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Aula 02

Criminologia p/ DPE-PR (Defensor Público)


Professor: Renan Araujo
CRIMINOLOGIA – DPE-PR - DEFENSOR PÚBLICO
Teoria e questões
Aula 02 – Prof. Renan Araujo

AULA 02
TEORIAS DO CONFLITO E DO CONSENSO. ESCOLA DE
CHICAGO. TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL. TEORIA
DA ANOMIA. TEORIA DAS SUBCULTURAS DELINQUENTES.
INTERACIONISMO SIMBÓLICO E TEORIA DO
ETIQUETAMENTO. MOVIMENTOS DE DEFESA SOCIAL E NOVA
DEFESA SOCIAL. DIREITO PENAL DO INIMIGO.
CRIMINOLOGIA CRÍTICA.
SUMÁRIO
1 MODELOS TEÓRICOS ........................................................................ 2
1.1 Criminologia científica e seus modelos teóricos .............................................. 2
1.2 Teorias bioantropológicas, psicodinâmicas e psicopsicológicas. O homem
delinquente .................................................................................................................. 4
1.3 Teorias sociológicas ........................................................................................ 7
1.3.1 Criminologia do consenso ................................................................................ 8
1.3.1.1 Escola de Chicago .................................................................................... 8
1.3.1.2 Teoria da associação diferencial (aprendizagem social ou social learning) ........ 9
1.3.1.3 Teoria das subculturas delinquentes ......................................................... 10
1.3.1.4 Teoria da anomia ................................................................................... 10
1.3.2 Criminologia do conflito ................................................................................. 11
1.3.2.1 Teoria do etiquetamento ou labeling approach ........................................... 11
1.3.2.2 O realismo de esquerda e a esquerda punitiva ........................................... 12
1.3.2.3 Garantismo, minimalismo e abolicionismo penal ......................................... 13
2 RESUMO ............................................................................................................... 16
3 EXERCÍCIOS DA AULA .......................................................................................... 20
4 EXERCÍCIOS COMENTADOS .................................................................................. 25
5 GABARITO ........................................................................................................... 35

Olá, meus amigos!

Hoje, finalizando nosso pequeno curso, vamos falar sobre diversos temas
importantes da criminologia: teorias do conflito social, teorias do consenso,
etc.
Bons estudos!
Prof. Renan Araujo

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1 MODELOS TEÓRICOS

1.1 Criminologia científica e seus modelos teóricos


A criminologia enquanto ciência só surge no final do século XIX, e apesar de
romper com o modelo criminológico pré-científico, se valeu de algumas
contribuições destas “pseudociências” para seu desenvolvimento.
Pré-cientificamente podemos citar a:
DEMONOLOGIA Explica o crime por meio da existência do demônio.
Focava muito nos doentes mentais, pois eram
confundidos com possuídos e endemoniados
FISIONOMIA Foi a pseudociência que mais se aproximou da
criminologia positivista (ou positivismo criminológico)
do final do século XIX. Busca explicar o crime com base
na aparência do indivíduo, na sua fisionomia, fazendo
uma ligação entre o físico e o psíquico. Por meio das
características físicas seria possível determinar se o
indivíduo era “bom” ou “mal” e, portanto, menos ou
mais propenso à prática de delitos. Tem em DELLA
PORTA o seu maior expoente (embora o precursor mais
rudimentar tenha sido SÃO JERÔNIMO). Curiosamente,
a repercussão de tal pseudociência foi tão grande que
chegou-se até mesmo ao conhecido “ÉDITO DE
VALÉRIO”1.
FRENOLOGIA Os frenólogos se valem da contribuição da
fisionomia para desenvolver sua teoria. Contudo, para
esta teoria, o comportamento delitivo poderia ser
explicado por meio da análise do crânio,
especificamente. Foi fundada e difundida por FRANÇOIS
JOSEPH GALL. Para GALL o formato do crânio irá
influenciar a atividade cerebral, podendo, pela análise
externa da c aixa craniana, saber quais
faculdades cerebrais são mais ou menos desenvolvidas
e, assim, determinar as características psicológicas da
pessoa (agressividade, coragem, etc.), o que culmina
na possibilidade de afirmar a propensão à prática de
delitos.
PSIQUIATRIA Surge com o francês PHILIPPE PINEL. Sua grande
contribuição foi a diferenciação entre criminoso e
enfermo mental.

1
“Quando se tem dúvida entre dois presumidos culpados, condena-se o mais feio” (VIANA, Eduardo.
CRIMINOLOGIA, 2º ed. 2014. Ed. Juspodivm. Pág. 24.)

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Tal diferenciação possibilitou o desenvolvimento da
ideia de imputabilidade penal e de criação de
estabelecimentos distintos para cada um (doente
mental e criminoso).

Ultrapassada esta fase pré-científica, a criminologia passa a tentar explicar


o fenômeno do crime e o comportamento criminal de forma mais científica,
utilizando-se do empirismo como ponto de partida.
Seus PRINCIPAIS MODELOS TEÓRICOS FORAM:
CRIMINOLOGIA Tinham como ponto central de seu trabalho o LIVRE
CLÁSSICA E ARBÍTRIO. Para este modelo, o homem é LIVRE para
NEOCLÁSSICA fazer suas escolhas, inclusive para cometer delitos.
Nega completamente a influência de fatores
externos, como a condição econômico-social, etc.
CRIMINOLOGIA Rompe com a ideia de que o homem “delinque”
POSITIVISTA porque quer delinquir. Para este modelo teórico,
compreender o fenômeno criminal é uma tarefa que
demanda a análise de fatores causais-explicativos,
ou seja, deve-se buscar as causas do delito (o que
se pode chamar de “paradigma etiológico”).
Contudo, as “causas” do delito poderiam se de
diversas ordens (biológicas, psicológicas, sociais,
etc.).
SOCIOLOGIA Enquanto a criminologia positivista vê o crime como
CRIMINAL uma consequência de determinados fatores
(diversos), a sociologia criminal rompe com a ideia
de “causas do crime” e parte para a ideia da teoria
da criminalização. Com uma forte influência
marxista, tal modelo entende que não importa tanto
a “causa” de determinado comportamento
criminoso, e mais o “porquê” de se considerar
criminoso determinado comportamento, ou seja,
quais os interesses estão por trás da criminalização
de determinadas condutas. A teoria da REAÇÃO
SOCIAL é o principal marco deste modelo. Também
é conhecida como teoria da rotulação social ou do
etiquetamento (labelling aproach).

LUIZ FLAVIO GOMES e ANTONIO GARCÍA-PABLOS DE MOLINA ainda


acrescentam um QUARTO modelo teórico, que seria representado por diversas
correntes criminológicas contemporâneas (como a teoria do curso da vida, a
teoria das trajetórias criminais, etc.), que tentam explicar o fenômeno delituoso

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por meio de uma análise dinâmica dos padrões de comportamento do indivíduo
ao longo da vida (e suas diversas variáveis).

1.2 Teorias bioantropológicas, psicodinâmicas e


psicopsicológicas. O homem delinquente
Embora na atualidade a classificação dos criminosos em determinados
“grupos”, de acordo com suas características biológicas, psicológicas, etc., tenha
perdido bastante de sua relevância, ainda gozam de algum prestígio em
determinados setores.
Vamos estudar as principais classificações do “homem delinquente”:

Classificação de HILÁRIO VEIGA DE CARVALHO


BIOCRIMINOSOS PUROS São criminosos apenas por fatores
(pseudocriminosos) biológicos, de forma que se nega a estes o
livre arbítrio (é o caso dos doentes mentais)
BIOCRIMINOSOS Possuem uma tendência biológica ao delito,
PREPONDERANTES e acabam por delinquir ao ceder a estímulos
(criminosos de difícil externos. Aqui há alguma dose de livre
correção) arbítrio.
BIOMESOCRIMINOSOS Sofrem influências de fatores biológicos e
(criminosos de correção externos, não sendo possível definir qual
possível) destes fatores prepondera. A reincidência,
aqui, é ocasional.
MESOCRIMINOSOS Possuem personalidade fraca, sofrendo
(criminosos de correção grande influência do meio. São os clássicos
provável ou esperada) “Maria vai com as outras”, nas palavras do
próprio mestre HILÁRIO.
MESOCRIMINOSOS PUROS São considerados “vítimas” do meio. Agem
(criminosos ambientais) de forma antissocial apenas em razão de
fatores externos. É o caso do holandês que
vem ao Brasil e acende um cigarro de
maconha. Em seu seio social tal conduta é
permitida. No Brasil, trata-se de conduta
criminosa (posse de droga para uso
próprio).

Para esta classificação os “PUROS” (mesocriminosos puros e biocriminosos


puros) são considerados “pseudocriminosos”, pois não possuem todos os
elementos necessários ao delito.

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Em relação aos últimos faltaria a consciência da ilicitude, não possuindo a
intenção de violar a Lei. Em relação aos primeiros faltaria a possibilidade de
autodeterminação.

Classificação segundo LOMBROSO, FERRI e GAROFALO


Classificação de LOMBROSO
NATOS Um degenerado, por fatores biológicos (cabeça
pequena ou deformada, sobrancelhas salientes,
etc.). Um selvagem sem correção.
LOUCOS Perverso, louco moral, alienado mental. Deve
permanecer fora da sociedade, segregado em
manicômio ou similar.
DE OCASIÃO Possuem predisposição hereditária e são
influenciados pelo meio, ou seja, são criminosos em
razão das circunstâncias (“A ocasião faz o ladrão”.
POR PAIXÃO São inconsequentes, irrefletidos, impulsivos,
exaltados.

Classificação de ENRICO FERRI


NATO Possui as mesmas características do criminoso nato de
LOMBROSO.
LOUCO Inclui, além dos alienados completos, os semiloucos
(ou fronteiriços).
OCASIONAL O indivíduo que não se dedica ao crime habitualmente,
mas acaba por cometer delitos de forma ocasional,
inclusive em razão das circunstâncias momentâneas.
Pode ser associado ao criminoso “de ocasião” de
LOMBROSO.
HABITUAL Faz do crime seu meio de vida. Poderia começar como
ocasional e “se desenvolver” para o criminoso
habitual.
PASSIONAL Semelhante ao criminoso “por paixão” de LOMBROSO.
É impetuoso, inconsequente, etc.

Classificação de GARÓFALO
ASSASSINOS São instintivos, egoístas, aproximando-se dos seres
selvagens e das crianças.

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ENÉRGICOS OU Possuem senso moral, mas lhes falta compaixão.


VIOLENTOS
LADRÕES OU Falta a estes criminosos a ideia de honestidade, de
NEURASTÊNICOS probidade, embora não lhes falte o senso moral.

Percebam que as classificações destes três expoentes do


POSITIVISMO criminológico são bem semelhantes. As classificações de
FERRI e LOMBROSO, então, são praticamente idênticas.

Classificação de ODON RAMOS MARANHÃO


OCASIONAL Sua personalidade é normal, mas em decorrência de
algum fator poderoso (externo ou interno) há um
rompimento transitório dos mecanismos de
contenção impulsos.
SINTOMÁTICO Seus atos estão mais vinculados à predisposição
criminosa decorrente de uma doença do que à
existência de um fato desencadeante.
CARACTEROLÓGICO A delinquência, aqui, deriva de falha na formação do
caráter, havendo pouca ou nenhuma influência de
um fator desencadeante.

Classificação para GUIDO ARTURO PALOMBA


IMPETUOSOS Seus atos são frutos de “amnésia momentânea do
senso crítico”. São similares aos criminosos
passionais de FERRI.
OCASIONAIS Não se dedicam à atividade criminosa, cometendo
crimes esporadicamente, em razão de fatores
internos e externos.
HABITUAIS Segundo o professor, são “incapazes de readquirir
uma existência honesta”. Fazem do crime seu meio
de vida. É o chamado “criminosos contumaz”.
FRONTEIRIÇOS Apresentam deformidades permanentes em seu
senso moral, com distúrbios de afeto e sensibilidade.
Tais alterações psíquicas os conduzem ao crime.
LOUCOS CRIMINOSOS Dois tipos: (i) Agem mediante um processo lento e
reflexivo; (ii) Agem por impulso.

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Como vocês podem perceber, a bem da verdade, existem diversas
classificações que acabam por dizer, se não a mesma coisa, quase a mesma coisa,
com pequenas variáveis.
Assim, podemos resumir as teorias BIOANTROPOLÓGICAS como aquelas
que buscam explicar o criminoso com base em fatores biológicos. Para
esta teoria, existe o “criminoso” e “não criminoso”.
As teorias PSICODINÂMICAS também entendem haver o “criminoso”
e o “não criminoso”, mas ao invés de considerar tal distinção com base em
fatores biológicos, enxergam a diferença entre eles como decorrência de
falhas no processo de aprendizado e socialização do indivíduo.
Por fim, as teorias PSICOSOCIOLÓGICAS verificam a existência de
predominância dos fatores sociais sobre o fenômeno do crime, em
detrimento de fatores ligados à personalidade do criminoso.

1.3 Teorias sociológicas


Sociedade criminógena é, por definição, uma sociedade que PRODUZ
CRIME.
Essa ideia de que a sociedade produz o criminoso e, por consequência, o
crime, possibilitou o surgimento de diversas teorias calcadas na ideia de que o
centro da análise do fenômeno delitivo não é o criminoso, e sim a
sociedade (embora aquele também mereça atenção).
Assim, desloca-se o centro do estudo para o meio (a sociedade),
criando-se o que se convencionou chamar de SOCIOLOGIA CRIMINAL.
Dentro deste quadro sociológico, dois grandes grupos teóricos se
desenvolveram: A TEORIA DO CONSENSO e a TEORIA DO CONFLITO.
A teoria do consenso ou “criminologia do consenso” parte da premissa
de que a sociedade é formada por uma séria de valores fundamentais
consensuais, que devem ser protegidos e promovidos por todos. Assim, o Direito
Penal nada mais seria que uma ferramenta para a defesa destes valores comuns
a todos os indivíduos.
Inserem-se nesta ideia as teorias desenvolvidas pela ESCOLA DE CHICAGO,
ANOMIA E ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL.
A criminologia do conflito, por sua vez, verifica a sociedade não como um
todo coeso e harmônico, fundado em valores comuns a todos os indivíduos, e sim
um campo de batalha entre classe dominante e dominada. Partindo deste viés
marxista, as teorias decorrentes desta ideia vão estabelecer que o Direito Penal
nada mais é que uma ferramenta a serviço da classe dominante, de forma a
garantir a manutenção do status quo, coagindo a classe dominada a “andar na
linha”. Para tanto, o Direito Penal seria absolutamente seletivo na escolha
das condutas que seriam criminalizadas, optando por uma criminalização
primária voltada às condutas geralmente praticadas pelos indivíduos
pertencentes à classe dominada (furto seria mais grave que condutas lesivas à
ordem econômica, por exemplo).

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Feita essa distinção, vamos à análise das principais teorias relativas à
sociologia criminal.

1.3.1 Criminologia do consenso

1.3.1.1 Escola de Chicago


A Escola de CHICAGO e sua explicação ECOLÓGICA do crime talvez seja
a principal escola criminológica moderna.
PARK foi o principal expoente desta Escola. Este autor analisou o crescimento
populacional na cidade de Chicago no começo do século XX e, com suas
observações, a Escola de Chicago chegou à conclusão de que o fenômeno delitivo
estava relacionado diretamente ao conglomerado urbano e suas características
(multiculturais, étnicas, etc.).
Assim, a CIDADE (mais especificamente do que a “sociedade” genericamente
considerada) seria o foco principal da atenção da criminologia. Para os teóricos
desta Escola, a CIDADE, ou seja, o meio urbano produz a criminalidade
(crescimento populacional, crescimento desordenado, etc.).
A Escola de Chicago também chegou à conclusão de que a delinquência era
mais concentrada em determinadas áreas, e tal concentração seria fruto, dentre
outras coisas, da desorganização social destas áreas.
São oriundas da Escola de Chicago as teorias ECOLÓGICA, ESPACIAL,
DAS JANELAS QUEBRADAS e DA TOLERÂNCIA ZERO.
Vejamos sinteticamente cada uma delas:

ECOLÓGICA Para esta teoria o progresso leva a criminalidade aos


(DESORGANIZAÇÃO grandes centros urbanos. Propõe que a estabilidade e a
SOCIAL) integração contribuem para a ordem social, enquanto a
desordem social e a ausência de integração entre os
indivíduos contribuem para índices mais elevados de
criminalidade. A deterioração de núcleos primários
(família, igre j a, etc.), a superficialização das
3604058651

relações sociais, tudo isso cria um meio desorganizado


e potencialmente criminógeno2.
ESPACIAL Defendia a reestruturação arquitetônica das cidades
como forma de prevenção do delito, inclusive como
forma de permitir maior controle sobre as pessoas.
Teve em OSCAR NEWMAN seu maior expoente.
JANELAS Tem suas raízes na obra dos estadunidenses JAMES
QUEBRADAS WILSON e GEORGE KELLING. Para esta teoria a

2
GARCÍA –PABLOS DE MOLINA, Antonio. GOMES, Luiz Flavio. Criminologia. Ed. Revista dos Tribunais. 8º
ed. P. 344.

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repressão dos menores delitos é ABSOLUTAMENTE
INDISPENSÁVEL para inibir a prática dos delitos mais
graves. Tem este nome em razão de um experimento
de PHILIP ZIMBARDO. O citado psicólogo deixou um
carro estacionado na rua em um bairro de classe alta
da cidade de Palo Alto, Califórnia. Durante a primeira
semana, o carro permaneceu intacto. Após, o
pesquisador quebrou uma das janelas do veículo e o
deixou mais uma semana parado na rua. Ao final desta
segunda semana o veículo foi completamente destruído
e furtado por vândalos. Daí a ideia de que um
“pequeno” dano à sociedade, se não consertado, gera
a sensação de que “tudo é permitido”, estimulando a
prática de delitos.
TOLERÂNCIA ZERO A teoria da tolerância zero decorre naturalmente da
ideia defendida pela teoria das janelas quebradas.
Trata-se de uma política criminal de repressão a
toda e qualquer conduta desviante, por menor que
seja, como forma de reafirmar o poder do Estado e a
necessidade de respeito à Lei. Surgiu em Nova York, no
começo dos anos 90. Trata-se de decorrência do como
“Movimento Lei e Ordem” (Law and Order), que
pugna pela expansão do Direito Penal, um seja,
um incremento da resposta formal do Estado.

1.3.1.2 Teoria da associação diferencial (aprendizagem social ou social


learning)
Difundida por Edwin Sutherland, tendo como base as ideias de Gabriel
TARDE (e suas “Leis da Imitação”).
SUTHERLAND focou seus estudos sobre os crimes de colarinho
Branco, nos Estados Unidos da América, mais especificamente em Chicago.
Para Sutherland, as explicaçõe s fornecidas pelas diversas
teorias
criminológicas até então não seriam capazes de responder de forma
adequada à questão dos crimes de colarinho branco, já que todas (ou quase
todas) viam nas mazelas sociais (desorganização social, pobreza, etc.) a gênese
do crime, de forma que se distanciavam da realidade dos crimes de colarinho
branco (White colar crimes).
Para Sutherland, ninguém nasce criminoso, mas APRENDE a se tornar um,
ou seja, o crime é mero resultado de um processo inadequado ou falho de
socialização do indivíduo.
Segundo esta teoria o indivíduo se tornaria criminoso ao observar outras
condutas criminosas e INTERAGIR com outras pessoas, notadamente aquelas que
se dedicam ao delito.

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Assim, a pessoa se tornaria delinquente por estar mais submetida a modelos
de comportamento delitivo do que a modelos de comportamento não delitivos. A
cultura criminosa existe e, a depender do nível de atuação do Estado em
determinados grupos sociais, ela predomina em relação à cultura legal.

1.3.1.3 Teoria das subculturas delinquentes


Tal teoria acaba defende que a conduta delitiva não seria um reflexo negativo
da desorganização social e outras mazelas da sociedade contemporânea. Para
esta teoria todo agrupamento humano é dotado de subculturas, com uma filosofia
de vida e regras próprias.
Assim, a existência de subculturas corresponde, naturalmente, à existência
de valores distintos daqueles pregados pela cultura dominante.
Desta forma, é possível que algumas destas subculturas possuam valores
que se contraponham aos valores da cultura dominante e, em razão disso, o
delito não derivaria de uma predisposição à violação da Lei, e sim um
mero reflexo destas diferenças culturais.

1.3.1.4 Teoria da anomia


Teve como principal expoente ROBERT MERTON, que se valeu das ideias de
DURKHEIN, para desenvolver sua teoria.
Para esta teoria a sociedade impõe objetivos e metas inalcançáveis
para a maioria dos indivíduos (sucesso, poder, status), e como tais metas
são inatingíveis, a dissociação entre os objetivos e os instrumentos para
seu alcance geraria a ANOMIA, que seria uma situação de renúncia às normas
sociais.
Esta teoria elenca diversos modelos de adaptação do indivíduo à sociedade.
Primeiro temos o indivíduo que aceita as metas sociais e os meios à sua
disposição.
Depois temos o indivíduo que, ao perceber que os meios não são hábeis à
obtenção das finalidades, continua aceitando as metas sociais, mas não os meios
colocados à sua disposição. Ou seja, aqui ele passa a buscar um “atalho” para
alcançar as metas sociais.
Outro modelo é o do ritualismo. O indivíduo renuncia às metas sociais, aos
objetivos culturais, mas permanece apegado às normas da sociedade.
Há, também, o modelo evasivo (retraimento). Neste grupo se incluem os
bêbados habituais, mendigos, drogados crônicos, etc. Tais indivíduos se
conformam e buscam mecanismos de fuga.
Por fim, há o modelo da rebelião. Aqui o indivíduo rejeita completamente as
metas culturais e os meios à sua disposição (institucionalmente falando). Este
indivíduo passa a se dedicar à luta pela criação de novos paradigmas sociais, de
uma nova ordem.

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1.3.2 Criminologia do conflito

1.3.2.1 Teoria do etiquetamento ou labeling approach


No seio da criminologia crítica, surge a TEORIA DO LABELING
APPROACH, ou “Teoria do Etiquetamento”.
A teoria do etiquetamento vai dizer, basicamente, que o crime não é um
dado ontológico, ou seja, não existem condutas que são, por sua própria
natureza, criminosas.
O que existem são condutas, simplesmente, condutas.
A qualidade de “criminosa” a uma conduta é o que revela o caráter
de “etiquetamento” do Direito Penal, ou seja, as condutas, em seu estado
natural, não são criminosas, até que surge um dado novo, de cunho
normativo, que lhes confere tal “estigma”.

EXEMPLO: A conduta criminosa prevista no art. 169, § único, II do CP, que


estabelece o crime de “apropriação de coisa achada”. Vejamos a redação:
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso
fortuito ou força da natureza:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
(...)
Apropriação de coisa achada
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente,
deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade
competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias.
Vejam, assim, que a conduta de “apropriar-se de coisa achada” não é, por
si só, crime. Ela passa a ser crime quando a norma penal assim estabelece.
Qual é a grande sacada desta teoria? Ela desmistifica a ideia de
criminoso. Imagine que a ideia de cri minoso esteja centrada sobre aquele
que furta. Se amanhã surgir nova lei dizendo que furto não é crime, aquela
pessoa “deixaria de ser criminoso” e todos os estudos referentes ao crime e suas
causas iriam por água abaixo.
Além disso, seguindo a linha da teoria do conflito, a teoria do
etiquetamento entende que o Direito Penal procede à “rotulação” de condutas
não em razão da persecução de um fim legítimo e a defesa de valores comuns
aos cidadãos, mas tendo como objetivo supremo a perpetuação da estrutura
social dividida em classes.
Desta forma, o Estado se vale do Direito Penal para rotular como
“criminosas” as condutas praticadas com maior frequência pelos membros das
classes mais baixas, bem como impõe a elas penas mais severas. Com relação

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às condutas praticadas com maior frequência pelas classes altas, ou não são
rotuladas como criminosas ou, quando o são, recebem penas brandas.

Para esta teoria, portanto, o crime não seria um fenômeno social, mas um
fenômeno normativo, ou seja, o Estado rotula como crime as condutas
que ele pretende sejam consideradas como criminosas. Assim, não existiria
um crime “por natureza”, mas apenas “condutas”, que recebem o rótulo de
criminosas de acordo com os interesses do Estado (que nem sempre protegem
por igual os interesses dos mais diversos grupos sociais, tendendo a conferir
maior proteção aos bens de interesse da classe dominante).3
Além disso, não seriam apenas as condutas (isoladamente consideradas) que
influenciariam na resposta do Estado, mas também a pessoa do indivíduo e sua
posição social.
Portanto, ao desviar o foco do desviante para o processo de criminalização
(e suas seletivas escolhas), a teoria da reação social coloca em xeque os
repressores, ao argumento de que o desviante é mero produto das instâncias
formais de controle na sociedade punitiva.
Teve como principais expoentes GOFFMAN, LEMERT e BECKER.

1.3.2.2 O realismo de esquerda e a esquerda punitiva


Embora o perfil daqueles que pugnam por mais Direito Penal seja, quase
sempre, de Direita, pode-se dizer que houve uma mudança sensível no perfil dos
que levantam a bandeira da expansão penal. Se antes se concentrava nas classes
conservadoras dominantes, agora são os setores da esquerda que também
clamam por mais punição.
Boa parte da esquerda passou a lutar pela expansão do Direito Penal como
mecanismo de regulação e proteção de seus interesses (dos valores que ela,
esquerda, defende).
Se antes havia apenas repúdio ao direito penal, (concebido como
ferramenta das classes poderosas, os powerfull), hoje o que se quer é
participação na escolha dos valores/interesses que o direito penal vai buscar
proteger.4 A esse fenômeno se deu o nome de REALISMO DE ESQUERDA.
Basicamente é: o Direito Penal não vai deixar de proteger os interesses da classe
dominante, então façamos com que defenda, também os interesses da classe
dominada.
A deslegitimação do Direito Penal cedeu lugar a uma legitimação
conveniente, uma espécie de egoísmo de classe. A esquerda não mais questiona
o poder punitivo (ou o faz perifericamente), e sim pleiteia a possibilidade de fazer

3
HASSEMER, Winfried. MUÑOZ CONDE, Francisco. Introdución a la Criminologia y al Derecho Penal. Ed.
Tirant lo blanch. Valência, 1989, p. 18
4
Vera Malaguti cita a escola criminológica, derivada da criminologia crítica, denominada realismo de esquerda.
BATISTA, Vera Malaguti. Introdução crítica à criminologia brasileira. Ed. Revan, 2011. p. 104.

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parte dele, em defesa de seus próprios interesses. É o que se convencionou
chamar de ESQUERDA PUNITIVA. 5
Este comportamento da esquerda6 é, no mínimo, incoerente, já que por um
lado deslegitima o direito penal como mecanismo de controle e, por outro, busca
se valer desse mesmo instrumento como meio de transformação social.7
A diferença é que o Direito Penal defendido pela esquerda está maquiado
por uma aparente pretensão democrática. Sua função seria a defesa dos direitos
humanos (criminalização da homofobia, penas mais duras para atos de
racismo, criminalização de condutas que atentem contra o meio
ambiente, etc.). Contudo, na verdade, em muitos casos o que se verifica é mero
corporativismo.
 Mas por que só agora a esquerda passou a adotar tal
posicionamento? Antes a esquerda não tinha tanto poder político. Hoje,
mais organizada e próxima do centro de poder, pode se dar ao luxo de
adotar esse discurso incoerente para defender os interesses daqueles que
a sustentam.

1.3.2.3 Garantismo, minimalismo e abolicionismo penal


O principal papel da criminologia num Estado Democrático de Direito é
pugnar pelo desenvolvimento de um sistema jurídico-penal que respeite
os direitos e garantias fundamentais. Um modelo, portanto,
GARANTISTA.
FERRAJOLI8 foi o maior expoente do Garantismo penal, que para ele pode
ser definido segundo três prismas:
 Modelo normativo
 Teoria Jurídica
 Filosofia Política

Nas palavras de FERRAJOLI:


“Segundo um primeiro significado, "garantismo" designa um modelo normativo de
direito: precisamente, no que diz respeito ao direito penal, o modelo de "estrita
legalidade, próprio do Estado de direito, que sob o plano epistemológico se caracteriza
como um sistema cognitivo ou de poder mínimo, sob o plano político se caracteriza
como uma técnica de tutela idônea a minimizar a violência e a máxima liberdade e,

5
SILVA SANCHÉZ, Jesús-Maria. La expansión... op. cit., p. 49.
6
Maria Lucia Karam utilizava, já em 1996, o termo “esquerda punitiva”, ainda que sob o enfoque da exigência feita por
esta classe política à repressão aos crimes do colarinho branco. KARAM, Maria Lucia. A esquerda punitiva. 1996. p. 79-
81.

7
SILVA SANCHÉZ, Jesús-Maria. La expansión... op. cit., p. 52-53.

8
O Garantismo penal foi bem desenvolvido por FERRAJOLI, professor da Universidade de Camerino, na
Itália. Para um aprofundamento maior: FERRAJOLI, LUIGI. Direito e razão: teoria do garantismo penal. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002, p. 683 e seguintes.

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sob o plano jurídico, como um sistema de vínculos impostos à função punitiva do
Estado em garantia dos direitos dos cidadãos. É, consequentemente, "garantista" todo
sistema penal que se conforma normativamente com tal modelo e que o satisfaz
efetivamente.
(...)
Em um segundo significado, "garantismo" designa uma teoria jurídica da "validade"
e da "efetividade" como categorias distintas não só entre si mas, também, pela
"existência" ou "vigor" das normas. Neste sentido, a palavra garantismo exprime uma
aproximação teórica que mantém separados o "ser" e o "dever ser" no direito; e, aliás,
põe como questão teórica central, a divergência existente nos ordenamentos
complexos entre modelos normativos (tendentemente garantistas) e práticas
operacionais (tendentemente antigarantistas), interpretando-a com a antinomia -
dentro de certos limites fisiológica e fora destes patológica - que subsiste entre
validade (e não efetividade) dos primeiros e efetividade (e invalidade) das segundas.
(...)
Segundo um terceiro significado, por fim, "garantismo" designa uma filosofia
política que requer do direito e do Estado o ônus da justificação externa com base nos
bens e nos interesses dos quais a tutela ou a garantia constituem a finalidade. Neste
último sentido o Garantismo (pressupõe) a doutrina laica da separação entre direito e
moral, entre validade e justiça, entre ponto de vista interno e ponto de vista externo
na valoração do ordenamento, ou mesmo entre o "ser" e o "dever ser” do direito. E
equivale à assunção, para os fins da legitimação e da perda da legitimação ético-
política do direito e do Estado, do ponto de vista exclusivamente externo.

Um Estado democrático de Direito deve, portanto, buscar a adoção


de um sistema penal garantista, não apenas no que tange às previsões
normativas, mas também no que se refere ao efetivo respeito ao modelo
normativamente adotado, a fim de que seja respeitado pelas instâncias de
controle (Polícia, Judiciário, etc.).
Assim, um modelo baseado no “Direito Penal do Inimigo”, por exemplo,
não pode, de forma alguma, ser admitido num Estado democrático de Direito.
Mas o que seria o “Direito Penal do Inimigo”? Trata-se de um modelo
que pressupõe a existência de um Direito Penal que mitigue as garantias
constitucionais aos criminosos considerados “contumazes”, ou seja, aqueles que
fazem do crime seu meio de vida.9
Assim, haveria um “Direito Penal do Cidadão” (garantista), no qual são
observados os direitos e garantias fundamentais do acusado, e um “Direito Penal
do Inimigo”, no qual estas garantias poderiam ser flexibilizadas ou afastadas, já
que não se estaria diante de alguém que merecesse qualquer consideração por
parte do Estado.
Este tipo de teoria é inadmissível num Estado Democrático de Direito
por, inicialmente, violar o princípio da isonomia. Num segundo plano, não menos
importante, violaria, ainda, a ideia de que o Direito Penal pune as pessoas pelo
que elas FAZEM e não pelo que elas SÃO.

9
Este termo foi desenvolvido de maneira aprofundada pelo professor alemão, da Universidade de Bonn,
Günther Jakobs. JAKOBS, Günther. La normativización de la dogmática jurídico-penal. Trad. Manuel Cancio
Meliá e Bernardo Feijó Sánchez. 1. ed. Madrid: Ed. Thomson Civitas, 2003, p. 57 e seguintes.

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Da mesma forma, num Estado Democrático de Direito o ser humano é o
centro, o fim último de toda e qualquer ação do Estado. Desta maneira, a pena
deve ter por finalidade não apenas castigar o infrator, tampouco servir apenas a
uma esperada “prevenção especial”, mas também, e principalmente, ressocializar
o infrator.
O MINIMALISMO penal, por sua vez, prega a redução do raio de
abrangência do Direito Penal, que deve ser reservado apenas àquelas condutas
absolutamente incompatíveis com a vida em sociedade, e apenas para a proteção
dos bens jurídicos mais valiosos (Direito Penal mínimo).
O minimalismo tem em FERRAJOLI e BARATTA dois de seus maiores
expoentes. A lógica do minimalismo é clara: se o Direito Penal é o instrumento
mais invasivo de regulação social, só deve ser utilizado em último caso (ultima
ratio).
Além da redução do raio de abrangência do Direito Penal, o minimalismo
prega, ainda a redução da aplicação da pena privativa de liberdade, que deve,
sempre que possível, ser substituída por sanções alternativas.
Por fim, o ABOLICIONISMO PENAL prega a supressão do Sistema Penal,
seja porque se nega legitimidade ético-política a essa forma de controle
social, desde seu surgimento, seja porque é visto, na prática, como mais
danoso que vantajoso. Os fundamentos do abolicionismo são:
 Anomia do sistema penal – Apesar de existir, o Direito Penal não
consegue regular a vida em sociedade.
 Seletividade do sistema penal – O Direito penal não tutela de maneira
uniforme a vida em sociedade, mas seleciona, cuidadosamente, os
destinatários de sua atuação.
 O Direito Penal estigmatiza o condenado – Ao invés de ressocializar o
apenado, o Direito Penal funciona como uma marca negativa para aqueles
que foram condenados, privando-os, perpetuamente, do retorno à vida
social.
 O Direito Penal marginaliza a vítima – O Estado, por meio do Direito
Penal, expropria o problema (que, a princípio, se dá entre dois indivíduos),
castiga o infrator (quando consegue), mas não se preocupa com a vítima.

Há, basicamente, duas grandes vertentes abolicionistas:


 Abolicionismo imediato – Defendido, dentre outros, por LOUCK
HULSMAN, prega a imediata supressão do Direito Penal. Isso não significa
que esses doutrinadores pregam a ausência total de controle formal do
Estado sobre as condutas lesivas à sociedade, mas a substituição imediata
do Direito Penal por outros métodos de solução de conflitos (composição
civil dos danos, etc.).
 Abolicionismo mediato – Também conhecido como minimalismo radical,
prega que o ideal seria a abolição do Direito Penal, mas a realidade impõe
a manutenção de tal sistema, já que seria impossível sua supressão sem
que houvesse um abalo social considerável, com possível transmutação da

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violência estatal para a vingança privada sem qualquer regulamentação
estatal.

Dentre os defensores do Abolicionismo mediato podemos citar THOMAS


MATHIESEN como o principal expoente.

2 RESUMO
Para finalizar o estudo da matéria, trazemos um resumo dos
principais aspectos estudados ao longo da aula. Nossa
sugestão é a de que esse resumo seja estudado sempre
previamente ao início da aula seguinte, como forma de
“refrescar” a memória. Além disso, segundo a organização
de estudos de vocês, a cada ciclo de estudos é fundamental
retomar esses resumos. Caso encontrem dificuldade em
compreender alguma informação, não deixem de retornar à
aula.
Criminologia científica - A criminologia enquanto ciência só surge no final do
século XIX, e apesar de romper com o modelo criminológico pré-científico, se
valeu de algumas contribuições destas “pseudociências” para seu
desenvolvimento.
Pré-cientificamente:
 DEMONOLOGIA
 FISIONOMIA
 FRENOLOGIA
 PSIQUIATRIA

Método da criminologia científica - A criminologia passa a tentar explicar o


fenômeno do crime e o comportamento criminal utilizando-se do empirismo
como ponto de partida.
Principais modelos teóricos:
CRIMINOLOGIA CLÁSSICA E NEOCLÁSSICA - Tinham como ponto central de
seu trabalho o LIVRE ARBÍTRIO. Para este modelo, o homem é LIVRE para fazer
suas escolhas, inclusive para cometer delitos.
CRIMINOLOGIA POSITIVISTA - Rompe com a ideia de que o homem
“delinque” porque quer delinquir. Para este modelo teórico, compreender o
fenômeno criminal é uma tarefa que demanda a análise de fatores causais-
explicativos, ou seja, deve-se buscar as causas do delito (paradigma etiológico).
SOCIOLOGIA CRIMINAL – Abandona a ideia de “causas do crime” e parte para
a ideia da teoria da criminalização. Com uma forte influência marxista, tal modelo
entende que não importa tanto a “causa” de determinado comportamento
criminoso, e mais o “porquê” de se considerar criminoso determinado

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comportamento, ou seja, quais os interesses estão por trás da criminalização de
determinadas condutas

Teoria sociológicas
Sociedade criminógena - Uma sociedade que PRODUZ CRIME.
Teoria do consenso ou “criminologia do consenso” - Parte da premissa de
que a sociedade é formada por uma séria de valores fundamentais consensuais,
que devem ser protegidos e promovidos por todos. Assim, o Direito Penal nada
mais seria que uma ferramenta para a defesa destes valores comuns a todos os
indivíduos.
Teoria do conflito ou “criminologia do conflito” - A criminologia do
conflito, por sua vez, verifica a sociedade não como um todo coeso e harmônico,
fundado em valores comuns a todos os indivíduos, e sim um campo de batalha
entre classe dominante e dominada. Partindo deste viés marxista, as teorias
decorrentes desta ideia vão estabelecer que o Direito Penal nada mais é que uma
ferramenta a serviço da classe dominante, de forma a garantir a manutenção do
status quo, coagindo a classe dominada a “andar na linha”. Denuncia a
seletividade do Sistema Penal.

CRIMINOLOGIA DO CONSENSO
Escola de Chicago - A Escola de CHICAGO e sua explicação ECOLÓGICA
do crime talvez seja a principal escola criminológica moderna. PARK foi o principal
expoente desta Escola. Este autor analisou o crescimento populacional na cidade
de Chicago no começo do século XX e, com suas observações, a Escola de Chicago
chegou à conclusão de que o fenômeno delitivo estava relacionado diretamente
ao conglomerado urbano e suas características (multiculturais, étnicas, etc.).
Também se chegou à conclusão de que a delinquência era mais concentrada em
determinadas áreas, e tal concentração seria fruto, dentre outras coisas, da
desorganização social destas áreas.
Escolas que derivam da Escola de Chicago:
 ECOLÓGICA (DESORGANIZAÇÃO SOCIAL) - Para esta teoria o
progresso leva a criminalidade aos grandes centros urbanos. Propõe que a
estabilidade e a integração contribuem para a ordem social, enquanto a
desordem social e a ausência de integração entre os indivíduos contribuem
para índices mais elevados de criminalidade
 ESPACIAL - Defendia a reestruturação arquitetônica das cidades como
forma de prevenção do delito, inclusive como forma de permitir maior
controle sobre as pessoas. Teve em OSCAR NEWMAN seu maior expoente.
 JANELAS QUEBRADAS - Para esta teoria a repressão dos menores delitos
é ABSOLUTAMENTE INDISPENSÁVEL para inibir a prática dos delitos mais
graves.
 TOLERÂNCIA ZERO - A teoria da tolerância zero decorre naturalmente
da ideia defendida pela teoria das janelas quebradas. Trata-se de uma
política criminal de repressão a toda e qualquer conduta desviante, por

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menor que seja, como forma de reafirmar o poder do Estado e a
necessidade de respeito à Lei.

Teoria da associação diferencial (aprendizagem social ou social learning)


- Difundida por Edwin Sutherland, tendo como base as ideias de Gabriel TARDE
(e suas “Leis da Imitação”). Para Sutherland, ninguém nasce criminoso, mas
APRENDE a se tornar um, ou seja, o crime é mero resultado de um processo
inadequado ou falho de socialização do indivíduo. O indivíduo se tornaria
criminoso ao observar outras condutas criminosas e INTERAGIR com outras
pessoas, notadamente aquelas que se dedicam ao delito.

Teoria das subculturas delinquentes - Tal teoria acaba defende que a conduta
delitiva não seria um reflexo negativo da desorganização social e outras mazelas
da sociedade contemporânea. Para esta teoria todo agrupamento humano é
dotado de subculturas, com uma filosofia de vida e regras próprias. Desta forma,
é possível que algumas destas subculturas possuam valores que se
contraponham aos valores da cultura dominante e, em razão disso, o delito não
derivaria de uma predisposição à violação da Lei, e sim um mero reflexo
destas diferenças culturais.

Teoria da anomia - Teve como principal expoente ROBERT MERTON, que se


valeu das ideias de DURKHEIN, para desenvolver sua teoria. Para esta teoria a
sociedade impõe objetivos e metas inalcançáveis para a maioria dos
indivíduos (sucesso, poder, status), e como tais metas são inatingíveis,
a dissociação entre os objetivos e os instrumentos para seu alcance
geraria a ANOMIA, que seria uma situação de renúncia às normas sociais.

CRIMINOLOGIA DO CONFLITO
Teoria do etiquetamento ou labeling approach - Para esta teoria, também
chamada de “teoria da reação social”, o crime não seria um fenômeno social, mas
um fenômeno normativo, ou seja, o Estado rotula como crime as condutas
que ele pretende sejam consideradas como criminosas. Assim, não existiria
um crime “por natureza”, mas apenas “condutas”, que recebem o rótulo de
criminosas de acordo com os interesses do Estado (que nem sempre protegem
por igual os interesses dos mais diversos grupos sociais, tendendo a conferir
maior proteção aos bens de interesse da classe dominante). Teve como
principais expoentes GOFFMAN, LEMERT e BECKER.

O realismo de esquerda e a esquerda punitiva - Movimento de esquerda que


defende a utilização do Direito Penal em favor das minorias e contra a classe
dominante. Basicamente é: o Direito Penal não vai deixar de proteger os
interesses da classe dominante, então façamos com que defenda, também os
interesses da classe dominada.

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GARANTISMO, MINIMALISMO E ABOLICIONISMO PENAL
Garantismo - Sistema jurídico-penal que respeite os direitos e garantias
fundamentais.
Três prismas (Ferrajoli):
 Modelo normativo – Limites formais à atuação punitiva do Estado-
legislador.
 Teoria Jurídica – Necessidade de que o garantismo, assim entendido
como o respeito aos direitos e garantias fundamentais, não fique
apenas no plano normativo, mas também seja verificado quando da
operacionalização do sistema.
 Filosofia Política – Limites materiais à atuação punitiva do Estado,
que deve saber separar direito e moral, criminalizando apenas aquilo
que for capaz de atentar seriamente contra a vida em sociedade.
Direito Penal do Inimigo - Trata-se de um modelo que pressupõe a existência
de um Direito Penal que mitigue as garantias constitucionais aos criminosos
considerados “contumazes”, ou seja, aqueles que fazem do crime seu meio de
vida.

MINIMALISMO PENAL – Prega a redução do raio de abrangência do Direito


Penal, que deve ser reservado apenas àquelas condutas absolutamente
incompatíveis com a vida em sociedade, e apenas para a proteção dos bens
jurídicos mais valiosos (Direito Penal mínimo). Prega, ainda a redução da
aplicação da pena privativa de liberdade, que deve, sempre que possível, ser
substituída por sanções alternativas.

ABOLICIONISMO PENAL - Prega a supressão do Sistema Penal, seja porque


se nega legitimidade ético-política a essa forma de controle social, desde seu
surgimento, seja porque é visto, na prática, como mais danoso que
vantajoso.
Fundamentos do abolicionismo:
 Anomia do sistema penal
 Seletividade do sistema penal
 O Direito Penal estigmatiza o condenado
 O Direito Penal marginaliza a vítima

Vertentes abolicionistas:
 Abolicionismo imediato – Defendido, dentre outros, por LOUCK
HULSMAN, prega a imediata supressão do Direito Penal e sua substituição
imediata do Direito Penal por outros métodos de solução de conflitos
(composição civil dos danos, etc.).
 Abolicionismo mediato – Também conhecido como minimalismo radical,
prega que o ideal seria a abolição do Direito Penal, mas a realidade impõe
a manutenção de tal sistema, já que seria impossível sua supressão sem

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que houvesse um abalo social considerável, com possível transmutação da
violência estatal para a vingança privada sem qualquer regulamentação
estatal (THOMAS MATHIESEN é um dos principais defensores).

Bons estudos!
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3 EXERCÍCIOS DA AULA

1. (CESPE – 2016 – PC-PE – DELEGADO DE POLÍCIA - ADAPTADA)


Entre os modelos teóricos explicativos da criminologia, o conceito definitorial de
delito afirma que, segundo a teoria do labeling approach, o delito carece de
consistência material, sendo um processo de reação social, arbitrário e
discriminatório de seleção do comportamento desviado.

2. (MPE-SC – 2016 – MPE-SC – PROMOTOR DE JUSTIÇA)


No âmbito das teorias criminológicas, a teoria da subcultura delinquente,
originariamente conhecida como “Escola de Chicago”, assevera que a
delinquência surge como resultado da estrutura das classes sociais, que faz com
que alguns grupos aceitem a violência como forma de resolver os conflitos sociais.

3. (MPE-SC – 2016 – MPE-SC – PROMOTOR DE JUSTIÇA)


O minimalismo, enquanto movimento crítico ao sistema de justiça penal, foi
concebido com a proposta de supressão integral do sistema penal por outras
instâncias de controle social. Em sentido oposto, revelou-se o movimento “Lei e
Ordem”, que reconhecia no direito penal máximo o instrumento primordial à
resolução dos problemas que afligem a sociedade.

4. (MPE-SC – 2016 – MPE-SC – PROMOTOR DE JUSTIÇA)


Em sua obra "O Novo em Direito e Política", José Alcebíades de Oliveira Júnior
cita interessante trecho da doutrina de Luigi Ferrajoli: "a sujeição do juiz à lei já
não é de fato, como no velho paradigma juspositivista, sujeição à letra da lei,
qualquer que seja o seu significado, mas sim sujeição à lei somente enquanto
válida, ou seja, coerente com a Constituição". A interpretação da frase em
destaque nos remete ao conteúdo do modelo garantista.

5. (CESPE – 2016 – PC-PE – DELEGADO DE POLÍCIA - ADAPTADA)

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A Escola de Chicago, ao atentar para a mutação social das grandes cidades na
análise empírica do delito, interessa-se em conhecer os mecanismos de
aprendizagem e transmissão das culturas consideradas desviadas, por
reconhecê-las como fatores de criminalidade.

6. (VUNESP - 2013 - PC-SP - PAPILOSCOPISTA POLICIAL)


Uma das mais importantes teorias do conflito; surgiu nos Estados Unidos nos
anos de 1960, e seus principais expoentes foram Erving Goffman e Howard
Becker. Trata-se da
A) Teoria do labelling approach.
B) Teoria da subcultura delinquente.
C) Teoria da desorganização social.
D) Teoria da anomia.
E) Teoria das zonas concêntricas.

7. (VUNESP - 2014 - PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA)


A teoria do neorretribucionismo, com origem nos Estados Unidos, também
conhecida por “lei e ordem” ou “tolerância zero”, é decorrente da teoria.
A) “positiva”
B) “janelas quebradas”
C) “clássica”
D) “cidade limpa”
E) “diferencial”.

8. (VUNESP - 2013 - PC-SP - AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA


POLICIAL)
Quanto à teoria neorretribucionista, é correto afirmar:
A) surgiu na Europa, no século passado, baseada na teoria do consenso, tem
como objetivo coibir o crime organizad o e os crimes transnacionais, o que inibiria
os crimes menos graves.
B) surgiu na Itália, na década de sessenta, é uma das mais importantes teorias
do conflito, por meio dessa teoria, a criminalidade não é resultante somente da
conduta humana, mas a consequência de um processo em que se atribui uma
qualidade à pessoa.
C) surgiu nos Estados Unidos, inspirada na escola de Chicago, com a
denominação “lei e ordem” ou “tolerância zero”, decorrente da teoria das janelas
quebradas, tem como objetivo coibir os pequenos delitos, o que inibiria os mais
graves
D) surgiu na Alemanha, no século XIX, defende que o comportamento do
criminoso é aprendido, nunca herdado, criado ou desenvolvido pelo sujeito ativo,

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tem como objetivo identificar e punir rigorosamente o criminoso para servir de
exemplo, a chamada prevenção geral.
E) surgiu na Inglaterra, está baseada na teoria da sub- cultura delinquente, ou
seja, o comportamento criminoso é um sintoma de dissociação entre as
aspirações socioculturais e os meios desenvolvidos para alcançar essas
aspirações.

9. (UFPR – 2014 – DPE-PR – DEFENSOR PÚBLICO)


Em relação às distintas teorias criminológicas, a ideia de que o “desviante” é, na
verdade, alguém a quem o rótulo social de criminoso foi aplicado com sucesso foi
desenvolvida pela Teoria
a) da anomia.
b) da associação diferencial.
c) da subcultura delinquente.
d) da ecologia criminal.
e) da reação social ou Labelling Approach.

10. (FEPESE – 2014 – MPE-SC – PROMOTOR DE JUSTIÇA)


Contrariamente ao classicismo, que não visualizou no criminoso nenhuma
anormalidade - e dele não se ocupou - o positivismo reconduziu-o para o centro
de suas análises, apreendendo nele estigmas decisivos da criminalidade.

11. (FEPESE – 2014 – MPE-SC – PROMOTOR DE JUSTIÇA)


No paradigma etiológico, modelado segundo uma matriz positivista derivada Das
Ciências Naturais, a Criminologia é definida como uma Ciência causal-explicativa
da criminalidade, isto é, que investiga as causas da criminalidade (seu objeto)
segundo o método experimental.

12. (VUNESP – 2014 – PC-SP – MÉDICO LEGISTA)


O método de estudo da Criminologia reúne as seguintes características:
a) silogismo; vedação de interdisciplinariedade; visão indutiva da realidade.
b) empirismo; vedação de interdisciplinariedade; visão indutiva da realidade.
c) racionalismo; interdisciplinariedade; visão indutiva da realidade.
d) empirismo; interdisciplinariedade; visão indutiva da realidade.
e) racionalismo; interdisciplinariedade; visão dedutiva da realidade.

13. (VUNESP – 2014 – PC-SP – MÉDICO LEGISTA)


Assinale a alternativa que completa as lacunas do texto.

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Os estudos de Sociologia Criminal de Sutherland (Teoria da Associação
Diferencial) estão principalmente ligados aos crimes de e tiveram como
foco .
a) genocídio ... a Alemanha
b) organizações criminosas ... a Itália
c) jogo ilegal ... a atual Rússia (ex-URSS)
d) discriminação de gênero ... países do Oriente Médio
e) colarinho branco ... os Estados Unidos da América

14. (VUNESP – 2014 – PC-SP – DELEGADO DE POLÍCIA)


A moderna Sociologia Criminal possui visão bipartida do pensamento
criminológico atual, sendo uma de cunho funcionalista e outra de cunho
argumentativo. Trata-se das teorias
a) indutiva e dedutiva.
b) do consenso e do conflito.
c) absoluta e relativa.
d) moderna e contemporânea.
e) abstrata e concreta.

15. (FEPESE – 2014 – MPE-SC – PROMOTOR DE JUSTIÇA)


O movimento de política criminal denominado "lei e ordem" se deve à construção
teórica de Gunther Jacobs que, por sua vez, deriva do "labelling approach".

16. (VUNESP – 2013 – PC-SP – AGENTE)


Os “crimes de colarinho branco” são delitos conhecidos na Criminologia por
a) crimes contra a dignidade social.
b) crimes de menor potencial ofensivo.
c) cifras cinza.
d) cifras amarelas.
e) cifras douradas.

17. (PC-SP – 2010 – PC-SP – ESCRIVÃO)


Dentre as alternativas, assinale a que é apontada como a menos compatível com
a dignidade da pessoa humana e o Estado Democrático de Direito.
a) O Direito Penal do Inimigo.
b) O abolicionismo penal.
c) O Direito Penal Mínimo.
d) A “Terza Scuola”.

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e) A Lei da Saturação Criminal

18. (VUNESP – 2013 – PC/SP – PAPILOSCOPISTA)


De acordo com a Sociologia Criminal, pode-se citar como exemplo da Teoria de
Consenso:
a) a Teoria crítica.
b) a Teoria radical.
c) a Teoria das janelas quebradas.
d) a Teoria da associação diferencial.
e) a Teoria do conflito.

19. (VUNESP – 2014 – PC-SP – PERITO)


A Teoria do labelling approach, a qual explica que a criminalidade não é uma
qualidade da conduta humana, mas a consequência de um processo em que se
atribui tal estigmatização, também é denominada teoria
(A) da desorganização social.
(B) da rotulação ou do etiquetamento.
(C) da neutralização.
(D) da identificação diferencial.
(E) da anomia.

20. (VUNESP - 2014 - PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA)


Dentre os modelos sociológicos, as teorias da criminologia crítica, da rotulação e
da criminologia radical são exemplos da teoria.
A) do consenso
B) da aparência
C) do descaso
D) da falsidade.
E) do conflito.

21. (PC-SP - 2011 - PC-SP - DELEGADO DE POLÍCIA)


Assinale a alternativa incorreta.
A Teoria do Etiquetamento
A) é considerada um dos marcos das teorias de consenso.
B) é conhecida como Teoria do Labelling Aproach.
C) tem como um de seus expoentes Ervinh Goffman.
D) tem como um de seus expoentes Howard Becker.
E) surgiu nos Estados Unidos.

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4 EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (CESPE – 2016 – PC-PE – DELEGADO DE POLÍCIA - ADAPTADA)


Entre os modelos teóricos explicativos da criminologia, o conceito
definitorial de delito afirma que, segundo a teoria do labeling approach,
o delito carece de consistência material, sendo um processo de reação
social, arbitrário e discriminatório de seleção do comportamento
desviado.
COMENTÁRIOS: Item correto, pois tal teoria sustenta que o delito não é um
dado ôntico, ou seja, não está no mundo do ser, mas um dado normativo, pois é
uma realidade criada pelo legislador. O que se encontra no mundo do “ser” são
condutas. O adjetivo de “criminosa” a uma conduta deriva de um processo
seletivo e discriminatório, que visa a criminalizar apenas (ou com mais
frequência) as condutas praticadas pelos indivíduos das classes dominadas.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

2. (MPE-SC – 2016 – MPE-SC – PROMOTOR DE JUSTIÇA)


No âmbito das teorias criminológicas, a teoria da subcultura delinquente,
originariamente conhecida como “Escola de Chicago”, assevera que a
delinquência surge como resultado da estrutura das classes sociais, que
faz com que alguns grupos aceitem a violência como forma de resolver
os conflitos sociais.
COMENTÁRIOS: Item errado, pois a teoria das subculturas delinquentes não vê
a delinquência como resultado da estrutura das classes sociais, mas defende que
a conduta delitiva não seria um reflexo negativo da desorganização social e outras
mazelas da sociedade contemporânea. Para esta teoria todo agrupamento
humano é dotado de subculturas, com uma filosofia de vida e regras próprias.
Desta forma, a existência de subculturas corresponde, naturalmente, à existência
de valores distintos daqueles pregados pela cultura dominante. Desta forma, é
possível que algumas destas subcultur as possuam valores que se
contraponham aos valores da cultura dominante e, em razão disso, o delito não
derivaria de uma predisposição à violação da Lei, e sim um mero reflexo destas
diferenças culturais.
Além disso, tal teoria não se confunde com a Escola de Chicago, embora tenha
sido considerada decorrência desta.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

3. (MPE-SC – 2016 – MPE-SC – PROMOTOR DE JUSTIÇA)


O minimalismo, enquanto movimento crítico ao sistema de justiça penal,
foi concebido com a proposta de supressão integral do sistema penal por
outras instâncias de controle social. Em sentido oposto, revelou-se o

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movimento “Lei e Ordem”, que reconhecia no direito penal máximo o
instrumento primordial à resolução dos problemas que afligem a
sociedade.
COMENTÁRIOS: Item errado, pois o minimalismo não prega a supressão
integral do sistema penal por outras instâncias de controle (isso é defendido pelo
abolicionismo imediato), mas a redução da esfera de abrangência do Direito
Penal, que deve regular apenas as condutas que sejam ameaça grave à vida em
sociedade, devendo as demais serem reguladas por outros mecanismos de
controle. Quanto ao movimento “Lei e Ordem”, de fato, é expressão do Direito
Penal Máximo, ou seja, entende que o Direito Penal deve regular toda e qualquer
conduta desviante.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

4. (MPE-SC – 2016 – MPE-SC – PROMOTOR DE JUSTIÇA)


Em sua obra "O Novo em Direito e Política", José Alcebíades de Oliveira
Júnior cita interessante trecho da doutrina de Luigi Ferrajoli: "a sujeição
do juiz à lei já não é de fato, como no velho paradigma juspositivista,
sujeição à letra da lei, qualquer que seja o seu significado, mas sim
sujeição à lei somente enquanto válida, ou seja, coerente com a
Constituição". A interpretação da frase em destaque nos remete ao
conteúdo do modelo garantista.
COMENTÁRIOS: O que a questão quer dizer, basicamente, é que o garantismo
penal prega não apenas que o Juiz esteja atrelado ao que diz a letra da lei,
embora isso importante. O garantismo penal exige do Juiz uma postura crítica
frente ao texto da lei, de forma a verificar se o que a lei prevê está de acordo
com a Constituição, ou seja, não basta ao Juiz aplicar a lei de forma “cega”,
devendo realizar uma análise acerca da legitimidade da lei (sua validade frente
ao sistema jurídico-penal garantista previsto na Constituição).
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

5. (CESPE – 2016 – PC-PE – DELEGADO DE POLÍCIA - ADAPTADA)


A Escola de Chicago, ao atentar para a mutação social das grandes
cidades na análise empírica do delito, interessa-se em conhecer os
mecanismos de aprendizagem e transmissão das culturas consideradas
desviadas, por reconhecê-las como fatores de criminalidade.
COMENTÁRIOS: Item correto, pois a Escola de Chicago sustenta que a forma
com a qual as cidades estão estruturadas é o grande problema que gera a
criminalidade. Para esta Teoria, a CIDADE (mais especificamente do que a
“sociedade” genericamente considerada) seria o foco principal da atenção da
criminologia. Para os teóricos desta Escola, a CIDADE, ou seja, o meio urbano
produz a criminalidade (crescimento populacional, crescimento desordenado,
formação de guetos, etc.).

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Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

6. (VUNESP - 2013 - PC-SP - PAPILOSCOPISTA POLICIAL)


Uma das mais importantes teorias do conflito; surgiu nos Estados
Unidos nos anos de 1960, e seus principais expoentes foram Erving
Goffman e Howard Becker. Trata-se da
A) Teoria do labelling approach.
B) Teoria da subcultura delinquente.
C) Teoria da desorganização social.
D) Teoria da anomia.
E) Teoria das zonas concêntricas.
COMENTÁRIOS: As teorias do conflito são as correntes criminológicas que, em
contraposição às teorias do consenso, entendem que o Direito Penal não parte de
um consenso social sobre os bens jurídicos mais relevantes e por isso os tutela
(ou pretende tutelar).
As teorias do conflito entendem o Direito Penal como um instrumento nas mãos
de uma das classes na sociedade, a classe dominante e que, portanto, o Direito
Penal não selecionaria bens jurídicos mais importantes para a sociedade a fim de
tutelá-los, mas selecionaria os bens jurídicos mais importantes para esta classe
dominante, de forma que haveria um conflito entre uma classe e outra.
Erving Goffman e Howard Becker foram dois dos maiores expoentes da teoria do
Labelling approach, ou teoria do “etiquetamento”, segundo a qual o delito não é
um dado natural, mas um dado normativo, ou seja, nada é delito “por sua própria
natureza”. É delito aquele fato que foi assim rotulado, e é criminoso, portanto,
aquele que foi assim rotulado pela lei, já que o fenômeno “crime” necessita de
uma previsão normativa.
Podemos citar como expoentes, ainda, o grande Alessandro Baratta.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

7. (VUNESP - 2014 - PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA)


A teoria do neorretribucionismo, com origem nos Estados Unidos,
também conhecida por “lei e ordem” ou “tolerância zero”, é decorrente
da teoria.
A) “positiva”
B) “janelas quebradas”
C) “clássica”
D) “cidade limpa”
E) “diferencial”.
COMENTÁRIOS: A teoria das janelas quebradas, ou "Broken Windows Theory",
foi desenvolvida nos EUA, e tem como fundamento básico o combate severo ao
crime, por menor que seja, pois segundo esta teoria a proliferação dos pequenos

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delitos cria um ambiente propício ao desenvolvimento de grandes delitos, sob a
alegação de que a aparente inércia do Estado produziria um efeito estimulante
em relação à prática de delitos. Trata-se de uma espécie de política de tolerância
zero.
A teoria do “neo-retribucionismo” é uma das políticas criminais contemporâneas
que pregam uma maior repressão estatal, ou seja, uma aplicação do sistema
punitivo do Estado.
Trata-se, na verdade, de um movimento de reação aos elevados índices de
criminalidade (surgido nos Estados Unidos), e tem como principal fundamento a
ideia de que para diminuir a criminalidade é necessário punir mais.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

8. (VUNESP - 2013 - PC-SP - AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA


POLICIAL)
Quanto à teoria neorretribucionista, é correto afirmar:
A) surgiu na Europa, no século passado, baseada na teoria do consenso,
tem como objetivo coibir o crime organizado e os crimes transnacionais,
o que inibiria os crimes menos graves.
B) surgiu na Itália, na década de sessenta, é uma das mais importantes
teorias do conflito, por meio dessa teoria, a criminalidade não é
resultante somente da conduta humana, mas a consequência de um
processo em que se atribui uma qualidade à pessoa.
C) surgiu nos Estados Unidos, inspirada na escola de Chicago, com a
denominação “lei e ordem” ou “tolerância zero”, decorrente da teoria
das janelas quebradas, tem como objetivo coibir os pequenos delitos, o
que inibiria os mais graves
D) surgiu na Alemanha, no século XIX, defende que o comportamento do
criminoso é aprendido, nunca herdado, criado ou desenvolvido pelo
sujeito ativo, tem como objetivo identificar e punir rigorosamente o
criminoso para servir de exemplo, a chamada prevenção geral.
E) surgiu na Inglaterra, está baseada na teoria da sub- cultura
delinquente, ou seja, o comportamento criminoso é um sintoma de
dissociação entre as aspirações socioculturais e os meios desenvolvidos
para alcançar essas aspirações.
COMENTÁRIOS: A teoria do “neo-retribucionismo” é uma das políticas criminais
contemporâneas que pregam uma maior repressão estatal, ou seja, uma
aplicação do sistema punitivo do Estado.
Trata-se, na verdade, de um movimento de reação aos elevados índices de
criminalidade (surgido nos Estados Unidos), e tem como principal fundamento a
ideia de que para diminuir a criminalidade é necessário punir mais.
De fato, esta teoria se vale, dentre outras, da conhecida “teoria das janelas
quebradas”, segundo a qual a ausência de punição dos delitos pequenos serviria

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como estímulo à prática dos delitos mais graves, de maneira que o Estado deveria
aumentar, ainda mais, seu sistema punitivo.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

9. (UFPR – 2014 – DPE-PR – DEFENSOR PÚBLICO)


Em relação às distintas teorias criminológicas, a ideia de que o
“desviante” é, na verdade, alguém a quem o rótulo social de criminoso
foi aplicado com sucesso foi desenvolvida pela Teoria
a) da anomia.
b) da associação diferencial.
c) da subcultura delinquente.
d) da ecologia criminal.
e) da reação social ou Labelling Approach.
COMENTÁRIOS: A ideia de que o crime é um rótulo imposto a determinadas
condutas deriva da teoria da reação social ou rotulamento social (labelling
approach). Em consequência disso, “criminoso” também será alguém que foi
rotulado como tal, de acordo com a seletividade do sistema penal.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

10. (FEPESE – 2014 – MPE-SC – PROMOTOR DE JUSTIÇA)


Contrariamente ao classicismo, que não visualizou no criminoso
nenhuma anormalidade - e dele não se ocupou - o positivismo
reconduziu-o para o centro de suas análises, apreendendo nele estigmas
decisivos da criminalidade.
COMENTÁRIOS: Discordo um pouco do gabarito desta questão. Isto porque os
clássicos, de fato, apoiavam suas teses na ideia de que o crime não seria
decorrência de uma anormalidade da figura do criminoso. Contudo, dizer que os
clássicos não se ocuparam da figura do criminoso parece um pouco forçado. De
toda forma, o positivismo realmente conduziu o criminoso para o centro da
análise, inclusive verificando nele aspectos biológicos como fatores criminógenos.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ COR RETA.

11. (FEPESE – 2014 – MPE-SC – PROMOTOR DE JUSTIÇA)


No paradigma etiológico, modelado segundo uma matriz positivista
derivada Das Ciências Naturais, a Criminologia é definida como uma
Ciência causal-explicativa da criminalidade, isto é, que investiga as
causas da criminalidade (seu objeto) segundo o método experimental.
COMENTÁRIOS: A etiologia criminal é uma disciplina que visa a explicar as
causas da criminalidade. Para tanto, se vale do empirismo, o método científico
da experimentação.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

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12. (VUNESP – 2014 – PC-SP – MÉDICO LEGISTA)


O método de estudo da Criminologia reúne as seguintes características:
a) silogismo; vedação de interdisciplinariedade; visão indutiva da
realidade.
b) empirismo; vedação de interdisciplinariedade; visão indutiva da
realidade.
c) racionalismo; interdisciplinariedade; visão indutiva da realidade.
d) empirismo; interdisciplinariedade; visão indutiva da realidade.
e) racionalismo; interdisciplinariedade; visão dedutiva da realidade.
COMENTÁRIOS: Ciência do “ser”, a criminologia se vale do empirismo para
comprovar suas teses, bem como possui caráter interdisciplinar, já que se utiliza
de diversos ramos da ciência que lhe são correlatos, como a psicologia, a
psiquiatria, a sociologia, etc.
Também pode ser considerada indutiva, eis que se vale do conhecimento do
objeto de estudo para formar um juízo universal.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

13. (VUNESP – 2014 – PC-SP – MÉDICO LEGISTA)


Assinale a alternativa que completa as lacunas do texto.
Os estudos de Sociologia Criminal de Sutherland (Teoria da Associação
Diferencial) estão principalmente ligados aos crimes de e
tiveram como foco .
a) genocídio ... a Alemanha
b) organizações criminosas ... a Itália
c) jogo ilegal ... a atual Rússia (ex-URSS)
d) discriminação de gênero ... países do Oriente Médio
e) colarinho branco ... os Estados Unidos da América
COMENTÁRIOS: Sutherland focou seus estudos sobre os crimes de colarinho
Branco, nos Estados Unidos da América, mais especificamente em Chicago.
Para Sutherland, as explicações fornecidas pelas diversas teorias criminológicas
até então não seriam capazes de responder de forma adequada à questão dos
crimes de colarinho branco, já que todas (ou quase todas) viam nas mazelas
sociais (desorganização social, pobreza, etc.) a gênese do crime, de forma que
se distanciavam da realidade dos crimes de colarinho branco (White colar crimes).
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

14. (VUNESP – 2014 – PC-SP – DELEGADO DE POLÍCIA)

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A moderna Sociologia Criminal possui visão bipartida do pensamento
criminológico atual, sendo uma de cunho funcionalista e outra de cunho
argumentativo. Trata-se das teorias
a) indutiva e dedutiva.
b) do consenso e do conflito.
c) absoluta e relativa.
d) moderna e contemporânea.
e) abstrata e concreta.
COMENTÁRIOS: O pensamento da criminologia social ou sociológica é bipartido
em teoria do consenso e teoria do conflito.
A teoria do consenso ou “criminologia do consenso” parte da premissa de que a
sociedade é formada por uma séria de valores fundamentais consensuais, que
devem ser protegidos e promovidos por todos. Assim, o Direito Penal nada mais
seria que uma ferramenta para a defesa destes valores comuns a todos os
indivíduos.
Inserem-se nesta ideia as teorias desenvolvidas pela ESCOLA DE CHICAGO,
ANOMIA E ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL.
A criminologia do conflito vê a sociedade não como um todo coeso e harmônico,
fundado em valores comuns a todos os indivíduos, e sim um campo de batalha
entre classe dominante e dominada. Para ela, o Direito Penal nada mais é que
uma ferramenta a serviço da classe dominante, de forma a garantir a manutenção
do status quo, coagindo a classe dominada a “andar na linha”. Para tanto, o
Direito Penal seria absolutamente seletivo na escolha das condutas que seriam
criminalizadas, optando por uma criminalização primária voltada às condutas
geralmente praticadas pelos indivíduos pertencentes à classe dominada (furto
seria mais grave que condutas lesivas à ordem econômica, por exemplo).
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

15. (FEPESE – 2014 – MPE-SC – PROMOTOR DE JUSTIÇA)


O movimento de política criminal denominado "lei e ordem" se deve à
construção teórica de Gunther Jacobs que, por sua vez, deriva do
"labelling approach".
COMENTÁRIOS: Item errado. O movimento “lei e ordem”, assim como o
“tolerância zero” decorrem da teoria das janelas quebradas, que entendia que os
delitos deveriam ser sempre punidos, por menores que fossem, como forma de
reafirmar a autoridade da Lei e inibir a prática dos delitos mais graves.
Tal teoria derivou da corrente de pensamento conhecida como ESCOLA DE
CHICAGO.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

16. (VUNESP – 2013 – PC-SP – AGENTE)

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Teoria e questões
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Os “crimes de colarinho branco” são delitos conhecidos na Criminologia
por
a) crimes contra a dignidade social.
b) crimes de menor potencial ofensivo.
c) cifras cinza.
d) cifras amarelas.
e) cifras douradas.
COMENTÁRIOS: Na verdade, a cifra dourada corresponde aos crimes de
colarinho branco que não são reportados ou apurados pelas agências de controle,
normalmente em razão do poder econômico dos infratores.
Assim, embora crime de colarinho branco não seja sinônimo de cifra dourada,
esta está vinculada aos crimes de colarinho branco.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

17. (PC-SP – 2010 – PC-SP – ESCRIVÃO)


Dentre as alternativas, assinale a que é apontada como a menos
compatível com a dignidade da pessoa humana e o Estado Democrático
de Direito.
a) O Direito Penal do Inimigo.
b) O abolicionismo penal.
c) O Direito Penal Mínimo.
d) A “Terza Scuola”.
e) A Lei da Saturação Criminal
COMENTÁRIOS: Dentre as alternativas, certamente o “Direito Penal do Inimigo”
não se coaduna com um Estado Democrático de Direito.
O Direito Penal do Inimigo pressupõe a existência de um Direito Penal que mitigue
as garantias constitucionais aos criminosos considerados “contumazes”, ou seja,
aqueles que fazem do crime seu meio de vida.
Assim, haveria um “Direito Penal do Cidadão”, no qual seriam observados os
direitos e garantias fundamentais do acusado, e um “Direito Penal do Inimigo”,
no qual estas garantias poderiam ser flexibilizadas ou afastadas, já que não se
estaria diante de alguém que merecesse qualquer consideração por parte do
Estado.
Este tipo de teoria é inadmissível num Estado Democrático de Direito por,
inicialmente, violar o princípio da isonomia. Num segundo plano, não menos
importante, violaria, ainda, a ideia de que o Direito Penal pune as pessoas pelo
que elas FAZEM e não pelo que elas SÃO.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

18. (VUNESP – 2013 – PC/SP – PAPILOSCOPISTA)

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Teoria e questões
Aula 02 – Prof. Renan Araujo
De acordo com a Sociologia Criminal, pode-se citar como exemplo da
Teoria de Consenso:
a) a Teoria crítica.
b) a Teoria radical.
c) a Teoria das janelas quebradas.
d) a Teoria da associação diferencial.
e) a Teoria do conflito.
COMENTÁRIOS: A Teoria do Consenso parte do pressuposto de que o Direito
Penal não é instrumento de dominação de classes, mas instrumento em prol do
bem comum de uma sociedade cujos interesses são homogêneos. A Teoria do
Conflito, por sua vez, entende que a sociedade não possui interesses
homogêneos, já que existe um conflito de classes, e que o Direito Penal nada
mais é que uma ferramenta para o exercício da dominação de uma classe pela
outra.
Dentre as alternativas, a teoria da associação diferencial é uma das que
representa a teoria do consenso, pois prega que o delito, como qualquer conduta
humana, é um aprendizado, uma apreensão de comportamentos desviantes, pela
Lei da Imitação. Esta teoria não enxerga a existência de um grupo pré-
determinado como alvo da Lei Penal, ou seja, uma clientela já pré-estabelecida,
como entende a Teoria do Conflito Social.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

19. (VUNESP – 2014 – PC-SP – PERITO)


A Teoria do labelling approach, a qual explica que a criminalidade não é
uma qualidade da conduta humana, mas a consequência de um processo
em que se atribui tal estigmatização, também é denominada teoria
(A) da desorganização social.
(B) da rotulação ou do etiquetamento.
(C) da neutralização.
(D) da identificação diferencial.
(E) da anomia.
COMENTÁRIOS: A teoria do labelling aproach, ou teoria do “etiquetamento” ou
da “rotulação”, tem como um dos principais expoentes o criminólogo Alessandro
Baratta.
Enquanto o pensamento criminológico até então vigente sustentava que o
atributo criminal de uma conduta existia objetivamente, como um ente natural e
até era preexistente às normas penais que o definiam num mero exercício de
reconhecimento (num alardeado consenso social), a "Teoria do Labelling
Approach" virá para desmistificar todas essas equivocadas convicções.
O "Labelling Approach" ou "etiquetamento" indica que um fato só é tomado como
criminoso após a aquisição desse "status" através da criação de uma lei que
seleciona certos comportamentos como irregulares, de acordo com os interesses

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sociais. Em seguida, a atribuição a alguém da pecha de criminoso depende
novamente da atuação seletiva das agências estatais.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

20. (VUNESP - 2014 - PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA)


Dentre os modelos sociológicos, as teorias da criminologia crítica, da
rotulação e da criminologia radical são exemplos da teoria.
A) do consenso
B) da aparência
C) do descaso
D) da falsidade.
E) do conflito.
COMENTÁRIOS: Estas teorias são exemplos de teoria do conflito. Para esta
teoria a sociedade é uma grande luta de classes, de maneira que a classe
dominante necessita manter a classe dominada nesta condição e, para tanto, se
vale de diversas ferramentas, dentre elas o Direito Penal. Como decorrência de
seu viés “parcial”, o Direito Penal não é isonômico, ou seja, não atua de maneira
uniforme sobre todas as camadas sociais.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

21. (PC-SP - 2011 - PC-SP - DELEGADO DE POLÍCIA)


Assinale a alternativa incorreta.
A Teoria do Etiquetamento
A) é considerada um dos marcos das teorias de consenso.
B) é conhecida como Teoria do Labelling Aproach.
C) tem como um de seus expoentes Ervinh Goffman.
D) tem como um de seus expoentes Howard Becker.
E) surgiu nos Estados Unidos.
COMENTÁRIOS: A teoria do Labelling approach, ou teoria do “etiquetamento”,
é a teoria segundo a qual o delito não é um dado natural, mas um dado
normativo, ou seja, nada é delito “por sua própria natureza”. É delito aquele fato
que foi assim rotulado, e é criminoso, portanto, aquele que foi assim rotulado
pela lei, já que o fenômeno “crime” necessita de uma previsão normativa.
Esta teoria surgiu nos EUA, em meados dos anos 1960 e tem como expoentes
Ervinh Goffman e Howard Becker, além de Alessandro Baratta.
Não se trata de uma das teorias do “consenso”, ao contrário, é uma das teorias
do conflito social, teorias estas que entendem o Direito Penal como um
instrumento nas mãos de uma das classes na sociedade, a classe dominante e
que, portanto, o Direito Penal não selecionaria bens jurídicos mais importantes
para a sociedade a fim de tutelá-los, mas selecionaria os bens jurídicos mais

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Teoria e questões
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importantes para esta classe dominante, de forma que haveria um conflito entre
uma classe e outra, e não um consenso entre elas contra um “mal comum”.
Portanto, a ALTERNATIVA INCORRETA É A LETRA A.

5 GABARITO

1. CORRETA
2. ERRADA
3. ERRADA
4. CORRETA
5. CORRETA
6. ALTERNATIVA A
7. ALTERNATIVA B
8. ALTERNATIVA C
9. ALTERNATIVA E
10. CORRETA
11. CORRETA
12. ALTERNATIVA D
13. ALTERNATIVA E
14. ALTERNATIVA B
15. ERRADA
16. ALTERNATIVA E
17. ALTERNATIVA A
18. ALTERNATIVA D
19. ALTERNATIVA B
20. ALTERNATIVA E
21. ALTERNATIVA A

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