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SEGUNDA PARTE
Todas essas linhas de pesquisa têm como traço comum a busca de uma
explicação etiológica endógena do crime e do homem criminoso. Procura-se
apontar uma causa da conduta criminosa que estaria no próprio homem,
enquanto alguma forma de anormalidade física e/ou psíquica. Também todas
essas teorias apresentam um equívoco comum: pretendem explicar isoladamente
o complexo fenômeno da criminalidade.
QUESTÕES:
1. (Médico Legista 2013). O método de estudo da Criminologia reúne as seguintes
características:
a) Silogismo; vedação de interdisciplinaridade; visão indutiva da realidade.
b) Empirismo; vedação de interdisciplinaridade; visão indutiva da realidade.
c) Racionalismo; interdisciplinaridade; visão indutiva da realidade.
d) Empirismo; interdisciplinaridade; visão indutiva da realidade.
e) Racionalismo; interdisciplinaridade; visão dedutiva da realidade.
Para estudar o fenômeno criminal é necessário o estudo dos fatores sociais, dos
criminosos e também como a sociedade reage ao crime. Isso mostra que o crime
não é um fenômeno individual e isolado; este resulta sempre de uma construção
social ou de uma reação social a um determinado comportamento. As teorias que
estudaram o fenômeno criminal em conexão com os fenômenos normais e
ordinários da vida cotidiana foram as teorias do consenso e do conflito.
1. TEORIAS DO CONSENSO:
a) Teoria Ecológica:
Há dois conceitos básicos para que se possa entender a ecologia criminal e seu
efeito criminógeno: a ideia de “desorganização social” e a identificação de “áreas
de criminalidade”. Tem sua atenção voltada para o impacto criminológico em face
do desenvolvimento urbano. De acordo com essa teoria, a cidade é que produz
a delinquência, pois há um paralelismo entre o crescimento da cidade e o
aumento da criminalidade.
Desorganização do desenvolvimento;
Falta de controle social gerados pelo desenvolvimento urbano;
Deterioração dos grupos primários, como família, escola, etc., resultando
em relações sociais superficiais, alta mobilidade, crise nos valores
tradicionais, superpopulação e descontrole social.
Tendo em vista que a cidade não havia planejamento para receber tanto em
pouco tempo, as pessoas começaram a se organizar em guetos que não
conversavam entre si. As leis puritanas, como a lei Seca, eram muito rígidas, e
em detrimento dessa rigidez, o cenário tornou-se favorável ao surgimento da
máfia.
1. Desorganização Urbana
b) Teoria Espacial:
Por isso que os projetos habitacionais no Brasil não dão certo. Pois o que se pensa
ao implantar essa política é uma organização que o poder queira. As pessoas não
se sentem vinculadas àquele território. “O que eles querem? Não é o que eu
quero que deve ser considerado?”.
A escola aplicada nos EUA, da tolerância zero, lei e ordem ou das janelas
quebradas, utilizou-se dos estudos e conclusões da Escola de Chicago,
Aristóteles dizia que “os crimes mais graves são cometidos pelo excesso, e não
pela necessidade.
Para Gabriel Tardi, o criminoso não nasce criminoso, é um tipo profissional, como
qualquer outro. Todos os hábitos se aprendem por imitação.
Atenção: as teorias críticas radicais não têm isso como objeto de pesquisa, mas
sim o porquê das pessoas serem punidas, serem selecionadas pelo direito penal.
A sociologia não pode explicar porque cada um comete crime. Cada um tem sua
razão. Até mesmo porque existem fatos muito mais danosos que não são
considerados crimes, como, por exemplo, uma demissão em massa.
A LEI SECA, nos EUA, estimulou o surgimento do contrabando e a formação do
gangsterismo norte-americano. O mafioso italiano Al Capone aproveitou-se da
proibição do comércio do álcool durante a vigência daquela lei, dedicando-se ao
contrabando de bebidas alcoólicas, incentivando às casas de prostituição e jogos.
Capone frequentava a alta sociedade americana, realizando frequentes reuniões
em hotéis de luxo. Segundo ele, eu pratico o crime vendendo e eles comprando.
QUESTÕES:
Entende-se que teoria da anomia é uma situação social que surge pela ausência
da ordem, normas e valores sociais. Foi desenvolvida por Robert King Merton,
influenciado pela obra clássica de Emile Durkheim "O suicídio", sendo enunciada
pela primeira vez em 1938 em um artigo publicado na American Sociological
Review titulada de Social Structre and Anomie.
Se o crime não for grave ele pode desempenhar outra função: alterar a
consciência coletiva (homossexualidade). Neste caso, há uma flexibilização da
consciência coletiva que passa a abarcar a homossexualidade, deixando de ser
crime.
+ + Conformista
+ - Ritualista
- - Apatia
- + Inovação
+/- +/- Rebelião
Albert K. Cohen (1955) – “Delinquent boys: the culture of the gang”. Analisa uma
criminalidade bem específica: gangues de adolescentes nos EUA.
A juventude contracultural, por sua vez, faz uma negação mais compreensiva e
articulada da sociedade. Como exemplo pode ser lembrado os
movimentos hippies, beatniks etc. A contracultura é, pois, caracterizada por um
conjunto de valores e padrões de comportamento que contradizem diretamente
os da sociedade dominante.
“Se você não venceu na vida, é porque não se esforçou”. Culpa individual.
Leva os jovens à negação dos valores da classe média e fuga das metas culturais
{mecanismo psíquico – formação reativa. Rejeito valores que me causam dor}.
Encontram, assim, outros na mesma situação, criando uma subcultura. Entendem
que esses valores não são adequados para eles, podendo ser criadas novas
molduras valorativas que sejam mais adequadas.
2. (Médico Legista 2013). Escola Criminológica que tem como expoente Albert
Cohen, e que procura equacionar, por meio de respostas não criminais e não
punitivas, o comportamento geralmente juvenil que desafia os modelos da
produção consumista:
a) Escola da Contracultura Contemporânea.
b) Teoria da subcultura delinquente.
c) Escola Socialista Cultural.
d) Teoria do Comunismo Consciente.
e) Teoria do Socialmente Razoável.
SUPRAESTRUTURA - Discursos que mantém o proletário alienado para que não se revolte
contra o sistema predatório de exploração do homem contra o homem. Ideologia: falsa
percepção de realidade. Cristaliza-se em instituições → filosofia, religião e direito.
Vide Código Penal Brasileiro: Extorsão mediante sequestro X Redução à condição análoga
de escravo. Análise das penas.
Ambos são similares: restringe-se a liberdade de alguém para conseguir um lucro ilícito.
A diferença é apenas o sujeito: sujeito ativo na extorsão é o proletário/na redução à
condição análoga de escravo é o detentor dos meios de produção; sujeito passivo, inverte-
se.
Inversão da causa/efeito: o proletário não é proletário porque é pobre; ele é pobre porque
é proletário. A pobreza é intencionalmente criada.
De acordo com Sampaio (p. 64): “Por meio dessa teoria ou enfoque, a
criminalidade não é uma qualidade da conduta humana, mas a consequência de
um processo em que se atribui tal “qualidade” (estigmatização)”.
A essência desta teoria pode ser definida, em termos gerais, que cada um se
torna aquilo que os outros veem em nós. Entende-se, sob esse ponto de vista,
que a conduta humana é decisivamente influenciada pelos processos de interação
social, sendo que o indivíduo tem de si a imagem que os outros fazem
dele. Por essa razão, a natureza delitiva de uma conduta praticada por esse
indivíduo não se encontra na conduta em si, e muito menos na pessoa de que a
pratica, mas na valorização que a sociedade confere a ela.
Guerra do Vietnã;
Pacifismo;
Nenhum ato é desviante por si próprio, mas o desvio é criado por um rótulo
imposto, criado pelo “gestores morais”, que são as classes dominantes
culturalmente, igreja, mídia, elites políticas e Estado e agências punitivas {MP,
Judiciário, Polícia}. Eles não apenas criam as regras, como garantem que tais
regras sejam aplicadas, garantindo sua manutenção do poder.
OUTROS AUTORES DO LABELLING APPROACH
- Kai T. Erikson;
- Edwin Lemert;
- Edwin Schur;
QUESTÕES:
Nestor Sampaio (p. 68) afirma que é: “Uma vertente diferenciada surge nos
Estados Unidos, com a denominação lei e ordem ou tolerância zero (zero
tolerance), decorrente da teoria das “janelas quebradas” (broken windows
theory), inspirada pela escola de Chicago, dando um caráter “sagrado” aos
espaços públicos”.
São várias linhas de pensamentos que acabam sendo agrupadas como teorias
críticas. Existem várias vertentes: abolicionistas, minimalistas, garantistas,
feminista, etc.
Todas essas linhas de pensamento tem como base a teoria marxista (ao menos
no que diz respeito à visão da sociedade como conflito), bem como a
dúvida/crítica quanto ao conceito de delito.
ABOLICIONISTAS:
No Brasil, ainda que os crimes econômicos possuam penal altas, pelo REFIS se
você parcelar o debito suspende o processo; se você pagar integralmente, o
processo é extinto; se a dívida for inferior a 20 mil reais, há a aplicação do
princípio da insignificância.
Nesse sentido, caso se quebre uma janela de um prédio e ela não seja
imediatamente consertada, os transeuntes pensarão que não existe autoridade
responsável pela conservação de ordem naquela localidade. Logo todas as outras
janelas serão quebradas. Ou seja, haverá decadência daquele espaço urbano em
pouco tempo, facilitando a permanência de marginais no lugar, um terreno
propício à criminalidade.
Essa teoria foi aplicada em Nova York, pelo Chefe de Polícia Wiliam Bratton, e
pelo Prefeito Rudolph Giuliani, nos anos 90.
Nessa época Nova York era considerada a Capital do Crime, e após a aplicação
da teoria, houve redução satisfatória da criminalidade, considerando Nova York
hoje a cidade mais segura dos EUA.
Ela foi aplicada aos vândalos do metrô, pela ideia de lei e ordem, em que agia
contra os grupos de vândalos que levavam os para-brisas de veículos e
extorquiam dinheiro dos motoristas. Essa conduta era punida com serviços
comunitários e não levava a prisão. Assim, as pessoas eram intimadas e muitas
vezes não cumpriam a determinação judicial, cujo descumprimento autorizava,
então, a prisão. A prisões foram feitas às centenas, o que intimidava os demais,
levando os nova-iorquinos a acabar em semanas com o temor de anos.
Índices semelhantes foram obtidos em Los Angeles, Las Vegas e São Francisco.
Antes tínhamos o rei e o condenado. O rei tinha poder absoluto, inclusive sobre
o corpo do condenado e o condenado sem poder sequer sobre o próprio corpo.
Atualmente, as sociedades disciplinar adestram o comportamento, conformam o
corpo.
Ele deve ser dócil e não ressocializado. O potencial revolucionário vira bandido
dócil. Politicamente dócil e economicamente útil.