Você está na página 1de 6

lOMoARcPSD|32487835

Aplicação DA LEI NO Espaço - DP

Direito Penal I (Universidade de Lisboa)

Studocu is not sponsored or endorsed by any college or university


Downloaded by Joao Fernandes (gestaode.carreira@hotmail.com)
lOMoARcPSD|32487835

24 novembro 2021

APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO – ARTIGOS 4º, 5º E 6º DO CP.


Artigos 4º e 5º CP – dão critérios, mas não princípios que regem a determinação da lei penal
no espaço.

ARTIGO 4º – O PRINCÍPIO PRIMEIRO NÃO É O PRINCÍPIO-REGRA ⇒ TERRITORIALIDADE


Salvo tratado ou convenção internacional em contrário, a lei penal portuguesa é aplicável a
factos praticados:
a. Em território português, seja qual for a nacionalidade do agente; - Princípio
da territorialidade em sentido estrito.
i. Território português – artigo 5º CRP
b. b) A bordo de navios ou aeronaves portugueses.

c. + D-L 274º/2003 → D-L 208/2004 → estende a aplicação da lei portuguesa


a aeronaves estrangeiras.

ARTIGO 4º + ARTIGO 7º (determina o lugar da prática do facto). Aqui há um critério


plurilateral, sendo relevante a prática da ação devida ou indevida e o resultado produzido
pela ação ou o resultado que não foi evitado e deveria tê-lo sido.

ARTIGO 5º - FACTOS PRATICADOS FORA DO TERRITÓRIO PORTUGUÊS


1 - Salvo tratado ou convenção internacional em contrário, a lei penal portuguesa é ainda
aplicável a factos cometidos fora do território nacional:
a) Quando constituírem os crimes previstos nos artigos 221.º, 262.º a 271.º, 308.º
a 321.º e 325.º a 345.º;
o PRINCÍPIO DA DEFESA DOS INTERESSES NACIONAIS – estamos perante
crimes como falsificação de moeda ou contra o estado. Bens jurídicos que
carecem de proteção e interessam diretamente ao Estado, estando
diretamente associados com o peso do estado português.
▪ Crime de burla informática – discutível.

b) Contra portugueses, por portugueses que viverem habitualmente em Portugal


ao tempo da sua prática e aqui forem encontrados;
▪ PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE;
o Esta alínea foi pensada para os casos em que estamos perante nacional
português que comete crime contra nacional português → cumulação da
nacionalidade da vítima e agente.
▪ A prática de crime no estrangeiro por não ser punido → não há dupla
incriminação daí não cair na alínea e).
o ABORTO/ IVG – este artigo foi pensado férias criminosas da IVG → caso das
férias criminosas. No entanto, parece que estes casos não cabem na letra
desta lei, pois o feto não é português por não ter nacionalidade portuguesa.
Parece querer-se abranger o aborto, mas não se conseguir abranger pelo
texto da lei ⇒ analogia proibida.
▪ Princípios por detrás da alínea – são insuficientes.
• O princípio que justifica a alínea é o da nacionalidade passiva
– ser cometido contra portugueses.

Downloaded by Joao Fernandes (gestaode.carreira@hotmail.com)


lOMoARcPSD|32487835

o É insuficiente. Se é este o princípio, não se


conseguem abranger os casos do aborto que
deveriam estar incluídos, mas pela letra da lei não
podem sê-lo.
▪ Alínea e) e o restante, e sempre que se fale
em português é referente àquele que é
nacional, logo, é necessário nascimento para
se ser português e o feto ainda não nasceu.
o RTS – a nacionalidade passiva é o afloramento do
princípio da defesa de nacionais, sendo tutelada a
comunidade portuguesa. Mesmo que seja um ativo
futuro, assim, cabe o feto.
o FD e Taipa de Carvalho – Se assim fosse, não seria
necessária a alínea b) pois a e) já faria isso.
O problema será o dever do agente de fidelidade ao
ordenamento jurídico ao qual pertence → o foco é a
exigência de o agente ser português.
▪ Princípio da fidelidade do agente à
comunidade jurídica de origem →, porém,
esquece-se que o crime deve ser praticado
contra portugueses que residam cá
habitualmente.
• Taipa de Carvalho – pressuposto
adicional: o agente deve ter a
intenção de praticar escapar ao
ordenamento jurídico português.
o Finalidade da b) é punir a
fraude à lei.
o RTS – pode ser extensão da e) mas também para os
casos de infidelidade da comunidade de origem. No
entanto, justificada nos casos em que existe a fraude
à lei – infidelidade à lei da comunidade de origem.
Estende-se não só pela proteção dos interesses
nacionais, mas com essa proteção também se evita a
fraude à lei portuguesa.
▪ A ratio da b) é evitar a defraudação à lei
portuguesa, mas com o incentivo de proteger
interesses nacionais.
▪ Justificação dupla que não é usualmente.

c) Quando constituírem os crimes previstos nos artigos 144.º-A, 144.º-B, 154.º-B e


154.º-C, 159.º a 161.º e 278.º a 280.º, desde que o agente seja encontrado em
Portugal e não possa ser extraditado ou entregue em resultado de execução de
mandado de detenção europeu ou de outro instrumento de cooperação
internacional que vincule o Estado Português;
o PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE – entende-se por isto que os bens
jurídicos tutelados não relevem especificamente para determinado estado.
Seriam bens jurídicos que todos os estados se deveriam dignar a proteger.
i. Proteção de DH.

Downloaded by Joao Fernandes (gestaode.carreira@hotmail.com)


lOMoARcPSD|32487835

Os Estados deverão fazer isso em conformidade com a prática internacional. A


lei deverá regular nacionalmente de forma subsidiária.

• Aqui entra a alínea c).


• A ideia é a proteção de bens de relevo internacional – cumpre-se o dever
da perseguição de bens de carater humanitário.
+ CASOS DA LEI DE COMBATE AO TERRIRISMO – LEI 52º/2003.

• ARTIGO 8º - faz distinção entre crimes de:


• Terrorismo graves – o estado português quando aplicar da Lei Penal
Portuguesa, mesmo se ao agente não for encontrado em Portugal ou
não puder ser entregue a estado terceiro.
• Terrorismo menos graves – a lei portuguesa é aplicada com os
requisitos da alínea c).
Se mais ninguém pedir, o Estado Português intervém e pune.

d) Quando constituírem os crimes previstos nos artigos 171.º, 172.º, 174.º, 175.º e
176.º a 176.º-B e, sendo a vítima menor, os crimes previstos nos artigos 144.º,
163.º e 164.º:
o PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE – entende-se por isto que os bens
jurídicos tutelados não relevem especificamente para determinado estado.
Seriam bens jurídicos que todos os estados se deveriam dignar a proteger.
▪ Crimes sexuais.

i) Desde que o agente seja encontrado em Portugal e não possa ser


extraditado ou entregue em resultado de execução de mandado de
detenção europeu ou de outro instrumento de cooperação internacional
que vincule o Estado Português;
a. Condições de punibilidade.

ii) Quando cometidos por portugueses ou por quem resida habitualmente


em Portugal;
a. Aqui dispensam-se as condições do inciso i) do artigo 5º/1, e):
1. O crime não ser praticado em Portugal;
2. Dupla incriminação;
3. Não poder ser entregue.

iii) Contra menor que resida habitualmente em Portugal;


a. Aqui o Estado Português pode aplicar a lei mesmo que não seja
subsidiariamente. Deverá haver conexão com o estado
português – o menor residir habitualmente em Portugal.

e) Por portugueses (nacionalidade ativa), ou por estrangeiros contra portugueses


(nacionalidade passiva), sempre que:
o PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE – justifica a aplicação da lei portuguesa
mesmo em crimes cometidos fora do território português; Se um crime é
cometido fora de Portugal e o crime é punido nesse estado, esse agente, não
conseguindo ser encontrado no estado onde praticou o crime, mas
encontrado em Portugal, há expectativa de que pode ser punido e não pode
ser entregue → à partida, será punido no estado estrangeiro, mas não pode

Downloaded by Joao Fernandes (gestaode.carreira@hotmail.com)


lOMoARcPSD|32487835

ser entregue, daí que seja expectável que seja o Estado português que julgue
o agente.
▪ Incisos 1, 2 e 3 ⇒ aplica-se tanto se o agente for português como se
for vítima → ideia de proteção do ativo nacional que merece
proteção do estado português.
Condições objetivas de punibilidade (MF) // condições adicionais de
aplicação penal da lei no espaço (FD):
• O crime não ser praticado em Portugal;
• Dupla incriminação;
• Não poder ser entregue.
i) Os agentes forem encontrados em Portugal;

ii) Forem também puníveis pela legislação do lugar em que tiverem sido
praticados, salvo quando nesse lugar não se exercer poder punitivo;

a. Quando é que existe dupla incriminação?


i. Não pode dar-se o caso a mera subsunção – o crime ser
incriminado em ambos os países.
1. Deve haver pelo menos o mesmo bem jurídico ou o
núcleo ser o mesmo.
2. Quando a previsão seja diferente, então o que tem de
se exigir é a identidade de conteúdo entre o tipo
incriminador estrangeiro e o português ⇒ o
conteúdo tem de ser igual?
a. A essência da proibição deve ser a mesma em
ambas normas.
iii) Constituírem crime que admita extradição e esta não possa ser
concedida ou seja decidida a não entrega do agente em execução de
mandado de detenção europeu ou de outro instrumento de cooperação
internacional que vincule o Estado Português;
a. Alternativa dentro de requisitos cumulativos → tem de se verificar 1
dos que aqui estão.
i. A decisão de não entregar a ocorrência de mandado de
detenção europeu – 105/2003.
ii. Extradição – sendo português, ao cidadão não lhe pode ser
concedida extradição. Embora admissível, não há limite
jurídico estrito, mas ainda assim, não pode ser concedida.
1. Não pode ser por força do artigo 33º da CRP.
a. Exceção do 33º/3;
b. Limites absolutos – 33º/6 → casos em que
ainda assim não pode ser facultada
extradição.
i. Problema de interpretação do 6. –
144º/99
Se for um estrangeiro, por que razão não pode ser extraditado? Não será por
força do 33º/1, mas:

• Não ser pedida extradição.


• Pode haver impossibilidade fáctica de vir a proceder;

Downloaded by Joao Fernandes (gestaode.carreira@hotmail.com)


lOMoARcPSD|32487835

C), D), E) e F) – é comum a estas o princípio de acordo com o qual se não se entrega, então
que se julgue. Se o estado português não o entregar, então, este deve julgá-lo. Embora haja
nuances, a ideia é a mesma.
f) Por estrangeiros que forem encontrados em Portugal e cuja extradição haja sido
requerida, quando constituírem crimes que admitam a extradição e esta não
possa ser concedida ou seja decidida a não entrega do agente em execução de
mandado de detenção europeu ou de outro instrumento de cooperação
internacional que vincule o Estado Português;
• Lógica segundo a qual se o estado não entrega, o agente que cometeu crime no
estrangeiro, foi encontrado em Portugal e não pode ser entregue → o estado
pune, mas o agente é estrangeiro ⇒ perde-se conexão o que torna discutível a
validade desta possibilidade de aplicação da lei penal portuguesa.
g) Por pessoa colectiva ou contra pessoa colectiva que tenha sede em território
português.
Amplia-se o PN ativa e passiva para PC.
2 - A lei penal portuguesa é ainda aplicável a factos cometidos fora do território nacional
que o Estado Português se tenha obrigado a julgar por tratado ou convenção internacional.

ARTIGO 6º/2 – uma das exceções relevantes aqui faz a aplicação da lei português não
acontecer se a lei estrangeira for mais favorável.

• Alínea b) não pode ser aplicada a lei estrangeira mais favorável.

Downloaded by Joao Fernandes (gestaode.carreira@hotmail.com)

Você também pode gostar