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INTRODUÇÃO
Scott Bonn, professor de criminologia na Drew University e autor do livro Why We Love
Serial Killers (Porque Amamos Assassinos em Série, em tradução livre) detalha em um
artigo publicado na revista Time: “As pessoas recebem uma ‘descarga’ de adrenalina
como uma recompensa ao testemunhar ações terríveis. A adrenalina é um hormônio que
produz um efeito poderoso, estimulante e até viciante no cérebro.”
Muitos, ainda hoje, escrevem sobre criminologia sob uma perspectiva médica, analisam
o comportamento antissocial como anormalidades da personalidade, constituídas ou
adquiridas. Estes são minoria, pois os profissionais da área médica devem limitar suas
observações aos infratores que sofrem distúrbios com sintomas inequívocos.
Portanto, apesar de citar os diferentes enfoques das correntes criminológicas, vamos nos
ater a análise da criminologia sob uma visão macrocriminal, sob um enfoque das ciências
sociais.
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Antes de analisarmos o conceito da criminologia, convém fazer uma observação
importante: a análise da criminologia esbarra nas diferentes perspectivas existentes nas
ciências humanas. Definir criminologia sob a perspectiva crítica é algo totalmente
diferente do que definir a mesma criminologia sob a perspectiva do positivismo.
Para Sergio Salomão Shecaira a criminologia não é uma ciência, uma vez que não tem
objeto de estudo e teorias próprios, sendo, na verdade, um campo de conhecimentos
interligados (interdisciplinaridade), transitando pela sociologia, histórica, psicanálise,
antropologia e filosofia, todos focados no fenômeno criminal – é um arquipélago do saber.
CONCEITO
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Etimologicamente, Criminologia deriva do latim crimen (crime, delito) e do grego logo
(tratado). Foi o antropólogo francês, Paul Topinard (1830-1911), o primeiro a utilizar este
termo no ano de 1879. Todavia, o termo só passou a ser aceito internacionalmente com a
publicação da obra Criminologia, já no ano de 1885, de Raffaele Garofalo (1851-1934).
A criminologia é uma ciência do “ser”, empírica, na medida em que seu objeto (crime,
criminoso, vítima e controle social) é visível no mundo real e não no mundo dos valores,
como ocorre com o direito, que é uma ciência do “dever-ser”, portanto, normativa e
valorativa.
O estudo científico do delito também inclui a sua medida e extensão, isto é, quantos
delitos são cometidos em certo período de tempo em dada unidade espacial, podendo ser
um país, uma região ou bairro. Naturalmente, a medida pode se referir também a tipos
concretos de delitos. Também se ocupa de estudar as tendências dos delitos ao longo do
tempo, por exemplo, se aumenta ou diminui; da comparação entre diferentes países,
comunidades ou outras entidades; ou de estudar se o delito se concentra em certos lugares,
momentos ou grupo de pessoas.
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Nesse sentido, toda cautela deve ser adotada quando os agentes públicos analisam a
variação da criminalidade em uma cidade em um período muito curto, forçando
inferências de queda de criminalidade, que não se sustentam sem uma análise mais
prudente por parte da Criminologia.
Não obstante, o saber comum se produz pela convivência social, na qual se insta- lam
tabus, superstições, mitos e preconceitos, isto é, verdades estabelecidas que condicionam
fortemente a vida social pela pura convicção cultural do grupo.
E nesse sentido que (Conde, Winfried Hassemer; Francisco Munoz, 2001) ensinam que
para evitar a cegueira diante da realidade que muitas vezes tem a regulação jurídica, o
saber normativo, ou seja, o jurídico, deve ir sempre acompanhado, apoiado e ilustrado
pelo saber empírico, isto é, pelo conhecimento da realidade que brindam a Sociologia, a
Economia, a Psicologia, a Antropologia, ou qualquer outra ciência de caráter não-jurídico
que se ocupe de estudar a realidade do comportamento humano na sociedade.
Nesse contexto, não devemos nos esquecer do papel cada vez mais destinado à vítima
criminal, assunto muito estudado pela Vitimologia e pela Criminologia, mas ainda
abordado de forma tímida e precária na seara jurídico-penal.
CARACTERÍSTICAS
A criminologia é uma ciência do “ser”, empírica, na medida em que seu objeto (crime,
criminoso, vítima e controle social) é visível no mundo real e não no mundo dos valores,
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como ocorre com o direito, que é uma ciência do “dever-ser”, portanto, normativa e
valorativa.
1. O crime deve ser analisado como um problema com sua face humana e dolorosa.
2. Aumenta o espectro de ação da criminologia, para alcançar também a vítima e as
instâncias de controle social.
3. Acentua a necessidade de prevenção, em contraposição à ideia de repressão dos
modelos tradicionais.
4. Substitui o conceito de “tratamento” (conotação clínica e individual) por
“intervenção” (noção mais dinâmica, complexa, pluridimensional e próxima da
realidade social).
5. Empresta destaque aos modelos de reação social ao delito como um dos objetos
da criminologia.
6. Não afasta a análise etiológica do delito (desvio primário).
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OBJETO
O delito, para o direito penal, é considerado como ação ou omissão típica, ilícita e
culpável – conceito que tem como base o juízo de subsunção de um fato individualmente
considerado perante a norma.
Para a criminologia, contudo, interessa o delito do ponto de vista coletivo, quer dizer,
como um fenômeno comunitário, questionando os parâmetros (“critérios”) para a
sociedade estabelecer que determinada conduta mereça ser taxada como criminosa.
O autor afirma ainda, que esses são elementos básicos para uma sociedade criminalizar
uma conduta, sendo que toda a legislação criminal e suas eventuais reformas deveriam
estar assentadas nessas premissas.
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do crime pode estar mais associada à cura, restabelecimento ou contenção do indivíduo,
mas não necessariamente à uma punição proporcional (medida de segurança), embora
houvesse também positivistas que defendem-se a aplicação da pena proporcional; para a
visão correlacionista, o criminoso é um ser inferior, deficiente, incapaz de dirigir por si
mesmo a sua vida, de modo que é uma pessoa que precisa ser tutelada pelo Estado, e este
deveria adotar uma postura pedagógica e piedosa; para a visão marxista, criminoso é um
mera vítima da superestrutura econômica em que se estabelece a sociedade capitalista
(determinismo social e econômico).
O conceito de vítima é a pessoa que sofre diretamente a ofensa ou ameaça ao bem tutelado
pelo Direito.
É preciso observa que o modo como a vítima foi encarada pelos estudos penais variam:
Sobre a importância deste estudo, vale colacionar o seguinte trecho do livro de Sérgio
Salomão Shecaira:
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crimes que deixam marcas e causam traumas, eventualmente até tomando as
medidas necessárias a permitir que tais vítimas sejam indenizadas por
programas estatais, como ocorre em inúmeros países (México, Nova
Zelândia, Áustria, Finlândia e alguns Estados americanos). De outra parte,
os estudos vitimológicos permitem estudar a criminalidade real, mediante
informes facilitados pelas vítimas de delitos não averiguados (cifra negra da
criminalidade)
Por fim, chegamos ao controle social do delito, o qual é definido como “o conjunto de
mecanismos e sanções sociais que pretendem submeter o indivíduo aos modelos e normas
comunitárias”, e é dividido em duas espécies: controle social informal e controle social
formal.
Esse controle tem maior influência em sociedades menos complexas, onde os laços
comunitários são fortalecidos pela proximidade, pelo cotidiano, pelo compartilhamento
de ideais e valores comunitários (exemplo disso seria um espírito de amizade e vizinhança
nas comunidades rurais). Já nas sociedades mais complexas, onde o outro é
desconhecido, e as oportunidades são transitórias, esses laços não teriam efetiva
oportunidade de serem formados (ex.: anonimato urbano), de modo que o controle
informal é menos presente, o que deixa grande margem de manobra para controle social
formal.
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Controle/Agentes sociais FORMAIS sendo estas marcadas pela formalismo e coerção,
que dizer, uso organizado (racional) da força, operando através das polícias, do Ministério
Público, do Poder Judiciário e da Administração Penitenciária, os quais tem como norte
a pena (repressão) como instrumento ordenador da conduta dos indivíduos.
MÉTODO E FINALIDADE
Segundo a doutrina majoritária, método é o meio pelo qual o raciocínio humano procura
desvendar um fato, referente à natureza, à sociedade e ao próprio homem. No campo da
criminologia, essa reflexão humana deve estar apoiada em bases científicas,
sistematizadas por experiências, comparadas e repetidas, visando buscar a realidade que
se quer alcançar.
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no mapeamento da criminalidade, ferramenta extremamente útil à formação da políticas
e estratégias criminais.
Técnica de grupos de controle: comparação estatística entre dois grupos com algum
traço distintivo, objetivando obter conclusões a respeito da relevância dessa variável nos
indivíduos. Exemplo: acompanhar o grau de reincidência entre grupos condenados
criminais, tendo como traço distintivos a aplicação ou não da pena privativa de liberdade.
Os fins básicos (por vezes confundidos com suas funções) da criminologia são
informar a sociedade e os poderes constituídos acerca do crime, do criminoso, da
vítima e dos mecanismos de controle social. Ainda: a luta contra a criminalidade
(controle e prevenção criminal).
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necessário se aventurar em leituras pouco comuns aos bacharéis em direito e dominar
conceitos filosóficos, sociológicos, biológicos entre outros.
FUNÇÕES
A classificação é uma disposição de coisas segundo dada ordem (classes) para melhor
compreensão de todas elas. Já se disse que a criminologia se ocupa de pesquisar os fatores
físicos, sociais, psicológicos que inspiram o criminoso, a evolução do delito, as relações
da vítima com o fato e as instâncias de controle social, abrangendo sinteticamente
diversas disciplinas criminais, como a antropologia criminal, a biologia criminal, a
sociologia criminal, a política criminal etc.
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A doutrina dominante entende que a criminologia é uma ciência aplicada que se subdivide
em dois ramos: criminologia geral e criminologia clínica.
CIFRAS NA CRIMINOLOGIA
A expressão cifra, segundo os estudiosos e nas doutrinas mais aceitas, nasceu através do
sociólogo EDWIN SUTHERLAND – a partir da Teoria da Associação Diferencial, na
qual enfatizava alguns “crimes ocultos”, através da expressão cifra negra (genitora de
todas as outras cifras) e seus subtipos.
Assim, um dos métodos utilizados para estudar o fato e os crimes, é por intermédio da
ESTATÍSTICA, chamada de ESTATÍSTICA CRIMINAL, podendo e possibilitando
conhecer o liame causal (conduta/o que liga) entre os fatores da criminalidade e os ilícitos
criminais praticados.
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CIFRA NEGRA
São os casos que não chegam ao conhecimento das autoridades públicas, demonstrando
que os níveis de criminalidade são maiores do que aqueles oficialmente registrados.
EX: Crimes sexuais (a própria vítima fica com vergonha); ameaça; calúnia,
difamação e/ou injúria; briga entre vizinhos, etc...
CIFRA DOURADA
Trata-se dos delitos cometidos pelos poderosos que ficam impunes. Quando alguém dos
altos estratos sociais comete um crime contra o sistema financeiro ou um crime tributário,
por exemplo, é possível que fique sem punição porque o sistema penal é desenhado para
selecionar a criminalidade de rua ou até cometida por pessoas das classes mais baixas da
sociedade. Aos crimes do colarinho branco (crimes dos poderosos) que permanecem
desconhecidos ou em relação aos quais há uma indulgência do sistema persecutório penal,
dá-se o nome cifra dourada.
CIFRA CINZA
Trata-se dos crimes que são de conhecimento das instâncias policiais, porém, que não
chegam a virar um processo penal. São casos, por exemplo, solucionados pelos próprios
policiais em sua atividade rotineira; ou na própria delegacia de polícia; ou com a renúncia
da vítima ao direito de queixa ou representação. A cifra cinza demonstra que as polícias
têm papel conciliador de conflitos e, nesse aspecto, dotada de muito poder, pois
exerce suas competências de tratar o fenômeno delitivo longe da supervisão direta das
instâncias que seriam as intervenientes subsequentes do sistema de persecução, como
ministério público, defensoria pública, poder judiciário.
Ex: Lei 9.099/05 (Lei dos Juizados Especiais) – Composição dos Danos civis
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CIFRA AMARELA
São aquelas em que as vítimas são pessoas que sofreram alguma forma de violência
cometida por um funcionário público e deixam de denunciar o fato aos órgãos
responsáveis por receio ou medo de represália.
OBS: Crime praticado por funcionário público, que não seja colarinho branco (cifra
amarela); Elites/Colarinho Branco (cifra dourada)
CIFRA VERDE
Consiste nos crimes que não chegam ao conhecimento policial e que a vítima diretamente
destes é o meio ambiente.
CIFRA ROSA
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TEORIA DO CONSENSO
A sociedade funciona como uma máquina, onde cada instituição, órgão, pessoa, parte da
sociedade, funciona com uma engrenagem. Assim, se cada um está cumprindo o seu
papel, a máquina está girando e, está tudo bem. Entretanto, à partir do momento que um
membro, instituição, órgão ou qualquer parte desse corpo social infringe um regra, comete
um ilicitude, estamos diante, portanto, de um crime e, portanto vamos para tudo e
resolver.
Assim, a teoria do consenso parte do pressuposto de que se todo mundo buscar o bem
comum, está tudo certo.
1- ESCOLA DE CHICAGO
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estudos urbanos sobre o crime, mais tarde seriam conduzidos nos Estados Unidos e
Inglaterra.
Sua atuação foi marcada pelo pragmatismo, e, dentre outras inovações que preconizou,
destacam-se o método da observação participante e o conceito de ecologia humana.
Assim, as casas não são pintadas, há lixo nas ruas, um ambiente em degradação, de modo
que também seus habitantes jogam lixo nas ruas, falam palavrões, vivem de forma imoral,
refletindo-se assim, no aumento da criminalidade.
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✓ Teoria da Janelas Quebradas: Experimento realizado em 1969 por Philip Zimbardo,
psicólogo da Universidade de Stanford:
Para o experimento, foram utilizados dois locais, um bairro de classe pobre (Bronx em Nova Iorque) e outro
considerado de alto padrão (Palo Alto na Califórnia).
Em ambos, colocaram um veículo com a tampa do motor aberta. Em pouco tempo, o veículo foi
completamente depredado no Bronx por vândalos, enquanto que em Palo Alto o veículo permaneceu intacto.
Antes que alguns concluíssem de forma limitada e precipitada que a criminalidade estava vinculada apenas à
classe social de cada região, Zimbardo quebrou uma das janelas do veículo até então preservado que havia
estacionado em Palo Alto.
Com isso, poucas horas após a janela ter sido quebrada, o veículo foi completamente destruído por pessoas
que por ali passavam.
Método Empírico → Analisava cada caso; para depois perceber onde aconteciam os
crimes e sua particularidades/peculiaridades;
Apresentava finalidade pragmática → Não estudava para fins teóricos, mas tinha
finalidade de combater a criminalidade, ou seja, era um estudo prático;
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Utilizava Inquéritos Sociais → Estudos sociais (rendas; famílias; condições; se
pertenciam à alguma religião, etc..).
- Mudança efetiva nas condições econômicas e sociais das crianças (longo prazo);
- Fortalecimentos dos mecanismos de controle social informal;
- Estado atuante especialmente sobre a pobreza e desemprego, visando a
desigualdade social.
Parte da ideia segundo a qual o crime não pode ser definido simplesmente como disfunção
ou inadaptação das pessoas de classes menos favorecidas, não sendo ele exclusividade
dessas.
Encabeçada por Edwin Sutherland, representante mais conhecido dessa teoria e a quem
se atribui o nome teoria da associação diferencial propriamente dita.
Partindo dos preceitos de Chicago, Sutherland notabilizou-se por buscar uma explicação
para a criminalidade de colarinho branco.
Sutherland propõe que a conduta criminosa não é algo anormal, não é sinal de uma
personalidade imatura, de um déficit de inteligência, antes é um comportamento
adquirido por meio do aprendizado que resulta da socialização num determinado meio
social.
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A teoria da associação diferencial entende que indivíduos, principalmente os mais jovens,
aprendem comportamentos delinquentes mediante convívio com outros indivíduos que já
são criminosos.
Em essência, pretende descobrir as razões pelas quais, em alguns casos, as normas não
são eficazes para orientar o comportamento das pessoas.
Dito isso, Merton afirmar que, diante dessa tensão, existem 5 (cinco) tipos de
comportamentos/camadas:
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a) conformismo – comportamento de pessoa que se adequa aos objetivos e meios da
sociedade. Consiste na maioria da população, pois é ela que sustenta a estrutura cultural;
b) inovação – pessoa que adere aos objetivos culturalmente impostos (riqueza e poder),
mas que decide alcançá-los por meios ilícitos (meio inovadores). Este é o criminoso,
inclusive o do tipo do “colarinho branco”;
c) ritualismo – pessoa que se adequa aos meios, mas não aos objetivos da sociedade, pois
ela se vê incapaz de alcançá-los. Ela não conteste ou ignora os objetivos sociais, mas
segue compulsivamente as normas da sociedade;
Anomia, portanto, significa a ausência de lei. A falta de normas que vinculam as pessoas
num contexto social.
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4. TEORIA DA SUBCULTURA DELINQUENTE
Desenvolvida por Marvin Wolfgang e Franco Ferracuti (1967). Esta teoria defende a
existência de uma subcultura da violência, que faz com que alguns grupos passem a
aceitar a violência como um modo normal de resolver os conflitos sociais.
Mais que isso, sustenta que algumas subculturas, na verdade, valorizam a violência, e,
assim como a sociedade dominante impõe sanções àqueles que deixam de cumprir as leis,
a subcultura violenta pune com o ostracismo, o desdém ou a indiferença os indivíduos
que não se adaptam aos padrões do grupo.
O conceito não é exclusivo da área criminal, sendo utilizado igualmente em outras esferas
do conhecimento, como na antropologia e na sociologia.
Uma das principais críticas às teorias da subcultura delinquente é a de que ela não
consegue oferecer uma explicação generalizadora da criminalidade, havendo um apego
exclusivo a determinado tipo de criminalidade, sem que se tenha uma abordagem do todo.
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TEORIA DO CONFLITO
Em dado momento, quando há apenas um controle mínimo, eles entendem que até bom
o conflito social; que a briga entre pessoas, instituições e até crimes, é bom, pois eles
entendem que esses conflitos é que vai acarretar na evolução e progresso da sociedade,
entendendo que você tem que destruir um pouco para progredir.
Assim, eles entendem que não tem essa historinha de engrenagem. Eles entendem que o
poder está concentrado nas mãos de poucos e, esses poucos estão subjugando os muitos
ou a maioria, havendo assim, uma classe dominante e dominada.
Assim, essa minoria que detém o poder, para manter-se no poder está sempre subjugando
a maioria e, por conta dessas diferenças de interesses, acaba gerando conflitos e, assim,
eles entendem que esse conflito controlado ou não, podem ser positivos para evolução.
Temos aqui um viés marxista, ou seja, baseado Karl Marx, havendo 2 classificações:
Teorias do Conflito Marxista e Teoria do Conflito Não Marxistas – Destarte, quem faz
essa distinção é a doutrina, porém, para quem é a mais aprofundado sobre Karl Marx,
percebe que ambas classificações são baseadas nele.
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TEORIA DO LABELLING APPROACH, ETIQUETAMENTO OU REAÇÃO
SOCIAL
Surgiu nos EUA em 1960, sendo sua premissa principal que a rotulação dos criminosos
cria um processo de estigma aos condenados, com caráter seletivo e discriminatório, uma
vez que a prisão possui uma função reprodutora: o indivíduo rotulado como criminoso
assume finalmente o papel que lhe é designado, sendo uma das mais importantes teorias
do conflito, tendo como principais expoentes Erving Goffman e Howard Becker.
Essa teoria considera que as questões centrais da teoria e da prática criminológicas não
se relacionam ao crime e ao delinquente, mas, particularmente, ao sistema de controle
adotado pelo Estado no campo preventivo, no campo normativo e na seleção dos meios
de reação à criminalidade.
Para a teoria da reação social, o delinquente é fruto de uma construção social, e a causa
dos delitos é a própria lei; segundo essa teoria, o próprio sistema e sua reação às condutas
desviantes, por meio do exercício de controle social, definem o que se entende por
criminalidade.
Essa Teoria também faz uma crítica ao sistema carcerário, no qual diz que, o sistema
é uma verdadeira escola do crime, defendendo, portanto, o desencarceramento.
Ademais, com base nessa teoria, inspirou a criação da Lei 9.099/95 – Lei do Juizado
Especial Criminal, no qual é uma Lei com diversos institutos despenalizadores, pois
trata de crimes de menor potencial ofensivo.
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TEORIA CRÍTICA, RADICAL OU “NOVA CRIMINOLOGIA”
A criminologia crítica tem como tese a afirmação de que o desvio nasce dos conflitos
socioeconômicos e que esses conflitos, por sua vez, maximizam os efeitos do
etiquetamento secundário.
Logo, para a criminologia crítica, o conflito social é um conflito de classe sendo que o
sistema legal é um mero instrumento da classe dominante para oprimir a classe
trabalhadora.
Defende que o homem não teria o livre arbítrio, ou liberdade de escolha quando pratica
um determinado delito por encontra-se sujeito a um determinado sistema de produção.
Conclui que a norma penal surge como instrumento de controle social preconceituoso,
por recair apenas sobre a classe trabalhadores e menos favorecida, não sendo aplicada a
mesma forma às elites.
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