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1. PREVISÃO LEGAL
Art. 29, caput. “Quem de qualquer modo concorre para o crime incide nas penas a este cominadas na medida de sua
culpabilidade”.
2. DENOMINAÇÃO
O nome que o CP usa é concurso de pessoas. Como sinônimo, pode ser usado concurso de agentes.
Essa expressão foi adotada pelo CP na reforma da parte geral. Na redação original, de 1940, falava-se em coautoria. Naquela
época, o CP não previa a participação. Atualmente concurso é gênero, que tem como espécies coautoria e participação.
Examinadores mais antigos podem usar coautoria como sinônimo de concurso de pessoas.
3. CONCEITO
É a colaboração entre dois ou mais agentes para a realização de um crime ou de uma contravenção penal.
4. Requisitos cumulativos
Faltou um requisito, desaparece o concurso de pessoas. São eles: a) Pluralidade de agentes culpáveis, b) Relevância causal
das condutas, c) Vínculo subjetivo ou liame psicológico, d) Unidade de infração penal para todos os agentes
e) Existência de fato punível. Destrinchando:
a) Coautoria
Existência de dois ou mais autores. Todos realizam condutas principais.
b) Participação
Autor realiza conduta principal e partícipe realiza conduta acessória.
6. Autoria
6.1. Teorias
7. Coautoria
Presença ou existência de dois ou mais autores.
8. Participação
Tem natureza acessória, pois só se pune a participação penalmente relevante quando há crime do autor.
Para a teoria objetivo formal, é quem concorre de qualquer modo para o crime, sem executá-lo.
Para a teoria do domínio fato, é quem concorre de qualquer modo para o crime, sem executá-lo e sem ter o controle final do
fato.
a) Participação moral
Limita-se a palavras, conselhos, sugestões.
Se subdivide em INDUZIMENTO e INSTIGAÇÃO.
- Induzir é fazer surgir na mente do autor a vontade criminosa que até então não existia.
- Instigar é reforçar na mente do autor a vontade criminosa que já existia.
Cuidado: tanto o induzimento quanto a instigação devem se dirigir a uma pessoa determinada ou a pessoas determinadas e
devem se referir a um fato determinado ou a fatos determinados. Em outras palavras, não há induzimento ou instigação de
natureza genérica. Ex: Marcelo D2, fazendo apologia à maconha em seus shows. Ex2: Goathe – O sofrimento do jovem
Verter, obra que dá a ideia de que o amor não correspondido só pode ser superado por suicídio. Na Europa houve um surto
de sucídios. No entanto, em ambos os casos, o “induzimento” ou “instigação” não foi específico, portanto não houve
participação.
b) Participação material
É o fornecimento material, de objetos. É concorrer materialmente para o crime sem executá-lo.
É o AUXÍLIO, também chamado de CUMPLICIDADE.
Cúmplice, portanto, é quem presta auxílio material ao autor do crime.
Em regra, ocorre durante os atos preparatórios ou executórios. Não se admite o auxílio POSTERIOR à consumação, salvo se
AJUSTADO PREVIAMENTE.
Auxílio posterior à consumação com ajuste prévio: ex: A diz que a B que ao meio dia irá matar C, e pede que B vá
busca-lo depois para leva-lo ao aeroporto a fim de fugir no Brasil. Houve um auxílio posterior à consumação do
crime, com ajuste prévio. Trata-se, neste caso, de participação no crime de homicídio.
Auxílio posterior à consumação sem ajuste prévio: ex: A mata C e B chega depois, ajudando A a fugir, sem ajuste
prévio. Não há participação, mas B responde por favorecimento pessoal, pois não há ajuste prévio.
8.5. Conivência
Também chamado de participação negativa, concurso absolutamente negativo e crime silente.
É a omissão de quem não tinha o dever de agir para evitar o resultado. Ele responde por omissão de socorro.
AULA XVI
Extinção da punibilidade
1. Introdução
Ius puniendi é genérico e abstrato. Ademais, é um poder-dever. O Estado tem o monopólio do direito de punir. Ainda nos
crimes de ação penal privada, o estado transfere ao particular o ius persequendi, mas o ius puniendi continua sendo do
Estado.
Quando um sujeito pratica o crime, o direito de punir, que era geral e abstrato, se concretiza, se individualiza. Esse direito de
punir não é absoluto ou ilimitado, sendo as causas extintivas na punibilidade causas que retiram do Estado o direito de
punir.
3. O art. 107 do CP
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
Esse rol é EXEMPLIFICATIVO, e existem outras causas extintivas na punibilidade fora do art. 107 do CP. Ex: suspensão
condicional do processo, reparação do dano no peculato culposo, cumprimento integral da pena, etc.
- Causas supralegais de extinção da punibilidade
Ex: princípio da bagatela imprópria (pouco aceita no Brasil)
Ex²: súmula 554 do STF aplicada à emissão dolosa de cheque sem fundo – o pagamento após o recebimento da denúncia,
não obsta o prosseguimento da ação penal. A contrário sensu, o pagamento até o recebimento da denúncia obsta o
prosseguimento da ação penal. Assim, por razões de política criminal, o Estado perde o direito de punir.
Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro
não se estende a este (trata dos crimes acessórios ou complexos). Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um
deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão (trata dos crimes conexos).
AULA XVII
7.1 Anistia
a) Conceito
É a exclusão por lei ordinária dotada de efeitos retroativos de um ou mais fatos criminosos do âmbito de incidência do
direito penal.
A anistia diz respeito a FATOS e não a pessoas. Em regra, diz respeito a crimes políticos, historicamente. Excepcionalmente,
pode atingir também crimes comuns de acordo com a ADI 1231.
É veiculada por lei ordinária editada pelo Congresso Nacional (art. 21, XVII, CF e art. 48, VIII, CF)
A iniciativa do projeto de lei que concede anistia é livre, ou seja, pode ser de qualquer deputado ou senador. Antigamente,
era apenas do Presidente da República.
b) Espécies
- Própria: Lei é editada antes do trânsito em julgado da condenação.
- Imprópria: Lei é veiculada após o trânsito em julgado da condenação.
- Incondicionada: Lei não impõe condição ao anistiado. NÃO PODE ser recusada pelo beneficiado.
- Condicionada: Lei impõe alguma condição para que o indivíduo seja beneficiado. PODE SER recusada pelo beneficiário.
- Geral ou absoluta: Concedida em termos gerais
- Parcial ou relativa: faz distinções entre crimes ou pessoas. Por exemplo, anistia a crimes que não eram praticados com
violência, anistia a pessoas que não eram filiadas a partido político.
C) Efeitos
- Ex tunc. Ou seja, APAGA todos os efeitos PENAIS de eventual sentença condenatória já proferida. Apaga maus
antecedentes, reincidência, condenado deixa de cumprir pena.
- Subsistem os efeitos EXTRA PENAIS. Ex: militante político colocou fogo em um carro e crime foi anisitiado. Militante ainda
tem o dever de reparar o dano.
- Quem aplica? Depende do momento em que se encontra a ação penal. Se estiver tramitando na primeira instância, será o
respectivo Juízo. Se no tribunal, o mesmo (STJ, STF, TJ, TRF etc). Se condenação já tiver transitado em julgado, será o juízo da
execução, de acordo com o art. 66, III da LEP. Quando condenação transita em julgado acaba a competência do juízo de
conhecimento e começa o da execução.
7.2. Graça
a) Conceito
Também chamada de indulto individual.
É a causa de extinção da punibilidade que somente se manifesta após o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Beneficia pessoa determinada pela prática de um crime comum.
É ato privativo do presidente da república, de acordo com o art. 84, XII da CF.
Ademais, é ato discricionário.
A atividade de conceder a graça PODE SER DELEGADA, conforme o art. 84, par ún., para Ministros de Estados, para o
Advogado Geral da União e para o Procurador Geral da República (resquício da constituição anterior, quando o PGR
pertencia ao poder executivo e estava subordinado ao presidente).
Via de regra, depende de PROVOCAÇÃO da parte interessada.
Ocorre que a LEP, no art. 188, vai além, dizendo que o pedido de graça pode ser formulado pelo condenado, pelo MP, pelo
conselho penitenciário ou pela autoridade administrativa (diretor do estabelecimento prisional).
b) Efeitos
Atinge somente a pena!!!
Ou seja, apenas o cumprimento da pena. Todos os demais efeitos da condenação, penais e extrapenais, permanecem
íntegros!
c) Espécies
- Plena ou total: acarreta na extinção da punibilidade ou na extinção da pena. Não pode ser recusada.
- Parcial: leva à comutação ou à diminuição da pena. Pode ser recusada.
7.3 Indulto
Também chamado de indulto coletivo.
a) Conceito
É a modalidade de clemência concedida de forma espontânea pelo presidente da república a todos os condenados que
preencherem os requisitos do decreto. Decreto é ato privativo e discricionário do presidente da república.
Apaga SOMENTE A PENA, todos os demais efeitos penais e extrapenais permanecem intactos.
A concessão do indulto, ademais, pode ser delegada aos ministros, ao AGU ou ao PGR.
Esses requisitos, via de regra, se referem a duração da pena, a aspectos subjetivos relacionados ao agente e também a
aspectos objetivos.
Pela LEP, o indulto só pode ser aplicado depois do trânsito em julgado da condenação.
Ocorre que o STF admite o indulto ANTES DO TRANSITO EM JULGADO da condenação – HC 87.801 ( casos de execução
provisória da pena, prisão preventiva).
b) Espécies
- total: extingue a punibilidade
- parcial: não extingue a punibilidade, mas acarreta somente uma diminuição ou comutação da pena.
- incondicionado: não depende do cumprimento de condições pelo condenado. Não pode ser recusado.
- condicionado: depende do cumprimento de condições pelo condenado. Pode ser recusado.
8. Abolitio criminis
Estudadas na lei penal no tempo.
10. Renúncia ao direito de queixa ou perdão aceito nos crimes de ação privadas
Matéria de processo penal.
a) Conceito
Ato exclusivo do poder judiciário no qual o magistrado deixa de aplicar a pena em razão da presença de requisitos exigidos
em lei.
Ademais, o perdão judicial só é cabível nas hipóteses expressamente previstas em lei.
Atenção: EM REGRA, o perdão é cabível em crimes culposos. Ex: homicídio culposo, lesão corporal culposa, receptação
culposa. MAS CABE TAMBÉM EM CRIMES DOLOSOS, basta de exista previsão legal. Ex: art. 140, par. 1º, injúria; crimes
ambientais – art. 29, par 2º da Lei 9605/98; guarda doméstica de animal silvestre.
b) Natureza jurídica
É causa de extinção da punibilidade, prevista no art. 107, IX.
Desponta como um direito subjetivo do réu. Ou seja, presentes os requisitos legais, o juiz não pode se negar a conceder o
perdão judicial. Tem discricionariedade para AVALIAR a presença dos requisitos legais, tão somente. Se constatar que estão
presentes, deve conceder o benefício.
c) Aplicabilidade
Crime em que a lei o prevê e também a todos os demais benefícios cometidos no mesmo contexto fático. Ex: homicídio
culposo. Imagine-se que o pai, dirigindo de forma imprudente, e bate o carro. Morre o filho e morre o motorista do carro. O
perdão judicial é aplicado no homicídio cometido contra o filho e também ao homicídio cometido no mesmo contexto fático.
A pena tem como finalidades no Brasil a prevenção, o castigo, a prevenção geral e a prevenção especial. Se juiz considerar
que as consequências do crime demonstrarem que a pena é desnecessária, deve conceder o perdão judicial.
Ademais, a jurisprudência tem admitido a interpretação do perdão judicial de uma forma ampla. Assim, sempre que houver
um vínculo familiar ou afetivo entre o agente e a vítima.
STJ – RESP 1.455.178 – Info 542.
PRESCRIÇÃO
1. Introdução
Estado é o titular exclusivo do direito de punir, e tem esse monopólio.
É um direito, um poder e também um dever, uma vez que o Estado não pode se omitir desse papel. No entanto, não é
absoluto, possuindo limites.
O direito de punir tem natureza genérica e abstrata, ou seja, recai indistintamente sobre todas as pessoas. Quando alguém
viola a lei penal o direito de punir se individualiza e se concretiza, porém, ainda assim, há limites, sendo eles:
- Limites materiais: princípios do direito penal (reserva legal, anterioridade, insignificância, lesividade, etc)
- Limites formais: existe uma forma adequada para se aplicar a lei penal para se punir alguém (ex: devido processo legal)
- Limites temporais: O Estado não pode punir quando quiser, esse direito não se perpetua no tempo – não é eterno. A
prescrição desponta como um limite temporal ao direito de punir do Estado. O Estado, assim, deve exercer o seu
direito/dever/poder de punir em prazos previamente definidos em lei.
2. Conceito
Prescrição é a perda da pretensão punitiva ou da pretensão executória em face da inércia do Estado durante determinado
prazo previsto em Lei.
- pretensão punitiva: é o interesse do Estado em APLICAR A PENA a quem violou a lei penal. Assim, só existe antes do
trânsito em julgado da condenação.
- pretensão executória: diz respeito ao CUMPRIMENTO DA PENA. Assim, é o interesse do Estado em fazer com que uma
pena já aplicada seja efetivamente cumprida. Assim, só existe depois do trânsito em julgado da condenação. Ou seja, já
existe uma pena definitiva, ela foi aplicada e agora tem que ser cumprida.
3. Natureza jurídica
Art. 107, IV, 1ª figura do CP.
É causa extintiva da punibilidade.
Se a prescrição é causa extintiva da punibilidade, ela NÃO APAGA O CRIME, mas somente RETIRA DO ESTADO O DIREITO DE
PUNIR. Tanto para o conceito bipartido quanto para o conceito bipartido a punibilidade não é parte do crime, mas efeito do
crime.
O crime não prescreve e nem deixa de prescrever, o que prescreve ou o que deixa de prescrever É A PENA DO CRIME.
5. Fundamentos
Em outras palavras, por que a prescrição existe?
- Segurança jurídica ao responsável pela infração penal (segurança jurídica é certeza e estabilidade nas relações jurídicas).
- Impertinência da sanção penal aplicada muito tempo depois da prática do crime, e se transforma em mero instrumento
arbitrário de vingança do Estado contra quem violou a lei penal. Assim, as penas devem ser aplicadas com brevidade e
rapidez (ainda assim, os prazos prescricionais no Brasil são longos). Becharia – dos delitos e das penas – escrita em 1794 por
Becharia, com 21 anos de idade. Tinha visão iluminista e foi escrita no porão de uma cafeteria. Foi um dos pilares de
inspiração da Revolução Francesa. Becharia já dizia que nada mais é eficaz no combate à criminalidade que uma pena justa e
efetiva aplicada de uma forma rápida.
- Luta contra a ineficiência do Estado.
6. Imprescritibilidade penal
Código criminal do império – 1830.
Antes de 1830 vigoravam as ordenações do reino (Afonsinas, Manoelinas e Filipinas, nesta ordem)
O CP de 1830 dizia que as penas jamais prescreviam.
Após, tivemos o CP de 1890, e o CP atual, que preveram a prescrição. A regra atual, portanto, é pela prescrição. As penas do
crime, em geral, prescrevem, inclusive dos hediondos e equiparados.
Existem, no entanto, dois casos de imprescritibilidade penal, previstas no art. 5º da CF – racismo e ação de grupos civis e
militares contra a ordem constitucional e o Estado democrático.
A imprescritibilidade não deixa de ser a perpetuidade do direito de punir.
Os crimes de racismo estão previstos na Lei 7716/1989.
O crime de ação de grupos armados, por sua vez, está na Lei se Segurança Nacional 7170/1983.
Esses crimes foram assim tratados devido ao momento histórico em que a constituição foi criada.
Podem ser criadas novas hipóteses de imprescritibilidade penal por lei ou por uma emenda constitucional? 2 posições:
- Não. Essa posição é amplamente dominante na doutrina. A partir do momento em que o art. 5º separou os dois casos
como casos de imprescritibilidade, indiretamente a constituição falou que todas as demais prescrevem. A prescrição deve
ser entendida como um direito fundamental do ser humano, de ser processado, julgado e punido dentro de prazos
previamente previstos em lei.
- Sim. É a posição do STF no RE 460.971 de 2007. O STF estava enfrentando o art. 366 do CPP, quando o réu citado por edital,
não comparece e a prescrição é suspensa. STF entendeu que deve ser suspenso pelo prazo definido pelo prazo prescricional.
O CPP não criou uma nova hipótese de imprescritibilidade, mas poderia tê-lo feito, já que a CF não as esgota, mas apenas
exemplifica.
TPI: foi criado pelo Estatuto de Roma. Brasil é signatário. De acordo com o decreto, os crimes de competência do TPI NUNCA
PRESCREVEM. Sua competência, ainda, é supletiva, ocorrendo apenas quando a jurisdição nacional se omitir.
AULA XVII
8. Espécies de prescrição
a) PPP: ainda não há pena definitiva, não há propriamente uma condenação. Assim, apaga todos os efeitos penais e
extrapenais de eventual sentença condenatória já proferida. Não gera reincidência, maus antecedentes, obrigação de
reparar o dano, etc. Se não há condenação definitiva não há efeitos. A competência para reconhecer a PPP é do órgão do
poder judiciário em que tramita a ação penal.
b) PPE: Existe uma condenação com trânsito em julgado para ambas as partes. Apaga somente o efeito principal da
condenação, qual seja, a pena imposta. Todos os demais efeitos penais e extrapenais continuam intactos. Gera, portanto,
reincidência, caracteriza maus antecedentes, subsiste obrigação de repara o dano, etc. A competência para reconhecer a
PPE é do juízo da execução, o que consta do art. 66, II da LEP.
O CP consagra um critério lógico e objetivo: quanto maior a pena mais grave é o crime e maior é o prazo prescricional.
Assim, pela lógica do CP, o prazo de 20 anos leva à prescrição de qualquer pena privativa de liberdade, por maior que ela
seja.
Esse prazo de 3 anos foi cirado pela lei 12234 de 2010. Antes dessa lei ele era de 2 anos. O legislador fez isso para dificultar a
prescrição nas contravenções penais e nos crimes de menor gravidade. Isso é uma manifestação da teoria das janelas
quebradas – todo o crime, por menor que seja, tem que ser punido, pois punindo o crime menor, previne-se o crime maior.
3 anos é o menor prazo prescricional PREVISTO NO CP e PARA A PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. Isso porque, de acordo
com o art. 114, I, a prescrição da pena de MULTA ocorrerá em 2 anos quando esta for a única aplicada ou cominada.
Ademais, de acordo com a lei de drogas, art. 28, 11.343/2006 – a pena do crime de porte para consumo pessoal prescreve
em 2 anos (lembre-se que não se trata de pena privativa de liberdade).
CPM: pena privativa de liberdade inferior a 2 anos prescreve em um ano.
CPM: em quanto tempo prescreve a pena de morte? Em 30 anos – art. 125.
Assim, 20 anos é o maior prazo prescricional para a pena privativa de liberdade, enquanto que para a pena de morte
este é de 30 anos.
Todos os prazos prescricionais são reduzidos de metade quando o agente se encontrar em uma das circunstancias
do art. 115: quando o criminoso era na data do crime menor de 21 anos (menoridade relativa) ou no tempo da
sentença maior de 70 anos (senilidade).
A) Menoridade relativa: sujeito é maior de 18 anos e menor de 21 ao tempo do crime. O fundamento desta redução
é que o CC de 1916 o menor de 21 anos era relativamente incapaz. Assim, CP, à época, fez um paralelo com o direito
penal, diferenciando este. (lembre-se que é também atenuante genérica, ser menor de 21 anos). Com o CC de 2002
essa redução deixou de existir? Não, porque se trata de uma norma favorável ao réu. Não se pode fazer analogia
prejudicial ao réu utilizando-se o CC para tanto.
Prova da menoridade relativa: súmula 74 do STJ. Para efeitos penais o reconhecimento da menoridade do réu
requer prova por documento hábil.
B) Senilidade: quando o criminoso era maior de 70 anos na data da sentença, pouco importa a data do crime. Pode
ser também na data do acórdão, apesar de o CP falar em sentença. O que vale, é a primeira decisão condenatória
(ex: sentença absolveu, MP recorreu e acórdão condenou). Estatuto do Idoso: é idoso quem tem 60 anos ou mais. A
redução pela metade, agora com o estatuto, vale para o maior de 60, ou ainda é para o maior de 70? É apenas para
o maior de 70, e o estatuto do idoso não mudou isso. É a posição do STF no HC 89969. A redução pela metade
continua a ser apenas para o maior de 70 porque a finalidade do estatuto do idoso é proteger o idoso em situação
de vulnerabilidade, e o idoso que pratica um crime não pode ser considerado vulnerável, a finalidade do CP e do
estatuto não se confundem.
Se o idoso, na data da primeira decisão condenatória, tinha 69 anos, e no trâmite do recurso completa 70 anos.
STF sempre entendeu que, neste caso, não reduz pela metade o prazo prescricional, pois o que vale é a data da
PRIMEIRA decisão condenatória (ex: 129.696 – Informativo 552). No entanto, houve um caso curioso, a AP 516
(competência originária do STF) – Informativo 731, em que o STF entendeu que o réu foi condenado com 69 anos
mas antes do trânsito em julgado completa 70, o prazo prescricional é reduzido pela metade. Professor entende que
este julgado foi diferente porque o réu era deputado, tanto que STF depois voltou atrás em seu entendimento em
outros casos.
Art. 115 é aplicado a TODAS AS ESPÉCIES de prescrição. Assim, reduz pela metade a PPP e a PPE.
Incisos II a V – exceções.
As exceções são TAXATIVAS. Isso porque as exceções são prejudiciais ao réu. O juiz não pode, por analogia, criar outras
exceções, pois é uma analogia em malam partem.
II – Tentativa. Prescrição começa a fluir da data do último ato de execução.
III – Crimes permanentes. Aqueles em que a consumação se prolonga no tempo pela vontade do agente. Em outras palavras,
o agente dolosamente mantem aquela situação contrária ao direito penal. Prescrição começa a fluir a partir da data em que
cessar a permanência. Enquanto a permanência não se encerra, o crime continua a se consumar. Ex: extorsão mediante
sequestro. Enquanto a vítima não for libertada o crime continua se consumando e prescrição não começou a correr.
IV – Bigamia, falsificação ou alteração do assentamento de registro civil. Esses crimes, em regra, são cometidos na
clandestinidade, às escuras. Por tal motivo, a prescrição começa a fluir a partir da data em que o fato se tornou conhecido.
STJ: fato se tornou conhecido por quem tenha poderes para deflagrar a persecução penal. Ex: caso do menino Pedrinho,
sequestrado enquanto bebê.
V – Nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes a prescrição começa a correr da data em que vítima
completar 18 anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal. Esse inciso foi incluído no CP pela Lei 12.
650/12, também chamada de Lei Joanna Maranhão, uma nadadora brasileira que foi vítima de abusos sexuais pelo treinador
dos 9 aos 13 anos de idade. Vale para qualquer crime sexual, não só para estupro. Nesse caso, se já foi proposta ação penal,
segue-se a regra geral (prescrição flui a partir da data da consumação). Se ação penal não for proposta, a prescrição começa
a fluir a partir da data em que a vítima completou 18 anos. Esses crimes, lembre-se, são de ação pública incondicionada, e
por tal motivo há autores que entendem que os órgãos públicos devem agir de ofício, sendo a lei desnecessária. Ocorre que
os crimes sexuais contra menores de 18 anos são cometidos na clandestinidade, muitas vezes no ambiente familiar. Esses
crimes não chegam ao conhecimento dos órgãos públicos. Por tal motivo, professor entende que essa lei é salutar.
9.1.3. Causas interruptivas da PPP.
Art. 117 tratam das causas interruptivas.
Os incisos V e VI são causas interruptivas da PPE apenas. Assim, serão estudados os incisos de I a IV.
As causas interruptivas da prescrição estão previstas em rol taxativo, sendo que o juiz não pode criar causas além daquelas
previstas expressamente na lei. Isso porque a interrupção da prescrição é prejudicial ao réu.
- “Períodos prescricionais”: são os intervalos dentro dos quais a prescrição pode ocorrer. Via de regra, a prescrição começa
a correr a partir da data em que o crime se consumou. A primeira causa interruptiva é o recebimento da denúncia, após, a
publicação da sentença. Assim, nesse interim, temos dois períodos prescricionais.
b) Pronúncia
É uma decisão intelocutória mista não terminativa. Isso porque encerra a primeira fase do rito do júri, mas não encerra o
processo. A impronúncia, desclassificação e absolvição sumária NÃO INTERROMPEM a prescrição.
A prescrição está interrompida com a PUBLICAÇÃO da pronúncia.
Pelas normas do CPP a pronúncia deve ser feita ao fim da audiência, que já é pública. Imagine-se, porém, que juiz chama os
autos conclusos e pronuncia por escrito. Neste caso, igual à denúncia, a decisão estará pública quando o juiz entrega os
autos em mãos ao escrivão.
Imagine-se que o juiz optou pela decisão de impronúncia (não há interrupção). MP recorre, Tribunal deu provimento e
pronuncia o réu. Neste caso a prescrição estará interrompida na data da sessão de julgamento do recurso pelo tribunal.
Imagine-se, por outro lado, que após a pronúncia, no Conselho de Sentença, no julgamento em plenário, os jurados decidem
pela desclassificação. Essa pronúncia inicial continua valendo como causa interruptiva da prescrição? Sim, e é nesse sentido
a Súmula 191 do STJ.
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - pela decisão confirmatória da pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; (Redação dada pela Lei nº 11.596, de 2007).
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
§ 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a
todos os autores (todos que concorrem para o crime) do crime. (diz respeito à comunicabilidade das causas interruptivas da
PPP no concurso de pessoas) Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a
interrupção relativa a qualquer deles. (diz respeito à comunicabilidade das causas interruptivas da PPE no concurso de
crimes)
§ 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do
dia da interrupção. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único**** - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em
que o condenado está preso por outro motivo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Apesar de o título falar de causa impeditiva, a mesma causa será impeditiva ou suspensiva a depender do momento em que
ocorrer. Assim, será impeditiva se impedir que o prazo prescricional se inicie. Será suspensiva se o prazo prescricional já tiver
se iniciado e for impedida de continuar. Nesse caso, conta-se o período anterior em que a prescrição tiver fluido.
****O parágrafo único trata da PPE.
Ademais, tem-se que essas causas suspensivas e impeditivas são taxativas, pois prejudiciais ao réu.
Inciso I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do
crime. O CP se refere às chamadas questões prejudiciais. Elas tem esse nome porque prejudicam a análise do
mérito. As questões prejudiciais estão previstas nos arts. 92 e 93 do CPP. O juiz criminal pode resolver todas as
questões prejudiciais, SALVO as relativas ao ESTADO CIVIL DAS PESSOAS. Ex¹: réu acusado de um furto e alega que a
coisa furtada era própria. Como a questão prejudicial diz respeito à propriedade do bem, o juiz criminal pode
resolvê-la. Ex²: Bigamia e primeiro casamento nulo. Não corre a prescrição na bigamia enquanto correr a ação
anulatória do casamento, que é uma questão judicial ligada ao estado civil da pessoa.
Inciso II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro. Fundamento:dificuldade ou impossibilidade de obter a
extradição de quem cumpre a pena no estrangeiro.
9.2.2. Cálculo
Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se
nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1o A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu
recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da
denúncia ou queixa. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010).
A Lei 12.234, originalmente, buscava acabar com a prescrição retroativa no Brasil. Ela acabou com a prescrição retroativa na
fase investigatória, mas manteve a prescrição retroativa na fase judicial. O parágrafo segundo, no entanto, foi vetado (o
parágrafo 1º, portanto, deveria ser único).
9.3.1. Conceito
É a espécie de PPP que pressupõe o transito para a acusação no tocante à pena aplicada e é contada da sentença
condenatória recorrível PARA FRENTE.
9.3.2. Cálculo
Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se
nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
9.5.1. Conceito
É a modalidade de prescrição que reclama o trânsito em julgado da condenação para ambas as partes, para a acusação e
para a defesa. Há, portanto, uma pena definitiva que transitou em julgado para ambas as partes.
A pretensão executória é o interesse do Estado em fazer com que uma pena aplicada seja efetivamente cumprida.
9.5.2. Cálculo
Com base na pena final, concreta, com trânsito em julgado para ambas as partes.
Súmula 604 do STF:
Art. 110, caput:
Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se
nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Assim, pega-se a pena definitiva e enquadra-se no art. 109 do CP. Mas, cuidado, o prazo da PPE é aumentado de um terço SE
O RÉU É REINCIDENTE.
Súmula 220 do STJ: a reincidência NÃO influi na prescrição da pretensão punitiva.
Cuidado! O art. 115 do CP, da redução pela metade ao menor de 21 e ao maIor de 70 vale PARA TODOS os casos de
PRESCRIÇÃO.
Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo
que resta da pena.
Pena cumprida é pena extinta. PPE, no caso de condenado fugir, será contada com base nos anos faltantes. (ex: se
condenado a 10 anos, fugiu quando faltavam 2 anos, PPE será calculada com base nesses 2 anos e não com base nos 10
iniciais).
Imagine-se que ocorre o trânsito em julgado para a acusação, e a defesa recorre, passando-se 5 anos até o julgamento da
defesa para o tribunal. Ocorre que só pode se reconhecer a PPE depois do trânsito em julgado da condenação para ambas as
partes, momento em que o termo inicial da PPE retroage no momento do trânsito em julgado para a acusação.
3 causas interruptivas:
- Início de cumprimento da pena
- Continuação do cumprimento da pena
- Pela reincidência
Reincidência aumenta de 1/3 o prazo da PPE, e também interrompe a PPE. Mas, para que isso ocorra, devem existir
DUAS REINCIDÊNCIAS DIVERSAS. A reincidência anterior, ou seja, aquela que já existia na data da condenação,
aumenta de 1/3 o prazo da PPE. De outro lado, a reincidência posterior, ou seja, aquela que ocorre após a
condenação, interrompe a PPE. Ex: réu foi condenado a 20 anos (prescrição se dá em 20 anos), e está foragido.
Promotor levanta uma folha de antecedentes do réu, e 19 anos depois ele pratica um furto no Amazonas. Esse furto
interrompe a PPE da pena do furto.
Razões da incomunicabilidade: expressa previsão legal e por se tratarem de causas personalíssimas. Portanto, dizem
respeito exclusivamente aquele agente, e não se comunicam.
Isso porque se o acusado está preso por outro motivo, Estado não tem como executar a nova pena. Por tal motivo, durante
esse período, não corre a PPE.
AULA XX
MEDIDAS DE SEGURANÇA
1. Conceito
É a espécie de sanção penal cuja finalidade é exclusivamente a PREVENÇÃO ESPECIAL. Assim, não visa castigar o agente, mas
tem uma finalidade terapêutica, curativa. Quem recebe uma medida de segurança padece de uma enfermidade mental, e
não precisa ser castigado ou punido, mas tem que ser tratado ou curado.
2. Diferenças entre pena e medida de segurança
Apontaremos essas diferenças com base em quatro critérios:
a) Finalidades
- Pena tem uma dupla finalidade: retribuição e prevenção, ou seja, castigar o criminoso e evitar novos crimes. Há quem fale
em tripla finalidade: retribuição, prevenção geral e prevenção especial. A medida de segurança, por outro lado, tem por
única finalidade a prevenção especial. Não serve para castigar, mas para recuperar o sujeito que padece de problema
mental.
b) Pressuposto
O pressuposto da pena é a culpabilidade. Sem culpabilidade não se aplica pena, não importando se adota-se um conceito
bipartido ou tripartido de crime. De outro lado, a periculosidade é o pressuposto da medida de segurança.
c) Duração
A pena é aplicada por prazo determinado. A medida de segurança, por sua vez, tem um prazo mínimo e um prazo máximo. O
prazo mínimo da medida de segurança varia de 1 a 3 anos, fixado pelo juiz na sentença ou no tribunal pelo acórdão que
aplica a medida de segurança. Assim, quanto ao prazo mínimo a medida de segurança é determinada.
Cuidado! Em prova de sentença é necessário indicar o prazo mínimo.
No tocante ao prazo máximo, porém, a medida de segurança é indeterminada. Nesse ponto, existem 3 posições sobre o
tema:
- CP: O prazo máximo da medida de segurança é absolutamente indeterminado. A medida de segurança vai durar enquanto
subsistir a periculosidade do agente. Se a periculosidade durar até a sua morte, a medida de segurança também o será,
podendo ser perpétua. CP entende que medida de segurança, por não ser pena, pode ser perpétua (CF veda pena perpétua).
O CP parte da seguinte premissa: a pena é um mal, um castigo – tem que ter limite. A medida de segurança, por sua vez, é
um “bem”, e o bem não tem limites, pois o Estado estará tratando o doente mental.
- STF: veio abrandar a posição do CP. Para o STF, o prazo máximo da medida de segurança é de 30 anos. Fez, assim, uma
analogia com o art. 75 do CP. Se o cumprimento da pena ininterrupto não pode ultrapassar 30 anos, o cumprimento da
medida de segurança também não pode passar desse prazo.
- STJ: súmula 527: o tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena
abstratamente cominada ao delito praticado. STJ editou essa súmula com base na isonomia e na proporcionalidade – se o
imputável, que sabe o que faz, terá no máximo a pena cominada ao crime em abstrato, para o inimputável ou semi-
imputável com periculosidade deve ser assim também.
d) Destinatários
Os destinatários da pena são os IMPUTÁVEIS e os SEMI IMPUTÁVEIS.
Os destinatários da medida de segurança são os INIMPUTÁVEIS e os SEMI IMPUTÁVEIS.
Assim, para o imputável, só se aplica a pena.
Para o inimputável, só se aplica medida de segurança, pois ele não tem culbalidade, pressuposto da pena.
Agora, o semi imputável, também chamado de fronteiriço, tanto pode receber pena quanto medida de segurança.
Semi imputável sem periculosidade: cumpre pena diminuída.
Semi imputável com periculosidade: cumpre medida de segurança.
4. Periculosidade
4.1. Conceito
É pressuposto da aplicação da medida de segurança.
É a efetiva probabilidade de o agente voltar a delinquir. Veja-se que a probabilidade é muito mais forte que a mera
possibilidade.
Juízo de prognose x Juízo de diagnose: Na prognose, o juiz faz um prognóstico da periculosidade para aplicar a
medida esse segurança. É um olhar para o futuro com base no que o sujeito pode voltar a fazer no futuro. É, assim,
ligado à periculosidade. De outro lado, o juízo de diagnose diz respeito à culpabilidade. É um olhar para o passado.
Na pena, o juiz olha para o passado, e o agente é punido pelo o que ele fez, não pelo o que ele pode vir a fazer no
futuro.
4.2. Espécies
a) Inumputáveis
É uma sentença absolutória – é a chamada sentença de absolvição imprópria. Juiz absolve o réu, mas como ele tem
periculosidade, aplica a medida de segurança.
Prevista no art. 386, par. ún., III do CPP
Também na Súmula 422 do STF
Toda sentença absolutória que diz respeito ao inimputável é imprópria? NÃO. A absolvição do inimputável pode ser
imprópria ou própria.
A absolvição imprópria equivale à “condenação do inimputável”, pois houve a prática de fato típico e ilícito, e há provas
disso.
A absolvição própria, por sua vez, é a absolvição pura e simples. Juiz absolve o réu e não aplica nenhuma sanção penal.
b) Semiimputáveis
A sentença que aplica medida de segurança para o semi imputável é CONDENATÓRIA. O semi imputável TEM
CULPABILIDADE, porém em menor grau. Como funciona? Juiz condena, e diminui a pena de 1 a 2/3.
Art. 98, CP - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o condenado de especial tratamento
curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo
de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º.
É o chamado sistema vicariante ou unitário: semi imputável cumpre OU a pena diminuída OU a medida de segurança, jamais
as duas.
c) Critérios
O CP adota um critério extremamente simplista: se o crime é punido com reclusão juiz está OBRIGADO a aplicar a
internação, ou medida de segurança detentiva.
De outro lado, se crime é punido com detenção, juiz pode OPTAR entre internação e tratamento ambulatorial. Cuidado,
detentiva não é para quem é punido com detenção.
Esse critério é alvo de muitas críticas da doutrina e da jurisprudência.
A jurisprudência brasileira, assim, tem admitido o tratamento ambulatorial mesmo quando o crime é punido com reclusão,
se o caso concreto assim recomendar. Esse entendimento é pacificado no STF e no STJ. Essa jurisprudência se fundamenta
no princípio da isonomia, proporcionalidade e dignidade da pessoa humana.
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos
concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração;
O CPP prevê a medida cautelar de INTERNAÇÃO PROVISÓRIA, mas não prevê o TRATAMENTO AMBULATORIAL PROVISÓRIA.
Essa internação provisória depende de três requisitos:
a) Natureza do crime (crimes praticados com violência ou grave ameaça)
b) Quando os peritos concluírem ser imputável ou semi imputável o acusado (prova exclusivamente pericial).
c) Risco de reiteração (o que o CPP chama de risco de reiteração o direito penal chama de periculosidade – lembre-se que é
presumida para os inimputáveis – basta perícia que o declare semi imputável; e para o semi-imputável é concreta, deve ser
provada)
9. Desinternação progressiva
Esse instituto não tem previsão legal. É uma construção jurisprudencial atualmente admitida de forma pacífica pelo STF e
pelo STJ.
Imagine-se que o agente está cumprindo a medida de segurança de internação, que tem um prazo mínimo. Ao final desse
prazo mínimo, o réu passa pela perícia, ou exame de constatação do término da periculosidade.
Ocorre quando o juiz da execução constata que, ao final do prazo mínimo, a periculosidade do agente diminuiu
sensivelmente, porém continua presente. De um lado, a internação se mostra exagerada, e a extinção da medida de
segurança não é possível pois ainda presente a periculosidade. Juiz, assim, determina que a medida de segurança seja
convertida de internação para tratamento ambulatorial STF: HC 98360 – Informativo 554; STJ HC 89212.
Seria, então, equiparada à “progressão” no cumprimento da medida de segurança.
§ 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz determinar a internação do agente, se essa providência
for necessária para fins curativos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Juiz pode, assim, converter o tratamento ambulatorial em internação, se o agente revelar incompatibilidade com a medida.
Nesta hipótese, o prazo mínimo de internação será de 1 ano (art. 184 da LEP).
AULA XXI - EFEITOS DA CONDENAÇÃO
1. Conceito
São todas as consequências que direta ou indiretamente atingem a pessoa do condenado por uma sentença penal
condenatória com trânsito em julgado.
Estudaremos os efeitos da condenação previstos no CP, porém existem efeitos eleitorais, na justiça do trabalho (ex:
demissão por justa causa), e na legislação extravagante.
2. Pressuposto
Condenação definitiva, com trânsito em julgado, da qual não caiba mais recurso.
A sentença ou acórdão que aplica uma medida de segurança, produz esses efeitos da condenação? Depende. A sentença
que aplica medida de segurança para o inimputável é absolutória, e, por tal motivo, não gera efeitos da condenação. De
outro lado, a sentença que aplica medida de segurança para o semi imputável é condenatória, e portanto produz os efeitos
da condenação.
A sentença que aplica uma transação penal é HOMOLOGATÓRIA do acordo celebrado entre MP e réu, não é condenatória,
então não produz efeitos da condenação, justamente porque não existe uma condenação. A natureza jurídica dessa
sentença é extraída da Súmula Vinculante nº 35.
Sentença que concede perdão judicial, por sua vez, não é condenatória nem absolutória, mas declaratória da extinção da
punibilidade, portanto, não produz os efeitos da condenação.
a) efeito principal
- Imposição de sanção penal: pena ou medida de segurança (para o semi imputável – medida de segurança do inimputável
não gera efeitos da condenação, eis que absolutória)
a) Reparação do dano
Art. 91, I – tornar certa a obrigação de indenizar pelos danos produzidos pelo crime.
Art. 91 - São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
De acordo com o art. 63, caput, transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução no juízo
cível para a reparação do dano, o ofenfifo, seu representante legal ou seus herdeiros.
Na mesma linha, vai o art. 515 do CPP, de acordo com o qual a sentença condenatória transitada em julgado é título judicial.
Faz surgir a certeza, no processo civil, do chamado an debeatur (obrigação de reparar o dano).
Antes de executar, no entanto, é preciso apurar o quantum debeatur, ou seja, é necessário proceder à liquidação do dano, a
chamada liquidação por artigos prevista no art. 509 do CPC.
Quando o juiz condena, na própria sentença, ele fixa o valor MÍNIMO devido à vítima. Não é, necessariamente, o valor
exato.
Para a vítima ser indenizada precisa aguardar o trânsito em julgado da condenação? De acordo com o CPP, não. Vítima, logo
após da prática do crime, pode mover a ação civil ex delicto. No entanto, o art. 64 do CPP diz que o juiz da ação civil pode
suspendê-la até o trânsito em julgado da ação penal, a fim de evitar decisões contraditórias – é o que normalmente ocorre.
B) Confisco
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato
ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato
criminoso.
§ 1o Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito do crime quando estes não forem
encontrados ou quando se localizarem no exterior. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
§ 2o Na hipótese do § 1o, as medidas assecuratórias previstas na legislação processual poderão abranger bens ou valores
equivalentes do investigado ou acusado para posterior decretação de perda. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na
sentença. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de
poder ou violação de dever para com a Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
Lembre-se que o conceito de funcionário público para fins penais está no art. 327 do CP, e este adota um conceito
ampliativo de funcionário público. Equivale ao agente público do direito administrativo. É quem, de qualquer forma,
desempenha função pública.
Se o crime foi praticado com abuso de poder ou violação de dever para com a administração pública, basta, neste caso, uma
pena privativa de liberdade com pena por tempo igual ou superior a um ano. Assim, por exemplo, se o funcionário público
praticou um furto em sua vida privada, e teve pena de 1 ano, o juiz não pode determinar a perda do cargo. Por outro lado,
se tiver praticado um crime de peculato, e teve uma pena de 2 anos, o juiz pode decretar a perda do cargo, pois praticado
com violação dos seus deveres funcionais.
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei
nº 9.268, de 1º.4.1996)
Imagine-se, assim, que o agente público praticou um estupro. O Estupro, apesar de não ter ligação com o cargo público, tem
uma pena superior a 4 anos, e o juiz pode determinar a perda do cargo público.
Atenção: tanto na letra A quanto na letra B o CP fala em pena privativa de liberdade. A condenação à pena de multa, assim,
não autoriza a perda do cargo.
E se foi aplicada perda restritiva de direitos? Aí é possível a perda do cargo, uma vez que ela é substitutiva da pena privativa
de liberdade. Se o juiz aplicou pena restritiva de direitos é porque antes aplicou pena privativa de liberdade, que autoriza a
perda do cargo, função pública ou mandato eletivo.
Qual a finalidade deste efeitos da condenação? Eliminar dos quadros públicos, e consequentemente, do interesse público,
uma pessoa que se comportou de forma criminosa. Não interessa à sociedade, destinatária dos serviços públicos, ser
atendido por alguém que praticou crime. Funcionário público deve ter conduta exemplar e idônea.
Cuidado com o seguinte: esse efeito da condenação não se confunde com a chamada interdição temporária de direitos.
Esta, está prevista no art. 47, I, no CP. É uma pena restritiva de direitos, é o cumprimento da pena. A perda do cargo, vai
além do cumprimento da pena, é efeito da condenação. Ademais, a interdição temporária de direitos, como o próprio nome
diz, é temporária. Ou seja, cumprida a pena, ele pode voltar a exercer o direito. A perda do cargo, por outro lado, enquanto
efeito da condenação, é definitiva. O agente, assim, só pode voltar a ocupar o cargo, se cumprir toda a pena, obter a
reabilitação criminal, e prestar novo concurso, ou disputar novas eleições, etc.
Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo; (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
A perda do cargo não alcança a chamada cassação da aposentadoria, segundo jurisprudência pacifica no STJ (RESP 1416477,
informativo 552), ainda que o crime tenha sido praticado enquanto o funcionário público estava na ativa. Isso porque o
efeito da condenação é a perda do cargo, e esse efeito da condenação, “cassação de aposentadoria”, não existe no CP, não
sendo possível admitir analogia em malam partem.
O crime tem que ser doloso e sujeito a pena de reclusão, além de ter sido cometido contra filho, tutelado ou curatelado.
Ex: estupro de vulnerável contra filha. É um crime doloso, cometido contra filha, sujeito a pena de reclusão.
Esse efeito da condenação pode ser estendido a outros filhos, tutelados ou curatelados? Sim, o juiz pode fazê-lo, em certos
casos é recomendado que o faça.
Imagine-se que o pai cumpre a pena integralmente e obtém a reabilitação criminal. Ele volta a exercer o poder familiar
contra essas vítimas? Contra a vítima do crime, nunca mais, e essa incapacidade é permanente. Contra os demais tutelados,
filhos e curatelados, esse efeito é provisório, e depois da reabilitação poderá voltar a exercer o poder familiar.
Esse efeito depende de dois requisitos: a prática de um crime doloso e o veículo ter sido usado como meio de execução do
crime doloso.
Esse efeito não foi revogado pelo CTB (Lei 9503/97)? Não, pois os crimes lá previstos são de natureza CULPOSA. Aqui, de
natureza dolosa, ex: alguém atropela pessoa com o dolo de matar.
AULA XXI - Tema n. 1: Teoria geral da pena
1. Sanção penal: conceito e espécies
Sanção penal é a resposta do Estado, no exercício do “ius puniendi” e com respeito ao devido processo legal,
àquele que praticou um fato descrito em lei como crime ou contravenção penal.
Sanção penal gênero que tem como espécies a pena e a medida de segurança.
1.1. As vias do Direito Penal
O Direito Penal é um sistema de dupla via. Assim, o Estado responde a quem violou a lei penal através da via da
pena (primeira via) ou da medida de segurança (segunda via).
O que se entende por terceira via do Direito Penal? A terceira via do Direito Penal consiste na reparação do dano.
São as situações em que o Estado abre mão do direito de punir porque o autor do fato reparou o dano causado à vítima.
Exemplo:
Lei n. 9.099/95, art. 74: “A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante
sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente.
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à
representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação [extinção da
punibilidade]”.
2. Pena: teorias e finalidades
Existem teorias que buscam compreender as finalidades da pena. Elas consubstanciam-se nos objetivos buscados
pelo Estado ao punir alguém.
2.1. Teoria absoluta e finalidade retributiva
Principais expoentes: Kant e Hegel.
Para a teoria absoluta, a finalidade da pena é única e exclusivamente punir. Fala-se no caráter expiatório da
pena: pena enquanto castigo. Para essa teoria, a pena é um mal justo aplicado pelo Estado em resposta ao mal injusto do
crime.
Crítica à teoria absoluta: a pena não tem finalidade prática. Pune-se por punir. Não visa a recuperação
(adaptação social do infrator da lei penal) e a prevenção de novos crimes. A pena funciona como um mero instrumento
de vingança do Estado contra o criminoso.
Kant ilustrava a teoria com o exemplo da ilha: imagine-se que um grupo de pessoas vive emu ma ilha e todos tem
o seu papel. De repente, percebe-se que um dos habitantes furta comida dos demais. Decide-se punir este habitante,
prendendo-o. Se eventualmente ocorrer um dilúvio nesta ilha e todos fugirem, esse indivíduo deve ser deixado preso,
pois a pena deve ser cumprida integralmente sob pena de falência do poder punitivo do Estado.
2.2. Teoria relativa e finalidades preventivas
Para a teoria relativa, a finalidade da pena é a prevenção de novos crimes. Portanto, a pena não se esgota em si
própria porque possui uma função social.
A prevenção subdivide-se em:
Geral: destina-se à sociedade.
Negativa (Feuerbach – Teoria da coação psicológica): intimidação coletiva. A pena é empregada para
intimidar os membros da coletividade. Primeira manifestação da teoria: pena de morte executada em
praça pública (forca, guilhotina). Com base na teoria da prevenção geral negativa é criado o Direito Penal
do terror/medo, a hipertrofia do Direito Penal (criação de novos crimes e aumento de penas).
Positiva: a pena é a reafirmação do Direito Penal. A pena busca demonstrar a vigência/força/autoridade
do Direito Penal: a lei geral emanada do Estado prevalece sobre a “lei do criminoso”.
Especial: destina-se aoPpRróISprCioILcAonDdeOnaSdoS.
Negativa (prevenção especial mínima): a pena busca evitar a reincidência.
Positiva (prevenção especial máxima): a pena almeja a ressocialização. Segundo Anabela Miranda
Rodrigues, antes de ser ressocializadora, a pena deve ser não dessocializadora. Em outras palavras, antes
de recuperar o criminoso, a pena deve se preocupar em não piorá-lo ainda mais.
2.3. Teoria mista e dupla (ou tríplice) finalidade
Outras denominações: “unificadora”, “unitária”, “conciliatória”, “intermediária” ou “eclética”.
Para a teoria mista, a pena possui uma dupla (retribuição e prevenção) ou tríplice (retribuição, prevenção geral
e prevenção especial) finalidade.
É a teoria adotada pelo Código Penal brasileiro:
CP, art. 59: “O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente,
aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá,
conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:”. Observação n. 1: existem passagens na
Lei de Execução Penal e na Convenção Americana de Direitos Humanos semelhantes.
O STF entende que as finalidades da pena devem ser buscadas com igual ênfase pelo Estado e pelo condenado
(HC n. 91.874).
2.4. Teoria agnóstica (teoria negativa)
Foi criada por Eugenio Raúl Zaffaroni
A teoria agnóstica não acredita em nenhuma utilidade prática da pena. Para ela, a única finalidade da pena é a
neutralização do condenado, especialmente quando acarreta na privação da liberdade.
3. Cominação das penas
“Cominação” é previsão da pena em abstrato; “aplicação” é a concretização pelo juiz.
CP, art. 53: “As penas privativas de liberdade têm seus limites estabelecidos na sanção correspondente a cada
tipo legal de crime”.
Espécies de cominação
a) Isolada
Cominação isolada é a previsão de uma única pena com exclusividade pelo legislador.
Exemplo: homicídio simples: CP, art. 121: “Matar alguém: Pena – reclusão, de seis a vinte anos”. O preceito
secundário prevê tão somente a pena privativa de liberdade.
b) Cumulativa
O tipo penal prevê em conjunto duas espécies de penas.
Exemplo: furto: CP, art. 155: “Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena – reclusão, de um a
quatro anos, e multa”. O preceito secundário prevê pena privativa de liberdade e pena de multa. O juiz é obrigado a
aplicar as duas.
c) Alternativa
O tipo penal coloca à disposição do juiz duas penas de espécies distintas, e ele só poderá aplicar uma delas.
Exemplo: divulgação de segredo: CP, art. 153: “Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento
particular ou de correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano
a outrem: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa”.
d) Paralela
O tipo penal coloca à disposição do juiz duas penas da mesma espécie, e ele só poderá aplicar uma delas.
Exemplo: bigamia:
CP, art. 235: “Contrair alguém, sendo casado, novo casamento:
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é
punido com reclusão ou detenção, de um a três anos. ”
Diferença entre a cominPaçRãoISaClteILrnAatDivaOeSpSarAalNelTa:
Alternativa: penas de espécies diversas.
Paralela: penas da mesma espécie.
4. Classificação das penas
4.1. Quanto ao critério adotado pelo Código Penal
CP, art. 32: “As penas são:
I - privativas de liberdade;
II - restritivas de direitos;
III - de multa”.
4.2. Quanto ao critério constitucional
a) Permitidas
CF, art. 5º, XLVI: “a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação [exclui o direito de locomoção do condenado por tempo determinado] ou restrição da liberdade
[limita o direito de locomoção do condenado sem submetê-lo à prisão];
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos”.
O rol constitucional é exemplificativo (a Constituição não esgota todas as espécies de penas permitidas).
b) Proibidas
CF, art. 5º, XLVII: “não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo [STF e STJ não admitem a medida de segurança perpétua – o Código Penal, sim];
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento [expulsar o brasileiro do território nacional];
e) cruéis”.
5. Teoria das janelas quebradPasR: “ISBrCoIkLeAn wDiOndSowSsAtNheToOryS”
A teoria das janelas quebradas foi criada nos Estados Unidos. É uma teoria da criminologia que produz reflexos
no Direito Penal.
Principais momentos da construção da teoria:
1969, Universidade de Stanford. O pesquisador Philip Zimbardo estudava a relação entre a pobreza e a prática de
crimes. A experiência consistiu em abandonar dois carros idênticos em bairros distintos: Bronx (região pobre de
Nova Iorque) e Palo Alto (região rica da Califórnia). Após uma semana, o carro localizado no Bronx foi
completamente subtraído e depredado. Por outro lado, o carro deixado em Palo Alto estava intacto. Primeira
conclusão da experiência: há uma relação próxima entre a pobreza e a prática de crimes. Todavia, Philip
Zimbardo modificou a experiência, com a quebra de um dos vidros do veículo estacionado em Palo Alto. Ao
retornar, constatou o mesmo fenômeno ocorrido no Bronx. Segunda conclusão: não é a pobreza o fator
preponderante na prática de crimes, e sim a ausência do Estado (sensação de impunidade). Portanto, é
necessário punir todo e qualquer crime, por menor que ele seja, para evitar crimes mais graves.
1982. Os pesquisadores James Q. Wilson e George L. Kelling desenvolvem mais profundamente a teoria das
janelas quebradas. Ela é aplicada com veemência no ano de 1994 na cidade de Nova Iorque. Nesta época, a
cidade norte-americana estava assolada por crimes. Para contê-los, o então prefeito Rudolph Giuliani implantou
uma política de tolerância zero (movimento de lei e ordem) - trata-se da teoria das janelas quebradas colocada
em prática. Atenção: a tolerância zero não é contra o criminoso, mas contra o crime.
Questão: existem manifestações da teoria das janelas quecbradas no Direito brasileiro? Sim. Exemplos: Lei
n.11.340/06 (Lei Maria da Penha – incrimina a violência contra a mulher, por menor que seja – pune-se o crime menos grave
para evitar o mais grave) e Lei n. 12.234/10 (modificações no CP no tocante à prescrição – punindo os crimes menos graves
evita-se os mais graves).
6. Teoria dos testículos despedaçados: “breakin balls theory”
A teoria dos testículos despedaçados foi criada na cidade de Chicago, nos Estados Unidos. Está mais ligada à
criminologia e é fruto da experiência policial.
Para esta teoria, o provável suspeito ou criminoso sentir-se-á acuado ao ser monitorado pela polícia. A partir
daí, a tendência é que ele se mude para outra cidade.
7. Abolicionismo penal
O abolicionismo penal é um movimento criado na Holanda (Louk Hulsman) e na Noruega (Nils Christie e Thomas
Mathiesen).
Na América Latina, o abolicionismo é defendido por Zaffaroni, especialmente na obra “Em busca das penas
perdidas”.
Trata-se de uma nova forma de pensar o Direito Penal. O movimento caminha no sentido do “fim” do Direito
Penal, propondo a descriminalização de várias condutas e a despenalização de outras. Para os crimes subsistentes, o
abolicionismo visa a diminuição da pena privativa de liberdade.
Premissa do abolicionismo penal: cifras negras do Direito Penal. Elas consistem nos crimes que foram cometidos,
mas que nunca chegaram ao conhecimento oficial do Estado. Já que o direito penal é seletivo, e a grande maioria dos
crimes sequer chega ao conhecimento do Estado, melhor acabar com direito penal.
Cifras verdes: crimes ambientais.
Cifras douradas: crimes econômicos.
Cifras cinzas: crimes que chegam ao conhecimento da polícia, mas são resolvidos informalmente.
Cifras rosas: crimes ligados à homofobia.
Direito penal subterrâneo (relacionado às cifras negras): são os crimes cometidos na clandestinidade por agentes do
Estado (grupos de extermínio, p. ex.).
Luigi Ferrajoli é o criador do garantismo penal, na obra “Direito e Razão”. Para ele, o abolicionismo penal é uma
utopia.
8. Justiça restaurativa
A justiça restaurativa contrapõe-se à justiça retributiva.
A justiça tradicional é retributiva, pois objetiva a imposição de uma sanção penal. Ela é caracterizada por meios
formais e inflexíveis. Possui a premissa que todo e qualquer crime viola um interesse do Estado.
Por outro lado, a justiça restaurativa parte da premissa que existem muitos crimes em que não há interesse do
Estado, pois ele é limitado à vítima, ao agressor e à coletividade. A justiça restaurativa, portanto, visa o reequilíbrio, isto
é, o reestabelecimento das relações entre vítima e agressor, com a participação da coletividade. Para tanto, é
caracterizada por meios informais e flexíveis. Em suma, o seu objetivo precípuo é a assistência à vítima e a reparação do
dano.
Observações:
É comum mencionar que a justiça restaurativa promove uma “privatização do Direito Penal”, pois o Estado é
excluído da relação jurídica.
A justiça restaurativa encontra manifestações na Lei n. 9.099/1995 (especialmente com a composição dos danos
civis).
Tema n. 2: Aplicação da pena
1. Conceito
Aplicação da pena é atividade exclusiva do Poder Judiciário, e consiste em fixá-la na sentença ou no acórdão,
depois de respeitado o devido processo legal, àquele que se envolveu na prática de um crime ou de uma contravenção
penal.
2. Pressuposto
O pressuposto da aplicação da pena é a culpabilidade do agente (imputabilidade, potencial consciência da
ilicitude e exigibilidade de conduta diversa); o pressuposto da aplicação da medida de segurança é a periculosidade.
3. Sistemas ou critérios para aplicação da pena
Trifásico: a pena é aplicada em três fases distintas e sucessivas. Foi idealizado por Nélson Hungria.
Bifásico: a pena é aplicada em duas fases. Foi idealizado por Roberto Lyra.
Em relação à pena privativa de liberdade o Brasil adota o sistema trifásico. No tocante à pena de multa é adotado o
sistema bifásico.
3.1. Sistemas adotados no Brasil
I - Sistema trifásico para a dosimetria da pena privativa de liberdade: CP, art. 68, “caput”: “A pena-base será fixada
atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e
agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento”:
1ª fase: pena-base.
2ª fase: atenuantes e agravantes.
3ª fase: causas de diminuição e aumento.
Alberto Silva Franco (cuidado – pode cairn a magis) sustenta que há uma quarta fase: a substituição da pena privativa
de liberdade por restritiva de direitos. É uma posição isolada, por tais razões: (a) o art. 68, “caput”, do CP adota
expressamente o critério trifásico; e b) a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos não está
relacionada à aplicação de pena
II - Sistema bifásico para a aplicação da pena de multa: CP, art. 49: “A pena de multa consiste no pagamento ao
fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo,
de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo
mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.”
A pena de multa é aplicada em duas fases:
1ª fase: número de dias-multa (10 a 360).
2ª fase: valor do dia-multa (1/30 a 5 vezes o valor do salário mínimo).
Tema n. 3: Aplicação da pena privativa de Liberdade (TEMA MUITO RECORRENTE)
Penas restritivas de direitos: no Código Penal, a pena restritiva de direitos possui duas características fundamentais:
Autonomia: a pena privativa de liberdade e a restritiva de direitos não podem ser cumuladas entre si.
Substitutividade: substitui a pena privativa de liberdade. O juiz não aplica diretamente a pena restritiva de
direitos.
CUIDADO: essas características são validas para o CP, pois na legislação extravagante há exceções. Ex: CTB.
1. O critério trifásico
1.1. Introdução
A pena privativa de liberdade deve ser fixada em três fases distintas e sucessivas. Cada uma delas exige
fundamentação do magistrado. A fundamentação concretiza o princípio da individualização da pena e assegura o direito
à ampla defesa. A falta de fundamentação leva à nulidade da sentença (CF, art. 93, IX).
A jurisprudência brasileira firmou o entendimento de que, se a pena for aplicada no mínimo legal, será
dispensada a fundamentação. Argumento: a pena aplicada no mínimo legal não gera prejuízo ao réu. Tal
entendimento ocasionou o fenômeno da “cultura da pena mínima”, ou seja, uma tendência dos juízes de aplicar
a pena no mínimo legal (STF).
Visão crítica: a aplicação da pena deve ser sempre fundamentada pelo juiz, ainda que adotado mínimo legal.
Fundamentos: (a) CF, ParRt. I9S3C, IIXL - t; Ae (Db)OoSjuSizAéNagTeOntSe pBúRblAicGo A(de-
v3e9p3re9s9ta9r9c7o8nt4a7s à sociedade).
”Redimensionamento da pena” (expressão criada pelo STF): trata-se uma atividade exclusiva da instância
superior (Tribunal) e é empregada quando a pena foi aplicada de forma excessiva. Visa combater o “excesso de pena”.
Após aplicar a pena:
O juiz fixará o regime inicial de cumprimento da pena.
Se a pena for de até 4 anos, nos crimes dolosos, ou se o crime for culposo, o juiz deverá avaliar a possibilidade
de substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos ou multa.
Se não for possível substituí-la e a pena aplicada for de até 2 anos, o juiz deverá analisar o cabimento do “sursis”
(suspensão condicional da execução da pena privativa de liberdade).
Fixação do valor mínimo para a reparação dos danos causados (CPP, art. 387, IV).
Não sendo cabível o “sursis” o juiz deverá analisar se é hipótese ou não de prisão preventiva (ou outra medida
cautelar).
1.2. 1ª fase
O juiz fixará a pena-base conforme o artigo 59 do Código Penal.
CP, art. 59: “O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente,
aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá,
conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:”.
Este artigo contempla dois princípios da pena: necessidade e suficiência (em outras palavras, proporcionalidade
da pena).
O art. 59, caput, do CP prevê oito circunstâncias judiciais ou inominadas:
“Circunstâncias inominadas” (STF): o legislador não as nomenclaturou.
“Circunstâncias judiciais”: são de responsabilidade exclusiva do juiz (consistência e valor).
Considerações:
Na primeira fase de aplicação a pena não pode, em hipótese alguma, ultrapassar os limites legais. Assim, ainda
que todas as circunstâncias judiciais sejam favoráveis ao réu o juiz não pode fixar a pena abaixo do mínimo legal
(e vice-versa). Fundamento: princípio da separação dos Poderes (CF, art. 2º) – criação de nova pena não prevista
pelo legislador.
- As circunstâncias judiciais ou inominadas possuem caráter residual ou subsidiário: a aplicação é condicionada à
não caracterização de uma circunstância legal. Em outras palavras, o juiz somente aplicará uma circunstância
judicial se ela não caracterizar uma circunstância legal (atenuante, agravante, causa de diminuição ou aumento
de pena).
Na fixação da pena-base é preciso respeitar o princípio da proporcionalidade (HC n. 97.056 – Inf. 563). Assim, se
todas as circunstâncias judiciais forem favoráveis o juiz aplicará a pena-base no mínimo legal; por outro lado, se
forem todas desfavoráveis o juiz aplicará a pena-base no máximo legal, através de uma análise lógica, visando
tornar a pena base proporcional de acordo com as circunstâncias favoráveis ou desfavoráveis presentes,
respeitado o limite mínimo e máximo delimitado pelo legislador na pena cominada. Atenção: não é possível que
todas as circunstâncias sejam desfavoráveis, pois o comportamento da vítima ou é neutra ou então é favorável
ao réu.
2. 1ª fase: a pena-base
CP, art. 59, “caput”: “O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do
agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá,
conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime”.
Circunstâncias judiciais:
I – Culpabilidade
A culpabilidade não existia na redação original do Código Penal (1940). Ela foi incluída pela Reforma da Parte
Geral promovida pela Lei n. 7.209/1984. No lugar da atual culpabilidade existiam a “intensidade do dolo” e o “grau da
culpa” (sistema clássico).
A culpabilidade, prevista como circunstância judicial, é a mesma culpabilidade da teoria do crime? Não. Doutrina
e jurisprudência entendem que a culpabilidade do art. 59, “caput”, do CP expressa o “grau de culpabilidade”, ou seja,
todo agente culpável responsável por um fato típico e ilícito será punido, mas a pena será maior ou menor a depender do
seu grau de culpabilidade (juízo de reprovabilidade/censura). Este é o entendimento pacífico do STF (HC n. 105.674 – Inf.
n. 724) e do STJ (HC n. 264.459 – Inf. n. 579).
II – Antecedentes
Antecedentes são os dados relativos ao passado do réu no âmbito criminal.
O que se entende por “maus antecedentes”? Em primeiro lugar, os “maus antecedentes” devem
necessariamente constar da folha de antecedentes do réu. Eles pressupõem obrigatoriamente uma condenação
definitiva, em respeito ao princípio da presunção de inocência/não culpabilidade (CF, art. 5º, LXVII).
Súmula 444 do STJ: “É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-
base”. Em outras palavras, inquéritos policiais e ações penais em andamento não caracterizam maus antecedentes (esta
também é a posição do STF). Na mesma linha de raciocínio, o Código de Processo Penal:
CPP, art. 20, parágrafo único: “Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial
não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes”.
No passado o STF possuía uma posição distinta, no sentido de que todo e qualquer registro criminal em nome de
alguém consubstanciava maus antecedentes.
Qual é a validade temporal da condenação definitiva para caracterizar os maus antecedentes? Há dois
entendimentos:
1ª posição (majoritária): quanto aos maus antecedentes o Código Penal adotou o sistema da perpetuidade. Em
outras palavras, a condenação definitiva irá acompanhar o condenado por toda a sua vida a título de mau
antecedente.
2ª posição (2ª Turma do STF – HC n. 126.315 – Inf. 799): deve ser adotado o sistema da temporariedade. Uma
condenação definitiva valerá como mau antecedente pelo prazo de cinco anos a contar do cumprimento da
pena ou da extinção da pena por qualquer outro motivo. Essa posição emprega uma analogia “in bonam
partem” com o CP, art. 64, I (período depurador da reincidência/caducidade da reincidência).
IV – Comportamento da vítima
É a atitude do ofendido, que pode provocar ou facilitar a prática do crime.
O comportamento da vítima representa uma circunstância judicial favorável ao réu, ou então neutra. O
comportamento do ofendido nunca pode ser utilizado para prejudicar o réu (STJ – HC n. 189.385 – Inf. 535).
Ex: vítima conta dinheiro em público – furto ou roubo, vítima conta vantagem sobre condição financeira da
família – extorsão mediante sequestro.
As agravantes genéricas estão previstas no CP, arts. 61 e 62, em rol taxativo, pois são prejudiciais ao réu
(princípio da reserva legal/taxatividade) - o juiz não pode criar outras agravantes diversas daquelas contidas em lei. Elas
sempre aumentam a pena (incidência obrigatória), salvo quando já funcionam como elementares, qualificadoras ou
causas de aumento da pena. Exemplo: infanticídio (CP, art. 123) e CP, art. 61, II, “e”.
As atenuantes genéricas também estão contidas na Parte Geral do Código Penal e são aplicáveis aos crimes em
geral. Estão previstas em rol exemplificativo (CP, arts. 65 e 66), pois favorecem o réu – o juiz pode, por analogia, admitir
outras no caso concreto:
CP, art. 66: “A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao
crime, embora não prevista expressamente em lei”. Este artigo permite o emprego das atenuantes inominadas ou de
clemência.
As atenuantes genéricas são de aplicação obrigatória, ou seja, sempre diminuem a pena, salvo se previstas como
elementar do crime, privilégio ou causa de diminuição da pena.
As atenuantes e agravantes incidem em qual percentual? Segundo a jurisprudência, devem incidir no percentual
de 1/6 (STF – Plenário – AP. n. 470 – “Mensalão”). Fundamento do percentual: é o menor percentual previsto pelo
Código Penal para as causas de diminuição e de aumento de pena.
Entre as circunstâncias preponderantes, existe alguma circunstância preponderante por excelência? No passado,
dizia-se que a menoridade relativa (menor de 21 anos ao tempo do crime) era a circunstância preponderante por
excelência. Fundamento: Código Civil de 1916, no qual os menores de 21 anos eram relativamente incapazes.
Atualmente, este entendimento não mais subsiste. O seu fundamento deixou de existir a partir da entrada em vigor do
Código Civil de 2002, pois a plena capacidade civil é atingida aos dezoito anos de idade.
Genéricas: são aquelas previstas na Parte Geral do Código Penal, e aplicáveis aos crimes em geral. Exemplo: CP,
art. 14, parágrafo único.
Específicas: são aquelas previstas na Parte Especial do Código Penal e na legislação extravagante, e aplicáveis
somente aos crimes em que são previstas. Exemplo: CP, art. 155, § 1º.
Efeitos jurídicos: na terceira fase, a pena pode romper os limites legais, pois nas causas de diminuição e
aumento da pena é o legislador quem estipula o “quantum” de diminuição ou de aumento. Em outras palavras, não há
violação ao princípio da separação dos Poderes.
Tabela:
Regimes:
CP, art. 33, § 1º: “Considera-se:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;
b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado”.
a) Reincidência ou primariedade
Diante desta decisão, foi editada a Lei n. 11.464/2007, que alterou a Lei dos Crimes Hediondos, prevendo que o
condenado por crime hediondo ou equiparado deveria cumprir a pena privativa de liberdade no regime inicialmente
fechado. Portanto, obrigatoriamente o juiz deveria fixar inicialmente o regime fechado, pouco importando a quantidade
da pena aplicada ou o perfil subjetivo do agente, mas era possível a progressão. Mais uma vez, o STF entendeu que este
regime inicialmente fechado também era inconstitucional.
O tráfico de drogas privilegiado não é crime equiparado a hediondo (STF – Plenário – HC n. 118.533 – Inf. n.
831). Em razão desta decisão, o STJ cancelou a Súmula 512.
3. Pena de reclusão
CP, art. 33, “caput”, primeira parte: “A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou
aberto.”
A pena de reclusão admite qualquer dos regimes prisionais para início de cumprimento da pena privativa de
liberdade. Ela será executada de forma progressiva e a fixação de regime menos severo não impede a regressão do
regime prisional.
3.1. Critérios
a) Reincidente
Para o Código Penal, a pena de reclusão deve ser iniciada no regime fechado. Pouco importa a quantidade de
pena aplicada. O Código Penal releva a incompatibilidade entre a reincidência e qualquer outro regime que não o
fechado.
No entanto, a jurisprudência mitigou o rigor do Código Penal. Nos termos da Súmula 269 do STJ: “É admissível a
adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis
as circunstâncias judiciais”.
b) Primário
É necessário analisar a quantidade da pena aplicada:
Superior a 8 anos: regime fechado. O Código Penal revela a total incompatibilidade entre a pena superior a 8
anos e qualquer outro regime que não o fechado.
Superior a 4 anos até 8 anos: regime semiaberto.
Até 4 anos: regime aberto.
718: “A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a
imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada”.
719: “A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação
idônea”.
4. Pena de detenção
CP, art. 33, “caput”, parte final: “(...) A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de
transferência a regime fechado.”
É possível o regime inicial fechado para a pena de detenção? Não, mesmo se o réu for reincidente (ou
multirreincidente). Ela começará no aberto ou no semiaberto. No entanto, é perfeitamente possível a regressão
posterior para o regime fechado.
A Lei n. 9.034/1995, já revogada, foi o primeiro diploma legislativo a versar sobre crime organizado no Brasil. Ela
dizia que se o crime fosse praticado por organização criminosa a pena poderia começar a ser cumprida no regime
fechado, inclusive de detenção.
a) Reincidente
O condenado reincidente começa a cumprir a pena de detenção no semiaberto, pouco importando a quantidade
da pena.
b) Primário
O fator decisivo é a quantidade da pena aplicada:
Superior a 4 anos: semiaberto.
Até 4 anos: aberto.
c) Circunstâncias judiciais
Devem ser observadas as Súmulas 718 e 719 ambas do STF.
6. Pena-base no mínimo legal e regime prisional mais gravoso do que o correspondente à pena aplicada
O regime mais gravoso só pode ser aplicado se as circunstâncias judiciais forem desfavoráveis ao réu. Se a pena
base foi aplicada no mínimo legal, todas as circunstâncias judiciais eram favoráveis ao réu. Portanto, se elas eram
favoráveis na dosimetria da pena-base, não podem posteriormente ser desfavoráveis na fixação do regime prisional.
Súmula 440 do STJ: “Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais
gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito”.
Reincidência –
aula xxiii
1. Introdução
O estudo da reincidência guarda íntima relação com as finalidades da pena. Ao delas tratar discutem-se os
objetivos buscados pelo Estado ao aplicar uma pena. No Brasil, a pena possui uma dupla finalidade: retribuição e
prevenção (geral e especial).
A reincidência – prática de um novo crime após o agente ter sido definitivamente condenado por um crime
anterior – revela, em um primeiro momento, que a pena não atingiu a sua finalidade retributiva. A pena não
desempenhou a contento a sua finalidade de retribuição diante da insuficiência do castigo. Por conseguinte, a
reincidência demonstra que a pena também não alcançou a sua finalidade preventiva especial - esta é subdividida em
mínima e máxima. A mínima (prevenção especial negativa) consiste em evitar a reincidência; a máxima (prevenção
especial positiva) representa a ressocialização.
Em suma, a pena não atingiu duas de suas finalidades precípuas. Diante deste contexto, a pena do novo crime
receberá um tratamento mais severo.
Questão n. 1: qual é o fundamento da reincidência? É tratar de forma mais rígida aquele condenado que insiste
em violar a lei penal.
Questões n. 2 e 3: a reincidência seria uma manifestação ou resquício do direito penal do autor1? A reincidência
caracteriza “bis in idem”? O Plenário do STF, no RE n. 453.000/RS – Inf. 700, entendeu que a reincidência não é uma
manifestação do direito penal do autor, pois o agente não está recebendo uma nova pena pelo simples fato de ser
reincidente, mas porque praticou um novo crime (direito penal do fato). Também foi decidido que a reincidência não
consiste em “bis in idem”. Não se trata de dupla punição pelo mesmo fato, mas de dois fatos punidos ao seu tempo e ao
seu modo.
A reincidência é a agravante genérica de natureza pessoal ou subjetiva que se verifica “quando o agente comete
novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime
anterior” (CP, art. 63).
4. Requisitos
Os três requisitos da reincidência são cronologicamente ordenados:
1
Há uma dicotomia entre direito penal do fato e direito penal do autor. O direito penal moderno (legítimo e
democrático) é um direito penal do fato ocupando-se com o fato típico e ilícito praticado pelo agente pouco importando
quem é ele. De outro lado, o direito penal do autor é aquele que rotula e estereotipa determinadas pessoas (direito
Penal do inimigo, p. ex.).
I - Questão n. 1: caso o agente pratique o novo crime no dia do trânsito em julgado da condenação definitiva pelo crime
anterior ele será considerado reincidente? Não, pois o agente deve praticar o novo crime ao menos no dia seguinte à
condenação definitiva.
II - Questão n. 2: é possível que o agente tenha cometido três crimes, por exemplo, e não seja reincidente? Sim, se após
o cometimento dos três crimes há o advento de uma condenação definitiva. Ou seja, nenhum dos crimes foi praticado
depois da primeira condenação definitiva.
III - O STJ, no julgamento do HC n. 200.900 – Inf. 505, entendeu que não há reincidência quando a denúncia ou a queixa-
crime não indica a data em que o crime foi praticado.
IV – Questão n. 3: a sentença condenatória com trânsito em julgado pelo crime praticado no estrangeiro precisa ser
homologada pelo STJ para gerar reincidência no Brasil? Não. Basta a prova da existência da condenação definitiva no
estrangeiro. Fundamento:
CP, art. 9º: “A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas
conseqüências, pode ser homologada no Brasil para:
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis;
II - sujeitá-lo a medida de segurança”.
Portanto, o CP, art. 9º não condiciona a reincidência à homologação da sentença estrangeira. Ela será necessária
somente nas hipóteses indicadas pelo artigo.
5. Prova da reincidência
Existem duas posições sobre a prova da reincidência:
1ª posição: basta a juntada aos autos da folha de antecedentes - é um documento oficial emitido pelo Poder
Público (fé pública) no qual constam a condenação definitiva anterior e a sua respectiva data. É a posição
adotada pelo STF (HC n. 103.969 – Inf. 601) e pelo STJ (HC n. 284.910).
2ª posição (adotá-la em provas de Defensoria Pública): a folha de antecedentes é insuficiente. É necessário juntar
aos autos a certPidRãoIScCarItLoArárDiaO(iSnteSirAoNteToOr)SdaBcRonAdGenAaç-
ã3o9d3e9fin9i9ti9va7.
7. Espécies de reincidência
Critérios:
a) Quanto à necessidade de cumprimento da pena imposta pela condenação anterior:
I – Real, própria ou verdadeira:
É aquela que exige o integral cumprimento da pena resultante da condenação definitiva pelo crime anterior.
CP, art. 44, § 3º: “Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de
condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude
da prática do mesmo crime”.
CP, art. 83: “O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou
superior a 2 (dois) anos, desde que:
(...)
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de tortura,
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente
específico em crimes dessa natureza”.
Passados mais de cinco anos entre o cumprimento ou extinção da pena (por qualquer outro motivo) e a prática
do segundo crime, o agente, mesmo possuindo uma condenação anterior, não será tratado como reincidente. Trata-se
da figura do “tecnicamente primário”, conforme a jurisprudência: o agente tem uma condenação anterior definitiva,
porém ela não gera mais a reincidência.
O artigo 64, inc. I informa que o Código Penal adota o sistema da temporariedade. O prazo de cinco anos é
denominado de período depurador da reincidência (ou caducidade da reincidência).
Próprio (ou puro): é aquela que ofende apenas a organização ou a segurança do Estado. Eles estão
previstos na Lei n. 7.170/1983.
Impróprio: é aquele que ofende a segurança e a organização do Estado e também um bem jurídico
protegido pela legislação comum. Exemplo: terrorismo.
O CP, art. 64, II não distinguiu os crimes políticos entre próprios – ofende apenas a organização ou a segurança
do estado – previstos na lei de segurança nacional - e impróprios – ofende a segurança e a organização do
estado e também um bem jurídico protegido pela legislação comum – ex: terrorismo (como o fez com os crimes
militares). Portanto, não há reincidência entre o crime político próprio e um crime comum; e também não há
entre um crime político impróprio e um crime comum.
2
É aquele previsto no Código Penal Militar e na legislação comum. Exemplo: estupro (CP, art. 213 e CPM, art. 232).
10. Reincidência e maus antecedentes
Súmula 241 do STJ: “A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e,
simultaneamente, como circunstância judicial”.
Reincidente: é aquele que pratica um novo crime depois de ter sido condenado definitivamente por outro crime
praticado no Brasil ou no estrangeiro.
Primário (conceito é obtido por exclusão): é todo aquele que não é reincidente (regra do terceiro excluído).
Tecnicamente primário (criação da jurisprudência): é o sujeito que ostenta uma condenação definitiva, mas não
é reincidente. A figura do tecnicamente primário pode ocorrer em duas situações: a) existência do período depurador
da reincidência (caducidade); b) duas condenações definitivas: após a primeira não houve a prática de outro crime.
Multirreincidente (criação da jurisprudência): é aquele que, além de ser reincidente, possui três ou mais
condenações definitivas.
Pena de multa
1. Conceito
A pena de multa, também denominada de pena pecuniária, é uma espécie de sanção penal, de natureza
patrimonial, consistente no pagamento de determinada quantia em dinheiro em favor do Fundo Penitenciário.
PRISCILA DOS SANTOS BRAGA - 39399997847
2. Fundo Penitenciário
A LC n. 79/1994 criou o Fundo Penitenciário Nacional. Ele é formado por valores recolhidos a título de penas de
multa impostas por sentenças condenatórias com trânsito em julgado.
As penas de multa aplicadas pela Justiça Federal são destinadas ao Fundo Penitenciário Nacional. Por outro
lado, as penas de multa aplicadas pela Justiça Estadual são destinadas ao Fundo Penitenciário Estadual. Exemplo: Lei n.
9.171/1995 (criou o Fundo Penitenciário do Estado de São Paulo).
O Código Penal brasileiro adota o critério do dia-multa: os tipos penais contidos na Parte Especial do Código
Penal se limitam a cominar a pena de multa sem indicar o seu respectivo valor. As ferramentas e parâmetros para o
cálculo do valor encontram-se na Parte Geral do Código Penal.
Existem critérios diversos adotados pela legislação extravagante? Sim – o CP, art. 12 permite expressamente
que a legislação especial contenha regras diversas. Exemplo:
Lei n. 8.666/1993, art. 99, “caput”: “A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98 desta Lei consiste no
pagamento de quantia fixada na sentença e calculada em índices percentuais, cuja base corresponderá ao valor da
vantagem efetivamente obtida ou potencialmente auferível pelo agente”.
1ª fase: cálculo do número de dias-multa - varia entre 10 a 360. O juiz o calculará com base em tudo que
empregou para aplicar a pena privativa de liberdade (circunstâncias judiciais, atenuantes, agravantes e causas
de diminuição ou de aumento da pena).
2ª fase: cálculo do valor de cada dia-multa – varia entre 1/30 até 5 vezes o valor do salário mínimo. Para o
cálculo leva-se em conta, exclusivamente, a situação econômica do réu.
O sistema bifásico permite atender o princípio da individualização da pena no tocante à pena de multa.
Exemplo: o indivíduo rico e primário deve suportar uma pena de multa mais contundente do que um indivíduo pobre e
reincidente.
5. Multa ineficaz
A multa, enquanto pena, também deve buscar as finalidades retributiva e preventiva. Multa ineficaz, portanto, é
aquela que, pelo baixo valor, não atinge as suas finalidades:
CP, art. 60: “Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação econômica do réu.
§ 1º: A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do
réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo.”
Existe alguma situação no Direito penal brasileiro em que se admite um aumento maior do que o triplo? Sim.
a) Lei de Drogas
Na Lei de Drogas os tipos penais não se limitam a prever a multa (como ocorre no Código Penal).
Lei n. 9.279/1996, art. 197: “As penas de multa previstas neste Título serão fixadas, no mínimo, em 10 (dez) e,
no máximo, em 360 (trezentos e sessenta) dias-multa, de acordo com a sistemática do Código Penal.
Parágrafo único. A multa poderá ser aumentada ou reduzida, em até 10 (dez) vezes, em face das condições
pessoais do agente e da magnitude da vantagem auferida, independentemente da norma estabelecida no artigo
anterior”.
Lei n. 7.492/1986, art. 33: “Na fixação da pena de multa relativa aos crimes previstos nesta lei, o limite a que se
refere o § 1º do art. 49 do Código Penal, aprovado pelo Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de.1940, pode ser
estendido até o décuplo, se verificada a situação nele cogitada”.
6. Multa excessiva
a) Lei n. 9.099/95
Lei n. 9.099/195, art. 76, § 1º: “Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la
até a metade”.
Lei n. 9.279/1996, art. 197: “As penas de multa previstas neste Título serão fixadas, no mínimo, em 10 (dez) e,
no máximo, em 360 (trezentos e sessenta) dias-multa, de acordo com a sistemática do Código Penal.
Parágrafo único. A multa poderá ser aumentada ou reduzida, em até 10 (dez) vezes, em face das condições
pessoais do agente e da magnitude da vantagem auferida, independentemente da norma estabelecida no artigo
anterior”.
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7. Pagamento voluntário da pena de multa
CP, art. 50, “caput”: “A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a sentença.
A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em
parcelas mensais”.
Observações:
Prazo para o pagamento voluntário: 10 dias após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória – o juiz
mandará liquidar o valor. Apurado, o condenado é intimado a pagar.
É possível o parcelamento da multa? Sim (mensais, iguais e sucessivas). Segundo a Lei de Execução Penal, o
parcelamento deve ser pleiteado pelo condenado antes do vencimento do prazo para pagamento da multa.
Não há indicação pelo CP ou pela LEP do número mínimo ou máximo de parcelas. Será decidido pelo bom senso
do juiz no caso concreto.
Concedido o parcelamento, o juiz pode revogá-lo a qualquer tempo se o condenado for impontual no
pagamento ou se melhorar a sua situação econômica.
É possível que o pagamento da multa seja efetuado mediante desconto em folha. O desconto deve variar entre
1/4 a 1/10 da remuneração do condenado para não privar o condenado e sua família dos recursos
indispensáveis para sua manutenção.
CP, art. 51: “Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor,
aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas
interruptivas e suspensivas da prescrição”.
Em suma, a pena de multa será inscrita na dívida ativa do Poder Público e executada e cobrada como dívida de
valor:
Súmula 521 do STJ: “A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em
sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública [estadual ou nacional]”.
A multa executada e cobrada como dívida de valor perde a natureza jurídica de pena? Duas posições:
1ª posição: embora cobrada como dívida de valor, ela mantém o caráter penal. Logo, ela não é transmita aos
herdeiros no caso de morte do condenado (STF - Plenário – EP n. 12 – Inf. 780; STJ – REsp n. 1.275.834 – Inf.
558). Fundamento: a natureza jurídica de multa enquanto pena é dada pela CF, art. 5º, XLVI, “c”.
2ª posição: a multa perde o seu caráter de pena (STJ – REsp n. 1.519.777 – Inf. 568).
Súmula 693 do STF: “Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a
processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada”.
1. Introdução
O limite das penas está tratado no Código Penal e na Lei de Contravenções Penais:
CP, art. 75: “O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta)
anos”.
Dec.-Lei n. 3.688/41, art. 10: “A duração da pena de prisão simples não pode, em caso algum, ser superior a
cinco anos, nem a importância das multas ultrapassar cinquenta contos”.
O tempo de cumprimento de pena não pode ser superior a 30 anos, mas a pena aplicada pode ser superior.
2. Fundamentos
CF, art. 5º, XLVII, “b”: proibição da pena de caráter perpétuo. Indiretamente, uma pena demasiadamente longa
acaba sendo uma pena de caráter perpétuo.
CF, art. 1º, inc. III: dignidade da pessoa humana.
Ressocialização como finalidade da pena (prevenção especial positiva ou máxima): recuperar o condenado para
a vida em sociedade.
CP, art. 75, § 1º: “Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 30
(trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo”.
Todas as execuções serão reunidas e a pena será unificada para que o condenado cumpra no máximo 30 anos.
Súmula 715 do STF: “A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo
art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento
condicional ou regime mais favorável de execução”.
O limite de 30 anos destina-se exclusivamente ao tempo de cumprimento da pena. Para os benefícios que
podem ocorrer durante a execução penal considera-se a pena total imposta.
A unificação engloba:
Unificação propriamente dita: ocorre nas modalidades de concurso de crimes em que é adotado o sistema da
exasperação (concurso formal próprio ou perfeito e crime continuado).
Soma: ocorre nas modalidades de concurso de crimes em que é adotado o sistema do cúmulo material
(concurso material e concurso formal impróprio ou imperfeito).
CP, art. 75, § 2º: “Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á
nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido”.
1. Introdução
As penas restritivas de direitos ingressam no grupo das “penas alternativas” – este grupo é composto
pelas penas restritivas de direitos e penas de multa.
A expressão “penas alternativas”diz respeito às alternativas à privação da liberdade. Em outras
palavras, são meios que o legislador cria para evitar o cárcere.
Modernamente, é comum se falar em “fuga da pena de prisão” em razão do seu não funcionamento: a
pena de prisão acaba por proporcionar exclusivamente a retribuição (e não a prevenção). Trata-se da falência
da pena de prisão, notadamente por aquilo que é denominado de fator criminógeno: a pena de prisão, ao
invés de combater a criminalidade, muitas vezes acaba estimulando-a.
2. Espécies
CP, art. 42: “As penas restritivas de
direitos são: I - prestação pecuniária;
II - perda de bens
e valores; III –
(vetado);
IV - prestação de serviços à comunidade ou a entidades
públicas; V - interdição temporária de direitos;
VI - limitação de fim de
semana”. Observações:
Os incisos I e II foram incluídos no artigo 43 por intermédio da Lei n. 9.714/1998. Portanto, não eram
previstos na redação original do Código Penal e não foram incluídos pela Lei n. 7.209/84 (Reforma da
Parte Geral).
O inciso III previa a pena de recolhimento domiciliar. Considerações: a) ela também seria incluída pela
Lei n. 9.714/1998, mas foi vetada pelo Presidente da República, sob o argumento de que seria
impossível fiscalizá-la na prática; b) a pena de recolhimento domiciliar é prevista na Lei dos Crimes
Ambientais (Lei n. 9.605/1998, art. 13); c) atualmente seria possível fiscalizá-la por meio do
monitoramente eletrônico.
O rol do artigo 43 do Código Penal é taxativo. Portanto, o juiz não pode no caso concreto criar novas
penas restritivas de direitos.
3. Natureza jurídica
Penas restritivas de direitos são penas (espécie do gênero sanção penal). Esta natureza jurídica é
fornecida pela CF, art. 5º, XLVI: “a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:”:
o legislador pode criar outras penas diversas daquelas previstas no art. 5º, inc. XLVI.
Características fundamentais: substitutividade e autonomia:
CP, art. 44, I: “As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade (...)”.
a) Substitutividade
No Código Penal as penas restritivas de direitos não são cominadas diretamente nos preceitos secundários dos tipos
penais.
Os tipos penais da Parte Especial preveem penas privativas de liberdade, e na Parte Geral estão expressos os
requisitos para a substituição da pena privativa da liberdade por restritiva de direitos.
No Código Penal não há exceção quanto à substitutividade, mas na legislação penal especial, sim. Exemplo:
Lei n. 11.343/2006, art. 28: “Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para
consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será
submetido às PseRguISinCteIsLpAenDaOs:
I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo”.
Portanto, as exceções são as hipóteses em que o tipo penal prevê diretamente, no seu preceito
secundário, uma pena restritiva de direitos.
b) Autonomia
No sistema do Código Penal, se foi efetuada a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva
de direitos, o juiz não pode cumulá-las.
No Código Penal não encontramos exceções à autonomia. Todavia, elas podem ser encontradas na
legislação penal especial. Exemplo:
CTB, art. 302: “Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor”.
A violência imprópria (CP, art. 157, “caput”, p. ex.) se consubstancia em meio de execução diverso da
violência à pessoa e da grave ameaça, mas que produz o mesmo efeito: o de retirar da vítima a capacidade de
resistência.
A violência imprópria impede a substituição? De acordo com a posição majoritária, sim, pois a violência
imprópria nada mais é do que uma forma específica de violência contra a pessoa. Todavia, há posição contrária
(adotá- la em provas de Defensoria Pública): caso o Código Penal desejasse vedar a substituição na violência
imprópria ele deveria tê-lo feito expressamente (a posição anterior realiza uma analogia “in malam partem”).
Os crimes culposos admitem a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos,
ainda que praticado com violência à pessoa (lesão culposa, p. ex.) (STJ – RHC n. 30.680).
É cabível a substituição nas infrações penais de menor potencial ofensivo praticadas com violência à
pessoa ou com grave ameaça? Sim. Raciocínio: nas infrações penais de menor potencial ofensivo o juiz pode
homologar um acordo de transação penal celebrado entre o Ministério Público e o autor do fato - a transação
penal é a aplicação imediata de uma pena restritiva de direitos ou de multa. Portanto, o juiz poderia
perfeitamente realizar a substituição em um processo em que foi respeitado o devido processo legal. Este
entendimento é consagrado pelo STJ (HC n. 180.353 – Inf. n. 456).
Observações:
É levada em consideração a pena aplicada, pouco importando a pena em abstrato.
No caso de concurso de crimes é necessário analisar o total das penas, que não pode ultrapassar
quatro anos (STJ – HC n. 289.110).
E o reincidente em crime culposo? A reincidência em crime culposo (ou em contravenção penal) não
impede a substituição. O fator impeditivo da substituição é a reincidência em crime doloso.
Há alguma hipótese em que o réu é reincidente em crime doloso e, ainda assim, será possível a
substituição da pena privativa de liberdade de liberdade por restritiva de direitos? Sim, ela está prevista no CP,
art. 44, § 3º: “Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de
condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em
virtude da prática do mesmo crime”. Os dois requisitos expressos pelo dispositivo, para a substituição aplicável
ao reincidente em crime doloso, são cumulativos entre si. Em outras palavras, desde que se trate de
reincidência genérica (e a medida seja socialmente recomendável), a substituição é possível. Por outro lado, a
substituição está completamente vedada para o reincidente específico.
b) Princípio da suficiência
CP, art. 44, III: “a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado,
bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente”.
Exemplo: na primeira fase de dosimetria da pena o juiz aplicou a pena-base acima do mínimo legal.
Portanto, as circunstâncias judiciais eram dPeRsfaISvoCráILveAisDaoOrSéuS, rAaNzãTo OpeSlaBqRuaAl
Go pArin- c3íp9i3o9d9a9su9f7ic8iê4n7cia não está presente.
A discussão sobre o tema reside no § 4º do art. 33 da Lei de Drogas (tráfico de drogas privilegiado):
“Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois
terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons
antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa”. Observações:
A pena cominada para o crime do artigo 33, “caput”, da Lei n. 11.343/2006, art. 33 é de cinco a quinze
anos. Caso aplicada a pena mínima e determinada diminuição, a pena não ficará abaixo do limite
quatro anos.
De acordo com o atual entendimento do Plenário do STF, o tráfico de drogas privilegiado não é
equiparado a hediondo.
Conforme o trecho grifado do parágrafo anterior, é vedada a conversão em penas restritivas de
direitos. No entanto, o trecho foi declarado inconstitucional pelo STF em controle difuso. Por
conseguinte, o Senado Federal editou a Resolução n. 05/2012 para dar eficácia “erga omnes” à decisão
do Supremo: “É suspensa a execução da expressão ‘vedada a conversão em penas restritivas de
direitos’ do § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, declarada inconstitucional por
decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal nos autos do Habeas Corpus nº 97.256/RS”.
O artigo 17 da Lei Maria da Penha não proíbe toda e qualquer pena restritivas de direitos. O texto do
dispositivo proíbe apenas a cesta básica ou qualquer outra forma de prestação pecuniária, bem como o
pagamento isolado de multa. O intuito da Lei foi evitaPrRoIcSoCnsILtrAanDgimOeSntSoAdNa
mTOulSheBr vRítAimGaAde- v3io9l3ên9c9ia9d9o7m84és7tica ou familiar.
O STF tem ido além da redação do artigo 17, não permitindo nenhuma pena restritiva de direitos em
crime praticado com violência doméstica e familiar contra a mulher (HC n. 129.446 – Inf. n. 804). Fundamento:
na hipótese de violência doméstica ou familiar contra a mulher (de qualquer espécie) o crime foi cometido com
violência à pessoa ou com grave ameaça.
Ademais, a própria Lei não permite a aplicação da Lei n. 9.099/1995, afastando as disposições dos Juizados
Especiais Criminais.
9. Regras da substituição
A substituição é efetuada na própria sentença condenatória (ou no acórdão condenatório).
CP, art. 44, § 2º, 1ª parte: “Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por
multa ou por uma pena restritiva de direitos (...)”.
CP, art. 44, § 2º, parte final: “(...) se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser
substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos”.
Observações:
I – A reconversão é um incidente da execução penal (LEP, art. 181). Como incidente, exige respeito à
ampla defesa e ao contraditório.
II – A prisão simples é a sanção penal a uma contravenção penal. Para ela não há saldo mínimo de
trinta dias, mas somente o tempo efetivamente faltante.
III – A prestação pecuniária e a perda de bens e valores possuem natureza patrimonial. Segundo a
doutrina, deve ser realizado um cálculo proporcional para o cálculo do saldo mínimo.
Observação (geral): a condenação à pena de multa ou a prática de contravenção penal não autorizam a
reconversão (obrigatória ou facultativa).
LEP, art. 147: “Transitada em julgado a sentença que aplicou a pena restritiva de direitos, o Juiz da
execução, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, promoverá a execução, podendo, para
tanto, requisitar, quando necessário, a colaboração de entidades públicas ou solicitá-la a particulares”.
O STF já admitiu o início antes do trânsito em julgado da condenação (HC n. 88.500 – Inf. 564).
A 3ª Seção do STJ, no julgamento dos EREsp n. 1.619.087, entendeu que não é possível a execução
provisória de pena restritiva de direitos.
a) Conceito
CP, art. 45, § 1º: “A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus
dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz,
não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O
valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se
coincidentes os beneficiários”.
Considerações:
Considerações:
I – A pena de perda de bens e valores recai obrigatoriamente sobre o patrimônio lícito do
condenado.
II – A pena de perda de bens e valores não é aplicada às contravenções penais: “(...) em consequência
da prática do crime” (CP, art. 45, § 3º).
III – A perda de bens e valores é uma pena. Assim, é necessário respeitar o princípio da personalidade
da pena (CF, art. 5º, XLV). Consequentemente, não é transmitida aos herdeiros ou sucessores.
IV – Essa pena possui um conteúdo confiscatório. Seria inconstitucional? Não, pois é admita pela própria
CF, art.
5º, inc. XLVI, “b” (norma constitucional originária).
V - Perda de bens e vaPloRreISs eCcILonAfiDscOo (SefSeiAtoNdTa OcoSndBeRnaAçãGoA). D-
i3st9in3ç9ão9:
a) Conceito
CP, art. 46: “(...).
§ 1º: A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste na atribuição de tarefas
gratuitas ao condenado.
§ 2º: A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, escolas,
orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais.
(...)”.
b) Aplicabilidade: CP, art. 46, “caput”
CP, art. 46, “caput”: “A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às
condenações superiores a seis meses de privação da liberdade”.
O Código Penal filiou-se ao sistema da hora-tarefa: uma hora de prestação de serviços à comunidade
equivale a um dia de condenação.
LEP, art. 150: “A entidade beneficiada com a prestação de serviços encaminhará mensalmente, ao Juiz
da execução, relatório circunstanciado das atividades do condenado, bem como, a qualquer tempo,
comunicação sobre ausência ou falta disciplinar”.
Inciso III: a matéria é toda disciplinada pelo Código de Trânsito brasileiro. O inciso III continua aplicável
somente para os ciclomotres com menos de 50 cilindradas.
Inciso V: esta pena não é aplicável somente ao condenado do crime tipificado no art. 311-A do CP (fraude
em concursos públicos). Ela poderá ser aplicada a qualquer crime que seja com ela compatível.
É uma pena de pouca ou nenhuma aplicação prática, em razão da insuficiência de casas de albergado.
LEP, art. 93: “A Casa do Albergado destina-se ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em
regime aberto, e da pena de limitação de fim de semana”.
LEP, art. 94: “O prédio deverá situar-se em centro urbano, separado dos demais estabelecimentos, e
caracterizar-se pela ausência de obstáculos físicos contra a fuga”.
LEP, art. 95: “Em cada região haverá, pelo menos, uma Casa do Albergado, a qual deverá conter, além dos
aposentos para acomodar os presos, local adequado para cursos e palestras.
Parágrafo único. O estabelecimento terá instalações para os serviços de fiscalização e orientação dos
condenados”.