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NOÇÕES ESSENCIAIS DE DIREITO PENAL E PROCESSO

PENAL

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SUMÁRIO

NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 2


1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 3
1.1 Conceito Analítico de Crime ................................................................................................ 3
1.2 Llicitude .............................................................................................................................. 7
1.3 Culpabilidade...................................................................................................................... 8
2. CONCURSO DE CRIMES E DE AGENTES ...................................................... 10
2.1 Concurso de Crimes ...........................................................................................................10
2.2 Concurso de Agentes .........................................................................................................12
2.3 Aplicação da Pena..............................................................................................................15
3. CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE ................................................... 18
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 22
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 23

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em


atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com
isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível
superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de
promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem
patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras
normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e


eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética.
Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de
cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do
serviço oferecido.

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Conceito Analítico de Crime

Para se tratar de Direito Penal e Processual Penal, antes é necessário


estabelecer o conceito de crime. Assim, Mendonça e Dupret (2018, p.21)
determinam que:

O conceito analítico de crime compreende a estrutura do delito. Quer se


dizer que crime é composto por fato típico, ilícito e culpável. Com isso,
podemos afirmar que majoritariamente o conceito de crime é tripartite e
envolve a análise destes três elementos.

Com base no que foi expresso pelas autoras, os fatos dos crimes devem ser
analisados conforme quadro abaixo:

Figura 1: Conceito Analítico de Crime

Fonte: (MENDONÇA E DUPRET 2018, p.21)

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Desse modo, dentro da conduta delituosa, deve-se analisar o nexo causal, a
tipicidade e a culpabilidade. Assim, podemos dizer que, quanto a típidade, o fato
para ser considarado como típico, é necessário que haja a realização de uma
condulta cuja causa é derivada de uma previsão legal.
Além da tipicidade formal, há também a material, onde é verificado se a
ofensa ao bem jurídico foi realmente relevante, sendo o princípo da insignificância
apto para realizar sua exclusão.

CURIOSIDADE:
Os Tribuanis Superiores tem afastado a aplicação do princípio da insignificância,
como é o caso das súmulas 589 e 299 do STJ que dizem:
"Súmula 589 - É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou
contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações
domésticas.
Súmula 599 - O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a
administração pública."

Em se tratando da conduta, pode-se dizer que está é o fato da pessoa fazer


ou deixar de fazer algo, sendo elementos o dolo e a culpa. No artigo 18 do Código
Penal, encontramos a classificação da seguinte forma:

Art. 18 - Diz-se o crime:


I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-
lo;
O art. 18, inciso I, do CP traz a previsão do conceito de dolo direito de
primeiro grau e de dolo eventual.
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência,
negligência ou imperícia.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser
punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.

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Figura 2: Distinção entre imprudência, negligência e imperícia

Fonte: (MENDONÇA E DUPRET 2018, p.25)

A culpa tem distinção entre ser consciente ou inconsciente, onde a primeira


é quando se tem a previsão do resultado, mas acredita que não irá ocorrer. Já a
segunda é quando o autor não possui previsão, ou seja, não pensa que o resultado
possa ser possível.
Já o dolo ele é divido entre direto (1º e 2º grua) e indireto. O dolo direito de
1º grau é quando o agente deseja o resultado, já o de 2º grau trata-se da
consequência necessária, ou seja, o agente tem noção de certeza, sendo um efeito
colateral do que se deseja. Em se tratando do dolo eventual trata-se quando o
agente tem a noção de risco, ou seja, não se importa com o que pode causar com
seus atos.
A conduta do agente precisa ter nexo causal. Assim, o artigo 13 do Código
Penal aduz:

Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é


imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão
sem a qual o resultado não teria ocorrido.
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a
imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores,
entretanto, imputam-se a quem os praticou.

A principal diferença entre o caput e o primeiro parágrafo é a teoria adotada.


No caput, apresenta a teoria da conditio sine que non o que determina a verificação
de que se o agente que deu ou não a causa. Já o primeiro parágrafo apresenta a
teoria da causalidade adequada.

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Figura 3: Dolo x Culpa

Fonte: (ENTENDEU DIREITO, 2020)

DICA:
Vide o vídeo Direito Penal | Kultivi - Dolo e Culpa | CURSO GRATUITO pelo link
https://www.youtube.com/watch?v=89DpTAonPVY

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1.2 Llicitude

Via de regra a ilicitude estará presente sempre que o fato for típico, por esse
modo, a ilicitude é estudada pelos seus excludentes e não por seus elementos,
sendo os excludentes: legitima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento
do dever legal, exercício regular do direito, conforme previsto no artigo 23 do CP.
Conforme previsto no artigo 25 do CP, a legitima defesa é o direito de reagir
a uma agressão injusta, atual ou iminente, contra seu direito ou de outra pessoa. É
importante mencionar que a reação deve ser suficiente para fazer com que a
agressão pare.
O estado de necessidade ocorre mediante perigo atual, inevitável e
voluntário. Mendonça e Dupret (2018, p.30) dizem que:

A noção de perigo é bem mais ampla que a noção de agressão. O perigo


pode ser proveniente de uma conduta humana, mas também pode ser
proveniente de uma calamidade, da força da natureza, do ataque de um
animal ou de outros fatores. O Código Penal não restringiu ou especificou
o que seria o perigo. Embora tenha sido claro ao exigir que ele seja atual
(esteja acontecendo no momento em que o agente pratica a conduta),
inevitável (não havia outra forma de salvar o bem jurídico) e involuntário (o
agente não provocou o perigo por sua vontade).

Importante mencionar que o artigo 24 CP não aceita que pessoas que


possuem o dever legal de enfrentar o perigo alegem o estado de necessidade.

Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para


salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de
outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de
enfrentar o perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a
pena poderá ser reduzida de um a dois terços.

Figura 4: Excludente de ilicitude

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Fonte: (ENTENDEU DIREITO, 2020)

1.3 Culpabilidade

A culpabilidade é divida em três elementos: imputabilidade, potencial


consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. Desse modo, a melhor
maneira de se estudar a culpabilidade é por meio das exceções:

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Figura 5: Excludentes de culpabilidade

Fonte: (MENDONÇA E DUPRET 2018, p.31)

A imputabilidade é a possibilidade de se poder atribuir a uma pessoa a


responsabilidade de um determinado fato. Assim, qualquer pessoa que seja
imputável, possui a consciência da ilicitude e dela pode-se exigir uma outra conduta.

ATENÇÃO:
A imputabilidade é a regra e a inimputabilidade é a exceção.

A potencial consciência da ilicitude é a possibilidade de compreensão do fato


de que o agente praticava um ato ilícito. Já a exigibilidade de conduta diversa é um
pouco mais amplo. É possibilidade de que o agente teria de agir conforme previsão
legal, no momento de omissão ou ação. Essa possibilidade pode ser variada
dependendo do agente e deverá ser realizado o juízo de medição conforme análise
do caso concreto.
ATENÇÃO:
Vide a Aula 20 - Direito Penal. Culpabilidade. Causas de Exclusão da
Culpabilidade do professor João Paulo Mendes, pelo link
https://www.youtube.com/watch?v=0ZNl-KVD948

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2. CONCURSO DE CRIMES E DE AGENTES

2.1 Concurso de Crimes

Concurso de crimes ocorre quando apenas uma pessoa pratica uma variedade
de delitos, ou ainda quando um concurso de pessoas pratica vários delitos. O
concurso de crimes possui 3 espécies, sendo o concurso material (artigo 69 CP),
concurso formal (artigo 70 CP) e crime continuado (artigo 71 CP).
O concurso material, também conhecido como concurso real de crimes, está
previsto no artigo 69 do CP e ocorre quando o agente, por meio de mais de uma ação
ou omissão, realiza dois ou mais crimes. Sendo assim, os requisitos são: mais de uma
ação ou omissão e prática de dois ou mais crimes.

Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica


dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas
privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação
cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena
privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será
incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado
cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e
sucessivamente as demais. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

O concurso formal, conforme previsto no artigo 70 do CP é quando ocorre


uma só ação ou omissão e o agente pratica de dois ou mais crimes. O concurso formal
pode ser divido em homogêneo e heterogêneo.
O primeiro ocorre quando as infrações penais realizadas pelo agente,
mediante apenas uma ação ou omissão, possuem uma mesma tipificação. E será
considerado heterogêneo quando ocorrer mais de uma infração penal e for praticada
com mais de uma tipificação.

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Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois
ou mais crimes, idênticos ou não, aplicasse-lhe a mais grave das penas
cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer
caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto,
cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes
resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo
anterior.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra
do art. 69 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

O crime continuado, previsto no artigo 71 do CP se trata de uma teoria jurídica


adotada pelo legislador onde foi criada pelas razões políticas criminais e veio como
forma de beneficiar o agente

Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica


dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar,
maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser
havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer
caso, de um sexto a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos
com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do
agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um
só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo,
observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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Figura 6: Concurso de crimes

Fonte: (ENTENDEU DIREITO, 2020)

2.2 Concurso de Agentes

O concurso de pessoas ou concurso de agentes ocorre quando uma pessoa


concorre de qualquer maneira para a pratica de um crime. Nesse caso, será aplicado
o que determina o artigo 29 do CP onde diz “quem, de qualquer modo concorre para
o crime, incide nas penas a este cominadas na medida de sua culpabilidade”.
Para que seja caracterizado concurso de pessoas, é necessário se ater aos
seguintes requisitos:

 Deve-se estar diante de crimes unissubjetivos (ou de concurso eventual)


 Pluralidade de agentes e de condutas
 Relevância causal da conduta – ex.: A, desejando matar B, não encontra sua
arma e vai à casa de C pegar emprestado. C empresta a arma. Antes de ir ao encontro

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de B, A resolve utilizar uma faca que encontra em seu caminho e deixa de lado a arma
que havia pedido emprestado a C. A vai ao encontro de B e o mata. A conduta de C
foi relevante para causar a morte de B? Uma vez que o agente já estava decidido a
cometer o crime e não tendo utilizado a arma emprestada por C, a conduta deste
passou a ser irrelevante. Mesmo querendo contribuir, a ausência de relevância faz
com que ele não seja responsabilizado penalmente
 Liame subjetivo entre os agentes – vínculo psicológico que une os agentes.
Não havendo liame subjetivo, cada um será responsabilizado isoladamente por sua
conduta. É a adesão de vontades, que jamais poderá ocorrer após a consumação da
infração, pois então estaria caracterizado delito de favorecimento.
 Identidade de infração penal – os agentes devem querer praticar a mesma
infração penal

O Código Penal, em seu artigo 29, apresenta a teoria monista para o concurso
de pessoas ao dizer:

Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída
de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-
lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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Figura 7: Concurso de pessoas

Fonte: (ENTENDEU DIREITO, 2020)

DICA:
Veja o vídeo CONCURSO DE PESSOAS | ART. 29 CÓDIGO PENAL de Prodige
Preparatório no link https://www.youtube.com/watch?v=ScKjdFyQI3k

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2.3 Aplicação da Pena

A aplicação da pena é dividida em três etapas, conforme estabelecido pelo


Código Penal, conhecido como trifásico, onde, na primeira fase são consideradas as
circunstâncias do artigo 59 do CP para se determinar a pena base, estabelecendo a
quantidade mínima e máxima da pena imposta em abstrato no tipo penal básico ou
qualificado.

Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta


social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e
consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima,
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;(Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;(Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;(Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie
de pena, se cabível. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Na segunda fase, se aplica as circunstâncias atenuantes e agravantes que


estão previstas nos artigos 61, 62, 65 e 66 do CP. É nesse ponto que encontramos a
pena intermediária e a pena provisória.
Por fim, mas não menos importante, temos a terceira fase, onde são aplicadas
as causas de diminuição e de aumento da pena, que estão previstas na parte especial
e geral do Código Penal, estabelecendo assim, a pena definitiva.

ATENÇÃO:
É importante tomar cuidado para que não ocorra o bis in idem, pois muitas vezes, o
que parecer ser elementar, pode entretanto aparecer como circunstância judicial,
agravante e causa de aumento. Por isso, quando for fazer a capitulação delitiva,
deve-se ater as elementares e as qualificadoras.

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Desse modo, para realizar a dosimetria da pena, deve-se levar em conta
alguns requisitos, tais como: o uso obrigatório do critério trifásico; considerar todos os
réus e todos os crimes cometido em respeito ao princípio da individualização das
penas; analisar todas as circunstâncias previstas no artigo 59 do CP, na sua
respectiva ordem, e fundamentar; a pena base deve respeitar os limites legais não
ultrapassando o mínimo ou o máximo, mesmo levando em conta as atenuantes e as
agravantes que são analisadas sobre a pena estabelecida na segunda fase.

DICA:
Vide o vídeo “Aplicação da pena - Dosimetria da pena - há outras aulas que
complementam o raciocínio dessa” do Minuto Penal, no link
https://www.youtube.com/watch?v=dXqKAdOg8eE

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Figura 8: Dosimetria da pena

Fonte: (ENTENDEU DIREITO, 2020)

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3. CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

Primeiramente, é importante mencionar que há uma distinção entre a


prescrição presente do Direito Civil e a prescrição presente no Direito Penal. No Direito
Penal, a prescrição, assim como a decadência e a perempção são causas de extinção
da punibilidade, estabelecidos no artigo 107 do CP.

Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de


11.7.1984)
I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de
ação privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

Quando o sujeito pratica um crime, o direito de punir do Estado deixa de ser


abstrato e se torna concreto, estabelecendo a relação jurídico-punitiva, surgindo a lide
penal. A lide penal é estabelecida pelo conflito de interesses do Estado e do agente.
O Estado, então, possui o direito de chamar o Judiciário para que seja aplicada a
norma penal do crime cometido.
Contudo, esse direito do Estado não dura para sempre. A prescrição ocorre
com junção da inércia do Estado e o decurso do tempo, ou seja, é quando o Estado
perde seu direito de punir por não o realizar no tempo previsto em lei. A prescrição
pode ser dividida em pretensão punitiva e executória, conforme estabelece a Escola
Brasileira de Direito (2020, s/p):

1. Prescrição da pretensão punitiva: dá-se no processo de conhecimento


penal, ocorrendo pelo escoamento do prazo antes do trânsito em julgado da
sentença.
O prazo da prescrição da pretensão punitiva será estabelecido pela
quantidade da pena in abstracto, sendo esta o máximo de pena aplicável para

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o tipo penal, haja vista que a sentença não poderá condenar à pena superior
ao máximo legal.
2. Prescrição da pretensão executória: dá-se no processo de execução penal,
ocorrendo pelo fim do prazo antes de iniciar o cumprimento da pena.
O prazo da prescrição da pretensão executória será estabelecido pela
quantidade da pena in concreto, ou seja, a quantidade de pena aplicada e já
transitada em julgado.
Para ambos os casos, deverá ser consultado o prazo prescricional
estabelecido no art. 109 do Código Penal.

Desse modo, o artigo 109 do CP estabelece:

Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo


o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena
privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: (Redação dada pela
Lei nº 12.234, de 2010).
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não
excede a doze;
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não
excede a oito;
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede
a quatro;
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior,
não excede a dois;
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. (Redação
dada pela Lei nº 12.234, de 2010).

A decadência, por sua vez, também se trata de perder o prazo devido a uma
inércia, contudo, nesse caso, a inércia se dá do particular ao qual teria o direito de
acionar a justiça e não o faz. É nesse caso, por exemplo, quando a vítima deixa de
realizar a queixa-crime no prazo determinado em lei.
Desse modo, Bitencourt (2007, p.702-703) conceitua:

Decadência é a perda do direito de ação a ser exercido pelo ofendido, em


razão do decurso de tempo. A decadência pode atingir tanto a ação de
exclusiva iniciativa privada como também a pública condicionada à

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representação. Constitui uma limitação temporal ao iuspersequendi que não
pode eternizar-se.

Capez (2007, p.569) continua:

A decadência está elencada como causa de extinção da punibilidade, mas,


na verdade, o que ela extingue é o direito de dar início a persecução penal
em juízo. O ofendido perde o direito de promover a ação e provocar a
prestação jurisdicional e o Estado não tem como satisfazer seu direito de
punir [...] a decadência não atinge diretamente o direito de punir, pois este
pertence ao Estado e não ao ofendido; ela extingue apenas o direito de
promover a ação ou de oferecer a representação

Já a perempção, ocorre quando o autor da ação ficar inerte durante uma ação
penal privada, impedindo dessa forma que o processo dê prosseguimento e acarreta
na extinção da punibilidade do réu. As causas de perempção estão previstas no artigo
60 do CPP:

Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-
se-á perempta a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do
processo durante 30 dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não
comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60
(sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o
disposto no art. 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a
qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o
pedido de condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar
sucessor.

Stanici (2020, s/p) ainda complementa dizendo que:

A perempção no processo penal se diferencia das demais formas de


perempção uma vez que só poderá ocorrer nos processos em que a ação
penal é privada, ou seja, nos processo em que a ação não é de titularidade

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do ministério público, devendo a vítima apresentar queixa crime em face do
autor do crime cometido contra ela.

DICA:
Veja ao vídeo “DIREITO PENAL - Decadência, Prescrição, Perempção e
Retratação” de Me Passa Ai, pelo link
https://www.youtube.com/watch?v=0mFnG4gq8Fc

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o presente material, buscou-se realizar um apanhado geral e que sirva


como base para o aprofundamento futuro sobre o Direito Penal e Processual Penal.
De forma suscinta, podemos dizer que o Direito Penal se refere a parte material da
área criminal, já o Direito Processual Penal, como o próprio nome já diz é a parte
processual dá área criminal, é o conjunto de normas e princípios que regem a
aplicação da parte material.
Desse modo, foi apresentado as noções essenciais para o entendimento da
matéria, como o conceito analítico de crime, que é a parte estrutural do crime, o qual
é composto pelo fato típico, ilícito e culpável.
A ilicitude, via de regra, estará presente sempre que o fato for típico, por esse
modo, a ilicitude é estudada pelos seus excludentes e não por seus elementos. Por
isso, foi abordado também sobre as excludentes de ilicitude no artigo 23 do Código
Penal. Também foi apresentado sobre a culpabilidade e seus elementos.
Em seguida, fez-se necessário falar sobre o concurso de crime e seus agentes,
para só então falarmos um pouco sobre a dosimetria da pena, onde deve ser analisado
tanto os agravantes quanto os atenuantes, para verificar o aumento ou redução da
pena, respeitando os limites estabelecidos em lei.
Por fim, mas não menos importante, foi tratado sobre a extinção da punibilidade
que está prevista no artigo 107 do CP, onde foi aprofundado na prescrição,
decadência e perempção. Quando o sujeito pratica um crime, o direito de punir do
Estado deixa de ser abstrato e se torna concreto, estabelecendo a relação jurídico-
punitiva, surgindo a lide penal. A lide penal é estabelecida pelo conflito de interesses
do Estado e do agente. O Estado, então, possui o direito de chamar o Judiciário para
que seja aplicada a norma penal do crime cometido.
É importante frisar que este assunto não se esgota nas páginas deste trabalho
e há muito que pesquisar e produzir de conhecimento sobre esta área tão importante.

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REFERÊNCIAS

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. V.2. 11. ed. São Paulo:
Saraiva, 2011.

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. 11. Ed. São
Paulo: Saraiva, 2007. Vol. 1

CAPEZ, Fernando Capez. Curso de Direito Penal. v.4. 5.ed. São Paulo: Saraiva,
2010.

CAPEZ, Fernando Capez. Curso de Direito Penal. Parte Especial, v.2.10. ed. São
Paulo: Saraiva.

CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 11. Ed. São Paulo: Saraiva,
2007. Vol. 1.

CUNHA, Rogério Sanches. Direito Penal – parte especial. 2 ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais.

ESCOLA BRASILEIRA DE DIREITO. Entenda a prescrição penal. Análise da


prescrição da pretensão punitiva e executória. Jusbrasil. Disponível em
https://ebradi.jusbrasil.com.br/artigos/436546849/entenda-a-prescricao-penal Acesso
em set. 2020

ESTEFAM, André ; Gonçalves, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado®


– parte geral / André Estefam; Victor Eduardo Rios Gonçalves. – Coleção
esquematizado ® / coordenador Pedro Lenza - 9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação,
2020.

FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina Legal. 6 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
koogan, 2001

GRECO, Rogério.Código Penal Comentado. 6.ed. Niterói: Impetus, 2012.

HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais volume único/ coordenador Leonardo de


Medeiros Garcia – 10. Ed. Ver, atual e ampl. – Salvador: Jus Podium, 2018, p.630/631.

MARQUES, Alexandre Paranhos Pinheiro. Direito Penal: parte geral: princípios


limitadores do direito penal, norma penal, lei penal do tempo e no espaço, teoria
do crime (fato típico, ilícito e culpável), punibilidade e concurso de pessoas/
Alexandre Paranhos Pinheiro Marques; coordenação de Marcus Vinícius Manso
Lopes Gomes. – 2. Ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019.

MASSON, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1 / Cleber Masson.
– 13. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019.

MENDONÇA, Ana Cristina; DUPRET, Cristiane. Penal Prática OAB 2ª Fase. 4ª ed.
Revista, ampliada atualizada. Editora JusPodivm. 2018

23
MISAKA, Marcelo Yukio. Sentença criminal / Marcelo YukioMisaka ; coordenação
Cleber Masson. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014.

QUEIROZ, Paulo. Direito penal. Parte geral. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 45.
Na dicção do STF: “Os direitos fundamentais não podem ser considerados apenas
proibições de intervenção (Eingrifsverbote), expressando também um postulado de
proteção (Schutzgebote). Pode-se dizer que os direitos fundamentais expressam não
apenas uma proibição do excesso (Übermassverbote), como também podem ser
traduzidos como proibições de proteção insuficiente ou imperativos de tutela
(Untermassverbote)” (HC 102.087/MG, rel. Min. Celso de Mello, rel. p/ acórdão Min.
Gilmar Mendes, 2.ª Turma, j. 28.02.2012).

STANISCI, Gabriel. Perempção no Processo Penal. Perempção - Conceito,


Natureza Jurídica, Causas e Prazo.JusBrasil. Disponível em
https://gabrielstanisci.jusbrasil.com.br/artigos/408560186/perempcao-no-processo-
penal Acesso em set. 2020

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