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TEORIA DO CRIME

A teoria do crime também é conhecida pelos nomes: Teoria Geral do Crime e


Teoria Geral do Delito. É o conjunto de regras e requisitos usados para
determinar se o fato é um crime.

O que é um crime?

Legal: Infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer
isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa.

Material: É o comportamento humano que causa lesão ou perigo de lesão ao


bem jurídico.

Formal: É toda conduta (ação ou omissão) proibida por lei sob ameaça de pena.

Analítico: Enfoca os elementos ou requisitos do crime. O delito é concebido como


conduta típica, antijurídica e culpável (conceito tripartido), ou apenas como
conduta típica e antijurídica (conceito bipartido).

Ex.: o crime de homicídio atinge o bem jurídico “vida”, que é tutelado pela lei.

CONCEPÇÕES BIPARTIDA, TRIPARTIDA E QUADRIPARTIDA DE CRIME

 CONCEPÇÃO BIPARTIDA

Segundo a concepção bipartida, crime é um fato típico e ilícito, pouco


importando, para haver crime, se há culpabilidade e/ou punibilidade.

Argumentos:

1. Nosso Código Penal, quando trata do fato típico, diz que não há crime
sem lei anterior que o defina (CP, art. 1º) e, quando trata da ilicitude, diz
que não há crime quando há excludente de ilicitude (CP, art. 23), mas, por
outro lado, quando trata da culpabilidade, nosso Código não diz que não
há crime, mas sim que esse crime não é punível. Assim, a punibilidade
não é requisito do crime;

 CONCEPÇÃO TRIPARTIDA

Segundo a concepção tripartida, crime é um fato típico, ilícito e culpável.


Assim, para essa concepção, se não há culpabilidade, não há crime. A
culpabilidade, então, é elemento do crime.
Argumentos:

1. Não se pode considerar crime um fato meramente típico e ilícito, mas que
não seja censurável (culpável). Se não há censura na conduta
(culpabilidade), não há crime;
2. Para haver crime, deve haver ameaça de pena propriamente dita (e não, por
exemplo, de outro tipo de sanção), de modo que se a culpabilidade afasta a
possibilidade de aplicação de pena, acaba por afastar, também, o próprio
crime.

 CONCEPÇÃO QUADRIPARTIDA

Segundo a concepção quadripartida, crime é um fato típico, ilícito, culpável e


punível. Sem qualquer desses elementos, segundo essa concepção, não há
crime.

ATENÇÃO: a concepção quadripartida não é adotada no Brasil, não


havendo sequer divergência doutrinária relevante sobre isso.

ELEMENTOS DO CRIME

Fato típico: considera-se um fato como típico quando ele se amolda à hipótese
prevista em lei. Ou seja, a ação ou omissão do agente se encaixa perfeitamente
naquilo que dispõe a norma penal;

Ilicitude: a ilicitude consiste na contrariedade da conduta do agente em relação


ao ordenamento jurídico;

Culpabilidade: trata-se da análise da conduta sob o ponto de vista da


reprovação. É a possibilidade de se atribuir a conduta praticada e o resultado ao
seu respectivo autor, com um juízo de censura;

1. O fato típico tem seus elementos necessários, para que na falta de um deles
a conduta seja considerada atípica, sendo eles a conduta, o resultado, a
relação de causalidade ou nexo causal e a tipicidade.

 A conduta é o primeiro elemento do fato típico, e pode ser considerada a


ação e comportamento humano. EX.: agredir alguém.
 No direito penal brasileiro a conduta é exclusiva de pessoa física e não de
pessoa jurídica, não podendo essa realizar infração penal, salvo contra os
crimes ambientais, em que a pessoa jurídica pode ser polo ativo de uma
conduta delituosa.
 O segundo elemento do fato típico é o resultado.
 O resultado é a modificação no mundo exterior, causada pela conduta de
um indivíduo. O resultado é a transformação criada pela conduta com
seus efeitos. EX.: lesão corporal causada na pessoa agredida.
 O terceiro elemento do fato típico é o nexo causal. É a ligação entre a
conduta realizada pelo sujeito e o resultado que foi gerado pela ação, ou
seja, só se pode imputar sanção a uma pessoa se ela tiver gerado o
resultado. EX.: o nexo de causalidade é a comprovação da relação
existente entre a agressão e as lesões causadas.
 O quarto elemento do fato típico é a tipicidade. Tipicidade é a adequação
de uma conduta humana com relação a lei, se encaixados todos os itens
comuns entre o fato no mundo real com o que a lei descreve haverá a
tipicidade. EX.: o crime de lesão corporal é determinado no artigo 129 do
Código Penal (ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem).

Excludentes de Ilicitude

As excludentes de ilicitude são algumas hipóteses que permitem que a prática


de um ato ilícito não seja tratada como crime.

Existem três excludentes, que estão listadas no artigo 23 do Código Penal:

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:


I - em estado de necessidade,
II - em legítima defesa,
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
regular de direito.

Estado de necessidade

O estado de necessidade se aplica a alguém que está em uma situação de


perigo. Conforme a lei penal, considera-se nessa situação o indivíduo
que pratica uma conduta para se salvar de um perigo atual.

Para que essa condição seja considerada, um bem jurídico protegido pela lei
deve ter sido violado para que outro bem - também protegido pela lei - possa ser
preservado do perigo.

Exemplo: furto de um automóvel estacionado na via pública para fazer o


transporte de uma pessoa que corre risco de morte.

Legítima defesa

Legítima defesa é o uso dos meios necessários para dar fim a uma agressão.
Acontece quando uma pessoa pratica um ato que seria crime, mas na
circunstância de legítima defesa, não será tratado dessa maneira.
Pode ser considerada tanto na própria defesa, como na defesa de outras
pessoas.

É importante saber que os meios usados na defesa devem ser moderados, ou


seja, apenas o suficiente para que a agressão seja encerrada.

Assim como acontece com o estado de necessidade, para que a legítima defesa
seja considerada como excludente de ilicitude, deve ser comprovado o perigo.
Além disso, é preciso provar que a agressão é injusta, ou seja, que não houve
provocação para que ela acontecesse.

Exemplo: em uma situação de assalto, a vítima agride o assaltante para livrar-


se da situação e conseguir fugir.

Estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito

Nesses casos, a exclusão da ilicitude acontece quando o ato é praticado por um


indivíduo que cumpre um dever. A aplicação mais comum acontece quando uma
pessoa pratica uma conduta em função de sua profissão.

Assim, a conduta que seria crime, se praticada no dever profissional, não será
tratada como um crime.

Para isso, é preciso que a obrigação esteja especificada em uma lei. Do


contrário, a ação poderá ser tratada como um ato ilícito.

Assim como nas outras causas excludentes, é importante que sejam respeitados
os limites previstos na lei, pois os excessos no ato poderão ser punidos como
crime.

Exemplo: um segurança de uma loja que reage a um assalto com arma de fogo.

Nesse caso, por estar cumprindo o dever de proteção que a profissão exige, a
conduta praticada poderá não ser tratada como crime.

Elementos da culpabilidade

Para comprovar a existência da culpabilidade é preciso verificar: imputabilidade,


exigibilidade de conduta diversa e potencial consciência da ilicitude.

A imputabilidade significa a capacidade que uma pessoa possui de ser


responsabilizada criminalmente por um fato praticado por ela.

São alguns exemplos: possuir 18 anos completos ou não ser portador de alguma
deficiência cognitiva ou mental.
O elemento de exigibilidade de conduta diversa é a possibilidade de verificar
se a pessoa acusada, na situação analisada, poderia ter tido uma atitude ou
comportamento diferente do que teve, livrando-se de praticar o crime.

Esse requisito exige a comprovação de que existia a possibilidade de optar por


outro comportamento diferente do que ocorreu.

A potencial consciência da ilicitude ocorre quando se verifica se o indivíduo


tinha consciência de que o ato praticado era ilícito. Ou seja, se ele tinha
compreensão de que se tratava de um crime.

Tipos de Crime

 Crimes comissivos: o crime comissivo é definido pela prática de uma ação que
a lei considera criminosa.
Por exemplo: agredir uma pessoa durante uma discussão (crime de lesão
corporal).
 Crimes omissivos: o crime ocorre quando o indivíduo deixa de fazer uma ação
que deveria. Nesse caso, é a omissão da conduta que caracteriza o crime.
Exemplo: deixar de socorrer uma vítima de acidente (crime de omissão de
socorro).
 Crimes omissivos impróprios: o crime acontece quando o indivíduo tem a
obrigação de evitar uma conduta (resultado) e não o faz.
Por exemplo: uma pessoa é responsável pelos cuidados com uma criança que,
por seu descuido, sofre um acidente.

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