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CONCURSO DE PESSOAS

Material produzido pelo Prof. Davi Dunck

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CONCURSO DE PESSOAS

1. Concurso de pessoas: É a concorrência de duas ou mais


pessoas para a prática de uma infração penal. Para a configuração
do concurso de agentes é necessário o cumprimento dos seguintes
requisitos:

1º - Pluralidade de agentes e condutas;

2º - Relevância causal das condutas;

3º - Vínculo subjetivo;

4º - Unidade de crime.

O vinculo subjetivo diz respeito à “ligação de vontades” em relação


à prática do mesmo resultado criminoso. Contudo, não é necessário
o prévio ajuste entre os agentes, isto é, o acordo firmado entre eles.
Na realidade, exige-se apenas o nexo psicológico (liame
subjetivo) entre os agentes referente ao mesmo resultado.

Por isso, quando algum dos concorrentes quis participar de crime


menos grave, será aplicado a pena do crime menos grave (é
chamada colaboração dolosamente distina). Neste caso, não há
concurso de pessoas, visto que inexiste o vínculo subjetivo em
relação ao crime mais grave. Conduto, a sua pena será aumentada
de 1/2 (metade) quando o resultado mais grave for previsível,
conforme dispõe o art. 29, §2º, CP.

Se ficar demonstrado que a conduta do agente não contribuiu em


nada no resultado (participação inócua), não há que se falar em
concurso de pessoas. De outro lado, se o agente efetivamente
concorreu no resultado, contudo, sua contribuição foi de menor
importância, o partícipe terá sua pena diminuída (de 1/6 a 1/3).
2. Teorias: Como regra, o CP adotou a teoria monista (monística,
unitária), pois todo aquele que concorre para o crime, responde pelo
mesmo crime (art. 29, CP). Contudo, frisa-se que a sanção penal
incidirá de forma individualizada, não implicando obrigatoriamente
pena igual a todos os réus.

De forma excepcional, o CP acolheu a teoria pluralista


(pluralística), pois em alguns casos os agentes responderão por
crimes diferentes, mesmo desejando e concorrendo para o mesmo
resultado (ex: corrupção passiva e corrupção ativa).

3. Autoria e participação: Em relação ao conceito de autor, a


doutrina majoritária acolheu a teoria objetivo-formal
(restritiva), isto é, o seu conceito é restrito, pois somente é
autor aquele que realiza o verbo do tipo penal. De outro lado,
o partícipe é aquele que concorre para o crime, sem realizar
o seu verbo.

- Autor: é aquele que realiza o verbo do crime;

- Coautores: são dois ou mais agentes que realizam o verbo


do crime;

- Partícipe: é aquele que concorre para o crime, sem realizar


o verbo do crime. A participação pode ser moral (induzir ou
instigar) ou material (auxiliar).

- Atenção: A autoria mediata ocorre quando o agente se vale


de uma pessoa como mero instrumento para a prática do
crime, isto é, pessoa sem culpabilidade ou que age sem dolo
ou culpa. Neste caso, o agente será considerado autor e não
partícipe.
DOUTRINA – No que diz respeito à punição do partícipe a
doutrina majoritária inclina-se pela teoria da acessoriedade
limitada, isto é, para que o partícipe seja punido, basta que o
autor pratique um fato típico e ilícito.

No entanto, levando-se em conta que na autoria mediata o


agente é considerado autor “mediato” (pela doutrina), pode-se
dizer que, excepcionalmente, admite-se a teoria da
acessoriedade máxima (extrema), isto é, para que o
partícipe seja punido, exige-se a ocorrência de um fato típico,
ilícito praticado por um agente culpável.

- Atenção: A autoria colateral (autoria imprópria) se verifica


quando dois ou mais agentes, desconhecendo a conduta do
outro, praticam condutas buscando o mesmo resultado,
contudo, tal resultado é produzido apenas por um deles. Neste
caso, como não há vínculo subjetivo, inexiste concurso de
pessoas, respondendo cada um pelo fato praticado.
DOUTRINA – Doutrina e jurisprudência admitem o concurso
de pessoas nos crimes culposos em relação à coautoria,
mas nunca à participação. Assim, a participação é rejeitada
nos crimes culposos, bem como a participação dolosa em
crime culposo ou a participação culposa em crime doloso.

No que se refere a teoria do domínio do fato, Hans Welzel amplia


o conceito de autor, uma vez que o autor é aquele que tem o poder
do controle final do fato, ainda que não pratique o verbo do crime,
já que o fato criminoso está sob o seu total domínio.

A teoria do domínio do fato não presume que o agente tenha o poder


do controle do fato apenas por razões de posição ou hierarquia na
estrutura criminosa, já que o dolo de cada agente deve ser
demonstrado de acordo com o caso concreto, através da
individualização do comportamento de todos os envolvidos na
situação criminosa.

- Atenção: O fato de um indivíduo ser o mandante do crime, não o


torna automaticamente autor desse crime (segundo a teoria do
domínio do fato), visto que, se o agente não tiver o poder do controle
final do fato, ele atua, em verdade, como mero instigador do crime.
Deste modo, tal análise dependerá das circunstâncias do caso
concreto.

- Atenção: No crime continuado (da mesma forma que no concurso


formal), se o sistema da exasperação da pena se manifestar mais
prejudicial do que o sistema do cúmulo material, deverá ser aplicado
o cúmulo material (soma das penas).
01. Partícipe de um crime é o sujeito
que:

a) pratica a conduta descrita no tipo


penal, juntamente com seu comparsa.

b) executa o comportamento que a lei


define como crime.

c) induz, instiga ou auxilia na prática do


crime, embora não pratique conduta
típica.

d) pratica a conduta descrita no tipo


penal em legítima defesa.
02. Sobre o Concurso de Pessoas estabelece o
Código Penal que quem, de qualquer modo,
concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade.
Sobre o tema, assinale a alternativa INCORRETA.

a) Se a participação for de menor importância, a pena


pode ser diminuída de um sexto à metade.

b) Não se comunicam as circunstâncias e as


condições de caráter pessoal, salvo quando
elementares do crime.

c) O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio,


salvo disposição expressa em contrário, não são
puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser
tentado.

d) Se algum dos concorrentes quis participar de crime


menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa
pena será aumentada até metade, na hipótese de ter
sido previsível o resultado mais grave.
03. Mário e Mauro combinam a prática de um crime de
furto a uma residência. Contudo, sem que Mário saiba,
Mauro arma-se de um revólver devidamente
municiado. Ambos, então, ingressam na residência
escolhida para subtrair os bens ali existentes.
Enquanto Mário separava os objetos para subtração,
Mauro é surpreendido com a presença de um dos
moradores que, ao reagir a ação criminosa, acaba
sendo morto por Mauro. Nesta hipótese:

a) Mário e Mauro responderão pela prática de latrocínio.

b) Mário e Mauro responderão pela prática de furto.

c) Mário responderá pela prática de furto simples e Mauro


responderá pela prática de furto qualificado.

d) Mário responderá apenas pelo furto e Mauro responderá


pela prática dos crimes de porte ilegal de arma de fogo,
furto e homicídio.

e) Mário responderá pela prática de furto e Mauro pelo


crime de latrocínio.
04. Em relação ao direito penal, quanto ao concurso
de pessoas é correto afirmar:

a) Quem, de qualquer modo, concorre para o crime


incide nas penas a este cominadas, não havendo
distinção em razão da maior ou menor culpabilidade.

b) Se a participação for de menor importância, a pena


pode ser diminuída de 1/5 (um quinto) a 1/2 (metade).

c) Se algum dos concorrentes quis participar de crime


menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa
pena será aumentada até a 1/3 (um terço), na hipótese
de ter sido previsível o resultado mais grave.

d) Não se comunicam as circunstâncias e as condições


de caráter pessoal, mesmo que elementares do crime.

e) O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio,


salvo disposição expressa em contrário, não são
puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser
tentado.
05. Assinale a alternativa incorreta. Para
que se configure o concurso de pessoas
na esfera penal se faz necessário:

a) a presença de dois ou mais agentes e haver


nexo de causalidade material entre as
condutas realizadas.

b) a vontade de obtenção do resultado


(vínculo de natureza psicológica).

c) o reconhecimento da prática do mesmo


delito para todos os agentes sendo que se
antijuridicidade atingir um dos co-autores, se
estenderá para os demais.

d) o ajuste prévio entre os agentes.


06. Clécius Almeida induz o adolescente Carlos
Sátiro, de dezessete anos de idade, a praticar o
delito de roubo tendo como vítima a senhora
Sandra Costa. Para convencer Carlos, Clécius lhe
disse ser conhecido da vítima, por isto não
poderia participar diretamente do crime, contudo
permaneceria por perto, sem ser visto, e lhe daria
cobertura no caso de um eventual problema.
Diante disto, Carlos acaba por roubar o relógio e
o dinheiro da senhora Sandra. No caso proposto,
Clécius responde pelo resultado na condição de:

a) autor mediato.

b) partícipe material.

c) partícipe moral.

d) coautor.
07. JOSÉ e PEDRO têm o mesmo desafeto, no caso,
MEVIO. Mas desconhecem tal fato. Contratam pistoleiros
para matar MEVIO. O pistoleiro, contratado por PEDRO
se armou com um revólver, e o contratado por JOSÉ com
uma pistola. Ocorre que fizeram uma tocaia no mesmo
local e momento. Os dois atiram simultaneamente em
MEVIO. O pistoleiro de JOSÉ atinge o coração de MEVIO
e o de PEDRO atinge a perna de forma leve. Há prova de
que o projétil usado pelo contratado por JOSÉ foi o
causador da morte da vítima. PEDRO confessou ter
mandado atirar em MEVIO. Com relação ao caso:

a) JOSÉ e PEDRO devem responder por homicídio.

b) JOSÉ responde por homicídio.

c) JOSÉ e PEDRO devem responder por tentativa de


homicídio.

d) JOSÉ e PEDRO respondem por homicídio em coautoria.

e) JOSÉ responde por tentativa de homicídio.

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