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Ação Penal: HOMICÍDIO QUALIFICADO
Réu: Sanderson de Souza Fonseca e José Osvaldo Pereira.

O Ministério Público do Estado do Espírito Santo, por seu Promotor de


Justiça, vem, perante V. Exa., apresentar as suas alegações finais, na forma a
seguir aduzida:

FUNDAMENTAÇÃO

A peça inicial atribui ao réu o delito de homicídio qualificado, previsto no Art.


121, §2º, inciso II e IV (Fútil) e (Meio que inviabilize a defesa da vítima) do
Código Penal.

HOMICÍDIO QUALIFICADO

A materialidade do delito imputado está verificada no exame de corpo de delito


de fl. 63-70

Quanto à autoria, os indícios de participação são robustos, tudo sendo


comprovado nos relatos das testemunhas que contradizem umas as outras.

Cabe de pronto salientar que a conduta do réu bem como a forma de execução
do crime demonstra sua personalidade perversa e o profundo desprezo pela
vida humana.

Na audiência de instrução, foram ouvidas as testemunhas arroladas e


procedido o interrogatório.
Vieram os autos para alegações. É o brevíssimo relatório:

Infere-se do inquerito IP 015/2022 que sustenta a presente ação penal pública


que , no dia 29/04/2022, no período noturno , no interior de imóvel residencial
localizado à Rua Quatro, nº 02, Vila Tongo, distrito de Praia Grande, o
denunciado Sanderson de Souza Fonseca agindo de forma consciente e
voluntária, com inequívoco intuito de matar, por motivação fútil e mediante
recurso que impossibilitou a defesa da vítima, desferiu golpes com arma
branca, que atingiram a região torácica de Climbson Evangelista Pereira,
causando-lhe a morte, conforme Laudo de Exame Cadavérico de fls. 37/38 e
diagrama médico-legal de fl. 41.
Demonstra os autos que na data do ocorrido, a vítima juntamente com o José
Osvaldo Pereira saíram do trabalho por volta das 17h00min, no município de
Serra/ES, a bordo de uma CG 150, ano 2005, placa HCR0G77, de
propriedade da vítima, com destino à residência do referido denunciado.

Contudo, conforme demonstrado na localização google maps oriunda do


celular da vítima, bem como demais elementos constantes nos autos, ambos
pararam em uma oficina para manutenção da motocicleta, após o conserto da
motocicleta, passaram no bar Nazur (oportunidade que beberam bastante),
posteriormente passaram no Supermercado Noroeste e por fim chegaram na
residência de José Osvaldo Pereira por volta de 20h:06 min.

Após adentrarem na residência, iniciou uma espécie de confraternização, no


qual estava presente os denunciados José Osvaldo Pereira e Sanderson de
Souza Fonseca e demais familiares dos mesmos.

Durante a confraternização, ocorreu uma discussão envolvendo a vítima e


Sanderson de Souza Fonseca tendo o denunciado acreditado que a vítima
estaria “dando em cima” de sua esposa ELIANE de Passos Soares (filha do
denunciado José Osvaldo Pereira).

Decorrente deste discussão, o denunciado Sanderson de Souza Fonseca, de


forma repentina se apoderou de arma branca, subjugara a vítima e o golpeou
violentamente a região torácica de Climbson Evangelista Pereira, atingindo o
coração, tórax e abdômen, além da orelha do ofendido, que não resistiu aos
ferimentos e evoluiu a óbito no local, sem qualquer oportunidade de se
defender do ataque criminoso.

Portanto, após consumar o homicídio, com o objetivo de acobertar o crime,


transportou o corpo da vítima até uma rua à 700 metros da residência dos
denunciados, desta forma o corpo da vítima foi encontrado no dia posterior (
30/04/2022).

Vossa Excelência,

Venho por meio deste memorial final pedir a pronúncia do acusado


SANDERSON DE SOUZA FONSECA no caso de homicídio previsto no Art.
121, §2º, inciso II e IV do Código Penal. Solicito encarecidamente que o
acusado pronunciado, levando em consideração os seguintes pontos:

Em julgamento, decidiu a Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do


Rio Grande do Sul (RC nº 691112023) que "só como exceção poderá o Juiz
singular invadir a competência do Tribunal do Júri e julgar, no mérito,
delitos contra a vida."
Frente à hipótese dos autos, a pronúncia afigura-se, mesmo, indispensável. É
que a sentença terminativa de inadmissibilidade da imputação, a sentença de
impronúncia que extingue o processo sem julgamento de mérito, seria absurda,
haja vista o robusto conjunto probatório.
Assim, a impronúncia só seria admissível caso não tivesse ficado perfeitamente
provada a existência da infração penal na sua materialidade (elementos
objetivos do tipo, vale dizer), ou não houvesse uma indicação de autoria, o que
inocorreu no caso em tela. Outrossim, é certo que eventuais dúvidas sobre o
conjunto probatório devem ser esclarecidas pelo Juiz natural da causa: o
Tribunal do Júri

Nesse sentido, a soberania dos vereditos e a competência para julgamento


dos crimes dolosos contra a vida (art. 5º, XXXVIII, CF). Dentre estas
características, a soberania do veredito popular é o princípio com maior
relevância para essa obra, pois dela “advém” o in dubio pro societate.

Na fase de pronúncia vigora o princípio do in dubio pro societate, uma vez que
há mero juízo de suspeita, não de certeza. O juiz verifica apenas se a
acusação é viável, deixando o exame mais acurado para os jurados. Somente
não serão admitidas acusações manifestamente infundadas, pois há juízo de
mera prelibação.

Ademais, a decisão pela pronúncia é meramente processual e nela não há


análise profunda do mérito. Não é necessária prova plena de autoria, mas
apenas indícios. O juiz, quando sentencia pela pronúncia do réu, apenas
fundamenta os motivos do seu convencimento de que o crime existiu e de que
há probabilidade do acusado ser o autor ou partícipe desse crime. O juiz
também declara o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e
especifica as circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento da pena.
Na pronúncia vigora o princípio “in dúbio pro societate”, havendo dúvida o juiz
deve levar a questão para o Júri. Isso por que há mera suspeita, o juiz verifica
se a acusação é viável e a leva ao Tribunal, que por sua vez poderá entender
diferente ao final.

- A MANUTENÇÃO DA PRISÃO

Necessária a manutenção da segregação cautelar dos réus, eis que


permanecem válidos os fundamentos da sua decretação, qual seja, no
asseguramento da ordem pública e da aplicação da lei penal, atendendo a
preceito do art. 312, do CPP.

Ante o exposto, requer o MINISTÉRIO PÚBLICO, por seu agente signatário,


seja JULGADA PROCEDENTE A DENÚNCIA, para com fundamento no art.
413 do Código de Processo Penal, PRONUNCIAR os Srs. SANDERSON DE
SOUZA FONSECA já qualificados, por infração ao art. 121, §2º, incisos II e IV
do Código Penal, para que se submeta a julgamento perante o Tribunal do
Júri, mantendo-se sua prisão cautelar.

Ação Penal: HOMICÍDIO QUALIFICADO

Réu: José Osvaldo Pereira

O Ministério Público do Estado do Espírito Santo, por seu Promotor de Justiça,


vem, perante V. Exa., apresentar as suas alegações finais, na forma a seguir
aduzida:

Vossa Excelência,

Venho por meio deste memorial final pedir o não pronunciamento do acusado
JOSE OSVALDO PEREIRA no caso de homicídio previsto no Art. 121, §2º,
inciso II e IV do Código Penal. Solicito encarecidamente que o acusado não
seja pronunciado, levando em consideração os seguintes pontos:

1. Ausência de provas contundentes: Durante todo o processo, não foram


apresentadas provas irrefutáveis que comprovem a participação direta
do acusado no crime em questão. A falta de evidências concretas torna
questionável a sua responsabilidade.

2. Inconsistências nas testemunhas: As testemunhas ouvidas


apresentaram versões conflitantes e incertas dos eventos ocorridos na
ocasião do crime. Suas declarações não são confiáveis e não podem ser
consideradas como base para a pronúncia do acusado.

3. Falta de motivação fútil: Não foi apresentada nenhuma prova ou indício


que demonstre a existência de uma motivação fútil por parte do acusado
para cometer o homicídio. A ausência desse elemento essencial
enfraquece a acusação.

4. Preservação do princípio da ampla defesa: O não pronunciamento do


acusado é fundamental para garantir o exercício pleno do direito à ampla
defesa. Ao permitir que o processo prossiga sem uma base sólida de
evidências, estaríamos violando um dos princípios fundamentais do
nosso sistema jurídico.

Diante desses argumentos, solicito respeitosamente que Vossa Excelência


considere a não pronúncia do acusado JOSE OSVALDO PEREIRA, garantindo
assim o devido processo legal e a justiça em sua plenitude.
Agradeço antecipadamente pela atenção dispensada ao presente memorial e
coloco-me à disposição para esclarecimentos adicionais, se necessário.

Serra, 11 de Dezembro de 2023.

VICTOR MATTOS FASSARELLA


CAROLINE VIEIRA BONJARDIM
Promotor de Justiça

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