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Brasília - DF
2023
OSWALDO HIPÓLITO DE ALMEIDA JÚNIOR
Brasília-DF
2023
CONFLITOS MULTICULTURAIS EM JUÍZO:
UM ENSAIO SOBRE A PERCEPÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA ESTRANGEIRA E
OS EMBATES DAS TESES CULTURAIS
Resumo: O Direito surge da aplicação das ciências sociais, e, por essa razão tem
seu gérmen na filosofia, sociologia, antropologia e ciências políticas, portanto,
estaria adstrito às mesmas regras fundantes. Inobstante a existência de relevante
bibliografia tratando de uma “ciência jurídica” eminentemente técnica a percepção do
Direito alcança a formação cultural dos povos, tal característica quando elevada ao
convívio de diferentes povos (ainda que por circunstâncias não culturais) em um
mesmo território faz com que a aplicação das normas entre em conflito com a cultura
ancestral dos agentes. A partir da análise de alguns casos de jurisprudência
internacional buscou-se averiguar como esse choque é encarado para aplicação do
Direito.
ABSTRACT: Law arises from the application of the social sciences, and, for this
reason, has born in philosophy, sociology, anthropology and political science,
therefore, it would be attached to the same founding rules. Despite the existence of
relevant bibliography dealing with an eminently technical "legal science", the
perception of Law reaches the cultural formation of peoples, such a characteristic
when raised to the coexistence of different peoples (albeit due to non-cultural
circumstances) in the same territory makes the application of norms conflicts with the
agents' ancestral culture. From the analysis of some cases of international
jurisprudence, we sought to find out how this shock is seen in the application of law.
INTRODUÇÃO
O Direito como ciência emerge da aplicação das ciências sociais, e, por essa
razão tem seu gérmen na filosofia, sociologia, antropologia e ciências políticas, ante
tal evidência importa questionar se as regras flexionam ante aos conflitos
multiculturais, deveriam fazê-lo ou deveriam rejeitá-lo.
1
Assessor jurídico em órgão subordinado ao Ministério da Defesa. Graduado em Direito pela
Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2010). Especialista em Direito do Trabalho e Processo do
Trabalho pela Universidade Cândido Mendes do Rio de Janeiro (2014). Especialista em Direito Militar
pela Universidade Cândido Mendes do Rio de Janeiro (2016). Especialista em Direito Militar e
Sistemas de Defesa Nacional pelo Instituto Superior de Educação Ibituruna de Montes Claros (2017).
Especialista em Governança Corporativa e Compliance pelo Serviço Nacional de Aprendizagem
Comercial - DF, SENAC/DF de Brasília (2019). Especialista em Ética e Filosofia Política pela Unyleya
de Brasília (2020). MBA Executivo em Gerenciamento de Crises pela Unyleya de Brasília (2021).
Mestrando em Direito, Ciências Instituições e Desenvolvimento pela Universidade Católica de
Brasília.
Inobstante a existência de relevante bibliografia tratando de uma “ciência
jurídica” eminentemente técnica a percepção do Direito alcança a formação cultural
dos povos, tal característica quando elevada ao convívio de diferentes povos em um
mesmo território faz com que a aplicação das normas entre em conflito com a cultura
ancestral dos agentes.
Para que seja possível a satisfação a tal questionamento se faz necessário
explorar alguns casos de jurisprudência internacional de modo a subsidiar um
enfrentamento crítico sobre o tema.
Nesse sentido, o estudo objetiva analisar os conflitos multiculturais em juízo.
3. TESTE CULTURAL
O Direito como ciência emerge da aplicação das ciências sociais, e, por essa
razão tem seu gérmen na filosofia, sociologia, antropologia e ciências políticas, ante
tal evidência importa questionar se as regras flexionam ante aos conflitos
multiculturais, deveriam fazê-lo ou deveriam rejeitá-lo.
Inobstante a existência de relevante bibliografia tratando de uma “ciência
jurídica” eminentemente técnica a percepção do Direito alcança a formação cultural
dos povos, tal característica quando elevada ao convívio de diferentes povos em um
mesmo território faz com que a aplicação das normas entre em conflito com a cultura
ancestral dos agentes.
Podemos observar que a variedade de situações enfrentadas pela
jurisprudência internacional não aponta um caminho específico ao enfrentamento
dos conflitos multiculturais, ao que tudo indica, o tratamento observado considera
em essência o “caso a caso”, pela impossibilidade de atribuir um tratamento
padronizado para tanto.
Apurou-se que das diversas formas de identificação da questão cultural,
podemos observar vários pontos em comum, sempre, pela identificação da prática e
pelos impactos que ela trará na sociedade local, tais percepções em última análise
podem indicar um grau de aceitação e respeito, mas em lógica oposta, pode apontar
um limite a ser estabelecido de não interação entre a cultura local e a alienígena, eis
que o impacto na sociedade majoritária poderia, em hipótese, comprometer a
legitimidade do Estado.
Após a análise das tentativas internacionais podemos colher pontos
imprescindíveis como a identificação e definição da prática cultural, eis que, é
necessário observar que caso não seja possível delimitar uma prática cultural, esta
por si não será uma prática cultura, outro ponto que merece destaque seria a
essencialidade da prática na manifestação cultural de um povo, é necessário
observar se aquela prática define ou diminui a cultura em questão, tal ponto
específico deve homenagear a autoderminação dos povos, no entanto, com
limitações.
Quanto às limitações a serem impostas no teste cultural, parece-nos que a
Itália apresenta um critério bastante válido, qual seja, a utilização dos direitos
fundamentais como limitadores da prática cultural.
Em nosso território, a fim de produzir uma tentativa de teste para a tentativa
de identificação e resolução dos conflitos multiculturais em juízo, deveríamos
condicionar toda e qualquer prática aos direitos e garantias elencadas na
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, que, a propósito, garante
em seu art. 4º, inciso III que tem por princípio de suas relações internacionais o
respeito a autoderminação dos povos.
Referências.