Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1 – DEFINIÇÕES DE CRIME
O crime, sob o aspecto material pode ser definido como uma ação típica,
antijurídica e culpável.
Finalmente, não existe uma diferença ontológica entre ilícito penal e civil,
como se buscou estabelecer no passado. Apenas há uma diferença de
resposta do Estado. O ilícito penal é, em regra, punido com penas mais graves
previstas no ordenamento jurídico; enquanto o ilícito civil tem previsão de
outras espécies de sanções.
ESTRUTURAÇÃO DO CRIME –
SUJEITO ATIVO/PASSIVO
Título do delito.
É a denominação jurídica do crime, que pressupõe todos os seus
elementos.
Encontra-se sempre na indicação marginal da figura típica fundamental.
No artigo 121, "caput", por exemplo, temos o nome jurídico "homicídio simples",
que contém as elementares "matar alguém". Já em seu parágrafo 2°, temos a
indicação marginal "homicídio qualificado", onde são acrescentadas
determinadas circunstâncias, como o motivo fútil, torpe, a traição, a emboscada
etc.
A CONDUTA
A teoria clássica, cujo principal expoente foi Von Lizt, define a conduta
como “um comportamento humano voluntário que produz uma modificação no
mundo exterior” (Anibal Bruno).
A conduta possui dois aspectos: o exterior, que é o movimento corpóreo
ou a ausência de movimento, e o interior, à vontade do agente.
Assim, o crime pode ser praticado por ação, são os chamados crimes
comissivos. O agente deve agir, realizar ou fazer um comportamento. Em
regra, os crimes são comissivos.
Por outro lado, a conduta pode ser omissiva, isto é, o agente nada faz,
não age, fica parado.
A CONDUTA E O RESULTADO
Pondere-se, por oportuno, que a teoria da “conditio sine qua non” deve
ser aplicada apenas e tão somente quanto a causalidade objetiva, ou seja, a
ligação do resultado (crime) aos seus antecedentes (causas) para descobrir se
o comportamento de alguém concorreu, ainda que minimamente, para o
resultado.
A concausa, nada mais é, que uma outra causa que contribuiu para a
eclosão do resultado. As concausas podem ser absolutamente independentes
da causa anterior e, neste caso, pouco importa se são preexistentes,
concomitantes ou supervenientes, posto que o nexo de causalidade será
interrompido, segundo a teoria da “conditio sinequa non”.
Assim, imagine que alguém é alvejado por tiros, mas morre e
decorrência de uma doença anterior. Ora, a causa da morte não foi o tiro, mas
a doença que é uma concausa preexistente. Nesta situação há rompimento do
nexo de causalidade porque a morte é causada pela doença e não pelo tiro.
Suponha que a situação que Pedro atira em Caio que morreu porque, no
mesmo instante, foi esfaqueado por João. A morte de Caio decorreu das
facadas que era uma concausa concomitante absolutamente independente dos
tiros.
Por último, pense na situação de Pedro atirar em Caio que fica ferido,
mas não morreu, sendo levado ao hospital onde é esfaqueado por João. Caio,
novamente, morreu em decorrência das facadas. Agora temos uma concausa
(facadas) superveniente absolutamente indepedente.
Pedro é alvejado por Paulo e, no mesmo instante dos tiros, Pedro sofre
um ataque cardíaco. Provou-se que os ferimentos do tiro e o ataque cardíaco
foram a causa da morte. Neste caso, o ataque cardíaco é uma concausa
concomitamente relativamente independente e, portanto, Paulo responde pelo
homicídio porque os tiros que deu foram a causa da morte.
De modo que os pais não respondem pelo homicídio praticado pelo filho,
visto que os genitores, ao terem um filho, criaram uma situação de risco que,
entretanto, era permitida e normal dentro do meio social. Já o filho, ao atirar e
matar a namorada, cria uma situação de risco anormal e por isso somente ele
(filho) responde pelo assassinato.
Também para a teoria da imputação objetiva as concausas
relativamente independentes não podem ser imputadas ao agente porque não
são um consideras um desdobramento normal da conduta inicial. Deve-se,
pois, limitar a responsabilidade do agente ao resultado por ele efetivamente
causado.
TIPO PENAL
TIPICIDADE
Imagine que Pedro atirou em Paulo, que caiu morto. Este trecho da
realidade corresponde ao crime do artigo 121 do Código Penal; logo, a
tipicidade é um juízo lógico que liga o fato real ao tipo legal.
TIPO DOLOSO
DEFINIÇÃO DE DOLO
Caso o agente tenha agido sem dolo, não haverá crime porque o dolo
está inserido na conduta. Exemplo: mulher, ao andar de cavalo, provoca aborto
em si mesma; todavia, ela não sabia que estava grávida.
ESPÉCIES DE DOLO
a) dolo genérico: o agente quer praticar o tipo penal, sem nenhuma outra
intenção específica. Exemplo matar alguém só para terminar com a vida alheia
(artigo 121, “caput”, do Código Penal).
TIPO CULPOSO
A nova parte geral do Código Penal não definiu o que se entende por
culpa, limitando-se a indicar, no artigo 18, inciso II, as modalidades de culpa;
todavia, pode-se definir a culpa como sendo a “prática voluntária de uma
conduta, sem a devida atenção ou cuidado, da qual deflui um resultado previsto
na lei como crime, não desejado nem previsto, mas previsível” (COSTA JR).
a) a conduta voluntária;
b) o resultado involuntário;
c) o nexo causal;
d) a tipicidade;
e) a previsibilidade objetiva;
f) a ausência de previsão e
g) a quebra do dever de cuidado objetivo.
De sorte que, no exemplo acima dado, a ação de Paulo foi típica porque,
ao dirigir veículo, deve-se ter cuidado porque é previsível que aludida conduta
pode causar danos, caso realizada sem a atenção adequada.
a) a imprudência,
b) a negligência e a
Imprudência é a culpa positiva, o fazer aquilo que não se deve (v.g. dirigir e
falar ao celular ao mesmo tempo).
Negligência é a culpa negativa, a omissão, o não fazer uma ação que o bom
senso determinava que fosse realizada (v.g. deixar de trocar os pneus de
veículo que estejam bastante gastos).
a) cognição ou idealização,
b) preparação,
c) execução ou
d) consumação.
O artigo 14, inciso II, do Código Penal tem por função tornar típico o
comportamento do agente que não consegue consumar o delito por
circunstâncias alheias à sua vontade.
Por outro, o artigo 1º do Código Penal reza que não há crime sem lei
anterior que o defina e tampouco há pena sem prévia cominação legal. Isto
significa que para que alguém seja punido pela prática de um crime, há
necessidade da existência prévia de um tipo penal e, ainda, plena
correspondência entre a conduta do agente e a descrição do tipo prevista na
lei.
Ora, se não houvesse a norma do artigo 14, inciso II, do Código Penal, a
conduta de Tício, no exemplo acima dado, ficaria impune porque seria atípica;
entretanto, o artigo 14, inciso II, do Código Penal faz com que o tipo penal do
artigo 121, "caput", se alargue no tempo para, inclusive, tornar típica o início da
execução da morte.
Por esta razão, o artigo 14, inciso II, é uma norma de extensão temporal
que confere tipicidade indireta a condutas humanas, cujo resultado não foi
alcançado por circunstâncias alheias à vontade do agente.
ATOS PREPARATÓRIOS E ATOS DE EXECUÇÃO –
Por fim, temos o critério misto, pelo qual a execução do crime começa
com a atividade com a qual o autor, segundo seu plano delitivo, se põe em
relação imediata com a realização do tipo penal.
Imagine uma mulher que pretenda envenenar o marido com uma comida
e nela adiciona veneno. Dependerá da análise do plano concreto do autor para
saber-se se estamos em face de um ato preparatório ou execução. Isto porque,
se é a mulher quem irá servir a comida ao marido, neste caso trata-se de ato
preparatório, posto que ainda será necessário mais um ato parcial da mulher,
servir a comida; todavia, se é o marido quem irá se servir da comida, então
estamos em face de uma tentativa de homicídio, visto que não existe nenhum
outro ato parcial a ser realizado pela mulher.
O tendão de aquiles do critério misto reside em descobrir qual era o
plano do autor, mormente porque o tipo penal que não tem forma vinculada
abre uma gama enorme de possibilidade de planos a serem seguidos.
Em síntese, diante dos vários critérios acima exposto, o que nos parece
mais seguro é o objetivo, posto que assegura o respeito ao princípio da reserva
legal. Assim para que ocorra início da execução deve existir um início da
realização de conduta, prevista no tipo penal, que ataque um bem jurídico. Não
é necessário a realização do verbo do tipo, mas a realização de uma conduta
prevista no tipo penal que, iniciada, demonstre o ataque ao bem jurídico
tutelado.
b) objetiva: o agente que pratica o crime tentado será punido com menor
do que se tivesse consumado o delito porque o resultado final ficou aquém do
desejado.
Exemplo: Paulo quer matar Caio e lhe desfere um tiro. Caio é levado ao
hospital e somente não morre porque recebeu eficaz socorro médico; todavia,
Caio teve perigo de vida porque seu coração foi atingido. Paulo praticou uma
tentativa de homicídio e a morte de Caio ficou bem próxima, ou seja, quase
houve a consumação. Então, Paulo deverá ter uma redução mínima na sua
pena, isto é, um terço.
Agora imagine que o tiro dado por Paulo contra Caio sequer acertou este
último; neste caso, temos uma tentativa branca ou incruente porque o bem
jurídico tutelado não foi atingido ou lesionado. Neste caso, a consumação ficou
bastante distante e por isso a pena de Paulo deverá sofrer uma redução
máxima, ou seja, dois terços.
Note que nos exemplos acima, Paulo desfechou apenas um tiro, mas o
resultado final é que foi levado em consideração como critério de redução da
penal.
Entretanto, a quantidade física da tentativa pode estar em função dos
atos executados pelo agente. Neste caso, importa saber se o agente esgotou
ou não os atos de execução para realização do crime. Agora o resultado ficará
em segundo plano (v.g. Paulo descarrega todos os tiros de sua arma contra
Caio que, milagrosamente, sobre ferimentos de natureza leve).
Finalmente, não se deve olvidar que existem crimes que, muito embora
tentados, por expressa disposição legal, são punidos com a pena do crime
tentado (e.g. artigo 352 do Código Penal). É por esta razão que o parágrafo
único do artigo 14 do Código Penal, inicia sua redação com os dizeres: “salvo
disposição em contrário”. Isto porque a regra é a pena do crime tentado ser
menor que a do crime consumado; todavia, excepcionalmente ambos os crimes
podem ter a mesma pena.
Alguns tipos penais são incompatíveis com a tentativa por uma questão
de lógica na estruturação do próprio tipo.
Também existem tipos penais, que por expressão disposição legal, não
admitem a tentativa. É o caso das contravenções penais (art. 4º da LCP) e o
artigo 122 do Código Penal.