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Extraterritorialidade:

Aqui aplica-se o artigo 5° do CP, como regra, o princípio da


territorialidade.

No Brasil adotamos, o princípio da territorialidade temperada,


possibilitando-se, em algumas hipóteses, a aplicação da lei penal estrangeira a
crimes cometidos em nosso território.
 
O artigo 7° traz um rol de casos em que a lei penal brasileira é aplicada
aos delitos cometidos em território estrangeiro, determinando que:
 
"Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
 
I - os crimes:
  
1. contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;

2. contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal,


de Estado, de Território, de Município, de empresa pública,
sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída
pelo Poder Público;

3. Contra a administração pública, por quem está a seu serviço;

4. De genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no


Brasil;
 
II - os crimes:

1. que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;

2. praticados por brasileiro;

3. praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes


ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí
não sejam julgados."
 
Esse artigo, expressamente, possibilita a aplicação de outros princípios,
distintos do princípio da territorialidade, em determinadas situações. Assim,
alguns crimes cometidos no estrangeiro são alcançados pela lei nacional. Tal
fenômeno é denominado extraterritorialidade da lei brasileira.
 
O artigo 7°, em seu inciso I, adotou o princípio real ou da proteção. Já a
alínea "a", do inciso II, adotou o princípio da justiça universal, a alínea "b", o
princípio da personalidade ativa, e a alínea "c", o princípio da proteção ou real.
 
Ainda, o artigo 7° no parágrafo 3°, afirma que "a lei brasileira aplica-se
também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil",
presentes determinadas condições. Temos, aqui, também, a aplicação do
princípio de proteção ou real.
 
Nesses casos, para que se aplique a lei brasileira, não se exige a
existência de qualquer condição, uma vez que esses crimes ofendem bens
jurídicos de suma importância, afetando os interesses mais relevantes do
nosso país.
 
Assim, se o sujeito praticar um dos delitos previstos nas alíneas do
inciso I do artigo 7°, será "punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido
ou condenado no estrangeiro"(parágrafo 1°).
 
Vemos ainda no artigo 8°, que determina: "A pena cumprida no
estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando
diversas, ou nela é computada, quando idênticas."
 
Eficácia da sentença penal estrangeira. (Artigo 9º CP)
 
Conforme acima verificado, as sentenças absolutórias estrangeiras
relativas a crimes cometidos fora do Brasil, nos casos de extraterritorialidade
condicionada, impedem que o crime seja objeto de novo julgamento.
 
Se, no entanto, houve sua condenação no exterior, mas ainda não
cumpriu a pena, entrando ele no território nacional poderá a vir ser processado.
 
Não se pode, entretanto, executar a sentença penal estrangeira, pois o
agente tem direito a um novo julgamento, de acordo com as nossas leis.
 
Em verdade, havendo condenação no exterior, somente não serão
objeto de novo julgamento os casos de extraterritorialidade condicionada, caso
o agente tenha cumprido a pena que lhe foi aplicada no estrangeiro.
 
Já, nos casos de extraterritorialidade incondicionada, as sentenças
penais estrangeiras, absolutórias ou condenatórias não têm efeito de impedir
que o crime seja objeto de um novo julgamento no Brasil.
 
Entretanto, caso haja condenação, o cumprimento da pena no exterior
acaba atenuando a pena imposta no Brasil, de acordo com o disposto no art.8º
do CP.
 
No que diz respeito às sentenças estrangeiras que têm por objeto crimes
cometidos em território nacional, não podem elas ser executadas no Brasil, não
podendo produzir, aqui, qualquer efeito. Isso ocorre porque, como já vimos, aos
crimes cometidos no território nacional, aplica-se a lei brasileira.
 
O reconhecimento dessas sentenças seria incompatível com o princípio
da soberania territoriais. Assim, verifica-se que essas sentenças não terão
eficácia de coisa julgada, possibilitando que haja um novo julgamento no Brasil.
 
Nosso direito, entretanto, reconhece a sentença penal estrangeira, em
relação aos delitos cometidos fora do território nacional. No entanto, para a
produção de dois efeitos (obrigar o condenado à reparação do dano, a
restituição e outros efeitos civis, assim como sujeitá-lo à medida de segurança),
exige-se a homologação do Supremo.
 
Nessas duas hipóteses, o artigo 9° do CP condiciona o reconhecimento
da sentença aos seguintes requisitos:
 
  1.. Que a lei brasileira produza na espécie as mesmas
consequências.
2.. Que o delito tenha sido praticado no estrangeiro.
3.. Que haja homologação da sentença.
 
A homologação com vistas a obrigar o condenado à reparação do dano,
restituições e outros efeitos civis dependerá sempre do requerimento da parte
interessada.
 
Por sua vez, a homologação com vistas a sujeitar o condenado à medida
de segurança dependerá da existência de tratado de extradição com o país que
proferiu a sentença, ou, na falta desse tratado, de requisição do Ministro da
Justiça. Ainda, o Procurador-Geral da República terá legitimidade para o
pedido.
 
Antes da homologação, deverá o Supremo verificar se estão presentes
os requisitos formais exigidos pela lei brasileira (juiz competente, citação válida,
autenticação por cônsul brasileiro, tradução por tradutor público e trânsito em
julgado).
 
Tais requisitos estão previstos no artigo 788 do CPP e no artigo 217 do
Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.
 
Ainda, deve-se assinalar que, para produzir outros efeitos penais, como,
reincidência, livramento condicional e "sursis", não haverá a necessidade de
homologação, sendo que essa somente é necessária nas duas hipóteses
previstas no artigo 9º do CP.
 
 Eficácia da lei penal em relação a pessoas que exercem determinadas
funções públicas.
 
Imunidade: é a exclusão da aplicação da lei penal para determinadas pessoas,
ante a relevância do cargo, ofício ou função que desempenham. Dividem-se:

LEI PENAL E AS IMUNIDADES

A prática de um crime, dentro do território brasileiro, pressupõe a


punição do agente.

Esta regra pode sofrer exceções ditadas por questões de interesse


público, quer no plano internacional, quer no interno. Por este motivo, algumas
pessoas estão imunes à lei penal, ou seja, não podem ser processadas ou
punidas pelo Estado Brasileiro.

A imunidade não é decorrência da condição pessoal do agente, mas se


fundamenta na relevância do cargo, ofício ou função que ele desempenha, bem
por isso a imunidade não se trata de um privilégio e tampouco ofende ao
princípio da igualdade.

No plano internacional, o Brasil é signatário da Convenção de Viena, que


trata sobre as relações diplomáticas (Decreto Legislativo nº 103, de 1964, e
promulgada pelo Decreto nº 56.435, de 06 de junho de 1965). É prática antiga
no Direito Internacional Público que os representantes diplomáticos não sejam
punidos ou processados por eventuais crimes praticados no estrangeiro.
A imunidade diplomática funda-se em dois pilares: respeito ao Estado
Soberano com quem o Brasil mantém relações e necessidade de não cercear a
atividade dos agentes diplomáticos, que defendem os interesses do Estado que
representam.

Há grande divergência quanto a natureza jurídica da imunidade


diplomática; todavia, a maioria da doutrina entende que se trata de uma causa
pessoal de exclusão da pena. Assim, existe o crime, mas o agente diplomático
não poderá ser punido. Eventuais comparsas, que não gozem da citada
imunidade, serão punidos.

Estão acobertados pela aludida imunidade, os agentes diplomáticos que


são o chefe da missão e todos os funcionários do corpo diplomáticos
(secretários da embaixada, adidos, pessoal administrativo e técnico etc). A
imunidade diplomática engloba, ainda, os membros da família dos agentes
diplomáticos que com eles convivam, desde que não sejam nacionais do
Estado-acreditante.

O Chefe do Governo estrangeiro e sua comitiva, quando em visita ao


Brasil, também estão protegidos pela imunidade diplomática.

A imunidade diplomática atinge qualquer delito e surge a partir do


momento em que o agente diplomático entre no território do Estado acreditante
para assumir seu posto ou, no caso de já se encontrar no referido território,
desde que sua nomeação tenha sido notificada ao Ministério das Relações
Exteriores.

Estão excluídos da imunidade diplomática os empregados particulares


dos agentes diplomáticos, visto que a função que tais empregados
desempenham é no interesse privado, bem como os cônsules, que se tratam
de agentes administrativos que defendem interesses de pessoas físicas ou
jurídicas estrangeiras.

Quanto aos cônsules, existe a Convenção de Viena sobre Relações


Consulares, aprovada pelo Decreto Legislativo nº 6, de 1967, e promulgada
pelo Decreto nº 61.078, de 26 de julho de 1976, que autoriza a possibilidade de
estabelecer imunidade quanto ao crime praticado no exercício da respectiva
atividade. Neste caso, a imunidade é restrita e deve ser aceita pelo Estado
acreditante.

As embaixadas, também chamadas de sede diplomáticas, são


invioláveis, isto é, os agentes do Estado acreditante somente poderão nelas
penetrar com autorização do chefe da missão (embaixadores). Entretanto, não
se tratam de uma extensão do território do país de origem do embaixador e por
isso eventual crime que ocorrer na embaixada será punido de acordo com as
leis brasileiras, em face do princípio da territorialidade.

Também existem as imunidades parlamentares, instituídas para que os


membros do Poder Legislativo possam desempenhar suas funções sem temer
eventuais processos, ou seja, de forma livre e independente. Basicamente o
artigo 53 da Constituição Federal disciplina a imunidade do parlamentar.

A imunidade parlamentar pode ser material (também chamada de


substantiva, penal, absoluta ou inviolabilidade) e significa que o membro do
Poder Legislativo não pode ser processado civil e criminalmente por opinião,
palavra e votos que proferir no exercício do mandato. Coíbe-se a punição por
delitos de opinião.

A inviolabilidade do parlamentar não engloba manifestações estranhas


ao exercício do mandato, que pode ser desempenhado dentro da Casa
Legislativa ou fora, quando estiver em missão oficial. De sorte que o
parlamentar que se licencia da atividade, por exemplo, para assumir cargo de
Ministro do Estado não tem direito à aludida imunidade.

Trata-se de imunidade irrenunciável por parte do parlamentar e se inicia


com a diplomação, encerrando-se com o término do mandato. Depois de
encerrado o mandato, o parlamentar não poderá ser processado por delito de
opinião que praticou durante o mandato.

A natureza jurídica da imunidade parlamentar material é controvertida.


Pode-se agrupar três correntes de pensamento sobre o tema:
a) trata-se de causa de exclusão do crime (MIRANDA, 1987:05);
b) trata-se de causa pessoal de isenção de pena (FRAGOSO,
1994:128) e
c) trata-se de causa de exclusão de tipicidade (CAPEZ, 2005:83).

O Supremo Tribunal Federal editou a Súmula 245 que diz: “A imunidade


parlamentar não se estende ao corréu sem essa prerrogativa” e, portanto,
acolheu o posicionamento defendido, entre outros, por Cláudio Heleno
Fragoso.

Os senadores, bem como os deputados federais e estaduais gozam da


imunidade material de forma ampla. Já os vereadores gozam da imunidade
material apenas nos limites do território onde exercerem o respectivo mandato
(art. 29, inciso VIII, da CF).

Ademais, os membros do Congresso Nacional (deputados e senadores)


gozam também da imunidade processual (chamada de relativa ou formal) que
se referem ao foro competente, à prisão, ao processo e a condição de
testemunha.

Os deputados e senadores, desde a expedição do diploma, são julgados


perante o Supremo Tribunal Federal por eventuais crimes que praticarem,
mesmo antes do início do mandato (art. 53, § 1º, da CF).

Após as eleições, segue-se a apuração dos votos, a proclamação oficial


do resultado pelo Poder Judiciário que, então, determina a expedição dos
diplomas aos eleitos que, em data agendada, serão diplomados pelo Poder
Judiciário e, finalmente, irão tomar posse. Veja que a competência do Supremo
Tribunal Federal já se inicia com a expedição do diploma, ou seja, antes da
própria diplomação e da posse.

Eventuais processos-crime que estejam tramitando perante as varas de


primeiro grau ou nos demais tribunais deverão ser enviados ao Supremo
Tribunal Federal.

A competência do Supremo é para julgamento de processos criminais e


não de processos de natureza civil (ex: um ação de cobrança de dívida contra
deputado não é julgado pelo Supremo Tribunal Federal).

Também os deputados e senadores, desde a expedição do diploma,


somente poderão ser presos em flagrante delito por crime inafiançável e a
comunicação desta prisão deverá ser feita ao Poder Judiciário (STF) e também
à Casa respectiva a qual pertença o parlamentar para que, pelo voto da maioria
absoluta de seus membros, resolva sobre a prisão (art. 53, § 2º, da CF).

De sorte que tanto o Poder Judiciário quanto o Senado Federal ou a


Câmara dos Deputados poderá relaxar a prisão ou conceder eventual liberdade
provisória ao parlamentar que vier a ser preso em flagrante.

Ademais, caso o Supremo Tribunal Federal receba denúncia contra


deputado ou senador, deverá imediatamente comunicar aquela decisão à
Câmara dos Deputados ou ao Senado.

Aludida comunicação, segundo a Emenda Constitucional nº 35/01 que


deu nova redação ao § 3º do artigo 53 da CF, não obsta o prosseguimento da
ação penal. Contudo, o partido político que tenha representação na respectiva
Casa parlamentar, poderá pedir que o processo iniciado pelo Supremo Tribunal
Federal tenha o andamento suspenso, desde que a maioria absoluta dos
membros da respectiva Casa delibere pela suspensão.

O pedido de suspensão pode ser feito enquanto tramitar a ação penal. O


prazo que a Casa tem para decidir sobre o pedido de suspensão é de 45 dias
improrrogáveis, contados do dia em que for recebido o pedido pela Mesa
Diretora (art. 53, § 4º, da CF).

Caso a Casa do Congresso (Câmara dos Deputados ou Senado


Federal) vote a favor da suspensão do processo, também ficará suspenso o
curso da prescrição (art. 53, § 5º, da CF).

Ao término do mandato do deputado ou senador, o processo suspenso


volta a tramitar, só que não mais perante o Supremo Tribunal Federal e, sim,
perante a vara ou Tribunal competente.

Entretanto, se o crime tiver sido praticado pelo parlamentar antes de sua


diplomação, o processo remetido ao Supremo Tribunal Federal não será
comunicado à respectiva casa do parlamentar porque não se trata de
“denúncia recebida pelo Supremo Tribunal Federal”, mas de processo enviado
ao Supremo Tribunal Federal em razão da prerrogativa de Foro.

Também os deputados e senadores não serão obrigados a testemunhar


sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato,
nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações
(art. 53, § 6º, da CF).

Os deputados estaduais gozam da imunidade processual, nos termos do


disposto no artigo 27, § 1º, da Constituição Federal. Já os vereadores não são
dotados da aludida imunidade.

Sublinhe-se que as imunidades dos deputados e senadores subsistem


mesmo durante o Estado de Sítio, só podendo ser suspensas pela Casa
respectiva a que pertencer o parlamentar, por volta de dois terços dos
membros daquela Casa e por atos praticados fora do Congresso e que sem
incompatíveis com a execução das medidas propostas para valer dentro do
aludido período de exceção normativa que caracteriza o Estado de Sítio (artigo
53, § 8º, da Constituição Federal).

O Presidente da República possui imunidade processual, isto é, somente


pode ser processado por crime comum perante o Supremo Tribunal Federal,
desde que a denúncia seja admitida por dois terços dos membros da Câmara
dos Deputados. Caso cometa crimes de responsabilidade, elencados no artigo
85 da CF e regulados pela Lei nº 1.079/1950, uma vez admitida a acusação por
dois terços dos membros da Câmara dos Deputados, o Presidente será julgado
perante o Senado Federal (art. 86, “caput”, da Constituição Federal).

Uma vez recebida a denúncia pelo Supremo Tribunal Federal, no caso


de crime comum, ou instaurado o processo no Senado, no caso de crime de
responsabilidade, o Presidente da República ficará suspenso de suas funções
pelo prazo de 180 dias. Caso o processo não tenha sido concluído no citado
prazo, o Presidente da República pode voltar a exercer as suas funções (art.
86, § § 1º e 2º da CF).

Finalmente, a prisão do Presidente da República somente poderá


ocorrer após sentença penal condenatória transitada em julgado (art. 86, § 3º,
da CF).

Extraterritorialidade:

Excepcionalmente a lei penal brasileira também será aplicada, ainda que o


crime não tenha ocorrido dentro do território nacional. Agora se pretende
proteger o interesse nacional, pouco importando o lugar onde o crime foi
cometido.

Assim, ao lado do princípio da territorialidade, que é a regra, adotam-se os


seguintes:
Princípio da defesa ou da proteção: dependendo do bem jurídico que foi
atacado ou lesionado, será aplicada a lei penal brasileira, pouco importando o
lugar do crime Ex: falsificação de passaporte brasileiro.

Princípio da justiça universal ou cosmopolita: o agente será punido pela


prática de delito que ofender toda a humanidade, pouco importando o lugar do
crime. Ex: agente que praticou genocídio.

Princípio da nacionalidade ou personalidade: a lei penal do Estado


acompanha o nacional daquele Estado. Ex: brasileiro que pratica roubo na
França contra um inglês, caso não punido pelo Estado Francês, será aplicada a
lei brasileira.

Princípio da representação: o crime praticado em embarcação ou aeronave


privada, que esteja em território estrangeiro, é punido pela lei da bandeira do
navio ou avião, desde que não tenha sido punido no país onde houve o crime .
Ex: crime ocorrido em navio mercante brasileiro, ancorado no porto de Buenos
Aires, sendo que não houve punição do agente em território argentino.

Extraterritorialidade incondicionada: significa que a lei penal brasileira será


aplicada sempre, independente do lugar do crime, bem como se o agente foi ou
não punido ou julgado no Estado onde praticou o delito (art. 7º, inc. I, § 1º, do
CP).

Extraterritorialidade condicionada: significa que a lei penal brasileira será


aplicada, desde que preenchidas determinadas condições, que são
cumulativas, tais como: o agente não tiver sido punido ou absolvido no Estado
onde praticou o crime e, ainda, que ingresse em território nacional, bem como
que o crime que praticou no outro Estado seja daqueles que podem autorizar a
extradição, dentre outras (art. 7º, inciso II, § § 2º e 3º, do CP).

Extradição: é a entrega de uma pessoa física, que se encontra em um Estado


Soberano, para que seja julgada ou cumpra pena em outro Estado Soberano.
No Brasil, a Lei nº 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro) regulamenta a extradição,
impondo uma série de condições, positivas e negativas, para o seu
deferimento.

Regras básicas da extradição: O pedido de extradição é julgado pelo STF


(art. 102, g, da CF). O brasileiro nato não pode ser extraditado para outro país.
Já o brasileiro naturalizado pode, excepcionalmente, ser extraditado (art. 5º,
inc. LI, CF). Não se admite extradição por crime político ou de opinião.
Também não se admite a extradição, caso a pena a ser imposta ao extraditado
seja de morte ou prisão perpétua.

Detração penal: no caso da extraterritorialidade, também é possível que o


acusado seja punido duas vezes, isto é, pelo Estado Estrangeiro e pelo Brasil.
Para evitar os excessos decorrentes da dupla punição, autoriza-se a detração
da pena cumprida no estrangeiro, quando idênticas, ou a pena cumprida no
estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil, desde que diversas (art. 8º CP).
Ex: agente tentou matar o Presidente da República, que estava em visita à
Alemanha. Será aplicada a lei alemã e também a brasileira, ante o princípio da
defesa ou da proteção adotado pelo nosso Código Penal. O agente é
condenado e cumpre pena de três anos de reclusão em solo germânico.
Posteriormente, é extraditado para o Brasil porque aqui também foi condenado,
só que a pena de seis anos de reclusão. Neste caso, irá cumprir apenas três
anos de prisão no Brasil, posto que as penas são idênticas e, portanto,
autoriza-se a detração, isto é, o abatimento da pena cumprida no estrangeiro
pelo mesmo crime.

Tribunal Penal Internacional: É instituído pelo Estatuto de Roma e foi


ratificado pelo Brasil por meio do Decreto Legislativo 112/02, em obediência ao
preceito constitucional (art. 7º ADCT). A competência do Tribunal Penal
Internacional é para julgamento dos crimes de genocídio, contra a humanidade,
de guerra e de agressão (art. 5º do Estatuto de Roma). Trata-se de uma
competência complementar, posto que o Tribunal Penal Internacional somente
irá julgar o agente quando houver omissão da jurisdição do Tribunal Penal do
Estado Soberano. Uma das penas possíveis que podem ser aplicadas pelo
Tribunal Penal Internacional é a pena de prisão perpétua; logo, a entrega de
uma pessoa, que se encontra em território brasileiro, para ser julgada pelo
Tribunal Penal Internacional pressupõe que não será aplicada pena de prisão
perpétua. A cidade do Tribunal Penal Internacional é em Haia.

EFICÁCIA DA SENTENÇA PENAL ESTRANGEIRA

1.Regra: A sentença penal condenatória estrangeira não pode ser executada,


no Brasil, para exigir o cumprimento da pena imposta ao condenado.
Entretanto, a sentença penal estrangeira serve para reconhecer eventual
reincidência do agente, caso venha a ser julgado por outro crime em território
brasileiro.

2. Homologação da sentença penal estrangeira: É da competência do STJ


(art. 105, inc I, i, da CF); todavia, os efeitos desta homologação são limitados a
dois aspectos: I- tornar certa a obrigação de reparar o dano civil; II- sujeitar o
agente a medida de segurança, que não é considerado pena, mas tratamento
(art. 9º CP).

2.1. Legitimidade para requerer homologação da sentença penal


estrangeira: I- somente a vítima ou seus sucessores podem pedir a
homologação para fins de indenização; II- o Ministério Público tem legitimidade
para o pedido de homologação, visando sujeitar o sentenciado à medida de
segurança. Entretanto, o “Parquet” apenas poderá fazer o pedido se houver
tratado de extradição entre o Brasil e o país cuja sentença se pretende
homologar ou requisição do Ministro da Justiça.
Prazos penais:

São prazos, cujo término, extingue a punibilidade do agente. Ex: decorrido o


prazo de prescrição de um crime, extingue-se a punibilidade.

Inclui-se o dia do início e exclui o dia do fim quando se trata de


contagem dos prazos penais (art. 10 CP).

Segue-se o calendário gregoriano (comum). Ex: o prazo para


oferecimento de queixa-crime, em regra, é de seis meses.

Assim, se o prazo se iniciar no dia 10 de março de 2.017, irá terminar no


dia 09 de setembro de 2017. Pouco importa quantos dias cada mês
efetivamente teve, segue-se o calendário normal.

Assim, ainda que fevereiro tenha somente 28 dias, considera-se como


um mês inteiro.

Lembre-se que na contagem dos prazos penais devem ser


desprezadas as horas, que são as frações de dia, e os centavos, que são as
frações da multa (art. 11 CP).

 O prazo (espaço de tempo), sempre tem um início e um final. O termo


(instante determinado no tempo) inicial é denominado termo "a quo" ("dies a
quo") e o final, termo "ad quem" ("dies ad quem").
 
Nosso Código Penal traz regras a respeito da contagem dos prazos. Seu
artigo 10 estabelece que: "o dia do começo inclui-se no cômputo do prazo".
 
A fração de dia do começo é contada como um dia inteiro. Assim, se o
sujeito começa a cumprir a pena privativa de liberdade às 21 horas, esse dia é
contado por inteiro, pouco importando que, nesse dia, ele ficou somente três
horas preso.
 
Damásio dá o seguinte exemplo: o sujeito é condenado a 20 dias de
prisão. É detido às 22 horas do dia 6 de janeiro. Terá cumprido a pena às
24horas do dia 25.
 
Ainda, os dias, meses e anos são contados pelo calendário comum
(gregoriano).
 
O dia é o lapso temporal entre meia-noite e meia-noite. O mês é contado
de determinado dia à véspera do mesmo dia do mês seguinte, terminando às
24 horas, pouco importando quantos são os dias de cada mês.
 
Exemplo: 6 meses a partir de abril terminará em setembro, pouco
importa se esse mês possui 30 ou 31 dias.
 
Da mesma forma, o ano é contado de certo dia às 24 horas da véspera
do dia de idêntico número do mesmo mês do ano seguinte, não importando
seja bissexto qualquer deles.
 
Assim, cinco anos depois de janeiro de 2004 será janeiro de 2009.
 
Imagine que o sujeito seja condenado a pena de um ano e quatro meses
de reclusão, iniciando o cumprimento da pena às 20 horas de 3 de janeiro de
2017. Terminará às 24 horas de 2 de maio de 2018.
 
Veja como fica fácil resolver todas as questões.
 
Um sujeito começa o cumprimento da pena às 17h10min do dia 5 de
agosto de 2014. Sua pena é de 6 anos, 9 meses e 23 dias de reclusão.
Quando terá cumprido integralmente a pena?
 
O mais fácil, como ensina Fernando Capez, é dividir em três colunas os
dias, meses e anos, adicionando, em seguida, os valores a serem cumpridos.
 
Dia Mês Ano
5 8 2014
 
 
Na primeira etapa, adicione o número de anos. O início do cumprimento
se deu em 2014. Assim, 2014 + 6 = 2020
 
 
Dia Mês Ano
 
5 8 2020
 
Na segunda etapa, vamos somar o número de meses. Assim, somando-
se 9 meses a agosto de 2020, chegamos a maio de 2021 (agosto de 2020 + 9
meses = maio de 2021)
 
Até agora, nossa pena termina em 5 de maio de 2021.
 
Agora, só falta mesmo somar os dias.
 
 
Dia Mês Ano
 5 5 (maio) 2021
 
+23 dias =28 dias 5 2021
 
 
Veja! Pela soma, a pena deverá terminar em 28 de maio de 2021. No
entanto, não podemos nos esquecer de que temos de retirar o último dia,
uma vez que somente se computa o dia do começo e não do final.
 
Portanto, a pena do sentenciado estará cumprida em 27 de maio de
2021.
 
É bom, ainda, observar que os prazos de natureza penal são fatais, não
se prorrogando mesmo quando terminem em domingos e feriados.
 

Frações não computáveis da pena.

Como já dito acima, o artigo 11 do CP determina que: "Desprezam-se,


nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de
dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro."
 
Nélson Hungria dá como exemplo o caso do juiz que deve aumentar de
metade a pena de 15 dias de detenção. Sabemos que, metade de 15 dias é 7
dias e 12 horas. No entanto, essa fração de dia deve ser desprezada. Assim, o
sujeito deverá ser condenado somente a 22 dias.
 
O mesmo ocorre no caso de frações de reais. Os centavos devem ser
sempre desprezados na fixação e liquidação da pena pecuniária.
 
Também, entende-se que, na fixação da pena pecuniária, devem ser
desprezadas as frações de dias-multa.
 
Imagine que o sujeito seja condenado 13,33 dias-multa. Os 0,33 dias-
multa devem ser desprezados.

Legislação especial.

As infrações penais não estão somente descritas no Código Penal, mas,


também, em leis extravagantes, como é o caso, por exemplo, da Lei de
Entorpecentes, ou da Lei das Contravenções Penais.
 
O artigo 12 do nosso Código Penal preceitua que as suas regras gerais
são aplicáveis aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispõe de
modo diverso.
 
Prazos processuais: são prazos, cujo término, causa à preclusão dentro do
processo. Ex: prazo para oferecimento de defesa prévia, caso decorrido, a
Defesa perde a possibilidade de arrolar testemunhas. Na contagem do prazo
processual, deve ser excluído o dia do início e incluído o dia do fim (ar. 798, §
1º, CPP).

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