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1.

ESCOLA CLÁSSICA (OU RETRIBUCIONISTA)


Baseada no movimento iluminista, desenvolveu-se no século XVIII, procurando estabelecer limitação
ao poder punitivo do Estado, como garantia dos direitos individuais.
Valendo-se do método lógico-abstrato ou dedutivo, centralizou sues estudos na figura do crime e
fundamentou a responsabilidade penal, à luz da concepção contratual, na moral, no livre-arbítrio e
na autodeterminação do indivíduo, ou seja, o indivíduo, signatário do contrato social e dotado de
livre-arbítrio, ao descumprir a lei, de forma livre e consciente, sujeita-se a uma pena como resposta
objetiva à prática do delito e como forma de restabelecimento da ordem jurídica violada.
A pena assume um caráter retribucionista e dissuasório.
Fundamentam-se em 4 princípio fundamentais: Livre arbítrio; Penas humanizadas; Penas como
retribuição ao mal causada; Método e raciocínio lógico-dedutivo.

2. ESCOLA POSITIVISTA
Desenvolveu-se em meados do sécu. XIX, passando a delinear um cunho científico aos estudos
criminológicos, com a publicação dos primeiros dados estatísticos sobre a criminalidade.
Com base em um paradigma etiológico, define a criminologia como uma ciência causal-explicativa
da criminalidade, considerando o crime como um fenômeno natural e social determinado por fatores
biológicos, físicos e sociais.
Seguindo o método empírico-dedutivo, procurou explicar cientificamente as causas do delito a partir
da observação dos fatos e dos dados e estabelecer formas de reação em defesa do corpo social.
Negou o livre-arbítrio e conduziu o delinquente para o centro de sua análise, buscando apreender
caracteres decisivos da criminalidade.
A pena deixa de lado a prevenção geral, passando a ostentar somente a prevenção especial, como
instrumento de defesa social.
Enrico Ferri desenvolveu a enciclopédia, na qual a criminologia prestar-se-ia a informar o direito
penal.
Sua recepção no Brasil recebeu contornos racistas, notadamente no trabalho antropológico de Nina
Rodrigues.
A Escola Positivista pode ser dividida em 3 vertentes:
I. Antropológica ou antropobiológica → representado por Lombroso, examinou características
fisionômicas e as comparou com dados estatísticos de criminalidade, descobrir o determinismo
para o crime. Para Lombroso, o criminoso era “nato” (atávico). Haveria, ainda, um
determinismo biológico.
O Autor classificava os criminosos em: natos, loucos, passionais e ocasionais;
II. Sociológica → representado por Ferri, o crime tem razões antropológicas, físicas e culturais
(determinismo social). Negou a ideia de livre arbítrio. Prevenção geral mais eficaz que a
repressão. Responsabilidade moral deveria ser substituída pela responsabilidade social e a
razão de punir é a defesa social.
Idealizou a Lei da Saturação Criminal, certos delitos seriam produzidos em dadas condições
sociais e, em circunstâncias excepcionais do meio social, poderia haver um incremento nas
taxas de criminalidade, o que denominou de sobressaturação criminal.
Sustenta que a pena deve visar o delinquente e não o delito.
Tem-se a teoria dos substitutivos penais: há a priorização dos meios preventivos no
enfrentamento da criminalidade.
O autor classifica os criminosos em: natos, loucos, passionais, ocasionais e habituais;
III. Jurídica → representado por Garófalo, crime estava no homem, sendo degeneração deste.
Criou o conceito de periculosidade. Fixou a necessidade de outra forma de intervenção penal –
a medida de segurança. Classificou os criminosos em: a) Nato; b) furtuitos; c) defeito moral
especial.
Acreditava na existência de 2 espécies de delitos:
 Delitos legais → não ofendem o senso comum de moralidade, altruísmo ou
piedade, podendo sua tipificação como crime variar conforme a localidade, de
modo que, a depender da vontade política, em dado Estado uma conduta poderá
ser definida como crime e em outro não;
 Delitos naturais → violam o senso comum de moralidade, altruísmo ou piedade,
independentemente da época ou localidade.

3. ESCOLA DE LYON, ANTROPOSSOCIAL OU CRIMINAL-SOCIOLÓGICA


Principal expoente é Alexandre Lacassagne. Defende que o criminoso apresenta uma predisposição
pessoal para a delinquência que permanece latente e eclode a partir da interação com o meio social.
Segundo Lacassagne “as sociedades têm os criminosos que merecem”.

4. “TERZA SCOULA” ITALIANA (TERCEIRA ESCOLA ITALIANA)


Origem no início do século XX, reconhece o crime como um fenômeno individual e social e
fundamenta a pena, com base no determinismo, na responsabilidade moral do criminoso,
distinguindo os imputáveis dos inimputáveis.
A pena tem um caráter aflitivo com a finalidade da defesa social e controle da criminalidade,
defendendo a necessidade de uma reforma social.

5. ESCOLA TÉCNICA JURÍDICA


Surgiu em 1905 como reação à escola positivista.
Visualiza o crime como uma relação jurídica de conteúdo individual e social e a pena como
consequência e reação ao delito, com finalidade de prevenção geral e especial.
Sustenta a autonomia da ciência penal face aos demais ramos do saber. O DP deve se limitar ao
direito positivo em vigor. O DP seria aquele previsto em lei e seu estudo compor-se-ia de 3 partes:
I. Exegese → extraído o sentido das disposições legais;
II. Dogmática → princípios nortearão a aplicação do direito;
III. Crítica → aferir o acerto do direito ou a necessidade de sua reforma.

6. ESCOLA SOCIOLÓGICA ALEMÃ, DE MARBURGO, MODERNA, NOVA ESCOLA OU ESCOLA


DE POLÍTICA CRIMINAL
Atribuída a Franz von Liszt. Cria uma ciência global do DP, reunindo, em um ecletismo metodológico,
a dogmática penal com o estudo do delito e da pena em sua realidade sensível, pro meio de outros
ramos do saber, como a antropologia, psicologia e a estatística criminal.
Negou a existência de um tipo antropológico de criminoso, sustentado a preponderância dos fatores
sociais.
Classifica os delitos com a prevalência dos fatores ambientais:
a) Delito de ocasião ou momentâneo: prevalência do impulso exterior;
b) Delito crônico ou por estado ou natureza: oriundo da personalidade ou predisposição do
criminoso, sendo o impulso insignificante.
A pena tem caráter finalista: finalidade de prevenção, sobretudo especial (adaptação artificial ou
inocuização). A finalidade preventiva da pena será cumprida de acordo com os 3 tipos de
delinquentes apresentados pela criminologia:
a) Delinquente ocasional: pena servir de recordação para que o indivíduo não pratique mais
crime;
b) Delinquente corrigível: pena buscar a ressocialização;
c) Delinquente habitual: pena servirá para inocuização do delinquente.

7. ESCOLA CORRECIONALISTA
Se deu na Alemanha em 1839 por Cárlos Davis Augusto. Idealizando o desenvolvimento da piedade
e do altruísmo, Roder defendeu a aplicação da pena como correção moral.
A Escola Correcionalista defende a pena correcional, dotada de caráter pedagógico,
fundamentando-a a partir da finalidade de prevenção especial, ou seja, na correção/recuperação do
indivíduo e adaptação à sociedade, evitando que (re)incida na prática de condutas criminosas.
Os autores Giancarlo Silkunas Vay e Tédney Moreira Silva apresentam os 3 principais elementos
nos quais esse pensamento de alicerça:
I. O delinquente como portador de patologia de desvio social: o delinquente é um ser débil,
inferior, portador de uma patologia de desvio social;
II. Pena como remédio social: compreendido o crime como uma doença no corpo social, a pena
é concebida como meio de tratar o criminoso e sanar a patologia de desvio social de que seria
portador, adaptada ao estágio do indivíduo e ter duração indeterminada perdurando pelo tempo
necessário para emenda-lo;
III. O juiz como médico social: responsável pela aplicação do remédio social ao portador da
patologia de desvio social.
Pode-se apontar como contribuições da Escola Correcionalista para o Direito Penal brasileiro:
a) Caráter mais humanístico conferido à execução da pena;
b) Finalidade de prevenção especial da pena, notadamente a de ressocialização do preso;
c) Concepção de prevenção especial e progressão de regime em atenção ao desenvolvimento
do condenado;
d) Responsabilização de adolescente por atos infracionais.

8. ESCOLA NA NOVA DEFESA SOCIAL


Surgiu após a 2ª guerra mundial, com finalidade de modernização e humanização do Direito,
sobretudo quanto às medidas punitivas. Os principais autores são: Adophe Prins, Filippo Gramatica
e Marc Ancelm.
Alicerça-se na finalidade de proteção da sociedade contra as práticas criminosas, e não punição do
criminoso. Defende a adoção de um sistema preventivo e de intervenções (re)ducativas, o
delinquente deve assumir sua responsabilidade com a sociedade, viabilizando seu convívio social
(pedagogia da responsabilidade).
Pautava-se na ideia de prevenção do delito, ressocialização do delinquente e na garantia dos
direitos individuais do criminoso.

9. MOVIMENTO PSICOSSOCIOLÓGICO
Capitaneado pelo Gabriel Tarde, em oposição ao determinismo biológico e social defendido pela
escola positivista, sustentava a preponderância dos fatores sociais sobre os fatores físicos e
biológicos na criminalidade.
Formulou a lei da imitação ou da integração social: o crime como todo comportamento social seria
inventado, repetido, conflitado e adaptado. O delinquente, a partir de um processo de aprendizagem,
imitaria, de forma consciente ou inconsciente, o comportamento criminoso.
Influenciou a teoria da associação diferencial.

10. MOVIMENTO LEI E ORDEM


Liderado pelo alemão Ralf Dahrendorf, baseia-se na ideia de DIPEIRO PENAL MÁXIMO, deve haver
a expansão das normas incriminadoras e a exasperação do rigor das sanções penais, como forma
de combate eficaz ao fenômeno criminal.
Justifica a pena como um castigo e sustenta que os crimes graves devem ser punidos com penas
severas. As PPL em crimes violentos devem ser cumpridas em penitenciária de segurança máxima.
As pequenas infrações, quando toleradas, podem ensejar a prática de delitos mais graves.
Promove a reificação do criminoso ao trata-lo como verdadeiro inimigo do Estado, representando
uma manifestação do denominado direito penal do inimigo.
No direito brasileiro, pode-se citar como expressão desse movimento a edição da lei dos crimes
hediondos.

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