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PSICOLOGIA

JURÍDICA
Profª. Ana Carolina Barbieri
Introdução às demandas judiciais
criminais e de execução penal
O direito penal ou direito criminal é a disciplina de direito público que regula o
exercício do poder punitivo do Estado, tendo por pressuposto de ação delitos
(isto é, comportamentos considerados altamente reprováveis ou danosos ao
organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à própria conservação
e progresso da sociedade) e como consequência as penas.
História da Criminologia
 IDADE MÉDIA: No período da Idade Média vigorava na Europa, o sistema
feudal e o Cristianismo era a ideologia religiosa dominante da época. (Punição
com tortura)

Nesta fase, a Doutrina cita São Tomás de Aquino (1226-1274), defendida a


união da fé e da razão, sendo o precursor da Justiça Distributiva, isto é, de se
dar a cada um o que é seu, segundo a igualdade proporcional.
Castigos utilizados na Idade Média
Guilhotina

Fogueira

Cadeira da Inquisição

Roda do despedaçamento

Berço de Judas

Potro

Descascador de Peles
História da Criminologia
 Outro pensador medieval importante foi: Santo Agostinho (354 a 430 d.C.) via a pena
de Talião como injustiça. Para ele a pena deveria assumir um papel de defesa social e
promover a ressocialização do delinquente, evitando a prática de novos crimes.

A lei de talião, também dita pena de talião, consiste na rigorosa reciprocidade do


crime e da pena — apropriadamente chamada retaliação. A perspectiva da lei de
talião é o de que uma pessoa que feriu outra pessoa deve ser penalizada em grau
semelhante, e a pessoa que infligir tal punição deve ser a parte lesada. OLHO POR
OLHO, DENTE POR DENTE.
Séc. XVIII Escola Clássica
 Procurou construir os limites do poder punitivo do Estado em face da liberdade individual. Baseada no
Iluminismo: defendia o uso da razão contra o antigo regime e pregava maior liberdade econômica e
política.

 Ser humano podia tornar o mundo um lugar melhor; Se contrapõe às torturas e desrespeito aos Direitos
Fundamentais praticados pelo antigo regime absolutista (reis);

Direito penal = tutela; proteção exercida em relação a alguém ou a algo mais frágil.

Pena = proteção

Pena proporcional ao delito, deve ser justa.

Homem livre para escolher entre o bem e o mal;


Séc. XVIII Escola Clássica:
 A pena é uma resposta objetiva a prática do delito revelando seu cunho
retribucionista;

"As teorias retribucionistas fundamentam-se no livre-arbítrio, sob afirmação


de que, possuindo autodeterminação, o homem é moralmente responsável
pelos seus atos; assim como o crime é opção de conduta, a punição é sua
consequência natural."
Séc. XVIII Escola Clássica
 Principal nome dessa Escola: Cesare Beccaria

 Fez surgir o movimento humanitário em relação ao Direito de punir estatal


contra as penas de caráter cruel e principalmente a desigualdade das penas
determinada pela classe social do delinquente.

 Crítica à punição: Mais pobre, pior era a pena.


 Fixação de penas para os crimes somente mediante lei;

Séc. XVIII  Julgamento feito por magistrado, imparcialidade do julgador;


Escola  Pena não deve ser uma violência, proporção entre o delito e a

Clássica pena aplicada;

 Prevencionismo (reincidência);
O livro de Marquês de
Beccaria “Dei delitti e dele  Acusações feitas de forma secreta;
pene” (1764) nova forma de  Princípio da inocência;
pensar o sistema punitivo.
 Prisão preventiva cautelar, pena mínima - contra pena de morte; e
Pretende humanizar a
resposta do Estado à  Não deveria se ter uma pena para cada criminoso e sim uma pena

infração penal. para cada tipo de crime.


Séc. XIX Escola Positiva
 A Escola Penal Positiva surgiu em meados do século XIX, sob forte
influência dos estudos da biologia e da sociologia, bem como em virtude
dos seguintes fatores: Observação da ineficácia dos preceitos clássicos
aplicados, tendo em vista a crescente criminalidade.

 Elaborada pelo médico Cesare Lombroso, a teoria defendia a ideia da


predisposição biológica do indivíduo à conduta antissocial, ao qual ele
chamou de criminoso nato. Ao estudar os traços faciais e as compleições
corporais desses indivíduos, Lombroso contribuiu para a elaboração do
sistema de identificação forense.
Séc. XIX Escola Positiva
 CESARE LOMBROSO, fundador da Criminologia Moderna;

 Em 1876 publicou um livro chamado “ O homem delinquente”;

 Considerado o pai da “Antropologia Criminal”, Lombroso retirou algumas ideias


dos fisionomistas para traçar um perfil dos criminosos.

 Realizou 400 autópsias de criminosos e 6 mil análises de delinquentes vivos,


cujas características observadas seriam: crânio assimétrico, cara larga e chata,
grandes maçãs no rosto, lábios finos, canhotismo (na maioria dos casos), barba
rala, olhar errante ou duro etc..
Séc. XIX Escola Positiva
 Enrico Ferri (1856-1929), genro e discípulo de Lombroso, foi o criador da chamada
“sociologia criminal”. Classificou os criminosos em natos, loucos, habituais, de ocasião
e por paixão.

 Rafael Garófalo (1851-1934), jurista de seu tempo, afirmou que o crime estava no
homem e que se revelava como degeneração deste; criou o conceito de
periculosidade, que seria o propulsor do delinquente e a porção de maldade que deve
se temer em face deste.
 A criminalidade é considerada um fenômeno natural de causa
determinada;

 A criminologia deve explicar as causas do delito utilizando de


métodos científicos capaz de prever meios de combater o
Séc. XIX crime;

Escola  Criminologia assume o papel de corpo social;

Positiva  Combatendo a criminalidade – defesa social;

 A pena não deve ser aplicada como forma de retribuição e


sim da periculosidade do delinquente; e

 Pena preventiva: prisão perpétua e pena de morte.


Séc. XIX Escola Sociológica
 Sérgio Salomão Shecaira: comportamento criminoso é aprendido devido a comunicação e
proximidade entre as pessoas. Ex: políticos.

 Émile Durkheim – Teoria da Anomia: membros das classes menos favorecidas cometem a
maioria das infrações penais e crimes de motivação política (terrorismos, saques, ocupações)
que decorrem de uma conduta rebelde, bem como comportamentos de evasão como o
alcoolismo e a toxicodependência. (Insucesso em atingir metas culturais – gera
comportamento desviante).

 Principal fator: Desigualdade social.


Psicologia Criminal
 Dedica-se ao estudo do comportamento criminal, fazendo uma ligação entre a
Psicologia e o Direito;

 Tenta encontrar as causas que levam ao comportamento desviante e o que


desencadeia esse comportamento e os efeitos sociais;

 O objetivo da Psicologia Criminal é encontrar medidas de prevenção, reconstruindo


o percurso de vida do indivíduo delinquente e compreender os processos mentais
que o levaram à criminalidade.
Psicologia Criminal
 É preciso entender que o psicólogo, na sua atuação junto à Justiça, não é um investigador da
mente humana a serviço do sistema penal, mas sim um profissional que pode identificar o
sentido e interpretar situações não perceptíveis ao operador do Direito.

 O psicólogo precisa estar atento às limitações dos instrumentos utilizados por ele, bem como ao
caráter situacional da avaliação realizada. Nunca se esquecendo de que qualquer atividade de
atuação do psicólogo está sob as regras do Código de Ética Profissional do Psicólogo. Por isso, o
profissional da Psicologia deve sempre refletir sobre as implicações éticas, políticas e sociais do
seu trabalho.
Saúde Mental
 Sanidade é a qualidade do estado de saúde de um ser vivo.

 Insanidade é a falta desta qualidade de bom funcionamento, e se usarmos a expressão "insanidade


mental”, então estamos falando de falta de bom funcionamento da mente.

 O Exame do estado mental (EEM) é o processo através do qual o profissional que trabalha com saúde
mental (geralmente psiquiatras e psicólogos) examina sistematicamente o estado mental de um paciente.

 Cada função mental é considerada separadamente de uma forma paralela a um exame físico. Muito do
material do EEM é coletado durante a história clínica. O resultado do exame e da entrevista clínica são
combinados para se formular o diagnóstico psiquiátrico.
Imputabilidade, Inimputabilidade e
Semi-imputabilidade
Imputabilidade
 Imputar: Significa atribuir a um sujeito como causa, uma ação, um fenômeno,
como efeito.

 Imputabilidade: É uma qualidade que tem em si uma ação ou um fenômeno


qualquer que o torna atribuível àquela causa.

 A imputação, ou imputabilidade, estabelece uma relação causal entre um


sujeito e uma ação, no caso, uma ação delituosa.
Inimputabilidade
 Quando a capacidade de imputação for nula, isto quer dizer que o agente era, à época do
delito, totalmente incapaz de determinar-se de acordo com esse entendimento.

 Quem pode ser inimputável?

 Código Penal: Artigo 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento. São também considerados inimputáveis nos termos da lei os menores do
18 anos.
Semi-imputável
 São aqueles que, sem ter o discernimento ou autocontrole abolidos, têm-nos
reduzidos ou prejudicados por doença ou transtorno mental.

 Quer dizer que o agente era, à época do delito, parcialmente capaz de


entender o caráter criminoso do fato e/ou parcialmente capaz de determinar-
se de acordo com esse entendimento.
Saúde Mental
A relevância dada pelo Direito Penal moderno ao tripé "delito, tratamento e
prevenção", bem como à identidade entre crime e patologia, trouxe em si a
necessidade premente da figura do psiquiatra/psicólogo.

Desde então, a tentativa de elaboração de critérios objetivos para aferição da


periculosidade de sujeitos infratores tem sido uma das tarefas principais da
Psiquiatria e Psicologia Forense.

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