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SUZANE NARA DA SILVA GRANDINO

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Trabalho apresentado ao Curso de Direito, na


universidade Unisuam.

Professor: Adriane Barbosa

Data: 04/10/2023

RIO DE JANEIRO
2023
Distrito Policial: São Joao de Meriti - RJ. DP
Bairro: Agostinho porto
PORTARIA 3210/2023

Chegando ao meu conhecimento por meio do Boletim de Ocorrência n.344995366,


desta Delegacia, que, em 05/09/2023, na Rua Doutor Roberto Silveira, n. 70, bairro
Agostinho porto, nesta cidade e Comarca, a vitima Rolorinda, de 19 anos, por varias
vezes, recebeu ameaças contra a sua vida pelo Afondisio, de 22 anos devido ao
termino do relacionamento entre ele e Rolorinda. Em tese, o delito de ameaça (art.
147, CP), e cibernético (art. 307, CP) que podem ser caracterizados também como
violência doméstica contra a mulher, INSTAURO o devido INQUERITO POLICIAL,
para a apuração do ocorrido, determinando ao Sr. Escrivão de Policia, que após
autuada e registrada esta, tome as seguintes providencias:
A) Intime-se para depoimento a vitima Rolorinda;
B) Intime-se para depoimento o gerente da empresa, a ser identificado.

REPRESENTAÇÃO CRIMINAL

Em face de ato delituoso, praticado por AFONDISIO, brasileiro, maior, solteiro,


enfermeiro, residente e domiciliado Rua Doutor Roberto Silveira, detentor do RG
nº. 446677 – SSP/RJ, inscrito no CPF(MF) sob o nº. 999.555.888-33 (CPP, art.
5º, § 1º, ‘b’), em razão das justificativas de ordem fática e de direito, abaixo
delineadas.

ALÍGERAS CONSIDERAÇÕES FÁTICAS

Rolorinda tem 19 anos e é ex-namorada de Afondisio desde a tarde de


05/10/2023, o qual tem 22 anos e trabalha em um hospital psiquiátrico. Depois do
termino do relacionamento, Afondisio se tornou inconformado com o termino, e
desde então começou a persegui-la e ameaça-la tanto através de suas redes
socias, quanto pessoalmente, com o objetivo de causar medo e sofrimento a
Rolorinda.
ANEXO 2 3

Ela contou para a melhor amiga, Karolynds, que Afondisio criou vários perfis
falsos para comentar suas fotos no instagram, com frases ameaçadoras contra
Rolorinda.
Rolorinda havia mostrado 3 fotos que o rapaz havia enviado dela em lugares
públicos sem o seu consentimento e com frases ameaçadoras contra ela para
sua chefe Dorothy.
Com toda essa perseguição, Rolorinda tem se sentido constantemente vigiada e
sofrendo com crises de ansiedade. desde então, procurou a delegacia de polícia
de atendimento à mulher.

TIPICIDADE DA CONDUTA DO NOTICIADO


CRIME DE AMEACA - PERSEGUICAO E CRIME CIBERNETICO - FALSA
IDENTIDADE
A conduta de Afondisio, ao se promoverem ameaças junto a falsa identidade
através das mensagens de ameaça contra à Rolorinda, deu azo à caracterização
de violência doméstica e familiar contra a mulher.

Lei Maria da Penha ( Lei nº. 11.340/06)

Art. 5º - Para efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a
mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte,
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:

I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio


permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive esporadicamente
agregadas;

Art. 7º - São forma de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre


outras:
ANEXO 2 4

I – a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano
emocional e diminuição da autoestima ou lhe prejudique e pertube o pleno
desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações,
comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento,
humilhação, manipulação, isolagamento, vigilância constante, perseguição
contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito
de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe causa prejuízo à saúde psicológica e à
autodeterminação;

Nesse diapasão, inescusável que a conduta delituosa perpetrada por


Afondisio, segundo o relato fático expresso no tópico anterior, tem alcance e
merece ser apreciada à luz da Lei Maria da Penha e, sob o manto dessa Lei,
deverão ser apreciados os pedidos ora formulados.

De outro turno, em consonância com os ditames do art. 13 da Lei 11.340 06, as


ameaças verbais sofridas por Rolorinda, sérias e que demonstram risco de vida
da vítima, tem guarida no Código Penal, verbis:

Código Penal

Art. 147 – Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio
simbólico, de causar-lhe mau injusto e grave:

Pena – detenção, de 1(um) a 6(seis) meses, ou multa.


Tal entendimento, de outro revés, é apoiado por diversos Tribunais, senão
vejamos:
ANEXO 2 5

APELAÇÃO CRIMINAL. AMEAÇA. VIAS DE FATO. AMBITO DOMÉSTICO E


FAMILIAR CONTRA A MULHER. AUTORIA E MATERIALIDADE
COMPROVADAS. PALAVRA DA VÍTIMA. ESPECIAL RELEVO. RECURSO
DESPROVIDO.

1. Os relatos da vítima, colhidos na delegacia de polícia e perante a autoridade


judicial, não deixam dúvidas de que o réu praticou vias de fato contra sua
companheira, puxando seus cabelos e arremessando um celular contra sua
cabeça, e a ameaçou de morte. 2. A Lei nº 11.340/2006, conhecida como Lei
Maria da Penha, assegurou maior proteção às mulheres que, em razão do
gênero, se encontram em situação de vulnerabilidade. A jurisprudência, por
sua vez, reconhece especial força probatória à palavra da vítima em relação
aos crimes cometidos nesse contexto, mormente porque geralmente ocorrem
sem a presença de testemunhas. 3. Os delitos praticados contra mulheres no
âmbito doméstico e familiar, geralmente pelos próprios companheiros,
distinguem-se dos demais crimes do ordenamento pátrio exatamente por
haver uma relação afetiva entre as partes, o que implica em natural relutância
por parte das vítimas em mover ação penal em desfavor de seu agressor. 4.
Admitir que a mera oscilação da vítima em dar continuidade à persecução
penal contra seu companheiro seja suficiente para retirar a credibilidade de
sua palavra e, assim, isentar agressor, implica, ao final, em desconsiderar a
patente realidade de que são fatores como medo, retaliações, ameaças,
dependência econômica e outros que impulsionam as vítimas destes crimes a
perdoar seus companheiros, alterarem suas versões ou ocultar os fatos para
beneficiá-los. 5. Recurso desprovido. (TJDF; APR 2016.08.1.004236-9; Ac.
107.7674; Segunda Turma Criminal; Rel. Des. Silvânio Barbosa dos Santos;
Julg. 22/02/2018; DJDFTE 05/03/2018)

(3) – REQUERIMENTOS

Ante o exposto, entendemos que, diante dos indícios estipulados, prima facie,
configurou-se a figura do crime de ameaça (CP, art. 147), razão qual a
Representante delimita que tem interesse em representar contra o agressor
ANEXO 2 6

(esposo), motivo qual pede que V. Sa se digne de tomar as seguintes


providências:

a) determinar a abertura de Inquérito Policial, a fim de averiguar a possível


existência do crime evidenciado, pleito esse feito com guarida no art. 5º,
inciso II, do Código de Processo Penal c/c art. 13 e 12 e seus incisos, da Lei
Maria da Penha (Lei 11.340/06);

b) pleiteia, de outro bordo, com supedâneo nos arts. 10, 12 e 22, da Lei
11.340/06 ( Lei Maria da Penha ), seja requerido ao Juiz de plantão, em
caráter de urgência, medidas protetivas em face do agressor, de sorte a:

(1) afastar-se o agressor de qualquer rede social ou ambiente onde esteja


próximo da ofendida;

(2) obrigar o Representado a não ter aproximação da Representante, em um


raio de 100 metros, bem assim de seus familiares, e das testemunhas abaixo
arroladas;

(3) instá-lo a não ter qualquer espécie de contato com as pessoas supra
mencionadas;

c) requer, por fim, a oitiva das testemunhas abaixo arroladas (CPP, art. 5º, § 1º,
‘c’)
ANEXO 2 7

A seguir, tornem conclusos para deliberação.


Cumpra-se.

São Joao de Meriti, 10/09/2023.


_____________
Autoridade Policial

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