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Direito Penal

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CONCURSO DE PESSOAS

1- CONCEITO- O concurso de pessoas pode ser conceituado como a colaboração de dois ou mais agentes para a
prática de um delito ou uma contravenção penal.

O concurso de pessoas é regulado nos artigos 29 a 31 do C.P.


Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de
sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um
terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste;
essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

REQUISITOS DO CONCURSO DE PESSOAS

A) PLURALIDADE DE AGENTES E DE CONDUTAS


B) RELEVÂNCIA CAUSAL DAS CONDUTAS
C) LIAME SUBJETIVO ENTRE OS AGENTES
D) IDENTIDADE DE INFRAÇÃO PENAL

EXERCÍCIOS
Ano: 2016
Banca: CESPE
Órgão: PC-GO
Prova: Escrivão de Polícia Civil

Considerando os aspectos legais, doutrinários e jurisprudenciais sobre a infração penal quanto aos elementos
constitutivos, às espécies e aos sujeitos, bem como à ilicitude, às excludentes e ao excesso punível, à consumação e
tentativa e ao concurso de pessoas, julgue os itens subsequentes.

1 - O concurso de agentes na realização de um crime pressupõe sempre o prévio ajuste de vontades na consecução
de um resultado danoso desejado por todos.

2 - Paulo e João foram surpreendidos nas dependências da Câmara dos Deputados quando subtraíam carteiras e
celulares dos casacos e bolsas de pessoas que ali transitavam. Paulo tem dezessete anos e teve acesso ao local por
intermédio de João, que é servidor da Casa.

Com base nessa situação hipotética, julgue o item a seguir.


O fato de Paulo ser inimputável impede que se reconheça o concurso de pessoas no caso narrado.

3 - Acerca do concurso de crimes, do concurso de pessoas e das causas de exclusão da ilicitude, julgue o item que se
segue.

No concurso de pessoas, a caracterização da coautoria fica condicionada, entre outros requisitos, ao prévio ajuste
entre os agentes e à necessidade da prática de idêntico ato executivo e crime.

4-Cada item a seguir apresenta uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada de acordo com o
Código Penal, com a legislação penal extravagante e com a jurisprudência do STJ.

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Pedro, funcionário público, solicitou a Maria a quantia de R$ 10.000 para não lavrar auto de infração decorrente de
ato ilícito descoberto durante fiscalização fazendária. Ao perceber que teria que pagar uma multa de mais de R$
20.000, Maria prontamente concordou com a proposta e realizou o pagamento. Nessa situação, Maria responderá
como partícipe do delito de corrupção passiva, uma vez que, quanto ao concurso de agentes, o Código Penal adotou
exclusivamente a teoria unitária do crime.

5 - No que se refere ao concurso de pessoas, configuram exceções à teoria dualista a previsão expressa de conduta
de cada concorrente em tipo penal autônomo e a cooperação dolosamente distinta.

6 - Com relação aos princípios, institutos e dispositivos da parte geral do Código Penal (CP), julgue os itens seguintes.

Em relação ao concurso de pessoas, o CP adota a teoria monista, segundo a qual todos os que contribuem para a
prática de uma mesma infração penal cometem um único crime, distinguindo-se, entretanto, os autores do delito
dos partícipes.

FORMAS DE PRATICAR O CRIME QUANTO AO SUJEITO

AUTORIA

As várias teorias podem ser reunidas em dois grupos: unitárias (não diferenciando autor de partícipe e
diferenciadoras

A) Teoria subjetiva ou unitária – Não impõe distinção entre autor e partícipe, considerando-se autor todo aquele
que de alguma forma contribui para a produção do resultado

B) Teoria extensiva – Igualmente não distingue autor do partícipe, mas permite estabelecimento de graus diversos
de autoria, com a previsão de causas de diminuição conforme a relevância da sua contribuição.

C) Teoria Objetiva ou dualista – Estabelece clara distinção entre autor e partícipe.


A teoria objetiva pode ser dividida em duas:
C.1) OBJETIVO FORMAL – Autor é quem realiza a ação nuclear típica e partícipe quem concorre de qualquer forma
para o crime.
C.2) OBJETIVO MATERIAL – Autor é que contribui objetivamente de forma mais efetiva para a ocorrência do
resultado, não necessariamente praticando a ação nuclear típica. Partícipe, por outro lado, é o concorrente menos
relevante para o desdobramento causal, ainda que sua conduta consista na realização do núcleo do tipo.

D) teoria do domínio do fato – Autor é quem controla finalisticamente o fato, ou seja, que decide a sua forma de
execução, seu início, cessação e demais condições. Partícipe, por sua vez, será aquele que embora colabore
dolosamente para o alcance do resultado, não exerce domínio sobre a ação.

EXERCÍCIO

7- Marcos, imbuído de animus necandi, disparou tiros de revólver em Ricardo por não ter recebido deste pagamento
referente a fornecimento de maconha. Apesar de ferido gravemente, Ricardo sobreviveu. Marcos, para chegar ao
local onde Ricardo se encontrava, foi conduzido em motocicleta por Rômulo, que sabia da intenção homicida do
amigo, embora desconhecesse o motivo, e concordava em ajudá-lo. Ricardo foi atingido pelas costas enquanto
caminhava em via pública, e Marcos e Rômulo, ao verem a vítima tombar, fugiram, supondo tê-la matado.

Com base nessa situação hipotética, julgue os próximos itens.

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Rômulo agiu em coautoria e deve responder pelo mesmo crime cometido por Marcos, não se aplicando a ele,
entretanto, a qualificadora baseada no motivo do crime (torpeza), já que ignorava o motivo por que o seu comparsa
queria a morte de Ricardo.

Autoria mediata
Define-se o autor mediato como sendo o sujeito que, sem realiza diretamente a conduta descrita no tipo penal,
comete o fato típico por ato de outra pessoa utilizada como seu instrumento.
Com relação a antijuridicidade, culpabilidade, concurso de pessoas, pena e causas de extinção da punibilidade,

julgue o item a seguir.

A autoria mediata não é admitida nos crimes de mão própria e nos tipos de imprudência.

Autoria colateral- Verifica-se a autoria colateral quando dois ou mais agentes, um ignorando a contribuição de outro
concentram suas condutas para o cometimento da mesma infração penal. Nota-se, no caso a ausência de vínculo
subjetivo entre os agentes, que, se presente, faria incidir as regras do concurso de pessoas.
(vide STJ - REsp. 37.280)

EXERCÍCIOS
8 - Em relação à improbidade administrativa, ao concurso de pessoas e às hipóteses de extinção da punibilidade,
julgue o item subsecutivo.

Caracteriza-se a autoria colateral na hipótese de dois agentes, imputáveis, cada um deles desconhecendo a conduta
do outro, praticarem atos convergentes para a produção de um delito a que ambos visem, mas o resultado ocorrer
em virtude do comportamento de apenas um deles.

9 - No que se refere a concurso de pessoas, aplicação da pena, medidas de segurança e ação penal, julgue os itens a
seguir.

Em se tratando de autoria colateral, não existe concurso de pessoas.

Multidão delinquente

Coautoria

É possível coautoria em crimes próprios? E a participação?

E nos crimes de mão própria?

Autoria por determinação (Zaffaroni)

Autoria por convicção

EXERCÍCIO

10 - Em relação ao concurso de agentes, à desistência voluntária e ao arrependimento eficaz, bem como à


cominação das penas, ao erro do tipo e, ainda, à teoria geral da culpabilidade, julgue o item subsecutivo.

Configura autoria por convicção o fato de uma mãe, por convicção religiosa, não permitir a realização de transfusão
de sangue indicada por equipe médica para salvar a vida de sua filha, mesmo ciente da imprescindibilidade desse
procedimento.

Autoria de escritório (zaffaroni)


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Participação

A) Acessoriedade Mínima: é suficiente a prática, pelo autor, de fato típico para que a participação seja punível.
B) Acessoriedade limitada ou média: a punição do partícipe pressupõe apenas a prática de fato típico e ilícito.
C) Acessoriedade máxima: para a punição do partícipe, deve o fato ser típico, ilícito e cometido por agente culpável.
D) Hiperacessoriedade - a punição do partícipe pressupõe a prática de fato típico, ilícito, por agente culpável, que
seja efetivamente punido.

EXERCÍCIOS
11- A respeito do concurso de pessoas, assinale a opção correta.
a)Em relação à participação no concurso de pessoas, a legislação penal brasileira adota a teoria da
acessoriedade mínima.
b) Situação hipotética: José, gerente de loja, mesmo ciente de que um dos vendedores subtraía dinheiro do
caixa, nada fez para impedir o crime, agindo sem liame subjetivo e intenção de obter vantagem
econômica. Assertiva: Nessa situação, o gerente responderá em coautoria pelo crime de furto, com ação
omissiva.
c) Em se tratando de crimes plurissubjetivos, como, por exemplo, o crime de rixa, não há que se falar em
participação, já que a pluralidade de agentes integra o tipo penal: todos são autores.
d) Situação hipotética: O motorista João e sua mulher, Maria, trafegavam por uma rodovia, quando ambos,
deliberadamente, deixaram de prestar socorro a uma pessoa gravemente ferida, sem que houvesse risco
pessoal para qualquer um deles. João foi instigado por Maria, que estava no banco do carona, a não parar o
veículo, e, por fim, em acordo de vontades com Maria, assim efetivamente procedeu. Assertiva: Nessa
situação, João responderá como autor pelo crime de omissão de socorro e Maria será tida como
inimputável.
e) Haverá participação culposa em crime doloso na situação em que um médico, agindo com negligência,
fornece ao enfermeiro substância letal para ser ministrada a um paciente, e o enfermeiro, embora
percebendo o equívoco, decide inistra-la com a intenção de matar o paciente.

12 - Assinale a opção correta de acordo com a jurisprudência do STJ


a) Diz-se tentado o latrocínio quando não se realiza plenamente a subtração da coisa, mas ocorre a morte da
vítima.
b) Tendo o CP adotado a teoria monista, não há como punir diferentemente todos quantos participem direta
ou indiretamente para a produção do resultado danoso.
c) É impossível o concurso de pessoas nos crimes culposos, ante a ausência de vínculo subjetivo entre os
agentes na produção do resultado danoso.
d) O crime de latrocínio não admite forma preterdolosa, considerando a exigência do animus necandi na
conduta do agente.
e) No crime de roubo praticado com pluralidade de agentes, se apenas um deles usar arma de fogo e os
demais tiverem ciência desse fato, todos responderão, em regra, pelo resultado morte, caso este ocorra,
pois este se acha dentro do desdobramento normal da conduta.

13 - Acerca do concurso de pessoas e dos princípios de direito penal, julgue o item seguinte.

No concurso de pessoas, o auxílio prestado ao agente, quando não iniciada a execução do crime, é passível de
punição.

14 - Julgue o item seguinte, a respeito de concurso de pessoas, tipicidade, ilicitude, culpabilidade e fixação da pena.

Caso um indivíduo obtenha de um amigo, por empréstimo, uma arma de fogo, dando-lhe ciência de sua intenção de
utilizá-la para matar outrem, o amigo que emprestar a arma será considerado partícipe do homicídio se o referido
indivíduo cometer o crime pretendido, ainda que este não utilize tal arma para fazê-lo e que o amigo não o estimule
a praticá-lo.Participação em cadeia (participação de participação)

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Participação sucessiva

Concurso de pessoas em crimes culposos

EXERCÍCIOS
15 - Em relação à improbidade administrativa, ao concurso de pessoas e às hipóteses de extinção da punibilidade,
julgue o item subsecutivo.

Pode haver participação dolosa em crime culposo, não sendo necessário, para a caracterização do concurso de
pessoas, que autor e partícipes tenham atuado com o mesmo elemento subjetivo-normativo.
16 - Acerca de concurso de pessoas, julgue os itens a seguir.

Se determinada pessoa, querendo chegar rapidamente ao aeroporto, oferecer pomposa gorjeta a um taxista para
que este dirija em velocidade acima da permitida e, em razão disso, o taxista atropelar e, consequentemente, matar
uma pessoa, a pessoa que oferecer a gorjeta participará de crime culposo.

Concurso no crimes omissivos

EXERCÍCIO

17- Acerca do direito penal, julgue os itens subsecutivos.

É possível, do ponto de vista jurídico-penal, participação por omissão em crime comissivo.

Punibilidade no concurso de pessoas

Participação de menor importância


Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua
culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um
terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

EXERCÍCIO
18- Acerca dos institutos do direito penal brasileiro, julgue os próximos itens.
Tratando-se de concurso de agentes, quando comprovada a vontade de um dos autores do fato em participar de
crime menos grave, a pena será diminuída até a metade, na hipótese de o resultado mais grave ter sido previsível,
não podendo, contudo, ser inferior ao mínimo da pena cominada ao crime efetivamente praticado.

Texto CE1A04AAA
19 - Roberto, Pedro e Lucas planejaram furtar uma relojoaria. Para a consecução desse objetivo, eles passaram a
vigiar a movimentação da loja durante algumas noites. Quando perceberam que o lugar era habitado pela
proprietária, uma senhora de setenta anos de idade, que dormia, quase todos os dias, em um quarto nos fundos do
estabelecimento, eles desistiram de seu plano. Certa noite depois dessa desistência, sem a ajuda de Roberto,
quando passavam pela frente da loja, Pedro e Lucas perceberam que a proprietária não estava presente e decidiram,
naquele momento, realizar o furto. Pedro ficou apenas vigiando de longe as imediações, e Lucas entrou na relojoaria
com uma sacola, quebrou a máquina registradora, pegou o dinheiro ali depositado e alguns relógios, saiu em
seguida, encontrou-se com Pedro e deu-lhe 10% dos valores que conseguiu subtrair da loja.

Na situação hipotética descrita no texto CE1A04AAA,

a) Pedro e Lucas serão responsabilizados pelo mesmo tipo penal e terão necessariamente a mesma pena.
b) o direito penal brasileiro não distingue autor e partícipe.
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c) Pedro, partícipe, terá pena mais grave que a de Lucas, autor do crime.
d) Roberto será considerado partícipe e, por isso, poderá ser punido em concurso de pessoas pelo crime praticado.
e) se a atuação de Pedro for tipificada como participação de menor importância, a pena dele poderá ser diminuída.

Participação dolosamente distinta


Art.29. § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena
deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais
grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares
do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Casos de impunibilidade
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são
puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

EXERCÍCIOS
20 - A respeito das excludentes de ilicitude e do concurso de pessoas no direito penal, julgue os itens que se seguem.
Havendo concurso de pessoas para a prática de crime, caso um dos agentes participe apenas de crime menos grave,
será aplicada a ele a pena relativa a esse crime, desde que não seja previsível resultado mais grave.

21 - Acerca da parte geral do direito penal e seus Institutos, julgue o item seguinte.

Considere que Joana, penalmente imputável, tenha determinado a Francisco, também imputável, que desse uma
surra em Maria e que Francisco, por questões pessoais, tenha matado Maria. Nessa situação, Francisco e Joana
deverão responder pela prática do delito de homicídio, podendo Joana beneficiar-se de causa de diminuição de
pena.

22 - Considere a seguinte situação hipotética.

Hugo e Ivo planejaram juntos o furto de uma residência. Sem o conhecimento de Hugo, Ivo levou consigo um
revólver para garantir o sucesso da empreitada criminosa. Enquanto Hugo subtraia os bens do escritório, Ivo foi
surpreendido na sala por um morador e acabou matando-o com um tiro.
Nessa situação hipotética, Ivo responderá por latrocínio, e Hugo, apenas pelo crime de furto.

23 - A respeito do concurso de pessoas, assinale a opção correta.

a) As circunstâncias objetivas se comunicam, mesmo que o partícipe delas não tenha conhecimento.
b) Em se tratando de peculato, crime próprio de funcionário público, não é possível a coautoria de um
particular, dada a absoluta incomunicabilidade da circunstância elementar do crime.
c) A determinação, o ajuste ou instigação e o auxílio não são puníveis.
d) Tratando-se de crimes contra a vida, se a participação for de menor importância, a pena aplicada poderá
ser diminuída de um sexto a um terço.
e) No caso de um dos concorrentes optar por participar de crime menos grave, a ele será aplicada a pena
referente a este crime, que deverá ser aumentada mesmo na hipótese de não ter sido previsível o resultado
mais grave.

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