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CRIMINOLOGIA

Ciências criminais: direito penal, criminologia e política criminal.

Direto penal: ciência logica, abstrata, método dedutivo. Procura adequar um comportamento
individual ao comportamento previsto de forma abstrata.

Criminologia: tem entre suas funções estabelecer um diagnóstico do fenômeno criminoso.


Metodologia

Política criminal: diretrizes e soluções práticas para conduta criminosa.


Direito penal e criminologia possuem autonomia de ciência, a política criminal não.
Criminologia – estudo do crime, inicialmente o foco do estudo da criminologia eram dois: o delito e
o delinquente. Após, ampliaram o foco para a vítima e o controle social.
O idealizador do termo foi Paul Topinard e quem difundiu esse termo foi Raffaelo Garofalo.

MARCO CIENTÍFICO

Para doutrina majoritária, a obra que inaugura o saber científico criminológico é a obra o Homem
Delinquente (1876) – Cesare Lombroso, este é o primeiro estudioso da escola positivista.

Para doutrina minoritária, a obra que inaugura o saber científico é a obra dos delitos e das penas
(1764) – Cesare Beccaria, este é o primeiro autor da escola clássica.

Segundo a doutrina majoritária, a escola clássica tinha a mesma metodologia do direito penal, uma
metodologia lógica, abstrata, normativa. Uma ciência do dever ser.

Hoje a criminologia é considerada uma ciência empírica e interdisciplinar. Método empírico, indutivo
e interdisciplinar. O método empírico é o método de observação, de análise da realidade. Indutivo
porque parte do acontecimento particular para depois ir para o acontecimento geral (contrário do
direito penal). Interdisciplinar porque várias disciplinas contribuirão harmonicamente para o
desenvolvimento do conhecimento criminológico.

Métodos e técnicas de investigação para analisar o fenômeno criminal (Pablos de Molina):

Separa em duas classificações: quantitativa e qualitativas e transversais e longitudinais.

1.Quantitativas: Aplica-se a etiologia (causa, genese e o desenvolvimento) de determinado cenário


criminoso. Exemplo do quantitativo por excelência: estatística. Por si só é insuficiente.

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2.Qualitativas: Permitem compreender as chaves profundas de um problema. Ex: observação
participante e a entrevista.
3.Transversais: Tomam uma única medição da variável ou do fenômeno examinado. Estudos
estatísticos.
4. Longitudinais: Tomam várias medições, diferentes momentos temporais. Ex: estudos de
seguimentos, as biografias criminais, cases studies. Modernos estudos sobre carreiras criminais.

OBJETOS DE ESTUDO DA CRIMINOLOGIA

Até o sec.XX os objetos da criminologia eram apenas o delito e o delinquente. Após o século XX,
sobretudo com o chamado giro sociológico foram adicionados dois objetos de estudo da criminologia:
a vítima e o controle social.

DELITO

É a conduta de incidência massiva na sociedade (não pode ser um fato isolado), capaz de causar
dor, aflição e angústia (o crime deve incomodar), persistente no espaço e no tempo (deve ser algo
que seja distribuído pelo território por certo espaço de tempo). Ainda, deve ter um inequívoco
consenso da sociedade em punir/criminalizar essa conduta.

DELINQUENTE

Para escola clássica era o pecador que optou pelo mal. Presumia pelo livre arbítrio do homem, o qual
escolhia infringir a lei.

Para escola positiva: Segundo Lombroso o delinquente é um animal selvagem, um ser atávico, que
tem pré-disposição para o crime, o delinquente já nasce criminoso. Para Enrico Ferri, delinquente era
o indivíduo que é prisioneiro da sua própria patologia ou de processos causais alheios. Pena tem
caráter curativo (medida de segurança).

Escola correcionalista: O criminoso é um ser débil, é um ser inferior. O Estado deve orienta-lo e
protege-lo (ex: o tratamento dado ao menor infrator).
Marxismo: Delinquente é a própria sociedade, em razão de certas estruturas econômicas. A sociedade
que é a culpada, não o indivíduo.

Conceito atual: delinquente é o indivíduo que está sujeito às leis podendo ou não as seguir por razões
multifatoriais, e nem sempre assimilada por outras pessoas.

VÍTIMA

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Vítima: a história da vítima observou três fases bem delineadas, quais sejam: (i) Protagonismo (idade
de ouro), durou até o fim da alta idade média, a vítima exercia um papel de protagonismo. Época da
lei de Talião, vingança privado, autotutela; (ii) Neutralização (esquecimento) durou até o Código
Penal Francês, liberalismo moderno. Fundamentava as seguintes ideias: o estado é o responsável pelo
conflito social, a pena é uma garantia coletiva. Nesse período, institutos como a legitima defesa foram
esquecidos, o estado tomava para si o direito de punir e; (iii) Redescobrimento (revalorização), pós
segunda guerra mundial, a análise da vítima passa a ser importante para criminologia e direito penal.
Surgimento da vitimologia.

Tipos de vitimização:

Primária: os efeitos da conduta criminosa em si;


Secundária: é o sofrimento suportado pela vítima nas fases de inquérito e processo; e
Terciária: pela ausência de receptividade social em relação à vítima, de omissão estatal. A sociedade
repele a vítima. O estado não apoia a vítima para superar aquele momento traumático.

Classificação da Vítimas (Mendelsohn):

1. Vítima completamente inocente (vítima ideal): é a vítima completamente estranha à ação do


criminoso.
2. Vítima de culpabilidade menor (vítima por ignorância): há um grau ainda que pequeno de culpa
que leva a vítima a vitimização, como, por exemplo, um casal de namorados que mantem relação
sexual na varanda do vizinho, e este não aceitando tal situação, agride o casal.
3. Vítima voluntária: a vítima é tão culpada quanto o infrator, ambos podem ser vítimas ou autores,
como, por exemplo, no caso da roleta russa.
4. Vítima mais culpada do que o infrator: a vítima provocadora, incita a ação do autor do crime.
5. Vítima culpada: subdivide-se em vítima infratora que é a vítima que comete o delito e no final se
torna vítima, como, por exemplo, no caso de legítima defesa. Vítima simuladora: através de uma
premeditação irresponsável a vítima induz um indivíduo a ser acusado por um delito, gerando um
erro judiciário. Vítima imaginária: Se passa por vítima de um crime, mas na verdade esse crime nunca
ocorreu. A diferença entre os dois últimos tipos é que na vítima simuladora o crime ocorreu, mas a
vítima induz a interpretação de que determinado indivíduo foi o autor daquele crime. Por outro lado,
na vítima imaginária, o crime nunca existiu. Isto é, ela cria a situação de delito e imputa ao indivíduo.

CONTROLE SOCIAL

São as instancias que são responsáveis por moldar o nosso comportamento.

Informal: Instituições que durante toda a vida nos fiscalizam e até mesmo impõe sanções (Família,
escola, vizinhança, igreja).

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Formal: Quando as instituições de controle social informal não funcionam, entram em ação as de
controle formal (polícia, Ministério Público, judiciário).
Componentes fundamentais: norma, processo e sanção.

Sanções do Controle Social:

a) Sanções formais (podem ser cíveis, administrativas ou penais) e sanções informais (não tem força
coercitiva);
b) Meios positivos (prêmios e incentivos), meios negativos (imposição de sanções);
c) Controle interno (autocorreção) e controle externo (ação da sociedade ou do Estado, como multas
e penas privativas de liberdade).

Para o Labeling Approach o controle social é seletivo e discriminatório, gerador e constitutivo de


criminalidade e estigmatizante.

FUNÇÕES DA CRIMINOLOGIA

(i) Explicar e prevenir o crime;


Prevenção primária: Medidas a médio e longo prazo, aqui nós vamos investir na base, na raiz do
conflito (saúde, educação, lazer)
Prevenção secundária: Vamos atuar onde o crime se manifesta ou se exterioriza, a atuação vai ser nas
zonas de criminalidade (atuação policial, medidas de ordenação urbana, melhoria no aspecto visual
das obras arquitetônicas, controle dos meios de comunicação, etc.).
Prevenção terciária: Tem destinatário especifico, qual seja o preso. O objetivo é a ressocialização e
evitando a reincidência.
(ii) Intervir na pessoa do infrator;

Intervenção positiva, três metas: a) descobrir o impacto real da pena, em quem cumpre os seus efeitos;
b) desenhar e avaliar programas de reinserção; c) fazer a sociedade perceber que o crime é um
problema de todos (sociedade assumindo responsabilidades). Crime como problema social.

(iii) Avaliar as diferentes formas de repostas ao crime;


Modelos de reação ao crime: (a) modelo clássico: a pena tem caráter retributivo, a pena existe para
reparar o mal e castigar o criminoso. Os protagonistas desse modelo de reação é o Estado e o
criminoso, vítima e sociedade não participam. (b) Modelo ressocializador: Preocupa-se com a
reinserção social do delinquente. Papel de destaque para a sociedade. (c) Modelo Restaurador: tem
como protagonista a vítima, o objetivo é reparar o dano a vítima, por exemplo, Lei n.º 9.099/95.

SISTEMAS DA CRIMINOLOGIA

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Escola Austríaca (Posição Enciclopédica): três grupos de disciplinas fazem parte da criminologia,
quais sejam: disciplinas da realidade criminal (fenomenologia que vai estudar o surgimento da
criminalidade, etiologia vai estudar as causas da criminalidade, psicologia criminal, biologia criminal,
etc.), disciplinas do processo (criminalística que se subdivide-se em tática e técnica criminal, está
relacionada com a produção da materialidade delitiva) e disciplina de prevenção e repressão
(penologia vai estudar a teoria da pena e a profilaxia a chamada luta contra o delito, repressão pura
contra a criminalidade).

Concepção estrita: adota disciplinas de realidade criminal, entretanto, não adota a criminalística, a
penologia e profilaxia.

Aula 5
Etapa pré cientifica e etapa científica

Na etapa pré-cientifica, embora já houvesse uma serie de estudo esparsos, não havia um estudo
cientifico com metodologia própria, eram estudos que de alguma forma estavam relacionados com a
criminologia. (Escola Clássica)

Na etapa cientifica, tem a autonomia cientifica, metodologia e estudo próprio, tem como marco
cientifico a obra O HOMEM DELIQUINTE de Lombroso. (Escola Positivista)

Escola Clássica: Século 18 e início do século 19. Chamada de Época do Pioneiros. Trabalha com
estudos sobre o crime, sobre o direito penal e sobre a pena. Tem como principais autores: Feuerbach,
Cesare Beccaria, Carrara e escola clássica de direito penal na Itália. Paradigma histórico:
transformações iluministas. A escola clássica traz uma carga filosófica, ela passa da filosofia do
direito penal para uma fundamentação filosófica da ciência do direito penal. Então a escola clássica
vem contribuir com uma construção da ciência do direito penal, com uma fundamentação filosófica.
Está fundamenta nos ideais do contrato social, pacto social de Rousseau, da divisão dos poderes, e
de uma teoria jurídica do delito e da pena. Deste modo, quando se fala sobre a escola clássica, deve
se lembrar do pecador que optou pelo mal, por sua vontade racional. Todo eixo da escola clássica
está baseado na racionalidade.
Para beccaria, o dano social é elemento essencial da teoria do delito. Do mesmo modo, a defesa social
é elemento da teria da pena. A pena serve como uma defesa social. A base da defesa humano é a
utilidade comum.
O crime é uma quebra do pacto social. Serão legitimas todas as penas que não revelem uma
salvaguarda do contrato. O delito surge da vontade do indivíduo.
Critério da pena: necessidade ou utilidade e princípio da legalidade. A pena deve ser por prazo certo
e determinado.

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Para Giandomenico Romagnosi, o princípio natural é a conservação da espécie humana. Traz três
consequências ético-jurídicas fundamentais: (i) o direito e o dever de cada um de conservar a própria
existência; (ii) deve reciproco dos homens de não atentar contra sua existência; (iii) direito de cada
de não ser ofendido por outro. Para ele, a pena é um contraestímulo ao impulso criminoso.
Para Francesco Carrara, o delito não é um ente de fato, mas sim um ente jurídico. Ente jurídico decorre
da violação de um direito. Para Carrara, direito é a lei absoluta, única ordem possível para
humanidade, segundo as previsões e a vontade do criador. Ele divide o direito penal em parte teórica
e parte prática. A parte teórica é a lei universal onde deve ser concentrado os estudos. A parte prática
é a autoridade da lei positiva. O fim da pena não é a retribuição, mas sim a eliminação do perigo que
sobreviria da impunidade do delito (eliminação do perigo social). O homem viola a lei por sua vontade
(livre-arbítrio). Pena na lógica de Hegel: A pena é a negação da negação do direito. Deve ser certa e
determinada, apta a reparar o mal causado, apta a eliminar o perigo social da sensação de impunidade.
Dessa forma, essa escola contribui mais para teoria jurídica. Traz as ideias do dever-ser,
existência logica, abstrata, normativa, racionalidade, livre arbítrio.

Escola Positivista: Final do século 19 e início do século 20. Inaugura a fase científica da
criminologia. Principais autores: Lombroso, Ferri e Garofalo. O foco era o homem delinquente,
considerado como um indivíduo diferente e, como tal, clinicamente observável.
Se preocupou com as causas ou com os fatores da criminalidade (paradigma etiológico) afim de
individualizar as medidas adequadas de intervenção no criminoso.
LOMBROSO o criminoso era um ser atávico, um animal selvagem que já nasce predisposto ao
crime. O homem já nasce criminoso, por isso, o crime é um fenômeno biológico. O crime é um ente
natural, um fenômeno necessário, determinado por causas biológicas (determinismo biológico). Os
fatores externos servem como desencadeadores do comportamento criminoso. Principal contribuição
foi a utilização do método empírico.
Principal seguidor de Lombroso no Brasil: Raimundo Nina Rodrigues (Lombroso dos trópicos).
Obs: Lombroso não ficou restrito ao critério antropológico, apesar de fincar suas bases no
determinismo antropológico, também destacou a importância de outros efeitos que não os
antropológicos.
FERRI não abandonou o que Lombroso construiu, mas deu uma nova visão, menos radical. Ênfase
às ciências sociais, com uma compreensão mais alargada da criminalidade, evitando-se o
reducionismo antropológico. O fenômeno da criminalidade decorria de fatores antropológicos, físicos
e sociais. Antropológicos: constituição orgânica e psíquica do indivíduo (raça, sexo, estado civil);
Físicos: clima, estações, temperatura; Sociais: densidade da população, opinião pública, família,
moral, religião, etc. Cinco categorias de delinquentes, quais sejam: (i) nato: conforme a classificação
original de Lombroso; (ii) Louco: não só quem tem distúrbio, mas também, aquele que tem uma
atrofia do senso moral, tem dificuldade de diferenciar certo e errado; (iii) Habitual: nascido e crescido
no contexto de criminalidade, pequenos delitos sempre fez parte da realidade desse indivíduo, traz
uma grave periculosidade e, reduzido grau de readaptalidade; (iv) Ocasional: aquele que
circunstancias ambientais, causas emergenciais e temporárias fizeram com que ele cometesse crime,

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menor periculosidade, e alto grau de readaptalidade; (v) Passional: motivado por paixões pessoais,
questões políticas, sociais (crime ideológico).

GAROFALO o crime sempre está no indivíduo, que é uma revelação de uma natureza degenerativa,
sejam as causas antigas ou recentes. O crime está fundamentado em uma anomalia – não patológica
– mas psíquica ou moral (déficit na esfera moral da personalidade do indivíduo, de base interna, de
uma mutação psíquica, transmissível hereditariamente). Cria o termo Temibilidade que é o grau de
periculosidade desse indivíduo, que é proveniente dessa anomalia psíquica ou moral. Uma das
contribuições, senão a principal, foi a tentativa de criar um conceito universal de delito (delito
natural).
Delito natural: é a violação daquela parte do sentido moral que consiste nos sentimentos altruístas
fundamentais de piedade e probidade, segundo o padrão médio em que se encontram as raças
humanas superiores, cuja medida é necessária a adaptação do indivíduo a sociedade.
Principal contribuição: filosofia dos castigos, dos fins da pena e da sua fundamentação. O estado deve
eliminar o delinquente que não se adapta à sociedade e as exigências de convivência. Entende ser
possível a pena de morte em certos casos (criminosos violentos, ladrões profissionais e criminosos
habituais), bem como penas severas em geral.
Em suma, na escola positivista o crime passa a ser um fenômeno natural e social, sujeito a influências
do meio e de múltiplos fatores, exigindo o estudo da criminalidade a adoção de um método
experimental. A pena será uma medida de defesa social, para recuperação do criminoso, por tempo
indeterminado (até obtida a recuperação). O criminoso será sempre psicologicamente anormal,
temporária o permanentemente. A pena não age de modo exclusivamente repressivo, segregando o
delinquente e dissuadindo com sua ameaça os possíveis autores do delito, mas, também e sobretudo,
de modo curativo e reeducativo. O critério de medição da pena não está ligado abstratamente ao fato
delituoso singular, ou seja, a violação do direito ou ao dano social produzido, mas as condições do
sujeito tratado. A duração deve ser medida em relação aos seus efeitos (melhoria e reeducação).
OBS: Para Baratta, nessa escola o crime é também um ente jurídico, entretanto, Lombroso refuta essa
afirmação (Baratta está no edital Delta-MG).
Procura encontrar todo o complexo das causas da totalidade biológica e psicológica do indivíduo e
na totalidade social que determina a vida do indivíduo.

Depois do debate entre as duas escolas, surgiu basicamente três pilares da criminologia: biologia
criminal, psicologia criminal e sociologia criminal.
Biologia Criminal, o enfoque é no homem delinquente. Localizar e identificar alguma parte do corpo
ou nos sistemas algum fator diferencial. Crime como consequência de uma patologia, disfunção ou
transtorno orgânico.
Psicologia criminal, explicação do crime no mundo anímico do homem, nos processos químicos
anormais ou na psicanalise, como, por exemplo, a teoria psicanalítica, o pensamento de Freud, estudo
de esquizofrenia.

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Sociologia Criminal, o crime é um fenômeno social. Marcos teóricos: ecológico, estrutural-
funcionalista, subcultural, conflitual, interacionista e etc.
Classificação dos modelos teóricos explicativos: (i) criminologia clássica e neoclássica; (ii)
criminologia positivista; (iii) sociologia criminal; (iv) diversas correntes da moderna criminologia.
Diversas correntes da moderna criminologia (criminologia do desenvolvimento, carreira e trajetórias
criminais, teoria do curso da vida).
Atual modelo: dinâmico, o enfoque é oferecer uma explicação dinâmica analisando o processo e a
evolução dos padrões de conduta na vida do na vida do autor. Vai analisar tudo que aconteceu durante
a vida do autor (curva de idade).
Resumidamente, é uma explicação dinâmica, não etiológica, não generalizada, como, por exemplo
criminologia do desenvolvimento, carreira e trajetórias criminais, teoria do curso da vida, para
analisar os padrões de conduta na vida do autor.
Escola Neoclássica: Mantém as ideias da escola clássica, entretanto, surge em outro momento
(Década de 70, séc XX). Teoria da opção racional como opção econômica (modelo economicista
como neoclássico). O crime como resultado de uma opção livre, racional e interessada do indivíduo
de acordo com uma análise prévia de custos e benefícios. O delinquente era um homem normal.
Razões para o retorno dos ideais clássicos: (i) fracasso do positivismo de oferecer uma teoria
generalizadora da criminalidade; (ii) baixo êxito dos programas socializadores e (iii) o aumento da
criminalidade. A opção racional está ligada a uma opção econômica.
Para evitar o crime era necessário um forte caráter retributivo da pena, pois, se o criminoso souber
que seria severamente punido, ele não cometerá crimes, porque na balança de custos benefícios essa
punição vai pesar (confiança na lei penal severa e nas instituições de controle social formal). “Mais
leis, mais policiais, mais penas = mais cárceres, mas eu não diminuo a criminalidade real” – Jeffery.
Teoria das Atividades Rotineiras (teoria da oportunidade) (criminologia ambiental) – Liga a
opção racional com a oportunidade dada ao criminoso. Relevância etiológica do fator oportunidade.
Razões para que um crime ocorra, segundo essa teoria, deve se ter no mesmo tempo e espaço
(convergência de tempo e espaço), três fatores:

INFRATOR MOTIVADO
(com habilidade para cometer o crime)

ALVO ADEQUADO AUSÊNCIA DE UM GUARDIÃO

Obs: O alvo não precisa se referir especificadamente a uma pessoa, pode ser também, um objeto ou
local, como, por exemplo, uma casa destrancada, ou um local e escuro.
O guardião pode ser: policial, vigilante privado, testemunha, cão de guarda, câmera de
monitoramento, cerca elétrica.

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Segundo essa teoria, a causa da motivação pode ser diversa: pode ser uma patologia individual, pode
estar motivado pela maximização do lucro, por uma desorganização social ou porque esse indivíduo
pode funcionar como um subproduto de um sistema social perverso ou deficiente.
Estratégia de prevenção: contra o infrator motivado deve ter um controlador desse infrator, isto é,
alguém que exerça influência positiva naquela pessoa para que a desmotive a cometer o crime. Contra
o alvo adequado deve ter um ambiente responsável, este pode se referir tanto a pessoa, quanto a coisa
e o lugar, ex: evitar andar sozinho em lugares escuros. O guardião, como o nome já diz, é a presença
de um guardião, para que o infrator não encontre um ambiente completamente sem a presença de um
guardião.
Para a teoria, o nosso atual modo de viver oportuniza a atividade criminosa, como, por exemplo,
quando deixamos nossas casas sozinhas; influência das redes sociais (amostra de poder aquisitivo,
viagens...)
Teoria do meio ou teoria do entorno físico (teoria espacial – tradição ecológica) - O espaço físico
é relevante no comportamento delitivo, é uma teoria prevencionista, ou seja, vai buscar estratégias de
prevenção. Um dos principais autores é Newman que criou o “defensible space” (modelo residencial
seguro), dizendo que onde o controle social for forte o local é muito mais seguro, área de maior
controle social informal. Por sua vez, Sherman fez um estudo baseado nas ligações realizadas para a
polícia, constatando que 50% destas provinham dos mesmos 3% da cidade, indicando que estes locais
eram onde se concentrava a criminalidade.
Outros estudiosos trazem o princípio de pareto (teorema de pareto), chamado 80/20, que diz que 80%
dos locais de crime, correspondem a 20% do total de lugares. Ou seja, o crime de manifesta em lugares
específicos. A opção racional do criminoso vai se somar com esse meio. Para essa teoria, o desenho
arquitetônico pode favorecer o crime.

SOCIOLOGIA CRIMINAL

Para Molina, na sociologia existe um duplo entroncamento: ela é influenciada pelo modelo europeu,
sobretudo com Durkheim (teoria da anomia) e pelo modelo americano, que inicia com a escola de
Chicago e depois nascem progressivamente diversos outros esquemas teóricos. Então, dentro da
sociologia pensando nesse duplo entroncamento surgiram dois grandes grupos de teorias:
TEORIAS DO CONSENSO TEORIAS DO CONFLITO
A sociedade é baseada no consenso entre os indivíduos,
pela livre vontade. Todo elemento da sociedade tem a Toda sociedade é baseada na coerção. Isso importa
sua função. na imposição de alguns membros sobre outros.

(i) Escola de Chicago; (i) Teoria do Libelling Aproach (Teoria da


Rotulação social, Teoria do etiquetamento, Teoria
(ii) Teoria da anomia; da reação social, Teoria interacionista);

(iii) Teorias das subculturas, que se divide em duas (ii) Criminologia Crítica, que atualmente possui
tendências: Teoria da associação diferencial e três tendências: neorrealismo de esquerda, direito
(Surtherland) e Teoria da subcultura delinquente (Albert penal mínimo e abolicionismo.
Cohen);

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ESCOLA DE CHICAGO (Teoria da Ecologia Criminal ou Ecológica) - Iniciou na Universidade
de Chicago, a própria cidade de Chicago foi laboratório do estudo, uma vez que estava em
crescimento exponencial. Ideias: desorganização social e áreas de delinquência. Dizia que as cidades
crescem em um ritmo muito acelerado e criam uma desorganização social. Traz a análise das cidades
em círculos. Na região central concentram-se os comércios, as pessoas que trabalham nessa região
não conseguem morar em regiões mais distantes do centro, nem em regiões predominantemente
residenciais, por isso, moram perto de onde trabalham (área do loop). As pessoas com boas condições
financeiras podem morar em áreas melhores, mais distantes do centro.

A escola de Chicago diz que essas áreas superpovoadas são desorganizadas socialmente e essa
desorganização social criam as áreas de delinquência. Diz que a cidade não é um mero aglomerado
de pessoas e coisas, mas sim um verdadeiro estado de espírito, pois, ela tem sua cultura própria,
seu estatuto próprio, sua própria identidade. Essas cidades em razão da sua grande mobilidade acabam
por romper com os mecanismos tradicionais de controle. As zonas desabitadas ou superpovoadas
criam movimentos favoráveis a criminalidade. A ausência completa do Estado (falta hospital, creche,
parque) gera na população a potencialidade de justiceiros para substituir o Estado no controle social.

Para escola de Chicago, nessa desorganização social, as pessoas perdem o contrato social, os laços
são fragilizados e, portanto, o crime aumenta. Ressalte-se que não há determinismo ecológico, ou
seja, não necessariamente a pessoa que nascer ou morar nesse lugar, será uma criminosa, mas essa
desorganização é um vetor criminógeno, um potencializador. Importante instrumento de estudo dos
criminólogos na escola de Chicago é a adoção dos inquéritos sociais, que são instrumentos de
investigação dos criminológos realizados por meio de interrogatório, entrevista, casos biográficos,
dentre outros. Propõe as seguintes soluções para criminalidade: macro-intervenção na comunidade,
com planejamento e administração das cidades sendo ser feitas por áreas delimitadas das cidades,
criando pequenos núcleos com tudo que a sociedade tem direito; criação de programas comunitários;
melhoria no aspecto visual das cidades.

Críticas à escola de Chicago: ofereceu uma explicação muito reduzida da criminalidade, conseguiu
explicar apenas os crimes que ocorrem dentro dessas pequenas áreas desorganizadas, não conseguiu
explicar, por exemplo, os crimes de furto e roubo que ocorriam fora daquelas áreas, não conseguiu
explicar o motivo do rico cometer crimes, uma vez que este mora em um lugar organizado
socialmente.

Teoria da Anomia (teoria estrutural funcionalista) – Principais autores: Durkheim e Merton. Para
Durkheim anomia é a ausência, desintegração ou desmoronamento das normas sociais de
referência, ocasionando uma crise de valores. Para ele, o crime fere a consciência coletiva. Em
situação de anomia há potencialização de atos criminosos. O crime é um fenômeno normal, e mais,
não só normal, como também, dentro de certo limites, um fator necessário e útil para o equilíbrio da
sociedade. Sendo assim, para Durkheim, o crime é um fenômeno normal e útil para sociedade,

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só passando a ser preocupante quando extrapola determinados limites. A pena não tem função
de dissuadir, de amedrontar, de punir o criminoso, mas sim, de resgatar, de curar essa ferida causada
nos sentimentos coletivos. Portanto, a pena age muito mais nas pessoas honesta, servindo para
mostrar para estas que as feridas causadas nos sentimentos coletivos estão sendo curadas.
Para Merton, anomia é o desajuste entre os fins culturais (meta de sucesso) e meios
institucionais (meios disponíveis). Marco Histórico: American Dram. Tipos de adaptação
individual: Conformidade: com os meios disponíveis, eu consigo alcançar as metas de sucesso.
Ritualismo: o indivíduo renuncia os objetivos mas continua a seguir as normas de referência.
Retraimento (apatia): o indivíduo renúncia não só os fins culturais (objetivos), bem como os meios
institucionais, como, por exemplos, os viciados em drogas, os mendigos. Inovação: o indivíduo para
alcançar os objetivos irá inovar nos meios institucionais, cometendo crimes patrimoniais, por
exemplo. Rebelião: o indivíduo refuta os padrões vigentes. Propõe (reformula) novas metas e novos
meios institucionais.

TEORIA DAS SUBCULTURAS CRIMINAIS

Para Molina e Barata, dentro da teoria das subculturas criminais, nós temos duas principais:
associação diferencial (Sutherland) e teoria da subcultura delinquente (Albert Cohen).
Teoria da Associação diferencial (teoria da aprendizagem social ou teoria do aprendizado):
Principal autor Sutherland, o qual conceituou o crime de colarinho branco (crimes cometidos no
âmbito da profissão, por pessoas de elevado estatuto social e respeitabilidade). Os ricos também
cometem crimes. O crime é um aprendizado, decorrente da interação com pessoas e grupos de
pessoas. Da mesma forma que as pessoas podem se associar para criar comportamentos que respeitam
as leis, podem se associar para criar comportamentos que desrespeitam as leis, os processos de
associação são idênticos o que vai diferenciar é justamente a influência da interação com pessoas ou
com grupo de pessoas. As pessoas que são mais intimas dos indivíduos são as pessoas que vão
influenciar esse processo de associação, para Sutherland o indivíduo se converte em criminoso
quando as definições favoráveis à essa violação legal superarem as desfavoráveis.

Em síntese, os princípios de associação são os mesmos, mas o conteúdo desses padrões é que se
diferem.

Sutherland traz três fatores que impedem ou dificultam a punição dos crimes de colarinho
branco, quais sejam: (i) as pessoas que cometem esses crimes são poderosas, respeitadas e temidas;
(ii) dificuldade na punição pelas leis e obstáculos (diferença entre crimes patrimoniais e crimes da
ordem tributária, por exemplo); (iii) efeitos complexos e difusos, os efeitos ocasionados pelos crimes
de colarinho branco não são diretamente sentidos pela sociedade.

Teoria da subcultura delinquente – Autor Albert Cohen, essa teoria tem início com a obra
“Delinquent Boys” (1955). Essa teoria, ao contrário da Escola de Chicago, diz que os grupos que

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convivem com a falta do Estado são organizados, com culturas, regras e costumes próprios (gangues
de periferia). Vai trabalhar sobretudo a Delinquência Juvenil. Aceitam determinados comportamentos
e sentimentos dominantes, mas também criam e expressão alguns sentimentos e crenças próprios. Por
exemplo, no Brasil, na década de 90, tivemos as gangues de lutadores de Jiu-Jitsu, que saíam para
bater nas pessoas nas ruas. Esses delinquentes não tem um objetivo específico.

Conceito de subcultura delinquente: Comportamento de transgressão determinado por um


subsistema de conhecimento, crenças e valores que possibilitam, permitem ou determinam formas
particulares de comportamento, ou seja, é um comportamento de transgressão motivado por regras e
valores próprios e específicos. Essa subcultura se caracteriza por três fatores: (i) não utilitarismo da
ação: os crimes são realizados por puro prazer, sem um fim específico; (ii) malícia da conduta: as
condutas são praticadas para causar desconforto alheio; (iii) negativismo: rechaço deliberado aos
valores da classe dominante (rebeldia). Crítica: visão muito limitada da criminalidade, só
consegue explicar o crime praticado por essa pequena subcultura dessa delinquência juvenil, não
consegue estabelecer uma teoria generalizada da criminalidade.

TEORIAS DO CONFLITO

Labelling Approach (teoria da rotulação social, do Etiquetamento, da reação social ou teoria


interacionista): Contexto Histórico: década de 60 no EUA, época dos chamados fermentos de ruptura,
que era uma série de movimentos sociais, políticos, feminista, raciais. Os principais autores são:
Erving Goffman e Howard Becker.

Desviação primária: primeira vez que o indivíduo comete um crime. Não é objeto de enfoque da
teoria do Labelling Approach. Essa teoria não está preocupada com o motivo que fez o indivíduo
cometer o crime pela primeira vez. O foco da teoria está na reação social, a qual pode ser formal
ou informal (estado ou da sociedade, respectivamente). Desviação secundária: Reincidência. A
reação social que é dada quando o indivíduo comete o crime pela primeira vez é decisiva para a
reincidência. A teoria vai criticar de forma severa a reação social dada pelo Estado e pela sociedade
quando o indivíduo passa a primeira vez pela persecução penal, e diz mais, quando esse indivíduo
passa pela persecução penal ele recebe uma etiqueta, um rótulo de criminoso e esse rotulo irá o
acompanhar a vida inteira. O estado reage com a esse criminoso com a chamadas cerimônias
degradantes (raspa cabelo, coloca uniforme, toma pertences). Para a teoria a prisão não serve para
ressocializar o criminoso, mas sim para o socializar ao cárcere. A sociedade e o Estado estigmatizam
o criminoso. O crime é resultado de uma reação social, e o delinquente se diferencia do homem
comum apenas porque sofre esse estigma. A criminalização primaria produz rotulação que produz
criminalizações secundárias. Para o Labelling Approach o controle social é conceitual, é definitorial
de crime, é esse sistema que serve as classes dominante, que vai dizer quem entra e quem fica de fora
do sistema de persecução penal. O controle social é conceitual, é definitorial de crime. O enfoque
é dado aos processos de criminalização. Influências dessa teoria no nosso ordenamento jurídico:

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reforma processual de 84, institutos despenalizadores da lei 9.099/95, penas alternativas da prisão,
medidas cautelares alternativas da prisão. O criminoso é estigmatizado. A desviação secundária é
causada pela reação social. Críticas: deu enfoque a desviação secundaria, não procurou explicar o
motivo do criminoso cometer o crime pela primeira vez.

CRIMINOLOGIA CRÍTICA

Estabelecida dentro das teorias do conflito. Período histórico: década de 70. Dois grandes palcos:
escola de Berkeley (eua) e National Deviance Conference (ing). Sinônimos: criminologia radical ou
nova criminologia. Enfoque: crítica às posturas tradicionais as posturas tradicionais, as chamadas
criminologia do consenso, nas teorias do consenso. Para criminologia crítica essas teorias são
incapazes de entender a totalidade desse fenômeno criminal. A base da criminologia crítica é
marxista, ou seja, o delito é dependente de um modo de produção capitalista. O direito não é uma
ciência, mas sim uma ideologia. Determinados atos são considerados criminosos, porque é do
interesse das classes dominantes. O direito penal serve para assegurar o modelo de realidade social,
para assegurar e alimentar as desigualdades sociais, é técnica de manipulação.

As leis penais servem para gerar estabilidade temporária, para encobrir os confrontos entre classes
sociais. Para a criminologia critica se você aceitar que o direito é neutro é o mesmo que aceitar uma
definição legal de crime. O direito penal não existe para tutelar a convivência harmônica entre os
indivíduos e sim para assegurar o modelo econômico, um modelo capitalista.

Segundo a doutrina, a partir das décadas de 80/90, temos com o amadurecimento da criminologia
crítica, basicamente, 3 vertentes: Neo-realismo de esquerda, direito penal mínimo e o abolicionismo
penal.

Neo-realismo de esquerda – Surge sobretudo como uma resposta um pouco mais temperada à
política de tolerância zero, a política de direito penal máximo. Aceita que o cárcere é importante,
porém só para os crimes mais graves. Deve haver descriminalização de condutas menos graves.

Direito penal mínimo – Diz que a aplicação irracional da pena gera mais violência do que o próprio
crime, por isso, o direito penal deve ser aplicado de forma excepcional e racionalizada. Deve deixar
de dar relevo a chamada criminalidade de massa para pensar na criminalidade contra oprimidos
(racismo, lavagem de dinheiro). Ideia de contração do direito penal em certas áreas e expansão em
outras. O direito penal tem seu caráter fragmentário, a intervenção punitiva deve ser a última ratio. O
Direito penal deve servir para proteger os mais fracos.

Abolicionismo Penal – Propõe o fim do direito penal.

SISTEMA PENAL E REPRODUÇÃO DA REALIDADE SOCIAL

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Alessandro Barata – Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. A obra envolve principalmente
o sistema escolar e o sistema penal.

Sistema escolar – é o primeiro segmento de seleção e marginalização da sociedade. Esse sistema


escolar não só não ensina, mas também acaba sendo o primeiro segmento de seleção e marginalização
dessa sociedade.
Barata diz que o sistema escolar e o sistema penal reproduzem e asseguram as relações sociais
existentes (dicotomia entre ricos e pobres). Segundo o autor, desde a instrução suplementar até a
formação superior, nós temos esse viés de seleção e de marginalização e, essa escola reflete a estrutura
vertical da sociedade. A escola assegura e reproduz a realidade social da por meio da seleção, da
discriminação e da marginalização. Barata critica os testes de inteligência. A escola estigmatiza o
aluno pobre, e não o incentiva buscar seus objetivos. Em síntese, para Barata o sistema penal e o
sistema escolar criam contraestimulos à integração dos setores marginalizados.

Sistema penal - Barata critica a distância social que existe entre o julgado e o julgador. Incidência
de estereótipos na aplicação da jurisprudencial da lei penal. Há uma tendência muito diferenciada da
aplicação da lei penal a depender do público que ele está julgando. Indivíduos de classe inferiores
tem em seu desfavor a pena privativa de liberdade. Há uma construção social da população
delinquente (quando analisa quem está preso, você tem a conclusão de que o sistema penal reproduz
um sistema social). Assim, a desigualdade que se ver não ruas, se percebe também no sistema de
persecução penal.

O sistema penal e o sistema escolar reproduzem e asseguram as relações sociais existentes entre
ricos e pobres.

- Cárcere e marginalidade social.

Institutos da detenção: causam efeitos contrários à reabilitação, reinserção. Não só, não permitem
estas, como são efeitos positivos para inserção desse indivíduo na população criminosa.
Barata, chama as cerimonias degradantes de aculturação do preso, que é a socialização do criminoso
ao cárcere. O autor traz a chamada prisionalização, que é a educação para ser um criminoso, ser um
bom preso. Para ele, a relação entre preso e sociedade é uma relação de quem exclui e de quem é
excluído. O erro central da sociedade é ignorar que o crime é um problema social. Antes de mudar o
indivíduo se deve mudar a sociedade excludente. O cárcere reflete a sociedade capitalista, onde as
relações são baseadas no egoísmo e alguns indivíduos são constrangidos a papeis de exploração e
submissão.
Teoria dos fins da pena – Segundo Barata, essa teoria não revela os verdadeiros fins da pena
(prevenção geral, especial). As penas existem para dar amparo a um sistema de produção.

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- Modelo Consensual de Justiça Criminal.

A vítima está tem papel central nesse modelo de justiça criminal. Necessidade de separar a pequena
e média criminalidade da grande criminalidade. As repostas para esses dois modelos devem ser
diferentes quantitativamente e qualitativamente.
Para pequena e média criminalidade deve se ter um espaço de consenso, de diálogo, para grande
criminalidade deve se ter um espaço de conflito.
Elementos da Justiça criminal consensual: justiça reparatória (juizados), justiça restaurativa
(realizada mediante mediação), justiça negociada (não existe no Brasil), os procuradores têm
autonomia para negociar a pena. Para doutrina a Lei 9.099/95 rompeu com o período palorepressivo
(modelo de repressão, direito penal máximo). Do mesmo modo, rompe com o modelo de Full
Enforcement, um modelo de repressão total.

Criminologia Cultural. Criminologia Feminista.

Criminologia cultural – movimento pós-moderno. A real experiência no cometimento de um crime


tem pouca relação com as teorias da escolha racional, mas adota a adrenalina, o prazer e o pânico
envolvidos em verdadeiras equações para a conduta delitiva.
A experiência ilícita torna-se gratificante, pois propicia o auferimento do objeto de desejo e a
consequente inserção do indivíduo no campo social.
Se afasta da visão racional do crime, da explicação etiológica, causal, explicativa, começa a levar
para o cenário da criminologia aspectos relacionados a sentimentos e emoções.
Essa criminologia analisará sentimentos, introduz na análise do fenômeno criminal as noções de
paixão, raiva, alegria e etc. A prática ilícita torna-se uma forma de acessar seus mais profundos
desejos.
Aborda sobre tudo a relação entre crime e mídia, bem como a relação entre a exposição midiática e
crime (violência como bem de consumo). Incorpora diversas orientações teóricas (interacionistas,
críticas feministas, culturais), não traz uma orientação genérica.
Para criminologia cultural a compreensão de comportamento humano é o reflexo das dinâmicas
individuais e do grupo, das tramas e traumas sociais e suas representações culturais. A criminologia
deixa de ter um aspecto basicamente teórico, para enfrentar as representações culturais, de que forma
a população e a sociedade consume o crime e de que forma que isso é decisivo para o atual modelo
que estamos vivenciando.
A criminologia cultural introduz na análise, as qualidades culturais.
Objetivo – Enfatizar qualidades emocionais e interpretativas da criminalidade e do indivíduo. Isto é,
de que forma a criminalidade é interpretada, consumida pela sociedade.
Relação delito x pena – não preciso justificar a pena para depois explicar o delito. O único vínculo
entre delito e pena é jurídico-normativo, situação que gera a cultura do punitivismo. A mídia exerce
papel central para fortalecer a cultura do punitivismo. A sociedade quando assiste a violência
desenfreada, e ao mesmo tempo assiste modelos de consumo acaba encontrando no crime uma

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experiência gratificante, porque esse crime vira um objeto desejo para que esse indivíduo possa se
inserir no contexto.

CRIMINOLOGIA FEMINISTA

Teoria feminista – descontruir o ideal de masculinidade que inferioriza e violenta as mulheres. Luta
pela igualdade de gênero a partir da crítica aqueles papeis sociais que sempre foram destinados às
mulheres (mulher mãe, mulher esposa). Busca também dar visibilidade aos episódios de violência
que são praticados no âmbito privado.
Objetivo – dar visibilidade a qualquer tipo de forma de dominação de gênero baseada nessa estrutura
patriarcal. Sexismo institucional: várias formas de violência contra a mulher na elaboração,
interpretação, aplicação e na execução da lei penal.

CRIMINOLOGIA QUEER

A expressão Queer significa de modo geral, algo estranho, esquisito, excêntrico ou original. Há
relação direta com a homossexualidade em sentido pejorativo (viadinho, sapatona, treveco).
Teoria Queer – Tem origem no EUA, na década de 80. Enfatiza que o gênero não é uma verdade
biologia, mas sim um sistema de captura social de subjetividades, não se pode confundir gênero com
identidade. Vai analisar como a heterossexualidade se manteve como uma norma dominante.
Heterossexismo = promoção da superioridade da heterossexualidade.
Imposição binária – imposição do heterossexual e do homossexual. Cria mecanismos de saber e de
poder.
O controle social informal age para controlar o comportamento homossexual.
Homofobia – estigma e descriminalização que envolve a homossexualidade.
Três níveis fundacionais (Salo de Carvelho) que configuram essas culturas heteronormativas: (i)
violência simbólica (cultura homofóbica), o discurso da inferiorizarão da cultura gay; (ii) violência
das instituições, a homofobia do estado (criminalização, patologização das condutas não
heterossexuais); (iii) violência interpessoal, homofobia individual: para anular a diversidade os
indivíduos agem com violência.
A teoria crítica Quee tem como objetivo descontruir a hierarquia entre hetero e homo,
independentemente do gênero; romper com os conceitos físicos; superar a lógica binaria (rotula a
pessoa como hetero ou homo); descontruir o falocentrismo (superioridade do homem hetero).
A homofobia funciona como um discurso político (prático), mas também em um discurso
cientifico/teórico.
Movimentos de ruptura com a criminologia ortodoxa (herança da criminologia positivista): (i) escola
de Chicago, teoria da associação diferencial e o labelling approach; (ii) criminologia feminista,
principalmente no que se refere a violência sofrida pelas mulheres; (iii) criminologia crítica. A partir
dessa abertura criada torna-se possível pensar em um modelo de criminologia Quee.

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Dentro dessa criminologia o objetivo de estudo passa a ser a violência homofóbica, a violência
interpessoal, institucional e a violência simbólica.
Os desafios da teoria é descontruir o padrão sexista e misógino e romper com o ideal de masculinidade
heterossexual.
Os desafios da criminologia contemporânea revelam que essa criminologia deve compreender os
fatores que tornam as pessoas vulneráveis aos processos de vitimização e de criminalização.
Deve-se adotar a fragmentariedade do conhecimento (analisar pequenos núcleos de criminalidade,
refutando desse modo qualquer explicação generalizada da criminalidade).

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