Direito penal / concurso p.m.

autarquia ou fundação instituída pelo Poder

Lei penal no espaço e Aplicação da lei brasileira Público;
em crimes cometidos no exterior
Em regra, o Código Penal determina que, aos c) contra a administração pública, por quem
crimes cometidos no limite do território nacional, está a seu serviço;
aplica-se a lei penal brasileira, respeitando-se os d) de genocídio, quando o agente for
tratados, convenções e regras de direito brasileiro ou domiciliado no Brasil;
internacional. Trata-se da chamada territorialidade
temperada ou mitigada. § 1º – Nos casos do inciso I, o agente é
punido segundo a lei brasileira, ainda que
Há, todavia, excepcionalmente, hipóteses de absolvido ou condenado no estrangeiro.
cabimento da lei penal brasileira mesmo em fatos
ocorridos fora do território nacional. Estas Isto é, aplica-se a lei brasileira para crimes
encontram-se contempladas no art. 7º do CP e cometidos no estrangeiro, independente se o
referem-se a extraterritorialidade da norma agente foi absolvido ou condenado no exterior, nas
pátria, que pode ser incondicionada ou hipóteses de crime contra a vida ou a liberdade do
condicionada. Presidente da República, contra o patrimônio ou
a fé pública da União e seus Territórios, contra a
Os diferentes tipos de extraterritorialidade administração pública, por quem está a seu serviço
ou por crime e genocídio, no caso de agente
Por extraterritorialidade incondicionada, brasileiro ou residente no Brasil.
entende-se que, em razão da gravidade do crime
praticado, aplica-se a lei brasileira independente de Por outro lado, no caso da extraterritorialidade
condição, ainda que o indivíduo tenha sido condicionada, a lei brasileira somente é aplicada
absolvido ou condenado no estrangeiro. para crimes cometidos fora do território nacional,
mediante o preenchimento de algumas condições.
Os delitos contemplados por essa teoria encontram-
se no rol do art. 7º, inciso I do CP e são eles: Esses crimes encontram-se previstos no rol do art.
7º, inciso II do CP e são eles:
Art. 7º – Ficam sujeitos à lei brasileira,
embora cometidos no estrangeiro: II – os crimes:

I – os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se

obrigou a reprimir[1];
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente b) praticados por brasileiro;
da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da c) praticados em aeronaves ou embarcações
União, do Distrito Federal, de Estado, de brasileiras, mercantes ou de propriedade
Território, de MUNICÍPIO, de empresa privada, quando em território estrangeiro e aí
pública, sociedade de economia mista, não sejam julgados.
Nesses casos, as condições para aplicação da lei
pátria encontram-se estipuladas no art. 7º, § 2º e §
3º, do CP, quais sejam:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que
foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos
quais a lei brasileira autoriza a extradição[2];
d) não ter sido o agente absolvido no
estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no
estrangeiro ou, por outro motivo, não estar
extinta a punibilidade, segundo a lei mais
favorável.
O §3 do art. 7º apresenta ainda mais uma hipótese
de aplicação da lei penal brasileira em crimes
praticados fora do território Nacional. Diz-se a
chamada extraterritorialidade
hipercondicionada, pois, além das condições
anteriores, acrescentam mais duas, quais sejam:
§ 3º – A lei brasileira aplica-se também ao
crime cometido por estrangeiro contra
brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as
condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Presentes as condições de processamento
estipuladas, é preciso apontar a vara competente
para a aplicação da lei penal brasileira, bem como
o território para o processo e julgamento.
De acordo com o Superior Tribunal de
Justiça, compete à Justiça Estadual aplicação da
lei, salvo se, no caso específico, se fizer presente
uma das hipóteses constitucionais que atraem a
competência da Justiça Federal (art. 109, CF/88),
quando se tratar de matéria de interesse da união.
O artigo 88 do CPP dispõe ainda que no processo
por crimes praticados fora do território brasileiro,
será competente o juízo da Capital do Estado onde
houver por último residido o acusado. Se este nunca
tiver residido no Brasil, será competente o juízo da
Capital da República.
1- Dentro do princípio da justiça universal, o
sujeito ativo será punido em qualquer
território, em face da gravidade do crime que
afronta os direitos humanos básicos, por
exemplo, o crime de tortura.
2- A extradição constitui um instrumento de
cooperação internacional na repressão à
criminalidade, por meio do qual um país
entrega o indivíduo acusado ou condenado,
para fins de ser julgado ou submetido à
execução da pena