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SUMÁRIO
LEI PENAL NO ESPAÇO - CONTINUAÇÃO ........................................................................................................... 2
LUGAR DO CRIME .......................................................................................................................................... 2
EXTRATERRITORIALIDADE ............................................................................................................................. 3
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA ............................................................................................... 4
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA E A LEI DE TORTURA ............................................................. 5
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA .................................................................................................. 6
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA PREVISTA NO §3º DO ARTIGO 7º ............................................. 7
PRINCÍPIOS APLICADOS À EXTRATERRITORIALIDADE.................................................................................... 8
RESUMO DOS CONCEITOS ............................................................................................................................. 9
ESQUEMA DIDÁTICO ....................................................................................................................................... 10
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 10
GABARITO .................................................................................................................................................... 10

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LEI PENAL NO ESPAÇO - CONTINUAÇÃO


LUGAR DO CRIME
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a
ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu
ou deveria produzir-se o resultado.
Lembre-se de que as regras relativas ao lugar do crime não são as mesmas para a Lei
Penal e a Lei Processual Penal.
Há certos crimes que afetam os interesses de mais de um Estado soberano, isto é, mais
de um país. A fim de dirimir os conflitos de jurisdição internacional aos crimes a distância
(crimes que percorrem dois Estados soberanos), o Código Penal adotou a teoria da
ubiquidade (ou mista) para definir o lugar do crime.
Existem três teorias mais citadas em prova:
I. Teoria da atividade;
II. Teoria do resultado;
III. Teoria da ubiquidade.
De acordo com a teoria da atividade (ou da ação), lugar do crime é somente aquele no
qual os atos executórios (ação ou omissão) ocorreram, isto é, o local onde o agente
desenvolveu a atividade criminosa (no todo ou em parte). Imagine que uma pessoa seja ferida
no Equador e venha a falecer no Brasil. Portanto, para essa teoria, apenas o Equador seria
competente para julgar o crime, pois é onde os atos executórios (ação ou omissão) se deram,
pouco importando o lugar do resultado.
Já para a teoria do resultado, lugar do crime é somente aquele onde se produziu o
resultado (a sua consumação). Assim, a competência para julgar o crime, no exemplo acima,
seria apenas do Brasil, porque é o lugar da ocorrência do resultado.
A teoria da ubiquidade (ou mista) é o hibridismo entre as duas teorias, sendo
considerado lugar do crime tanto o país em que se praticou os atos executórios (ação ou
omissão), no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o
resultado. Analisando o fato hipotético acima, os dois países seriam competentes para julgar o
crime.
Exemplo para fixação:
Imagine que um integrante do Estado Islâmico houvera imigrado, secretamente, para o
Brasil. A fim de assassinar o Presidente da África do Sul, tenha enviado uma bomba via
correio; porém, por circunstâncias alheias à vontade do agente, a correspondência foi
interceptada pela Força Nacional sul-africana, evitando que o resultado morte se consumasse.
Nessa situação hipotética, por força da teoria da ubiquidade, o local do crime será
considerado tanto o Brasil quanto a África do Sul.
DICA SOBRE AS TEORIAS ADOTADAS:
Quando falamos do lugar do crime (Art. 6º) e do tempo do crime (Art. 4º), o Código
Penal adotou, respectivamente, a teoria da ubiquidade e da atividade: LUTA!

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• Lugar do Crime
L
• Ubiquidade
U
• Tempo do Crime
T
• Atividade
A

1. (CESPE) No CP brasileiro, no que tange à aplicação da lei no tempo e no espaço,


adotam-se, respectivamente, as teorias da ubiquidade e da atividade.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
Comentário: Questão sobre princípios determinados pelos Art. 6º (lei penal
no espaço) e Art. 4º lei penal no tempo. O erro está na inversão dos princípios já
que a aplicação da lei penal no tempo refere-se ao princípio da atividade em que se
considera praticado o crime no momento da ação ou omissão criminosa, ainda que
outro seja o momento do resultado (Art. 4º). E a aplicação da lei penal no espaço
refere-se ao princípio da ubiquidade (Art. 6º) do Código Penal.

2. (ALFACON) Considera-se ocorrido o crime somente no lugar onde tenha ocorrido o


resultado ilícito almejado pelo agente, embora a ação ou a omissão tenha se dado em local
diverso.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
Comentário: A regra do Art. 6º que trata do princípio da ubiquidade prevê o
seguinte: Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou
omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se
o resultado.

EXTRATERRITORIALIDADE
É a aplicação da legislação penal brasileira aos crimes cometidos no exterior. Justifica-se
pelo fato de o Brasil ter adotado, relativamente à lei penal no espaço, o princípio da
territorialidade temperada ou mitigada (CP, Art. 5º), o que autoriza, excepcionalmente, a
incidência da lei penal brasileira a crimes praticados fora do território nacional. A
extraterritorialidade pode ser incondicionada ou condicionada. Não se admite a aplicação
da lei penal brasileira às contravenções penais praticadas no estrangeiro, de acordo com a
regra estabelecida pelo Art. 2º da Lei das Contravenções Penais (Decreto-Lei nº. 3688/1941).

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3. (CESPE) O Direito Penal brasileiro adotou expressamente a teoria absoluta de


territorialidade quanto à aplicação da lei penal, adotando a exclusividade da lei brasileira e
não reconhecendo a validez da lei penal de outro Estado.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
Comentário: O Direito brasileiro adotou o princípio da territorialidade
mitigada, relativa ou temperada. Assim, o Estado, mesmo tendo a soberania,
pode abrir mão da aplicação da legislação pátria em virtude de convenções,
tratados e regras de Direito Internacional referido, como prevê o Art. 5º, caput, do
Código Penal - determina a aplicação da lei brasileira, sem prejuízo de
internacional, ao crime cometido no território nacional. É a regra da territorialidade.

EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
estrangeiro:
I - Os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal,
de Estado, de Território, de Município, de empresa pública,
sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo
Poder Público;
c) contra a Administração Pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no
Brasil;
(...)
§1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei
brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
São aqueles crimes que não estão sujeitos a nenhuma condição. A mera prática do
crime em território estrangeiro autoriza a incidência da lei penal brasileira,
independentemente de qualquer outro requisito. Suas hipóteses estão previstas no inciso I, do
Art. 7º, CP. No tocante a esses crimes, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que
absolvido ou condenado no estrangeiro (Art. 7º, §1º).
Contra a vida ou a liberdade do Presidente de República: Aqui se aplica o princípio
real (da defesa ou da proteção), isto é, será utilizada a lei brasileira ao crime cometido fora do
Brasil, que afete o interesse nacional (Art. 7º, I, “a”, “b”, “c”). São os casos das infrações
cometidas contra o Presidente da República, contra o patrimônio de qualquer das entidades
da Administração direta, indireta ou fundacional etc. Se o interesse nacional foi afetado de
algum modo, justifica-se a incidência da legislação pátria. Dizemos que a lei penal está
protegendo o bem jurídico nacional, que é a vida ou liberdade do Chefe do Executivo.
ATENÇÃO: Não são todos os crimes contra o Presidente da República que
recebem essa regra, somente aqueles que versarem CONTRA A VIDA (ARTS. 121
AO 127, CP) ou A LIBERDADE (ARTS. 146 AO 149, CP) do Chefe do Executivo
Federal. Segundo Damásio de Jesus, esses crimes constituem delitos contra a
Segurança Nacional (Lei nº 7170/83).

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a) Contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de


Território, de Município, de empresa de pública, sociedade de economia mista,
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público: Aqui também é adotado o
princípio real (da defesa ou da proteção).
b) Contra a Administração Pública, por quem está a seu serviço: Da mesma forma
que os anteriores, utiliza-se o princípio real (da defesa ou da proteção).
ATENÇÃO: Aqui, exige-se que o crime seja funcional, ou seja, tem que ser
praticado por quem esteja a serviço da Administração Pública. Assim, se um
funcionário público cometer crime de peculato no exterior, a lei penal brasileira
será aplicada de forma incondicionada.

c) De genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil: Adota-se


aqui o princípio da justiça universal ou cosmopolita. Também conhecido como o
princípio da repressão universal ou da universalidade do direito de punir (Art. 70, I,
“d”, II, “a”). Todo Estado tem o direito de punir qualquer crime, seja qual for a
nacionalidade do delinquente e da vítima ou o local de sua prática, desde que o
criminoso esteja dentro de seu território. É como se o planeta se constituísse em um
só território para efeitos de repressão criminal. Aplica-se ao agente brasileiro ou
estrangeiro domiciliado no Brasil que praticou o crime de genocídio previsto na Lei
nº 2889/56.

EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA E A LEI DE


TORTURA
Art. 2º, Lei n.º 9.455/97: O disposto nesta Lei aplica-se ainda
quando o crime não tenha sido cometido em território nacional,
sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob
jurisdição brasileira.
O legislador pátrio incluiu mais uma hipótese de extraterritorialidade incondicionada,
qual seja, o crime de tortura.
Portanto, além dos casos previstos no Código Penal, também será aplicada a lei
brasileira para os crimes de tortura praticados no estrangeiro contra vítima brasileira ou o
torturador estiver em qualquer local sob a jurisdição brasileira.

4. (CESPE) Não ficarão sujeitos à lei brasileira, quando cometidos no estrangeiro, os delitos
praticados contra a Administração Pública por quem está a seu serviço.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
Comentário: Trata-se do princípio da extraterritorialidade incondicionada
prevista no Art. 7º inciso I alínea “C”. Dessa forma, os crimes cometidos contra a
Administração Pública por quem está a seu serviço serão sempre julgados pela
legislação penal brasileira.

5. (ALFACON) Dado o princípio da extraterritorialidade incondicionada, estará sujeito à


jurisdição brasileira aquele que praticar, a bordo de navio a serviço do governo brasileiro
em águas territoriais argentinas, crime contra o patrimônio da União.
Certo ( ) Errado ( )

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Gabarito: Errado
Comentário: Estamos falando aqui da extraterritorialidade de lei penal. A
previsão está no Art. 7º inciso I, ou seja, extraterritorialidade incondicionada. O erro
está em afirmar que o crime deve ser praticado contra a Administração Pública, por
quem está a seu serviço, essa última parte faltou e consequentemente deixou a
questão errada.

EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
estrangeiro:
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes
ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí
não sejam julgados.
(...)
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do
concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira
autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí
cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro
motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais
favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as
condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Aqui se fala dos crimes cometidos no estrangeiro, mas necessitam preencher alguns
requisitos para que sejam julgados no Brasil. Essas hipóteses estão elencadas no Art. 7º, inc. II,
do Código Penal, e deve haver o concurso de condições previstas no Art. 7º, §2º. Dessa forma,
aplica-se de forma condicionada a Lei Penal brasileira aos crimes:
a) Que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir: Alguns crimes o
Brasil por meio de trados e convenções obrigou-se a reprimir, como é o caso do
crime de tráfico ilícito de entorpecentes. Assim, apesar de cometido no exterior será
aplicada a Lei Penal brasileira. Porém, é fundamental que concorram as condições
definidas em lei. Aplica-se aqui o princípio da justiça universal ou cosmopolita.
Também conhecido como o princípio da repressão universal ou da universalidade do
direito de punir (Art. 70, I, “d”, II, “a”).
b) Praticados por brasileiros: Temos aqui o princípio da nacionalidade ou
personalidade ativa, sendo aplicada a lei brasileira aos crimes cometidos por
brasileiro fora do Brasil (Art. 7º, II, “b”). Não importando se o sujeito passivo é
brasileiro ou se o bem jurídico afeta interesse nacional, pois o único critério levado
em conta é o da nacionalidade do sujeito ativo. Justifica-se pela impossibilidade
Constitucional de extradição de brasileiro previsto no Art. 5º, LI, da Constituição
Federal de 1988.

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c) Praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de


propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não venham a ser
julgados: Utiliza-se aqui o princípio da representação, do pavilhão, da substituição
ou da bandeira, a Lei Penal nacional será aplicada aos crimes cometidos em
aeronaves e embarcações privadas, quando praticados no estrangeiro e aí não sejam
julgados. Notem que o fato não constituiu hipóteses de território por extensão ou
assimilação, pois as embarcações não são públicas tampouco estão a serviço do
Brasil.
ATENÇÃO: Observe que o texto de lei diz: se lá no exterior não sejam
julgados. Caso forem julgados no exterior, mesmo que tenham sido absolvidos, ou
mesmo condenados, ou não tenham cumprido a pena, NÃO se aplicará a lei
brasileira. Somente deve ser aplicada nos casos em que o país estrangeiro não
julgou, acrescidos dos requisitos previstos no Art. 7º, §2º, CP.

Além destas hipóteses, é necessário o concurso das seguintes condições (Art. 7º, §2º,
CP), que devem incidir todas ao mesmo tempo:
a) Entrar o agente no território nacional: O ingresso pode ser voluntário ou não,
temporário ou prolongado.
b) Ser o fato punível também no país em que foi praticado: Também chamado de
dupla tipicidade.
c) Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição: Há uma perfeita coincidência entre os crimes pelos quais o Brasil
autoriza a extradição e os crimes pelos quais o Brasil aplica a lei brasileira (de forma
genérica e exemplificativa: os crimes devem ser punidos com reclusão e pena
mínima de 1 ano, conforme o Art. 77, do Estatuto do Estrangeiro).
d) Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena: Se
o agente foi absolvido ou cumpriu a pena no estrangeiro, ocorre uma causa de
extinção da punibilidade. Se a sanção foi cumprida parcialmente, novo processo pode
ser instaurado no Brasil, com atendimento à regra do Art. 8º, CP.
e) Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável: Como é evidente, cuida-se de
causas de extinção da punibilidade.

EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA PREVISTA NO §3º DO


ARTIGO 7º
Também chamada de extraterritorialidade hipercondicionada. No caso de crimes
cometidos por estrangeiro contra brasileiro, fora do Brasil, será necessário, além das
condições previstas no §2º, outras duas:
a) não ter sido pedida ou ter sido negada a extradição;
b) ter havido requisição do Ministro da Justiça.
Falamos aqui do princípio da nacionalidade ou personalidade passiva. A Lei Penal
brasileira é aplicada por razões de nacionalidade do bem jurídico tutelado, contudo, deve
estar presente os requisitos dos dois parágrafos mencionados acima.
• Não ter sido pedida ou ter sido negada a extradição: Imagine que um
estrangeiro entre no território nacional após cometer crime contra brasileiro no
exterior. Se aqui estiver e não tenha sido pedido sua extradição pelo país de
origem, ou ainda se o pedido é negado pelo Brasil, aqui ele poderá ser julgado.
Difícil será encontrar algum estrangeiro que cometa crime contra brasileiro e fuja
para o Brasil!

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• Ter havido requisição do Ministro da Justiça: É requisito de procedibilidade, ou


seja, a requisição do Ministro da Justiça é condição para que a Lei Penal possa ser
aplicada.

PRINCÍPIOS APLICADOS À EXTRATERRITORIALIDADE


a) Princípio real, da defesa ou proteção: Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido
fora do Brasil, que afete o interesse nacional (Art. 7º, I, “a”, “b”, “c”). É o caso de
infração cometida contra o Presidente da República, contra o patrimônio de qualquer
das entidades da Administração Direta, Indireta ou fundacional etc. Se o interesse
nacional foi afetado de algum modo, justifica-se a incidência da legislação pátria.
b) Princípio da justiça universal ou cosmopolita: Também conhecido como o
princípio da repressão universal ou da universalidade do direito de punir. Todo
Estado tem o direito de punir qualquer crime, seja qual for a nacionalidade do
delinquente e da vítima ou o local de sua prática, desde que o criminoso esteja
dentro de seu território. É como se o planeta se constituísse em um só território para
efeitos de repressão criminal. Como exemplo: o genocídio, quando o agente for
brasileiro ou domiciliado no Brasil. (Art. 7º, I, “d”, c/c Art. 7º, II, “a”).
c) Princípio da nacionalidade ou personalidade ativa: Aplica-se a lei penal do país a
que pertence o agente (sujeito ativo do crime). Não importando o local do crime, a
nacionalidade da vítima ou do bem jurídico afetado. Por exemplo, os crimes
praticados por brasileiro, embora cometidos no estrangeiro (Art. 7º, II, “b”).
d) Princípio da nacionalidade ou personalidade passiva: Aplica-se a lei penal do
país da vítima (sujeito passivo do crime), o que interessa é a nacionalidade da vítima.
Por exemplo, os crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil
(Art. 7º, §3º).
e) Princípio da representação, do pavilhão, da substituição ou da bandeira:
Aplica-se a lei brasileira aos crimes praticados em aeronaves ou embarcações
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro
e aí não sejam julgados (Art. 7º, II, “c”) e (Art. 5º, § 1º)

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RESUMO DOS CONCEITOS


Território nacional: É o espaço onde certo Estado exerce sua soberania. Em
termos jurídicos, é a soma do espaço físico e do espaço jurídico.
Território próprio: É o próprio espaço físico (geográfico): terrestre,
marítimo ou aéreo correspondente (solos, rios, lagos, baías e faixa do mar
territorial, 12 milhas náuticas de largura).
Território por extensão: Embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza
pública ou a serviço do Estado, onde quer que se encontrem, bem como as
embarcações e aeronaves brasileiras, mercantes ou de propriedade privadas, que
se encontrem em alto-mar ou sobre o espaço aéreo correspondente ao do alto-mar.
Territorialidade: Aplicação da Lei Penal do local do crime, pouco importando
a nacionalidade do agente, da vítima ou do bem jurídico.
Territorialidade absoluta: Só a Lei Penal brasileira é aplicável aos crimes
cometidos no território nacional.
Territorialidade mitigada (temperada): Em regra, aplica-se a legislação
brasileira aos crimes cometidos no território nacional. Excepcionalmente, admite-se
a aplicação da legislação estrangeira aos crimes cometidos no território nacional,
total ou parcialmente, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de Direito
Internacional. É, portanto, a regra utilizada no Brasil (Art. 5º, CP).
Imunidades diplomáticas: A Lei Penal é aplicada, igualmente, a todos,
nacionais ou estrangeiros, sem privilégios pessoais. Contudo, pelo fato de o Brasil
ter adotado a territorialidade mitigada (ou temperada), que existem as
imunidades diplomáticas – em decorrência de convenções, tratados e regras de
direito internacional (Art. 5º, CP). Assim, os agentes diplomáticos e os chefes de
governos estrangeiros gozam de imunidades por prerrogativa funcional, em
respeito aos Estados que representam, aplicando-se a lei do seu país.
Imunidades parlamentares: São garantias Constitucionais relativas ao
desempenho das funções parlamentares, pelo mandato eletivo, dos representantes
eleitos das Casas do Congresso Nacional (Deputados Federais e Senadores). Assim,
extrai-se a regra geral de que os parlamentares não poderão ser presos. A regra
abrange tanto a prisão provisória, de cunho penal, em qualquer de suas
modalidades, salvo no caso de flagrante de crime inafiançável, assim como a prisão
civil, uma vez que o texto constitucional não faz qualquer distinção.

Direito de passagem inocente: Existe a possibilidade da passagem inocente de embarcação estrangeira no


mar territorial brasileiro (12 milhas náuticas do continente), que significa a rápida e contínua travessia de
barcos estrangeiros por águas nacionais, sem a necessidade de pedir autorização para o governo. Perceba
que falamos em “embarcação”, e não aeronaves. A regulamentação legislativa, acerca desse assunto, está
prevista no Art. 3º, da Lei n.º 8.617/93: É reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o direito de
passagem inocente no mar territorial brasileiro. §1º A passagem será considerada inocente desde que não
seja prejudicial à paz, à boa ordem ou à segurança do Brasil, devendo ser contínua e rápida. §2º A
passagem inocente poderá compreender o parar e o fundear, mas apenas na medida em que tais
procedimentos constituam incidentes comuns de navegação ou sejam impostos por motivos de força ou por
dificuldade grave, ou tenham por fim prestar auxílio a pessoas a navios ou aeronaves em perigo ou em
dificuldade grave.

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ESQUEMA DIDÁTICO
Espaço físico (geográfico): terrestre, marítimo
ou aéreo correspondente (solos, rios, lagos,
baías e faixa do mar territorial, 12 milhas
náuticas de largura).

Próprio
Território
Nacional Por
assimilação
Embarcações e aeronaves brasileiras, de
natureza pública ou a serviço do governo
brasileiro, onde quer que se encontrem, bem
como as mercantes ou de propriedade
privada, que se achem em alto-mar ou sobre o
espaço aéreo respectivo: não é princípio da
representação ou qualquer outro princípio da
extraterritorialidade, mas é considerado como
extensão do território nacional territorialidade
por assimilação.

Lembre-se:
A regra adotada pelo Código Penal brasileiro é a da territorialidade mitigada
ou temperada. Excepcionalmente, a extraterritorialidade, em quaisquer de suas
formas (incondicionada, condicionada ou hipercondicionada), é adotada. Assim, os
outros princípios procuram disciplinar a aplicação “extraterritorial” da Lei Penal
brasileira.

EXERCÍCIOS
1. Os crimes praticados no exterior ficarão sujeitos à lei brasileira quando forem
cometidos contra a fé pública municipal.
Certo ( ) Errado ( )
2. A lei penal brasileira será aplicada a crime cometido contra a Administração Pública
por servidor público em serviço, ainda que seja praticado no estrangeiro.
Certo ( ) Errado ( )

GABARITO
1. CERTO
2. CERTO

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