguiu as
capitanias hereditárias ainda existentes, e unificou os Estados do Maranhão e do Brasil em, 1774.
Criou o Tribunal da Relação no Rio de Janeiro e juntas de justiça nas demais capitanias reais;
criou ainda as capitanias fronteiriças de São José do Rio Negro, no extremo-norte, e Rio Grande
de São Pedro, ao sul, além da capitania do Piauí; e determinou a transferência da capital da Colô-
nia da cidade do Salvador, na Bahia, para a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, em 1763.
Esta última medida visava sobretudo a melhor defender e proteger aquela que se tornava então
a única “porta” de acesso à região das Minas, combatendo o contrabando e os desvios do ouro e
diamantes em um momento em que a redução dos tributos sobre os metais e pedras preciosos
já se fazia sentir em função do esgotamento das jazidas. Além disso, a localização da capital na
baía de Guanabara objetivava também facilitar o apoio militar às forças portuguesas nas lutas
contra as tropas espanholas em função da ocupação do litoral meridional.
Aproveitando-se de condições externas favoráveis como a expansão das fábricas de te-
cidos na Inglaterra em decorrência da Revolução Industrial e a guerra de independência das
Treze Colônias inglesas da América do Norte, Pombal ordenou a criação de duas novas com-

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panhias de comércio: a do Maranhão e Grão-Pará e a de Pernambuco e Paraíba. Essa última


teve importante papel no incremento da produção de algodão e açúcar. Ao mesmo tempo em
que foram adotadas medidas para melhor explorar as jazidas auríferas, foi estabelecida a Real
Extração dos diamantes. A construção naval foi incentivada, assim como outras atividades de
origem agrícola ou animal, como a do anil, a da cochonilha e a de laticínios, devido à atuação
do vice-rei Marquês do Lavradio.
A Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão ou Pará e Maranhão foi uma
empresa privilegiada, de carácter monopolista, criada pelo Marquês de Pombal, na segunda
metade do século XVIII, em Portugal.
Confirmada pelo Alvará Régio de 7 de junho de 1755, destinava-se a controlar e fomentar
a atividade comercial com o Estado do Grão-Pará e Maranhão, fortalecendo a prática do mer-
cantilismo no reino.
Querido(a), insisto: não confunda a Companhia do Comércio do Maranhão (1682) com a
Companhia do Comércio do Maranhão e Grão-Pará (1755). A primeira tratamos no tópico “Con-
flitos internos: missionários x Colonos”. A segunda foi criada pelo Marquês de Pombal.
Considerados os principais incentivadores da resistência dos nativos aldeados nos Sete
Povos à demarcação dos limites do Tratado de Madri, nas Guerras Guaraníticas, os padres
jesuítas foram também expulsos dos territórios portugueses na América. Os bens da Compa-
nhia de Jesus, em sua maior parte propriedades rurais e urbanas, foram confiscados e leiloa-
dos, sendo arrematados por comerciantes e fazendeiros.
A expulsão dos jesuítas do Brasil provocou, de imediato, a desorganização tanto da rede de
missões religiosas, em especial no Vale amazônico, quanto do sistema de ensino da Colônia,
que os padres jesuítas praticamente monopolizavam por meio de seus colégios e das “aulas
de ler, escrever e contar”. Pombal determinou a transformação das antigas aldeias indígenas
em vilas, dando-lhes nomes tipicamente portugueses, ao mesmo tempo em que entregou a
administração dos nativos ao Diretório dos Índios.
Para substituir o ensino ministrado pelos religiosos foram criadas as “aulas régias”. Eram
sustentadas por um novo tributo, o “subsídio literário”, e nelas ficava proibida a utilização dos
métodos de ensino dos jesuítas. Eram bem claras as determinações régias: “…todo aquele que
usar sua escola […] será preso para ser castigado ao meu real arbítrio, e não mais poderá abrir
classe nestes reinos e seus domínios”. Era determinado, ainda, que o ensino deveria ser feito
exclusivamente em língua portuguesa, maneira de se afirmar a dominação lusitana. A língua
tupi, amplamente utilizada nos dois primeiros séculos da colonização, e por essa razão por
muitos conhecida como “a língua mais falada na costa do Brasil”, passou a ser cada vez me-
nos utilizada, até praticamente extinguir-se o bilingüismo comum na Colônia até o século XVIII,
em áreas como São Vicente e o Maranhão.

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Execrada por muitos, exaltada por outros, a administração do Marquês de Pombal (1750-
1777) marcou profundamente as vidas de colonizadores e colonos, assim como a dos coloni-
zados. Como outros “déspotas esclarecidos”, Pombal realizou portentosas obras arquitetôni-
cas e protegeu artistas e literatos. Em Lisboa, deixou sua marca ao reconstruir a cidade após o
terremoto de 1755. No Reino e no mundo colonial, patrocinou obras de arte que defendiam as
ideias iluministas e, ao mesmo tempo, perpetuavam sua memória. Foi o caso do poema épico
O Uraguay, de autoria do mineiro José Basílio da Gama. Nele, o papel de personagem principal
e herói cabe ao próprio Pombal, que aparece como o representante das forças da razão e das
luzes contra o obscurantismo personificado nos padres da Companhia de Jesus.
Quando Dom José I faleceu, em 1777, os grupos descontentes com a administração do
Marquês de Pombal articularam sua demissão. Com a “viradeira” tinha início o reinado de
Dona Maria I.

012. (FGV/VESTIBULAR/2007) A longa administração pombalina (1750-1777) causou con-


trovérsias ao expulsar os jesuítas de Portugal e de todos seus domínios, em 1759. Tal expul-
são, que implicava o confisco dos bens dos religiosos, pode ser atribuída:
a) ao enorme déficit do Tesouro português, provocado pelas despesas feitas com construção
de Lisboa, destruída pelo terremoto de 1755.
b) à antipatia que o ministro, seguidor da filosofia iluminista, nutria pelos jesuítas, responsáveis
pelo atraso cultural do país.
c) à vontade de igualar-se à monarquia francesa que praticava o despotismo esclarecido.
d) ao processo de centralização administrativa que exigia a eliminação da Companhia de Je-
sus, acusada de formar um estado à parte.
e) à não aceitação de Pombal da política do despotismo esclarecido, que era bastante defen-
dida pelos inacianos.

O marquês de Pombal determinou que os jesuítas fossem expulsos da colônia por controlarem
um vasto território e influenciarem um grande número de nativos, impedindo a utilização destes
como mão-de-obra Pombal pretendia, assim, centralizar o poder do governo português sob o
espaço colonial e explorar economicamente as propriedades confiscadas que se encontravam
sob o uso dos jesuítas. Uma tentativa de assassinato ao rei em 1758 foi o suficiente para Pom-
bal tirar o poder dos nobres e expulsar os jesuítas do país, dando fim à Companhia de Jesus.
Letra d.

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1.3.3. Governo de Mendonça Furtado

Francisco Xavier de Mendonça Furtado (Lisboa, 9 de outubro de 1701 – Évora, 15 de no-


vembro de 1769) foi capitão general do Exército e um administrador colonial português. Funda-
dor das cidades de Soure e São Domingos do Capim, no Pará, em 1758, Francisco conseguiu a
permissão da corte portuguesa para transformar o povoado de Macapá em vila, além de ajudar
com recursos na construção da Igreja de São José e instalar os poderes Legislativo e Judiciá-
rio na capital amapaense.
Irmão do Marquês de Pombal e do cardeal e inquisidor-mor Paulo António de Carvalho e
Mendonça, foi governador geral do Estado do Grão-Pará e Maranhão de 1751 a 1759 e secre-
tário de Estado da Marinha e do Ultramar entre 1760 e 1769.
Ajudou na conspiração que levou à condenação à morte do padre Gabriel Malagrida e na
expulsão dos Jesuítas de Portugal e de suas colônias. Aqui é preciso entender a motivação
dessa expulsão: Pombal se incomodava com a denúncia dos jesuítas sobre a exploração da
mão de obra indígena, o que ia contra seus objetivos econômicos.
Como governador geral do Estado do Grão-Pará e Maranhão, recebeu duas importantes
diretrizes para a sua ação de governo:
• promover a secularização da administração das aldeias e a declaração da “liberdade”
dos índios, com a consequente supressão do poder temporal dos religiosos nesses
locais; e
• a criação de uma companhia geral de comércio para o Grão-Pará.

Estas duas linhas de governo faziam emergir três questões indissociáveis: a “liberdade dos
índios”, a abolição do governo temporal das aldeias controladas pelos missionários; e o incen-
tivo à produção e ao comércio da capitania.
Em 6 de Julho de 1752, foi informado de que fora designado como chefe plenipotenciário
da missão demarcatória dos limites fronteiriços da bacia Amazônia, decorrentes do Tratado de
Madrid. Em 1759, regressa a Portugal. Faleceu com 68 anos em Vila Viçosa, encontrando-se
sepultado na Igreja Matriz da dita vila.

013. (FCC/PM-AP/SOLDADO/2017) A formação de vilas de colonização portuguesa na re-


gião do Amapá aconteceu quando foram
a) descobertas jazidas de ouro nas encostas do rio Amazonas, próximas a sua foz, por colonos
aventureiros remanescentes da tripulação de Pedro Álvares Cabral, em 1621.
b) enviadas diversas tropas reais portuguesas para combater as tribos indígenas da região,
que foram completamente dizimadas nesses combates, em meados do século XVI.

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c) distribuídas as capitanias hereditárias, pela Coroa Portuguesa, em 1534, sendo a capitania


do Amapá a mais isolada e a de maior extensão territorial em toda a colônia.
d) empreendidas ações de povoamento, no século XVIII, por Francisco Xavier de Mendonça
Furtado, quando este foi governador do Estado do Grão Pará e Maranhão.
e) erguidas várias casas e uma praça central, no século XVII, pelo colonizador português Fran-
cisco de Orellana que batizou esse lugar de Adelantado de Nueva Andaluzia.

Apesar de esta questão focar na região do atual Estado do Amapá, ela serve ao nosso objetivo
por focar no papel de Francisco Xavier de Mendonça Furtado como governador do Estado do
Grão Pará e Maranhão para o povoamento da Amazônia.
Letra d.

1.3.4. Capitania de São José do Rio Negro

A Capitania de São José do Rio Negro foi fundada em 03 de março de 1755, por determi-
nação de uma Carta Régia do Rei Dom José I. Abrangia territórios atualmente equivalentes aos
estados do Amazonas e de Roraima.
Com a separação do Brasil em dois governos administrativos por Filipe IV da Espanha, a
parte norte, representada pelo governo do Maranhão (incluindo os atuais Estados do Pará e
Amazonas), com sede em São Luís, ficou destacada do governo do Brasil.
Depois, veio a criação da Capitania do Cabo Norte, tornada realidade pela carta-régia ex-
pedida em 1637 e cujo governo fora dado a Bento Maciel Parente. O sentimento de distância,
que preocupava aos governantes, não impediria que lentamente a região fosse ocupada com
a criação de núcleos urbanos. Daí a instalação de mais fortalezas em ordem quase contínua:
São José de Marabitanas, em 1762, no rio Negro; São Francisco Xavier de Tabatinga, em 1766;
Forte de São Joaquim do Rio Branco, em 1775, levantado por Felipe Sturn; Santo Antônio do
Iça, em 1754; Castelo, em Barcelos, capital da Capitania em 1755; e o forte Príncipe da Beira,
fundado em 1776.
Esse círculo de defesas militares nas linhas com países estrangeiros demonstrava a preo-
cupação do governo em defender e consolidar o espaço físico conquistado.
É nesse contexto que os portugueses construíram, em 1669, a Fortaleza de São José do rio
Negro, para assegurar o controle da confluência do rio Negro com o rio Amazonas e controlar
o portão de entrada da Amazônia ocidental, que pertencia à Espanha pelo Tratado de Torde-
silhas. Não se parecia muito com uma fortaleza, mas sim com pequeno fortim com formato
quadrangular e muros baixos, com quatro canhões de pequeno calibre, cujas ruínas sumiram
da paisagem da cidade de Manaus há mais de 100 anos.

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Esse fortim era a marca da colonização e símbolo do nascimento da cidade. Na fachada do


belo edifício em que funcionou durante muitos anos a Secretaria de Fazenda, na antiga rua do Te-
souro, hoje Monteiro de Souza, há uma placa com a seguinte inscrição: “Neste local, em 1669, foi
construída a Fortaleza de São José do Rio Negro, sob a inspiração do Cabo de tropas Pedro da Cos-
ta Favela”. Os construtores foram o capitão Francisco da Mota Falcão e seu filho Manuel da Mota
Siqueira. O prédio, atualmente, pertence à administração do Porto, e o acesso a área é restrito.
A história de Manaus, portanto, inicia em uma aldeia indígena, em torno da Fortaleza de
São José do Rio Negro, em 1669.
A criação da Capitania de São José do Rio Negro – repito: assegurada pela carta-régia de
3 de março de 1755 – se deu pela influência política e prestígio de Francisco Xavier de Men-
donça Furtado. Mendonça Furtado foi governador do Pará, mais tarde Comissário de Limites
e Demarcações. O primeiro governador da nova capitania foi Manuel da Gama Lobo D’Almada,
responsável pela a implantação de serviços administrativos (incluindo o hoje Território Federal
de Roraima). Mendonça Furtado a fundou Borba, criada em 1756, e a Vila de Mariúra (Barce-
los), em 6 de maio de 1758.
A capitania independente ainda era submetida ao Estado do Grão-Pará e Maranhão. A sua
primeira sede foi na Vila Nova de São José que teve seu estabelecimento determinado pela
mesma Carta Régia que estabeleceu a capitania e a vila de Borba Nova.
Em 6 de maio de 1758 o Governador Geral do Estado do Grão-Pará e Maranhão, o Governa-
dor Mendonça Furtado, elevou a aldeia de Mariuá a categoria de vila, com o nome de Barcelos,
permitindo que no dia 07 de maio de 1758 a sede da capitania mudasse para a nova vila.
Em 10 de maio de 1758 Mendonça Furtado delimitou a capitania, ao sul essa fazia divisa
com a Capitania do Mato Grosso, divididas pelo Rio Madeira e tendo como marco a grande ca-
choeira de São João ou Araguai. À leste era vizinha da Capitania do Grão-Pará, separadas pelo
Rio Nhamundá e pelo rio Rio Amazonas.
A aldeia de Mariuá, fundada em 1621 pelo Carmelita Frei Martias de São Boa Aventura, ini-
cialmente era povoada pelos índios manaos, bares e wanivas. A aldeia foi indicada, em 1754, para
sediar as negociações das demarcações de limites que levariam ao Tratado de Santo Ildefonso.
A partir de 1755, com a criação da Capitania de São José do Rio Negro e a chegada do contingen-
te de pessoas para as demarcações, a aldeia foi elevada a “arraial do Rio Negro” e, a partir de um
planejamento urbano, executaram obras de infra estruturas: aterramentos das áreas alagadiças;
construções de pontes ligando os bairros; construção do “palácio das demarcações”.
O arraial do Rio Negro foi elevado a condição de Vila de Mariúra (Barcelos), em 6 de maio
de 1758 e ficou como sede da capitania do Rio Negro até 1791. Durante o governo de Manuel
Gama Lobo D´Almada, houve a transferência da sede da Capitania para o Lugar da Barra do Rio
Negro (atual Manaus), aí permanecendo entre os anos de 1791 a 1798, quando retornou para
Barcelos. Finalmente, em 29 de março de 1808, durante o governo do Capitão de Mar-e-Guerra
José Joaquim Vitório da Costa, foi novamente transferida, em definitivo, para o Lugar da Barra
do Rio Negro (Manaus).

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Manaus
O povoado que se desenvolveu no entorno da Fortaleza de São José do Rio Negro (1669) rece-
beu o nome de São José da Barra do Rio Negro (Lugar da Barra). O colonizador foi estenden-
do seus domínios sobre o território dos antepassados dos manauenses, o grande cemitério
indígena que cobria o grande largo da Trincheira. No lugar, abriram as ruas Deus Padre, Deus
Filho e Deus Espírito Santo. Eram ruas estreitas, tortuosas e lamacentas, onde estava à matriz,
a casa do vigário, do comandante e de outras praças. As casas eram humildes, feitas de taipa,
chão batido, cobertas e cercadas de palha. A mão-de-obra indígena garantia a produção de
anil, algodão, arroz, café, castanha, salsa e tabaco. Em 1832, sob a denominação de Nossa Se-
nhora da Conceição da Barra do Rio Negro, o vilarejo foi elevado à categoria de vila. Em 1848, a
Vila da Barra foi elevada à categoria de cidade, com o nome de Cidade da Barra do Rio Negro,
para receber em 1856 o nome de Manáos, em homenagem à nação indígena dos Manáos (Mãe
dos Deuses), considerada o mais importante grupo étnico habitante da região, reconhecido
historicamente pela sua coragem e valentia.

014. (UF-AM/PSC/3ª ETAPA/2006) O atual estado do Amazonas tem sua origem ligada a que
unidade administrativa criada em 1755, por intervenção do Marquês de Pombal e de Francisco
Xavier de Mendonça Furtado:
a) O Estado do Alto Amazonas;
b) A Comarca do Alto Amazonas;
c) A Província do Amazonas;
d) A Comarca de São José do Rio Negro;
e) A Capitania de São José do Rio Negro;

A Capitania de São José do Rio Negro foi fundada em 03 de março de 1755, por determinação
de uma Carta Régia do Rei Dom José I. Abrangia territórios atualmente equivalentes aos esta-
dos do Amazonas e de Roraima.
Letra e.

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1.3.5. Demarcações de Limites: Tratados de Madri e Santo Ildefonso

A Bacia Amazônica oriental, na região dos vales do rio Madeira e do rio Guaporé, já era
dominada por portugueses no início do século XIX. A ocupação se deu militarmente com a
construção do forte do Príncipe da Beira, em 1776, às margens do rio Guaporé, estimulando a
implantação dos primeiros núcleos coloniais.
O Ciclo do Ouro, que ocorreu na segunda metade do século XVIII, teve o Real Forte Prínci-
pe da Beira como principal símbolo em Rondônia. Inaugurado em 31 de agosto de 1783, tinha
como principal objetivo efetivar a política de expansão da Coroa Portuguesa, assegurar a pos-
se das terras conquistadas, além de funcionar como posto avançado de vigilância e combate
na defesa dos interesses de Portugal, do avanço militar e da cobiça espanhola.

015. (CESPE-CEBRASPE/TCE-RO/ANALISTA DE INFORMÁTICA/2013) No século XVIII, a


fundação de missões jesuíticas espanholas, na margem esquerda do rio Guaporé, foi uma
clara ameaça à soberania de Portugal nas bacias dos rios Guaporé, Mamoré e Madeira. Por
isso, houve ações da metrópole portuguesa com o intuito de proteger o território na margem
direita da Bacia do Guaporé, atual estado de Rondônia. Com relação a esse assunto, julgue os
itens a seguir.
O governo português construiu a fortaleza militar do Príncipe da Beira às margens do rio
Guaporé, o que originou os primeiros núcleos colonizadores que se desenvolveram no século
XIX nessa região.

Localizado na margem direita do rio Guaporé, atual município de Costa Marques, Rondônia, a
fortaleza do Príncipe da Beira foi fundada em 1775. Em posição dominante na fronteira com
a Bolívia, esta fortaleza é considerada a maior edificação militar portuguesa construída fora
da Europa, no Brasil Colonial, fruto da política pombalina de limites com a coroa espanhola na
América do Sul, definida pelos tratados firmados entre as duas coroas entre 1750 e 1777. O
Forte Príncipe da Beira é muito parecido com a Fortaleza de São José de Macapá, sua contem-
porânea, é Distrito do município de Costa Marques e acolhe uma comunidade remanescente
de quilombolas certificada pela Fundação Palmares em 19/08/2005.
Certo.

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Tratado de Madri

O Tratado de Madri, tinha o objetivo de substituir o Tratado de Tordesilhas (1494), estabele-


cendo assim, novas fronteiras entre as colônias de Portugal e Espanha na América.
Através deste Tratado, Portugal cedia a Colônia do Sacramento (no Uruguai) para a Espa-
nha. Esta, por sua vez, dava o território ocupado pelos Sete Povos das Missões. O acordo foi
assinado em 13 de janeiro de 1750 entre os reinos de Portugal e Espanha.
Esse acordo foi muito importante porque delimitou, de maneira geral, boa parte das fron-
teiras que delimitam o território brasileiro. Além disso, ele reconheceu que uma série de terri-
tórios ocupados por portugueses, mas pertencentes à Espanha, seriam mesmo de Portugal.
Também consolidou a expansão territorial do Brasil.
Durante a União Ibérica, as fronteiras praticamente deixaram de existir, o que contribuiu
para a expansão de colonos portugueses para o oeste. Essa expansão se dava pela formação
de empreendimentos dos colonos nessas terras, e aí destacam-se a realização de bandeiras,
o crescimento das atividades pecuárias, sobretudo no sul da América, a formação de colônias
de portugueses na Amazônia e a expansão dos jesuítas portugueses. Entretanto, o ponto ne-
vrálgico dessa expansão territorial portuguesa foi mesmo o sul da América.
Para conquistar o direito a estas terras, o brasileiro Alexandre de Gusmão (1695-1753), em-
baixador e secretário de Dom João V, invocou o direito do “uti possidetis, ita possideatis”. Este
princípio estabelece que aquele que ocupa um território é seu proprietário.
Principais termos do Tratado de Madri de 1750:
• A divisão das terras na América entre Portugal e Espanha se baseava no Tratado de
Tordesilhas, de 1494.
• Uma das regiões de maior disputa era a Colônia de Sacramento, que ficava na foz do
Prata, atual Uruguai.
• Alexandre de Gusmão foi escolhido por Portugal para defender os interesses lusos e fez
uso do princípio de uti possidetis.
• Portugal conquistou vastas terras na Amazônia e em outras regiões no interior do Brasil
(Goiás e Mato Grosso) e abriu mão da Colônia de Sacramento e das Filipinas.
• O Tratado privilegiou a rede fluvial e os marcos geográficos para definir as novas frontei-
ras, a serem confirmadas por eventuais comissões demarcatórias de ambas as partes

Apesar da assinatura, esse Tratado foi rejeitado pela Espanha e anulado pelo tradado
de el Pardo em 1761 e depois restaurado com algumas modificações pelo tratado de Santo
Ildefonso.

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Tratado de Santo Ildefonso

O Tratado de Santo Ildefonso, assinado entre Portugal e Espanha, no dia 1 de outubro de


1777, na cidade de Ildefonso, na província de Segóvia, na Espanha, faz parte de uma série de
tratados geopolíticos assinados entre os dois estados europeus no decorrer do período colo-
nial. Seu intuito era finalizar os conflitos geopolíticos que ocorriam há três séculos entre as
duas nações.
O tratado restaurava grande parte do Tratado de Madri (1750) que havia sido anulado com
a assinatura do Tratado de El Pardo (1761), resultante do fracasso na promoção da paz nas
fronteiras coloniais. Estabelecia novos limites para os territórios localizados ao sul, região de
fronteiras entre o Estado do Rio Grande do Sul e o Uruguai, indicando novas extensões geopo-
líticas que poderiam muito bem ser dimensionadas pelos milhares de indígenas que habita-
vam a região.
O Tratado de Santo Ildefonso repetia, em linhas gerais, os limites fixados em 1750, espe-
cialmente aqueles nas fronteiras ao norte dos territórios. As alterações ocorreram em grande
parte ao sul. A localidade de Xuí, no Rio Grande do Sul, foi escolhida em lugar de Castilhos
Grandes; a Colônia do Sacramento e os Sete Povos das Missões passaram definitivamente a
pertencer à Espanha.
No norte, as modificações cobriam as áreas entre o Japurá e o vale do Rio Negro. Conforme
Apontou Demétrio Magnoli, o Tratado deflagrou um novo ciclo de expedições e de trabalhos
de reconhecimentos. Minuciosos levantamentos cartográficos foram desenvolvidos sobre a
Capitania de São José do Rio Negro, no atual Estado do Amazonas. O período também corres-
ponde à retomada portuguesa da Província do Rio Grande de São Pedro, no atual Estado do Rio
Grande do Sul e da Ilha de Santa Catarina que esteve sob poder espanhol entre 1776 e 1777.
Sua assinatura encerra as operações de confrontações militares entre Portugal e Espanha.

Tratados de limites
• 1494: Tratado de Tordesilhas.
• 1750: Madri. As missões jesuíticas espanholas dos sete povos das missões e a colônia
de sacramento ficaram para Portugal.
• 1761: Tradado de El Pardo. (anula o Tratado de Madri).
• 1777: Tratado de Santo Idelfonso (restaura o Tratado de Madri, mas os sete povos e sa-
cramento vão para Espanha).
• 1801: Badajós. Mesmos limites de Madri, mas sete povos ficam para Portugal e Sacra-
mento para a Espanha.

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016. (FCC/TCE-RO/PROCURADOR/2010) Em 1750, redefiniu as fronteiras entre as Américas


Portuguesa e Espanhola, anulando o estabelecido no Tratado de Tordesilhas: Portugal garantia
o controle da maior parte da Bacia Amazônica, enquanto a Espanha controlava a maior parte
da Bacia do Prata. Neste Tratado, o princípio da usucapião (uti possidetis), que quer dizer que
a terra pertence a quem a ocupa, foi levado em consideração pela primeira vez.
(Disponível em: http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/povoamento/index.html)
Trata-se do Tratado de
a) Santo Ildefonso.
b) Badajós.
c) Madri.
d) Utrecht.
e) Lisboa.

O Tratado de Tordesilhas deixou de vigorar com a celebração do Tratado de Madri, assinado


em 1750. Pelo Tratado de Madri se estabeleceram novos limites de divisão territorial para as
colônias da América Ibérica. A Coroa portuguesa, por este tratado, tomou posse definitiva da
região. Além disso, ficou definindo o princípio do uti possidetis (a terra pertencia ao país de ori-
gem dos homens que a ocupassem) para definir todas as questões de limites que surgissem
posteriormente.
Letra c.

1.3.6. Extinção do Diretório dos Índios: Elementos Históricos

Publicado em 1758, sob a batuta do Marquês de Pombal, o Diretório dos Índios foi uma
lei caracterizada por uma série de diretrizes a serem seguidas nas colônias portuguesas. Pro-
punha a normatização de diversas práticas coloniais, estabelecendo critérios educacionais,
administração da força de trabalho e relações entre indígenas e colonos.
Ao mesmo tempo em que regulava a liberdade das populações indígenas, instituciona-
lizava seu trabalho forçado. Sob sua vigência, até os anos 1798, várias unidades coloniais
foram criadas a partir das antigas aldeias missionárias. O objetivo era levar as populações
indígenas a realizar a transição para a vida civil, produzindo gêneros voltados ao comércio. O
Diretório aliava projetos políticos, econômicos e sociais baseados no pensamento ilustrado,
de modo a renovar o processo de assimilação e integração das populações indígenas à socie-
dade colonial.

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Apesar de muitos trabalhos o terem considerado uma legislação de base jurídica unica-
mente europeia, tal legislação foi desenvolvida, também, a partir da realidade colonial, cons-
tituindo-se como resultado de uma série de conflitos de ordem política envolvendo Colônia e
Metrópole na criação de projetos acerca da questão indígena.
No Vale Amazônico o Diretório conheceu sua maior expressão. Ali a dependência do tra-
balho indígena foi inegável. A Amazônia, que até então foi tratada como periferia do sistema
colonial, passou a receber maior intervenção estatal. Nela, o responsável pela implementação
do diretório foi Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão do Marquês de Pombal, principal
figura do Período Pombalino.
Em seus 95 parágrafos, o Diretório traçava alterações profundas na política indigenista em
vigor na colônia, legislando sobre aspectos religiosos, culturais, administrativos e, especial-
mente, econômicos. Proibia o uso da língua materna de cada nação indígena e da Língua Geral
(Nheengatú), obrigando o uso da língua portuguesa.
Sob tal legislação, os indígenas deveriam adotar sobrenomes portugueses; construir suas
moradias no estilo dos brancos (com divisões internas). As habitações coletivas foram proibi-
das; indígenas entre 13 e 60 anos eram obrigados a trabalhar e pagar o dízimo.
Conforme aponta o parágrafo 95 do Diretório dos Índios, os objetivos desta legislação
eram: a dilatação da fé; extinção do gentilismo; propagação do Evangelho; civilidade dos ín-
dios; o bem comum dos vassalos; aumento da agricultura; a introdução do comércio e o esta-
belecimento, a opulência e total felicidade do Estado.
Nos quarenta anos do Diretório dos Índios, o número de indígenas trabalhadores envolvi-
dos com esse sistema sofreu uma grande redução. Em 1757 havia cerca de 30 mil indígenas,
enquanto em 1798 restavam apenas cerca de 19 mil (final do Diretório dos Índios). Os índios
submetidos a esse sistema sofreram com o excesso de trabalho e maus tratos praticados por
diretores escolhidos entre colonos e oficiais militares da colônia. Esses homens, diferente dos
padres que conduziam as antigas missões, eram rústicos e despreparados.
Pombal era contra o domínio dos padres jesuítas sobre os índios na colônia e os acusava de
praticarem comércio ilegal e de incitarem as populações indígenas contra a Coroa Portuguesa.
O poder dos jesuítas, cada vez maior, era, portanto, um desafio ao governo. Após a sua expulsão
em 1759, toda a riqueza acumulada pelos jesuítas foi confiscada e vendida: 135 mil cabeças de
gado, 1.500 cavalos, 22 fazendas, edifícios, plantações de cacau, entre outras benfeitorias.
Os aldeamentos formados por indígenas catequisados durante o trabalho dos missioná-
rios nos séculos 16 e 17 passaram no século 18 para a condição de vilas ou aldeias.
Assim, Marquês de Pombal retirou o caráter religioso dessas formações populacionais e
buscou transformar o índio em um trabalhador livre. Um decreto de 1755 impedia que os mis-
sionários controlassem as aldeias indígenas. Ou seja, qualquer colonizador europeu podia ter

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acesso a elas. Embora esse decreto afirmasse que os índios deveriam ter os mesmos direitos
que os cidadãos livres comuns, na prática, não foi dado a eles o direito de administrar suas
próprias aldeias. Isto é, Pombal colocou, no lugar dos missionários, colonos portugueses (dire-
tores) para conduzir a mão de obra indígena nessas novas vilas e aldeias.
Para os pesquisadores da temática, esse sistema apenas modificou a estrutura da admi-
nistração da mão de obra indígena. Sua exploração continuou em larga escala. Os diretores de
índios passaram a controlar totalmente suas vidas, fazendo-os trabalhar de modo compulsório
em outras atividades, como na extração das drogas-do-sertão. Desta forma, fugas, deserções
e conflitos foram constantes no período. Com a crise da administração pombalina, o Diretório
foi substituído pelo Corpo de Trabalhadores (1798).

017. (FGV/VESTIBULAR – SP/2018) Encontro, teoricamente inexplicável, de dois fenômenos


que deveriam em princípio repelir-se um ao outro: o Mercantilismo e a Ilustração. Entretanto,
ali estavam eles juntos, articulados, durante todo o período pombalino.
(FALCON, F. J. C. A época pombalina. São Paulo: Ática, 1982. p. 483)
Entre as medidas implementadas durante o período em que o Marquês de Pombal foi o princi-
pal ministro do rei português D. José I, é correto apontar:
a) Anistia aos mineradores da colônia que possuíam débitos tributários com a metrópole
portuguesa.
b) A implementação de medidas liberalizantes e a extinção das companhias de comércio mo-
nopolistas.
c) O estabelecimento do Diretório dos Índios, que significou uma tentativa de enfraquecer o
poder dos jesuítas.
d) A intensificação das perseguições aos judeus e cristãos-novos bem como o fortalecimento
do Tribunal do Santo Ofício.
e) O fortalecimento da nobreza e do clero em detrimento dos setores financeiros e mercantis
da sociedade portuguesa.

a) Errada. Ao contrário, criou um imposto chamado derrama para receber os valores referentes
ao não cumprimento da meta de 100 arrobas de ouro em Minas Gerais.
b) Errada. Pombal na verdade promoveu a criação de companhias de comércio responsáveis
pelo monopólio de determinadas atividades econômicas.
d) Errada. Pombal promoveu sim a perseguição aos jesuítas.
e) Errada. O Marquês de Pombal realizou reformas administrativas com o intuito de enfraque-
cer a nobreza e o clero, fortalecendo, isso sim, as atividades financeiras e mercantis.
Letra c.

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1.3.7. Instituição dos Corpos de Milícias

Como vimos, a Companhia do Grão-Pará e Maranhão não conseguiu cumprir a meta de


fornecimento de mão-de-obra escrava africana para a região. Os indígenas, portanto, conti-
nuavam sendo a principal mão de obra disponível na Amazônia e sofriam todos os abusos
relacionados a essa condição. Ao invés de terem sido gradativamente extirpados – após a lei
de liberdade de 1755, as regulações do Diretório e os incentivos ao tráfico de africanos –, aca-
baram se avolumando desenfreadamente.
Assim, em 1797, o governador Francisco Coutinho elaborou um “Plano para a civilização
dos índios do Pará”, no qual culpava a ganância e a corrupção dos diretores de aldeamento
pelo fracasso dos objetivos assimilacionistas que o Diretório tinha planejado para os nativos
súditos de Sua Majestade. Nesse plano, Coutinho propunha à metrópole novos mecanismos
de incorporação dos índios à sociedade colonial, reiterando a liberdade e a igualdade deles
perante os demais vassalos, mas cobrando em troca diversas obrigações.
As propostas do governador Coutinho se transformaram na Carta Régia de 1798, docu-
mento mais conhecido por ter oficialmente extinguido o Diretório dos Índios, embora também
seja notabilizado pela criação de medidas que visavam acelerar a conversão dos índios em
colonos, organizando-os em posições específicas no mundo do trabalho e na hierarquia militar
da época. Essa associação entre trabalho e militarismo, aliás, é explicitada desde o início da
Carta, ao determinar que todos os índios que viviam nas vilas, cidades e aldeias coloniais de-
viam ser alistados em “Corpos de Milícias”.
Os Corpos de Milícias eram tropas auxiliares de segunda linha, não remuneradas, forma-
das por homens livres e válidos das classes mais baixas da sociedade, com idades entre 18 e
60 anos. Em geral, desde o século XVI, o primeiro alistamento era feito por unidades chamadas
Ordenanças, cujos capitães-mores, sargentos e demais oficiais eram eleitos pelas Câmaras
Municipais. Daquele arrolamento inicial, eram retirados os homens para as Milícias e as tropas
de primeira linha (regulares e pagas), respeitando as exceções de recrutamento, principalmen-
te para as últimas. Assim, ao exigir que os índios ingressassem diretamente em Milícias, o tex-
to da Carta Régia criava margem para ambiguidades e conflitos não apenas burocráticos, mas
nas relações de poder entre civis e militares, justamente porque Ordenanças, tropas auxiliares
e regulares tinham a prerrogativa de controlar, classificar e organizar todos os moradores nas
vilas e cidades.
A partir dos corpos de milícias, alguns seriam destacados para “Corpos Efetivos de Índios”
– trabalhadores a serem preferencialmente engajados no Real Serviço –, outros para trabalhos
“ajustados” com arrematantes de contratos públicos e demais particulares, e, por fim, certo
número seria destinado a uma “Companhia de Pescadores”.

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A partir da reforma militar portuguesa conduzida por Frederico de Schaumburg-Lippe, o


conde de Lippe, em 1763, e implantada no Grão-Pará a partir de 1773, ampliou-se a presença e
os papéis desempenhados pelas Milícias e Ordenanças na vida social da colônia.
Desde 1766, a Coroa já havia determinado que no Brasil fossem alistados todos os mora-
dores livres, incluindo “nobres, brancos, mestiços, pretos, ingênuos, e libertos”. Na Amazônia,
as medidas do conde de Lippe reforçavam a importância do amplo recrutamento, disciplinari-
zação e treinamento militar básico voltado preferencialmente para a segurança interna, o que
incluía a perseguição aos desertores e escravos fugidos.
Do mesmo modo, a Carta Régia de 1798 enfatizava que as Milícias poderiam ser convoca-
das a qualquer momento para ajudar no enfrentamento a ameaças externas, principalmente
nas fronteiras.
Embora não haja dúvida sobre a absoluta ênfase dada por essa legislação às obrigações
de trabalho e serviços militares que deveriam ser prestados, agora não somente por índios,
mas também por mestiços, negros livres e libertos, já nas primeiras décadas do século XIX, as
autoridades paraenses divergiriam quanto ao caráter e ao enquadramento daqueles Corpos.
Principalmente acerca de quem tinha voz de comando sobre os trabalhadores e milicianos
conscritos.24 Isso porque, entre outras coisas, a Carta Régia delegava poderes a autoridades
civis (Câmara e juízes) e a oficiais militares, mas também incentivava contatos e acertos dire-
tos entre particulares, arrematadores de contratos e índios, sem intermediações ou autoriza-
ções prévias.
Rompendo e embaralhando intencionalmente os limites entre trabalho livre e compulsório,
o documento expressava a ambição de que nenhum homem pobre livre ou liberto, com condi-
ções físicas para prestar serviços e realizar trabalhos, pudesse escapar ao controle do Estado
ou ficasse “sem ocupação”.
Dessa forma, logo após mencionar a formação das Milícias, a Carta Régia ordenava a cria-
ção do Corpo Efetivo de Índios, seguindo o modelo da Companhia de Pedestres de Mato Gros-
so e Goiás, “preferindo, porém, os pretos forros e mestiços enquanto os houver”

018. (CESPE/TCE-RO/AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO/CIÊNCIAS CONTÁBEIS/2019)


Acerca dos contatos de aproximação entre colonizadores e índios da região da Amazônia ao
longo do processo de colonização da América portuguesa, assinale a opção correta.
a) A capacidade dos indígenas para encontrar plantas medicinais do sertão foi reconhecida
pelos missionários e colonizadores, o que facilitou o convívio entre os povos e evitou abusos.
b) A “guerra justa”, argumento teórico para a captura de indígenas na América Portuguesa, foi
uma exceção na Amazônia devido ao grande número de missões que defendiam os índios.
c) A Companhia de Jesus foi a única ordem religiosa autorizada pela Coroa Portuguesa a en-
viar missionários e criar missões e aldeamentos na Amazônia

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d) O sistema de descimentos indígenas criou aldeamentos de índios ditos “mansos”, estancou


a migração das tribos e facilitou a catequese.
e) A gradativa substituição do trabalho de ameríndios pelo de escravos africanos suplantou a
escravidão indígena na região do estado do Maranhão e Grão-Pará.

a) Errada. Ao contrário, a relação dos colonizadores com a maioria dos indígenas foi conflitu-
osa.
b) Errada. Apesar das missões, como vimos, os indígenas que ofereciam resistência poderiam
ser escravizados.
c) Errada. Outras ordens religiosas também poderiam realizar o trabalho de catequização indí-
gena como os beneditinos e os carmelitas.
d) Certa. Por lógica, as descidas realizadas pelos jesuítas e a criação de missões permitiu a di-
minuição significativa das migrações de indígenas que fugiam dos portugueses, já que tinham
eram protegidos pelos padres nas missões. Assim, esses índios locados em missões eram
chamados de “mansos”
e) Errada. Mesmo após a proibição da escravidão indígena pela Carta Régia de 1570, índios
continuaram sendo escravizados. Ademais, a “Guerra Justa” estava presente na carta régia, o
que permitia a captura de indígenas que oferecessem resistência à colonização portuguesa.
Letra d.

Querido(a),
Chegamos ao final da nossa primeira aula. Na sequência, estude o resumo e os mapas
mentais. Faça os exercícios tendo em mente que, além de assimilar o conteúdo, está apren-
dendo o “jeito” que a banca lhe cobrará esse conhecimento.
Em caso de dúvida, não tenha receio em chamar no fórum de dúvidas. Ah, não se esqueça
de avaliar esta aula ao final. Seu feedback é muito importante para que continue elaborando
um material que atenda às suas necessidades e expectativas.
Nos encontraremos novamente na nossa segunda aula: Geografia do Estado de Rondônia.
Caminhar sem conhecer o passado, é andar no escuro!
Um grande abraço!
Professor Daniel Vasconcellos

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RESUMO
Cronologia da Ocupação da Amazônia
• 1494 – Portugal e Espanha assinam o Tratado de Tordesilhas, conforme esse documen-
to os portugueses ficam com a porção leste do território brasileiro e os espanhóis com
a poção oeste, o qual coloca a floresta Amazônica para os espanhóis.
• 1540 – Os portugueses começam a colonizar a Amazônia, desbravadores lusitanos che-
gam à região para impedir a invasão de ingleses, franceses e holandeses, que cobiça-
vam a floresta.
• 1637 – Portugal encomenda a primeira grande expedição à região (Pedro Teixeira), com
cerca de 2 mil pessoas. A exploração de frutos como o cacau e a castanha ganham uma
forte conotação comercial.
• 1750 – Os reis de Portugal e Espanha assinam o Tratado de Madri – por meio deste,
quem usava e ocupava a terra teria direito a ela. Com isso, os portugueses conseguem
direito sobre a Amazônia. Deu-se início ao estabelecimento da fronteira do território bra-
sileiro na região Amazônica.
• 1777 – Tratado de Santo Ildefonso. Seu intuito era finalizar os conflitos geopolíticos
que ocorriam há três séculos entre as duas nações. O tratado restaurava grande parte
do Tratado de Madri (1750) que havia sido anulado com a assinatura do Tratado de El
Pardo (1761).

Sociedades Indígenas na Época da Conquista

24 mil anos, grupos nômades atravessaram o estreito de Bering, ocupando e colonizando


as Américas. Esses primeiros grupos cruzaram a grande floresta por volta de 15 mil anos atrás,
dando início à colonização humana da Amazônia.

Caçadores e Coletores
• Sinais da ocupação humana do Holoceno, que ocorreu entre 11000 e 7000 a.C.,
• Abrigo do Sol, no Mato Grosso, ferramentas utilizadas para cavar petróglifos nas caver-
nas foram datadas entre 10000 e 7000 a.C.
• Artefatos de pedra nos altiplanos das Guianas e no rio Tapajós, datados entre 8000 e
4000 a.C.

Horticultores
• Transição da caça e coleta para a agricultura entre 4000 a 2000 a.C.
• Por volta de 3000 a.C., sociedades de horticultores

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• 2000 a.C., sociedades hierarquizadas, densamente povoadas, que se estendiam por qui-
lômetros ao longo das margens do rio Amazonas. Com milhares de habitantes, deixa-
ram marcas arqueológicas conhecidas como locais de “terra preta indígena”.
• Ilha de Marajó, monte de Teso dos Bichos. Entre 400 a.C. e 1300 d.C., existiu uma popu-
lação estimada entre quinhentas e mil pessoas.

Grupos Linguísticos: Tukano, Tupi, Aruaque (Palikur)


Grupos Tribais
• Macro-Jê – Boróro / Guató / Jê / Karajá / Krenák / Maxakali / Ofayé / Rikbaktsa / Yatê
• Tupi – Arikém / Awetí / Jurúna / Mawé / Mondé / Mundurukú / Puroborá / Ramaráma /
Tuparí / Tupi- Guarani

Apenas no século XX, 110 idiomas indígenas desapareceram na Amazônia.


Censo 2010 identificou 274 línguas indígenas no Brasil, 310 mil pessoas vivendo em tribos.
305 diferentes etnias indígenas no Brasil:
• Os maiores grupos de índios da Amazônia são os Guaranis, Xerentes, Amawákas, Anam-
bés, Kambebas e os Aruá.
• Expedição de Francisco de Orellana (1541-1542), Derrota para tribos indígenas; Expedi-
ção de Ursúa e Aguirre (1559). O fracasso das duas expedições fez os espanhóis perde-
rem o interesse pela região.
• Franceses, holandeses invadindo a colônia: ocupar para não perder a terra.
• Forte do Presépio, Belém. 12 de janeiro de 1616.
• Expedição de Pedro Teixeira: 1637. Fundou o povoado de Franciscana (16 de agosto de
1639)

Mercantilismo e Políticas de Colonização


• O mercantilismo (ou capitalismo comercial) foi um conjunto de práticas que caracteri-
zou a economia das principais nações europeias entre os séculos XV e XVIII.
• Drogas do Sertão, ouro, “guerra justa”, agropecuária de subsistência, Vila Bela da Santís-
sima Trindade, Navegação dos rios.
• População miserável pela crise das atividades econômicas.
• Estado do Maranhão – 1621.
• Estado do Maranhão e Grão-Pará – 1737, a sede em Belém.
• Estado do Grão-Pará e Maranhão (1751-1772)

Ordens Religiosas:
• Franciscanos, jesuítas, carmelitas, mercedários: missões, defesa dos indígenas contra
a escravidão.
• Atrito com os colonos: Revolta de Beckman ou Bequimão (1684-1685)

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• Regimento das Missões (1686): regras de catequização.


• Tropas de Resgate/Guerra Justa/Descimentos: formas de escravização indígena.

Reformas Pombalinas: O Marquês de Pombal, influenciado pelos ideais iluminas, foi o re-
presentante do despotismo esclarecido, promovendo reformas para o desenvolvimento racio-
nal da economia portuguesa. Expulsou os jesuítas do Brasil e criou a primeira universidade
leiga de Portugal. Aumentou a fiscalização sobre a colônia e a arrecadação de impostos.
• Diretório dos Índios
• Capitania de São José do Rio Negro 1755
• Expulsão dos jesuítas do Reino e de suas colônias, em 1759.
• Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão
• Unificou os Estados do Maranhão e do Brasil em, 1774.
• Demarcações de Fronteiras: Tratado de Madri (1750), Tratado de Santo Ildefonso (1777)

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MAPAS MENTAIS

Semi-nômades

Ágrafos

Indígenas

Tribais

Propriedade coletiva

TRATADOS DE LIMITES
relacionados
ao Amapá

Anulando a Bula Alexandrina, estabeleceu a divisão do globo


Tratado de Tordesilhas
terrestre em dois hemisférios por um meridiano localizado
– 1494
370 léguas a Oeste das ilhas de Cabo Verde.

Firmado entre Portugal e a França para estabelecer os limites


Primeiro Tratado de entre os dois países na costa norte do Brasil. Estas disposições
Utrecht – 1713 serviram, quase dois séculos após, para defender a posição
brasileira na questão do Amapá.

Também entre Portugal e a Espanha, estabeleceu os limites


entre as colônias dos dois, na América do Sul, respeitando a
ocupação realmente exercida nos territórios e abandonando
Tratado de Madri – 1750
inteiramente a “linha de Tordesilhas”. (A Colônia de Sacramento
passaria para o domínio da Espanha). Com esse Tratado o
Brasil ganhou já um perfil próximo ao de que dispõe hoje.

Ainda entre Portugal e Espanha. Seguiu em linhas gerais os


Tratado de Santo
limites estabelecidos pelo Tratado de Madri, embora com
Ildefonso – 1777
prejuízo para Portugal no extremo sul do Brasil.

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Ocupação
da Amazônia

Periferia colonial

Comércio e
Jesuítas Monsões Entradas e Bandeiras
contrabando

Drogas do sertão, escravos,


rotas fluviais

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QUESTÕES COMENTADAS EM AULA


001. (UFRGS/VESTIBULAR/2020) Leia o segmento abaixo de Mariana Cassino, pesquisadora
do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).
Tudo indica que é uma floresta cultural, que foi sendo enriquecida e construída ao longo dos
anos de ocupação da área pelas pessoas que viveram ali. Até mesmo o solo que tem indícios
de transformação humana […]. Esse manejo é fundamental para a manutenção da Amazônia
que temos hoje. Sem isso, ela não seria a mesma […] Essas populações são fundamentais para
a conservação da floresta. Nossa sociedade tende a separar a natureza e a cultura, mas as
populações indígenas da Amazônia não fazem essa separação. Tendo em vista essa história
de longa duração da Amazônia, de íntima ligação entre pessoas e florestas, esse manejo é
fundamental para pensarmos o modelo da Amazônia hoje.
(ELLER, Johanns. Complexo arqueológico de grandes proporções é descoberto na Amazônia
central. O Globo, 8 set. 2019.)
A partir do segmento acima, considere as afirmações a respeito da história da ocupação
da Amazônia.
I – A ocupação indígena na Amazônia caracterizou-se pela monocultura intensiva, provocando
transformações no solo.
II – A conservação da floresta amazônica deve-se em grande parte às formas de relação com
o meio ambiente, mantidas pelas populações locais.
III – A separação entre natureza e cultura, característica das sociedades ocidentais, foi funda-
mental para a manutenção da riqueza ambiental da floresta.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) I, II e III.

002. (FCC/TJ-AP/ANALISTA JUDICIÁRIO/2014) Uma das estratégias da Coroa Portuguesa,


para a administração de sua colônia na América, foi a instituição das capitanias hereditárias,
cada qual a cargo de um donatário. Eram atribuições do donatário
a) representar o rei, administrar a justiça, distribuir sesmarias.
b) negociar livremente e vender pelo melhor preço a capitania recebida, cobrar impostos, criar
regras locais.
c) defender o território, estabelecer comércio internacional, viabilizar o tráfico indígena para
outras colônias portuguesas.
d) conquistar capitanias vizinhas, fundar vilas, apoiar as missões jesuíticas.
e) arrendar sesmarias, barrar as entradas e bandeiras, erguer igrejas e colégios.

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003. (UEA/SIS/1ª ETAPA/2016) Frei Gaspar de Carvajal participou e foi o cronista da expedi-
ção espanhola pelo rio Amazonas, comandada por Francisco de Orellana. O excerto a seguir
trata do relato desse cronista.
A informação mais notável do relato do cronista diz respeito ao povoamento. As margens
do Amazonas eram densamente povoadas quando foram percorridas pela primeira vez
por europeus.
(BOLLE, Willi. A travessia pioneira da Amazônia (Francisco de Orellana, 1541-1542.). In: BOLLE,
Willi et al. (orgs). Amazônia, 2010.)
De acordo com a observação contida no excerto, que aborda as sociedades amazônicas ante-
riores à colonização europeia, é correto concluir que
a) as guerras constantes entre as tribos impediam o crescimento populacional na região.
b) a insalubridade dos territórios ribeirinhos dificultava a permanência de tribos numero-
sas no local.
c) as civilizações indígenas, submetidas a um governo centralizado, apresentavam baixa taxa
de mortalidade.
d) a forte concentração demográfica resultava da limitação geográfica do território.
e) as sociedades estabelecidas ao longo do rio eram indicadores da fartura de recursos
da região.

004. (UEA/SIS/2ª ETAPA/2015) A ação da corte portuguesa [no vale do Amazonas] foi mais
visível, mais imediata, mais atenta a minúcias, do que em outros pontos do Brasil. Em 1772, a
Amazônia passava a constituir um novo estado, sem sujeição ao vice-rei do Brasil e diretamente
subordinado a Lisboa. Mais tarde, cogitou-se em criar ali um vice-reinado independente e a auto-
nomia da região pareceu sempre imposta pela consideração das exigências singulares da terra.
(Sérgio Buarque de Holanda. Escritos coligidos, 2011.)
No quadro das singularidades da colonização da região amazônica, ressaltam-se
a) a lavoura de cana-de-açúcar e as atividades do bandeirismo.
b) o caráter militar da ocupação e a exploração das drogas do sertão.
c) o contato com tribos indígenas e o cultivo do café.
d) a exportação de produtos primários e a importação de manufaturados.
e) a exploração aurífera e a instalação de centros administrativos.

005. (ISAE/PM-AM/SOLDADO/2011) A União Ibérica, que durou exatos 60 anos (1580/1640),


provocou profundas transformações no Brasil. Assinale a afirmativa que apresenta uma des-
sas modificações.
a) marcou o início do processo de expansão do território ao desobedecer aos limites impostos
pelo Tratado de Tordesilhas;
b) iniciou a abertura comercial para os países europeus ao permitir a livre circulação de seus
navios pelos portos brasileiros;

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c) reconheceu a autonomia política da região produtora de açúcar ao reconhecer o seu contro-


le pelos holandeses;
d) admitiu a presença de colonos espanhóis na área de influência portuguesa o que impediu a
expansão da criação de gado para o interior.

006. (FGV/2018/TÉCNICO TRIBUTÁRIO – RO) Analise o mapa a seguir.

A respeito dos objetivos da conquista político-religiosa do vale do Amazonas, no período colo-


nial, pelos portugueses, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa.
( ) Controlar militarmente o acesso à bacia hidrográfica do Amazonas a partir de fortes, como
o de Presépio, na futura cidade de Belém.
( ) Impor o domínio sobre a região mediante expedições, como a de Pedro Teixeira, que partiu
de Belém rumo a Quito e fundou o povoado de Franciscana.
( ) Promover o estabelecimento de missões e aldeamentos de várias ordens religiosas para
converter os gentios e incorporá-los à economia colonial. Na sequência apresentada, as afir-
mativas são, respectivamente,
a) V – V – F.
b) F – V – V.
c) V – V – V.
e) V – F – V.
e) F – F – V.

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007. (UEA/SIS 2ª ETAPA/2014) Quando se aperceberam do valor comercial das especiarias


assim obtidas, substitutivas das que Portugal trazia das Índias, um esforço deliberado se em-
preendeu para racionalizar e ampliar o negócio. Como a única forma factível de obter maior
produção constituía a escravização dos índios para os compelir a um trabalho regular, isso foi
feito. A maior dificuldade, porém, estava na contingência inevitável de deixar os índios soltos,
para juntar as cobiçadas especiarias que crescem, ao acaso, na mata infinita.
(Darcy Ribeiro. O povo brasileiro, 1995. Adaptado.)
O excerto alude a um dos processos de colonização da região amazônica pela metrópole por-
tuguesa. Os traços gerais da colonização do Brasil estão presentes na exploração da Amazô-
nia, ganhando, no entanto, aspectos locais, como
a) a economia extrativista e a especificidade da organização do trabalho obrigatório.
b) a montagem de um sistema agrícola de exploração e a importação da mão de obra.
c) a extração de pedras preciosas na floresta e o emprego do trabalho livre.
d) a criação extensiva de gado bovino e o uso da mão de obra das missões religiosas.
e) a importação de colonos portugueses e o emprego de trabalhadores mestiços.

008. (FGV/PREFEITURA DE PAULÍNIA/PROFESSOR EDUCAÇÃO BÁSICA/2021) Conside-


rando a formação da sociedade brasileira no período colonial, a respeito da escravidão indíge-
na assinale a afirmativa correta.
a) O indígena não se adaptou ao trabalho sistemático e foi reduzido a uma vida de roubo e
contravenções.
b) A resistência indígena desapareceu quando a prática missionária disciplinou a população
autóctone.
c) A escravidão permaneceu como um modo de exploração relevante de parte da popula-
ção nativa.
d) O trabalho escravo dos indígenas foi extinto a partir da importação de africanos.
e) A lei de 1570 determinou a substituição de mão de obra indígena por africana.

009. (PROCESSO SELETIVO MACRO/PSM/2007) Desde o início da ocupação portuguesa no


vale amazônico, a região manteve-se como colônia portuguesa com ordenamento jurídico au-
tônomo frente ao Brasil. Numa ordem cronológica esse ordenamento seria:
a) Estado do Brasil Setentrional, Estado do Maranhão e Grão-Pará, Estado do Grão-Pará.
b) Capitania de São José do Rio Negro, Comarca do Alto Amazonas, Estado do Grão-Pará.
c) Estado do Maranhão, Estado do Grão-Pará e Maranhão, Estado do Grão-Pará e Rio Negro.
d) Estado do Grão-Pará e Rio Negro, Comarca do Alto Amazonas, Província do Pará.
e) Estado do Maranhão e Grão-Pará, Estado do Grão-Pará e Amazonas, Província do Grão-Pará.

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História do Amazonas: Colônia
Daniel Vasconcellos

010. (PUC-MG) No processo de colonização do Brasil (sécs. XVI – XVIII), os jesuítas tiveram
papel de destaque na difusão do catolicismo. Sobre eles é correto afirmar, exceto:
a) Detinham o monopólio da educação e, na segunda metade do século XVI, fundaram colé-
gios na cidade de Salvador e na Vila de São Vicente.
b) Sua tarefa missionária era a catequização dos índios, convertendo-os à verdadeira fé e à
recuperação de fiéis.
c) Construíram as missões para impedir a escravidão dos indígenas pelos coloniais e manter
o universo de valores culturais dos índios.
d) Foram expulsos de Portugal e das possessões coloniais pelo Marquês de Pombal, após
1750, devido ao seu poder econômico e político.

011. (CESPE/PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA/PROFESSOR DE NÍVEL SUPERIOR HISTÓ-


RIA/2017) A primeira companhia privilegiada de comércio, surgida em 1755, voltada ao desenvol-
vimento da região Norte, e que pretendia oferecer preços atraentes para os produtos que a região
deveria exportar para o mercado europeu, foi instituída pelo Marquês de Pombal e denominada
a) Companhia Geral do Comércio do Brasil.
b) Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão.
c) Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba.
d) Companhia das Índias Ocidentais.
e) Companhia Comercial do Governo Geral.

012. (FGV/VESTIBULAR/2007) A longa administração pombalina (1750-1777) causou con-


trovérsias ao expulsar os jesuítas de Portugal e de todos seus domínios, em 1759. Tal expul-
são, que implicava o confisco dos bens dos religiosos, pode ser atribuída:
a) ao enorme déficit do Tesouro português, provocado pelas despesas feitas com construção
de Lisboa, destruída pelo terremoto de 1755.
b) à antipatia que o ministro, seguidor da filosofia iluminista, nutria pelos jesuítas, responsáveis
pelo atraso cultural do país.
c) à vontade de igualar-se à monarquia francesa que praticava o despotismo esclarecido.
d) ao processo de centralização administrativa que exigia a eliminação da Companhia de Je-
sus, acusada de formar um estado à parte.
e) à não aceitação de Pombal da política do despotismo esclarecido, que era bastante defen-
dida pelos inacianos.

013. (FCC/PM-AP/SOLDADO/2017) A formação de vilas de colonização portuguesa na re-


gião do Amapá aconteceu quando foram
a) descobertas jazidas de ouro nas encostas do rio Amazonas, próximas a sua foz, por colonos
aventureiros remanescentes da tripulação de Pedro Álvares Cabral, em 1621.
b) enviadas diversas tropas reais portuguesas para combater as tribos indígenas da região,
que foram completamente dizimadas nesses combates, em meados do século XVI.

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c) distribuídas as capitanias hereditárias, pela Coroa Portuguesa, em 1534, sendo a capitania


do Amapá a mais isolada e a de maior extensão territorial em toda a colônia.
d) empreendidas ações de povoamento, no século XVIII, por Francisco Xavier de Mendonça
Furtado, quando este foi governador do Estado do Grão Pará e Maranhão.
e) erguidas várias casas e uma praça central, no século XVII, pelo colonizador português Fran-
cisco de Orellana que batizou esse lugar de Adelantado de Nueva Andaluzia.

014. (UF-AM/PSC/3ª ETAPA/2006) O atual estado do Amazonas tem sua origem ligada a que
unidade administrativa criada em 1755, por intervenção do Marquês de Pombal e de Francisco
Xavier de Mendonça Furtado:
a) O Estado do Alto Amazonas;
b) A Comarca do Alto Amazonas;
c) A Província do Amazonas;
d) A Comarca de São José do Rio Negro;
e) A Capitania de São José do Rio Negro;

015. (CESPE-CEBRASPE/TCE-RO/ANALISTA DE INFORMÁTICA/2013) No século XVIII, a


fundação de missões jesuíticas espanholas, na margem esquerda do rio Guaporé, foi uma
clara ameaça à soberania de Portugal nas bacias dos rios Guaporé, Mamoré e Madeira. Por
isso, houve ações da metrópole portuguesa com o intuito de proteger o território na margem
direita da Bacia do Guaporé, atual estado de Rondônia. Com relação a esse assunto, julgue os
itens a seguir.
O governo português construiu a fortaleza militar do Príncipe da Beira às margens do rio
Guaporé, o que originou os primeiros núcleos colonizadores que se desenvolveram no século
XIX nessa região.

016. (FCC/TCE-RO/PROCURADOR/2010) Em 1750, redefiniu as fronteiras entre as Américas


Portuguesa e Espanhola, anulando o estabelecido no Tratado de Tordesilhas: Portugal garantia
o controle da maior parte da Bacia Amazônica, enquanto a Espanha controlava a maior parte
da Bacia do Prata. Neste Tratado, o princípio da usucapião (uti possidetis), que quer dizer que
a terra pertence a quem a ocupa, foi levado em consideração pela primeira vez.
(Disponível em: http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/povoamento/index.html)
Trata-se do Tratado de
a) Santo Ildefonso.
b) Badajós.
c) Madri.
d) Utrecht.
e) Lisboa.

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017. (FGV/VESTIBULAR – SP/2018) Encontro, teoricamente inexplicável, de dois fenômenos


que deveriam em princípio repelir-se um ao outro: o Mercantilismo e a Ilustração. Entretanto,
ali estavam eles juntos, articulados, durante todo o período pombalino.
(FALCON, F. J. C. A época pombalina. São Paulo: Ática, 1982. p. 483)
Entre as medidas implementadas durante o período em que o Marquês de Pombal foi o princi-
pal ministro do rei português D. José I, é correto apontar:
a) Anistia aos mineradores da colônia que possuíam débitos tributários com a metrópole
portuguesa.
b) A implementação de medidas liberalizantes e a extinção das companhias de comércio mo-
nopolistas.
c) O estabelecimento do Diretório dos Índios, que significou uma tentativa de enfraquecer o
poder dos jesuítas.
d) A intensificação das perseguições aos judeus e cristãos-novos bem como o fortalecimento
do Tribunal do Santo Ofício.
e) O fortalecimento da nobreza e do clero em detrimento dos setores financeiros e mercantis
da sociedade portuguesa.

018. (CESPE/TCE-RO/AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO/CIÊNCIAS CONTÁBEIS/2019)


Acerca dos contatos de aproximação entre colonizadores e índios da região da Amazônia ao
longo do processo de colonização da América portuguesa, assinale a opção correta.
a) A capacidade dos indígenas para encontrar plantas medicinais do sertão foi reconhecida
pelos missionários e colonizadores, o que facilitou o convívio entre os povos e evitou abusos.
b) A “guerra justa”, argumento teórico para a captura de indígenas na América Portuguesa, foi
uma exceção na Amazônia devido ao grande número de missões que defendiam os índios.
c) A Companhia de Jesus foi a única ordem religiosa autorizada pela Coroa Portuguesa a en-
viar missionários e criar missões e aldeamentos na Amazônia
d) O sistema de descimentos indígenas criou aldeamentos de índios ditos “mansos”, estancou
a migração das tribos e facilitou a catequese.
e) A gradativa substituição do trabalho de ameríndios pelo de escravos africanos suplantou a
escravidão indígena na região do estado do Maranhão e Grão-Pará.

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EXERCÍCIOS
019. (ISAE/PM-AM/SOLDADO/2011) Uma das principais medidas da política pombalina na
América Portuguesa foi estabelecer um controle mais rígido sobre a produção e a circulação
da riqueza.
A medida adotada por esta política para reforçar o monopólio português na Amazônia foi:
a) instalar, em 1760, a província ultramarina do Alto Amazonas;
b) separar, em 1772, as províncias do Maranhão e do Grão-Pará;
c) introduzir, em 1756, o trabalho escravo na área de colonização portuguesa;
d) estabelecer, em 1750, a presença portuguesa no vale amazônico.

020. (FGV/ASSEMBLEIA LEGISLATIVA – RO/ANALISTA LEGISLATIVO/2018) No século


XVIII, a descoberta de minas de ouro no centro-oeste da colônia portuguesa promoveu
a) a ocupação de zonas centrais da Capitania de Mato Grosso, em torno das missões e fazen-
das dos jesuítas já existentes, que serviram de apoio para o comércio local.
b) a imigração de portugueses e bandeirantes para a Capitania de Mato Grosso e a fundação
de duas vilas, a Vila de Cuiabá e a Vila Bela da Santíssima Trindade.
c) a integração dos indígenas à sociedade colonial, mediante as oportunidades de trabalho nos
garimpos e pelo incremento na comercialização das drogas do sertão.
d) a instalação de casas de fundição, para controlar a circulação de ouro e de prata na região,
e a criação do Forte do Príncipe da Beira, para impedir o contrabando de metais preciosos.
e) a criação da Capitania de Mato Grosso e Cuiabá, em terras desmembradas da Capitania de
Minas Gerais, oferecendo sesmarias para os colonos, a fim de favorecer sua ocupação.

021. (FUNCAB/MPE-RO/TÉCNICO EM INFORMÁTICA/2012) Um importante tratado fixou a


linha de fronteira no extremo norte e oeste do Brasil, a partir dos cursos dos rios Guaporé e
Mamoré, até o médio curso do Madeira, sendo de inegável relevância para a definição do futuro
Território do Guaporé. O tratado referido é o de:
a) Tordesilhas, 1494.
b) Utrecht, 1713.
c) Utrecht, 1915.
d) Petrópolis, 1903.
e) Madri, 1750.

022. (FGV/ASSEMBLEIA LEGISLATIVA – RO/ANALISTA LEGISLATIVO/2018) Os fragmen-


tos a seguir descrevem negociações diplomáticas ocorridas no processo de constituição da
fronteira ocidental do Império português.
I – Assegura o domínio e a soberania territorial da Coroa Portuguesa sobre as regiões ameri-
canas compreendidas entre os rios Amazonas e Oiapoque, fixando os limites entre França e
Portugal na região da Guiana.

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II – Adota o princípio da “ocupação efetiva” e garante o controle luso de rios existentes na ca-
pitania de Mato Grosso, no vale do Guaporé, região que daria acesso, através do rio Guaporé e
demais rios amazônicos, ao Estado do Grão-Pará e Maranhão.
Os fragmentos exemplificam, respectivamente, os Tratados de
a) Tordesilhas e Utrecht.
b) El Pardo e Santo Ildefonso.
c) Madri e El Pardo.
d) Santo Ildefonso e Tordesilhas.
e) Utrecht e Madri.

023. (FGV/PGE-RO/ANALISTA DE PROCURADORIA/2015) Ao longo do século XVII, o territó-


rio português na América foi ampliado em razão da formação da União Ibérica (1580/1640). O
território brasileiro saiu de uma faixa litorânea para uma dimensão continental e, nesse contex-
to, o território que deu origem ao atual estado de Rondônia foi ocupado.
Sobre o processo de ocupação do território que deu origem ao estado de Rondônia, é correto
afirmar que:
a) os jesuítas e os bandeirantes foram os grandes responsáveis pela conquista territorial da
região norte no século XVII;
b) os produtores de borracha e de soja contribuíram decisivamente para a ocupação da região
norte no século XVII;
c) os bandeirantes e os mineradores foram os grandes responsáveis pelo controle português
sobre a região norte no século XVII;
d) a elite pecuarista e os jesuítas foram os grandes responsáveis pela ocupação da região
norte no século XVII;
e) a elite açucareira e os militares ocuparam o interior da região norte ao longo do século XVII.

024. (FUNRIO/SESAU-RO/ADMINISTRADOR/2017) Em relação ao Real Forte do Príncipe da


Beira, NÃO é correto afirmar que:
a) está localizado no município de Costa Marques, à margem direita do rio Guaporé, na locali-
dade denominada Príncipe da Beira.
b) faz parte do Patrimônio Histórico Nacional.
c) sua construção é consequência do Ciclo do Ouro e marca o primeiro processo de coloniza-
ção do espaço físico que constitui o Estado de Rondônia.
d) sua pedra fundamental foi lançada em 20 de junho de 1826.
e) serviu para manter o domínio português sobre as duas principais vias de comunicação da
região, os rios Guaporé e Jauru.

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025. (FUNRIO/SESAU-RO/TÉCNICO EM APARELHO E EQUIPAMENTOS HOSPITALA-


RES/2017) O nome do estado presta homenagem a:
a) Cândido Rondon.
b) Máximo Ronda.
c) Felinto Rondélio.
d) Garcia Ronda.
e) Aparício Rondélio.

026. (CESPE/TJ-RO/ANALISTA JUDICIÁRIO/ANALISTA DE SISTEMAS SUPORTE/2012) O


recrutamento de colonos para povoar regiões consideradas estratégicas por Portugal em sua
colônia americana foi uma das medidas políticas empreendidas pelo Marquês de Pombal, por
meio de uma política colonial claramente mercantilista, com o objetivo de fortalecer o poder da
realeza e reduzir históricos privilégios concedidos a comerciantes ingleses.
Nesse sentido, a decisão tomada pelo governo de Lisboa de enviar colonos provenientes dos
Açores e de Mazagão, no norte da África, para a região Norte brasileira foi motivada
a) pelo comprovado sucesso do emprego de mão de obra imigrante nas lavouras de café no
centro-sul da colônia, fato que indicava bons prognósticos para sua utilização na Amazônia.
b) pela urgente necessidade de povoar o Norte do Brasil, uma vez que, em face da crescente
pressão exercida por Inglaterra, França e Holanda, era preciso integrar a área às demais regi-
ões da colônia.
c) pela expansão da produção aurífera ao longo do século XVIII, cujo andamento das ativida-
des dependia do fornecimento de gêneros alimentícios produzidos nos mais diversos pontos
da colônia.
d) pela necessidade de controle do território do Norte, que permitiria ao governo de Portugal
ampliar seus domínios americanos e, a partir do mapeamento hidrográfico da Amazônia, con-
trolar a estratégica bacia platina.
e) pelo fato de as correntes migratórias externas poderem substituir, com vantagem, as popu-
lações nativas que, nesse contexto, haviam sido dizimadas em larga medida.

027. (CESPE/TJ-RO/ANALISTA JUDICIÁRIO/ANALISTA DE SISTEMAS SUPORTE/2012) Os


dois primeiros séculos de colonização no Brasil foram marcados pela ocupação da faixa litorâ-
nea, sobretudo da nordestina, em decorrência da importância da agroindústria açucareira nes-
se período. Formalmente, o Tratado de Tordesilhas definia como pertencentes à Espanha as
terras situadas na porção centro-oeste do território brasileiro, sendo a exploração de riquezas
minerais no século XVIII e a escravização de indígenas fatores decisivos para a penetração de
desbravadores nessa área.

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Considerando-se o fragmento de texto acima, é correto afirmar que a decisão geopolítica to-
mada pela metrópole portuguesa que estimulou a implantação dos primeiros núcleos colo-
niais no atual território de Rondônia na segunda metade do século XVIII foi a
a) eliminação de entraves burocráticos à extração da borracha amazônica.
b) separação administrativa do oeste amazônico do restante da colônia.
c) construção do Forte Príncipe da Beira às margens do rio Guaporé.
d) assinatura do Tratado de Ayacucho, que definia os limites desse território com o Peru.
e) proibição da realização de missões religiosas católicas nessa região.

028. (CESPE-CEBRASPE/TJ-RO/ANALISTA JUDICIÁRIO/REVISOR REDACIONAL/2012)


Longe do centro principal da vida da Colônia, o Norte do Brasil viveu existência muito diversa
do Nordeste. A colonização ocorreu aí lentamente, a integração econômica com o mercado eu-
ropeu foi precária até fins do século XVIII, e predominou o trabalho compulsório indígena. Até
1612, quando os franceses estabeleceram-se no Maranhão, fundando São Luís, os portugue-
ses não tinham demonstrado maior interesse por se instalar na região. Boris Fausto. História
do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2008, p. 90 (com adaptações).
Tendo o texto acima como referência inicial e considerando os processos de exploração, con-
quista, ocupação e colonização da Amazônia, assinale a opção correta.
a) Embora em menor escala que na agroindústria açucareira nordestina, a escravidão africana
rivalizou em importância com a indígena no Norte do Brasil colonial.
b) A fundação de Belém consistiu em uma reação de Portugal à presença holandesa no litoral
brasileiro e assegurou o domínio português sobre a região amazônica.
c) No século XVII, Pedro Teixeira empreendeu uma longa viagem de exploração pelo rio Ama-
zonas, a qual culminou com sua chegada ao Peru.
d) O dinamismo da economia da região Norte no período colonial pode ser constatado pela
grande circulação de moeda nessa região.
e) A decisão portuguesa de dominar a Amazônia foi motivada pelo temor de que a Espanha
dominasse, de fato, as áreas que lhe pertenciam, de acordo com o Tratado de Tordesilhas.

029. (ISAE/PM-AM/SOLDADO/2011) A atividade econômica que possibilitou a presença por-


tuguesa no vale amazônico no século XVII foi:
a) a agricultura comercial da cana-de-açúcar com base no trabalho escravo;
b) a produção das “drogas do sertão” graças ao conhecimento e ao trabalho de índios ca-
tequizados;
c) o extrativismo mineral devido à chegada de imigrantes portugueses após a expulsão
dos jesuítas;
d) a agricultura de subsistência nos solos férteis das terras firmes segundo as práticas do
encoivaramento.

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030. (UFPE/ADAPTADA) Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal (1699-


1782), dirigiu durante 27 anos a vida política e econômica de Portugal, como ministro do Rei D.
José I. Em razão da atuação de Pombal, é correto fazer as seguintes afirmações.
( ) Durante o seu governo, foram criadas comissões encarregadas de fazer a demarcação
das fronteiras entre terras do domínio português e terras do domínio espanhol, no território
americano.
( ) Na sua luta contra os jesuítas, Pombal tentou atingi-los estendendo a lei de liberdade dos
índios (1755) a todo o Brasil.
( ) O antijesuitismo, desenvolvido na época, foi uma estratégia de Pombal para acusar a Com-
panhia de Jesus de ser um estado dentro de outro estado e, dessa maneira, justificar a expul-
são dos jesuítas do Brasil.
( ) As rigorosas leis pombalinas acabaram por incentivar a “reforma geral no ensino”, tornan-
do-o mais complexo e multiplicando as escolas e as ordens responsáveis por elas, o que deu
maior desenvolvimento à cultura colonial.
( ) Os jesuítas não se submeteram às ordens de Pombal e reagiram apoiando o governo de
D. José I.
a) V-F-V-F-F
b) V-V-V-F-F
c) F-V-V-F-F
d) V-V-V-V-V
e) V-V-V-V-F

031. (UFG) Após a morte de D. João V, em 1750, ascendeu como ministro Sebastião José de
Carvalho Melo, futuro Marquês de Pombal. A administração pombalina destacou-se pela:
a) aproximação diplomática com o reino espanhol, em nome do interesse comum, contendo
os abusos ingleses.
b) adoção da escolástica, promovendo o desenvolvimento científico.
c) valorização da gramática normativa portuguesa, resgatando o prestígio do latim.
d) distensão do despotismo esclarecido, afirmando uma administração política e econômi-
ca liberal.
e) redefinição da estrutura do ensino português, implementando o financiamento estatal.

032. (PROCESSO SELETIVO MACRO/PSM/2007) Foi a primeira vila criada no território


amazonense:
a) Barra
b) Barcelos
c) Borba
d) Silves
e) Tefé

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033. (FCC/SEPLAG/PM-MG/PROFESSOR DE HISTÓRIA/2012) Com as Grandes Navegações


os europeus conquistaram inúmeros territórios ao redor do mundo, ampliaram suas atividades
econômicas e estabeleceram contato com diferentes culturas. Nesse processo de expansão,
o contato dos europeus com os povos distantes caracterizou-se pelo
a) intercâmbio esporádico, dificultado pelas diferenças linguísticas e hábitos culturais
divergentes.
b) extenso domínio territorial, sobretudo na África e Ásia, onde existiam povos desenvolvidos
e com enormes riquezas industriais.
c) convívio pacífico, incentivado pelos ideais religiosos cristãos, que fundamentavam a evan-
gelização e a prática da tolerância.
d) estranhamento, com o outro sendo visto, com frequência, por meio das crendices e lendas
que marcavam o imaginário europeu.

034. (CESPE-CEBRASPE/TCE-RO/AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO/2013) Julgue os


itens a seguir, acerca da história do estado de Rondônia.
A colonização portuguesa do oeste amazônico, no período colonial, foi motivada pela deman-
da de látex pelo mercado europeu.

035. (FCC/SEDU-ES/PROFESSOR DE HISTÓRIA/2016) As reformas pombalinas, no período


colonial, foram um conjunto de medidas decretadas pelo governo português, que, entre outras
mudanças, acarretaram a
a) fundação das companhias de comércio como a Companhia das Índias Ocidentais, para in-
crementar a exploração colonial e as trocas comerciais.
b) proibição da instalação de manufaturas, a fim de revitalizar o Pacto Colonial e reforçar o
poder português sobre a colônia, em plena atividade mineradora.
c) expulsão da Companhia de Jesus do território colonial brasileiro sob acusações de conspi-
ração, e o confisco de seus bens pelo Estado.
d) centralização do poder sobre a colônia pela Coroa portuguesa mediante a extinção de ór-
gãos administrativos e de cargos importantes, como o de vice-rei.
e) flexibilização da cobrança de impostos em troca de maior apoio político da elite colonial, a
fim de evitar o contrabando e a sonegação fiscal.

036. (FCC/PM-MA/SOLDADO/2006) No início do século XVII, os franceses tentaram organi-


zar uma colônia no Brasil. Para isso, fundaram a chamada de França Equinocial, no Maranhão.
Identifique os fatos históricos associados a essa colonização.
I – Contrariando as determinações do rei francês, Daniel de La Touche autorizou a difusão da
religião dos protestantes entre os indígenas no Maranhão.
II – Com o objetivo de fixar a colonização no Brasil, os franceses construíram o forte que deno-
minaram de São Luís, em homenagem ao rei francês.

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III – Um dos ordenamentos instituídos na França Equinocial era a conversão da população ao


cristianismo, segundo determinação do rei da França.
IV – Os franceses fundaram a França Equinocial para garantir a posse das terras do Maranhão,
conforme determinava as normas do Tratado de Tordesilhas.
É correto o que se apresenta APENAS em
a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.

037. (FCC/PM-MA/SOLDADO/2006) Em 1684, eclodiu uma revolta de proprietários de terra


no Maranhão, conhecida por Revolta de Bequimão. Os revoltosos posicionaram-se
a) contra o monopólio da companhia de comércio e contra os jesuítas.
b) contra a escravidão dos africanos e dos indígenas maranhenses.
c) a favor da catequização dos indígenas realizada pelos jesuítas.
d) a favor do monopólio real sobre a exploração dos produtos da região.
e) contra a expulsão dos jesuítas determinada pela coroa portuguesa.

038. (CESPE/PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA/PROFESSOR DE NÍVEL SUPERIOR HISTÓ-


RIA/2017) A primeira companhia privilegiada de comércio, surgida em 1755, voltada ao de-
senvolvimento da região Norte, e que pretendia oferecer preços atraentes para os produtos
que a região deveria exportar para o mercado europeu, foi instituída pelo Marquês de Pombal
e denominada
a) Companhia Geral do Comércio do Brasil.
b) Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão.
c) Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba.
d) Companhia das Índias Ocidentais.
e) Companhia Comercial do Governo Geral.

039. (CESPE/PM-MA/TENENTE/2017) No que diz respeito à história do Maranhão nos perío-


dos colonial e imperial, julgue os itens subsequentes.
O Estado do Maranhão e Grão Pará foi instituído devido a dificuldades relacionadas à adminis-
tração das possessões portuguesas na América, como, por exemplo, a disputa entre colonos
e jesuítas pelo controle da mão de obra indígena na região Norte, a qual motivou o movimento
denominado Revolta de Bequimão, contrário à decisão régia que entregou aos inacianos o
controle dos índios livres.

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040. (CESPE/PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA/PROFESSOR DE NÍVEL SUPERIOR HISTÓ-


RIA/2017) Foi a partir do estabelecimento dos franceses no Maranhão, onde fundaram São
Luís, na primeira metade do século XVII, que os portugueses passaram a demonstrar interesse
por se instalar na porção setentrional de sua colônia americana.
Considerando-se essa informação, é correto afirmar que a mudança de comportamento da
metrópole deveu-se, entre outros fatores,
a) à ideia de que a região não se adaptava aos padrões econômicos mercantilistas vigentes.
b) aos riscos efetivos de perda territorial, o que a levou à luta contra os franceses.
c) à necessidade de fazer da região norte um ponto de apoio na guerra pelo fim da União Ibérica.
d) ao objetivo estratégico de explorar as conhecidas riquezas minerais da região.
e) ao interesse de promover a conexão econômica entre o Norte e a bacia do rio da Prata.

041. (CESPE/PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA/PROFESSOR DE NÍVEL SUPERIOR HISTÓ-


RIA/2017) A respeito da Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, assinale a
opção correta.
a) A companhia, que detinha o monopólio do comércio de diversas mercadorias com o objetivo
de evitar o contrabando e sonegação de impostos, submetia-se ao poder do Estado do Grão-
-Pará e Maranhão.
b) A criação da companhia ocorreu no contexto de autonomia do Estado do Grão-Pará e Ma-
ranhão, em relação ao Brasil, que permitia que o estado tivesse, inclusive, governador próprio.
c) As atividades da companhia não incluíram o comércio de escravos, já que era mais comum,
na região, o uso da mão de obra indígena.
d) Com o desmembramento do Estado do Grão-Pará e Maranhão a companhia também foi
extinta, o que resultou em uma súbita redução nas exportações do Maranhão e do Pará.
e) A companhia, apesar de deter o monopólio das exportações, atuou em consonância com os
interesses dos produtores locais.

042. (FGV) As tentativas francesas de estabelecimento definitivo no Brasil


ocorreram entre a segunda metade do século XVI e a primeira metade do século XVII. As regi-
ões que estiveram sob ocupação francesa foram:
a) Rio de Janeiro (França Antártica) e Pernambuco (França Equinocial);
b) Pernambuco (França Antártica) e Santa Catarina (França Equinocial);
c) Bahia (França Equinocial) e Rio de Janeiro (França Antártica);
d) Maranhão (França Equinocial) e Rio de Janeiro (França Antártica);
e) Espírito Santo (França Equinocial) e Rio de Janeiro (França Antártica).

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043. (CESPE/TJ-RO/ANALISTA JUDICIÁRIO/2012) O recrutamento de colonos para povoar


regiões consideradas estratégicas por Portugal em sua colônia americana foi uma das medi-
das políticas empreendidas pelo Marquês de Pombal, por meio de uma política colonial clara-
mente mercantilista, com o objetivo de fortalecer o poder da realeza e reduzir históricos pri-
vilégios concedidos a comerciantes ingleses. Nesse sentido, a decisão tomada pelo governo
de Lisboa de enviar colonos provenientes dos Açores e de Mazagão, no norte da África, para a
região Norte brasileira foi motivada:
a) pelo comprovado sucesso do emprego de mão de obra imigrante nas lavouras de café no
centro-sul da colônia, fato que indicava bons prognósticos para sua utilização na Amazônia.
b) pela urgente necessidade de povoar o Norte do Brasil, uma vez que, em face da crescente
pressão exercida por Inglaterra, França e Holanda, era preciso integrar a área às demais regi-
ões da colônia.
c) pela expansão da produção aurífera ao longo do século XVIII, cujo andamento das ativida-
des dependia do fornecimento de gêneros alimentícios produzidos nos mais diversos pontos
da colônia.
d) pela necessidade de controle do território do Norte, que permitiria ao governo de Portugal
ampliar seus domínios americanos e, a partir do mapeamento hidrográfico da Amazônia, con-
trolar a estratégica bacia platina.
e) pelo fato de as correntes migratórias externas poderem substituir, com vantagem, as popu-
lações nativas que, nesse contexto, haviam sido dizimadas em larga medida.

044. (FGV/SEAD-AP/FISCAL DA RECEITA ESTADUAL/2010) “A conquista e ocupação da Ama-


zônia, no período colonial, foram empreendimentos conduzidos pelo Estado, planejados e exe-
cutados com prioridade política pelo governo metropolitano.”
(FREITAS REZENDE, Tadeu Valdir. In: A conquista e a ocupação da Amazônia brasileira no perí-
odo colonial: a definição das fronteiras.)
A partir do texto, analise as afirmativas a seguir.
I – Em 1621, a administração do Estado do Maranhão e Grão-Pará, entidade política autôno-
ma e independente do Estado do Brasil, passou a ser diretamente subordinada ao governo de
Lisboa, iniciando-se um processo irreversível de exploração e penetração territorial pela vasta
rede hidrográfica amazônica.
II – Na primeira metade do século XVIII, Portugal passou a priorizar a definição de suas fron-
teiras coloniais com o propósito de revisar os acordos anteriores de limites e abolir o Tratado
de Tordesilhas.
III – A aproximação das Coroas Ibéricas favoreceu as negociações diplomáticas que resulta-
ram na assinatura, em 1750, do Tratado de Madri, que legalizou, pelo argumento de posse da
terra (uti possidetis) e pela busca de fronteiras naturais, a ocupação da Amazônia.

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Assinale:
a) se somente a afirmativa I estiver correta.
b) se somente a afirmativa II estiver correta.
c) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

045. (UEPA/PM-PA/SOLDADO DA POLÍCIA MILITAR/2012) O ano de 1570 marca a publica-


ção da primeira lei da Coroa Portuguesa proibindo a escravização indígena na colônia estabe-
lecida no Novo Mundo. O efeito concreto dessa legislação foi:
a) a disputa acirrada com outras potências europeias pelo controle dos nativos do novo conti-
nente recém descoberto.
b) a escalada da luta das elites coloniais pela revogação da proibição de exploração compul-
sória da mão de obra africana.
c) alianças e conflitos com diferentes grupos indígenas, através dos quais foi negociada a ex-
pansão colonialista portuguesa.
d) a escolha pela escravização de africanos, pela completa impossibilidade de exploração do
trabalho indígena.
e) o aumento de conflitos entre missionários de ordens religiosas, colonos portugueses e au-
toridades coloniais pela exploração da mão de obra indígena.

046. (FGV/PM-MA/SOLDADO COMBATENTE/2012)

O não cumprimento desse acordo


a) permitiu a instalação de um governo autônomo no Maranhão.
b) foi o principal motivo para a revolta dos colonos maranhenses.
c) eliminou o Pacto Colonial e abriu os portos às potências estrangeiras.
d) estimulou o uso do trabalho livre para sustentar as atividades produtivas.
e) criou um mercado interno exclusivo para o Estado português.

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047. (FUNRIO/SESAU-RO/ADMINISTRADOR/2017) Em relação ao Real Forte do Príncipe da


Beira, NÃO é correto afirmar que:
a) está localizado no município de Costa Marques, à margem direita do rio Guaporé, na locali-
dade denominada Príncipe da Beira.
b) faz parte do Patrimônio Histórico Nacional.
c) sua construção é consequência do Ciclo do Ouro e marca o primeiro processo de coloniza-
ção do espaço físico que constitui o Estado de Rondônia.
d) sua pedra fundamental foi lançada em 20 de junho de 1826.
e) serviu para manter o domínio português sobre as duas principais vias de comunicação da
região, os rios Guaporé e Jauru.

048. (UNAMA) Na Amazônia, em todo o Período Colonial foi constante a exploração do índio,
facilitada por uma legislação confusa que ora proibia, ora autorizava, ou simplesmente omitia.
Não é de se espantar que, em determinados momentos desse período, avolumaram-se as prá-
ticas da “guerra justa” e do “resgate”.
(Texto adaptado de: ALVES FILHO, Armando. O Trabalho forçado na Amazônia. In: ALVES FI-
LHO, Armando et al. Pontos de História da Amazônia. 3. ed. rev. ampl. Belém, PA: Paka-Tatu,
2002. p. 31.)
A partir da leitura do texto acima, e dos estudos que a história nos oferece sobre o assunto, é
correto dizer que:
a) Na Amazônia, como em todo o território brasileiro, o índio foi o grande responsável pela ge-
ração de riquezas em todo o período colonial, pois a legislação vinda de Portugal permitia sua
escravização através das chamadas “guerras justas”.
b) O índio foi a mão-de-obra mais utilizada na Amazônia colonial, pois a própria legislação por-
tuguesa dava brechas para essa exploração, através das chamadas “guerras justas” e “tropas
de resgate”.
c) Durante o Período Colonial, especialmente na Amazônia, foram constantes as lutas em tor-
no de uma legislação local, acerca da utilização da mão-de-obra indígena, visto que, o Estado
português já havia declarado ilegal o uso dessa força de trabalho.
d) A mão-de-obra usada na Amazônia, no Período Colonial, foi constituída basicamente da
mão-de-obra nativa, através das “guerras justas” e da mão-de-obra vinda do nordeste brasileiro,
através das chamadas “tropas de resgate”.

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049. (UFAC) Foram muitas as anotações feitas pelos “conquistadores” das Américas, durante
os séculos XVI e XVII, para provar que os índios eram inferiores, entre outras, Galeano (1999,
63) destacou:
“Suicidam-se os índios das ilhas do Mar do Caribe? Porque são vadios e não querem trabalhar.
Andam desnudos, como se o corpo todo fosse a cara? Porque são selvagens e não tem pudor
Ignoram o direito de propriedade, tudo compartilham e não têm ambição de riqueza? Porque
são mais parentes do macaco do que do homem. Banham-se com suspeitosa frequência?
Porque se parecem com hereges da seita de Maomé, que com justiça ardem nas fogueiras da
Inquisição. Acreditam nos sonhos e lhes obedecem as vozes? Por influência de Satã ou por
crassa ignorância. É livre o homossexualismo? A virgindade não tem importância alguma? Por-
que são promíscuos e vivem na ante- sala do inferno. Jamais batem nas crianças e as deixam
viver livremente? Porque são incapazes de castigar e de ensinar. Comem quando têm fome e
não quando é hora de comer? Porque são incapazes de dominar seus instintos. Adoram a natu-
reza, considerando-a mãe, e acreditam que ela é sagrada? Porque são incapazes de ter religião
e só podem professar a idolatria.”
Com base no texto podemos inferir que:
a) As mais diversas etnias ameríndias, contatadas pelos europeus, haviam desenvolvido prin-
cípios comportamentais de acordo com sua cosmogonia e com seus modos de vida.
b) Os europeus compreenderam, desde o início, que os ameríndios não poderiam ser humanos
como eles, pois eram selvagens e canibais.
c) Os ameríndios tomavam muito banho porque aqui era mais quente que na Europa e eles não
haviam desenvolvido perfumes como os franceses.
d) Os europeus tinham os melhores métodos para educar seus filhos.
e) Os europeus e os ameríndios, mesmo com suas diferenças, uniram-se para construir o
Novo Mundo.

050. (UFAM) “E porque tenho intendido que os ditos gentios tem guerras uns com os outros, e
costumam matar e comer todos os que nellas se captivam (…) hei por bem, que sejam captivos
todos os gentios, que, estando presos (…) forem comprados (…) serão captivos sómente por
tempo de dez anos (…) passados elles, ficarão livres (…).”
(Fragmentos da Lei de 10/09/1611 – Sobre a liberdade do gentio da terra e da guerra que se
lhe pode fazer.)
O texto acima justifica e explica procedimentos de Tropas de Resgates. Sobre Tropas de Res-
gates, é correto afirmar que:
a) A lei de 1688 previa somente o resgate de índios aprisionados por outros índios para
fins de troca.
b) Foram fontes de recrutamento de mão-de-obra indígena abolidas definitivamente pelo Dire-
tório Pombalino em 1740.

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c) O resgate praticado pelas tropas era sempre fiel àquele previsto na legislação.
d) Eram expedições militares nas quais não havia participação de religiosos.
e) Foram a forma mais persistente de escravização indígena, sendo proibidas e permitidas
várias vezes por diversas leis.

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GABARITO
1. b 26. b
2. a 27. c
3. e 28. c
4. b 29. b
5. a 30. b
6. c 31. e
7. a 32. c
8. c 33. d
9. c 34. E
10. c 35. c
11. b 36. c
12. d 37. a
13. d 38. b
14. e 39. C
15. C 40. b
16. c 41. b
17. c 42. d
18. d 43. b
19. b 44. e
20. b 45. e
21. e 46. b
22. e 47. d
23. a 48. b
24. d 49. a
25. a 50. e

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GABARITO COMENTADO
019. (ISAE/PM-AM/SOLDADO/2011) Uma das principais medidas da política pombalina na
América Portuguesa foi estabelecer um controle mais rígido sobre a produção e a circulação
da riqueza.
A medida adotada por esta política para reforçar o monopólio português na Amazônia foi:
a) instalar, em 1760, a província ultramarina do Alto Amazonas;
b) separar, em 1772, as províncias do Maranhão e do Grão-Pará;
c) introduzir, em 1756, o trabalho escravo na área de colonização portuguesa;
d) estabelecer, em 1750, a presença portuguesa no vale amazônico.

Pombal ordenou a divisão do Estado do Grão-Pará e Maranhão em dois estados: Estado do


Grão Pará e Estado do Maranhão.
Letra b.

020. (FGV/ASSEMBLEIA LEGISLATIVA – RO/ANALISTA LEGISLATIVO/2018) No século


XVIII, a descoberta de minas de ouro no centro-oeste da colônia portuguesa promoveu
a) a ocupação de zonas centrais da Capitania de Mato Grosso, em torno das missões e fazen-
das dos jesuítas já existentes, que serviram de apoio para o comércio local.
b) a imigração de portugueses e bandeirantes para a Capitania de Mato Grosso e a fundação
de duas vilas, a Vila de Cuiabá e a Vila Bela da Santíssima Trindade.
c) a integração dos indígenas à sociedade colonial, mediante as oportunidades de trabalho nos
garimpos e pelo incremento na comercialização das drogas do sertão.
d) a instalação de casas de fundição, para controlar a circulação de ouro e de prata na região,
e a criação do Forte do Príncipe da Beira, para impedir o contrabando de metais preciosos.
e) a criação da Capitania de Mato Grosso e Cuiabá, em terras desmembradas da Capitania de
Minas Gerais, oferecendo sesmarias para os colonos, a fim de favorecer sua ocupação.

O comércio através das rotas fluviais que promoveu a colonização do Vale do Guaporé e a
fundação de Vila Bela da Santíssima Trindade. Devido a decadência do ouro em Cuiabá, aven-
tureiros sertanistas e apresadores de índios se aventuraram para a região do Guaporé, como
os irmãos Fernando e Arthur Paes de Barros que descobriram ouro em 1734
Letra b.

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021. (FUNCAB/MPE-RO/TÉCNICO EM INFORMÁTICA/2012) Um importante tratado fixou a


linha de fronteira no extremo norte e oeste do Brasil, a partir dos cursos dos rios Guaporé e
Mamoré, até o médio curso do Madeira, sendo de inegável relevância para a definição do futuro
Território do Guaporé. O tratado referido é o de:
a) Tordesilhas, 1494.
b) Utrecht, 1713.
c) Utrecht, 1915.
d) Petrópolis, 1903.
e) Madri, 1750.

Tratado de Utrecht define uma série de acordos diplomáticos assinados na cidade de Utrecht,
na Holanda, e que puseram fim à Guerra da Sucessão da Espanha. Firmado entre Portugal e
a França para estabelecer os limites entre os dois países na costa norte do Brasil. Também
definiu as fronteiras entre as colônias espanholas e portuguesa. Estas disposições serviram,
quase dois séculos após, para defender a posição brasileira na questão do Amapá e garantir a
posse do futuro território do Guaporé.
Letra e.

022. (FGV/ASSEMBLEIA LEGISLATIVA – RO/ANALISTA LEGISLATIVO/2018) Os fragmen-


tos a seguir descrevem negociações diplomáticas ocorridas no processo de constituição da
fronteira ocidental do Império português.
I – Assegura o domínio e a soberania territorial da Coroa Portuguesa sobre as regiões ameri-
canas compreendidas entre os rios Amazonas e Oiapoque, fixando os limites entre França e
Portugal na região da Guiana.
II – Adota o princípio da “ocupação efetiva” e garante o controle luso de rios existentes na ca-
pitania de Mato Grosso, no vale do Guaporé, região que daria acesso, através do rio Guaporé e
demais rios amazônicos, ao Estado do Grão-Pará e Maranhão.
Os fragmentos exemplificam, respectivamente, os Tratados de
a) Tordesilhas e Utrecht.
b) El Pardo e Santo Ildefonso.
c) Madri e El Pardo.
d) Santo Ildefonso e Tordesilhas.
e) Utrecht e Madri.

• Tratado de Utrecht – 1713. Firmado entre Portugal e a França para estabelecer os limites
entre os dois países na costa norte do Brasil. Estas disposições serviram, quase dois
séculos após, para defender a posição brasileira na questão do Amapá.

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• Tratado de Madri – 1750. Também entre Portugal e a Espanha, estabeleceu os limites


entre as colônias dos dois, na América do Sul, respeitando a ocupação realmente exer-
cida nos territórios e abandonando inteiramente a “linha de Tordesilhas”. (A Colônia de
Sacramento passaria para o domínio da Espanha). Com esse Tratado o Brasil ganhou já
um perfil próximo ao de que dispõe hoje.

Letra e.

023. (FGV/PGE-RO/ANALISTA DE PROCURADORIA/2015) Ao longo do século XVII, o territó-


rio português na América foi ampliado em razão da formação da União Ibérica (1580/1640). O
território brasileiro saiu de uma faixa litorânea para uma dimensão continental e, nesse contex-
to, o território que deu origem ao atual estado de Rondônia foi ocupado.
Sobre o processo de ocupação do território que deu origem ao estado de Rondônia, é correto
afirmar que:
a) os jesuítas e os bandeirantes foram os grandes responsáveis pela conquista territorial da
região norte no século XVII;
b) os produtores de borracha e de soja contribuíram decisivamente para a ocupação da região
norte no século XVII;
c) os bandeirantes e os mineradores foram os grandes responsáveis pelo controle português
sobre a região norte no século XVII;
d) a elite pecuarista e os jesuítas foram os grandes responsáveis pela ocupação da região
norte no século XVII;
e) a elite açucareira e os militares ocuparam o interior da região norte ao longo do século XVII.

Jesuítas e Bandeirantes foram os primeiros a ocupar a região. Os jesuítas em busca da cate-


quização e proteção dos índios. Os bandeirantes em busca de ouro.
Letra a.

024. (FUNRIO/SESAU-RO/ADMINISTRADOR/2017) Em relação ao Real Forte do Príncipe da


Beira, NÃO é correto afirmar que:
a) está localizado no município de Costa Marques, à margem direita do rio Guaporé, na locali-
dade denominada Príncipe da Beira.
b) faz parte do Patrimônio Histórico Nacional.
c) sua construção é consequência do Ciclo do Ouro e marca o primeiro processo de coloniza-
ção do espaço físico que constitui o Estado de Rondônia.
d) sua pedra fundamental foi lançada em 20 de junho de 1826.
e) serviu para manter o domínio português sobre as duas principais vias de comunicação da
região, os rios Guaporé e Jauru.

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O forte iniciou seu processo de construção no dia 19 de abril de 1775. No entanto, vale salien-
tar que em 1776 foi lançada a pedra fundamental do projeto já iniciado no ano anterior, sendo
batizado em homenagem a D. José de Bragança
Letra d.

025. (FUNRIO/SESAU-RO/TÉCNICO EM APARELHO E EQUIPAMENTOS HOSPITALA-


RES/2017) O nome do estado presta homenagem a:
a) Cândido Rondon.
b) Máximo Ronda.
c) Felinto Rondélio.
d) Garcia Ronda.
e) Aparício Rondélio.

O marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, conhecido como Marechal Rondon, foi um en-
genheiro militar e sertanista brasileiro, famoso por sua exploração do Mato Grosso e da Bacia
Amazônica Ocidental e por seu apoio vitalício às populações indígenas brasileiras. Foi o pri-
meiro diretor do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e estimulou a criação do Parque Nacional
do Xingu. O estado brasileiro de Rondônia recebeu esse nome em sua homenagem.
Letra a.

026. (CESPE/TJ-RO/ANALISTA JUDICIÁRIO/ANALISTA DE SISTEMAS SUPORTE/2012) O


recrutamento de colonos para povoar regiões consideradas estratégicas por Portugal em sua
colônia americana foi uma das medidas políticas empreendidas pelo Marquês de Pombal, por
meio de uma política colonial claramente mercantilista, com o objetivo de fortalecer o poder da
realeza e reduzir históricos privilégios concedidos a comerciantes ingleses.
Nesse sentido, a decisão tomada pelo governo de Lisboa de enviar colonos provenientes dos
Açores e de Mazagão, no norte da África, para a região Norte brasileira foi motivada
a) pelo comprovado sucesso do emprego de mão de obra imigrante nas lavouras de café no
centro-sul da colônia, fato que indicava bons prognósticos para sua utilização na Amazônia.
b) pela urgente necessidade de povoar o Norte do Brasil, uma vez que, em face da crescente
pressão exercida por Inglaterra, França e Holanda, era preciso integrar a área às demais regi-
ões da colônia.
c) pela expansão da produção aurífera ao longo do século XVIII, cujo andamento das ativida-
des dependia do fornecimento de gêneros alimentícios produzidos nos mais diversos pontos
da colônia.

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d) pela necessidade de controle do território do Norte, que permitiria ao governo de Portugal


ampliar seus domínios americanos e, a partir do mapeamento hidrográfico da Amazônia, con-
trolar a estratégica bacia platina.
e) pelo fato de as correntes migratórias externas poderem substituir, com vantagem, as popu-
lações nativas que, nesse contexto, haviam sido dizimadas em larga medida.

Diante das constantes incursões de espanhóis, franceses, ingleses e holandeses, havia a ne-
cessidade de ocupar a terras da colônia para, efetivamente, controlar a região.
Letra b.

027. (CESPE/TJ-RO/ANALISTA JUDICIÁRIO/ANALISTA DE SISTEMAS SUPORTE/2012) Os


dois primeiros séculos de colonização no Brasil foram marcados pela ocupação da faixa litorâ-
nea, sobretudo da nordestina, em decorrência da importância da agroindústria açucareira nes-
se período. Formalmente, o Tratado de Tordesilhas definia como pertencentes à Espanha as
terras situadas na porção centro-oeste do território brasileiro, sendo a exploração de riquezas
minerais no século XVIII e a escravização de indígenas fatores decisivos para a penetração de
desbravadores nessa área.
Considerando-se o fragmento de texto acima, é correto afirmar que a decisão geopolítica to-
mada pela metrópole portuguesa que estimulou a implantação dos primeiros núcleos colo-
niais no atual território de Rondônia na segunda metade do século XVIII foi a
a) eliminação de entraves burocráticos à extração da borracha amazônica.
b) separação administrativa do oeste amazônico do restante da colônia.
c) construção do Forte Príncipe da Beira às margens do rio Guaporé.
d) assinatura do Tratado de Ayacucho, que definia os limites desse território com o Peru.
e) proibição da realização de missões religiosas católicas nessa região.

A construção do Forte Príncipe da Beira, iniciada em 1776, às margens do rio Guaporé, estimu-
lou a implantação dos primeiros núcleos coloniais. Contudo, estes só prosperaram no fim do
século XIX, com o ciclo da borracha.
Letra c.

028. (CESPE-CEBRASPE/TJ-RO/ANALISTA JUDICIÁRIO/REVISOR REDACIONAL/2012)


Longe do centro principal da vida da Colônia, o Norte do Brasil viveu existência muito diversa
do Nordeste. A colonização ocorreu aí lentamente, a integração econômica com o mercado eu-
ropeu foi precária até fins do século XVIII, e predominou o trabalho compulsório indígena. Até
1612, quando os franceses estabeleceram-se no Maranhão, fundando São Luís, os portugue-
ses não tinham demonstrado maior interesse por se instalar na região. Boris Fausto. História
do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2008, p. 90 (com adaptações).

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Tendo o texto acima como referência inicial e considerando os processos de exploração, con-
quista, ocupação e colonização da Amazônia, assinale a opção correta.
a) Embora em menor escala que na agroindústria açucareira nordestina, a escravidão africana
rivalizou em importância com a indígena no Norte do Brasil colonial.
b) A fundação de Belém consistiu em uma reação de Portugal à presença holandesa no litoral
brasileiro e assegurou o domínio português sobre a região amazônica.
c) No século XVII, Pedro Teixeira empreendeu uma longa viagem de exploração pelo rio Ama-
zonas, a qual culminou com sua chegada ao Peru.
d) O dinamismo da economia da região Norte no período colonial pode ser constatado pela
grande circulação de moeda nessa região.
e) A decisão portuguesa de dominar a Amazônia foi motivada pelo temor de que a Espanha
dominasse, de fato, as áreas que lhe pertenciam, de acordo com o Tratado de Tordesilhas.

Pedro Teixeira, em 1637, chefiando uma expedição portuguesa com destino a Quito, Vice-Reino
do Peru, partiu da Vila de Cametá no Grão-Pará, subiu o rio Amazonas. Passaram pela foz de
um rio com grande quantidade de troncos de madeiras flutuando em suas águas, daí o registro
de Pedro Teixeira para o rio Madeira.
Letra c.

029. (ISAE/PM-AM/SOLDADO/2011) A atividade econômica que possibilitou a presença por-


tuguesa no vale amazônico no século XVII foi:
a) a agricultura comercial da cana-de-açúcar com base no trabalho escravo;
b) a produção das “drogas do sertão” graças ao conhecimento e ao trabalho de índios ca-
tequizados;
c) o extrativismo mineral devido à chegada de imigrantes portugueses após a expulsão
dos jesuítas;
d) a agricultura de subsistência nos solos férteis das terras firmes segundo as práticas do
encoivaramento.

Como vimos, meu (minha) querido(a), as especiarias (“drogas do sertão”) eram muito valoriza-
das e, para explorá-las, foi preciso a utilização do conhecimento dos nativos que trabalhavam
através da escravidão ou da organização dessa mão-de-obra pelas missões religiosas.
Letra b.

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História do Amazonas: Colônia
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030. (UFPE/ADAPTADA) Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal (1699-


1782), dirigiu durante 27 anos a vida política e econômica de Portugal, como ministro do Rei D.
José I. Em razão da atuação de Pombal, é correto fazer as seguintes afirmações.
( ) Durante o seu governo, foram criadas comissões encarregadas de fazer a demarcação das
fronteiras entre terras do domínio português e terras do domínio espanhol, no território americano.
( ) Na sua luta contra os jesuítas, Pombal tentou atingi-los estendendo a lei de liberdade dos
índios (1755) a todo o Brasil.
( ) O antijesuitismo, desenvolvido na época, foi uma estratégia de Pombal para acusar a Com-
panhia de Jesus de ser um estado dentro de outro estado e, dessa maneira, justificar a expul-
são dos jesuítas do Brasil.
( ) As rigorosas leis pombalinas acabaram por incentivar a “reforma geral no ensino”, tornan-
do-o mais complexo e multiplicando as escolas e as ordens responsáveis por elas, o que deu
maior desenvolvimento à cultura colonial.
( ) Os jesuítas não se submeteram às ordens de Pombal e reagiram apoiando o governo de
D. José I.
a) V-F-V-F-F
b) V-V-V-F-F
c) F-V-V-F-F
d) V-V-V-V-V
e) V-V-V-V-F

O marquês de Pombal foi grande responsável por medidas interessadas na ampliação do controle
sobre a colônia. Assim, buscou a resolução sobre os constantes impasses sobre os limites terri-
toriais que demarcavam os domínios coloniais espanhol e português. Ao mesmo tempo, determi-
nou a autonomia dos índios para que os conflitos entre colonizadores e jesuítas chegassem ao
fim. Ainda sobe os jesuítas, esse mesmo administrador perseguiu essa ordem religiosa, alegando
que a mesma exercia uma influência capaz de ameaçar a autoridade do Império Português.
Letra b.

031. (UFG) Após a morte de D. João V, em 1750, ascendeu como ministro Sebastião José de
Carvalho Melo, futuro Marquês de Pombal. A administração pombalina destacou-se pela:
a) aproximação diplomática com o reino espanhol, em nome do interesse comum, contendo
os abusos ingleses.
b) adoção da escolástica, promovendo o desenvolvimento científico.
c) valorização da gramática normativa portuguesa, resgatando o prestígio do latim.
d) distensão do despotismo esclarecido, afirmando uma administração política e econômi-
ca liberal.
e) redefinição da estrutura do ensino português, implementando o financiamento estatal.

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Representante do despotismo esclarecido, o Marquês de Pombal empreendeu medidas para


modernizar a estrutura político-administrativa do Império Português. Assim, modificou e fi-
nanciou as instituições de ensino do país com o objetivo de criar uma leva de indivíduos que
estivesses preparados para assumir vários cargos públicos que se mostravam essenciais no
projeto de modernização empreendido por esse estadista
Letra e.

032. (PROCESSO SELETIVO MACRO/PSM/2007) Foi a primeira vila criada no território


amazonense:
a) Barra
b) Barcelos
c) Borba
d) Silves
e) Tefé

Borba foi a primeira vila criada em território amazonense. originou-se da Aldeia do Trocano, e
foi fundada em 1728, ou pouco mais tarde, pelo Frei João Sampaio, da Companhia de Jesus,
um dos mais célebres catequistas do Rio Madeira. Em 03.03.1755 foi criada, por Carta Régia,
a Vila de Borba. Instalada em 01.01.1756
Letra c.

033. (FCC/SEPLAG/PM-MG/PROFESSOR DE HISTÓRIA/2012) Com as Grandes Navegações


os europeus conquistaram inúmeros territórios ao redor do mundo, ampliaram suas atividades
econômicas e estabeleceram contato com diferentes culturas. Nesse processo de expansão,
o contato dos europeus com os povos distantes caracterizou-se pelo
a) intercâmbio esporádico, dificultado pelas diferenças linguísticas e hábitos culturais
divergentes.
b) extenso domínio territorial, sobretudo na África e Ásia, onde existiam povos desenvolvidos
e com enormes riquezas industriais.
c) convívio pacífico, incentivado pelos ideais religiosos cristãos, que fundamentavam a evan-
gelização e a prática da tolerância.
d) estranhamento, com o outro sendo visto, com frequência, por meio das crendices e lendas
que marcavam o imaginário europeu.

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Meu(minha) caro(a), o estranhamento diante das diferenças culturais e a crença na superiori-


dade do europeu cristão, levaram os índios a serem subjugados, tanto para atividade escrava-
gista, quanto na aculturação das missões jesuítas.
Letra d.

034. (CESPE-CEBRASPE/TCE-RO/AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO/2013) Julgue os


itens a seguir, acerca da história do estado de Rondônia.
A colonização portuguesa do oeste amazônico, no período colonial, foi motivada pela deman-
da de látex pelo mercado europeu.

Durante o período colonial, as motivações para a colonização portuguesa foram a necessidade


de ocupação para garantir a posse da região, a descoberta de ouro em Rondônia, o comércio
das chamadas “drogas do sertão” e a catequização indígena pelos jesuítas.
Errado.

035. (FCC/SEDU-ES/PROFESSOR DE HISTÓRIA/2016) As reformas pombalinas, no período


colonial, foram um conjunto de medidas decretadas pelo governo português, que, entre outras
mudanças, acarretaram a
a) fundação das companhias de comércio como a Companhia das Índias Ocidentais, para in-
crementar a exploração colonial e as trocas comerciais.
b) proibição da instalação de manufaturas, a fim de revitalizar o Pacto Colonial e reforçar o
poder português sobre a colônia, em plena atividade mineradora.
c) expulsão da Companhia de Jesus do território colonial brasileiro sob acusações de conspi-
ração, e o confisco de seus bens pelo Estado.
d) centralização do poder sobre a colônia pela Coroa portuguesa mediante a extinção de ór-
gãos administrativos e de cargos importantes, como o de vice-rei.
e) flexibilização da cobrança de impostos em troca de maior apoio político da elite colonial, a
fim de evitar o contrabando e a sonegação fiscal.

Talvez seja a medida mais polêmica de Pombal. Expulsou os jesuítas de Portugal e de suas
colônias acusando-os de conspirar contra o Império Português, dizendo estarem os religiosos
formando um estado paralelo em função do vasto território que controlavam.
Letra c.

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036. (FCC/PM-MA/SOLDADO/2006) No início do século XVII, os franceses tentaram organi-


zar uma colônia no Brasil. Para isso, fundaram a chamada de França Equinocial, no Maranhão.
Identifique os fatos históricos associados a essa colonização.
I – Contrariando as determinações do rei francês, Daniel de La Touche autorizou a difusão da
religião dos protestantes entre os indígenas no Maranhão.
II – Com o objetivo de fixar a colonização no Brasil, os franceses construíram o forte que deno-
minaram de São Luís, em homenagem ao rei francês.
III – Um dos ordenamentos instituídos na França Equinocial era a conversão da população ao
cristianismo, segundo determinação do rei da França.
IV – Os franceses fundaram a França Equinocial para garantir a posse das terras do Maranhão,
conforme determinava as normas do Tratado de Tordesilhas.
É correto o que se apresenta APENAS em
a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.

I – Errado. Apesar de ser protestante, Daniel de La Touche aceitou as ordens da coroa france-
sa de que o catolicismo fosse utilizado como religião oficial da colônia com a catequização
dos nativos.
II – Certo. O forte de São Luís foi construído em homenagem ao rei francês.
III – Certo. O cristianismo católico foi a religião a qual a população da nova colônia deveria se
converter.
IV – Errado. A França não tinha nenhuma relação com o Tratado de Tordesilhas, celebrado
entre Portugal e Espanha. A França não reconhecia a divisão das terras do globo entre portu-
gueses e espanhóis.
Letra c.

037. (FCC/PM-MA/SOLDADO/2006) Em 1684, eclodiu uma revolta de proprietários de terra


no Maranhão, conhecida por Revolta de Bequimão. Os revoltosos posicionaram-se
a) contra o monopólio da companhia de comércio e contra os jesuítas.
b) contra a escravidão dos africanos e dos indígenas maranhenses.
c) a favor da catequização dos indígenas realizada pelos jesuítas.
d) a favor do monopólio real sobre a exploração dos produtos da região.
e) contra a expulsão dos jesuítas determinada pela coroa portuguesa.

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Querido(a), como vimos, a Revolta de Bequimão foi resultado do monopólio da companhia de


comércio, pelo não cumprimento do fornecimento de mão de obra escrava, e da interferência
dos jesuítas, que proibiam a escravização de indígenas.
Letra a.

038. (CESPE/PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA/PROFESSOR DE NÍVEL SUPERIOR HISTÓ-


RIA/2017) A primeira companhia privilegiada de comércio, surgida em 1755, voltada ao de-
senvolvimento da região Norte, e que pretendia oferecer preços atraentes para os produtos
que a região deveria exportar para o mercado europeu, foi instituída pelo Marquês de Pombal
e denominada
a) Companhia Geral do Comércio do Brasil.
b) Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão.
c) Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba.
d) Companhia das Índias Ocidentais.
e) Companhia Comercial do Governo Geral.

Querido(a), não confunda a Companhia do Comércio do Maranhão (1682) com a Companhia


do Comércio do Maranhão e Grão-Pará (1755). A primeira estudamos quando tratamos da Re-
volta de Beckman ou Bequimão. A segunda foi criada pelo Marquês de Pombal objetivando o
comércio intercontinental de escravos africanos.
Letra b.

039. (CESPE/PM-MA/TENENTE/2017) No que diz respeito à história do Maranhão nos perío-


dos colonial e imperial, julgue os itens subsequentes.
O Estado do Maranhão e Grão Pará foi instituído devido a dificuldades relacionadas à adminis-
tração das possessões portuguesas na América, como, por exemplo, a disputa entre colonos
e jesuítas pelo controle da mão de obra indígena na região Norte, a qual motivou o movimento
denominado Revolta de Bequimão, contrário à decisão régia que entregou aos inacianos o
controle dos índios livres.

Relembre comigo: A revolta de Bequimão se deu pela falta de mão de obra escrava, promessa não
cumprida pela Companhia Geral do Comércio do Maranhão. Anos depois, o Marquês de Pombal
autorizou a criação da Companhia Geral do Comércio do Maranhão e Grão-Pará justamente para
que fosse explorado o tráfico de escravos africanos para atender a demanda da região.
Certo.

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040. (CESPE/PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA/PROFESSOR DE NÍVEL SUPERIOR HISTÓ-


RIA/2017) Foi a partir do estabelecimento dos franceses no Maranhão, onde fundaram São
Luís, na primeira metade do século XVII, que os portugueses passaram a demonstrar interesse
por se instalar na porção setentrional de sua colônia americana.
Considerando-se essa informação, é correto afirmar que a mudança de comportamento da
metrópole deveu-se, entre outros fatores,
a) à ideia de que a região não se adaptava aos padrões econômicos mercantilistas vigentes.
b) aos riscos efetivos de perda territorial, o que a levou à luta contra os franceses.
c) à necessidade de fazer da região norte um ponto de apoio na guerra pelo fim da União Ibérica.
d) ao objetivo estratégico de explorar as conhecidas riquezas minerais da região.
e) ao interesse de promover a conexão econômica entre o Norte e a bacia do rio da Prata.

Durante o processo de expansão marítima europeia, rezava um acordo internacional chamado


uti possidetis ou uti possidetis iuris, um princípio de direito internacional segundo o qual os que
de fato ocupam um território possuem direito sobre este. Diante disto, os portugueses se viram
obrigados a colonizar a região para não perder sua posse.
Letra b.

041. (CESPE/PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA/PROFESSOR DE NÍVEL SUPERIOR HISTÓ-


RIA/2017) A respeito da Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, assinale a
opção correta.
a) A companhia, que detinha o monopólio do comércio de diversas mercadorias com o objetivo
de evitar o contrabando e sonegação de impostos, submetia-se ao poder do Estado do Grão-
-Pará e Maranhão.
b) A criação da companhia ocorreu no contexto de autonomia do Estado do Grão-Pará e Ma-
ranhão, em relação ao Brasil, que permitia que o estado tivesse, inclusive, governador próprio.
c) As atividades da companhia não incluíram o comércio de escravos, já que era mais comum,
na região, o uso da mão de obra indígena.
d) Com o desmembramento do Estado do Grão-Pará e Maranhão a companhia também foi
extinta, o que resultou em uma súbita redução nas exportações do Maranhão e do Pará.
e) A companhia, apesar de deter o monopólio das exportações, atuou em consonância com os
interesses dos produtores locais.

O Marquês de Pombal autorizou a criação da companhia com intuito de promover o comércio de


escravos para a região. Importante destacar que o Estado do Grão-Pará e Maranhão não fazia
parte da colônia brasileira. Era uma colônia independente subordinada diretamente a Portugal.
Letra b.

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042. (FGV) As tentativas francesas de estabelecimento definitivo no Brasil


ocorreram entre a segunda metade do século XVI e a primeira metade do século XVII. As regi-
ões que estiveram sob ocupação francesa foram:
a) Rio de Janeiro (França Antártica) e Pernambuco (França Equinocial);
b) Pernambuco (França Antártica) e Santa Catarina (França Equinocial);
c) Bahia (França Equinocial) e Rio de Janeiro (França Antártica);
d) Maranhão (França Equinocial) e Rio de Janeiro (França Antártica);
e) Espírito Santo (França Equinocial) e Rio de Janeiro (França Antártica).

A tentativa de construção da França Antártica ocorreu no ano de 1555, quando a região da Baía
de Guanabara (no atual estado do Rio de Janeiro) foi invadida pelos franceses, ação liderada
pelo almirante Nicolau Villegaignon. Os franceses só foram expulsos dessa região pelos portu-
gueses em 1567, no Governo-Geral de Mem de Sá. Já a chamada França Equinocial foi fundada
no litoral do atual estado do Maranhão em 1612. Foi a segunda tentativa dos franceses de se
estabeleceram no Brasil, dessa vez sob a liderança de Daniel de La Touche. Os franceses só
foram expulsos do Maranhão em 1615.
Letra d.

043. (CESPE/TJ-RO/ANALISTA JUDICIÁRIO/2012) O recrutamento de colonos para povoar


regiões consideradas estratégicas por Portugal em sua colônia americana foi uma das medi-
das políticas empreendidas pelo Marquês de Pombal, por meio de uma política colonial clara-
mente mercantilista, com o objetivo de fortalecer o poder da realeza e reduzir históricos pri-
vilégios concedidos a comerciantes ingleses. Nesse sentido, a decisão tomada pelo governo
de Lisboa de enviar colonos provenientes dos Açores e de Mazagão, no norte da África, para a
região Norte brasileira foi motivada:
a) pelo comprovado sucesso do emprego de mão de obra imigrante nas lavouras de café no
centro-sul da colônia, fato que indicava bons prognósticos para sua utilização na Amazônia.
b) pela urgente necessidade de povoar o Norte do Brasil, uma vez que, em face da crescente
pressão exercida por Inglaterra, França e Holanda, era preciso integrar a área às demais regi-
ões da colônia.
c) pela expansão da produção aurífera ao longo do século XVIII, cujo andamento das ativida-
des dependia do fornecimento de gêneros alimentícios produzidos nos mais diversos pontos
da colônia.
d) pela necessidade de controle do território do Norte, que permitiria ao governo de Portugal
ampliar seus domínios americanos e, a partir do mapeamento hidrográfico da Amazônia, con-
trolar a estratégica bacia platina.
e) pelo fato de as correntes migratórias externas poderem substituir, com vantagem, as popu-
lações nativas que, nesse contexto, haviam sido dizimadas em larga medida.

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Era necessário ocupar a terra para não a perder para outras potências europeias do período.
Letra b.

044. (FGV/SEAD-AP/FISCAL DA RECEITA ESTADUAL/2010) “A conquista e ocupação da Ama-


zônia, no período colonial, foram empreendimentos conduzidos pelo Estado, planejados e exe-
cutados com prioridade política pelo governo metropolitano.”
(FREITAS REZENDE, Tadeu Valdir. In: A conquista e a ocupação da Amazônia brasileira no perí-
odo colonial: a definição das fronteiras.)
A partir do texto, analise as afirmativas a seguir.
I – Em 1621, a administração do Estado do Maranhão e Grão-Pará, entidade política autôno-
ma e independente do Estado do Brasil, passou a ser diretamente subordinada ao governo de
Lisboa, iniciando-se um processo irreversível de exploração e penetração territorial pela vasta
rede hidrográfica amazônica.
II – Na primeira metade do século XVIII, Portugal passou a priorizar a definição de suas fron-
teiras coloniais com o propósito de revisar os acordos anteriores de limites e abolir o Tratado
de Tordesilhas.
III – A aproximação das Coroas Ibéricas favoreceu as negociações diplomáticas que resulta-
ram na assinatura, em 1750, do Tratado de Madri, que legalizou, pelo argumento de posse da
terra (uti possidetis) e pela busca de fronteiras naturais, a ocupação da Amazônia.
Assinale:
a) se somente a afirmativa I estiver correta.
b) se somente a afirmativa II estiver correta.
c) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

Todas as alternativas apresentam informações que foram tratadas ao longo de nossa aula.
Basta voltar aos temas para sanar qualquer dúvida.
Letra e.

045. (UEPA/PM-PA/SOLDADO DA POLÍCIA MILITAR/2012) O ano de 1570 marca a publica-


ção da primeira lei da Coroa Portuguesa proibindo a escravização indígena na colônia estabe-
lecida no Novo Mundo. O efeito concreto dessa legislação foi:
a) a disputa acirrada com outras potências europeias pelo controle dos nativos do novo conti-
nente recém descoberto.
b) a escalada da luta das elites coloniais pela revogação da proibição de exploração compul-
sória da mão de obra africana.

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c) alianças e conflitos com diferentes grupos indígenas, através dos quais foi negociada a ex-
pansão colonialista portuguesa.
d) a escolha pela escravização de africanos, pela completa impossibilidade de exploração do
trabalho indígena.
e) o aumento de conflitos entre missionários de ordens religiosas, colonos portugueses e au-
toridades coloniais pela exploração da mão de obra indígena.

Apesar da proibição da utilização da mão de obra escrava indígena, a Coroa portuguesa não
criou mecanismos para fornecimento de mão de obra escrava africana. Isso gerou conflitos
entre os colonos que necessitavam de mão de obra e os jesuítas que protegiam os indígenas.
Letra e.

046. (FGV/PM-MA/SOLDADO COMBATENTE/2012)

O não cumprimento desse acordo


a) permitiu a instalação de um governo autônomo no Maranhão.
b) foi o principal motivo para a revolta dos colonos maranhenses.
c) eliminou o Pacto Colonial e abriu os portos às potências estrangeiras.
d) estimulou o uso do trabalho livre para sustentar as atividades produtivas.
e) criou um mercado interno exclusivo para o Estado português.

O não cumprimento da obrigação de fornecimento de mão de obra escrava africana foi o prin-
cipal motivo da eclosão da Revolta de Bequimão.
Letra b.

047. (FUNRIO/SESAU-RO/ADMINISTRADOR/2017) Em relação ao Real Forte do Príncipe da


Beira, NÃO é correto afirmar que:
a) está localizado no município de Costa Marques, à margem direita do rio Guaporé, na locali-
dade denominada Príncipe da Beira.
b) faz parte do Patrimônio Histórico Nacional.

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c) sua construção é consequência do Ciclo do Ouro e marca o primeiro processo de coloniza-


ção do espaço físico que constitui o Estado de Rondônia.
d) sua pedra fundamental foi lançada em 20 de junho de 1826.
e) serviu para manter o domínio português sobre as duas principais vias de comunicação da
região, os rios Guaporé e Jauru.

O forte iniciou seu processo de construção no dia 19 de abril de 1775. No entanto, vale salien-
tar que em 1776 foi lançada a pedra fundamental do projeto já iniciado no ano anterior, sendo
batizado em homenagem a D. José de Bragança
Letra d.

048. (UNAMA) Na Amazônia, em todo o Período Colonial foi constante a exploração do índio,
facilitada por uma legislação confusa que ora proibia, ora autorizava, ou simplesmente omitia.
Não é de se espantar que, em determinados momentos desse período, avolumaram-se as prá-
ticas da “guerra justa” e do “resgate”.
(Texto adaptado de: ALVES FILHO, Armando. O Trabalho forçado na Amazônia. In: ALVES FI-
LHO, Armando et al. Pontos de História da Amazônia. 3. ed. rev. ampl. Belém, PA: Paka-Tatu,
2002. p. 31.)
A partir da leitura do texto acima, e dos estudos que a história nos oferece sobre o assunto, é
correto dizer que:
a) Na Amazônia, como em todo o território brasileiro, o índio foi o grande responsável pela ge-
ração de riquezas em todo o período colonial, pois a legislação vinda de Portugal permitia sua
escravização através das chamadas “guerras justas”.
b) O índio foi a mão-de-obra mais utilizada na Amazônia colonial, pois a própria legislação por-
tuguesa dava brechas para essa exploração, através das chamadas “guerras justas” e “tropas
de resgate”.
c) Durante o Período Colonial, especialmente na Amazônia, foram constantes as lutas em tor-
no de uma legislação local, acerca da utilização da mão-de-obra indígena, visto que, o Estado
português já havia declarado ilegal o uso dessa força de trabalho.
d) A mão-de-obra usada na Amazônia, no Período Colonial, foi constituída basicamente da
mão-de-obra nativa, através das “guerras justas” e da mão-de-obra vinda do nordeste brasileiro,
através das chamadas “tropas de resgate”.

Como vimos, a mão-de-obra indígena foi a mais utilizada na Amazônia colonial. Apesar da
legislação proibir a prática, também permitia a escravização através da Guerra Justa e das
Tropas de Resgate.
Letra b.

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049. (UFAC) Foram muitas as anotações feitas pelos “conquistadores” das Américas, durante
os séculos XVI e XVII, para provar que os índios eram inferiores, entre outras, Galeano (1999,
63) destacou:
“Suicidam-se os índios das ilhas do Mar do Caribe? Porque são vadios e não querem trabalhar.
Andam desnudos, como se o corpo todo fosse a cara? Porque são selvagens e não tem pudor
Ignoram o direito de propriedade, tudo compartilham e não têm ambição de riqueza? Porque
são mais parentes do macaco do que do homem. Banham-se com suspeitosa frequência?
Porque se parecem com hereges da seita de Maomé, que com justiça ardem nas fogueiras da
Inquisição. Acreditam nos sonhos e lhes obedecem as vozes? Por influência de Satã ou por
crassa ignorância. É livre o homossexualismo? A virgindade não tem importância alguma? Por-
que são promíscuos e vivem na ante- sala do inferno. Jamais batem nas crianças e as deixam
viver livremente? Porque são incapazes de castigar e de ensinar. Comem quando têm fome e
não quando é hora de comer? Porque são incapazes de dominar seus instintos. Adoram a natu-
reza, considerando-a mãe, e acreditam que ela é sagrada? Porque são incapazes de ter religião
e só podem professar a idolatria.”
Com base no texto podemos inferir que:
a) As mais diversas etnias ameríndias, contatadas pelos europeus, haviam desenvolvido prin-
cípios comportamentais de acordo com sua cosmogonia e com seus modos de vida.
b) Os europeus compreenderam, desde o início, que os ameríndios não poderiam ser humanos
como eles, pois eram selvagens e canibais.
c) Os ameríndios tomavam muito banho porque aqui era mais quente que na Europa e eles não
haviam desenvolvido perfumes como os franceses.
d) Os europeus tinham os melhores métodos para educar seus filhos.
e) Os europeus e os ameríndios, mesmo com suas diferenças, uniram-se para construir o
Novo Mundo.

A questão mostra o estranhamento do europeu diante de uma cultura diferente.


Letra a.

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HISTÓRIA DO AMAZONAS
História do Amazonas: Colônia
Daniel Vasconcellos

050. (UFAM) “E porque tenho intendido que os ditos gentios tem guerras uns com os outros, e
costumam matar e comer todos os que nellas se captivam (…) hei por bem, que sejam captivos
todos os gentios, que, estando presos (…) forem comprados (…) serão captivos sómente por
tempo de dez anos (…) passados elles, ficarão livres (…).”
(Fragmentos da Lei de 10/09/1611 – Sobre a liberdade do gentio da terra e da guerra que se
lhe pode fazer.)
O texto acima justifica e explica procedimentos de Tropas de Resgates. Sobre Tropas de Res-
gates, é correto afirmar que:
a) A lei de 1688 previa somente o resgate de índios aprisionados por outros índios para
fins de troca.
b) Foram fontes de recrutamento de mão-de-obra indígena abolidas definitivamente pelo Dire-
tório Pombalino em 1740.
c) O resgate praticado pelas tropas era sempre fiel àquele previsto na legislação.
d) Eram expedições militares nas quais não havia participação de religiosos.
e) Foram a forma mais persistente de escravização indígena, sendo proibidas e permitidas
várias vezes por diversas leis.

As tropas de resgate permaneceram como a forma mais persistente de escravização dos indí-
genas, indiferente à legislação.
Letra e.

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Daniel Vasconcellos
Daniel Vasconcellos é pós-graduado em Docência do Ensino Superior pela Faculdade Darwin (2013).
Graduado em História pelo Centro Universitário de Patos de Minas - UNIPAM (2003). Possui mais de 15
anos de experiência em docência nas áreas de História, Filosofia, Sociologia, Geografia e Metodologia
Científica, no Ensino Médio, Superior e em preparatório para vestibulares e concursos. Atua como professor
concursado da Secretaria de Estado da Educação do Distrito Federal.

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