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Rogério Sanchez
Feminicídio

• O Estado está matando as mulheres. É coautor no crime.


• Lei nº 14.550/2023: Altera a lei nº 11.340/2006 (Maria da Penha), para dispor sobre
as medidas protetivas de urgência e estabelecer que a causa ou a motivação dos
atos de violência e a condição do ofensor ou da ofendida não excluem a aplicação
da lei.
• Ampla defesa: qualquer tese jurídica.
• Plenitude de defesa: teses metajurídicas; tese leiga; qualquer tese existente.
• STF reconheceu a inconstitucionalidade da ‘tese de honra’:
→ Em março de 2021, o Plenário do STF decidiu, por unanimidade, que a tese da
“legítima defesa da honra” contraria os princípios constitucionais da dignidade
da pessoa humana e da proteção à vida e da igualdade de gênero.
→ A decisão, tomada em sessão virtual, referendou liminar deferida pelo ministro
Dias Toffoli na ADPF/779.
→ A tese da “legítima defesa da honra” era utilizada em casos de feminicídio ou
agressões contra mulher para justificar o comportamento do acusado.
→ O argumento era de que o assassinato ou a agressão eram aceitáveis quando a
vítima tivesse cometido adultério, pois essa conduta supostamente feriria a
honra do agressor.
→ A prática passa a mensagem de que é legítimo absolver réus que
comprovadamente praticam feminicídio com base nesse fundamento.
→ A infidelidade no contexto das relações amorosas se insere no âmbito ético e
moral, e não há direito de agir contra a vítima com violência, de forma
desproporcional, covarde e criminosa.
→ “Legítima defesa da honra” não é, tecnicamente, uma das causas excludentes
da ilicitude previstas no CP - ou seja, excluem a configuração de um crime e,
consequentemente, afastam a aplicação da lei penal, tendo em vista a condição
específica em que foi praticado determinado fato.
→ Trata-se de um “recurso argumentativo/retórico odioso, desumano e cruel”
utilizado pelas defesas de acusados de feminicídio ou agressões para imputar
às vítimas a causa de suas próprias mortes ou lesões.
→ Atlas da Violência 2020, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea):
aponta o crescimento de 8,3% na taxa de assassinato de mulheres dentro de
casa entre 2013 e 2018.

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→ O uso da tese ilegítima é um ranço que contribui para a institucionalização da
desigualdade entre homens e mulheres e para a tolerância e a naturalização da
violência doméstica.
→ O argumento da legítima defesa da honra remonta ao Brasil colonial e, ao
longo dos anos, fortaleceu um discurso que considera a honra masculina como
bem jurídico de maior valor que a vida da mulher.
→ Para a ministra Cármen, a tese não tem amparo legal e se firmou "como forma
de adequar práticas de violência e morte à tolerância vívida na sociedade aos
assassinatos praticados por homens contra mulheres tidas por adúlteras ou com
comportamento que fugisse ou destoasse do desejado pelo matador".
→ Pela decisão da Corte, a chamada “defesa da honra” é uma tese inconstitucional
e, por isso, não pode ser usada pela defesa, acusação, autoridade policial e
pelo próprio juízo nas fases pré-processual ou processual. Qualquer referência
a ela poderá levar à nulidade de provas ou até do julgamento perante o Tribunal
do Júri.
• Existe um ‘controle de convencionalidade’ nas decisões judiciais de feminicídio.
• Crimes lesa-humanidade: se aplica à homens e mulheres; é um conceito universal.
a) Genocídio.
b) Contra a Humanidade.
c) de Guerra.
d) de Agressão.
• #womemdeservebetter.

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Emerson Castelo Branco
Injustiças da justiça

• A dor do outro, sentimos de longe, enquanto a nossa dor, sentimos de perto.


• O coração do erro da justiça está no stand probatório.
• Se você ouviu dizer, você não sabe. Você não tem elementos de informação
mínima.
• Atenção para o tribunal da mídia: manipulação de narrativas; repasse de
informações errôneas; condenação antecipada.
• STJ desconsidera testemunhas auriculares, o famoso ‘ouvi dizer’; defesa nula:
→ HABEAS CORPUS Nº 688.594 - CE (2021/0267528-9).
→ Inadequação da via eleita. Crime de homicídio qualificado. Pronúncia e
superveniente condenação baseadas, apenas, em depoimentos colhidos em
juízo de testemunhas auriculares. Não produção de outros elementos de prova.
Writ não conhecido.
→ Nos termos da jurisprudência atual, nem mesmo a pronúncia, que é proferida
numa fase processual em que se observa o in dubio pro societate, pode estar
fundamentada apenas em provas colhidas na fase investigativa ou em
testemunhos de "ouvir dizer", muito menos se admite que uma condenação,
que deve observar o in dubio pro reo, seja mantida pelas instâncias recursais
com lastro nesse tipo de fundamentação.
→ Nessa linha de intelecção, não há como se admitir uma condenação pelo
Conselho de Sentença, ainda que ratificada em grau de apelação, baseada,
apenas, em depoimentos de testemunhas auriculares - ou seja, pessoas que
não presenciaram o delito e ouviram dizer por terceiros que os autores do
crime de homicídio em apuração seriam os pacientes -, sem a produção de
nenhum outro elemento de prova durante o julgamento pelo Tribunal do Júri.
→ São testemunhos indiretos, eis que nenhuma testemunha ocular depôs nos
autos, seja em inquérito, seja em juízo.
→ A solução mais acertada é não apenas desconstituir o julgamento pelo
Conselho de Sentença, como também anular o processo desde a decisão de
pronúncia, pois não havia como submeter o recorrente ao Tribunal do Júri com
base em depoimento de ouvir dizer, sem indicação da fonte.
→ Há precariedade de provas ou mesmo ausência delas.
• Para Nelson Hungria, o reconhecimento de pessoas, quando negras, transforma
suas faces em universal.
• Erros esdrúxulos acontecem, e insistência não é prova.

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Érico Palazzo
Alterações legislativas sobre injúria racial

• Lei nº 14.532/23: altera a Lei nº 7.716/89 (Crime Racial), e o CP, para tipificar
como crime de racismo a injúria racial, prever pena de suspensão de direito em
caso de racismo praticado no contexto de atividade esportiva ou artística e prever
pena para o racismo religioso e recreativo e para o praticado por funcionário
público.
• Alterações dadas pela lei 14.532/2023, na lei nº 7.716/89: define os crimes
resultantes de preconceito de raça ou de cor.
→ Art. 1º: Serão punidos, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito
de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
→ Art. 2º - A: Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão
de raça, cor, etnia ou procedência nacional.
Pena: reclusão, de 2 a 5 anos, e multa.
§ único: A pena é aumentada de metade se o crime for cometido mediante
concurso de 2 ou mais pessoas.
→ Art. 20: Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor,
etnia, religião ou procedência nacional.
Pena: reclusão de um a três anos e multa.
→ § 2º: Se qualquer dos crimes previstos neste art. for cometido por intermédio
dos meios de comunicação social, de publicação em redes sociais, da rede
mundial de computadores ou de publicação de qualquer natureza ou se
qualquer dos crimes previstos neste art. for cometido no contexto de atividades
esportivas, religiosas, artísticas ou culturais destinadas ao público:
Pena: reclusão, de 2 a 5 anos, e proibição de frequência, por 3 anos, a locais
destinados a práticas esportivas, artísticas ou culturais destinadas ao público,
conforme o caso.
→ § 2º - B: Sem prejuízo da pena correspondente à violência, incorre nas mesmas
penas previstas no caput deste art. quem obstar, impedir ou empregar violência
contra quaisquer manifestações ou práticas religiosas.
→ Art. 20 – C: O juiz deve considerar como discriminatória qualquer atitude ou
tratamento dado à pessoa ou a grupos minoritários que cause
constrangimento, humilhação, vergonha, medo ou exposição indevida, e que
usualmente não se dispensaria a outros grupos em razão da cor, etnia, religião
ou procedência.
• O art. 2º da Lei 7.716/89, não se aplica à religião.

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Esta ficou tipificada no art. 140, § 3º, CP: Injuriar alguém, ofendendo-lhe a
dignidade ou o decoro:
§ 3º: Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a religião, à
condição de pessoa idosa ou com deficiência:
Pena - reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.
• Injúria religiosa é inafiançável, imprescritível, porém, condicionada a
representação do ofendido.
• Injúria contra deficiência: afiançável e prescritível.
• Homotransfobia se equipara, por analogia, à raça.
• O conceito de raça sempre estará associado ao de vulnerabilidade e minorias.

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Edivaldo Lima
Invalidação do processo penal por efeito ressonância do ato de comunicação

• Formas de comunicação processual:


a) Citação;
b) Intimação;
c) Notificação.
• WhatsApp: apesar de ser considerado válido, a identificação do destinatário não é
absoluta.
• Comunicação processual por aplicativos, como Facebook, Instagram, WhatsApp,
etc., é uma matéria prematura, incerta, passível de regulamentação e análises
jurídicas mais profundas.

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Rosimar Rodrigues
Provas e seus meios

• Aquisição cindível: a nulidade do ato suprime a inclusão da prova.


• Aquisição incindível: o efeito é nulo.
• Raciocínio probalístico:
a) Admissibilidade;
b) Relevância;
c) Confiabilidade ou fiabilidade;
d) Confronto.
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• A prova é uma simbiose; uma fusão do passado com o presente.
• O óbvio precisa ser dito: não podem existir dúvidas no âmbito penal.

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Luana Davico
Lei 11.340/2006 e suas nuances

• Vulnerabilidade inerente: define-se por determinação legal.


• Vulnerabilidade ocorrente: define-se por determinada situação; é a exceção; caso
a caso.
• Mulher ou pessoas que se identifiquem como tal (identidade feminina), são parte
do grupo vulnerável que a Lei Maria da Penha tem o dever de proteger.
• A Lei 11.340/2006 é uma lei objetiva, mas que necessita constantemente de
explicações. É quase uma norma penal em branco: precisa de esclarecimentos.
• O fato de você nascer mulher, já lhe atribui a violência inerente: crianças abaixo
de 2 anos sofrem abusos apenas por serem do sexo feminino.
• Jurisprudência: a LMP se aplica às relações pretéritas.
→ Conflito de competência nº 102.832/2009: A LMP buscou proteger não só a
vítima que coabita com o agressor, mas também aquela que, no passado, já
tenha convivido no mesmo domicílio, contanto que haja nexo entre a agressão
e a relação íntima de afeto que já existiu entre os dois.
→ HC 542.828: refutou a tese defensiva de que a ausência de contemporaneidade
entre o delito de injúria e o casamento do ofensor com a vítima – rompido 20
anos antes – impediria a incidência da LMP.
→ Para a lei é irrelevante o tempo de dissolução do vínculo conjugal, se a conduta
tida como criminosa está vinculada à relação de afeto que houve entre as
partes.
• A LMP é um sistema de proteção: acolhe e protege primeiro, para deliberar depois.

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Bernardo de Azevedo
Tecnologias jurídicas emergentes - LAWTTA

• https://www.instagram.com/lawtta.oficial/: Soluções de tecnologia, inteligência e


comunicação jurídica; Recursos 3D, Apresentações e Produção de Júri.
• Tecnologias e recursos visuais que podem ser utilizadas nos autos:
a) Vídeos;
b) QRCode;
c) Tabelas;
d) Mapas;
e) Imagens;
f) 3D;
g) Animações;
h) ChatGPT;
i) Reconstituições 3D;
j) Apresentações estratégicas – slides;

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Rodrigo Cavalcanti

• O agente cometerá o crime se houver uma satisfação esperada:

Risco processual
+
Pena efetiva
+
Custo de oportunidade
+
Travas morais

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Nestor Távora
Reconhecimento facial no Brasil

• CPP, art. 226: quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa,


proceder-se-á pela seguinte forma:
I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a
pessoa que deva ser reconhecida;
II - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao lado
de outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de
fazer o reconhecimento a apontá-la;
III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, por
efeito de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa
que deve ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta não veja
aquela;
IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela
autoridade, pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas
testemunhas presenciais.
• HC 598.886/SC/2020: passou-se a ter nova interpretação do art. 226, CPP, segundo
a qual a inobservância do procedimento descrito no dispositivo legal torna
inválido o reconhecimento da pessoa suspeita e não poderá servir de lastro a
eventual condenação, mesmo se confirmado o reconhecimento em juízo.
→ Definiu-se que o reconhecimento fotográfico serve como prova apenas inicial
e deve ser ratificado por reconhecimento presencial, assim que possível.
→ No caso de uma ou ambas as formas de reconhecimento terem sido efetuadas,
em sede inquisitorial, sem a observância (parcial ou total) dos preceitos do art.
226 e sem justificativa idônea para o descumprimento do rito processual, o
reconhecimento falho se revelará incapaz de permitir a condenação, como regra
objetiva e de critério de prova, sem corroboração independente e idônea do
restante do conjunto probatório, produzido na fase judicial.

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Ariel Alves de Freitas

• Tenha consistência e constância, não intensidade.

• Crie hábitos:
a) O milagre da manhã, Hal Elrod;
b) Mindset, a nova psicologia do sucesso, Carol Dweck;
c) O poder do hábito, Charles Duhhig;
• Faça um pouco a cada dia.
• Para se tornar um profissional de alto rendimento, você deve saber a forma eficaz
de estudar.
• Pare e reflita: quem é a pessoa ou atividade que está te impedindo de
avançar/evoluir/ser quem você deseja e deve ser?
• Você tem o poder da decisão diária. Escolha e aja.
• Tenha disciplina.
• Aprenda a dizer não.
• Tenha metas diárias; fracione; faça sem erro; se esforce.
• Valorize coisas grandes. Seja uma pessoa grande.

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David Isidoro
O advogado e seu cliente

• Nunca faça uma defesa deficitária. Faça o seu melhor, pois você é o melhor de si.
• Nunca leve o seu cliente que acabou de ser solto, para casa, no seu carro:
a) Espere-o na porta da unidade segregadora.
b) Dê as boas-vindas e parabenize pela liberdade.
c) Chame alguém da família para buscá-lo ou um carro de transporte pago.
d) Se você o levar em casa, ele vai achar que vocês são amigos e íntimos; que não
precisa pagar ou te respeitar.
e) Não frequente a casa do seu cliente ou os lugares que seu cliente frequenta.
• Você não é quem você representa. Mas quanto mais íntimos ficamos de algo,
mais nos aproximamos da sua essência. Lembre-se disso.
• Um cliente preso é a sua melhor forma de propaganda. Mas um cliente solto é o
seu sucesso profissional.
• Teoria abolicionista:
→ Corrente política que visa deslegitimar a lógica da punição para práticas de
delitos e do próprio sistema carcerário, a partir de uma crítica ao direito
criminal.
→ Essa perspectiva de pensamento acredita que a centralização da ideia de
pena/ou punição para qualquer tipo de infração/ou crime, além de ter se
mostrado historicamente ineficaz, traz mais malefícios sociais – como
discriminação de grupos e pessoas – e não atinge a raiz dos problemas.
→ Louk Hulsman, criminólogo holandês, referência no debate sobre
abolicionismo penal, define que o sistema penal existente é um mal social,
visto como uma máquina burocrática formada por sistemas hierárquicos que
reduzem problemas e realidades humanas a partir de generalizações.
→ O foco do sistema penal é castigar os culpados como única forma de responder
a um acontecimento, utilizando-se da privação de liberdade como forma de
sofrimento a partir da segregação social, limitação de espaço, vigilância
constante, além da maioria dos casos, ambientes com precárias condições
sanitárias, de alimentação e higiene.
→ Há uma crença que o sistema penal se vale de uma justiça igualitária para toda
a população.
→ Mas, o que se observa é uma seletividade do sistema de justiça.

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→ O sistema penal é utilizado enquanto ferramenta por e para grupos que detém
poder econômico, social e político sobre a população mais vulnerável,
sobretudo pobre e negra, reforçando as desigualdades sociais já existentes.
→ Realizar uma crítica ao sistema penal é atacar a sua centralidade: as prisões.
→ É sabido que a população carcerária no Brasil tem crescido exponencialmente
nas últimas décadas: o número triplicou desde os anos 2000 (quase 700mil
pessoas privadas de liberdade em 2022).
→ Há uma tendência à naturalização das prisões enquanto um destino dado aos
infratores, mesmo que o aumento do encarceramento não tenha consequências
diretas na redução da reincidência, na ressocialização ou no aumento da
sensação de segurança da população.
→ Quando olhamos para o perfil da população carcerária é possível identificar
que ela possui um recorte social específico:
a) 55% possuem de 18 a 29 anos;
b) 61,67% são negros;
c) 75% possuem até o ensino fundamental completo;
d) + de 33% são prisões provisórias.
→ Há uma relação direta com a estrutura racista de um passado colonial
escravocrata e com a criminalização da pobreza.
→ O próprio conceito de crime é uma construção social, que se altera ao longo da
história de acordo com contextos políticos.
→ População carcerária no Brasil:
a) 40% está relacionada à crimes de Drogas.
b) 37% aos crimes contra o patrimônio, como roubos.
c) 12%, crimes contra à pessoa, como homicídios.
→ O sofrimento e a punição causadas pela privação de liberdade para atos
infracionais não evitam futuras condutas a partir de uma proposta de
reeducação, ressocialização, ou de oportunidades de emprego e escolarização,
da mesma forma que não trazem reparação para as vítimas.
→ Não há respostas simples e saídas únicas para um problema tão complexo
quanto a cultura punitivista da justiça criminal.
→ A simples exclusão e isolamento de pessoas em condições sub-humanas, além
de não trazer benefícios sociais e resolução de conflitos, acarreta em mais
violência, sobretudo para a dignidade da pessoa acusada.
→ Não é oferecido apoio, escuta, outras possibilidades para que a
responsabilização sobre os atos de fato aconteça, o que se oferece é dor,
sofrimento, penitência, além da marginalização e da criação de rótulos que
limitam as pessoas aos atos cometidos.

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→ Pensar em alternativas abolicionistas, requer não buscar um único sistema
alternativo que substitua a ação prisional, mas em um conjunto de medidas que
modifiquem nossa lógica punitivista de pensar e agir sobre crimes e desvios
sociais.
→ Falar de abolicionismo penal se trata de uma mudança de visão de mundo, a
partir de uma nova lógica de vivenciar e interpretar os conflitos sociais.
→ O sistema punitivista e o encarceramento em massa nunca trouxe soluções e
não têm apresentado melhoras no sentido de redução das violências
consideradas estruturais, mas ao contrário, tem acirrado as desigualdades
sociais.
→ Justiça restaurativa: forma específica de lidar com conflitos cujo foco não é na
punição e culpa dos chamados “ofensores”, mas nas necessidades das vítimas,
da comunidade e na responsabilidade de quem cometeu o ato.
→ Romper com essa lógica punitivista, requer uma série de alternativas
conjuntas, como o investimento em escolas, nos serviços da assistência social,
da saúde pública.
→ A lógica de punição tem relação com a reafirmação das estruturas hierárquicas
de poder: o poder sobre a liberdade, sobre a vida e até sobre a morte.
• O presídio é um espaço de ‘quase não direitos’.
• Estado de coisas inconstitucional: ADPF 347/DF.
• Súmula Vinculante 56 e a hipertrofia da pena: A falta de estabelecimento penal
adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais
gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE
641.320/RS.
• Pena computada em dobro em situações degradantes de carceragem:
→ Com base em determinação da Corte Interamericana de Direitos Humanos, o
STJ concedeu HC para que seja contado em dobro todo o período em que um
homem esteve preso de forma inumana.
→ Esta determinação não se aplica para os casos de crimes contra a vida,
integridade física e de crimes sexuais.
→ O relator lembrou que, a partir de 2002, o Brasil reconheceu competência da
CIDH em todos os casos relativos à interpretação ou aplicação da Convenção
Americana de Direitos Humanos/69 (Pacto de São José da Costa Rica).
→ A sentença da CIDH produz autoridade de coisa julgada internacional, com
eficácia vinculante e direta às partes. Todos os órgãos e poderes internos do
país encontram-se obrigados a cumprir a sentença.
→ As sentenças da CIDH devem ser interpretadas da maneira mais favorável
possível para quem teve seus direitos violados.
→ Os países signatários são guardiões da tutela dos direitos humanos.
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• Apac: a dignidade como ferramenta de recuperação do preso: Presídio sem
guardas armados nem câmeras de vigilância, onde não se distingue à primeira vista
quem são os presos, os funcionários ou os voluntários.
→ A segurança desse lugar é feita pelos próprios presos – alguns com penas altas
–, os quais também são responsáveis pelas chaves das celas e pelo controle dos
detentos na unidade.
→ Esse presídio tem níveis baixíssimos de reincidência e um custo por detento
menor do que as penitenciárias tradicionais.
→ Esse presídio é uma realidade no modelo desenvolvido pela Associação de
Proteção e Assistência aos Condenados (Apac), entidade civil idealizadora de
um método de recuperação e reintegração social de presos que foi conhecido
pelo STJ.
→ Criada em 1972, em São José dos Campos/SP, a Apac possui, atualmente, 64
unidades em funcionamento em todo o Brasil – a maior parte delas em MG.
→ Mais de 6 mil pessoas cumprem penas em Apacs, nos regimes fechado,
semiaberto e aberto.
→ Os presos – que, como regra, devem passar pelo sistema tradicional antes de
ingressar nessas unidades – reencontram duas coisas: a dignidade como ser
humano e a crença real em sua recuperação.
→ Como elementos de dignidade, a Apac permite que o preso não use uniforme,
mas sua roupa comum; que não seja isolado do mundo, mas que permaneça
tão próximo da família quanto possível.
→ Como crença na ressocialização, a Apac oferece uma proposta de
responsabilidade gradativa, tornando o apenado, parte integrante da
administração do próprio presídio.
→ "Todo homem é maior do que o seu erro".
→ Há organização do ambiente, limpeza das celas; não há cheiro de cigarro; há
desenhos artísticos nas paredes; veem-se plantações e galinhas, tudo
gerenciado pelos próprios recuperandos.
→ Os recuperandos são conhecidos pelo nome, têm oportunidades de educação e
trabalho e podem circular livremente pelo ambiente prisional, mesmo que
estejam no regime fechado.
→ Resultado: enquanto a reincidência é de 80% entre pessoas que cumpriram
pena nos presídios, a média nas Apacs é de 14% (masculino) e 3% (feminino).
→ Quem quer que o estabelecimento funcione bem são os próprios recuperandos.
Aqui, você não vai encontrar armas de fogo, não vai encontrar tonfa, porque o
que se espera aqui, o tempo todo, é uma organização sistemática do diálogo, a
compreensão e o tratamento respeitoso.
→ As Apacs têm índices muito baixos de fuga.
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→ A Apac foi desenvolvida como uma oportunidade para que o preso cumpra a
pena em condições dignas: em troca, o modelo exige que o detento siga as
regras da instituição e participe de todas as atividades diárias.
→ A capacidade de disciplina e de convívio harmônico com os demais presos é o
principal requisito para que o detento seja transferido para uma Apac, ou seja,
a gravidade do crime cometido ou o tempo de pena a cumprir não são
impeditivos.
→ A transferência deve ser solicitada pelo advogado ou pelo defensor público, e
o juiz responsável pela execução da pena avalia se o interessado preenche os
requisitos para ingresso no modelo alternativo.
→ A Prison Fellowship International, organização não governamental que atua
como órgão consultivo das Nações Unidas em assuntos penitenciários,
reconheceu o método Apac como alternativa para humanizar a execução penal.
→ As Apacs representam apenas uma alternativa ao sistema convencional, porém
não são capazes de solucionar todos os problemas que envolvem o
encarceramento no Brasil.
→ Na avaliação das condições para transferência, analisa-se se o apenado possui
alguma ligação com facções criminosas e a inexistência de falta grave nos
últimos 12 meses de cumprimento da pena.
→ Custo mensal por preso no sistema comum: R$ 2,1 mil. Apacs: R$ 1,5 mil.
→ https://youtu.be/_QyWJdf5tvQ
• No sistema carcerário brasileiro, há a objetificação da pessoa.

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Roberto Girão
Crimes tributários e o direito penal

• Sonegação: Lei 4.729/65.


→ Art 1º: Constitui crime de sonegação fiscal:
I - prestar declaração falsa ou omitir, total ou parcialmente, informação que
deva ser produzida a agentes das pessoas jurídicas de direito público interno,
com a intenção de eximir-se, total ou parcialmente, do pagamento de tributos,
taxas e quaisquer adicionais devidos por lei;
II - inserir elementos inexatos ou omitir, rendimentos ou operações de qualquer
natureza em documentos ou livros exigidos pelas leis fiscais, com a intenção
de exonerar-se do pagamento de tributos devidos à Fazenda Pública;
III - alterar faturas e quaisquer documentos relativos a operações mercantis
com o propósito de fraudar a Fazenda Pública;
IV - fornecer ou emitir documentos graciosos ou alterar despesas, majorando-
as, com o objetivo de obter dedução de tributos devidos à Fazenda Pública,
sem prejuízo das sanções administrativas cabíveis.
V - Exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário da
paga, qualquer percentagem sôbre a parcela dedutível ou deduzida do imposto
sobre a renda como incentivo fiscal.
• Descaminho: CP, art. 334.
→ Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela
entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria.
§ 1o: Incorre na mesma pena quem:
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza
em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu
clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser
produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação
fraudulenta por parte de outrem;
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de
atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira,
desacompanhada de documentação legal ou acompanhada de documentos que
sabe serem falsos.

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§ 2o: Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo,
qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias
estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
§ 3o: A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em
transporte aéreo, marítimo ou fluvial.
→ O verbo “iludir”, núcleo do tipo do descaminho, remonta ao meio fraudulento,
ardil, malicioso, empregado pelo agente a fim de obstar o recolhimento do
tributo devido pela entrada ou saída das mercadorias.
→ O descaminho corresponde à entrada ou à saída de produtos permitidos,
todavia elidido, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou de imposto
devido.
→ Possui como requisito o prévio lançamento do tributo suprimido, conforme
STJ: De acordo com a jurisprudência, o raciocínio adotado pelo STF, é de
consagração da necessidade de prévia constituição do crédito tributário para a
instauração da ação penal, para a tipificação do crime de descaminho.
→ Classificação:
a) Crime simples; f) Comissivo;
b) Comum; g) Instantâneo;
c) Formal; h) Unilateral;
d) De dano; i) Plurissubsistente.
e) Forma livre;
→ Descaminho também é conhecido como contrabando impróprio.
→ A mercadoria pode ser de fabricação nacional, desde que tenha procedência
estrangeira.
→ O bem jurídico protegido é a Administração pública, em face do prejuízo na
arrecadação dos tributos.
→ O objeto material é o tributo não recolhido.
→ O caput é lei penal em branca homogênea, pois precisa da complementação de
outra lei, destinada a indicar os impostos devidos.
→ Princípio da insignificância: quando o imposto devido não ultrapassa R$
20.000,00.
→ Não se admite a modalidade culposa.
→ Admite tentativa.
→ Ação penal é pública incondicionada.
→ É crime de médio potencial ofensivo.
→ A competência de julgamento é da justiça federal.
• Nestes crimes, aplica-se o princípio da especificidade: o princípio determina que
se afaste a lei geral para aplicação da lei especial; lei especial é aquela que contém
todos os elementos da norma geral, acrescida de outros que a tornam distinta.
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Gabriel Bulhões
Open Source Intelligence na Advocacia

• OSINT: open surce inteligence.


• Conjunto de atividades para coletar, armazenar e analisar as informações de fontes
públicas — basicamente, qualquer dado sobre uma empresa ou pessoa que possa
ser encontrado por meio de ferramentas da Internet ou OSINT framework, como
os buscadores.
• Data mining: mineração de dados em fontes abertas.
• A OSINT caracteriza uma paridade de armas processuais.
• Catálogo de fontes abertas:
http://bibliotecadigital.mpf.mp.br/bdmpf/handle/11549/188193

14
Vitor Poeta
Populismo punitivo e mídia sensacionalista

• Sede de vingança x injustiça.


• Direitos feridos pela mídia punitiva:
a) Presunção de inocência;
b) Direito à privacidade;
c) Ampla defesa;
d) Contraditório;
e) Dignidade da pessoa humana;
f) Devido processo legal.
• A mídia baseia-se no populismo punitivo.
• Mídia = massa de manobra.
• A mídia destrói e a justiça reconstrói.

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15
ANPP - Acordo de não persecução Penal

• A ANPP faz parte do pacote anticrime.


• É um instituto de negociação.
• Lei nº 13.964/2019.
• CPP, art. 28-A:
→ Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e
circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça
e com pena mínima inferior a 4 anos, o MP poderá propor acordo de não
persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e
alternativamente:
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de
fazê-lo;
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo MP como
instrumentos, produto ou proveito do crime;
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período
correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de 1 a 2/3, em
local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46, CP.
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45, CP a
entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução,
que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou
semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito ou
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo MP, desde
que proporcional e compatível com a infração penal imputada.
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses:
I - se for cabível transação penal de competência dos JECrim;
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que
indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se
insignificantes as infrações penais pretéritas;
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 anos anteriores ao cometimento da
infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão
condicional do processo e
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou
praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor
do agressor.
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será
firmado pelo membro do MP, pelo investigado e por seu defensor.
18
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada
audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da
oitiva do investigado na presença do seu defensor, e sua legalidade.
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições
dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá os autos ao MP para
que seja reformulada a proposta de acordo, com concordância do investigado
e seu defensor.
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz
devolverá os autos ao MP para que inicie sua execução perante o juízo de
execução penal.
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao MP para a análise
da necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento da
denúncia.
§ 9º A vítima será intimada da homologação do ANPP e de seu
descumprimento.
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no ANPP, o MP
deverá comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão e posterior oferecimento
de denúncia.
§ 11. O descumprimento do ANPP pelo investigado também poderá ser
utilizado pelo MP como justificativa para o eventual não oferecimento de
suspensão condicional do processo.
§ 12. A celebração e o cumprimento do ANPP não constarão de certidão de
antecedentes criminais.
§ 13. Cumprido integralmente o ANPP, o juízo competente decretará a
extinção de punibilidade.
§ 14. No caso de recusa, por parte do MP, em propor ANPP, o investigado
poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28, CPP.
• O ANPP faz parte da justiça penal restaurativa.
• Significa a evolução da negociação penal.
• É uma forma de despenalização e desjudicialização.

“Ao se encaminhar para um objetivo,


sobretudo um grande e distante objetivo,
as menores coisas se tornam fundamentais.
Uma hora perdida é uma hora perdida,
e quando não se tem um rumo definido é muito fácil perder horas,
dias ou anos, sem se dar conta disso.”

Amyr Klink

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Claúdia Barros
Você é garantista?

• Ser garantista é obrigação como ser humano.


• Qual seu propósito? E sua meta? E seu objetivo?
• Em sua obra clássica, ‘Direito e Razão’, Luigi Ferrajoli elenca dez axiomas, que
são valores, princípios garantidores de direitos mínimos do acusado que devem
nortear tanto o Processo Penal quanto o Direito Penal.
• O poder de punir não pode ser ilimitado, devendo seu exercício ser limitado por
regras claras.

Cada axioma tutela um valor:


Axioma Tradução Princípio
1. Nulla poena sine Não há pena sem Princípio da retributividade ou da
crimine crime consequencialidade da pena em relação
ao delito
2. Nullum crimen sine Não há crime sem Princípio da legalidade, no sentido lato
lege lei ou no sentido estrito
3. Nulla lex (poenalis) Não há lei penal sem Princípio da necessidade ou da
sine necessitate necessidade economia do direito penal
4. Nulla necessitas sine Não há necessidade Princípio da lesividade ou ofensividade
injuria sem ofensa a bem do evento
jurídico
5. Nulla injuria sine Não há ofensa ao Princípio da materialidade ou da
actione bem jurídico sem exterioridade da ação
ação
6. Nulla actio sine culpa Não há ação sem Princípio da culpabilidade ou da
culpa responsabilidade pessoal
7. Nulla culpa sine Não há culpa sem Princípio da jurisdicionalidade no
judicio processo sentido lato ou estrito
8. Nulla judicium sine Não há processo Princípio acusatório ou da separação
accustone sem acusação ente o juiz e a acusação
9. Nulla accusatio sine Não há acusação Princípio do ônus da prova ou da
probatione sem prova verificação
10. Nulla probatio sine Não há prova sem Princípio do contraditório e ampla
defensione ampla defesa defesa.

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Marcelo Zago
Autópsia psicológica

• A autopsia psicológica é uma forma de avaliação retrospectiva de vítima de


morte suspeita, que procura analisar o comportamento, as emoções e o histórico
da vítima antes de morrer, com o intuito de identificar se a morte suspeita foi
resultado de acidente, homicídio ou suicídio, ou ao menos chegar na maior
probabilidade da causa.
• Profissional competente: psicóloga ou psiquiatra.
• Trata-se de um método de investigação que utiliza informações sobre a vítima
para determinar características da personalidade com a intenção de compreender
o que ocorreu e como ocorreu.
• Podendo ser utilizado principalmente no âmbito policial para melhor tipificar em
compreender um crime, com o Criminal Profiling através da vitimologia e os
conhecimentos da área, a autópsia psicológica serve para compreender as
características da vítima e do meio através de análise da cena do crime; elementos
documentais e de informações coletadas para concluir se houve crime ou não;
que tipo de crime; e até adicionar possíveis transtornos ou doenças da vítima
ligados ao ocorrido e que corroboraram com o fato, mas que seriam
desconhecidos das autoridades sem uma profunda investigação por meio desses
métodos e profissionais qualificados para isso.
• Esse tipo de avaliação ocorre principalmente em casos de suspeita de suicídio,
quando a história pregressa da vítima, além de toda uma gama de informações,
possibilita uma percepção de como ela estava, entre outras coisas, momentos
antes do ocorrido, permitindo, assim, um meio diferente de compreender a
fenomenologia da morte e suas dinâmicas.
• Existem também outros tipos de casos que podem utilizar a autópsia psicológica
como de pessoas desaparecidas ou em coma.
• Entre os elementos abordados nos métodos de coleta e interpretação de dados
estão os traços de personalidade, o estilo de vida pouco tempo antes da morte,
possíveis experiências traumatizantes recentes e gatilhos, e a dinâmica familiar
e socioprofissional a vítima.
• O perfil criminal e a autópsia psicológica são métodos complementares.

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18
Letícia Neves
Direitos Humanos e execução penal no Brasil

• A superlotação carcerária é um dos efeitos e não a causa dos crimes.


• Uma sociedade tem como seu espelho, as unidades prisionais. Quanto mais
degradante for o tratamento aos seus segregados, mais retrógada e desumana é a
sociedade.
• A pena transcende o presidiário: ela atinge a sociedade.
• Direito penal: estuda a norma em si.
• Criminologia: estuda o crime, a vítima, o autor, a sociedade, etc.
• Direito de silêncio horizontal: pode dar vários depoimentos em interrogatórios,
dentro do processo, ou ficar em silêncio.
• Direito de silêncio vertical: escolhe as perguntas que deseja responder – como
apenas as da defesa.
• O direito ao silêncio é um ato de amparo ao réu.

19
André Carneiro
Humanidade

• Quando a exaustão chegar, quando a noite for mais escura, o seu objetivo será o
seu farol.
• A madrugada é a casa dos grandes poetas. Viva mais um dia!
• Um dia, eu olhei para o céu e perguntei a Deus: o que eu estou fazendo?
E ele respondeu com o brilho de uma estrela: o que você nasceu para fazer. Siga
em frente. Não olhe para trás. Siga sempre em frente.
• Processos judiciais feitos através de videoconferência trazem mais celeridade
processual, mas tornam as decisões menos humanas.

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20
MasterClass
Rogério Sanchez
Racismo e persecução penal

• Lei Afonso Arinos (1.390/51): a primeira norma contra racismo no Brasil; carrega
o nome do autor do projeto em sua inicial.
• Criada após a CF/46.
• A CF/88 cria um novo cenário para os direitos fundamentais:
→ Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;
→ Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação.
→ Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações
internacionais pelos seguintes princípios:
II - prevalência dos direitos humanos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
→ Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou
anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
• Racismo é um crime de repúdio.
• Lei 7.716/89: define os crimes resultantes de preconceito de raça ou cor.
• Em 1997, há a modificação e complementação do art. 1º.
• Procedência nacional: xenofobia e preconceito nacional/regional.
• Raça: sentido social; geográfico; biológico.
• “Do nada, nada surge.”
• Aporofobia: aversão a pessoas pobres; não está na lei 7.716.
• Injúria racial x preconceito x racismo x discriminação.
• Lei 14.532/2023: altera a Lei nº 7.716/89 (Lei do Crime Racial), e o Código Penal,
para tipificar como crime de racismo a injúria racial, prever pena de suspensão de
23
direito em caso de racismo praticado no contexto de atividade esportiva ou artística
e prever pena para o racismo religioso e recreativo e para o praticado por
funcionário público.
• O art. 2º da Lei 7.716/89, não se aplica à religião.
Esta ficou tipificada no art. 140, § 3º, CP: Injuriar alguém, ofendendo-lhe a
dignidade ou o decoro:
§ 3º: Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a religião, à
condição de pessoa idosa ou com deficiência:
Pena - reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.
• Injúria religiosa é inafiançável, imprescritível, porém, condicionada a
representação do ofendido.
• Injúria contra deficiência: afiançável e prescritível.
• Lei nº 7.716:
→ Art. 20 (soldado reserva para o direito). Praticar, induzir ou incitar a
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência
nacional.
Pena: reclusão de um a três anos e multa.
§ 2º-A: Se qualquer dos crimes previstos neste artigo for cometido no contexto
de atividades esportivas, religiosas, artísticas ou culturais destinadas ao
público:
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e proibição de frequência, por 3
(três) anos, a locais destinados a práticas esportivas, artísticas ou culturais
destinadas ao público, conforme o caso.
• Dica de leitura: A mídia do tribunal do júri.
• Dica de série: Por dentro das prisões mais severas do mundo, Netflix.
• Quando a ofensa proferida for por meio de sítios da internet fechados, a
competência será estadual; abertos, federal.

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Antes do compromisso há hesitação,


a oportunidade de recuar,
a ineficácia permanente.
Em todo ato de iniciativa
(e de criação),
há uma verdade elementar
cujo desconhecimento destrói
inúmeras ideias e planos esplêndidos:
no momento em que nos comprometemos de fato,
a providência age também.
Ocorre toda espécie de coisas para nos ajudar,
coisas que de outro modo nunca ocorreriam.
Toda uma cadeia de eventos surge da decisão,
fazendo vir em nosso favor todo tipo de encontros,
de incidentes e de apoio material imprevistos
que ninguém poderia sonhar que viria em seu caminho.
Comece tudo o que pode fazer,
ou que sonha que pode fazer.
Há gênio, poder e magia na ousadia.

Goethe

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