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Aulas Direito Internacional Privado- Doutor Afonso Patrão-2022/2023

Ana Camacho
30.09.2022-1º aula teorica

• Apresentação
• Bibliografia :
o Código Civil-14 ao 65º ;
o Regulamento Roma 1;
o Ferrer Correia -Lições direito internacional privado ( básico- pode
estar desatualizado em algumas partes pois é de 2000-parte geral) ;
o Batista Machado- Lições direito internacional privado, 3º edição 1999 (
senão entender do Dr. Ferrer Correia , ir ver este livro, escrita mais
fácil , mas menos completa )
o Lima Pinheiro-Lições Direito Internacional Privado, volume 1, 2020 ( mais palavras para dizer a
mesma coisa )
o Parte que não está nos livros- será colocado repositório disciplina
• Avaliação :
o Exame final
o Antecipada- 16 dezembro
• 2 sextas- 14 outubro + 21 outubro – Não há aulas- até 13:25 nos restantes dias
• Práticas- começam já na segunda- 3.10

1º questão- para que serve o dip? Qual o objeto?

Paralelo- para que serve direito da família ? Relações jurídicas familiares . E o direito sucessões? Relações sucessórias.
E direito das coisas? As relações jurídico-reais.

E o DIP? Regula as relações jurídico-privadas internacionais ( comerciais, obrigacionais, reais, sucessórias, familiares , etc
) só que internacionais

Senhor A, francês e reside em Berlim e quer casar B, ucraniana e reside em Roma e querem casar em Portugal.

Há duvidas sobre se podem ou não celebrar o casamento- que relação jurídica querem celebrar? Casamento – relação
jurídica familiar , e normalmente tratamos no direito da família, mas esta relação jurídica é especial, é internacional .
Porque? Porque tem contactos além do ordenamento português- local celebração do casamento e com outros, francês, alemão,
ucraniano , italiano . E provalmente B precisa autorização do pai , por ser ucraniana.

Temos relação jurídico-familiar, mas é internacional , colocando problemas prévios- quais serão?

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1. Será que podemos aplicar as regras portuguesas? Do local em que estamos? A solução tradicional é do Principio
Territorialidade das leis – ou seja, forma possível de resolver é da territorialidade das leis , que as leis de certo
pais se aplicam no seu território a quer quem que seja . Isto é, este principio, à luz do ordenamento português ,
porque estamos em Portugal. Parece ótima solução ( ironicamente diz o Professor). Se assim fosse, esta
cadeira nem sentido faria .
a. Vamos testar
i. Lei portuguesa- ok , tem capacidade para casar.
ii. Vão viver pro irão- lei do irao diz que é preciso autorização para B, logo casamento não é
válido,
iii. Mal saem de Portugal, o casamento não era válido-estatuto das coisas e pessoas variaria , de
acordo com este principio, de acordo com o local onde se tivesse, pelo facto de se cruzar uma
fronteira.
iv. Vemos aqui os problemas que levantam este Princípio- provoca instabilidade das relações
jurídicas, porque varia a resposta consoante local onde se coloca problema
v. Imaginando que compram automóvel, em comunhão adquiridos- aqui automóvel é dos 2 , no Irão
não , seria só do marido por exemplo.
vi. Senhor A, no irão casa, mas em Portugal já era casado- levanta-se problema de instabilidade
das relações jurídicas
b. Princípio da segurança jurídica- 2º problema que se levanta – imaginando que caso em Portugal, e vou
morar para Itália- em itália , a lei que vai regular é a italiana . Não estaria o casal a contar com a
solução dada pela lei Italiana. Imaginando que a lei italiana não validava o casamento.
c. 3º e ultimo problema- viola Princípio Fundamental – hoje descobriu-se que em 1950 o senhor A estava
a conduzir e não utilizar cinto segurança, na altura não era obrigatório. Pode hoje ser punido por isso?
Principio não retroatividade das leis, logo não. Paralelamente a este princípio, existe Princípio da Não
transitividade que diz que não podemos aplicar nenhuma lei a uma situação que não tenha contacto espacial
com essa situação. Portanto, contacto espacial- não aplicamos lei portuguesa a uma situação que não tenha
qualquer contacto com a ordem portuguesa. Não podemos aplicar lei israelita a um casamento celebrado em
Portugal, pois não tem contacto.
Ao usar Princípio da Territorialidade das leis, podia ser violado- senhor A e senhor B israelitas e não
tem dever de fidelidade, e senhor A e senhor B encontraram em Portugal, amantes . Aqui em Portugal se
quisermos apreciar ação divorcio, podíamos valorar o dever de fidelidade? De acordo com Principio
Territorialidade sim, mas viola então Principio Não Transitividade, estavam de férias. Desde século 19
concluiu que o Princípio da territorialidade não serve para regular relações jurídicas internacionais.

Surgem então 3 problemas- estabilidade relações jurídicas, insegurança jurídica e principio não
transitividade – significa que tribunais portugueses aplicam a lei estrangeira. Não há principio
territorialidade das leis, nem sempre de uma situação a resolver no pais do foro será resolvida pela lei
do foro ( lei pais em que se está a resolver ).
FORO**
Admite-se de lei estrangeira.
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Recusamos princípio territorialidade .

Como escolher a lei estrangeira? Como tribunais portugueses escolhem? Qual ordenamento jurídico vai
regular? Partimos então da recusa do principio da territorialidade. Pode ser lei estrangeira.
2.
3.

3.10-2º aula teórica

TEMOS RELAÇÕES JURÍDICAS

Senhor A português e senhora B casaram em Portugal e compraram prédio PT. Qual lei
aplicável?

1. SITUAÇÕES PURAMENTE INTERNAS- contacto com 1 ordenamento jurídico , o do foro


( pais onde aprecia ). Não precisamos do DIP aqui, porque só tem contacto com 1
ordenamento do jurídico. Basta utilizar Princípio da Não Transatividade , que nos diz que
não podemos aplicar a uma relação jurídica que não tenha contacto com ela .

Nesta situação só temos 1 ordem, a portuguesa- a do foro.

Senhor A israelita, senhora B israelita, vivem em Israel e todo património vivem em Israel,
e vem passar férias a Portugal e surge na fronteira a questão da validade do casamento, a
um agente do SEF. Qual será a lei a luz do qual será apreciada a validade do casamento?
Á partida parece-nos que deve ser aplicada a lei israelita. Porque tem contacto muito forte ,
o único contacto com a lei portuguesa, é porque se coloca lá a situação , o facto questão se
por em Portugal não torna esta situação jurídica conectada com a ordem jurídica portugesa.
Verdadeiramente está apenas 1 ordem conectada a esta situação.

Principio da não transatividade novamente. A diferença em relação à 1º é o local do foro.


Esta 2º situação tem contacto com 1 ordem jurídica mas não é a do foro.

2. SITUAÇÕES RELATIVAMENTE INTERNACIONAIS – são relativamente internacionais


porque tem contacto com 1 ordem jurídica mas não é a do foro , é estrangeira. São
relativamente internacionais porque? Para Israel é puramente interna, para nos é
relativamente internacional. Não precisamos do DIP. Basta principio não transatividade.

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Vejamos, no exemplo, vamos fazer funcionar o Princípio da Não Transitividade , quantas
há? Uma . Excluo as leis não tem contacto com caso, logo apenas lei israelita. Não sendo
objeto do DIP , apenas tem conexão 1 ordem jurídica, logo regulada por essa ordem
jurídica.

3. SITUAÇÕES ABSOLUTAMENTE INTERNACIONAIS / PLURILOCALIZADAS- são


aquelas que tem contacto relevante com mais que um ordenamento jurídico.

Porque plurilocalizadas? Se perguntarmos onde está esta relação jurídica – em vários


ordenamentos jurídicos.

Absolutamente internacionais? Para nós, espanha, tailandia são internacionais. É


intrinsecamente internacional.

Estas são objeto do DIP. Porque não se resolve com Principio da Não transitividade? Mesmo
excluindo as que não tem contacto, resta mais que uma ordem jurídica .

Então por isso precisamos do DIP , para estas situações.

Nota- porque é que o DIP se chamada DIP? Porque só privadas? Porque não utilizamos
para direito fiscal, um imposto? Ou um crime , direito penal? Ou licenças para condutas ,
direito administrativo?

Porque no direito publico quase que vigora o Principio da Territorialidade .

Soberania? Hm… Vejamos…

Senhores A e B são brasileiros e residem em Portugal- 52º CC, tem como conceito-quadro
relações entre cônjuges e elemento conexão nacionalidade e consequência jurídica aplicação da
lei da nacionalidade. Qual lei dirá que há dever fidelidade? Lei brasileira.

Os tribunais portugueses aplicam lei estrangeira? Sim. O DIP parte deste pressuposto ,
aceita-se aplicação foro ( local suscita problema ) a lei estrangeira.

Estes senhores, pagam impostos da lei brasileira ou portuguesa? Serviço de finanças aplica
imposto da lei estrangeira? Não .Porque estado não se importa aplicar à relação jurídica-
privada mas importa-se relação fiscal?

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Os interessados- na relação privada o interesse principal a satisfazer é das partes, querem
saber qual estatuto da sua relação jurídica. O legislador aceita aplicar lei estrangeira,
porque Estado não é parte interessada. No direito fiscal já é interessado, o Estado, portanto
não aceita a aplicação da lei estrangeira.

Não quer dizer que haja total principio da territorialidade- o que há nas relações publicas ,
o direito publico aplica-se nestes casos, senão for determinado “ não quer saber”. Não
aceita a lei estrangeira no foro nas situações determinadas, estado só determina âmbito de
aplicação no foro. Senao estiver interesse, não quer saber, não tributa , os outros que
tribuetem.

AMBITO APLIÇÃO DIP


Dip regula as situações jurídicas privadas internacionais.

Que matérias se colocam?

3 CONCEÇÕES:

1. CONCEÇÃO MINIMALISTA OU ALEMÃ- diz-nos que o dip só trata 1 problema que é do


conflito de leis .
Isto é, numa situação absolutamente internacional , qual a lei aplicável . Único problema do DIP.

É seguida em Itália .
Criticada corrente MAXIMALISTA.

2. CONCEÇÃO MAXIMALISTA OU FRANCESA- há uma serie outros problemas que so se poem


nas situações absolutamente internacionais. Critica a alemã, o dip tem que resolver problemas alem da
lei aplicável, há outros problemas que se poe .

1.CONFLITO LEIS- qual lei aplicável?


2.CONFLITO JURISIDIÇÕES-COMPETENCIA TRIBUNAIS- perante situação internacional,
quais tribunais podem intervir? Americanos, chineses, portugueses?
3.Sentença que decide a sucessão do senhor A , com herdeiros do Brasil e Argentina, aplica lei da
residência – PRODUÇÃO EFEITOS DA SENTENÇA. O filho quer produção efeitos no Brasil,
logo levanta-se um 3º problema. RECONHEICMENTO SENTENÇAS ESTRANGEIRAS- a
sentença produz efeitos onde foi proferida ou também nos outros países? Senao for DIP tratar não há
disciplina que o trate.

Ex,62º -conceito-quadro sucessão por morte, elemento de conexão nacionalidade (31/1)- partes
dizem que não sabem qual a nacionalidade , será que é dinamarquês mesmo?

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4.DIREITO NACIONALIDADE-quem tem certa nacionalidade? A corrente maximalista diz que dip
tem que tratar, pois há elementos conexão que mandam aplicar a nacionalidade.

5.OS ESTRANGEIROS GOZAM MESMO DIREITO QUE PORTUGUESES, ESTANDO EM


PORTUGAL? A corrente maximalista diz que se colocam, os estrangeiros no foro gozam mesmos
direitos que nacionais?

3. CONCEÇÃO INTERMÉDIA OU ANGLO-SAXONICA( em Pt seguida)- trata de 3 problemas


dos enunciados no DIP

1. CONFLITO DE LEIS
2. CONFLITO DE JURISIDÇÕES- competência tribunal
3. RECONHECIMENTO SENTENÇAS ESTRANGEIRAS

Os restantes ficam de fora porque? Porque encontramos diferença grande entre tipo de
normas que regulam estes 3 problemas e os outros 2 problemas
Uma regra de conflitos, não da solução ao caso, indica a lei que vai dar solução ao caso.
As normas de competência internacional dao solução ao caso? Não, escolhem tribunal que
dará solução ao caso.
São ambas normas formais, 2º grau.
E as normas de reconhecimento sentença estrangeira? Isto dá solução ao caso? Permite
reconhecer a solução dada no brasil, sendo também de 2º grau.

1º razão -E o direito da nacionalidade? É uma norma que resolve claramente o problema


da nacionalidade, 1º grau. Não remete para outro sistema.
O mesmo no direito estrangeiro- “ não gozam direito x”- não remete para outro sistema.

2º razão- o problema do direito nacional é sempre internacional? Senhor não sabemos


nacionalidade, aplicou ato que gera responsabilidade civil – regra de conflitos manda
aplicar lei que foi do local da celebração ( 45), não é internacional.

Senhor A brasileiro, gerou perfilhação brasil , mas tem nacionalidade portuguesa- não
coloca problema internacional de estrangeiro, porque é português .

Segundo a corrente portuguesa, trata de 3 problemas. Mesmo não sendo estes 2 ultimos de DIP, não é DIP mas em alguns
manuais vamos ver estes problemas tratados.

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Se o âmbito de dip são estes 3 problemas, vamos estudar estes 3?

1. Competência internacional- não, porque é de direito processual civil .


2. Conflito de leis- vamos dar este problema? Nim- parte geral , sistema de DIP , com regras de
conflitos e métodos que funcionam em Portugal. Não a parte espacial-concretamente . Apenas 1 aspeto
será dado da parte especial- contratos ( Dr vai tentar)
3. Sentença estrangeiras- sim , em princípio.
4. Os outros 2 problemas -DIREITO NACIONALIDADE- senhor A com 2 nacionalidades , tem
capacidade lei pt e lei brasileira não tem- 25º diz qual aplicada- nacionalidade, tem 2 e agora?
Veremos então isto mais a frente- CONFLITOS DE NACIONALIDADE POSITIVOS e quem não
tem nacionalidade- CONFLITOS NEGATIVOS NACIONALIDADE
5. DIREITO ESTRANGEIROS- apenas 2 princípios gerais

1º PROBLEMA- DIREITO DA NACIONALIDADE


CONFLITO DA NACIONALIDADE

Porque vemos isto se não é matéria de DIP? Porque as vezes é questão previa ao funcionamento do DIP . Quando? Quando
elemento conexão indica a nacionalidade , quando tem mais que uma ou não tem nenhuma.

Ex, senhor A é português e iraniano

2 normas da nacionalidades importantes: Lei da nacionalidade portuguesa- resolvem CONFLITO POSITIVO DE


NACIONALIDADES- tem 2 ou + nacionalidades

1. 27º- diz tendo alguém 2 nacionalidades e 1 delas for portuguesa, em Portugal essa pessoa
considera-se portuguesa. É o 1º critério de elucidação- PREFERENCIA NACIONALIDADE DO
FORO.

Ex, senhor A brasileiro e argentino e reside em Portugal e vai celebrar negocio jurídico- tem
capacidade? 25º CC que manda aplicar a nacionalidade ( 31/1 CC). A nacionalidade é
brasileira e argentina. Logo conflito de nacionalidades.

Vou a lei nacionalidade portuguesa ao 27º, mas neste caso não tem nacionalidade portuguesa, é
brasileiro e argentino. O 27º só funciona quando uma das nacionalidades for portuguesa. Não é o
caso.

2. 28º- Falhando o 1º critério do 27º , existe um CRITÉRIO SUBSIDIÁRIO- considera-se


nacional do país em que residir- PREFERENCIA NACIONALIDADE DA RESIDENCIA. Se
nenhuma for portuguesa, releva onde residir .

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Mas novamente , não resolve o nosso problema, pois não reside em nenhum dos países de que é
nacional.
E agora?
Estamos a escolher entre as nacionalidades , qual a mais relevante. Continuando…

Não residindo em nenhuma delas, escolhemos a nacionalidade em que houver ligação mais estreita/
forte.

Este notário o que faz? Qual a nacionalidade? O julgador é que escolhe. Remete responsabilidade –
CONSAGRAÇÃO JUDICIAL DO PRINCÍPIO DA PROXIMIDADE.

O notário pode escolher qualquer uma? Tem que escolher aquela com ligação mais próxima, o
legislador dá critério ao julgador, da um critério. É parecido ao papel que legislador estava a fazer
no 2º critério- residência, que considera mais próxima.

No 3º critério legislador desiste, e passa ao julgador esse papel, tem a pessoa a frente, pode fazer
perguntas e determinar qual nacionalidade mais próxima.

E agora? Onde tem maioria do património? Onde vai mais vezes? Onde tem a sua família? O
julgador vai poder utilizar critérios que lhe entender relevantes à luz do DIP para saber qual
nacionalidade mais próxima.

Qual vantagem que há legislador passar o papel ao juiz? Conduz aplicação efetiva , mais certeira
qual a nacionalidade . O julgador escolhe a nacionalidade efetivamente mais próxima.

Desvantagem? Pode haver uma certa insegurança, este notário pode achar que é a brasileira e
amanha o juiz achar que é argentina. Parte não pode previr qual será a resposta.

O principio da proximidade tem vantagem chegar lei mais próxima mas desvantagem da segurança
jurídica.

Senhor Micheletti ( le-se miqueleti) com nacionalidade italiana e também argentina, ortodontista e resolveu abrir consultório
em Espanha. E residia em Buenos Aires. Questão- pode abrir esse consultório? O 9º Codigo civil espanhol vem dizer que é
a lei da nacionalidade que responde. Sendo que no que toca a nacionalidade é igual ao nosso regime.

1. Residencia? Não responde- nacionalidade italiana, espanhola


2. Nacionalidade de residência habitual- buenos aires- argentina- em Espanha decidiu que a lei aplicável era da
Argentina . Considerou-se argentino em Espanha.

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Os argentinos tem liberdade em abrir consultório em qualquer Estado da União Europeia? Liberdade de
estabelecimento é atribuída a quem for nacional da União europeia, mas ele foi considerado argentino . Não tem
liberdade de estabelecimento, mas se fosse considerado italiano teria.

Cidadania europeia é atribuída a quem tem nacionalidade de um Estado-membro.

O senhor estava insatisfeito, devido ao que a regra de conflitos espanhola decidiu. Porque se quiser abrir um
consultório em Itália e tem regras iguais, conta a italiana e seria italiano.

O tribunal espanhol teve duvidas- os juízes nacionais fazem reenvio prejudicial- perguntam ao tribunal de justiça
da U.E, dando origem ao Acórdão de 1994 Micheletti.

“ Cada estado-membro pode resolver conflitos de nacionalidade como entender , agora diz o Tribunal de Justiça se
uma das nacionalidades for do Estado-membro (1ºreq) e estiver em causa exercício de um direito fornecido pela
cidadania europeia (2º req), nesses casos cumpridos estes requisitos essa pessoa tem que ser considerada nacional
de um Estado-membro “

É incompatível com DUE considerar esta pessoa argentina- liberdade de estabelecimento. Tem que ser considerado
Italiano.

Incompatibilidade norma nacional e da união europeia-PRINCIPIO PRIMADO DA UNIAO EUROPEIA- é


obrigado a desaplicar e dar preferência nacionalidade de um estado-membro da união europeia.

CONFLITO NEGATIVO NACIONALIDADE- não tem nacionalidade

Ex, 56º CC- conceito-quadro é constituição filiação , elemento conexão é nacionalidade ( 31/1) , e o 32 – apátridas.

Que nos diz que quando alguém não tenha nacionalidade, o legislador desiste aplicar lei da nacionalidade, dado que não tem e
substitui pela lei da residência habitual. Quando não tiver residência habitual, o 32º diz-nos que é aplicável do n2 do 82
CC.

Vejamos o 82/2 CC – é sobre domicilio, mas houve uma remissão- olhamos para a residência ocasional é o local que ele
periodicamente estabelece uma residência durante algum tempo. Todos os anos fixa nos EUA, férias 2 meses.

Se isto falhar, o local em que se encontra- paradeiro é o critério.

2º PROBLEMA- DIREITO DOS ESTRANGEIROS


Estrangeiros gozam mesmos direitos que os portugueses? Sim ou não? No código civil – a partir do 14º trata direito
estrangeiros e conflitos de leis. No 14º vemos sobre direitos dos estrangeiros que não seria necessário que já esta no 15º
CRP.
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Estrangeiros tem direitos equiparados-PRINCIPIO EQUIPARAÇÃO – aos nacionais, gozam mesmos direitos e deveres ,
principio fundamental , resulta do 15 CRP. Os estrangeiros tem mesmos direitos e deveres que os portugueses.

• No entanto 14/2º-EXEÇÃO- PRINCIPIO RECIPROCIDADE- não são reconhecidos aos estrangeiros direitos que
não são reconhecidos aos portugueses, por serem portugueses

Ex, na Finlândia não podem os portugueses conduzir porque são portugueses

• No entanto CRP- 15º também consagra exeções- DIREITOS POLITICOS


Ex, ser presidente em Portugal

3º PROBLEMA- CONFLITOS DE LEI

Existe um método- o tradicional para determinar problema da lei aplicável.

O método conflitual funciona como? Perante situação com uma situação com +que 1 ordenamento jurídico tem que submeter a
regras de conflitos .

O código civil tem um sistema complexo , no 14º não é dip, 15 ao 24 normas sobre sistema de dip ( parte geral) e no
25º ao 65º as regras de conflito. Há uma preferência do nosso sistema pelo método conflitual.

Quem escolhe? Legislador .

Problema- como é que legislador escolhe? Porque para sucessão escolhe local x porque escolhe forma casamento local
celebração?

Que critérios utiliza? A lei mais justa?

Senhor A iraniano, casado B da arabia saudita, em Portugal qual lei deve regular? Portugal diz que aplica a lei que
parece mais justa? Não. Conceção de justiça varia, falta objetividade – quem não está a espera disto? As partes.

Tem que haver critérios . Lei que parece ao legislador mais PRÓXIMA- sentido de justiça do DIP não é justiça material,
não se preocupa em indicar a lei mais justa, mas sim a lei mais PRÓXIMA. O sentido de justiça do DIP é formal, com
ligação mais forte, que em principio é a que as partes estavam a espera.

Savigny “ lei onde estiver a cede da relação jurídica” Qual é? Qual a ordem jurídica mais próxima?

Repara-se , o DIP visa a justiça material? NÃO! Justiça material é problema do direito material. Escolhe o DIP qual a
ordem jurídica mais próxima, conceito justiça é formal.

Como é que legislador concretiza a justiça formal?

Principios:

1. Principio da harmonia jurídica internacional- transversal a todo o DIP. As vezes


a resolver casos não tem resolução positiva.

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Senhor A , brasileiro e reside em Portugal , e quer perfilhar uma criança- poe-se questão
da validade da perfilhação

Na conservatória portuguesa, pega no código civil – 56º CC, que nos diz que é aplicável a
lei da nacionalidade , ou seja, brasileira.

Em Portugal diz o legislador que a lei mais próxima é a lei da nacionalidade , no caso
brasileira.

Fica feita a perfilhação , e no Brasil os pais do senhor A questionam se é valido?


Conservador do registo brasileiro pega na regra de conflitos brasileira , o artigo 7º diz que
é regulada pela lei do domícilio, logo competente portuguesa- e não é valido.

Em Portugal reclama o senhor A, mas em Portugal é valido porque lei competente é da


nacionalidade.

Ao cruzar fronteira muda o seu estatuto. Critérios de proximidade diferente.


O DIP não quer isto, ao escolher a lei mais próxima preocupa-se com harmonia jurídica
internacional.

Harmonia- de acordo ; Internacional- vários ordenamentos ; Jurídica- ius , jus, direito


“ acordo internacional quanto ao direito, entre vários estados”
Estados devem estar de acordo com qual a lei aplicável, senão varia consoante a fronteira.

O critério deve ser igual.

O brasil consegue demostrar que é melhor escolher domicilio, em Portugal passa-se a


aplicar lei do domicilio, RESULTADO IGUAL. Se combinarem nacionalidade,
RESULTADO É IGUAL.

Sem isto DIP não funciona porque?

Estabilidade das relações internacionais, se for diferente as relações jurídicas tornam-se


instáveis.

Não mude por atravessar uma fronteira.

2º razão-EVITAR FORO SHOPPING- opção da escolhe do tribunal interferir qual a lei


aplicável e para com isso atingir aplicação diferente. Se as partes tiverem interesses
contrapostos irá haver corrida.
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Ex, senhor arrependeu-se ter perfilhado a criança e pensa que tanto tribunais portugueses e
brasileiros são compententes. Sendo que a resposta varia e vai propor onde lhe é favorável.

Se propuser em Portugal é válida a perfilhação, brasil inválido.

Aumenta a litigiosidade- corrida aos tribunais.

Logo, com a harmonia jurídica internacional é evitado o fórum shopping , juiz aplicará
mesma lei. Evitar foro shopping.

Pela uniformização das regras de conflito consegue-se isto, 1870, serve estados uniformizem as suas regras de conflito –
Conferencia Haia de DIP. Promove convenções internacionais , quando a lei do casamento, quanto a lei x.

O código civil português deixa de aplicar , quando há convenção internacional . Com objetivo da harmonia jurídica intenacional
para evitar foro shopping e estabilidade das relações jurídicas internacionais.

União europeia , assistimos fenómeno quanto unificação europeia- deixam de se aplicar as nacionais para as regras de
conflito europeias .

Remissões

• 41 e 42 CC- obrigações provenientes negócios jurídicos- unilaterais ou bilaterais ( contratos)- substituídas as


bilaterais apenas pelo regulamento roma 1 ,de depois 17 dezembro de 2009
• 45 CC- responsabilidade civil- regulamento roma 2 factos ocorridos 11 janeiro 2009
• 55 CC- separação judicial e pessoas e bens- regulamento 1259 /2010, divórcios requeridos 21 junho de
2012
• 62 CC- sucessão por morte- regulamento 650/2012- pessoas morrido 17 agosto de 2015
• 53 CC- convenções antenunpciais e regime casamento- regulamento 2016/1103- casamentos 29 janeiro de
2019

Dentro do âmbito de um regulamento da união europeia aplicamos a lei da residência da Espanha, Portugal, … Onde
quer que se coloque o problema a lei aplicável será a mesma. Estabilidade das relações jurídicas internacionais.
Evitando foro shopping.

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10.10-3º aula teórica
AVISOS:

1. Aula 14 de outubro e 21 outubro não há


2. Aulas não são obrigatórias

CONTINUAÇÃO-PRINCIPIOS JURIDICOS QUE ORIENTAM DIP ESCOLHA DA LEI

DIP tem como objetivo ultimo estabilidade e continuação das relações jurídicas internacionais.

1. PRINCÍPIO HARMONIA JURÍDICA INTERNACIONAL- já tínhamos visto.

Enquanto não há unificação regras de conflito, nem regulamentos união europeia. Que papeis desempenha a
HARMONIA JURIDICA INTERNACIONAL para o DIP interno? Se eu fosse legisladora, e estivesse elaborar
regra de conflitos sobre união de facto e discutimos se é melhor lei local residência casal ou lei nacionalidade
comum ou loca onde está património do casal.

Principio da harmonia jurídica internacional aconselha que as nossas regras de conflitos sejam iguais às dos
outros países . Ou seja, que sejam UNIVERSAIS. O legislador deve ir ver a Espanha, Alemanha, etc e
tentar fazer igual. Porque?

Para garantir estabilidade relações jurídicas, para garantir o MESMO RESULTADO- no manual o Dr.
Ferrer Correia “ DIP tem vocação ecuménico ( universal). Quer dizer esta menção que o DIP deve ser igual
em todo o mundo. Quando todos países do mundo escolham mesmo elemento conexão regular contratos, casamento,

Existem outros expedientes enquanto não há regras de conflitos iguais em todo o mundo como o REENVIO (
veremos em Novembro).

2. PRINCIPIO HARMONIA MATERIAL- o DIP não deve gerar situações antinómicas ou mandar aplicar leis
incompatíveis.

Senhor F, em que pais A e B, na Alemanha, estão em disputa quanto aos direitos de visita quanto ao filho.
Problema coloca-se na Alemanha

A mãe tem nacionalidade grega e reside na Alemanha e pai tem nacionalidade alemã e reside alemnha. Filho é
grego e alemão e reside na Alemanha.

1. Plurilocalizada - grego e alemão- há 2 ordenamentos em contacto.

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2. Problemas do DIP:
2.1. Competência internacional- tribunal alemão é competente- Tratado em Processo Civil. Presume-se
que sim..

2.2. Conflito de jurisdições- Não pode aplicar lei chinesa por exemplo- PRINCIPIO NÃO
TRANSTIVIDADE .

Relações entre pai e filho são regulada pela lei da nacionalidade e entre mãe e filho pela lei da
nacionalidade da mãe.

Pai e filho- lei alemã- pai tem direito a visitar filho . Mae e filho- lei gregra- a mae tem
direito a proibir visitas do pai.

Quid iuris? Visita ou não ? O que aconteceu foi que chamamos 2 leis para regular matérias
diferentes, mas são INCOMPATIVEIS. O DIP chamou leis diferentes para regular as relações
jurídicas mas não são possíveis aplicar em SIMULTANEO.

PRINCIPIO HARMONIA MATERIAL- DIP tem que preocupar leis que chamam não sejam
incompatíveis.

DIP ao escolhe lei aplicável tem que se preocupar com isto- PRINCIPIO HARMONIA MATERIAL
preocupa-se que o legislador do DIP chame uma ÚNICA LEI , porque assim , não há problema
de chamar leis diferentes incompatíveis.

Lei do código civil alemão é mais antiga que a portuguesa.


Vejamos o nosso DIP enquanto mais moderno , se posto em Portugal teríamos resultado incompatível
também.
Veja-se o 57º
• Conceito-quadro : relações pais e filhos
• Elemento conexão: nacionalidade comum dos pais- manda aplicar 1 SÓ LEI. Mas como
não há nacionalidade comum , aplicamos de acordo com o SISTEMA SUBSIDIÁRIO-
residência habitual comum dos pais- manda novamente aplicar 1 SÓ LEI - residem
ambos na Alemanha .

O nosso sistema conseguiu HARMONIA MATERIAL- o pai pode visitar o filho.

A mae agora vive na Grécia


E agora? Já não há residência comum. Continuamos a ler o artigo 57º- nacionalidade
do filho- tem dupla nacionalidade – e agora?

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Coloca-se o PROBLEMA DA NACIONALIDADE- 27 º da lei da nacionalidade:
1. Foro- não é português ?

28- Lei nacionalidade

2. Se residir em algum pais de que é nacional- Alemanha

NOVAMENTE PREOCUPAÇÃO HARMONIA MATERIAL- apenas 1 lei.

3.PRINCIPIO EFETIVIDADE OU MELHOR COMPETENCIA

Senhor A e senhor B, portugueses, residem em Portugal e celebraram em Portugal negocio compra e venda um imóvel está
na Suiça

Qual lei mais próxima? Parece a portuguesa.

Pergunta-se – o que é preciso para transferir a propriedade? Por mero efeito do contrato como em Portugal ou como na Suiça,
que é preciso contrato e registo.

Vejamos, qual a lei nosso legislador escolheu- que em principio será a mais próxima.

46 CC- conceito-quadro : direitos reais (…)

Elemento conexão : local onde coisa situada

• Nosso legislador está a mandar aplicar lei da Suiça


Qual será a razão legislador mandar aplicar lei suiça? Dado que parece a portuguesa a mais próxima?

Imaginando aplicávamos a lei portuguesa- é por mero efeito do contrato-PRINCIPIO CONSENSUALIDADE.

Onde querem os senhores que contrato produza efeitos?

Na SUIÇA! Local onde esta imóvel. O que poderia acontecer era que na Suiça, podiam dizer ao senhor que não era
proprietário, pois lá aplica-se a lei Suíça. Não servia de nada.

PRINCIPIO EFETIVIDADE- DIP escolher lei aplicável, preocupa-se SITUAÇOES EFETIVAS- tem que o DIP criar
situação jurídica que consiga produzir efeitos no pais em que as partes querem que produzam efeitos . O mais seguro para
garantir os efeitos? Suiça. O DIP escolhe a lei , para não escolher uma lei que na Suíça não tenha o negocio produção efeitos.
Lei do pais que esteja em melhor condições de a aplicar. Logo preocupações EFETIVIDADE. Porque se chama da
efetividade? Criar situações que produzam efeitos, no pais onde esses efeitos sejam requeridos. E Competencia? Pais está em
melhores condições de fazer garantir a sua lei.

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4.PRINCIPO PARIDADE TRATAMENTO ORDENS JURIDICAS- diz-nos que DIP tem que tratar várias leis de IGUAL
MODO, não parte do pressuposto que hajam LEIS MELHORES QUE OUTRAS. Isto é visível , principalmente no FORO-
não pode o DIP preferir a lei do foro. Para garantir estabilidade das relações jurídicas internacionais .

Pergunta oral :Porque é que colocaria em causa as estabilidades jurídicas internacionais?

Poderíamos violar o PRINCIPIO NÃO TRANSATIVIDADE e porque ao dar preferência a nossa lei , a espanhola daria à
sua e na frança à sua. Gerando diferenças de sistema para sistema, minando a HARMONIA JURIDICA INTERNACIONAL.

5.PRINCIPIO DA BOA ADMINISTRAÇÃO JUSTIÇA- numa situação internacional DIP deve indicar a lei que JUIZ
ERRE MENOS- ERRO JUDICIÁRIO.

Qual a lei que juiz conhece melhor?

A do FORO .

Mas isto não é contraditório com principio anterior?

SIM ! Há um deles que é residual – só tem relevância quando todos princípios DIP estiverem satisfeitos . O residual é este
último.

Ex, senhor francês, residente em Portugal-

1. lei do local da celebração


2. Lei nacionalidade quando fez testamento
3. Lei nacionalidade quando morreu
4. Regra conflitos indicada lei do pais

Supondo que todas tornavam válido o testamento. A portuguesa seria a aplicada , pois o JUIZ CONHECE
MELHOR de acordo com PRINCIPIO BOA ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA.

Isto está relacionado com o 348 ºCC, obviamente.


Concluindo , estes princípios que vimos são os TRADICIONAIS e os que encontramos nos livros.

Mas há mais 1 que orienta o legislador na escolha da lei, que preocupa com expectativas legitimas das partes:

6.PRINCIPIO FAVOR NEGOTTI- a lei cuja aplicação as partes legitimamente confiaram. Mesmo que não a
mais efetiva, não harmonia material. É isso que vemos nas CONEXÕE MULTIPLAS ARTERNATIVAS- 65º

Estes princípios, no sistema de DIP , há uma articulação com estes princípios, por vezes DIP mais importante com princípio y
ou x. Mas há situações em que o DIP não resolve, não dá solução ao caso, se o sistema normativo não dá solução- ESPAÇO
EM BRANCO.

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Vamos ter, enquanto julgadores, que fundamentar as nossas decisões perante princípios do DIP. E veremos o sistema melhor
.

RELAÇÕES ENTRE DIP E DISCIPLINAS PRÓXIMAS

1. DIP e DIREITO TRANSITÓRIO / INTERTEMPORAL- qual a diferença? Qual a proximidade? Pegando numa
lei qualquer que diz “ disposições transitórias “. Conflitos de lei no tempo. Hoje aprovado uma norma transitória
no regime de animais nascidos depois de x . Resolve conflitos de lei no tempo. O DIP resolve conflitos de lei no
espaço. ESPAÇO vs TEMPO- diferenças.

Resolvem conflitos , logo o tipo de normas é parecido . Não resolvem o caso – são de 2º grau , FORMAIS.
Dizem qual a lei, qual norma que dará solução ao caso- isso é comum.

Porque o Direito transitório pode servir para esta disciplina? Senhor A e senhora B casaram em 1950, a nossa
regra de conflitos no 52º manda aplicar nacionalidade comum conjugues- lei brasileira que vigorava em 1950 ?
ou novo de 2002?

Direito transitório e DIP articulam-se por vezes, temos que resolver no espaço e no tempo um conflito.

2. DIP e DIREITO INTERLOCAL / INTERPESSOAL- senhor A , em Portugal , norte-americano- qual lei


reguladora sucessão? 62º Lei da nacionalidade- Estados Unidos da América. Qual das leis na america? Existem
50.

Existem vários países com SISTEMA PLURILEGISLATIVO - um Estado com mais que uma ordem jurídica ,
como os Estados Unidos, Espanha ( lei catalunha diferente da galisa ) e o Reino Unido.

Senhor A , espanhol , da Galisa casou com senhora B , espanhol da Catalunha ?

Em Espanha pôs-se este problema , mas é uma situação puramente interna. Só há contacto com a ordem espanhola,
mas é plurilegislativo. Existem em Espanha , normas de DIREITO INTERLOCAL que são parecidas com REGRAS
DE CONFLITOS.

O direito interlocal resolvem conflitos no ESPAÇO e as regras de conflito também no ESPAÇO- aspeto em comum.

Qual a diferença ? NO INTERLOCAL- só 1 ordenamento jurídico, dentro do mesmo espaço, dentro mesmo sistema
e no DIP- mais que um ordenamento jurídico.

1. Elementos de conexão- há 1 que só encontramos no DIP-nacionalidade. Porque a nacionalidade indica


todo o sistema .

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2. Instituto do DIP não funciona no INTERLOCAL- ORDEM PUBLICA INTERNACIONAL.

Em Portugal, só temos um sistema de direito privado.

Porque então falar nisto? Porque o DIREITO INTERLOCAL é por vezes necessário, quando mandamos aplicar o
direito dos EUA, Espanha, Reino Unido, …

As vezes é necessário resolver PROBLEMAS DO DIP

3.DIP e INTERPESSOAL- regras de conflitos para resolver conflitos do mesmo pais . Para sistemas plurilegislativos de
base pessoal- existem 2 ou + ordenamentos jurídicos que aplicam a todo ordenamento , mas a pessoas diferentes. Ao passo que
o interlocal é de base territorial.

Ex, Síria - o sistema aplicável aos muçulmanos e não muçulmanos

Pessoa- pessoas diferentes ; territorial- territórios diferentes

4.DIP e CONSTITUCIONAL- 3 perguntas

1º será que uma regra de conflitos pode ser inconstitucional?

• NÃO? não dá solução aos casos, escolhe a lei que vai resolver ao caso . A única que pode ser inconstitucional é a
lei que vai ser aplicada. Será?

• POSIÇÕES:

o Tradicional- doutrina mais antiga- não é possível que sejam inconstitucional- regras de conflito fazem
JUIZOS DE PROXIMIDADE, não dizem nada sobre a solução, indicam-na. O que pode ser inconstiticuional
é a lei que será aplicada.
o Moderna- doutrina portuguesa segue- sim podem . Em que casos? 52º cujo conceito-quadro é relações entre
conjugues , e aqui diz que já foi alterada pela alteração de 77 ( direito da família ), para adequar o
código civil à constituição . O legislador mexeu numa regra de conflitos e isso quer dizer que havia um
problema qualquer. Antes a regra era “ lei da nacionalidade comum dos conjugues “- mas podem não ter
a mesma nacionalidade, utiliza um sistema de conexão subsidiária, não tendo a mesma nacionalidade “
residência comum conjugues “- podem não ter a mesma residência, residem em países diferentes. Mas a
regra de conflitos continua – não tendo a mesma residência – “ lei do pais com qual a vida seja mais
conexa”- CONSAGRAÇÃO JUDICIAL PRINCIPIO PROXIMDIDADE-juiz que veja .

Na redação originária, dizia nacionalidade comum, residência ou lei nacionalidade do marido- PORQUE FOI
CONSIDERADO INCONSTITUCIONAL? Devido a ser DISCRIMINATÓRIO o CRITÉRIO EM SI, o
critério de escolha estava a ser discriminatório, pois dava mais relevância ao marido do que ao casal em si.

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E por si foram alterados os elementos de conexão . Na prática pode ser pior, marido era sueco e mulher
arabia saudita, e era na arabia saudita que tinha o cão . Lei com qual a vida familiar mais conexa- da
arabia saudita, para a mulher até podia ser melhor a da suecia. O que está em causa da REGRA DE
CONFLITOS é o JUIZO DE PROXIMIDADE.

Sim pode ser inconstitucional.

58 CC- foi revogado pela alteração de 77- tínhamos uma regra de conflitos para estabelecimento filiação
ilegítima- devido ao conceito-quadro . Legislador tinha regras de conflitos filiação legítima e ilegítima.

Podem ter elementos discriminatórios- mesmo que se chegue a uma lei não discriminatória- a escolha foi
discriminatória.

2º será que quando a regra de conflitos manda aplicar lei estrangeira , juiz pode recusar por violar a nossa constituição?

• Se pudermos recusar a norma francesa por violar a nossa constituição ,estamos a dizer que é melhor que a
francesa- PRINCIPIO PARIDADE DO TRATAMENTO DAS ORDENS JURÍDICAS

• Não podemos recusar.

• Posição encontrada Manuel Dr. Ferrer Correia

• INSTITUTO ORDEM PUBLICA INTERNAICONAL

Ex, senhora da arabita saudita, casar com senhor arabita saudita- ela tem 6 ele tem 60- 49º- lei da nacionalidade,
arabita saudita ditará .

Apenas poderemos recusar aplicação lei estrangeira quando violar um instituto que é a ORDEM PÚBLICA
INTERNACIONAL- quando conduza a resultados chocantes.

22º CC- diz que não aplicamos quando viole a ORDEM PUBLICA INTERNACIONAL- mas aparecem poucos
casos. Doutor Ferrer Correia- diz que ou caiu no 22º , violando a nossa constituição não interessa- PRINCIPIO
PARIDADE TRATAMENTO .

• Doutor Moura Ramos- constituição é limite autónomo a aplicação lei estrangeira- logo podemos recusar aplicar

Defende também o 22º-problema que se coloca é se podemos redirecionar a questão para a constituição.

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Argumentos – não pode a recusa de lei estrangeira ficar dependente de uma norma do CC, pois a Constituição está
acima . Não podemos reduzir a uma norma da lei ordinária.

Há algumas normas na constituição que são tao fundamentais – Direitos fundamentais ligados a dignidade pessoa
humana , que não é admissível a aplicação lei estrangeira que e a ponha em causa.

• Haverá relevância prática entre uma ou outra tese? Limites da constituição vs limites 22º CC. Na prática a maioria
das vezes quando viola a constituição, 99 % vezes viola o 22º , em principio é norma que coloca em causa princípios
do Estado português. Limites estão quase sobrepostos. Mas há casos em que a ORDEM PUBLICA INTERNACIONAL
não é suficiente. Entao posso utilizar a constituição? Ferrer Correia- Não. Moura Ramos- podemos.

3ºserá quando a regra de conflitos manda aplicar a lei estrangeira, juiz pode recusar por violação a sua constituição (
estrangeira )?

• Um contrato- lei alemã- mas juiz português entende que viola a constituição alemã
• Nos queremos dar a mesma solução que seria dada na Alemanha
• Podemos recusar? Depende do SISTEMA DE FISCALIZAÇÃO CONSTITUCIONALIDADE QUE VIGORAR

o DIFUSO- quem controla a constitucionalidade das normas são TODOS TRIBUNAIS


o CONCENTRADO- só TRIBUNAL CONSTITICUCIONAL / SUPREMO
o Em Portugal- 204 CRP – MISTO
o Pode um juiz português recusar aplicação norma alemã, por violar norma alemã? Se juiz alemão puder
desaplicar, o juiz português desaplica. Se o juiz alemão não tiver esse poder, o juiz português não desaplica.
o Juiz português fará o mesmo que o juiz desse sistema faria- HARMONIA JURIDICA INTERNACIONAL-
solução dada cá ser a mesma que na Alemanha
o Para esta solução , temos SOLUÇÃO POSITIVA- 23/ 1 CC- dentro do sistema a que pertence, o juiz
português interpretará a lei alemã como o juiz alemão.

5.RELAÇÕES DIP E DUE- enunciando :

1. DUE ESTÁ UNIFICAR O DIP- PORQUE? Quais objetivos da União Europeia? As liberdades de
circulação – pessoas, serviços , coisas. Porque se houver DIP diferente, na Hungria e em Portugal mandam-
se aplicar leis diferentes. Solteiro num e casado noutro. Será livre de circular se assim não fosse? Não.
Se houver instabilidade relações jurídicas internacionais não serão livres. Logo, a U.E unifica o DIP,
promovendo de liberdade de circulação.

2.MICHELETTI- DEIXAMOS DE APLICAR O DIREITO INTERNO- se estiver em causa exercício


liberdade de estabelecimento e uma das nacionalidades for de um estado-membro- LIMITE AO DIP, dos
DIREITOS CONFERIDOS PELA CIDADANIA EUROPEIA
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3.CASSIS DIJON-LIBERDADE CIRCULAÇÃO MERCADORIAS- cumprir requisitos da lei do país de
origem . PRINCIPIO DO RECONHECIMENTO MUTUO DE LEGISLAÇÕES- no DIP pode ser
reconhecido como REGRA DE CONFLITOS que manda aplicar lei do pais de origem. O DUE utiliza os
expedientes do DIP para realizar os seus objetivos.

** veremos isto no reconhecimento direitos adquiridos **

4.NORMAS DIP viole o PRINCIPIO DA NÃO DISCRIMINAÇÃO EM RAZAO DA NACIONALIDADE


NÃO PODEM SE APLICAR- se o lesante for alemão e a lei alemã oferecer indeminização inferior é
aplicável a lei alemã. Haverá privilegio para lesantes alemães . Indeminização fixada termos lei alemã,
mesmo que a lei competente seja superior. TRIBUNAL JUSTIÇA CONSIDEROU isto discriminatórios,
pois os nacionais outros Estados Membros não podem utilizar- é uma regra de conflitos viola o PRINCIPIO
NÃO DISCRIMINAÇAO EM RAZAO NACIONALIDADE

14.10- não há aula

17.10-aula teórica 4º

Passando ao capitulo seguinte da disciplina,

QUAL MÉTODO DESTE PROBLEMA?

O método classico- o legislador tem umas regras de conflito que dão solução ao caso mas determinam qual a ordem
jurídica que dará solução ao caso através de um critério de proximidade de justiça formal.

Quando regra de conflitos manda aplicar lei estrangeira é apenas para o direito substantivo , no direito processual
continuamos a ter o PRINCIPIO DA TERRITORIALIDADE.

Porque que aplicamos à lei processual a lei do foro? Peças processuais, testemunhas , etc- porque não fazemos
remissão lei estrangeira também para o direito processual?

Não flui na solução a dar ao caso o direito processual- ex, divorcio pode ou não ser decretado? Direito substantivo
é que importa e não o numero de testemunhas ou prazos . Não tem influencia o direito processual ao caso. Podemos
aplicar a lei do foro em nome do principio da BOA ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA. O direito processual não
tem influencia na solução a dar ao caso , então podemos aplicar a lei que o juiz CONHECE MELHOR.

Será assim em todas as normas processuais?

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Há concretas NORMAS PROCESSUAIS que poderão influenciar o caso- ex, matéria de prova – presunções de
prova- quem é a parte que tem que provar . Algumas normas não sabemos bem se são direito processual ou direito
substantivo – as que forem substantivo- lei sueca por ex, - direito processual- lei do foro . Em principio a lei
processual é a lei do foro , mas há NORMAS CODIGO CIVIL que não são processuais- prazos caducidade, ex–
não torna numa norma processual.

Vejamos o MÉTODO CLASSICO/ SAVINIANO- escolhe lei mais próxima- o método clássico preocupa-se com a
justiça formal, não preocupa com resultado. É um método do seculo 19 , não é estranho? Utilizar mesmo método do
século 19? O DIP que usamos hoje foi sendo modificado e uma das modificações, hoje nem sempre utilizamos método
conflitual. Há outros métodos para as relações jurídico-privada internacionais. No sistema vigente português temos o
PLURALISMO METODOLOGICO .

• Pluralismo metodológico- quantos métodos vigoram no DIP português? Vários.


• Mas não usamos o método conflitual apenas? Não. Hoje não usamos apenas o Metodo Conflitual. E quando
usamos o próprio método conflitual não é igual ao criado por Saviny .
• O que vamos ver é o que tem acontecido em sede de método para perceber quais métodos vigoram em Portugal
e as alterações que vieram ao Método Conflitual.
• Parte histórica do DIP- não é lecionada mas deve ser lida.

A. REVOLUÇÃO AMERICANA DIP- nos EUA foi posto em causa o método europeu do DIPRIVADO ( o
conflitual ) .

A partir anos 60 seculo 20 a Revolução Americana- não queria o método conflitual . Esta revolução tem 3
momentos:
i. Momento jurisdicional revolução americana- quem pos em causa o método europeu foram os tribunais. Estes
deixaram seguir o método conflitual. No Caso Barcock vs Jackson ocorrido nos anos 60 no tribunal
nova Iorque, eram amigos estes senhores , de nacionalidade americana residentes ambos em nova
Iorque. O senhor Jackson comprou carro novo e convidou amigo para dar uma volta , saíram , foram
ao Canadá, onde houve um acidente. Não houveram danos para Jackson o senhor seu amigo Babcock
é que sofreu danos. Ação proposta em tribunal de nova iorque onde residiam – o juiz de nova iorque
olha para este caso e diz que tem contacto com vários ordenamentos jurídicos- situação de DIP- norte-
americano- residiam, nacionalidade e Canadá – onde ocorreu o acidente. O juiz vai verificar se tem
competência e verificou que tinha de acordo regras competência internacional-residencia. O método
conflitual diz que uma coisa é a competência e outra é selecionar a regra de conflitos onde seleciona
a lei mais próxima . A regra de conflitos de nova iorque , a matéria de responsabilidade civil
acidentes aviação é aplicável lei do local do acidente. Logo juiz iria aplicar a lei do canadá. Sendo
um elemento de conexão imóvel , factual e real. Indo a lei do canadá , em acidentes a passageiros
transportados gratuitamente os danos não são indemnizados porque? Porque no Canadá estavam em
poupança combustível e para fomentar as boleias . Legislador diz aplicar lei do Canadá , que
parte princípio que é lei mais próxima- mas é? Residência , nacionalidade de ambos americana- nova
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iorque. A única ligação com Canadá é local do acidente. Legislador está a escolher lei mais próxima
mas legislador não tem caso a frente, logo em concreto não é. A regra de conflitos É CEGA- porque?
Porque faz JUIZO PROXIMIDADE PLANO ABSTRATO mas não tem em consideração o CASO
CONCRETO. A regra de conflitos fica sem ver o caso concreto. Juiz ainda disse mais , imaginando
que seguia a regra de conflitos a lei aplicável era do Canadá que diz que não seria indemnizado ,
porque queria promover boleias de residentes do Canadá. Ao aplicar esta lei não estamos a promover
boleias de residentes. Não temos em conta PROGRAMA LEGISLATIVO por detrás das normas. E
ainda disse mais, não haveria indeminização, juiz serve para fazer justiça- MAS SERÁ JUSTO?
Não. A regra de conflitos é injusta , sem ter em conta o RESULTADO em que culmina essa lei.
Juiz acaba aplicando lei norte-americana.

Todos os tribunais utilizaram este . Não aplicamos o restatemente – não utilizamos regras de
conflito.

ii. Momento doutrinal – a doutrina veio dizer que os tribunais tem razão, método conflitual não deve ser
utilizado. A doutrina veio propor novos métodos ( veremos 3 dos imensos que há):

i. CAVERS – primeiro aplicar uma proposta – há um erro no método conflitual que é


escolher entre leis. Parte principio que é preciso escolher entre leis , ordens jurídicas.
Deve escolher entre NORMAS. Não está em causa escolher a lei aplicável mas sim
as normas . No fundo diz, a regra de conflitos escolhe entre duas leis , ex canadá ou
americana. Cavers diz que não se faz isso- escolhe-se entre NORMAS JURÍDICAS-
normas materiais do canadá e norte americana- há indeminização vs não há indeminização
. Logo juiz deve IR VER O QUE DIZEM NORMAS MATERIAIS das leis ligadas
ao caso – normas indeminização vs não há indeminização- juiz escolhe a NORMA
MAIS JUSTA. Esta comparação resulta na aplicação da LEI MAIS JUSTA.

Crítica 1- o que é isso do que é mais justo? Quais normas são mais justas? Mesmo
caso regulado da mesma maneira nos tribunais todos? INSTABILIDADE JURÍDICA-
problema que viola expectativas das partes. Porque depende juiz que vai ver o caso,
do sentido justiça . Não conseguem prever.

Crítica 2-viola PRINCIPIO PARIDADE TRATAMENTO ORDENS JURIDICAS-


não partimos pressuposto que a lei do foro é melhor que a lei estrangeira. Porque juiz
é uma pessoa , as normas que regulam casamento , se virmos a lei portuguesa e
iraniana, o juiz irá escolher a portuguesa, há uma preferência lei do foro. Jurista
português tem convicções da justiça portuguesa. E assim colocar em causa a
ESTABILIDADE DAS RELAÇÕES JURÍDICAS - caso pais A -lei mais justa pais
A e no B igual. La se vai a estabilidade das relações jurídicas.

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CAVERS vem reconhecer as criticas e escreve livro reconhecendo que método tem
problemas – qual lei mais justa + preferência lei do foro

2º fase pensamento CAVERS- propõe PRINCIPELS OF PREFERENCE- para não


haver estes defeitos , vai criar estes princípios . São critérios de justiça material que
vao orientar juiz a escolher as normas mais justas , publicados em lei. Dá 2 exemplos
Ex, contratos
Ex, responsabilidade contratual- juiz deve escolher entre lei da residência do
lesado , lei da residência do lesante e lei onde ocorreu o facto aquela que oferecer
uma maior indeminização-PRINCIPIO PREFERENCIA. Já não há casuísmo,
impressibilidade, as partes conseguem prever que a lei aplicada será a que
contiver maior indeminização.

CRÍTICA- este livro foi muito criticado nos Estados Unidoa porque foi chamado
contrarrevolução de Cavers. A revolução americana- coloca em causa método conflitual. A
contrarrevolução- os critérios aqui são regras de conflito. As regras de conflito e os
princípios de preferência- qual diferença? No fundo tem haver com que é levado em conta
para escolher lei- Saviny- PROXIMA; Cavers- RESULTADO. Ambas são regras de
conflito, a pretensão muda em ser mais próxima ou resultado.

Mas nunca vimos isto acontecer?

Vimos isto nas regras de conflito de sistemas múltiplos alternativos. O método de Cavers
não é inovador. É reconciliação da regra de conflitos.

CRÍTICA 2- outro problema , ele dizia que já não colocava em causa a harmonia
jurídica internacional. Diz a todos juízes como se deve escolher lei mais justa. Mas é
possível escolher critérios-guias para todas matérias? Ex, sucessoes- estado ou filhos? É
impossível CRIAR CRITÉRIO PARA ESCOLHER LEI MAIS JUSTA- tanto pode não
ser possível fazer e mesmo quando for possível nunca serão universais. Há sistemas
sucessão é mais justo ficar família, estado , etc. As noções de justiça diferem.

EUA não adotarem o Método de Cavers.


Teve influencias no nosso sistema – veremos mais a frente.

ii. CURRIE–conseguimos encontrar politicas legislativas por detrás da norma material.


Varias normas potencialmente aplicáveis , devemos encontrar as POLICY que estão em
conflito . Juiz deve IDENTIFICAR NORMAS MATERIAIS POTENCIALMENTE
APLICAVEIS- norma canadá- não há indeminização e norma de nova iorque – há
indeminização. Currie diz que juiz pegando nestas normas ir encontrar a POLITICA
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LEGISLATIVA por detrás da norma. No Canadá- promover partilha automóveis entre
cidadãos que residem no Canadá- politica legislativa. Nova iorque- quem causa dano é
responsável por indemnizar. E após , olhar para as duas políticas legislativas e ver
qual estado com mais interesse em aplicar a sua norma. No nosso caso seria de Nova
Iorque. O Governo do Canadá não tem interesse em ver aplicada a sua lei, já o de
Nova Iorque tem. Este método chama-se Governamental Interest Analises- chama-se
assim porque juiz para determinar lei aplicável quais políticas legislativas / interesses
dos Estados.
E se os dois estados tiverem interesse?
E se nenhum estado tiver interesse?

Currie veio dizer, que é verdade que método pode gerar estes problemas , mas há
SOLUÇÃO -é fácil criticar o modo como Currie , e esquece-se de criticar o método em
si mesmo. Vamos então ver como resolve estes problemas.

Currie diz que se duas leis tiverem interesse político e uma for a do foro escolhe-se a
do foro. Porque havendo CONFLITOS ENTRE 2 ESTADOS- o juiz deve obediência
ao SEU. Se houverem 2 estados com interesse, deve obediência ao do foro.

Se dois estados tiverem interesse e nenhum for do foro?

Juiz não pode escolher- situação em Portugal, mas espanha e frança tem. Não pode
juiz escolher entre espanha e frança, o melhor é aplica a LEI DO FORO.

Se nenhum estado tiver interesse?


Lei do foro.
Diferenças CURRIE E METODO CONFLITUAL:

1. O método de currie dá relevância as politicas legislativas as normas, contrariamente


ao método conflitual.
2. O método currie não leva em consideração proximidade, contrariamente ao método
conflitual.

CRÍTICAS: O DIP esta a ser utilizado como conflito entre Estados, e está a levar
em conta os interesses dos Estados e não das Partes. O DIP não é para isso, o
direito internacional público é que se preocupa com isso.

Além disto, o Método Currie funciona sempre corretamente? É sempre possível saber
qual politica legislativa ? Ex, quando é que aplicável dever de fidelidade? Qual

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âmbito de aplicação aqui? A quem estado quer aplicar estas normas? Nem sempre é
possível obter o âmbito de aplicação da política legislativa.

Outra crítica- LEXFORIZAÇÃO- uma preferência aplicação da lei do foro. Porque?


Nenhum estado tiver interesse- lei do foroª; 2 estados e nenhum foro- foro; 2 estados
e um deles é do foro- foro- VIOLA PRINCIPIO PARIDADE DE TRATAMENTO
e a HARMONIA JURIDICA INTERNACIONAL- mesmo caso, em Portugal e
Espanha tinha interesse , o juiz aplicaria a lei portuguesa porque do foro é
português. Em Espanha aconteceria igual se caso la se colocasse. Então assim
INSTABILIDADE RELAÇÕES JURIDICAS- estatuto pessoas varia ao passar uma
fronteira.
Método Currie falhou enquanto método conflitual. Mas chamou atenção a algo que o
DIP conflitual ignora- a política legislativa por trás da norma.

iii. EHRENZWEIG- judeu austríaco e foi para EUA na altura holocausto. Este dizia
que temos que encontrar método diferente. É preciso dividir em 2 situações :

1. LEX CERTA- casos em que a regra de conflitos funciona bem e ele exemplifica com os direitos reais . Ele acha
que é a lei da localização da coisa para os direitos reais.
E há casos em que a regra de conflito não funciona bem. Forum law by no
choice- nao é preciso escolher. A lei processual civil por exemplo, é sempre
a lei do foro.
2. LEX INCERTA-

1º passo-ele verá como regra material do foro resolveria. Imaginando Jackson


coloca a questão em Portugal. Se caso puramente interno a luz de que norma
juiz decidiria ? 483 CC- responsabilidade civil .

2º passo- procura a policy- interesse politico legislativo por trás da norma


que resolveria o caso se fosse aplicável a lei do foro- 483º- dano tem que
ser indemnizado.

3º passo- ver as leis conectadas- nova iorque e canadá – qual delas realiza
melhor o interesse político legislativo do foro? Neste caso , a de nova iorque.

Este método é parecido do currie- politica legislativa. Currie- leva em conta


interesse político legislativo dos estados conectados ; Este – leva em conta
interesse político legislativo do foro. Mas não aplica a lei do foro, aplica a
que melhor realizar a do foro.

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Críticas: viola o PRINCIPIO PARIDADE TRATAMENTO- estamos a
escolher a lei de acordo com base critério de quem realiza melhor interesses
político legislativos da lei do foro. Viola-se a HARMONIA JURIDICA
INTERNACIONAL.

Realiza o interesse político legislativo de Portugal- analisa normas de


sistemas diferentes ( foro) para depois aplicar uma lei que não é a do
foro – ponto vista metodológico é inaceitável.

Não foi acolhido, mas chamou atenção a algo que nenhum outro método tinha
chamado. Dá mais valor a politica legislativa do foro – mesmo que não
corresponda interesses politico legislativos de outros países. Há casos em que
a politica legislativa do foro deve ser tida em conta- mais valia.

iii. Momento legislativo- revogação das regras de conflito – restatemente – anos 70 . Este método europeu não
é bom e foi substituído por um 2º restatement.

2.METODO MEDIEVAL- METODO JURISDICIONAL-é um método anterior ao conflitual. O método conflitual aplica as
normas competência internacional , estabelece-se competência tribunais portugueses. Uma vez sendo competente, a regra de
conflitos que determina luz que lei o tribunal vai decidir. Porque acontecer tribunal competente e lei aplicável não sejam
competentes? Sim pode acontecer. Porque há diferentes INTERESSES da REGRA DE CONFLITOS e da COMPETENCIA
INTERNACIONAL.

• RC- ligação mais forte


• NCI- procuram o que? Facilitar acesso à justiça . Facilitar eficácia sentenças. Facilidade produção de prova.
Ex, domicilio do reu – praticabilidade , se for onde reside é fácil executar património.

Já o método jurisdicional , não devemos tratar estas duas coisas separadamente, devemos ter regras únicas . Os nossos
tribunais só são competentes nos casos em que se aplica a sua lei. Se for para aplicar lei estrangeira, tribunais não são
competentes.

Ex, entendemos sucessão- lei nacionalidade decuius – tribunal português so é competente casos em é nacional português.

Vantagens :

1. Boa administração da Justiça- tribunais são competentes quando for aplicável a lei do estado – só aceito
competência em Portugal.

Críticas:

1. Senhora sueca, residência sueca, marido residente sueca e sueco no tribunal sueco. Senhora fugiu para Portugal.
No nosso método o que vai acontecer? Aceitamos as normas de Competência Internacional? Aplicando método
jurisdicional, dizemos que não pode. A senhora tem que ir propor a ação à Suécia- NÃO PERMITE LEVAR EM

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CONSIDERAÇÃO FINALIDADES NORMAS COMPETENCIA INTERNACIONAL ( facilitar acesso a justiça,
praticabilidade decisões ) , de forma separada do PROBLEMA LEI APLICAVEL.

Inglaterra- aplica na responsabilidade civil ;

3)METODO DIREITO PRIVADO UNIFORME ( anos 80)- reconhece insuficiências ao método conflitual.
Letras e livranças não está no código comercial, é outra maneira regular as relações jurídico internacionais. Vamos
escolher a mais próxima- UNIFORMIZAÇÃO- escolher as mesmas leis. O problema de conflitos desaparece . O
que há a fazer é suprimir o conflito de leis. Poe as leis todas iguais. É uma utopia achar que conseguira-se
uniformizar todo o direito. Nas letras e livranças há uniformização. O Direito uniforme é um método globalmente
alternativo e pode ser considerado em determinada matéria.

Só que nem aqui se consegue prescindir da regra de conflitos- só conseguíamos se quantos países do mundo
conseguissem? TODOS. Basta um não ter aderido, precisamos saber qual a lei . As leis uniformes so substituam
as regras de conflito se todas adotassem. Nestas experiencias de lei uniforme , todos países do mundo adotaram?
Não. São importantes no comérico internacional? São. E assim DIPrivado uniforme falha.

4)METODO DO DIP MATERIAL- de entre as várias leis em contacto o legislador escolhe a que tem maior
contacto- dip conflitual. DIP material- as situações internacionais não são iguais às internas. As internacionais são
estruturalmente diferentes e não devem ser reguladas pelas mesmas normas internas. Contratos nacionais e
internacionais são diferentes e devem haver normas diferentes pra ambos. Em cada sistema é preciso haver
NORMAS que regulem as SITUAÇOES PURAMENTE INTERNAS e normas especiais para SITUAÇÕES
INTERNACIONAIS. Um código civil para situações internas e outro para as internacionais.

O corpo normativo situações internas e internacionais.

Em direito romano- ius civile e o ius gencis .

Críticas: é muito duvidoso que as situações sejam estruturalmente diferentes – senhora portuguesa e senhor
português, senhora portuguesa e senhor espanhol- são assim tao diferentes? Mesmo que aceitássemos isto , o código
comercial internacional e o código comercial nacional , na Checoslováquia existiam . Mas mesmo aqui não tiraram as
regras de conflito, precisavam delas- porque? Problema? HARMONIA JURIDICA INTERNACIONAL. Em
Portugal um código civil internacional, em espanha um código civil internacional- situação válida x e inválida y.

Este método pode sobreviver associado a regra conflitual- quando determinada lei seja competente para regra de
conflitos, determinado sistema competente. É possível que esse determinado sistema tenha normas especiais, por serem
diferentes das nacionais.

Ex, 2223 CC- é norma substantiva ou regra de conflito? É uma norma material porque resolve o caso. Se
fosse regra conflitos escolhia a lei aplicar . Esta norma não se aplica a mim, porque regula especialmente uma
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determinada situação internacional. É no caso uma situação por um português no estrangeiro. Antes aplicarmos esta
norma a ver se manda aplicar a lei portuguesa, se mandar – aplicamos esta norma. É então o DIP conflitual um
complemento ao DIPrivado.
Já vimos que métodos?

Revolução americana; Jurisdicional ; DIPrivado uniforme; DIPrivado material- nenhum foi substituto do método
conflitual e na europa continua-se a usar em grande medida o método conflitual. Só que não é o método conflitual
que Saviny criou. A revolução americana e os outros métodos teve grandes impactos no método conflitual e que
veremos na próxima aula- alterações seculo 21 e que se dividem em 4 grandes grupos:

1º grupo-materialização DIP europeu- continua a utilizar regras de conflitos mas materializou-se , ou seja, escolhe
a lei aplicável não por razoes proximidade mas ao resultado material. Influencia do método de CAVERS.
2ºgrupo- flexibilização do método conflitual- que era rígido e deixou de ser -as regras de conflito savinianas- esta
matéria aplica-se esta lei. Hoje em dia são flexíveis – uma regra flexível é que quem tem mais poder é o juiz .
Deixa ser ordem ao juiz , e passa a dar-se mais poder ao juiz. Influenciada por proposta de CURRIE,
CAVERS e ENZKNW.
3ºgrupo- politização do DIP- isto quer dizer , o DIP hoje não é indiferente as politicas legislativas subjacente.
4ºgrupo- jurisdicionalização do DIP- aproximação DIP ao método jurisdicional. Há algumas áreas em que há clara
aproximação do DIP ao método jurisdicional. Institutos que veremos depois.

21.10-não há aula

Nota de 24 a 1 novembro estive ausente, por motivos de doença e as aulas foram


enviadas pelo colega Davide Rodrigues.

24.10-aula teórica 5-enviada colega Davide


O que é a revolução americana? É um movimento doutrinal, jurisprudencial e legislativo que pôe em causa o método conflitual
do DIP.

Como é o método conflitual? Dentro das várias leis, escolhe-se uma.

Quem escolhe? O legislador.

Como? Através de uma regra de conflitos.

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Métodos alternativos: Better Law Approach (David Cavers) – o problema é de conflito entre várias normas materiais;
escolhemos a lei mais justa. Problemas: casuísmo insuportável; princípio da paridade de tratamento. Governmental Interest
Annalysis (Currie): o juiz deve aplicar a lei do Estado que tiver maior interesse legislativo em aplicar-se; o que interessa
são interesses políticos por trás das normas. O método de Currie é um método de unilateralismo selvagem. Porquê? Nós
perguntamos à política legislativa de cada Estado se quer ou não aplicar-se. A ideia de que só aplicamos leis que só tenham
vontade de se aplicar. Mas não há regras de conflitos no método de Currie. Porquê selvagem? As razões que subjazem ao
método. No de Quadri, a harmonia jurídica internacional e a estabilidade das relações privadas internacionais. No de Currie,
interesses dos Estados: é selvagem porque não leva em consideração os interesses do DIP: interesses das partes e harmonia
jurídica internacional. Nenhum dos métodos alternativos é uma verdadeira alternativa ao método conflitual, mas chamam à
atenção para problemas do método conflitual.

Aproximação do método europeu ao método norte-americano. Aproximação: flexibilização; materialização; politização e


jurisdicionalização. Antes disto, há uma primeira aproximação: um aperfeiçoamento do método conflitual que tem que ver com a
sua especialização. Aconteceu um fenómeno que se chama DÉPEÇAGE e que ocorreu sobretudo no séc. XXI. Arts. 41.º e
42.º CC. Art. 41.º → escolha das partes. E se as partes não escolheram? Continuamos a ler a regra de conflitos. 42.º/1.

É uma regra de conflitos que se aplica a todos os contratos. Mas serão os contratos todos iguais? Será igual uma
RC a escolher a lei aplicável ao CT ou a um contrato para comprar uma máquina da loiça? Será que o elemento de conexão
é o melhor para todos os contratos? P. ex.: contrato de trabalho. Qual é o problema? Que o empregador imponha a escolha
de uma lei desfavorável ao trabalhador. O DIP especializou-se: passamos a ter regras de conflitos específicas atendendo às
várias matérias a regular. O DIP tem um juizo conflitual específico para cada matéria a regular. Art. 3.º Regulamento
Roma I. Escolha das partes. Art. 4.º: o legislador escolhe a lei aplicável não para os contratos, mas para cada tipo
contratual. Em vez termos uma regra de conflitos geral, passamos a ter várias regras de conflitos. Isto já acontecia no séc.
XX. Savigny propunha uma RC para as relações familiares; arts. 49.º e ss. A especialização pode por em causa a harmonia
material (não devemos chamar leis diferentes a aplicar no mesmo caso, porque as soluções podiam ser incompatíveis). Passamos
a ter regras de conflitos com um âmbito muito mais delimitado.

1. FLEXIBILIZAÇÃO.

As regras de conflitos são rígidas, porque não dão margem ao juiz. Hoje, passámos a ter um fenómeno de flexibilização
do DIP conflitual. Há situações em que se deu mais poder ao juiz para determinar a lei aplicável. Dois institutos. Um deles
são as open-ended rules (consagração judicial do princípio da proximidade).

O que será uma regra com um fim aberto? Não tem elemento de conexão: deixa o elemento de conexão por determinar. É a
consagração judicial do princípio da proximidade. Quem é que não escolhe a lei aplicável? O legislador. E passa essa
responsabilidade para o julgador. Art. 28.º da Lei da Nacionalidade. Art. 4.º/4 Regulamento Roma I. Outro: cláusulas de
exceção. Cláusula será parte de um regime; e que faz o quê? Exceção. É uma parte do regime conflitual que autoriza o juiz
a não aplicar a lei que foi indicada pelo legislador na regra de conflitos. P. ex.: regra de conflitos do art. 25.º; capacidade
é regulada pela lei da nacionalidade; a capacidade é regulada pela lei da nacionalidade, salvo se se entender que há uma lei
que apresenta uma conexão mais forte. A RC deixa de ser rígida e passa a ser flexível: ela tem uma regra – manda aplicar
a lei da nacionalidade – mas permite ao juiz não aplicar a lei que ela está a indicar.

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Qual é a diferença e o que têm em comum? Em comum, ambas flexibilização: concedem ao juiz o poder de, em certos
casos, escolher a lei aplicável. Diferente. Na primeira, o legislador demite-se por completo de indicar a lei aplicável. Na
segunda, o legislador indica, mas permite que o juiz desaplique. O que é que a flexibilização traz de bom? Permite-nos aplicar
a lei efetivamente mais próxima. O que tem de mau? Gera incerteza quanto à lei aplicável. Pode haver um desvio às expetativas
das partes. Qual é que gera mais incerteza? Qual é que atribui mais poder ao juiz? A open-ended rule. Nas cláusulas de
exceção, as partes podem formular alguma expetativa. Assim, a tendência tem sido mais em fazer a flexibilização através de
cláusulas de exceção.

As cláusulas de exceção podem categorizar-se em vários tipos. Podem ser cláusulas de exceção formais ou cláusulas
de exceção materiais. Isto tem que ver com o objetivo do legislador conflitual ao prevê-las. Com os casos em que autoriza o
julgador a não aplicar a RC e aplicar uma lei diferente. P.ex.: aplica-se à capacidade a lei da nacionalidade salvo se houver
uma lei com uma ligação mais próxima. O que é que o legislador quer? Aplicar a lei mais próxima. Uma CEF é aquela que
permite ao juiz não aplicar a lei que for indicada pela regra de conflitos por razões de justiça formal, ou seja, por razões
de proximidade.

P. ex.: ao contrato de trabalho aplica-se a lei da residência do trabalhador, salvo se a lei do local em que o trabalho é
prestado tiver uma conexão mais forte. A open-ended rule é quase uma não-regra de conflitos. Aqui, o legislador escolheu.
Logo, temos CE. Formal ou material? Com que fundamento é que o juiz pode desaplicar? Razões de justiça formal. P. ex.:
o CT é regulado pela lei da residência do trabalhador, salvo se a lei do local em que o trabalho é prestado oferecer ao
trabalhador uma maior proteção. Mudou o quê? O objetivo. Deixa de aplicar esta para aplicar outra, para um objetivo
substantivo → CEM. Regulamento Roma I. Art. 4.º/1-d). Art. 4.º/3. O legislador tinha ou não escolhido a lei aplicável?
Tinha. No n.º 3, permite ao juiz desaplicar.

É uma CEF ou uma CEM? O que é que o legislador quer? Que se aplique a lei mais próxima. Logo, CEF. As
cláusulas de exceção podem ser abertas ou fechadas. Isto tem que ver com a existência ou não de uma alternativa legislativamente
determinada. As CEA são CE, logo, permite ao juiz desaplicar a lei indicada pela RC, e é o juiz que vai designar a lei
aplicável, em vez daquela que tinha sido indicada. Logo, as CEF, não é o juiz que decide, é a própria regra de conflitos. A
própria cláusula de exceção fechada diz: tu podes não aplicar aquela, mas, se não aplicares, tens de aplicar esta.

P. ex.: regra do Código de DIP belga que diz que a capacidade é regulada pela lei da nacionalidade, salvo se a lei da
residência habitual apresentar uma conexão manifestamente mais estreita. Temos CE? Sim, porque a RC indicou uma lei, mas
permitiu ao juiz excecioná-la. E é uma CEF ou CEM? CEF. Porquê? O juiz deixa de aplicar uma, para aplicar outra por
haver uma ligação mais forte. Aberta ou fechada? Será aberta se, em vez da lei primeiramente indicada, for o juiz a
escolher qual a lei a aplicar em vez dessa; será fechada se diz ao juiz que não tem de aplicar esta, mas, nesse caso, tens
de aplicar aquela. É fechada: pode não aplicar a da nacionalidade, mas, se o não fizer, tem de aplicar a lei da residência.

Art. 8.º/4 Regulamento Roma I. É uma cláusula de exceção. Porquê? Porque está a permitir ao juiz não aplicar a lei
indicada pelo legislador conflitual. F ou M? Formal. O juiz só desaplicará a RC se outra lei tiver uma conexão mais estreita.

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E é aberta ou fechada? Aberta. O ponto não é o critério para desaplicar, é saber se diz lá um outro elemento de conexão
que deve seguir, em vez do principal. São flexibilização, porque permitem desaplicar a regra de conflitos. Vantagens? CEF:
permitem aplicar uma lei efetivamente mais próxima. CEM: permitem realizar um determinado resultado material.

Nas CEA, a CE diz ao juiz que, se quiser, pode não aplicar esta e é o juiz que decide qual a que vai aplicar; é fechada
se for o próprio legislador a indicar. As CE podem ser GERAIS ou ESPECIAIS. As especiais funcionam no domínio de uma
concreta regra de conflitos.

Há sistemas que têm CEG; é o caso da lei suíça; é aplicável a todas as regras de conflitos. Sempre que o juiz estiver a
mobilizar uma regra de conflitos, para aplicar outra que considere mais próxima. Quais as que flexibilizam mais? As abertas
ou as fechadas? As gerais ou as especiais?

Pretende-se responder às críticas de qual dos AA. americanos? Cavers. Porquê? Porque era ele que dizia que a RC
não dá qualquer poder ao juiz para escolher a lei.

2. MATERIALIZAÇÃO.

Isto tem que ver com as preocupações do DIP. Segundo Savigny, a justiça do DIP é uma justiça meramente formal.

O que é que Savigny desconsiderava? O resultado a que a lei conduz. AA. americano que pôs isto em causa? Cavers: o juiz
deve escolher a lei mais justa. Hoje, dividimos as RC em duas categorias: regras de conflitos com conexão puramente localizadora
– escolhe a lei aplicável por atenção à proximidade. Ao lado destas, apareceram as regras de conflitos de conexão material.

São RC que escolhem a lei aplicável em função de um determinado resultado.

Art. 65.º CC. CMA: 4 elementos de conexão → lugar da celebração; nacionalidade no momento da declaração; nacionalidade
no momento da morte; lei indicada pela RC do país em que o testamento se fez. O juiz aplica uma. Qual? A que melhor
realizar o objetivo do legislador. Qual é o objetivo? Validade formal do testamento (“são válidas quanto à forma”). Temos
aqui uma regra de conflitos de conexão material. As conexões múltiplas alternativas são normas de conexão material. Será que
um sistema de conexão única pode ser uma regra de conflitos de conexão material? Art. 62.º → nacionalidade do autor da
sucessão ao tempo da morte. RC de conexão puramente localizadora. É possível utilizar conexões únicas com conexão material.

Art. 50.º CC. A e B nacionais e residentes em Portugal e tudo em Portugal; foram casar aos EUA. A lei de Las Vegas
permite que o Elvis case estes Srs. Qual é a lei mais próxima? A portuguesa. EC: local da celebração do casamento. O
legislador parte de um princípio: se eu casar no Botsuana; à partida, qual é a lei que eu respeitei ao celebrar o casamento?
São as pessoas do Botsuana; logo, parte do princípio que, em regra, quando uma pessoa casa, respeita, quanto à forma, a lei
do local onde casa. Então, ao escolher a lei do lugar da celebração, o que é que o legislador quer? A validade do casamento.

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O art. 50.º adota um SCU, mas é uma regra de conflitos de conexão material. Há regras de conflitos que escolhem a lei
aplicável, atendendo ao resultado a que a aplicação desta lei conduz.

3. POLITIZAÇÃO (OU PUBLICIZAÇÃO).

O DIP atende às políticas legislativas por trás das normas potencialmente aplicáveis. Preocupação de Currie e
Ehrenzweig. Como? Em três institutos.

O primeiro é o nosso método de qualificação: o nosso MQ atende às políticas legislativas das leis. Segundo, adaptação.

O que é isto?

É um instituto do DIP que permite ao juiz modificar o sistema (manipular as RC), para garantir o cumprimento das políticas
legislativas das leis envolvidas.

Estou a dar uma solução que não corresponde à política legislativa de nenhuma das leis em contacto; então, vamos abrir o
manual na parte da adaptação. Terceiro: apareceram normas espacialmente autolimitadas. Não são regras de conflitos; operam
ao lado das regras de conflitos. São normas materiais. S

ó que são normas materiais espacialmente limitadas: são normas materiais que determinam o seu próprio âmbito de aplicação
e, por isso, prescindem da regra de conflitos. E não por razões de proximidade. Por atenção à política legislativa que visam
realizar.

Porque é que prescindem da RC? Porque definem o seu próprio âmbito de aplicação. Elas são um método autónomo de DIP,
diferente das RC e que vigora, em paralelo, com as RC’s (pluralismo metodológico). Estas normas subdividem-se em duas
categorias: normas de aplicação necessária e imediata e normas espacialmente autolimitadas em sentido restritivo. As NANI são
NEA, logo, são normas materiais e autolimitadas, ou seja, determinam elas próprias o seu âmbito de aplicação por atenção à
política legislativa que visam realizar e determinam o seu âmbito de aplicação para mais casos do que aquilo que resultaria
da RC. Necessária porque se aplicam, mesmo que a RC esteja a indicar como competente outra lei. Imediata, porque já
sabemos que as vamos aplicar antes sequer de consultarmos a RC. Aplicam-se, no fundo, a casos que têm pouca ligação com
o foro. As NANI’s subdividem-se em normas explícitas e normas implícitas. Isso tem que ver com a sua autodeclaração como
NANI’s.

Como é que sabemos se uma norma material é uma NANI?

1. As explícitas declaram-se como NANI’s.


2. As implícitas não se declaram, mas a jurisprudência e a doutrina retiram da respetiva política legislativa o seu âmbito
de aplicação. Para realizar os objetivos políticos em causa, é preciso aplica-las a mais casos.

Art. 23.º. Independentemente da RC, as normas aplicam-se sempre que o contrato apresente uma conexão estreita com
o território português. As normas deste diploma não se aplicam apenas nos casos indicados pela RC, mas sempre que o
contrato tenha uma conexão estreita com Portugal. Porque é que passa por cima? Interesse político-legislativo em proteger
o aderente. Interesses político-legislativos muito relevantes: interesses tão importantes que justificam que o legislador passe
por cima dos interesses do DIP.

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Expressa ou implícita? Expressa. Se se declara ou não como aplicável, independentemente da regra de conflitos.

E NANI’s implícitas? NANI’s em que doutrina e jurisprudência entenderam o interesse político-legislativo que visam
realizar só se alcança se a norma se aplicar a mais casos. Art. 53.º CRP.

A quem será que o legislador quer aplicar isto? Portugueses, residentes em Portugal e aqueles que trabalhem em
Portugal. NANI implícita.

A e B, suecos, residem em Portugal, casados em regime de separação de bens; A decidiu vender a casa; B foi ao art.
1682.º-A/2. Art. 52.º CC. Nacionalidade comum: lei sueca que permite vender a casa de morada de família sem o
consentimento de um dos cônjuges. O art. 1682.º-A/2 é uma NANI implícita. Que tutele um interesse fundamental do
foro e que esse interesse só se realize através da sua aplicação a mais casos. Aplica-se aos casos em que casa de morada
seja em Portugal. Isto não é materialização; não se pretende alcançar um certo resultado material; interesse político-
legislativo fundamental deste Estado; não é o interesse das partes que está em causa. Duas notas. Quando tivermos NANI
do foro e a RC estiver a mandar aplicar lei estrangeira: aplica a lei competente em tudo o que não contradisser a NANI
(pluralismo metodológico). E se aparecer uma NANI que não é do foro, mas que é estrangeira? Uma norma que tutela
um interesse jurídico fundamental e delimita o seu âmbito de aplicação? Suecos, casaram na Finlândia e a lei finlandesa
tem uma NANI. O que deve o juiz fazer? Passar por cima da RC ou desconsiderar a NANI finlandesa? O que fazemos
às NANIS estrangeiras?

A, português residente em Portugal, tem um pai adotivo de nacionalidade portuguesa e residente em Marrocos e tem
um pai biológico, nacionalidade Portuguesa e reside em Portugal. Os pais morreram. Qual é a lei que vai regular a sucessão
destes Srs.?

Art. 21.º do Regulamento das Sucesões. Residência habitual do de cuius ao tempo do falecimento. Logo, à sucessão do pai
adotivo aplicamos a lei marroquina. À sucessão do pai biológico aplicamos a lei portuguesa. Art. 21.º/2 → cláusula de
exceção especial, formal e aberta. Segundo a lei marroquina, os filhos adotivos não são herdeiros. Na lei marroquina, a
adoção não corta os efeitos sucessórios dos pais biológicos. Ao pai biológico, aplicamos a lei portuguesa. Ele não é herdeiro do
pai biológico. Não herda do pai biológico nem herda do pai adotivo.

Porque é que a lei portuguesa diz que o filho adotivo não herda do pai biológico? Porque herda dos adotivos. Isto não
corresponde ao interesse político-legislativo nem de Portugal nem de Marrocos: acidente técnico do DIP. O DIP é uma fábrica
de automóveis que os constrói com peças de marcas diferentes; pode, então, suceder que as peças não encaixem bem.

Estamos a chamar uma parte de cada sistema jurídica. Ao aplicarmos dois pedaços, chegamos a um resultado que não
corresponde à PL de nenhum dos EM. A adaptação permite ao juiz modificar o sistema de DIP para que ele não desencadeie
consequências que não são queridas por nenhuma das leis envolvidas.
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Que diz BM? Difícil e perigoso. Perigoso porque é uma autorização ao juiz para derrogar todo o sistema. Difícil porque como
é que o juiz há-de fazer esta adaptação? Proposta de Ferrer Correia. O que é que o juiz vai manipular? Regras de conflitos
ou normas materiais? Regras de conflitos. Porquê? Porque quem criou este problema foi o DIP (Magalhães Collaço entende
que se devem mudar as normas materiais). Mudem-se as RC’s como? Autorização para mudar o menos possível para atingir
a política legislativa das leis envolvidas. Art. 21.º RES. Mudamos o art. 21.º. Como? Mudar o elemento de conexão de
residência para nacionalidade. Mecanismo de politização porque obriga o juiz a pensar nas políticas legislativas das leis
envolvidas.

28.10-aula teórica 6-enviada colega Davide


Normas espacialmente autolimitadas. Normas materiais que estabelecem quando é que se aplicam e que, por isso, não utilizam
a RC.

Normas de aplicação necessária e imediata: tutelam um interesse político-legislativo muito forte; interesses fundamentais do
legislador; logo, aplica-se a mais casos.

As NANI’s podem ser explícitas ou implícitas: se o legislador as declara como NANI; se o legislador as não declara, mas
pela análise da política legislativa subjacente, chegamos à conclusão que é uma NANI. As NANI’s não se aplicam a todos os
casos; o âmbito de aplicação espacial existe.

Art. 53.º: quando o trabalhador for português; quando o trabalhador resida em Portugal; quando o local de trabalho seja
em Portugal.

Art. 1682.º/A-2: quando a casa de morada de família sejam em Portugal.

A RC manda aplicar L1 e há uma NANI do foro (local em que se está a resolver o problema); o que é que o juiz faz?
Ele já sabe que tem de aplicar a NANI: é uma norma de aplicação necessária (aplica-se, mesmo que a lei competente seja
uma lei estrangeira).

E se houver uma NANI que não é portuguesa? Deve o juiz dar relevância a NANI’s estrangeiras ou também do foro? Se
a NANI for de uma lei estrangeira considerada competente pela RC, problema não há.

Duas posições.

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A. Teoria do estatuto obrigacional: o juiz deve obediência

(1) às NANI’s do foro e

(2) às NANI’s estrangeiras da lei indicada como competente pela RC. Qual é a base desta tese? Só podemos aplicar
NANI’s de uma lei que seja, para nós, importante; que seja, para nós, relevante na solução do caso. Quais são as leis
relevantes para nós? As do foro, porque é o local onde se está a decidir, e as da lei competente.

Posição de Ferrer Correia que é a tese maioritário.

B.Segunda: teoria da conexão especial:

1.o juiz tem de aplicar as NANI’s do foro; as NANI’s da lex causae (lei competente);

2.e, ainda, as das leis que tenham uma conexão especial com o caso, uma conexão específica ou importante com o caso, ainda
que não seja a lei competente.

A preocupação disto é a HJI (acordo entre vários sistemas quanto à lei aplicável): onde quer que o problema se venha a
por queremos aplicar a mesma lei; para garantir a estabilidade das RPI.

Se há uma conexão especial com a ordem jurídica espanhola, pode suceder que o caso seja posto a uma autoridade espanhola.

Rui Moura Ramos. Dentro desta tese, há várias gradações.

Vamos aprender uma. Defendida por Lima Pinheiro. É uma gradação da TCE: aplicamos NANI’s do foro, da lei competente
e das leis que tenham uma conexão especial com o caso, mas não todas, só as que tenham determinada conexão especial,
previamente, escolhida pelo legislador.

P. ex.: as do foro, as da lei compentente, as do local da celebração do contrato e as da nacionalidade do trabalhador. O


legislador tem que resolver, previamente, este problema. Se o legislador nada disse, só aplicamos as do foro e as da lei
competente.

O DIP português não impõe um método sobre a aplicação das NANI’s.

Contudo, há alguns domínios que não são resolvidos pelo DIP de fonte interna, mas sim pelo DIP de fonte europeia e o legislador
deu solução. O art. 9.º/1 RRI não é uma NANI; é uma definição de NANI.

O art. 9.º/2 dá autorização ao juiz para aplicar as NANI’s do foro. O art. 9.º/3 diz-nos o que fazer às NANI’s
estrangeiras.

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Porque é que o art. 9.º/3 não consagra a tese do estatuto obrigacional? Permite aplicar normas que não são nem do foro
nem da lei competente.

Quais? As do país do local do cumprimento das obrigações.

Conexão especial limitada de Lima Pinheiro. Nesses casos, o juiz é obrigado? Não. 2 pontos. Não diz são aplicáveis; diz pode
ser.

Segundo, só pode aplicar num determinado caso: se essas normas tornarem o contrato ilegal. Chamamos a isto discricionariedade
(discricionariedade não é arbitrariedade).

Porquê? Como é que o juiz deve fundamentar? Art. 9.º/3 in fine que estabelece critérios. Primeiro, damos prevalência às
NANIS do foro; a seguir, há critérios se houver incompatibilidade entre as várias NANI’s chamadas.

Teoria da conexão especial com norma de autorização; TCE limitada; TCE mitigada. Determinam a sua aplicação para mais
casos do que aqueles que resultaria da regra de conflitos. NEA em sentido restritivo: são normas materiais; determinam o seu
próprio âmbito de aplicação; em sentido restritivo. Restritivo em relação ao quê?

Em relação à RC: exijo um requisito adicional para me aplicar; não basta que a RC me mande aplicar. Aplicam-se a menos
casos. Não basta que a RC me mande aplicar; restringem o âmbito de aplicação dado pela RC. EIRL. Art. 33.º: aplicaríamos
as normas do EIRL quando a sede fosse em Portugal. Sede e estabelecimento principal.

Porque é que o legislador estabelece estas nromas? O legislador só quer regular situações que tenham um contacto muito intenso
com o foro; só tenho interesse em regular as situações muito ligadas a este ordenamento jurídico. É politização na mesma porque
levamos em conta os interesses político.legislativos: só regulo as coisas que estejam mesmo debaixo da minha alçada. São muito
raras. Suponhamos um EIRL com sede em Portugal, mas com estabelecimento principal em Espanha. Temos em Portugal um
pluralismo metodológico; não deixamos de usar o método conflitual; a RC dizia que era a lei portuguesa; a regra diz que não
basta; como é que saímos daqui? A RC mandou aplicar a lei portuguesa; este diploma não se quis aplicar. Como é que saímos
daqui? Aplicamos todas as normas da lei portuguesa que não sejam este diploma: p. ex., o CSC.

JURISDICIONALIZAÇÃO. (Método da referência ao ordenamento jurídico competente (Itália)).

Muitas vezes, hoje, o legislador usa o mesmo elemento de conexão quer para a lei aplicável, quer para a competência
internacional. Onde é que isto é visível? Nos Regulamentos da UE em que há este esforço. P. ex.: art. 21.º Regulamento
Europeu das Sucessões → residência do de cujus; são competentes os tribunais da residência do de cuius. Que é que ganhamos
com isto? Reduzem-se os casos de aplicação de lei estrangeira. Não é método jurisdicional, porque continua a tratar as coisas
separadamente. Caso n.º 5 – que regra de conflitos é que deve ser utilizada? O problema da qualificação é saber como
pegar num caso e como reconduzi-lo à regra de conflitos. As motivações jurídico-políticas Ferrer Correia.
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Perguntas

- aceitação da aplicação lei estrangeira

- conflito positivo

- cláusulas de exceção

Caso pratico da lista que não vamos resolver, mas vamos tentar resolver que é o caso 5 e dizer que regra de conflitos deve
ser utilizada. Esse é o problema da qualificação que é como pegar num caso e reconduzi lo a uma regras de conflitos.
Olhar para o caso e dizer qual seria a regra de conflitos que se deve utilizar – problema da qualificação

Aula teórica 31.10-7-enviada colega Davide


A qualificação é o problema da recondunção de um problema jurídico à RC. Está para a RC assim como a interpretação está
para as NM. Dificultado por usar CTJ. A teoria tradicional da qualificação.

Qualificação lege fori: quem faz a qualificação ou caracterização do problema é a lei do foro. Com esta classificação,
encontramos uma regra de conflitos que nos vai indicar uma lei competente (qualificação primária ou de competência).
Apresentávamos estes factos, como se fosse uma situação puramente interna, à lei do foro e vemos como é que a lei do foro
classifica este caso → responsabilidade civil.

Então, vou usar a RC sobre responsabilidade civil. Art. 45.º CC → local da prática do facto → França. Segundo
problema: que normas é que o juiz vai aplicar? Depende.

1. Segundo Ago, todas (chamamento indiscriminado).


2. Segundo Robertson, apenas as normas sobre RC.

Também se chama dupla qualificação.

Porquê? Porque tem dois passo: primeiro, qualificamos os factos para encontrarmos a regra de conflitos e determinar a
lei competente; segundo, quais as normas aplicáveis da lei competente.

Esta dupla qualificação é muito criticável.

Porquê? Não é seguida em Portugal e o TJ proibiu-a quando usamos RC europeias. Primeiro problema, põe em causa o
problema da harmonia jurídica internacional. Vamos ver porquê. Consoante o país em que o problema se ponha, vão-se aplicar
leis diferentes.

Mesmo que as RC pts e argentinas fossem iguais; este método não estragará a HJI? Sentemo-nos na cadeira do juiz da
lei argentina. Apresentamos os factos à lei do foro. O problema é resolvido por uma norma de direito das sucessões. Para a

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lei argentina, o problema é direito das sucessões. O juiz argentino ia usar a RC sobre sucessões, porque, para a lei argentina,
é um problema de sucessões. Logo, aplicaria a lei argentina e o bem seria própria.

Põe em causa a HJI, porque, onde o problema se ponha, vão-se usar RC’s diferentes. Viola o princípio da paridade de
tratamento das ordens jurídicas. Não podemos partir do pressuposto que a lei do foro é melhor do que as outras leis.

Se fizermos uma qualificação primária e dissermos que é um problema de regime de bens, porque é que é um
problema de regime de bens?

Porque a lei do foro assim o diz; desconsidera a lei estrangeira; não quero saber se a lei argentina acha ou não que isto
é um problema de regime de bens. Imagine-se que se está a discustir um trust que um Sr. Inglês deixou num imóvel em
Portugal.

Como é que a lei do foro classifica o trust?

A lei do foro não classifica, porque não há trust em Portugal. Terceiro problema: o SQLF bloqueia perante institutos
jurídicos desconhecidos. QUARTO PROBLEMA.

O primeiro passo da qualificação é absolutamente desnecessário. O primeiro passo é apresentar os factos à lei do foro
para classificar os factos e encontrar uma regra de conflitos e assim escolher uma lei competente. Primeiro, temos que saber
qual é a lei competente. Se nós não qualificássemos os factos, o sistema tornava-se impossível? Não. Podemos chamar leis
diferentes para matérias diferentes. As RC’s já me indicam as leis competentes para as várias matérias.

Em resposta a esta tese tradicional, surgiu, em Inglaterra, a chamada qualificação lege causae (WOLFF). Em
vez de fazermos uma qualificação à luz da lei do foro, vamos fazer uma qualificação à luz da lei competente; não importa
como é que os factos se qualificam para nós; importa como é que a lei competente qualifica aqueles factos. Vamos perguntar
a cada uma das leis que são competentes para uma determinada matéria se elas aceitam ou não essa competência. Quem vai
fazer a qualificação dos factos não somos nós.

A lei competente em matéria de regime de bens é a lei portuguesa. A lei competente em matéria de sucessões é a lei
argentina. Só aplicamos a lei portuguesa se, para ela, isso for regime de bens. Vamos perguntar à lei argentina se, para
ela, isto é um problema de sucessões.

Vantagens:

• não viola o princípio da paridade de tratamento; o que é que nós perguntámos à lei do foro? Nada.
• E o problema da HJI? Não se punha em causa a HJI.

E os institutos jurídicos desconhecidos?

Também não há problema. Problemas.

Quem é que fez a RC do foro? O legislador do foro.

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E quem é que está a dizer o que é sucessões? O legislador argentino. E se a lei argentina disse que sucessões é uma
dança tradicional? Aceitamos que é. Ou seja, o legislador perde controlo sobre o seu juízo conflitual. Segundo problema. A
qualificação serve para subsumir um problema a uma RC; para quê? Para encontrar a lei competente.

O que é que está a dizer?

Quem faz a qualificação é a lei competente.

Mas nós não queríamos a qualificação para determinar a lei competente?Atribui a qualificação à lex causae quando
nós precisamos da qualificação para saber qual é a lex causae. Círculo vicioso. Último problema. Para a lei portuguesa, isto
é um problema de regime de bens, logo, a lei portuguesa aplica-se e o bem é próprio. Para a lei argentina, competente em
matéria de sucessões, isto é um problema de sucessões, logo, a lei argentina aplica-se e o bem é comum. Geram-se conflitos
de qualificações. Ou seja: aplica leis diferentes a matérias diferentes, mas que têm resultados incompatíveis. Este problema
não se gera no método de QLF.

Porquê? Porque se aplica uma só lei. Este problema também existe no nosso método.

Entre nós, não podemos escolher o sistema que queremos, porque o nosso legislador fixou um determinado método de
qualificação. É questionável que o possa fazer, porque a qualificação está para as RC, assim como a interpretação está para
as NM. Ferrer Correia resolveu positivar um método no art. 15.º → epígrafe: qualificações. Este método só é imposto quando
usarmos RC’s de fonte interna; não é, pois, obrigatório nas RC’s de fonte europeia. Aí, o juiz pode escolher o método, salvo
o da QLF, por causa do TJ. Temos que utilizar o nosso método nas RC de fonte interna, podemos nas outras.

O nosso método não é LF nem LC.

Porquê? Porque divide a qualificação em dois passos.

O primeiro é o critério da qualificação que atribui à lei do foro. O objeto da qualificação ou a qualificação propriamente
dita é atribuída à lei competente.

Qual é a grande diferença do nosso método? É que não qualifica factos. Os factos são irrelevantes. O objeto da
qualificação não são os factos. Então, o que é o objeto da qualificação? São normas materiais. Não precisamos de saber se os
factos são sucessórios ou de regime de bens; o que vamos caracterizar são normas materiais. As RC apontam para normas
materiais e não para factos, porque são normas de 2.º grau. As normas aplicáveis em matéria de regime de bens são normas
portuguesas. O ponto está em saber quais são essas normas; nunca se põe o problema de qualificar os factos. O processo de
qualificação tem duas partes: critério da qualificação fazemo-lo à luz da lei foro; e o objeto da qualificação que fazemos à
luz da lex causae. O problema da qualificação é o problema da recondunção de um caso a uma determinada regra de conflitos.
Não fazemos uma qualificação lege fori. Usamos o método de qualificação positivado no art. 15.º que divide a qualificação em
dois passos. O primeiro passo é o do critério da qualificação. A qualificação é a subsunção de um caso numa regra de conflitos.

Então, a primeira coisa a fazer é interpretar a própria regra de conflitos; temos de saber qual é o âmbito da regra
de conflitos e a parte da RC que nos indica o seu âmbito de aplicação é o CQ.

Quando temos uma RC para casamento, como se interpreta casamento? Esta primeira parte atribuímos à lei do foro.
Quem vai interpretar o conceito-quadro é a lei do foro. Mas não é a lei material do foro. O conceito-quadro não têm o sentido
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que lhes é dado pela lei material do foro. Porquê? P. ex.: discute-se a existência de vícios da vontade num casamento celebrado
em Marrocos entre o A, B e C. Art. 49.º → CQ: capacidade para contrair casamento; capacidade para celebrar convenção
antenupcial; regime da falta e dos vícios da vontade.

Problema: o que é casamento? Se interpretarmos o CQ à luz da lei material do foro, podemos ou não usar esta
RC? Não, porque, para a lei do foro, isto não é casamento. Apresentou-se um instituto desconhecido. Os CQ não vão ter o
sentido que lhes dá a lei material do foro; mas sim o sentido que lhes dá a lei formal do foro, isto é, à luz do DIP. Vai
haver uma interpretação do CQ à luz da lei do foro sim, mas da lei formal do foro. Uma interpretação diferente da lei
material do foro.

A interpretação dos CQ é autónoma e teleológica: autónoma, em relação à lei material do foro; e teleológica.

Pq? Porque atende aos fins; aos fins de quem? Da própria RC. Temos de fazer uma I do CQ à luz dos fins do
DIP. Será que o DIP, quando criou uma RC para a CCC, estava a pensar só nos casamentos que o são para a lei portuguesa
ou também queria abranger figuras que não são iguais à lei portuguesa? A segunda. Porquê? Porque o DIP quer dar uma
resposta às relações privadas internacionais. Queria-se dar uma resposta não só ao casamento português, mas também todas
as figuras assimiláveis. Os CQ interpretam-se de forma mais abrangente em relação à LMF. Não só a figura correspondente
da lei do foro, mas também figuras afins, ainda que não sejam exatamente iguais às do foro. Imagine-se a validade de um
repúdio do direito muçulmano.

Que RC usamos? Art. 55.º CC: não é só o divórcio da lei portuguesa; é o da lei portuguesa e todas as figuras
afins. O divórcio privado do direito rabínico: contrato privado sem intervenção de terceiro. A interpretação teleológica garante-
nos uma interpretação mais ampla. A e B são portugueses residentes na Alemanha e compraram cá uma casa; eles têm uma
parceria registada. Na lei alemã, há regime de bens para essa parceira. O conservador quer saber se é bem próprio, bem
comum ou compropriedade.

Qual é a lei aplicável? Olhe para o art. 53.º CC. Conservador, tenha calma, porque o conceito de casamento, para
efeitos do art. 53.º, não é o mesmo conceito usado pela lei material portuguesa: entram também todas as figuras similares ou
afins. EC: nacionalidade dos cônjuges ao tempo da celebração do casamento. É interpretação para o conceito-quadro sempre que
ele estiver a ser utilizado. P. ex.: validade de uma kafala: um adulto toma a responsabilidade de uma criança, mas não
estabelece laços familiares. Talvez possamos usar o CQ do art. 60.º: filiação adotiva; art. 30.º. Discute-se a validade de
uma adoção feita por pessoas do mesmo sexo. 60.º/2. Esta solução da ILF permite-nos não cair nos vícios das últimas teorias.
Conseguimos reconhecer institutos jurídicos desconhecidos para a lei do foro. Não violamos o princípio da paridade de tratamento:
sucessão não é só o que nós entendemos que é sucessão. Não perdemos as opções conflituais do legislador. Costuma-se chamar
AO NOSSO MÉTODO MÉTODO ESCANDINAVO.

Uma vez interpretado o conceito-quadro, importa saber, quando tivermos uma RC a mandar aplicar determinada lei.
Discute-se se há dever de fidelidade entre A portugues e B irlandesa residentes em Espanha – união de facto.

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Podemos usar o art. 52.º? CQ: relações entre os cônjuges. Apesar de isto não ser casamento para a lei portuguesa,
é uma figura afim. NC; RHC dos cônjuges. Não qualificamos factos, qualificamos normas. O problema da qualificação
propriamente é o de saber quais normas da lei que está a ser indicada é que devem ser chamadas. Subsunção das normas
materiais daquela lei ao CQ. Art. 15.º: a competência atribiuida a uma lei (pela RC) abrange somente as normas (não
chamamos todas as normas da lei espanhola, chamamos só algumas, quais) que, pelo seu conteúdo e pela função que têm nessa
lei, integrem o regime do instituto visado na RC. As normas que integrem o regime do instituto visado pela RC. A RC era
sobre relações entre os cônjuges. Não é para a aplicar toda a lei espanhola. Só as normas espanholas que sejam sobre
relações entre os cônjuges. Só as normas relativas à matéria delimitada pelo CQ. Então, vamos ter que classificar as normas
da lei espanhola para saber quais são aquelas que se aplicam às relações entre os cônjuges. Qualificação propriamente dita:
quais as normas da lei indicada pela RC que se subsumem ao CQ da RC. Assim, temos de qualificar as normas. Como é
que o vamos fazer? Como é que sabemos sobre o que é que a norma fala? Atendendo ao conteúdo (aos seus efeitos) e função
(interesse político-legislativo – a sua ratio legis) que desempenham na lei competente.

Primeiro problema: o que é relações entre os cônjuges? Responde a lei do foro. A lei material ou a lei formal? A
lei formal. Depois, vamos ver para que lei é que ela aponta.

Aplicamos todas as normas dessa lei? Não. Só uma parte. Quais? As normas que sejam sobre RC. Logo, temos de
qualificá-las. Como? Atendendo ao conteúdo e à função que essas normas desempenham na lei competente.

Qualificamos factos? Não. Se não perguntamos qual é o problema para nós, então, estamos dispostos a aplicar, em
simultâneo, várias regras de conflitos. Cada RC pode ter um CQ diferente. Como é que se interpreta o CQ? Através da lei
formal do foro. Somos nós.

E como é que interpretamos o conceito-quadro? De forma autónoma em relação ao direito material que é mais
abrangente. Passo seguinte. Para que lei é que cada RC está a apontar. Não fizemos qualificação primária.

Então, que RC usamos? Todas. Estamos dispostos a aplicar leis diferentes a matérias diferentes.

O que é que significa para nós capacidade para contrair casamento? Dará para abranger a capacidade para um
casamento entre várias pessoas? Sim, é uma figura afim. Só depois é que vamos ver a lei que está a ser indicada por cada
RC. Não caímos na patranha da qualificação primária. Utilizamos regras de conflitos para matérias diferentes, porque não
definimos, à partida, que problema é que isto é para nós. Fazemos, depois, um chamamento circunscrito: só as normas da lei
espanhola que são relativas às relações entre os cônjuges.

Como é que se sabe quais é que são as normas espanholas que integram a matéria delimitada pelo CQ? Temos de
analisar cada uma das normas espanholas. O seu conteúdo e a sua função e saber se elas são ou não, pelo seu conteúdo e
pela sua função, normas sobre relações entre os cônjuges.

O que é pode acontecer com este método? Haver conflitos de qualificações: aplicar leis diferentes a matérias diferentes
(pode acontecer, porque usamos várias RC’s) e terem resultados incompatíveis. É por isso que, nalguns países, se mantém o
sistema da qualificação lege fori. Não obstante, o problema do conflito de qualificações nem sempre aparece e tem solução.

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Nota- presenciei as aulas Dr. Leandro e não irei fazer apontamentos de nenhuma aula do Dr,
pois o Doutor fala muito rápido, apenas ouvir para consolidar matéria e eventualmente apontar os
casos práticos enunciados. Mas está tudo apontado nas aulas do Dr. Afonso Patrão.

Aula teórica-4.11-8
O problema da qualificação é recondução de um caso até uma regra de conflitos, mas na nossa tese, o nosso método diz que
não vamos ver se cabe regra conflito A ou B, vamos ver se as normas potencialmente aplicáveis são da matéria A ou da
matéria B. O problema da qualificação aparece quando como é que a partir de um caso encontramos regra de conflitos e
sistema conflitual. O ponto é artigo 15 não qualificamos factos ali estão, factos servem saber normas materiais
potencialmente aplicáveis e depois qualifica-se.

Em Portugal, discute-se validade casamento 2 cidadãos alemães, residem Alemanha mas casaram na Grécia. Problema-
temos normas alemães dizem que casamento é valido se consentimento tiver sido prestado perante oficial publico ( como
conservador registo civil). Já as normas gregras dizem que forma do casamento é junto da igreja ortodexa grega.
Problema- repare-se a lei alemã ve problema como requisito substancial de casamento.

• Poe-se problema casamento ser válido ou não. Temos situação absolutamente internacional. Temos que ver se é
problema de substancia de casamento ou de forma de casamento. Requisito validade substantiva para a
Alemanha, para a Grécia é um problema de forma de casamento.
• Artigo 50 CC- conceito-quadro “ forma do casamento “; já se for substantivo do consentimento, material a
regra de conflitos utilizável é o 49 CC , conceito quadro “ capacidade contrair casamento e o consentimento”-
questão, qual regra de conflitos que aplicamos ?
• Pergunta-se – é problema de forma de casamento ou substancia do casamento ?

Parece bem? Escolho uma invés da outra? Como vou encontrar a regra de conflitos?

PROBLEMA DA QUALIFICAÇÃO coloca-se. Portanto, a qualificação é feita através de olhar aos factos e
classifico os factos , sendo problema forma casamento ou requisito? NÃO! ARTIGO 15 proibe. É irrelevante
se para lei portuguesa é problema de requisito do casamento ou forma do casamento , há qualificação legi foro.
Senao faço isto, faço o que?

QUALIFICO NORMAS POTENCIALMENTE APLICÁVEIS DOS VÁRIOS ORDENAMENTOS CONECTADOS:

Temos que 1º interpretar conceito-quadro – o que significa forma de casamento? Forma de casamento autonoma
pelo direito material e teleológica, aquilo que legislador conflitual queria abranger quando criou regra de conflito
sobre forma de casamento, ou seja, alem do civil ou litigioso também outras formas que outros ordenamentos
reconheçam ( como os privados ex).

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Após interpretar, o 2º passo é ver que leis são chamadas para cada uma das matérias enunciadas no conceito-
quadro. No artigo 50º e 49º, qual lei chamada no conceito-quadro? No 50º , o elemento de conexão qual é?
Local onde foi celebrado, logo na Grécia , a lei grega aplica-se forma do casamento. Já no 49º , a lei da
nacionalidade de cada um cônjuge, logo a lei alemão. Eu não perguntei lei portuguesa se é problema forma ou
requisito do casamento. Digo que aplico leis diferentes a matérias diferentes.

Mas toda a lei grega aplico? Só uma PARTE, as normas que dizem respeito , através do seu ( 15º)
CONTEUDO e FUNÇÃO relativas à matéria em questão. As normas gregras aplicadas à forma do casamento.
Quanto requisitos substanciais, a lei alemã que pelo CONTEUDO e FUNÇÃO em relação aos requisitos
substanciais. Normas sobre forma- lei gregra; normas consentimento- lei alemã.

Ou seja, perante um caso não perguntamos para nós que problema é essa !

O sistema funciona 99 % das vezes bem, mas 1 % mal. Logo , há vezes em que HÁ PROBLEMA e temos que resolver e
saber como fazer.

A lei grega dizia que tinha ser perante igreja ortodoxa e a lei alemã dizia que consentimento perante oficial
publico civil.

Aplicamos só uma parte da lei gregra- O QUE DIZ A NORMA GREGA? A forma é perante igreja
ortodoxa. Temos que QUALIFICA-LA ( conteúdo e função da norma e perceber se diz respeito a que
matéria – norma sobre que? Sucessões? Direitos reais?)

Portanto, esta norma vai ser qualificada:

Norma sobre o que? FORMA DE CASAMENTO- conteúdo é qual? Porque? Conteúdo é estabelecer qual
forma, formalidades e a função , o legislador grego tem esta norma para estabelecer o ritualismo a seguir
no casamento. Tanto conteúdo e função é uma norma relativa à forma do casamento. E encontramos no
artigo 50, qualificamos a norma como relativa da matéria do artigo 50. Recuperamos conclusão 50 à luz
do artigo 15º - é matéria de forma do casamento aplicamos normas da lei grega, só normas que pelo
CONTEUDO E FUNÇÃO relativas À forma do casamento.

É o caso? SIM! A norma deve se aplicar ao caso ou não? SIM. Relativa forma do casamento aplicamos a
norma grega, que diz que tem que ser perante igreja ortodoxa gregra.

Mas caso não terminou. Temos que qualificar também a NORMA ALEMÃ.

Que é uma norma que fala que só é valido perante registo sob oficial publico, no momento casamento prestado
perante oficial civil.

Vamos QUALIFICAR A NORMA ALEMÃ- como? CONTEUDO e FUNÇÃO no seu próprio sistema.
Portanto , o conteúdo desta norma estabelece requisito validade substantiva/ material do casamento ,e a

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função é assegurar que o consentimento é válido, a regularidade do casamento, validade do casamento, genuino
verdadeiro, esclarecido. Atendendo a este conteúdo e função é uma norma sobre o que? Sobre substancia do
casamento.

Portanto, subsume-se à regra de conflitos do artigo 49º , na matéria de esclarecimento consentimento


aplicamos que normas? Aplicamos a norma alemã. Logo aplica-se .

Portanto, aplicamos normas diferentes a matérias diferentes. MAS FICAMOS COM SOLUÇÃO INCOMPATÍVEL!

E agora?

Aplica-se norma grega ? SIM! E aplica-se a alemã? SIM! Temos resultado incompatível . Isto devia
acontecer? NÃO !

Em 99 % dos casos não acontece, nosso sistema está construído para isto não acontecer. Mas acontece .

Porque aqui aconteceu?

As matérias não sempre estanques, há regras matéria A QUE PROJETAM matéria B e da B e na A.

Mas e agora? Que fazemos?

A isto dá-se o nome CONFLITO QUALIFICAÇÕES!

Na teoria tradicional qualificação isto acontece?

Não ! Para mim, lei portuguesa este problema é de forma ou substancia? Supondo forma, apontamos para
uma única lei. Não teríamos problemas. Daí sendo um ARGUMENTO A FAVOR. Não gera conflitos de
qualificações. Mesmo com todos defeitos, existem sistema lege fori . Em todos os casos há problemas , em
todos casos há problemas .

Mas e nós , como resolvemos isto? Em Portugal?

Já o nosso problema é raro, acontece muito raramente .Os conflitos de qualificações são raros. Pois
aplicamos leis diferentes. Mas tem SOLUÇÃO !

1.CONFLITOS POSITIVOS QUALIFICAÇÕES- aplicamos leis diferentes a matérias diferentes. E as


leis chamadas para cada uma das matérias tem normas incompatíveis. Ou seja, as normas gregas sobre
forma do casamento são incompatíveis normas alemãs sobre a regularidade do consentimento.

1º passo : Há conflitos que são APARENTES, parece que há um conflito mas não há, juiz tem que tentar
compatibilizar as 2 noemas, interpretar normas gregas e alemãs e aplicar as duas. Dr. diz que os
tribunais já nem o fazem, para chegar ao conflito é porque não dá para compatibilizar, mas dogmaticamente
temos que o fazer.

2º passo: quando sejam VERDADEIRAMENTE INCOMPATIVEIS, teremos que privilegiar uma . O que
há a fazer é escolher uma , se chegarmos a esse ponto , devemos escolher entre regras de conflitos ou

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normas materiais? Devemos escolher aplicar norma grega ou alemã ( materiais )? Ou devemos aplicar a
regra de conflito da forma ou substancia, previamente ? Quem criou o problema foi o DIP, logo resolvido
nível do DIP , à partida não vamos olhar ao conteúdo das normas materiais. Critério é escolher regra de
conflitos dá substancia ou da forma. E como escolher? A doutrina portuguesa e jurisprudência enunciou 3
CRITÉRIOS( ORIENTAR LEGISLADOR) :

1. CRITÉRIO – SUBSTANCIA VS FORMA- prevalece a substancia. É fundamental


fundamentar. Porque? É preciso justificar pois não consta na lei – lembrando o caso Elvis
que casa pessoas, forma do casamento- local de celebração , e não era por ser mais próxima
era por haver conexão material do casamento sendo maneira conseguir validade do casamento.
A conexão para a forma não é mais próxima, é por estar pelo FAVOR NEGOCIO, tornar
válida. Já a substancia é a forma mais próxima, no nosso caso seria a alemã, pois são
alemães e residem alemães, a forma escolheu privilegiar forma do casamento. O legislador
efetivamente escolhe a substancia como lei mais próxima.

Respaldo positivo para esta tese- numa conexão múltipla alternativa, ex o 65º forma do
testamento – validas quanto forma , desde que cumpra local celebrado ; lei pessoal ; ou
momento morte; ou ainda a lei para que remeta regra conflitos onde fez testamento. Para a
forma é qualquer uma destas quatro. No nº2 do 65 “ porém , exeção , a lei pessoal autor
herença a lei da nacionalidade mostre - remissão 62º - lei que regula substancia da
sucessão exigir determinada forma, esta exigência é respeitada . Legislador neste diz que se a
lei substancia tiver requisitos destes para tudo , vale é a lei da substancia. PORTANTO
LEGISLADOR PREFERE LEI DA SUBSTANCIA. Porque ? É que legislador entendeu
coimo mais próxima.

Na lei o 65/2 e 36 /2 – não falo qualificação forma quando entra em conflito com
qualificação substancia.

Resolvendo o caso, se o consentimento tivesse prestado perante oficial publico, logo sacrificamos lei grega e prevalência substancia.

2. CRITÉRIO- próxima aula


3. CRITERIO-próxima aula

2.CONFLITO NEGATIVO (próxima aula).

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Aula teórica 7.11-9
Considerações outra aula : O que é isto do CONFLITO DE QUALIFICAÇÕES? Aplicamos leis diferentes a matérias
diferentes, mas pode acontecer as matérias se sobreporem, chamamos normas natureza diferente mas são incompatíveis e aí
dá-se o nome de CONFLITO POSITIVO DE QUALIFICAÇÕES. Como isto se resolve? Tentamos harmonizar. E temos
que escolher entre REGRAS DE CONFLITO. E tínhamos 3 critérios, já tínhamos visto 1 – substancia vs forma-
prevalece a substancia , porque? Porque a lei efetivamente mais próxima . Vamos dar os outros 2 critérios:

Senhor italiano, residia em Portugal e deixou imoveis emInglaterra e os tribunais. Não fez testamento , não tinha familiares
nenhuns e morreu residente em Portugal. Temos regras de conflitos diferentes para matérias diferentes- 62 e 46º.

• No 62º . nacionalidade ao tempo do falecimento”- manda aplicar a lei italiana, só normas que pelo seu conteúdo e
função que desempenham na lei italiana sejam relativas à sucessão. Para Itália era uma norma de sucessão .
Conclui-se norma sucessória que diz que o estado italiano era herdeiro.
• Já o 46 º- local situação da coisa- a coisa estava em Inglaterra- em Inglaterra há uma norma que estabelece
direito real , diz que o decuius não tenha familiar, há direito real de ocupação pela Coroa Inglesa. Era
competente lei inglesa para direitos reais.

Logo aplica-se a lei italiana e inglesa. Para quem vai agora? Temos CONFLITO QUALIFICAÇÕES! Leis diferentes
a matérias diferentes, a lei italiana aplica-se sucessões e lei inglesa aos direitos reais , mas tem RESULTADOS
INCOMPATIVEIS.

E AGORA?

1º tentar harmonizar 2º critérios hierarquização : 1. Substancia vs forma – não resolve e depois estes 2 que vamos
ver abaixo ( 1º já vimos aula passada)

2.CRITÉRIO- ESTATUTO REAL ( direitos reais ) vs ESTATUTO PESSOAL ( matérias elencadas


artigo 25º- sucessões, estado pessoas e relações familiares, capacidade )- e é o nosso caso. O que
prevalece? Principio da efetividade parece levar a prevalecer o estatuto real. O que é principio efetividade?
Escolher a lei do estado em condições fazer cumprir os seus preceitos . Temos que preocupar em não criar
decisões que não criam efeitos no local / pais onde queremos que produza. Onde queremos que produza
efeitos? INGLATERRA- é onde estão os imoveis. Se aplicássemos a lei italiana, a decisão não seria
reconhecida no local onde queríamos que efetivamente resultassem os efeitos. Na Inglaterra é verdadeiramente
onde queremos que os efeitos sejam produzidos. Logo ESTATUTO REAL tem preferência , porque é esse
em que o Estado do local da coisa está em melhores condições fazer valer os seus preceitos. Escolher estatuto
pessoal teria risco de não ter efeitos a decisão onde queríamos que tivesse, que é o local da situação da coisa.

3.CRITERIO- ESTATUTO SUCESSÓRIO vs ESTATUTO FAMILIAR- lei aplicável da sucessão vs


lei aplicável entre conjugues , em matéria proteção do cônjuge sobrevivo. No nosso sistema, quando A morre,
o B é herdeiro . Ex, conjugues casados em regime de separação de bens , não havia bens comuns , se
casamento acabar por morte, no momento da morte no momento morte transforma-se em regime de comunhão
geral, na lei sueca , assim o cônjuge sobrevivo fica protegido mas não por ser herdeiro. Porque cônjuge não

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é herdeiro? Em Portugal isto não acontece, o regime bens não muda pelo momento da morte. Qual deve
prevalecer?

Ex, Lei sueca interviria no regime bens e a lei portuguesa aplicava-se à sucessão. CONFLITO POSITIVO-
qual devemos fazer prevalecer? Os tribunais portugueses dizem que em principio PREVALECE REGIME
MATRIMONIAL- porque funciona cronologicamente primeiro , depois funciona a sucessão. Havendo soluções
incompatíveis , prevalece o regime matrimonial.

Autor Alemão- KEGEL- cria EXEÇÃO! Salvo se o regime matrimonial mudar no momento da morte. Nestes
casos diz este autor que prevalece, como o facto mudou o regime de bens foi a MORTE, se deve dar
prevalência À SUCESSÃO!

Senhor A e senhora B são alemães, residem em Portugal, a fazer Erasmus, conheceram-se na latada e senhor A prometeu
senhora B de casamento- promessa de casamento. Acontece que foi fazer estagio a frança e em frança , quando a senhora B
foi visitar o senhor A, o senhor A tinha violado a promessa de casamento e não casava, Regra de conflitos 45 CC e 52
do CC.

Portanto…

• 45- conceito-quadro é responsabilidade civil – remissão regulamento roma 2- substituir o roma 2 o 45


execto quando responsabilidade civil em relação a direitos de personalidade. Portanto continuamos a utilizar
o 45 neste caso.
• 52- conceito-quadro é relações entre conjugues .

Qual problema se colocou nos tribunais portugueses? Senhora B já tinha contado a avó e pediu indeminização
aos tribunais portugueses pela quebra da promessa de casamento.

Juiz português diz que é uma situação plurilocalizada- tem que utilizar o DIP. E foi buscar estas duas regras
de conflito.

• 45- indica local do facto que originou prejuízo- que foi na França- logo manda aplicar a lei francesa
( pressupondo lei francesa também se considera competente )
• 52- interpretação teleológica e autónoma do conceito cônjuge na lei portuguesa- onde cabem os esponsais.
Manda aplicar que lei? A lei da nacionalidade comum, que é a lei alemã .

Em matéria da responsabilidade civil normas francesas relativas à responsabilidade civil e em matéria das
relações entre conjugues normas alemãs relativas as relações entre cônjuges.

• Supondo que na França indeminização de 500 a senhora B- pelas normas gerais


• Lei alemã- tem normas especiais – davam indeminização de 700 à senhora B

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E agora? CONFLITO POSITIVO DE QUALIFICAÇÕES. O juiz o que faz? 1º tenta harmonizar 2º
passa para os critérios - 1º critério – substancia vs forma – substancia; 2º critério- estatuto pessoal vs
real- real ; 3º critério- sucessório vs matrimonial- matrimonial , com exeção.

Nenhum destes critérios irá resolver esta questão. Dr. Ferrer Correia diz que perante os 3 critérios, que
tentam escolher entre regras de conflitos, não há outra coisa senão ESCOLHER ENTRE NORMAS
MATERIAIS- não escolhemos só uma, tem que se passar como se tivessem sido recebidas. Tanto a geral
francesa como a especial alemã. Temos que ver o que o juiz faria.

Juiz aplica as 2- como resolveria se fossem as duas da lei portuguesa, se fossem internas? PRINCIPIOS
GERAIS DE APLICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DO DIREITO- aplicaríamos a norma especial.

E se fossem as duas gerais ou especiais?

A MAIS RECENTE- PREVALECE SOBRE A MAIS ANTIGA.

Os conflitos de qualificação são o que ? É uma autorização ao juiz para manipular as regras de conflitos. Logo, este instituto
em que juiz fica com autorização quando bloqueasse chama-se ADPATAÇÃO. Tanto como nas REGRAS DE CONFLITO
como nas NORMAS MATERIAIS ( para a doutrina de Coimbra devem-se fazer nas de conflito, só quando tudo falhar
passamos às materiais ). As adaptações são vinculativas? NÃO! É como uma interpretação pelo juiz. O juiz é que ve como
vai interpretar o sistema.

Morreu senhor sem família nenhuma, tem nacionalidade inglesa, imóvel está em Roma. Regra de conflitos utilizada é 62 e
46 CC.

• 62- lei pessoal- nacionalidade- britânica – lei inglesa vai se aplicar como da sucessão, só uma parte, as normas
inglesas relativas às sucessões. Como resolve este caso? Ocupação pela Coroa. Norma real- aquisição pelo estado
dos imoveis. A lei inglesa estabelece norma real , subsume-se no conceito-quadro do 46º , então norma inglesa
não se aplica.

• 46- lei situação coisa- lei italiana- só normas pelo conteúdo e função relativas aos direitos reais- como resolve o
caso? Norma sucessória. Em matéria direitos reais aplicamos a norma italiana. Não aplicamos matéria italiana
noutra matéria , e a lei italiana utiliza norma sucessória. Subsume-se no conceito das sucessões e em materia
sucessões é a inglesa. A matéria italiana é apkicavel em direitos reais, mas esta norma italiana não é de direitos
reais.

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2.CONFLITO NEGATIVO de QUALIFICAÇÕES- Chamamos leis diferentes- italiana e inglesa- para matérias diferentes-
direitos reais e sucessões ( até aqui parece conflito de qualificações positivo) , nenhuma das normas designadas tem natureza
para as matérias que foram chamadas. A norma inglesa não tem norma sucessória e a italiana outra não tem de direito
reiais . A lei designada pelas nossas regras de conflito não tem norma da matéria /titulo que foram chamadas.

O que faz o juiz perante caso destes?

Há pelo menos 50 formas diferentes, mas a que estudamos é a dada pelo Dr. Ferrer Correia. Os conflitos negativos
qualificações são muito raros. O Dr. Ferrer Correia:

1ºpasso: TEMOS ESCOLHER QUAL A LEI QUE DEVE PREVALECER A DAR SOLUÇÃO MATERIAL-
quais leis aqui chamadas? Vamos preferir a lei italiana ou inglesa? Temos critérios para isto?

1. SUBSTANCIA VS FORMA

2. ESTATUTO REAL VS PESSOAL

3. SUCESSORIO VS MATRIMONIAL

Algum dos critérios auxiliaria? SIM! REAL VS PESSOAL- escolheríamos o REAL. Vamos escolher a lei que deve
prevalecer através dos CRITERIOS DOS CONFLITOS POSITIVOS DE QUALIFICAÇÕES.

Se assim é, prevalece a REAL- a solução dada é a da lei italiana. Vamos prevalecer a solução lei italiana face à
da lei inglesa.

A lei italiana dizia que o estado era herdeiro, mas conseguimos aplicar? Não é de direitos reais a norma italiana.
TEMOS QUE ARRANJAR FORMA APLICAR A NORMA ITALIANA. Esta norma é SOBRE SUCESSÕES.

Não estamos a conseguir aplicar a lei italiana, pois qualificamos a norma como SUCESSÓRIA. Se tivéssemos
qualificado como norma real, podíamos aplica-la.

E agora?

2º passo : Quem fez a qualificação fomos nós - ADPTAÇÃO- esta norma não é sobre sucessões e sim sobre direitos
reais- QUALIFICAÇÃO SUBSIDIÁRIA- vamos a lei que designamos como prevalecente e vamos requalificar de
modo a podermos aplica-la. Natureza que não tem- manipular o sistema e sendo no fundo uma adaptação. Vamos
faze-la .

O que vamos dizer?

Afinal pensei melhor e é norma real? Vai subsumir-se ao 46º , e em matéria de direitos reais qual a competente?
A ITALIANA e assim sendo APLICAMOS A NORMA ITALIANA.

Resolvendo o caso…

O prédio é do estado italiano.

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Notas:

1. Só há um caso conhecido de conflito negativo de qualificações, este que demos , é mesmo raro haver.

2.Mas afinal é tudo uma bandalheira ( expressão do Dr.) ? Percebendo este conflito, o resto é fácil.

CONFLITOS DE SISTEMA DE DIP (minha matéria favorita)


Vamos ver um determinado problema por força da divergência dos vários países quanto aos elementos de conexão para as
mesmas matérias – alguns acham que é lei A outro B.

ATENÇÃO! Nada haver com o conflito de qualificações . O de sistemas tem haver facto das regras de conflito dos vários
países serem diferentes . Há algum problema pelo sistema dip português ser diferente do sistema dip alemão , gera um
problema ?

O conflito de sistemas, categoriza-se em 2 situações. Pergunta-se :

1. Mas pergunta-se primeiro “ como sabemos no método conflitual qual a lei que regula uma determinada relação
jurídica? Através da REGRA DE CONFLITOS- SITUAÇÃO A CONSTITUIR .

2. Outra pergunta , em que condições reconhecemos em Portugal , uma situação constituída no estrangeiro? Se esse
contrato for válido à luz da lei que a regra de conflitos indicar- ou seja através da REGRA DE CONFLITOS-
logo RECONHECIMENTO SITUAÇÕES JÁ CONSTITUIDAS.

Traz-se um problema

Senhor nacional brasileiro, residente em portugal. E quer perfilhar uma criança, qual a lei nos termos 56º que vai regular
a perfilhação desta criança?

• 56- diz lei da nacionalidade- brasileira- nos estamos a mandar aplicar uma lei estrangeira
LEI PT( 1)---- LEI BRASILEIRA( 2)
Quando chega ao brasil, as autoridades brasileiras vao ver se a situação constituída é valida – em que condições
reconhece-se a validade ? Se for VÁLIDA FACE LEI COMPETENTE- e como sei qual a competente? REGRA
DE CONFLITOS BRASILEIRA.

• Artigo 7º lei braisleira- domicilio- logo em portugal- lei brasileira manda aplicar lei portuguesa

Lei PT ( 1 )---- LEI BRASIL ( 2)

Temos aqui um CONFLITO NEGATIVO DE SISTEMAS- portugal usa nacionalidade, brasil lei domicilio- conflito elementos
de conexão. Utilizam elementos de conexão diferentes. Porque negativo? A lei por nós designada, à luz do seu próprio DIP não
é a lei competente. Perguntas:

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 Porque é mau acontecer isto? Porque poe em causa a ESTABILIDADE DAS RELAÇÕES JURIDICAS
INTERNACIONAIS- no brasil pode ser invalida e em portugal ser válida, ou vice-versa, por se cruzar uma
fronteira pode variar estatuto das pessoas.

 Segunda pergunta- todas as REGRAS DE CONFLITO GERAM ESTE PROBLEMA? Qual a função da regra
de conflitos? Dividíamos em 2 categorias- 1. Bilaterais- escolhem a lei aplicável 2. Unilaterais- a minha lei
aplica-se neste caso e nos outros não sei. Nas 2 isto acontece? Ou só numas? Só nas BILATERAIS- porque?
Mandamos aplicar a brasileira, quem escolheu? Nós. Eu escolho sem perguntar nada a quem? A essa lei. A
regra de conflitos bilateral diz que escolhemos lei aplicável sem lhe perguntar nada. A unilateral apenas diz
que a minha não é, as estrangeiras depois que vejam. Logo é PROBLEMA EXCLUSIVO DAS REGRAS
CONFLITO BILATERAIS. As regras de conflito bilaterais geram conflitos de sistemas.

Português que reside no brasil e quer constituir em portugal uma perfilhação

• 56- lei da nacionalidade- portuguesa


• 7º código brasil- domicílio

Perfilhação constitui-se cá, a luz da lei portuguesa, lei da nacionalidade, para que possa produzir efeitos no braisl tem
que ser válida no brasil, no brasil mandam aplicar lei residência, logo a lei brasileira. Logo no brasil pode não ser
reconhecida a situação , poe em causa a estabilidade das relações jurídicas .

Os exemplos são iguais?

São ambos CONFLITOS DE SISTEMAS DE DIP- elementos de conexão diferentes ( domiclio vs nacionalidade). Mas
diferentes, no exemplo 1 diz que se aplica a lei brasileira e a lei brasileira diz que se aplica a lei portuguesa-
CONFLITO NEGATIVO DE SISTEMAS

Já no exemplo 2, nos desginamos a nos próprios, regra de conflitos manda aplicar a lei portuguesa, desconsiderando que
leis estrangeiras consideram outras leis competentes -CONFLITO POSITIVO DE SISTEMAS. No brasil aplicam a lei
brasileira .

Em comum- divergência elementos de conexão e instabilidade relações jurídicas internacionais. Diferente- um remete para
outro ; remete para si mesmo.

Devemos levar em consideração regras de conflito brasileiras? Isto é o problema dos conflitos positivos do DIP

1. CONFLITOS NEGATIVOS DE SISTEMAS- vários tipos de conflitos negativos de sistema. Existem 4: Mandamos
aplicar lei que a luz do seu dip não se considera competente

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1) Retorno ou reenvio 1º grau- regra de conflitos do foro ( l1) manda aplicar uma lei
estrangeira ( l2 ) . Essa lei estrangeira não se considera competente , e considera sim a
lei do foro ( l1).

L1-------------l2

Que problema se coloca aqui? Tendo em conta nosso caso, o nosso ordenamento considera
competente a lei brasileira e no brasil aplicam a portuguesa. Não era melhor aplicar a lei que
no brasil consideram competente? É mesmo para aplicar a lei brasileira ou a lei que no braisl
estão a aplicar? PROBLEMA DO REENVIO- saber quando mandamos aplicar lei estrangeira
devemos aplicar essa lei, ou aceitar o reenvio, não aplicar essa lei, mas aplicar a lei que essa
lei está aplicar.
Quando faz sentido aplicarmos a lei que consideramos mais próxima ? E a que essa lei está
aplicar?

2) Retorno indireto- tendo por base o 56º , lei da nacionalidade. A nossa regra de conflitos( l1
) manda aplicar a lei da nacionalidade ( l2). Vamos agora à regra de conflitos dessa lei
( l2 ) e acontece que a regra de conflitos manda aplicar a lei da residência ( l3)- que
acontece ser no Canadá. A regra de conflitos ( l3 ) do Canadá manda aplicar a lei do
local da celebração (l1).

L1-------------l2----------l3
Aqui temos um retorno indireto- a lei por nos considerada competente, considera competente uma
terceira lei, que por sua vez considera competente a lei do foro.

3) Transmissão de competência simples– 62 CC, o elemento de conexão é a nacionalidade ao


tempo do falecimento. Senhor era inglês .Logo l1 manda aplicar l2 ( nacionalidade). Se
mandamos aplicar lei estrangeira ( l2) temos que ir ver que regra de conflitos essa manda
aplicar, supondo lei do local dos imóveis ( l3 ) , supondo Brasil. A regra de conflitos
brasileira ( l3 ) diz que se aplica a lei da situação da coisa ( l3 ). Logo a lei 3
considera-se competente.

L1 ( pt )-------l2 ( inglesa)----- l3 ( brasil)

A lei por nos designada remete para uma terceira lei que se considera competente.

4) Transmissão competência em cadeira– imaginando que remete local da celebração testamento, e


que é lei francesa. E a regra de conflitos considera-se competente

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L1 ( pt )-------l2 ( inglesa)----- l3 ( brasil)---- l4 ( frança)

A lei por nos designada considera competente uma terceira lei que considera comeptente uma quarta
lei que se considera competente.

Porque estes conflitos de sistema importantes? Perante situação destas, poe-se problema- a nossa regra de conflitos escolheu a
lei 2, devemos aplicar a lei 2 ou a que a lei 2 tiver a achar competente- PROBLEMA REENVIO- deixar aplicar a lei
que designamos pela do sistema que nos designamos?

Porque é importante saber se temos retorno ou transmissão de competência? PORQUE TEMOS NORMAS sobre aceitação do
REENVIO DIFERENTES para cada um dos casos.

Exercício

L1---------L2----------L3- é transmissão de competência. Só HÁ RETORNO QUANDO É PARA NÓS.

2. CONFLITOS POSITIVOS DE SISTEMAS.

Aula teórica -11.11-10


O que é um conflito negativo de sistemas de DIP? Haviam vários tipos de conflitos negativos de sistema: 1. Retorno indireto
2. Transmissão simples 3. Transmissão em cadeia. 4. Renvio 1º grau

Ex, Transmissão simples:


L1 ( pt )-------l2 ( inglesa)----- l3 ( brasil)

A lei por nos designada considera competente uma terceira lei que considera competente uma quarta lei que se considera
competente.

Porque estes conflitos de sistema importantes? Perante situação destas, poe-se problema- a nossa regra de conflitos escolheu a
lei 2, devemos aplicar a lei 2 ou a que a lei 2 tiver a achar competente- PROBLEMA REENVIO- deixar aplicar a lei
que designamos pela do sistema que nos designamos?

Isto deve ser considerável? Há varias formas de resolver o problema ( matéria facultativa)

Existem 3, mas vamos ver o INSTITUTO DO REENVIO, que tem consideração positiva no nosso sistema.
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A. Mandamos a lei que desginamos de acordo nosso legislador a mais próxima? A-----B----C ( e
aplicar B)

B. Ou aplicar a lei que o sistema que desginamos está a considerar competente A----B----C( ou seja
C)

É este o problema do reenvio- o que significa mandar aplicar a lei 2 ( B)? Ou efetivamente a que a lei 2 manda
aplicar ( C)?

Quais varias hipóteses / posições de matéria de reenvio?

O nosso sistema pressupõe o CONHECIMENTO DAS VARIAS POSIÇOES POSSIVEIS, temos 2 grandes grupos:

Resolve-se através da INTERPRETAÇÃO da nossa REGRA DE CONFLITOS e há 2 tipos de interpretação

1) POSIÇÃO DA REFERENCIA MATERIAL: quando manda a nossa regra de conflitos aplicar


através da referencia material, a nossa regra de conflitos só remete para as normas/ regras
materiais da lei 2. Logo não estamos a remeter para as regras de conflito. Se tivermos a
fazer uma referencia material, so chamamos as normas materiais . Logo MANDAMOS
APLICAR A LEI 2, desconsidera que em 2 se manda aplicar a lei 3. É uma tese hostil ao
reenvio, não aceita reenvio. E há muitos sistemas que o tem, como o Brasil. Porque escolher esta
tese? Que argumentos? Opta pela posição conflitual do foro. O nosso legislador considerou a lei2
a mais próxima, então porque haveríamos de aplicar a lei 3? A função da regra de conflitos é
escolher a lei mais próxima e para nos é a lei 2, por exemplo da residência e essa que remos
que aplicar e é este o fundamento. Inconvenientes: imaginando que discutimos a lei aplicável a um
contrto, masndamos aplicar a lei 2 , mas a lei 2 considera a competente a lei 3. Os tribunais
Portugal, do pais 1 , imaginando Portugal, por referencia material aplicamos a lei 2 da
residência. O que aconteceria nos outros países conectados? No pais 2, pais da residência, o juiz
2 ia olhar para as suas regras de conflito e apontam para a lei 3 e iriam aplicar a lei 3.
E se o caso pusesse no pais 3? Vai aplicar a sua própria lei, a lei 3, olhando para as suas
regras de conflito, considera-se competente. Ao seguir uma referencia material, seguimos a nossa
regra de conflitos, mas em 2 seguem as suas , e em 3 também. Que problema da tese
material? DESARMONIA JURIDICA INTERNACIONAL ( lei em Portugal é a lei 2 e não
é a mesma aplicada nos demais países conectados com a situação , estamos a por em causa a
harmonia jurídica internacional, pois é diferente da que os outros países indicariam), poe em
causa a ESTABILIDADE das RELAÇÕES JURIDICAS INTERNACIONAL. Aqui o
argumento é o respeito sua regra conflito e seguindo isto pomos em causa a harmonia jurídica
internacional, é diferente da que os outros países poe em causa.

L1-----L2----L3

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2) POSIÇÃO DA REFERENCIA GLOBAL: diz que quando remetemos lei 2 não remetemos so
para normas materiais tamos a fazer referencia global . olhamos para as normas materiais e
para o DIP, todo o sistema da lei 2 , tambem as suas regras de conflito e dai chamar-se
referencia global, lei 2 no seu todo. 3 subpsosições

2.1 devolução simples- quando remetemos para a lei 2 estamos a remeter 2 coisas, normas
materiais e também as regras de conflito da lei 2. Isto é quando mandamos aplicar a lei 2
remetemos para a regra de conflitos da lei 2 e as normas materiais da lei 2. A regra de
conflitos que a lei 2 estiver a aplicar. Neste caso aplicamos a regra de conflitos que 2
estiver a indicar de 2 e neste caso é a 3. Neste caso aplicamos a lei 3. Conseguimos
harmonia jurídica internacional. A base aqui é que mais importante que aplicar a lei 2 é
mandar aplicar a lei que em 2 estiver a considerar competente, ou seja, 3. Isto que é
respeitar lei 2.

L1-----L2----L3

Exemplo
L1—D.S-----L2---D.S---L3—D.S---L4

• E NO CASO PUSESSE EM 4? Lei 4, porque se considera competente, o dip 4


manda aplicar a própria lei
• E EM 3? LEI 4, por devolução simples , é para aplicar a lei que a regra de
conflitos de 4 estiver a indicar. A lei 4 manda aplicar sua própria lei, logo se
caso pusesse em 3 aplicaríamos a lei 4.
• E EM 2? O 2 manda aplicar a lei 3, logo não necessariamente que 3, mas
que estiver a apontar. Logo a lei 4.
• EM 1? 1 manda aplicar a lei que 2 estiver a apontar, logo , manda aplicar
que lei? A lei 3.

Problema- qual fundamento da devolução simples? HARMONIA JURIDICA


INTERNACIONAL ( acordo entre vários países quanto a lei aplicar ) e nos estamos a
mandar aplicar a lei 3, a devolução simples nem sempre consegue a harmonia jurídica
internacional. Uma lei que ninguém aplica e nem é a mais próxima para nos ( para nos
2).

Exercicio
Retorno Indireto
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L1--------D.S----------L2----D.S--------L3

R.M
• LEI 3- manda aplicar a lei 1. O juiz de 3 olha para sua regra de
conflitos aponta lei 1, por referencia material, logo considera apenas as
normas materiais e desconsidera as regras de conflito. Logo seria a lei
1.
• LEI 2- manda aplicar a lei 1. Na cadeira juiz 2, que é por devolução
simples , aponta para a lei 3 ou seja a sua posição favorável ao
reenvio, não aplica necessariamente lei 3 mas sim a que 3 manda
aplicar . Logo a lei 1.
• LEI 1- manda aplicar a lei 3. Agora cadeira juiz 1 , devolução
simples, olhamos para lei 2 e olhamos posição lei 1 , logo não
necessariamente a lei 2 e sim a regra conflitos que manda aplicar, logo
a 3. LOGO NÃO CONSEGUIMOS HARMONIA JURIDICA
INTERNACIONAL.

2.2 devolução dupla- posição que existem em Inglaterra e na Suiça . Teoria do tribunal
estrangeiro ou do reenvio total. Faz reenvio ainda maior que a simples, ao remeter para lei
, remetemos normas materiais, regras de conflitos e ainda para o próprio sistema de reenvio
por nós designada. Aplicar a mesma exata lei que juiz de 2 aplicaria. É decidido como
decidiria o tribunal de 2. Não so mandar aplicar lei 2 , decidiria o tribunal de 2.

L1-------------R.M------l2---D.S-----l3

R.M
• LEI 1- normas materiais da lei 2, desconsideramos as regras de conflito. Logo lei 2.
L1------D.S------l2---D.S-------l3

R.M
• LEI 1- aplicamos a lei 3
• LEI 3- aplicaria a lei 1 .
L1----------D.D------l2---D.S-------l3

R.M

• Logo se fosse por dupla devolução a LEI 1 MANDA APLICAR A LEI 1. Estou disponível aceitar vários
reenvios.
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Lei 1----R.M------L2----R.M---L3

D.S
• LEI 3- manda aplicar a lei 3. Aplicam lei que a rega de conflitos e normas materiais (
DEVOLUÇÃO SIMPLES)
• LEI 2- manda aplicar a lei 3 ( REFERENCIA MATERIAL)
• LEI 1- manda aplicar a lei 2 ( REFERENCIA MATERIAL)

Lei 1-----D.S-----L2----R.M---L3

D.S
• LEI 1- manda aplicar a lei 3. Conseguia já harmonia j.internacional

Lei 1-----D.D-----L2----R.M---L3

D.S
• LEI 1- mando aplicar a lei 3 (DUPLA DEVOLUÇÃO). Consegue-se harmonia jurídica internacional.

A DEVOLUÇÃO SIMPLES- 1 SALTO ; DEVOLUÇÃO DUPLA- VÁRIOS SALTOS.

2.3 regulamentação subsidiaria – facultativa, não vai ser dada.

Aula teórica – 14.11-11

A harmonia jurídica internacional garante solução material lei x será igual pais A e pais B. Tínhamos visto que
existem várias posições dogmáticas.

L1(pt)------- l2----D.S-- l3--RM---l4

D.S

Vamos supor l1—R.M--l2 D.S-- l3--RM---l4


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D.S

• Que lei em Portugal aplicaríamos-l1? Lei 2.


• Lei 4? Juiz de 4 iria olhar para as suas regras de conflito, na seta de 4 para 3 , iria olhar regras de
conflito e posição de reenvio. Quando juiz 4 olha para 3, olha regra de conflitos que regra de conflitos de 3
estiver apontar. Logo iria aplicar a sua própria lei. Lei 4.
• Lei 3? Regra de conflito esta apontar para 4 , logo só normas materiais de 4 e desconsidera regra de
conflitos . Lei 4.
• Lei 2? O juiz 2 , olhamos regra de conflitos e posição materia de reenvio. 2 vai aplicar a lei que a regra
de conflitos 3 está apontar, logo 4. Lei 4.

Estamos a conseguir harmonia jurídica internacional, apesar de posições reenvio diferentes.

• Que lei em Portugal aplicaríamos-l1? Lei 2. Aplicamos só as normas materiais e não as regras de conflito.
Logo aplicamos a lei 2.

Conseguimos harmonia jurídica internacional? Não. Qual vantagem? “ eu quero aplicar lei que acho mais
próxima” do caso.

Supor
l1—D.S--l2 D.S-- l3--RM---l4

D.S
• Lei vamos aplicar? Olhamos à regra de conflitos de 2. Se tivermos uma devolução simples a 2 , aplicamos
regra de conflitos que 2 estiver apontar. Lei que 2 estiver a apontar. Logo lei 3. A devolução simples é
olhar a normas materiais e regra de conflitos de 2.

Não conseguimos harmonia jurídica internacional. Mas o reenvio não servia para isso? Pois, mas nem sempre
consegue.

l1—D.D--l2 D.S-- l3--RM---l4

D.S
• Dupla devolução- aplico exatamente a mesma lei que 2 aplicaria, fazer exatamente o mesmo que a lei 2
faria. Se 2 aceitaria reenvio para lei 8, aplicaria a lei 8. Se assim é, se estivermos a fazer dupla
devolução lei 2, que lei em 2 está aplicar? Na dupla devolução so funciona depois ver que outras leis estão
aplicar.

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• Juiz 2- está aplicar a lei 4, logo nos aplicaríamos a lei 4.

A dupla devolução conseguia harmonia jurídica internacional.

Dr. tinha dito que se a dupla devolução era muito boa mas ironicamente não se generalizou muito- porque?

L1----------------------l2

É um conflito negativo sistemas? Sim.


Que tipo? Retorno direto. A lei por nós indicada remete para a lei portuguesa.
Se a dupla devolução é tao boa, vejamos :

L1-------------DD---------l2

DD
Temos que ir ver que lei do juiz 2 aplicaria . Então e qual seria? Olhamos para regra de conflitos e
posição materia de reenvio, e é dupla devolução, logo aplicaria a mesma exata lei que a lei 1 aplicaria.

Então vamos ver o que a lei 1 faria? Remete lei 2 por dupla devolução, logo aplicaria a lei que 2 aplicaria.
Argumento circular.

A dupla devolução não decide a lei aplicável, remete para os outros sistemas enquanto que os outros decidem.
Se vários sistemas tiverem a dupla devolução deixa de haver decisão, esperam alguém diga qual lei aplicável-
PROBLEMA DUPLA DEVOLUÇÃO ( bloqueia quando vários sistemas optassem esta posição de reenvio).

Logo as 3 posições dogmáticas reenvio falham : 1. Referencia material 2. Simples- as vezes harmonia
internacional 3. Dupla- esperam que decidam.

O SISTEMA PORTUGUES NÃO TEM POSIÇÃO DOGMÁTICA SOBRE REENVIO!

Na referencia material não aceitamos reenvio, da dupla e simples aceitamos reenvio. Portugal tem posição
PRAGMÁTICA REENVIO- so aceita reenvio em casos em que é útil à harmonia jurídica internacional ! Não
sabemos se vai aceitar ou não o reenvio, irei ver em concreto se reenvio pode promover a harmonia jurídica
internacional.

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SISTEMA REENVIO CORDENAÇÃO- pragmática

Foi inaugurado em 1966, com este CC . Em italia em 96 adotou e o regulamento sucessões também.

Tudo começa pelo 16 CC, principio geral onde parte sistema de reenvio.

16º CC-PRINCIPIO GERAL- quando regra de conflitos manda aplicar lei estrangeira, determina a aplicação do direito
interno dessa lei.

• À partida parece que : Que quererá dizer? Ou seja, DIREITO MATERIAL ( direito interno expressão usada no
artigo ), desconsidera-se as regras de conflito . Parece que nossa posição de reenvio é então de REFERENCIA
MATERIAL. Ao remeter lei 2 apenas normas materiais. Não aceita reenvio esta posição.

• Mas depois há uma parte do 16º - NA FALTA DE PRECEITO EM CONTRÁRIO- só usamos o preceito geral
na falta preceito contrário e sim há 2 preceitos em contrario ao 16 ( casos em que se aceita o reenvio). Vamos
ver as epigrafes:

o 17º- envio lei 3º estado- conflitos negativos que procuramos aceitar o reenvio – os conflitos negativos
retorno direito, indireto e transmissão competência simples e em cadeia. Esta que aqui está é para as
TRANSMISSOES DE COMPETENCIA ( ao contrario dizia 16º ) , os casos em que aceita-se o
reenvio.
o 18º- reenvio lei portuguesa- CASOS DE RETORNO, encontramos casos em que contrario 16 se aceita o
reenvio, o retorno lei portuguesa.

L1---------l2

CONFLITO NEGATIVO? SIM.

Neste exemplo, não aceitamos o reenvio, logo aplicaríamos a lei 2. Salvo se o artigo 18 nos mandar
aplicar o reenvio, pois é relativo ao retorno.

18º manda aceitar o reenvio nos casos em que promova a harmonia jurídica internacional ( acordo entre
vários países de qual lei aplicar).

18 que irá dizer neste caso?

Lei 1 manda aplicar a lei 2 e a lei 2 a lei 1. Mas não falta uma informação? POSIÇÃO REENVIO.

Supondo que é de REFERENCIA MATERIAL que a lei 2 remete para a lei 1


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L1---------l2

R.M

Se caso pusesse em 2 , que lei aplicaria? Lei 1.

Ora, neste caso será que aceitar reenvio seria útil à harmonia jurídica internacional?

Senão aceitarmos, aplicamos a lei 2.

Aceitar reenvio era não aplicar a lei 2 , a que consideramos competente. Logo queremos aceitar reenvio,
pois é útil à harmonia jurídica internacional.

L1---------l2

D.S

E neste caso?

Lei 2 manda aplicar a lei 1 por devolução simples, logo aplicaria não a lei 1 mas que a regra de
conflitos 1 estiver apontar, logo mandaria aplicar a lei 2.

É útil aceitar ou não reenvio? Aceitar reenvio é deixar aplicar a lei que tínhamos escolhido para aplicar
outra.

Então do ponto vista harmonia jurídica internacional ? Não aceitar, assim aplicaríamos a lei 2,
conseguindo Harmonia jurídica internacional.

O que diz o 18º? E o 16º? O 18 é uma exceção ao 16.

O 18º diz-nos o que?

O DIP da lei designada pela norma de conflitos- logo no nosso caso , a lei 2.

O DIP da lei designada pela norma de conflitos- lei 2- devolver para o DIP material( interno lê-se
material) português , se o DIP lei 2 tiver a fazer REFERENCIA MATERIAL lei portuguesa, é este aplicável.

Aceitamos o retorno quando a lei 2 fizer referência material para o DIP português.

Aceitamos no nosso caso? Não . Porque está a fazer neste caso uma devolução simples.

Não estão pressupostos do 18 cumpridos, logo voltamos ao 16º, portanto lei que estávamos aplicar, não
precisávamos do reenvio.

**Nota- não aceitar o reenvio – aplicar a lei que escolhemos, uma referencia materiak; aceitar o reenvio- deixar de aplicar a lei que
desginamos como competente para aplicar outra **

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L1---------l2----------l3

Vamos concretizar , para que lei a nossa regra de conflitos está aplicar

A lei indicada pela nossa regra de conflitos considera competente outra lei- CONFLITO NEGATIVO SISTEMA. Poe-se
problema DO REENVIO- vamos mesmo aplicar a lei que tinhams desginado ou aceitar o reenvio, aceitar outra lei que não
fomos nos a escolher. O nosso sistema aceita reenvio? DEPENDE ! SE PROMOVE HARMONIA JURIDICA
INTERNACIONAL .

**Não é em principio, depende.

Neste caso?

Precisamos mais informações, nosso sistema so aceita se reenvio é útil ou não depois de ver o que os outros
legisladores estão a fazer e nisto é parecido com a dupla devolução.

Precisamos informações.

L1---------l2-----R.M-----l3

R.M

Vamos ver o que os outros estão a fazer- mas porque começar pelo fim? Porque o 1 somos nos e so
sabemos se aceitamos reenvio apos ver o que outros fazem, somos um sistema pragmático.

• Juiz de 3- aplicaria a lei 1, regra de conflitos que aponta lei 1 e posição reenvio remete
normas materiais lei 1 e desconsidera regra de conflitos lei 1. Logo aplicar-se-ia a lei 1
• Juiz de 2 – aplicaria a lei 3, regra de conflitos que aponta lei 3 e posição reenvio remete
normas materiais lei 3 e desconsidera regra de conflitos lei 3. Logo aplicar-se-ia a lei 3
• Reenvio conseguia aqui harmonia jurídica internacional? Não! Porque ambas lei 2 e lei 3 dizem
coisas diferentes, logo não valeira a pena recorrer ao reenvio .
L1---------l2-----D.S-----l3
R.M

E agora?
• Se caso pusesse em 2 – aplicar-se-ia lei 1 .
• Lei 3 – lei 1
• Lei 1 invés aplicar lei 2, aceitássemos reenvio , aplicando a lei 1 , haveria harmonia jurídica
internacional. Se 16 não disser nada em contrario não se aceita reenvio, 17 e 18 é que
estabelecem exceções.
o Isto é um retorno indireto, cabe no 18º
o Mas tem que ser 18 de uma determinada forma- diz-nos que se o DIP lei designada
norma conflitos ( lei 2) devolver ao direito interno português ( referencia material)

Página 63 de 200
o Mas ISTO NÃO ESTÁ ACONTECER! A lei 2 não está a fazer referencia material
à lei 1.
o Mas 2 que lei aplicaria? A lei 1 ! Mas não é por referencia material é por
devolução simples.
o Vejamos o 18 novamente

• Será possível ler o 18 de maneira a aceitar este caso? Como justificar aceitação reenvio neste
caso?
É que o DIP da lei 2 parecia que não estava a devolver para a lei 1 por referencia material.
Se caso colocar na lei 2 estamos a aplicar a lei 1. Não esta acontecer exatamente mesmo que o
18, mas está acontecer algo PARECIDO.

Está ou não devolver dip portugues? SIM, INDIRETAMENTE!

O que interessa é que se devolva ao direito português e não que seja por referencia material .

Precisamos ler 18º forma TELOLOGICA.


O objetivo do 18 é aceitar REENVIO em casos que promova a HARMONIA
JURIDICA INTERNACIONAL.
Onde diz “ devolver “ no 18 diz -se DIRETA E INDIRETAMENTE ( acrescentar
no artigo ).
Aceita-se reenvio desde que direta ou indiretamente esteja a mandar aplicar a lei
portuguesa.
É isto que está acontecer aqui, logo temos autorização legal para aceitar o reenvio.

1. Lei 1-----lei 2---l1 -retorno direto- referencia material tem que acontecer

2. E no retorno indireto - lei 1----l2----l3---l1? A remissão de 2 para 3 tem que ser


dupla devolução ou devolução simples, tem que ser posição favorável de reenvio.

Lei 1-----------lei 2---------l3 ( e a 3 considera-se competente)

Aqui o que temos? Uma transmissão simples.

É para aceitar o reenvio? DEPENDE , se conseguir a HARMONIA JURIDICA INTERNACIONAL (


acordo quanto lei aplicável).

Aceitar o reenvio? Não aplicar a lei que tínhamos escolhido pra ser reenviados para outra.
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Agora já não usamos o 18º, mas sim o 17º porque é uma TRANSMISSAO DE COMPETENCIA –
também tudo começa no 16º que diz que é para não aceitar, mas salvo disposição em contrário que é o 18 e 17º.

17/1 – qual requisito que o 17/1 estabelece? Se “ porém “ ( em relação ao 16) , pode haver
REENVIO, a lei referida por nos referida ( lei 2) remeter para outra legislação ( lei 3) e esta se considerar
competente é Direito Material desta legislação que deve ser aplicado.

Aceitamos o reenvio quando se esta se considerar competente- REQUISITO- interessa lei 3 se considere
competente. Só legislador manda-nos saber se a lei se considera competente.

Lei 1-----------lei 2-------R.M-------l3 ( e a 3 considera-se competente)

• Pais 3- considera-se competente. A sua regra de conflitos aponta para a sua lei . Logo lei 3
• Pais 2- olhamos a 2 coisas : regra de conflitos- lei 3 e posição reenvio- referencia material (
normas materiais que indica e desconsidera as regras de conflito ). Logo lei 3
• Pais 1- nós- lei 2 – aceitamos reenvio? SIM! Do ponto vista harmonia jurídica internacional faz
sentido. 17 deixa? SIM!

Lei 1-----------lei 2-------D.S-------l3 ( e a 3 considera-se competente)

• Pais 3- 3
• Pais 2- 3
• Pais 1- aceitar reenvio

Lei 1-----------lei 2-------D.D-------l3 ( e a 3 considera-se competente)

• Pais 3- lei 3
• Pais 2- lei 3
• Pais 1- aceitar reenvio

É indiferente a posição reenvio de 2 para 3.

Lei 1-----------lei 2-------D.D-------l3 -----D.S------lei 4

R.M

Temos conflito sistema? SIM!

Aqui temos o que? Transmissão de competência simples ( haveria retorno se remetesse para lei portuguesa e ai já seria o
18 invés do 17º)

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Portanto, aqui a lei 3 não se considera competente já.

Vejamos

• Pais 4- remete para a lei 3. Olhamos a 2 coisas: regra de conflitos e posição do reenvio. O
caso pusesse em 4 , lá aplicar-se-ia a lei 3.
• Pais 3- se caso pusesse em 3 , aplicaria a lei 3. Devolução simples- regra de conflitos que 4
estiver apontar. Logo lei 3. ( posição favorável ao reenvio)
• Pais 2- aplicar-se-ia a lei 3. Pois , dupla devolução, olhamos a 2 coisas- regra de conflitos
que aponta lei 3 e sua posição reenvio que é dupla devolução, reenvio total, o que 3 estiver a
fazer. Logo lei 3.
• Pais 1- o que queremos? HARMONIA JURIDICA INTERNACIONAL, temos que aceitar então
o reenvio segundo o 17º . Mas nas transmissões competência , a lei 3 tinha que considerar-se
competente ? INDIRETAMENTE SIM. Porque pais 3 aplicaria a lei 3.

Faz-se mesmo que no 18, o 17º mesmo que direta ou indiretamente.

Logo aceitamos o reenvio.

Lei 1-------l2-----l3-----lei 4

Transmissão competência em cadeira .

17 não prevê diretamente a transmissão de competência em cadeira, o 17 prevê para terceiros e aqui temos um quarto.

Será que aceitamos 17 aqui? Aceitamos o reenvio quando garanta a HARMONIA JURIDICA INTERNACIONAL.

O que será que tem que acontecer? Ao ler o 17º , o que interessa é que a ULTIMA LEI SE CONSIDERE
COMPETENTE ( isto é ler teleologicamente ). Basta?

Lei 1-------l2-R.M---l3—D.S---lei 4
• Pais 4- aplicaria a lei 4. Considera-se competente.
• Pais 3- 2 coisas- regra de conflitos de 3 que apontam para a lei 4 , e a posição de
reenvio é devolução simples, logo a lei que a regra de conflitos aponte. Logo lei 4. E
mesmo que de 3 para 4 fosse uma referencia material ou dupla devolução aplicaria a
lei 4. A posição de 3 para 4 é irrelevante,
• Pais 2- aqui aplicaríamos a lei 3. 2 coisas- regra de conflitos e posição reenvio.
Qual posição reenvio? Referencia material. Logo lei 3.
• Pais 1- o reenvio não consegue harmonia jurídica internacional, já estão a cima a
aplicar outras leis.

Lei 1-------l2—D.S.-----l3—D.S/ DD/R.M---lei 4


• Pais 2- aplicaria a lei 4
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• Aqui já fazia sentido aceitar o reenvio
Lei 1-------l2—D.D.-----l3—D.S/ DD/R.M---lei 4
• Igual

Quais requisitos? Para o 17º

1. Lei 4 se considere competente

2.posição de 2 para 3 seja global

Lei 1------ lei 2-DD---lei 3

D.S

• CONFLITO NEGATIVO SISTEMAS


• Temos aqui um RETORNO ( 18º) INDIRETO
• 16 diz não aceitar reenvio
• 17 diz que pode-se em casos em que promova a HARMONIA JURIDICA
INTERNACIONAL
• Vejamos:
o Pais 3- lei 2, a lei que a regra de conflitos 1 está apontar.
o Pais 2- lei 2, a lei que pais 3 estiver apontar , logo olho para
ordenamento todo.
o Pais 1- lei 2 – não é preciso aceitar reenvio, já há harmonia jurídica
internacional. Não queremos aceitar o reenvio- é abdicar aplicar a lei que
tínhamos escolhido para sermos reencaminhados para outra.

Isto não está num caso de pressuposto aceitação do reenvio. No 18º , se a lei
2 devolver indireta ou diretamente para o DIP interno portugues , podemos
aceitar o reenvio. NÃO! A lei 2 está aplicar a sua própria lei, logo não
aplicaríamos o 18º . Logo solução principio geral do artigo 16º . Logo a lei
2 é a aplicada sem reenvio, com harmonia jurídica internacional.

Aula teórica-18.11-12-enviada colega Davide, estava doente

Quando não aceitamos o reenvio, quem é que escolhe a lei aplicável? O nosso legislador. Isto garante-nos que estamos
a aplicar uma lei que o legislador considera ser a maix próxima. Quanto aceitamos o reenvio, fomos nós que escolhemos a lei
aplicável? Não, vamos parar a outra lei, porque outro sistema o quis. Aceitar o reenvio envolve um risco: em nome da HJI,
chegarmos à aplicação de uma lei que não tem contacto com o caso. Questão: este sistema de reenvio deve ou não funcionar em
todas as matérias?

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Imagine-se que estamos a discutir a validade de uma convenção antenupcial. Art. 53.º CC. Cônjuges que eram
ingleses. EC: nacionalidade comum dos nubentes ao tempo da celebração do casamento. L1 → L2. Temos de saber se L2, à
luz do seu DIP, se considera competente. L2 manda aplicar a lei do local da celebração. Celebraram a convenção antenupcial
no Canadá. L1 → L2 (DD) → L3. L3 manda aplicar a lei do local da celebração. Logo: L1 → L2 (DD) → L3
(CC). Se a lei que nós indicamos não se considera competente, temos um conflito negativo de sistemas: transmissão de
competência simples. Devemos ou não aplicar a lei que nós tínhamos escolhido ou devemos aceitar o reenvio? O nosso sistema de
reenvio é um sistema prático: aceita o reenvio se promover a harmonia jurídica internacional. O art. 16.º, em geral, rejeita
o reenvio. Nos casos em que o reenvio promova a HJI, aceitamos o reenvio: por via do art. 17.º quando se trate de transmissão
de competência; por via do art. 18.º quando se trate de retorno. In casu, promove ou não a HJI? T3 aplica L3. T2 aplica
L3. O reenvio é útil à HJI. Temos autorização legal para aplicar L3? Vamos ao art. 17.º/1. Devemos aceitar o reenvio
se L3 se considerar competente. Então, aceitamos o reenvio e aplicamos L3. Qual era a nacionalidade destas pessoas? Ingleses.
E qual é a residência? Residem no Brasil. Vamos aplicar ao regime de bens a lei do Canadá que é a lei do local da
celebração. Isto fará sentido? Porque é que estamos a aplicar a lei do Canadá? Porque foi a lei do local da celebração.
Porque é que estamos a aplicar esta lei? Porque aceitamos o reenvio. Quem é que escolheu a lei? Fomos nós? Não. O risco
da aceitação do reenvio é aplicar uma lei que não tem conexão com o caso: subverter o juízo conflitual do legislador. O que
está na base da aceitação do reenvio: melhor do que aplicar a lei mais próxima é aplicar a lei que todos os outros estão a
aplicar. Risco: por via da aceitação do reenvio, aplicar uma lei que não tem ligação com o caso. Há matérias em que esse
risco é mais elevado. Se for um contrato, isso não será especialmente problemático. Mas não assim se se tratar das chamadas
matérias do estatuto pessoal: matérias ligadas à pessoa; o BI da pessoa. Art. 25.º fala das matérias do estatuto pessoal:
estado dos indivíduos, capacidade, relações familiares e as sucessões por morte. O art. 25.º escolhe a lei da nacionalidade: as
pessoas, à partida, conhecem a lei da sua nacionalidade. Outra lei boa para esta matéria? A lei da residência. Nacionalidade
e residência são as leis mais importantes em matéria de estatuto pessoal: são leis que as pessoas podem considerar ser a sua
lei; são intuitivas. Ao aceitar o reenvio podemos estar a aplicar uma lei sem saber se os sujeitos, efetivamente, a conhecem. E
é uma lei que, se calhar, nem sequer corresponde à vontade das leis mais importantes para a pessoa: nacionalidade e residência.
LN → L2 → estão a aplicar a lei do local da celebração. E que lei manda aplicar a lei da residência? A lei brasileira,
que é a lei da residência, manda aplicar a lei do domicílio ao regime de bens. L4 considera-se competente. NAC → L3.
RES → L4. Escolhemos uma lei que não sabemos se as pessoas conhecem e que não corresponde ao acordo entre as duas leis
mais importantes.

Devemos ou não aceitar o reenvio? Em matéria de estatuto pessoal (art. 25.º), o legislador português está muito
interessado em aplicar uma lei que as pessoas conhecem. O legislador escolhe uma: a lei pessoal → lei da nacionalidade (art.
31.º/1). Neste sentido, fica mais preocupado quando aceita reenvio em matéria de estatuto pessoal. Assim, em matéria de
estatuto pessoal, o legislador é mais restritivo na aceitação do reenvio. Nas matérias do estatuto pessoal, não há reenvio? HÁ,
mas é um reenvio mais limitado. Há um princípio jurídico que vai, em matéria de estatuto pessoal, comandar a aceitação do
reenvio: em geral, é o PHJI que comanda a aceitação do reenvio; em matéria de EP, além da HJI, exige-se HJ qualificada.
O que é isto? Acordo entre vários sistemas quanto ao direito aplicável: não de todas as leis que estejam em conflito, mas apenas
das leis mais importantes naquela matéria. Em matéria de EP, quais são as leis mais importantes? R e N. Só se aceita o
reenvio de as duas leis mais importantes para a pessoa – nacionalidade e residência – estiverem de acordo; é a HJQ a
funcionar como limite ao reenvio (e não como fundamento). In casu, nacionalidade e residência não estão de acordo quanto à
lei aplicável.

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Os arts. 17.º/2 e 18.º/2 limitam a aceitação do reenvio em matéria de estatuto pessoa, de modo a que o reenvio
só ocorra se houver harmonia jurídica qualificada, ou seja, se houver um acordo entre as duas leis mais importantes. Eles
funcionam como um limite à aceitação do reenvio: só olhamos ao 17.º/2 se, pelo 17.º/1, for de aceitar o reenvio. In casu,
estávamos a aceitar o reenvio pelo 17.º/1. 17.º/2: cessa o disposto no nº anterior, logo, cessa o reenvio e vamos para o
art. 16.º; o que vem a seguir é o âmbito. O 17.º/2 funciona. Nos casos em que L2 é a lei da nacionalidade. Se L2
mandasse aplicar outra lei, não estávamos no âmbito do estatuto pessoal. O 17.º/2 só funciona se estivermos no âmbito do
estatuto pessoal. Como é que sabemos que estamos no estatuto pessoal? L2 é a lei da nacionalidade. Cessa o reenvio em dois
casos. (1) Se o interessado residir habitualmente no território português. (2) Se o interessado residir em país cuja. Vamos
mudar o caso (este é o).

Discute-se a capacidade de um cidadão canadiano que reside em França e que vem a Portugal celebrar o negócio de
compra de uma empresa. Nacionalidade canadiana e residem em frança. Utilizamos o art. 25.º que manda aplicar a lei da
nacionalidade que é a lei canadiana. L1 → L2 (N). Ficamos alerta por duas razões: estamos a aplicar lei estrangeira e
pode suceder que essa lei, à luz do seu DIP, não se considere competente; segundo, aplicamos a lei canadiana por ser a lei da
nacionalidade, por isso, se houver reenvio, vamos ser mais rigorosos – não basta o 17.º/1, é necessário ainda o 17.º/2.
RC do Canadá manda aplicar a lei do local da celebração. L1 → L2 → L1. L2: RM. O que diz a RC francesa (lei
da residência): manda aplicar a lei da nacionalidade. L3 (residência) (RM) → L2. Devemos ou não aceitar o reenvio
pelo 18.º/1? Promove a harmonia jurídica internacional? Sim. Cumpre-se o requisito do art. 18.º/1? Sim. Acabou o caso?
Não. Porquê? Porque estamos em matéria de estatuto pessoal. Nacionalidade canadiana e residência em França. Em matéria
de EP, só aceito o reenvio de houver HJQ. LNAC → L1. Lei da residência → L3 (RM) → L2. Não há harmonia
jurídica qualificada. Então, estamos à espera que o legislador não aceite o reenvio. O 18.º/2 é uma exceção ao 18.º/1
(formulação diferente do 18.º/2). Como é que sabemos que é estatuto pessoal? Quando L2 for a lei da nacionalidade. A
lei portuguesa só é aplicável, ou seja, só se aceita o renvio. O 18.º/2 tem requisitos adicionais para o reenvio; o 17./2 tem
causas de cessação do reenvio. Porquê? Pelo 18.º/2 só se mantém o reenvio se: o interessado residir em PT; ou se a lei da
residência estiver a aplicar a lei portuguesa. Não se verificando os requisitos adicionais do 18.º/2, cessa o reenvio e aplicamos
a L2. Porque é que estragamos a HJI? Porque, no estatuto pessoal, mais importante do que a HJI, é aplicar um alei que a
pessoa efetivamente conhece. Só aceitaria o reenvio se residência e nacionalidade estivessem de acordo quanto à lei aplicável.
Porquê? Ex. L1 → L2 (lei da nacionalidade → L3 (lei da residência) → L1. L2 → DS. L3 → RM. Seria o reenvio
útil à HJI? T3: L1. T2: L1. O reenvio é útil à HJI. O 18.º/1 deixa? Sim: direta ou indiretamente. Em 2, ainda que
indiretamente, está-se a aplicar L1. Estamos a aplicar a lei da nacionalidade, logo, estamos em matéria de estatuto pessoal.
Nesta matéria, o legislador é mais rigoroso para aceitar o reenvio. Exige a HJQ. Lei da residência → L3 → L1. Lei da
nacionalidade → L2 → L1. Nacionalidade e residência estão de acordo. É para manter o reenvio? Vamos ao 18.º/2. Reside
em país que manda aplicar a lei portuguesa. Em matéria de estatuto pessoal, só aceitamos o reenvio se isso conduzir à aplicação
da lei da nacionalidade ou da residência? NÃO. Contudo, vamos, neste caso, aplicar uma lei que, em princípio, esta pessoa
não conhece? Porquê? No fundo, nós não tínhamos grande autoridade para escolher outra coisa: o país em que a pessoa vive
e de que é nacional estão de acordo.

O nosso sistema de reenvio está orientado por dois princípios: harmonia jurídica internacional; e harmonia jurídica
qualidicada que funciona como limite à aceitação do reenvio em matéria de estatuto pessoal.

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Aula teórica- 21.11-13

Lei 1(llc)---------lei2(NAC) -----R.M-----l3(LRS)

R.M
Aceitamos o reenvio aqui? Depende-harmonia jurídica internacional. Lei da nacionalidade- estatuto pessoal- logo se houver
reenvio mais exigente. Supondo validade de um testamento, regra de conflitos artigo 64º CC. Precisamos ver o que dizem os
outros sistemas para saber se aceitamos reenvio ( dupla devolução aspeto em comum).

Lei 3- pais situação bens – que lei em 3 se aplicaria? Lei 1, Referencia material posição hostil ao
reenvio, logo normas matérias da lei 1.
Lei 2- pais da nacionalidade- aponta lei 3 e sua posição reenvio. Portanto se pusesse em 2 aplicaria
para a lei 3.
Lei 1- o reenvio consegue harmonia jurídica internacional neste caso? Não. A partida o nosso sistema não
aceita o reenvio. 16º - principio geral e há exceções 17 e 18. Vejamos, estamos caso de retorno indireto, o 18º - estamos
aplicar em 2 a lei portuguesa? Não . Logo aplicamos a lei 2, a lei da nacionalidade.

Matéria nova agora


Em matéria de ESTATUTO PESSOAL 2 sistemas- NACIONALIDADE e RESIDENCIA- para que
utiliza harmonia jurídica qualificada? Para restringir reenvio a matéria estatuto pessoal , pois implica lei que a pessoa não é
tão próxima. Portanto só aceito se a nacionalidade e residência mandarem aplicar a mesma lei, caso contrario faço parar o
reenvio. Harmonia jurídica qualificada promove o reenvio ? Limita o reenvio, que seriam possíveis pelo sistema normal.

Neste caso não faz sentido atuar o reenvio, em nome da harmonia jurídica qualificada, porque nem sequer
aceitamos , logo não precisamos de o limitar.
Em matéria de ESTATUTO PESSOAL vamos ver que leis é que os sistemas mais importantes para a
pessoa- RESIDENCIA e NACIONALIDADE -estão apontar.

• Nacionalidade- lei 2- no caso está aplicar a lei 3.


• Residência – não mora nem em 1, nem 2 e nem 3 , mora em 4 -Dinamarca

Lei 1(llc)---------lei2(NAC) -----R.M-----l3(LRS)

R.M

Lei 4 ( residência- Dinamarca) e aponta para a lei da situação da coisa por R.M- logo l3

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• Se caso pusesse em 4 aplicaria a lei 3
• Tanto a 2 como a 4 ( residência e nacionalidade) mandam aplicar a 3

De facto há harmonia qualificada, porque o senhor mora na Dinamarca e que manda aplicar lei da situação dos
bens.

Mas nos não aceitamos o reenvio porque não havia harmonia jurídica qualificada. E agora?

A harmonia jurídica qualificada resulta como limite ao reenvio.

Nao corresponde a lei que apliamos à lei que a da nacionalidade e residência estão aplicar. Não devíamos aplicar a
lei 3?

Mas se aplicarmos a lei 3 não é pelo seu fundamento normal, a harmonia jurídica internacional. Se decidirmos
aplicar a lei 3 será em nome da HARMONIA JURIDICA QUALIFICADA , que limita o reenvio.

Não poderá a harmonia jurídica qualificada não poderá ser fundamento aceitação reenvio?

Corresponde mesma lei que os sistemas mais importantes aplicam. Invés ser limite não deve ser fundamento autónomo
do reenvio , do fundamento normal ( harmonia jurídica internacional)?

O que acham? Sim ou não? O ponto é que não há harmonia jurídica internacional, o principio da efetividade caiu por
terra.

Do ponto vista da pessoa faz sentido ou não? Sim, as duas mais importantes apontam? Aceitariamos ? 2 posições:

1) Escola Coimbra- claro que sim, nas matérias estatuto pessoal a harmonia jurídica qualificada é um
autónomo fundamento. Mesmo que o reenvio não seja útil a harmonia jurídica internacional devemos
aceita-lo para aplicar a lei que os dois sistema smais importantes estão de acordo em aplicar . Deve
ser um fundamento . Com que fundamento? Não temos autoridade para impor o nosso juízo conflitual
– nacionalidade e residência , ambas mandam aplicar a lei 3. Estes países é que contam, não temos
autoridade impor o nosso juízo conflitual. Se fizéssemos parar o reenvio, alem de nós mais ninguém
manda aplicar a lei 2. Não temos autoridade. Numa matéria estatuto pessoal não há autoridade mandar
aplicar diferente da que a nacionalidade e residência escolheu, logo devemos aplicar a que a nacionalidade
residência escolheram.

E onde há fundamento legal/ positivo? 17/2 e 18/2 limitamos o reenvio mas aceitamos quando?
Quando isso corresponda aplicar que lei? Aplicar lei que os dois sistemas consideram competente. O
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nosso sistema de reenvio no 18/2 e 17/1 quer reenvios no estatuto pessoal isso conduza aplicar a lei
quer a nacionalidade ou residência considerem competente. Ou seja, nosso sistema mostra que aplicamos
o reenvio quando conduzam aplicação mesma lei que residência e nacionalidade apliquem, logo por
aplicação analógica temos como limite e fundamento a harmonia jurídica qualificada. Retiramos do 17/2
e 18/2 este princípio, eu não quero reenvio no estatuto pessoal mas aceito se nacionalidade e residência
queiram. É UMA INTERPRETAÇÃO TELEOLOGICA/ EXTENSIVA.

2) Escola lisboa- no manual Lima Pinheiro- sistema deveria previsto isto não faz sentido recusar o reenvio.
Ao aplicar a lei 2 não temos autoridade, o legislador esqueceu-se de prever expressamente esta hipótese
logo não podemos. Legislador deveria ter previsto mas não previu , aplicamos a lei 2.

Claro que isto soa a critica, Ferrer Correia é que fez esta parte do DIP.

Caso

Lei 1------lei 2 ( nac)----R.M----lei 3 ( LRS)---R.M--lei 4 ( LLC)

Lei 5( residência)----- D.S

Transmissão em cadeia

• Em 4- lei 4
• Em 3- lei 4- aplicar-se-ia e não aplicaria-se
• Em 2- lei 3
• E agora? Reenvio não consegue harmonia jurídica internacional, logo aplicaríamos a lei 2. 17º
não preenche os requisitos .
Ficamos por aqui? Não. Quando estamos em estatuto pessoal, vai inteferir o principio da harmonia jurídica qualificada
, que é limite e fundamento ( de acordo escola de coimbra). Se nacionalidade e residência estiverem de acordo ,
temos que procurar a posição da lei da residência . A lei da residência ( 5) manda aplicar a lei da nacionalidade
( 2) e posição de reenvio da lei 2, logo não aplica a lei 2 e sim a que regra de conflitos estiver apontar, logo a
lei 3. Em 2 ( nacionalidade) está aplicar a lei 3.
Portanto, harmonia jurídica qualificada, pais nacionalidade e residência ambas a aplicar a lei 3.
Mas nos não aceitamos o reenvio ? Utilizando como fundamento a harmonia jurídica qualificada, em matéria estatuto
pessoal, aplicamos a mesma lei que os 2 sistemas mais próximos da pessoa estão aplicar, logo a lei 3. Fundamento
reenvio aqui não é harmonia jurídica internacional mas a qualificada.

Caso- Sucessão senhor português que morreu em 2014, reside em frança e deixou imoveis na Inglaterra, brasil e
Portugal.

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• Artigo 62º- qual a lei competente? Nacionalidade
Lei 1 considera-se competente

• Qual problema aplicar a lei portuguesa à sucessão? Só normas conteúdo e função matérias
sucessória.

• Deixou imoveis Brasil, Portugal e Inglaterra – estamos aplicar a lei portuguesa à sucessão de
todos os imóveis. Vai dizer quem são herdeiros todos estes imoveis.

• Qual risco? Levamos esta decisão , para Brasil e Inglaterra , acontecer que considerem competente
outra lei que não a lei portuguesa. E agora?
Suponhamos que a Inglaterra entende que a lei que regula é a lei da situação do
imóvel.
Lei inglesa beneficiário da herança? Quando escolhemos única lei para regular
universalidade bens ( como para a sucessão, regime bens do casamento ) ,em vários
países corremos risco de esse ato não ser reconhecido no pais da situação dos bens
imóveis. E é o pais onde queremos principalmente que seja aceite.

• Será que este problema se poe na lei aplicável aos direitos reais? 46º- lei da situação imoveis,
logo o que estão em Portugal- lei portuguesa, Inglaterra- lei inglesa e brasil- lei brasileira.

Logo não se coloca o problema, já aplicamos a lei da situação.

• Nesta parte da matéria , não se poe em direitos reais. Poe-se nos casos em que escolhemos única
lei que vai regular universalidade bens situados em vários países.

PRINCIPIO MAIOR PROXIMIDADE- há matérias que a regra de conflitos


escolhe única lei abrangendo vários bens mesmo tempo , como na sucessão, capacidade, regime
bens casamento , etc.
Vale de alguma coisa termos aplicado a lei da nacionalidade a todos os bens estamos a
fazer negocio de partilha que não será reconhecido em Inglaterra, pois la consideram competente
lei da situação da coisa.
Autor alemão- ZITTELMAN – que veio desenvolve principio DIP que é o da maior proximidade.
2 notas previas :

1. Isto não é principio da proximidade , mas sim da maior proximidade. O da proximidade


orienta direito em geral, o dip tenta aplicar a lei que tem conexão mais forte. No
nosso caso a lei mais próxima seria da nacionalidade , de acordo este principio. O
da maior proximidade diz outra coisa, saber se em certos casos nós não devemos

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excluir do âmbito de aplicação da lei geral que regula os vários bens , excluir da
lei da nacionalidade, do seu âmbito de aplicação ALGUNS BENS IMOVEIS e
submeter à LEI DA SUA SITUAÇÃO, logo no caso a lei inglesa.

2. Em nome de que? Quando faz sentido deixar de aplicar a lei considerada mais
próxima para aplicar a lei da situação da coisa? Como que PREPOSITO? Garantir
reconhecimento da NOSSA DECISÃO, no pais em que as coisas estão, o nossos facto
vai produzir efeitos.

O legislador foi quem escolheu a lei mais próxima, o objeto do principio da maior
proximidade não é aplicar lei mais próxima, mas sim aplicar uma que tenha
reconhecimento da nossa decisão. Qual o enredo deste principio? Lei que regula bens
situados em vários países. Problema que não se poe problemas reais. Ex, sucessão,
capacidade, regime bens casamento, tutela sobre bens do incapaz, e há muitos mais

Para garantir decisão produza efeitos naquele país. Não serve dizer que bem é de
x ou y e no outro pais não reconhecerem. Principio maior proximidade- sim faz sentido
em certos casos, tínhamos escolhido lei para regular sucessão na totalidade.

O senhor A e B suecos, residem Portugal e tem bens imoveis toda a europa e estão em duvida que poderes tem para
administração desses bens. Problema coloca-se em Portugal se pode vender bens sem autorização um do outro. Regra de
conflitos do 52º do CC

52º-Conceito-quadro- relação entre conjugues; nacionalidade comum- logo remete lei 2

Lei 1------lei 2 ( sueca)

Matéria estatuto pessoal – 25º

O que diz a regra de conflitos sueca? Nacionalidade comum conjugues, logo a lei 2 considera-se competente.

Lei 1----lei 2 ( considera-se competente ).

Quais bens? Todos. Uma lei regula bens do casal, de todos, Portugal, Suecia, Inglaterra, França,
Dinamarca.

Está resolvido? Que problema se coloca? E ao aplicarmos a lei que tínhamos escolhido não estamos a criar
decisões que possam produzir efeitos no pais em que estão- PRINCIPIO EFETIVIDADE DO DIP.

A prepósito problema-PRINCIPIO MAIOR PROXIMIDADE- diz o que? Que podemos retirar âmbito da
lei que escolhemos. Em certos casos, excluir alguns dos bens e submeter os bens à lei da situação da coisa.

EM QUE CASOS?
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Lei sueca seria para todos os bens, em principio. Ponto é saber, podemos retirar sempre ou algumas vezes?
Quais bens?

Principio maior proximidade divide-se em 2 asseções e diferem apenas QUANDO ( em que casos o devemos
fazer) é que FUNCIONA PRINCIPIO MAIOR PROXIMIDADE :

1) ACESSÃO MATERIAL OU RESTRITA- devemos retirar alguns bens imoveis âmbito


aplicação da lei escolhida para universidade e submete-los à lei da sua situação QUANDO a
lei da situação da coisa tiver um REGIME MATERIAL/ SUBSTANTIVO ESPECIAL para
aquele tipo de bens. Isto é quando a lei da situação da coisa tratar aquele tipo de bens especial
no seu dip material. Logo funciona em poucos casos. Porque material ou restrita? Temos que
olhar ao direito material. Estou disposto a excluir lei sueca, mas só se a lei da situação da
coisa tiver um regime material especial para aquele tipo de bens e assim abdico aplicar a lei
da situação da coisa. Já vamos concretizar. NORMAS MATERIAIS- tem um regime especial
aos bens.

2) ASSEÇÃO AMPLA/ CONFLITUAL- o principio da maior proximidade funciona, QUANDO


, a lei da situação da coisa se CONSIDERAR COMPETENTE a esse TITULO. Ou seja,
escolhemos lei sueca, na aceção ampla , excluímos âmbito da lei sueca e submetemos lei inglesa,
quando a lei inglesa se considerar competente a titulo de lei e sou eu. REGRAS DE
CONFLITOS manda aplicar lei da situação coisa. É aplicada mais vezes.

Exemplo- O senhor A e B suecos, residem Portugal e tem bens imoveis toda a europa e estão em duvida que poderes tem para
administração desses bens. Problema coloca-se em Portugal se pode vender bens sem autorização um do outro. Regra de
conflitos do 52º do CC

Lei suécia- aplica-se bens em Portugal, Suecia, Inglaterra, França, Dinamarca.

Imagine-se a discutir – poderes administração da casa morada de família e moram em Portugal .

1. ASSEÇÃO RESTRITA- não abdico a lei da nacionalidade, só abdico para certos bens. Como a casa
da morada de família , se a lei portuguesa tiver um regime especial para a morada de família, então
se tiver abdico aplicar a lei sueca para submeter este concreto bem-casa morada família- à lei
portuguesa.

Se vigorar em Portugal esta aceção, o que faço? Vou às normas materiais que regulam aquele tipo de
bens em Portugal. Se houver um regime especial aplico a lei portuguesa, se for regime geral aplico na
mesma a lei sueca.

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2. ASSEÇÃO AMPLA- bens em Inglaterra. Se vigorar este tipo de asseção , em que casos? Se a lei
inglesa mandar aplicar a administração de bens a si própria.

O que tenho que procurar a lei inglesa ? A regra de conflitos. Se a regra de conflitos inglesa se
considerar competente , passa para a lei inglesa.

Algumas delas vigora em Portugal?

Não há nenhuma norma no código que mande funcionar o PRINCIPIO PROXIMIDADE na sua
ACESSÃO RESTRITA.

Mas na aceção restrita acaba funcionando através de um instituto do DIP – a lei sueca permite que
venda a casa de morada sozinha. Mas as NORMAS DE APLICAÇAO NECESSARIA E IMEDIATA-
determinam seu próprio âmbito, independente da regra de conflitos ( políticas legislativas) e dizem que
“ eu não quero saber regra de conflitos”, eu aplico-me quando acontecer circunstancia que estabeleci.

Vejamos 1682 CC- “ carece sempre consentimento dos conjugues”- obedece politica legislativa muito
forte, mesmo que a regra de conflitos mande aplicar outra lei. Juiz substituir a regra indica esta parte
para aplicar esta norma.

O que está acontecer? Juiz vai aplicar a norma de aplicação necessária e imediata da LEI
PORTUGUESA. Mas a lei sueca era a indicada todos os bens! Mas não é geral, apenas para a
MORADA DE FAMILIA. Ou seja está a funcionar A ASSEÇÃO MATERIAL DO PRINCIPIO
MAIOR PROXIMIDADE.

Quando a lei da situação da coisa, tem um regime especial para certos bens, normalmente quando criam
norma material especial certos está a fazer de NORMAS DE APLICAÇÃO NECESSÁRIA E
IMEDIATA- isto não é bem igual aos outros, tenho interesse politico legislativo.

Portanto este principio acaba por vigorar em Portugal, um regime especial, é feito em normas de aplicação necessária e
imediata- esta substituir norma geral (sueca) pela especial ( portuguesa- norma de aplicação necessária e imediata).

Como identificamos as normas de aplicação necessária e imediata? Doutrina e jurisprudência ou explícitas .

ACESSÃO AMPLA- casos são esses? Quando a lei da situação da coisa se considere competente.

Ou seja, se vigorar este principio entre nós , em que casos aplicamos a lei inglesa? Quando
regra de conflitos inglesa se considerar competente e deixa funcionar a lei sueca.

Temos que ir a lei inglesa ver a sua regra de conflitos.

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Vigorará em Portugal?

No código civil de 1966, deveria ou não estabelecer a acessão conflitual?

Dr. Ferrer Correia não é preciso , não é condição necessária e nem suficiente , e há casos em que
mesmo com principio da maior proximidade nem sequer consegue. Não é suficiente pois há países
em que mandam aplicar a própria lei, não reconhecem decisões estrangeiras. Porque não é condição
necessária?

Perguntas orais “ porque é que se decidiu que não deve vigorar este princípio em Portugal? Porquena sua aceção ampla não é
condição necessária nem suficiente. O objetivo é que a decisão que nós temos seja reconhecida nos outros países. Ferrer Correia
concluiu que não é preciso termos o principio da maior proximidade para conseguirmos que as nossas decisões sejam efetivamente
reconhecidas. As vezes nem sequer é condição suficiente, há casos em que nem com o princípio da maior efetividade ele consegue
esse reconhecimento.

DIP BRASILEIRO- situação imóvel- logo lei brasileira- no brasil estamos aplicar a lei
brasileira como tem a seguinte regra “ nenhum ato elaborado estrangeiro tem efeitos estrangeiro
quando se refira a imoveis situados brasil”.

1.NÃO É SUCIFICIENTE, PORQUE? - PRINCIPIO MAIOR PROXIMIDADE- qual o


52 mandou aplicar? Lei sueca. Mas os bens que estão brasil tiramos e vamos aplicar a lei
brasileira quanto aos bens brasil para que nos reconheçam este ato. NÃO CONSEGUIMOS!
Assim não vale a pena deixar de aplicar a lei que escolhemos. Pois há países que exigem
aplicação sua lei como não reconhecem atos estrangeiros. Não seria reconhecido. Nem assim o
brasil reconhece a nossa decisão, mesmo aplicando a lei brasileira .

2.PORQUE NÃO É CONDIÇÃO NECESSÁRIA? Não é preciso verdadeiramente -Lei


da situação coisa considera-se competente, Inglaterra. O que esta critica diz? Não é necessário,
porque na Inglaterra vigora a TEORIA RECONHECIMENTO DE DIREITOS
ADQUIRIDOS – instituto do DIP permite reconhecer atos estrangeiros mesmo que não validos
para a lei competente.

Vamos concretizar:

A lei inglesa considera competente a lei inglesa. Para a lei sueca e submeto sucessão lei
inglesa. O que acontece? RECONHECIMENTO DIREITOS ADQURIDOS- qual a lei
considera competente na Inglaterra? Inglesa, mas aceito a sueca, aceito outras. Logo disponível
reconhecer situações mesmo que cumprido outra lei.

Dr. Ferrera Correia- 2 afloramentos:

1. AFLORAMENTO DIRETO- única regra de conflitos que o consagra.

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47º- conceito quadro “ capacidade constituir direitos reais ou dispor deles “. Isto
é matéria sobre capacidade. A capacidade , a regra de conflitos é 25º que
manda aplicar a lei pessoal- nacionalidade ( 31º).

Qual lei aplicável nos termos do 47? Em principio a lei aplicável é a lei
pessoal ( parte final) so não assim é quando a lei da situação da coisa assim
o determine. Ou seja quando a lei da situação da coisa se considere competente-
PRINCIPIO MAIOR PROXIMIDADE- CONCEÇÃO AMPLA.

2. AFLORAMENTO INDIRETO- verdadeiramente vai funcionar não quando nos temos


principio maior proximidade mas quando outra lei tem o principio da maior
proximidade, funciona através sistema de reenvio.

Em matéria estatuto pessoal-sucessão por morte-62º- morreu senhor que residia


em Portugal, era francês e deixou vários imoveis no brasil.

Lei 1------- lei 2-------D.S------lei3 ( considera-se competente)

▪ É uma transmissão competência simples. Aceitar reenvio? Promove ou


não harmonia jurídica internacional.
▪ Matéria de estatuto pessoal- sucessão por morte
▪ O que fazem outras leis?
• Lei 3- lei 3
• Lei 2- lei 3- devolução simples- para a lei que 3 apontar.
• Lei 1- faz sentido aceitar o reenvio? SIM! Aplicamos a lei
3, conseguimos harmonia jurídica internacional. QUAL
REQUESITO? 17/1º - é transmissão competência simples.
17/1 – verifica-se o requisito, que a lei 3 se considere
competente, logo podemos ACEITAR REENVIO. Estamos no
âmbito do ESTATUTO PESSOAL , e o nossos legislador é
mais rigoroso ( 25º) , portanto HARMONIA JURIDICA
QUALIFICADA será o limite .Temos que ir ao 17/2 –
saber se o REENVIO CESSA- residência ou nacionalidade-
são REQUISITOS ADICIONAIS ? CAUSAS CESSAÇÃO
REENVIO ! 1. Interessado resider em Portugal – verifica-
se. Legislador mandou parar o reenvio em nome da harmonia
jurídica qualificada.2. Cessa o disposto no número anterior,
se a lei referida pela norma de conflitos portuguesa for a
lei pessoal e o interessado residir habitualmente em

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território português ou em país cujas normas de conflitos
considerem competente o direito interno doEstado da sua
nacionalidade.

• O 17/3- vamos ver pela PRIMEIRA VEZ- 3. Ficam,


todavia, unicamente sujeitos à regra do n.º 1 os casos-
1ºrequisito: da tutela e curatela (1), relações
patrimoniais entre os cônjuges ( 2), poder paternal (3),
relações entre adotante e adotado(4) e sucessão por
morte (5), 2º requisito :se a lei nacional indicada pela
norma de conflitos devolver para a lei da situação dos bens
imóveis e 3º requisito: esta se considerar competente.
Exeção ao 17/2- REATIVAÇÃO REENVIO desde que
cumpridos 3 pressupostos . Estamos no âmbito da sucessão
por morte ( 1º requisito) ; lei 3 é a lei da situação da
coisa ( 2º requisito) e se a lei da situação coisa se considere
competente ( lei 3) – 3º requisito.

Logo vamos aplicar a lei 3, pois reativa o reenvio. Porque? Porque


reativamos este reenvio?

Alguma destas leis tem principio da maior proximidade? A lei da


situação da coisa foi indicada pela lei da nacionalidade. O sistema por
nós eleito mais importante , o tem. É um afloramento indireto.

Deixamos principio maior proximidade funcionar, mas porque a lei


escolhida por nós o quer. A lei da situação da coisa é INDICADA
PELA LEI DA NACIONALIDADE. A lei da nacionalidade é indicada
por nós.

Lei competente é a lei 3, a lei brasileira.

PRINCIPIO REENVIO- REVISÃO


1. PRINCIPIO HARMONIA JURIDICA INTERNACIONAL- só aceitamos reenvio se promover a harmonia jurídica
internacional

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2. PRINCIPIO HARMONIA JURIDICA QUALIFICADA- acordo entre 2 sistemas mais próximos quanto lei aplicável.
Mas também pode ser fundamento, alem de limite.
3. PRINCIPIO MAIOR PROXIMIDADE- no reenvio acessão conflitual ou ampla e fora do reenvio, artigo 47º. Na
acessão restrita através das normas de aplicação necessária e imediata.

Aula teórica- 25.11-14- não há aula

Aula teórica 28.11-15


Ex, Lei 1 diz que negocio é invalido; Lei 2 que é valido. Nós remetemos para a lei 2, logo negocio seria valido . Mas a
lei 2 remete para nos e seria invalido. Aceitamos o reenvio e logo também consideramos negocio seria inválido.

Negocio celebrado passado e concluímos aceitar o reenvio. A nossa lei remete lei 2 e concluímos aceitar o reenvio.

Para a lei 1 o negocio é nulo porque aceitamos o reenvio ( de 2 para 1 ; logo 1 para 1). Se tivéssemos ido pelo 16 o
negocio era valido. Mas como aceitamos reenvio pela harmonia jurídica internacional prejudicamos validade do negocio

Lei 1----------lei 2

R.M

ARTIGO 19- ULTIMA ARTIGO REENVIO- CASOS EM QUE NÃO É ADMITIDO REENVIO

17 e 18 conduziriam ao reenvio e o 19 para.

19/1º- cessa disposto do 17 e 18 quando resulte invalidade ou ineficácia que seria valido segundo a regra do 16. Cessa o
reenvio quando porcausa reenvio tenhamos chegado a invalidade ou ineficácia de um negocio jurídico desde que fosse válido para
o 16º - a regra do 16 é não aceitar o reenvio. O negocio seria valido de acordo com a lei que indicamos . Vale tanto faz
cessar reenvio num caso retorno ou transmissão de competência, quando reenvio conduza invalidade ou ineficácia.

Porque o legislador faz parar reenvio? Se parar aceitamos a lei 2. E em 2 que lei estão aplicar? Lei 1 que diz ser inválido.
PRINCIPIO FAVOR NEGOCIO- legislador não se importa prejudicar a HARMONIA INTERNACIONAL se savalaguardar
as expectativas na valida negocio.

Que lei diz que negocio é valido? Lei 2. A lei 1 diz que é invalido. O reenvio pode violar legitimas
expectativas . O reenvio burla as expectativas. Logo principio favor negocio vem dizer para não aceitar o reenvio em favor
dessas expectativas.

O 19º em nome favor negocio para o reenvio para expectativas , deve funcionar sempre que o negocio considere invalido?

Escola lisboa- SIM! SEMPRE!

Escola Coimbra- DEPENDE! 2 REQUISITOS EXTRA :

1. O 19º só funciona para negócios já celebrados. Se for para negocio celebrar amanha, reenvio
funciona. Porque? Porque não há expectativas das partes. 19 tem ideia favor negocio e é

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proteger expectativas. As partes perguntarem” amanha é 2 ou 1 a lei?” Aceite-se o reenvio,
logo lei 1 aplicável.

2. O segundo requisito, 19 só deve funcionar quando as partes pudessem legitimamente contar com
a aplicação lei 2. Como sabemos? Quando o negocio momento em que foi celebrado tinha
alguma conexão com o foro, connosco. Se tivessem tido algum contacto connosco, o que poderia
ter acontecido? O único sistema manda aplicar a lei 2? A nossa regra de conflitos , de 1.
As partes só podiam estar a espera da lei 2 se fossem ver a seta da regra de conflitos
portuguesa. Só faz sentido 19º funcionar se o reenvio retirar essa expectativa. Só há
expectativas aplicação da lei 2 se o negocio tiver contacto lei do foro (1). Portanto, o 2º
requisito quando as partes efetivamente podiam estar a espera da aplicação da lei 2.

CRITERIO DE QUANDO PODIAM TAR A ESPERA- quando negocio no momento celebração


tem contacto com o foro.

Estes 2 requisitos da escola de Coimbra tornam a aplicação do 19º menos frequente.

Lima Pinheiro( escola lisboa)” o 2º requisito é ilógico, porque as partes se foram ver o sistema português
saberiam que a lei aplicável era a 1”.

Ferrer Correia ( escola coimbra ) “não é espectável que as partes entendam o sistema português”

O que nos permite fazer revisão : quantos princípios orientam sistema reenvio? 4!

1. HARMONIA JURIDICA INTERNACIONAL


2. ESTATUTO PESSOA- HARMONIA JURIDICA QUALIFICADA- intervém em todas? Só
em algumas matérias, estatuto pessoal. É fundamento e limite ao reenvio. A partida limite,
mas também funciona fundamento
3. PRINCIPIO MAIOR PROXIMIDADE- afloramento indireto no 17/3º e funciona como
fundamento reenvio.
4. PRINCIPIO FAVOR NEGOCIO- faz o que ao reenvio? Restringe. 19/1º. Quando a lei
que tínhamos indicado considera negocio valido mas por força aceitação reenvio considere inválido.
Para escola Coimbra tem 2 requisitos adicionais que já vimos. Faz o que ao reenvio? Restringe.
Também pode fundamentar autonomamente o reenvio? Que é independente da harmonia jurídica
internacional. Será que pode ?

PODE EM 2 REGRAS CONFLITOS EXPLÍCITAS! Prevem caso reenvio em nome do


favor negocio, não por promover a harmonia jurídica internacional mas para tornar o negocio
valido dadas as expectativas das partes, confiaram mesmo que não haja harmonia jurídica
internacional.

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• ARTIGO 65º CC- qual conceito-quadro? Conexão múltipla alternativa, legislador chama 2 ou
mais leis e juiz aplica 1. Qual? A que se satisfizer o objeto material enunciado pelo legislador.
Regra de conflito podem ser localizadoras- escolhe lei mais próxima ou podem ser regra de
conflito objetivo material- realize determinado resultado material. O 65º é uma regra de conflito
com objetivo material , o objetivo legislativo é qual? Disposições morte- conceito-quadro (
testamento, pactos sucessórios) , serão validas se respeitarem a lei 1 ou lei 2, o objetivo
legislador é que sejam válidas. Basta uma dê a validade. Então vamos ver. O 65º tem ali
várias leis :
i) lei ato celebrado- local celebração- aqui algum reenvio? Quem mandou
aplicar ? Fomos nós , logo não há aqui nenhum reenvio ( e na sebenta
se disser que há está errado)
ii) i lei pessoal autor da herança- e se tiver varias nacionalidades? No
momento da declaração ou momento morte . Nenhum reenvio até agora.
iii) Ou ainda as prescrições da lei para que remeta a lei local- que lei? Lei
para que remete a regra de conflitos da lei do local da celebração. Ou
seja, ele celebrou negocio na argentina. Portanto, celebrou negocio na
argentina e então é a lei indicada pela regra de conflitos da argentina.
Isto é reenvio? SIM!! Quem escolheu a lei? Fomos nós? NÃO! Isto é
REENVIO.
1º pergunta- porque?

Porque , pode ter acontecido ter feito testamento na argentina e notário


argentina aplicou a lei que a sua regra de conflitos indicada.
Legitimamente o senhor contava com a lei 3.
O que diz o nosso legislador?
Se tinha expectativas nessa lei que não fui eu que escolhi eu aceito.

65 exige que a lei 3 se considere competente?


E se não considerar?

Mesmo que não considere competente, aceitamos o reenvio. Se o objetivo


fosse a harmonia jurídica internacional exigiríamos, aceitamos o reenvio
para a lei 3 mesmo que não promova a harmonia jurídica internacional.

Porque aceitamos?

Promove o PRINCIPIO FAVOR NEGOCIO. Portanto na ultima conexão


do 65º tem fundamento como reenvio autónomo, que seja útil ou não a
harmonia jurídica internacional.

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• ARTIGO 36ºCC-qual conceito-quadro? No 36º onde está? O conceito-quadro é forma negócios
jurídicos em geral. No 65 era nas disposições por morte.

i) Lei regula a substancia do negocio- não tem reenvio


ii) Lei do local da celebração- não temos reenvio

iii) Invés da Lei local da celebração, a lei que foi escolhida pelo local da
celebração- reenvio. Quando aceitamos? Quando promova a validade do
negocio. Fundamento autónomo do principio favor negocio.

Portanto…

Notas finais sobre o reenvio

1. Existem conexões inimigas do reenvio , o que quer dizer? Elementos de conexão que quando utilizados
pelo legislador nunca admitem reenvio. Mesmo que essa lei não se considere competente e remeta para
outra, nos não remetemos para outra. Quais são na nossa lei? 19/1- dizia que para o reenvio quando
conduza invalidade negocio; 19/2- cessa disposto nos artigos 17 e 18 , se a lei estrangeira designada
pelos interessados quando tenham escolhido .

Ex, 41º- rege-se lei escolhida partes e escolhem lei brasileira. Aplicamos a lei brasileira mesmo
que não se considere competente e remeta para outra- 19/2º. Porque?

Porque não aceitamos o reenvio para a argentina, por ex? Quando as partes podem escolher lei
aplicável, estão a escolher o que? As NORMAS MATERIAIS BRASILEIRAS. Escola partes é uma
conexão inimiga do reenvio.

2. E este sistema de reenvio a estudar aplica-se quando? Quando utilizemos regras de conflito de FONTE
INTERNA.

Existem com fonte não interna? Muitas e crescentes. Em regulamentos união europeia, conveções
internacionais Portugal ratificada. Regulamento roma 1 manda aplicar lei braisleira e a lei braisleira
remete lei argentina, estamos a utilizar regulamento europeu- o que fazemos? Podemos utilizar regra
de conflitos portuguesa? Não , apenas para fontes internas.

Cada instrumento europeu ou internacional escolhe o seu próprio sistema de reenvio. Significa que
se estivermos a utilizar regra de conflitos do regulamento roma 1, vemos qual o seu sistema . E o
regulamento sucessões? Vemos qual o seu sistema. Na nossa vida profissional assim o vemos.

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Regra de conflitos de um regulamento vamos ver o respetivo elemento conexão.
Se fossemos legislador união europeia, que sistema reenvio escolhíamos? O nosso sistema é tido como
sendo muito perfeito mas é muito complexo, imagine-se no brasil eu a dar um sistema de reenvio
brasileiro demoraria 10 minutos, aqui temos 1 mês. Se reenvio passa a ser menos importante é menos
grave haver sistema reenvio mais simples apesar não tao perfeito logo a tendência internacional quando
haja uniformização é escolher o sistema mais simples de todos.

Ex, regulamento roma 1- artigo 20º- epigrafe “ exclusão reenvio”- entende-se que quando retemos
normas pais com exclusão das de DIP, logo ficam as materiais, o sistema roma 1 é referencia material.

EXEÇÃO- REGULAMENTO SUCESSOES- não tem referencia material, 34º tem sistema renvio
pragmático ( como o nosso)! Mas não damos esta matéria ( caso 25º não damos ).

**Nota- falta matéria reenvio, mas será dada últimos 15 minutos aula e só é perguntada em orais de
melhoria**

EM QUE CONDIÇÕES RECONHECEMOS SITUAÇÕES CONSTITUIDAS


ESTRANGEIRO?

Se for valido a luz da lei competente! E como sabemos qual a lei competente? Nos EUA comprei telemóvel, e quero
saber se essa venda é valida?
Através da REGRA CONFLITO-Servem para situações a constituir e já constituídas!
O problema do conflito do reenvio é uma forma resolver o PROBLEMA SISTEMA DIP- os NEGATIVOS
( a lei designada por nós tem sistema DIP diferente do nosso). Mas podem também haver CONFLITOS
POSTIVOS- nos mandamos aplicar uma lei e outro sistema qualquer manda aplicar a outra.
Certo tipo de regras de conflitos- dividimos quanto à função:

1. Unilateral- dizem quando se aplicam a do foro, e temos que ir aos países estrangeiros quando quiser
aplicar-se,

2. Bilateral- escolhe , quer seja chinesa, quer seja do foro, etc PROBLEMA CONFLITOS NEGATIVO
só aqui aparecem.

PROBLEMAS CONFLITO- tanto bilateral como unilateral.

Ex, perfilhação cidadão português que reside no brasil- já celebrada . Em que situações
reconhecemos situação constituída estrangeiro? Quando forem válidas à luz da lei competente e sabemos

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qual a lei competente pela regra de conflitos. A perfilhação é valida entre nós? Só se for valida a
luz da lei competente, e sabemos pela regra de conflitos e é o 56º

Lei 1

Nos mandamos aplicar ,a lei portuguesa. Reconhecemos a perfilhação feita luz brasil? Só se esta
regra de conflitos for valida a luz da lei competente. Mas pode haver CONFLITO POSITIVO
SISTEMA- perfilhação feita brasil, a regra de conflitos brasileira pode aplicar lei diferente da nossa.
Não é conflito negativo porque não mandamos aplicar lei que não se considera competente.
No brasil podem mandar aplicar lei diferente , a lei da residência por exemplo. Nos consideramos a
lei brasileira e no brasil mandam aplicar a lei da residência – CONFLITO POSITIVO SISTEMAS.

Reconhecemos a perfilhação se for valida a luz da lei competente, ou seja, lei portuguesa e se for nulo
para a lei portuguesa? O senhor fez perfilhação no brasil , e o DIP brasil manda aplicar a lei
brasileira. E a lei brasileira diz que perfilhação é valida.

Mas so reconhecemos as situações se forem validas a luz da lei competente – a nossa regra de conflitos
no nosso, a portuguesa. Portugal- a sua perfilhação não vale nada, o conservador brasileiro- negocio
é valido. Mas cá não , achamos competente a lei da nacionalidade.

E agora?
Ora, será que é assim que funciona? Devemos tutelar a expectativa que senhor possa ter na aplicação
lei brasileira, porque foi escolhida pela regra de conflitos brasileira.

Lei competente- quem decide somos nós , a nossa regra de conflitos; estrangeira- regra de conflitos
estrangeira.

PROBLEMA- EM QUE MEDIDA PODEMOS TUTELAR EXEPCTATIVAS DEPOSITVAS NO


SISTEMA DE DIP ESTRANGEIRO que entra em conflito com o NOSSO?

Devemos no fundo dizer que escolhemos uma, mas devemos ou não dar consideração à
estrangeira?

Teoria dos Direitos Adquiridos- escolhemos uma lei, nacionalidade, mas temos de aceitar a aplicação de lei
diferente determinada pela regra de conflito estrangeira.

Portanto, no estrangeiro aplicam lei local celebração, serve também. Dar valor aos direitos
constituídos estrangeiros a luz direito diferente do que aplicaríamos.

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Devemos consagrar esta teoria? Quem escolhe a lei aplicável DEIXA DE SER O FORO ,
denegação juízo conflitual do foro.

O nosso sistema toma uma opção- À partida não vigora esta teoria!

Nos escolhemos a lei aplicável, determinamos a lei proxima e se negocio for valido a luz da lei mais
próxima vigora. Senão não

Mas só não é assim em UMA MATERIA- VIGORA ESTA TEORIA ( aceitamos reconhecer situação que não é
valida a luz da lei que aplicamos mas é valida a luz da lei indicada pela regra de conflitos estrangeira for uma
determinada lei)

Quando?
Uma única matéria que fazemos isto , que é uma matéria que gera especificidades na parte geral do DIP-
ESTATUTO PESSOAL!

LEI DA NACIONALIDADE E RESIDENCIA- há 2 leis muito próximas- nacionalidade e residência. No


31/1- nacionalidade. Se no estrangeiro estiver a mandar a aplicar a lei da residência e for valida para a lei
da residência aceitamos.

Faz sentido porque? A da residência é muito proxima da pessoa. A da nacionalidade é muito próxima, mas
estrangeiro mandar aplicar da residência nos aceitamos.
Estatuto pessoal- DIP mundo oscila entre 2 elementos de conexão- há países escolhem nacionalidade e
outros residência. O critério de escolha é político, os países mais antigos que existem mais anos tendem a escolher
nacionalidade e os mais recentes tendem a escolher residência. Os mais velhos ( como na europa) tendem a ser
países de imigração, saem e vao para outros, aplicar a sua lei a quem está e quem sai. Já os mais novos recebem
pessoas, se for nacionalidade aplicavam varias, residência ( como na américa do sul).
Reconhece-se no fundo ambos são próximas.

Onde esta a teoria de reconhecimento adquiridos no nosso sistema? 31/2 do CC , em única matéria,
estatuto pessoal. Só reconhecemos situações validas a luz da lei que escolhemos, no estatuto pessoal a partida é
assim mas no estatuto pessoal poderemos vir a reconhecer apesar serem invalidas a luz da lei competente. Controlo
da lei aplicável – o 31/2º leia-se. O 31/2 TEM 4 PRESSUPOSTOS:

1) Matéria estatuto pessoal- epigrafe. Porque? Nesta matéria legislador apesar escolher lei competente,
a nacionalidade, reconhece há outra tao boa como esta, a residência. Controlo da lei aplicavel.

2) O 2º requisito- tem haver com o seu âmbito aplicação- é exceção ao 31/1- os negócios jurídicos . Só
negócios jurídicos, ou seja, 31/2 só funciona em negócios jurídicos e não ex legem ( situações
constituídas por lei ). Relação parental- não serve o 31/2 por exemplo. Porque só em negócios
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jurídicos? A grande expectativa das partes é nos negócios jurídicos. Logo o principio jurídico aqui é o
do FAVOR NEGOCIO o fundamento. Escolhemos a residência se as partes tiverem confiança/
expectativa vetem aplicada a lei da residência ao negocio jurídico.

3) O 3º requisito- no pais residência habitual do declarante- apenas negócios jurídicos celebrados no


pais da residencia.

4) O ultimo requisito- em conformidade com a lei desse pais desde que se considere competente. Tem no
2 partes: substantiva e conflitual. Em conformidade com a lei residência ( substantivo) e conflitual-
se considere competente. Porque? Tínhamos escolhido lei nacionalidade em matéria estatuto pessoal (
reconhece residência e nacionalidade são ambas importantes) , aceitamos a lei da residência,
legislador tutela expectativa das partes porque a regra de conflitos residência mandar aplicar a lei
da residência . E no pais da residência estiver a aplicar a lei da residencia .

Ex, perfilhação cidadão português que reside no brasil- já celebrada . Em que situações reconhecemos
situação constituída estrangeiro? Quando forem válidas à luz da lei competente e sabemos qual a lei competente
pela regra de conflitos. A perfilhação é valida entre nós? Só se for valida a luz da lei competente, e sabemos
pela regra de conflitos e é o 56º
Vamos verificar pressupostos:
1. Estamos em estatuto pessoal? SIM! “ LEI PESSOAL PROGRENITOR”
2. Negócio jurídico? PROBLEMA- perfilhação é negocio jurídico? Em direito da família
maioria doutrina não é negocio jurídico na lei portuguesa, mas não é so para a lei
portuguesa, interpretamos como os conceitos-quadro, É forma teleológica uma negocio jurídico,
o que o legislador do DIP conflitual queria abranger ! Logo a ratio do 31/2- expectativas
das partes. SIM ! O conceito de negocio jurídico do 31/2 é para ser interpretado como os
conceito-quadro. Abrange assim NEGOCIAIS E PARANEGOCIAIS.
3. Perfilhação no pais residência- SIM TINHA!
4. 2 PARTES- 1. É valido a perfilhação para Brasil? 2. Regra de conflitos brasileira
manda aplicar a lei brasileira? SIM E SIM!

DOUTRINA diz que o 31/2 não pode funcionar tao facilmente- 3 REQUISITOS ADICIONAIS- denegação juízo
conflitual do foro? Substituímos nossa regra de conflitos por regra de conflitos estrangeira!

1. Só se utiliza 31/2 quando a situação já estiver consolidado no tempo, ou seja, já tenha produzido
efeitos importantes a salvaguardar. Significa que se a perfilhação tiver sido ontem não reconhecemos
a perfilhação pois não há ainda expectativas ainda a salvaguardar. Já foi a festas da escola- já há
expectativas a salvaguardar.
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NOTA !
ESTE REQUISITO NÃO CONFUDIR COM 19/2º- SITUAÇÕES JÁ CONSTITUIDAS (
podem ser ontem) este é JÁ ALGUM TEMPO .

2. Não pode haver sentença estrangeira sobre o assunto- se já houver sentença a decretar validade ou
invalidade do 31/2 , ai o problema já é difetente já é do reconhecimento de sentenças estrangeiras (
dadas próxima aula).

3. Não pode estar em causa materia de questao prévia( não demos este ano a questão prévia- o instituto
do dip )- o direito a ser constituído é numa ação a titulo principal. Se o senhor tiver a perguntar
perfilhação é principal, agora se for dentro ação acessória , como questão previa para ação principal
já não funciona o 31/2. Porque? Os direitos discutidos a titulo incidental são por outro instituto do
DIP-QUESTAO PREVIA!

Logo verdadeiramente são 4 literais e 3 doutrinais os requisitos do 31/2!

CASO- A , português celebrou testamento na Argentina, reside no Brasil , Portugal coloca-se problema validade
testamento.

• Qual lei competente? Rega de conflitos 62º diz que é a lei da nacionalidade, logo a
portuguesa. Chegamos conclusão que não é valido para a lei portuguesa.
• Terminou caso? Não! Temos reconhecimento direitos adquiridos- 31/2- estamos disponíveis
alguns casos reconhecer situações não validas para a lei competente. 7 requisitos :
1. Pressupondo os doutrinais
2. Pressupondo os doutrinais
3. Pressupondo os doutrinais
4. Estatuto pessoal? Sim
5. Negócios jurídicos? Sim. Testamento é negocio jurídico bilateral
6. Negocio valido residência e considera-se competente- o que faz a lei da
residência? A lei brasileira considera o negocio valido e considera-se
competente!
7. Saltamos o 3º em cima- veja-se agora- este requisito serve para tutelar
expectativas tutelados no pais residência. Fez testamento na argentina, mas
seguiu a lei brasileira. 31 /2 deixa reconhecer negocio? NÃO! NÃO FOI
CELEBRADO PAIS RESIDENCIA. Mas é VALIDO PAIS RESIDENCIA?
SIM! E então? Há razoes não reconhecer? Não? Toda a doutrina fazem
flexibilização 31/2- não é rígido, temos que flexibilizar para corresponder à
sua teleologia. A teleologia do 31/2- negócios validos para pais da

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residencia , local celebração é irrelevante. A ideia do 31/2 é reconhecer
negócios produzir efeitos onde a pessoa more . Não foi celebrado brasil mas é
irrelevante. 31/2 deve funcionar mesmo sem o 3º requisito- celebrado no
pais da residência.

Nota- falta matéria reenvio, mas será dada últimos 15 minutos aula e só é perguntada em orais de melhoria-
abaixo:

DIFERENÇA 17/2 E 18/2

Matéria aplicável em estatuto pessoal

1.Lei 1----lei 2
RM
2.Lei 1---lei 2( nacionalidade) —RM--lei 3 ( local celebração)

1º HIPOTESE

• Em 2- aplicaria a lei 1
• Aceitamos reenvio? É útil ? Sim . Vamos ao 18º se o DIP lei indicada (2) devolver para o
nosso DIP ( 1). Logo aceita-se reenvio.

2ºHIPOTESE

• EM 3- considera-se competente
• 2- lei 3
• 1- aceitamos o reenvio? É útil? Sim. Vamos ao 17º ver. Logo e útil a reenvio.

Nosso sistema trata forma igual seja retorno ou transmissão competente. Mas é estatuto pessoal.

A lei a residência considera-se competente e não reside em portugal.

1º HIPOTESE

• 18/2- preenche algum requisito adicional? Reside em Portugal? Não. Ou residir em pais em que considere competente
a lei portuguesa ? Não, o pais da residência considera-se competente.
• Reenvio cessa. E se assim é , é porque não há harmonia jurídica qualificada
• Nacionalidade - 1 ; residência- residência

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2ºHIPOTESE- aceita reenvio sem harmonia jurídica qualificada

• Residência- residência; nacionalidade-3


• 17/2- aceitamos o reenvio? Tem causas de cessação.
• Vejamos o 17/2- para o reenvio 1. Residir em território português? Não. 2. Cessa residir em pais cujas normas
de conflito considerem competente a nacionalidade. Não é o caso.
• Logo reenvio não cessa. Mesmo sem haver harmonia jurídica qualificada.

Há um caso que é este , 17/2 deixa funcionar reenvio mesmo sem harmonia jurídica qualificada . Já o 18/2
nunca o permite.
Porque legislador faz isto?

Os casos são semelhantes, a diferença é que a lei local celebração é a nossa na hipótese 1 e na 2 é
uma terceira lei.
Ferrer Correia- 18 é mais exigente que o 17 na harmonia jurídica qualificada. Porque? Na 1º hipótese
temos algo haver com o caso, lei da nacionalidade escolheu-nos como lei aplicável e por isso podemos ser mais
exigentes, temos proximidade ao caso, porque a lei 2 manda aplicar a nossa, logo podemos impor o nosso juízo
conflitual.
Batista Machado- 18 é normal, não deixa funcional sem harmonia jurídica qualificada. O 17 é que é
menos exigente. Porque? Aceita mesmo sem haver harmonia jurídica qualificada, se parassemos o reenvio e
mandássemos aplicar a lei da nacionalidade, mais ninguém está a mandar aplicar. E temos ligação ao caso? Não
somos nacionalidade, nem residência e vamos nos insistir num caso temos nada haver? Não podemos. É menos
exigente , e não podemos negar reenvio por não haver harmonia jurídica qualificada pois não temos qualquer
ligação ao caso.

3 casos- aceitamos reenvio sem harmonia qualificada


1- sexta feira ;
2- este do 17/2- lei residência fora e se considera competente.
3- Matéria obrigatória oral passagem- o 17/3 – reativa o reenvio parado pela harmonia jurídica qualificada

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Aula teórica 2.12-16

VL1------------l2
LLL NAC

R.M

RES

Discutiu-se a validade casamento. Regra conflitos do 49 que manda aplicar lei da nacionalidade- estatuto pessoal , escolheu
a lei 2 e a lei 2 considera o casamento é inválido, logo se pedir em Portugal o reconhecimento deste casamento, se produz
efeitos a nossa resposta partida é não, pois reconhecemos as situações luz da lei competente e a lei 2 diz que é inválido.

Mas tínhamos visto na 2ºfeira que no estatuto pessoal talvez não seja exatamente assim pois vigora a TEORIA DO
RECONHECIMENTO DIREITO ADQUIRIDOS- reconhecer situações não validas a luz da lei competente mas validas luz
da lei residência. Porque é denegação juízo lei do foro? Porque aceitar o nosso legislador ? Garantir principio favor negotio
( expectativas ) e considera o nosso sistema que a posição conflitual outra tao boa como esta, a da residência habitual, é
esta a base do reconhecimento direitos adquiridos em estatuto pessoal, dai aceitar denegar o juízo conflitual.

Para isto acontecer, reconhecimento direito adquiridos, quais os requisitos?


Vamos procurar no 31/2 CC são 4 requisitos +3 doutrinais:

Doutrinais:
1. SITUAÇÃO CONSOLIDADE NO TEMPO- já aconteceu bastante tempo e este casamento
foi celebrado em 1998.
2. NÃO HAVER SENTENÇA ESTRANGEIRA SOBRE ESTE CASAMENTO- pois passa
a reconhecimento sentenças estrangeiras.
3. SER QUESTÃO LEVANTADA A TITULO PRINCIPAL

Supomos que os 3 estão preenchidos


31/2-4 requisitos:

1. AMBITO ESTATUTO PESSOAL: sim, lei da nacionalidade é a apontada nossa regra


de conflitos
2. EM NEGOCIOS JURIDICOS e não em situações ex legem- as partes contam que
produzam efeitos, as ex legem é discutível. Há uma expectativa. Estávamos a falar
reconhecimento de um casamento – é negocio jurídico? Sim.

Tem nacionalidade de 2 e residem em 3 mas casaram em 1, Portugal e em Portugal é


valido mas para 2 e 3 não é válido ( nacionalidade e residência ).

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3. NEGOCIO CELEBRADO PAÍS DA RESIDÊNCIA- não foi celebrado. Foi celebrado
em Portugal e residem em 3.

E agora? FLEXBILIZAÇÃO TELEOLÓGICA- podemos dispensar este requisito porque


a razão de ser do 31/2 é reconhecer negócios validos para sistema da residência. O
local onde foi celebrado é irrelevante.

Onde foi celebrado não é verdadeiramente importante, ratio legis do 31/2 o requisito
em questão é dispensável.

4. TEM 2 PARTES:
I. NEGOCIO VALIDO LEI DA RESIDENCIA – não é valido para a lei da
residência, casamento é nulo
II. ESTA SE CONSIDERE COMPETENTE-não se considera competente, aplica
lei 1.

Mas consideram em 3 válido o casamento, pois fazem referencia a 1 e em 1


consideram válido. Para os tribunais do pais da residência casamento é valido.

Reconhecemos ou não o casamento?

Doutrina e jurisprudência- interpretação extensiva ou teleológica para abarcar esta


situação. Não fazia sentido não reconhecer este casamento.

Se pensarmos . em 3 onde residem , o casamento está a produzir efeitos? SIM! Porque


estão aplicar lei 1, é certo que para 3 não é valido o casamento mas o que interessa é
que consideram válido pois remetem lei 1.

Ora, para a residência ainda que não aplicando a sua lei, negocio está a produzir efeitos,
então temos que RECONHECER- interpretação teleológica ou extensiva do 31/2. Como
vamos concretizar? SUBSTITUINDO O 4º REQUISITO.

5. SUBSTITUIR por que NEGOCIO SEJA CONSIDERADO PELO SISTEMA DA


RESIDENCIA / PAIS DA RESIDENCIA- negocio produza efeitos na residência, seja
aplicando a sua lei seja aplicando outra, e assim reconhecer a sua validade.

Vamos ver
O sistema da residência considera negocio valido? Já funciona? Sistema residência
considera casamento válido pois remete para a lei 1, por referência material.

PRINCIPIO FAVOR NEGOCIO- está na base disto.


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Questão : E se de 3 para 1 remetesse com outro tipo de posição de reenvio? O que acontecia?

Já não dava. Se fosse exemplo devolução simples , não havia nada a fazer. No pais residência não estava a produzir
efeitos, o que conta é determinar que lei pais da residência estava apontar.

Outro problema, outro casamento, residem em Portugal, nos mandamos aplicar a lei da nacionalidade ( l2) que considera o
negócio inválido, a lei da nacionalidade remete lei do local celebração ( l3) que considera-se competente e considera negocio
válido. E é valido para nós.

L1 ( residência – PT)--------l2 ( nacionalidade)----RM------l3 ( local celebração)

V V

Quando reconhecemos situações ? 49º .


Problema reenvio- lei da nacionalidade remete para l3.
Temos que começar fim, nosso sistema é pragmático
Lei 3- que lei se aplicaria? Lei 3.
Lei 2- que lei se aplicaria? Por referencia material - Lei 3.
Lei1 – faz sentido aceitar reenvio? Sim. Faz-se reenvio . Mas estamos em estatuto pessoal e nossos
legislador não vai aceitar tao facilmente, pois é uma matéria muito próxima da pessoa.
Temos que ver se estamos a aceitar o reenvio com base no 17/1 que tem como requisito que a lei 3 se
considere competente e é o caso e portanto aceitamos o reenvio.
Agora temos que ver senão para pelo 17/2 que tem 2 causas de cessação do reenvio- interessado residir
em Portugal ou no pais que esteja aplicar a lei da nacionalidade. Reside em Portugal, logo cessa o reenvio, legislador
manda parar o reenvio pelo 17/2.
Nós ( l1) vamos aplicar a lei 2. O casamento será inválido.
O 19º serve aqui? Não. Não temos reenvio.
Temos que tentar 31/2- estatuto pessoal- teoria reconhecimento direitos adquiridos : estamos nos 1, a aplicar
a lei 2, da nacionalidade, mas no estatuto pessoal estamos dispostos aceitar outra lei, a da residência. Vamos ver
os 7 pressupostos, os doutrinais já pressupondo cumpridos, o 1 e 2 tambem cumpridos, já o 3º requisito não está
cumprido e agora?
Flexibilização do 31/2, local celebração irrelevante, ratio 31/2, reconhecidos para a lei da residência.
Vamos ao 4º requisito- lei da residência somos nós e consideramos o negócio válido , e estamos aplicar a
lei 2 . Não consideramo-nos competentes? Não.
Interpretação extensiva- não quero saber se a lei da residência considera negocio valido o que interessa é
que pais da residência considerem negocio válido- é o caso?
Veja-se o pais da residência é 1, estamos aplicar a lei 2, considera 2 negocio valido? Não.
Logo negocio não é valido.

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Ultima tentativa de reconhecer casamento- não encontra unanimidade doutrinal embora encontre na
jurisprudência-INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA ( posição da Escola de Coimbra)

Qual preferimos? Nacionalidade. Mas desde que produza efeitos para residência? Reconhecemos.

INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA 31/2- se estamos analógica ou enunciativa ( por maioria da razão), estamos
dispostos ( interpretação teleológica) reconhecer negócios no pais da residência, mas ainda mais importante para nós
é o pais da nacionalidade. Vamos ver pais da nacionalidade, negocio está a produzir efeitos.

Em 2 que lei estão aplicar? 3, e 3 considera negocio válido.


Estamos a reconhecer como validos negócios pais residência , então também pais da nacionalidade . Por
maioria da razão, interpretação analógica reconhecer no pais nacionalidade.
Em 2 , pais nacionalidade, por força interpretação analógica estamos dispostos para os negócios validos lei
nacionalidade.

Logo vamos aceitar o reenvio, que o artigo 17º não tinha deixado aceitar. Concluímos inicialmente que não, ou seja,
interpretação analógica pelo 31/2 vai aplicar interpretação restritiva do 17º, estamos aceitar reenvio que o 17º
não permitia.

ESCOLA LISBOA NÃO ACOMPANHA ESTA TESE da INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA- 17 dizia só aceita
reenvios harmonia jurídica internacional e qualificada. O 17 tutela o sistema como um todo, o 31/2 só tutela
interesse de algos, tem por trás principio favor negocio e dai não poder-se fazer interpretação enunciativa pois coloca
a frente interesse partes face interesse sistema- harmonia jurídica qualificada e internacional.

DR FERRER CORREIA E BATISTA MACHADO- este não é único caso que nosso sistema coloca a frente
a harmonia internacional em frente do favor negocio, como no 19º que faz cessar o reenvio que era útil
harmonia jurídica internacional .

RECONHECIMENTO DIREITO ADQUIRIDOS-CONCLUSÃO

Logo aceitação não é valida a luz da lei competente, regula em só 1 matéria estatuto pessoal, com requisitos do 31/2. Requisitos
31/2, estar em estatuto pessoal pois é única matéria que escolhemos nacionalidade mas também aceitamos residência, negócios
jurídicos pois onde há expectativas partes, negócios pais residência que pode ser dispensado que não se liga ratio e o quarto
requisito seja valido lei residência e ela se considere competente, podendo haver interpretação extensiva, pais residência o negocio
seja valido ( todos concordam) e ainda a interpretação enunciativa ( escola coimbra) .

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ORDENAMENTOS PLURILEGISLATIVOS

O que são? São ordenamento que seu interior tem varias leis, como estados unidos, espanha. Tem várias leis,
• Base pessoal como em Israel e sirio, leis diferentes aplicam todo território e aplicam a pessoas diferentes.
• Base territorial- cada parte território tem lei diferente.

Ex, Lei competente- cidadã Califórnia e cidadão Nova Iorque

Em Portugal não temos isto, mas precisamos reconhecer pois as vezes as nossas regras de conflito mandam aplicar
lei de um pais plurilegislativo, dos estados unidos- mas qual? Da california? Nova iorque?

No nosso sistema só colocamos o problema com um elemento de conexão- nacionalidade- só este, pois todos os outros
elementos resolvemos o problema sem o por. Se chegarmos lei estados unidos, local da celebração, residência
habitual- aquela que celebrou, reside. Logo só no elemento de conexão nacionalidade pois indica ordenamento como
tudo.

20º n1 e n2 do CC- quando em razão da nacionalidade ( resto fingimos que não existe) é o direito interno desse
estado que fixa qual direito aplicável .que quer isto dizer? Sucessão cidadão espanhol, regra conflito manda
aplicar lei da nacionalidade.
O 20 nº1 diz que é o direito espanhol a decidir. Remetemos direito INTER-LOCAL DO SISTEMA QUE
ELEGEMOS. Funciona muito bem , cada pessoa tem uma espécie de sub-nacionalidade , mas em espanha.

No estados unidos não funciona, pois cada estado dos estados unidos tem seu próprio direito inter-local. Nova jersia
e california tem direitos diferentes e agora? O 20/2 é nosso CRITERIO SUBSIDIARIA- o DIREITO
INTERNACIONAL PRIVADO, não havendo direito interlocal único. Nos estados unidos conitnua não resolvendo-
porque ? Cada estado estados unidos tem o seu DIP ( no Canadá resolveria).

Estes 2 critérios nem sempre dão solução. Logo falhou direito interlocal- cada um tem o seu, direito internacional
privado- cada um tem seu, passamos a LEI DA RESIDENCIA- que isto é? Substitui-se nacionalidade por
residência? Mesmo residência sendo diferente da nacionalidade? Cidadão norte-americano vive Dinamarca, residência
dentro estados unidos? Ou substituímos totalmente, pela lei da residência, lei dinarmaca?

Lisboa- RESIDÊNCIA É DENTRO DO PAIS DA NACIONALIDADE.


E se pessoa não residir la , como no exemplo? Escola Lisboa diz que PRINCIPIO PROXIMIDADE. Dentro lei
estados unidos, qual lei mais próxima?

Coimbra- chegados aqui TROCAMOS NACIONALIDADE por RESIDENCIA- legislador já demonstrou varias
vezes que aceita residência tao bem como nacionalidade, estar estados unidos a ver qual é não dá.

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Quando? RECONHECIMENTO DIREITOS ADQUIRIDOS, REENVIO ESTATUTO PESSOA, CONEXÃO
SUBSIDIARIA- residência ou nacionalidade, ÁPATRIDAS ( 32º).

Aula teórica -5.12-17-colega davide

Não vamos dar o reenvio oculto, a substituição e a questão prévia.

Como é que funciona a aplicação de lei estrangeira? Pode acontecer que os tribunais portugueses tenham de aplicar
leis estrangeira. Isto levanta problemas específicos. Quatro problemas. A regra de conflitos é imperativa ou facultativa? Podem
as partes combinar não usar regra de conflitos? P. ex.: juiz, resolva isto como se fosse um caso puramente interno. Cabe às
partes escolher usar o DIP ou não? Teoria da regra de conflitos facultativa. Não: em Portugal não vigora a tese das regras
de conflitos facultativas; o sistema conflitual é imperativo. Isso decorre de forma muito clara do art. 348.º/2 CC. O direito
estrangeiro é de conhecimento oficioso ainda que as partes o não tenham invocado. Logo, mesmo que as partes não queiram,
quando a regra de conflitos aponta para lei estrangeira, o juiz tem de aplicar. As regras de conflitos são de funcionamento
necessário. Porquê? Ao invés do legislador francês. Interesses fundamentais: p. ex., harmonia jurídica internacional. Qual era
o risco? Instabilidade das relações privadas internacionais. O DIP quer produzir decisões efetivas. Segunda razão que só existe
para quem entenda as RC’s como normas de 2.º grau: sendo normas sobre normas, têm de ser de aplicação territorial;
aplicação imperativa. Tutela de interesses fundamentais do DIP e natureza das RC’s.

Quando a regra de conflitos manda aplicar lei estrangeira quem tem de provar o conteúdo da lei estrangeira? As partes ou o
tribunal? Será que o tribunal, oficiosamente, tem o dever de procurar o conteúdo da lei estrangeira? O direito estrangeiro é
de conhecimento oficioso? No mundo, os vários sistemas estão divididos: há sistemas que dizem que cabe às partes; outros, não.
A questão está em saber como tratamos o direito estrangeiro. Se o direito estrangeiro for um facto, cabe às partes; se for
direito, iura novit curia. O legislador estabeleceu o conhecimento oficioso do direito estrangeiro: trata o direito estrangeiro como
questão de direito e não como questão de facto. Primeiro problema. Consagração legal? Art. 348.º/1. Cabe ao tribunal, mas
as partes têm o dever de colaborar. É um dever e não um ónus: se fosse um ónus, não podiam usar; é um dever. Do 348.º/1
remetemos para o 674.º CPC. O recurso de revista incide só sobre matéria de direito. Se há recurso de revista, é porque é
questão de direito. Segundo problema. Como é que o juiz faz isto? Como se consegue que o juiz conheça leis estrangeira?
Gabinete de Documentação e Direito Comparado: funciona junto da PGR. Duas atribuições: organiza bases de dados de leis
estrangeiras; é um ponto de contacto com autoridades congéneres. Se o juiz precisa de saber o que diz a lei estrangeira, dirige-
se ao Gabinete. Este sistema é inspirado no modelo alemão: Instituto Max Planck.

Terceiro problema. O que é que o juiz faz quando não consegue obter o conteúdo do direito estrangeiro? Pode o juiz fazer
non liquet? Não. Então, o que deve fazer? 348.º/3: passa para a lei do foro. Esta é a última solução. Há dois passos
prévios. Um doutrinal e outro legal. O primeiro passo (doutrinal) é: se o juiz não consegue encontrar a lei competente, aplica

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o direito, provavelmente, vigente. O que é a lei que, provavelmente, vigora no Irão? Dois critérios. Se soubermos que a lei
desse país faz parte de um sistema composto por várias leis (p. ex., família de direitos que abrange o direito do Irão, Iraque
e da Síria). Segundo critério: não conseguimos saber a lei atual do Irão, mas conseguimos saber a lei que vigorava há 20
anos. Pode o juiz aplicar o direito antigo, partindo do pressuposto que ele não tenha mudado. Porque é que estes critérios não
são seguidos? Muito arbitrário. Se este falhar (ou não o seguindo), passamos para o art. 23.º/2. Recorre-se à lei
subsidiariamente competente. E se este critério falhar ou a regra de conflitos não tiver conexão subsidiária? 348.º/3.

Quarto problema. E se não for possível concretizar o elemento de conexão? Resolve-se como o terceiro: conexão subsidiária; se
não houver conexão subsidiária, lei do foro. Quinto. Este regime de aplicação de lei estrangeira vale só para os juízes ou
também valerá para outras autoridades públicas que aplicam lei estrangeira?

FRAUDE À LEI EM DIP

Art. 21.º CC. O que é isto? Caso famoso. Historicamente, o DIP era um direito elitista (de príncipes e princesas).
Hoje, não: temos imensas relações internacionais. Uma princesa, casada com um príncipe que odiava, queria divorciar-se e a
RC mandava aplicar a lei da nacionalidade e a lei da nacionalidade não permitia o divórcio. Para conseguir o divórcio, mudou
de nacionalidade. Como é que tratamos artifícios das partes para alterarem a lei aplicável pela regra de conflitos? Evitar que
as partes usem artifícios para modificar a lei que seria aplicável através da regra de conflitos. Deve ou não o juiz ignorar
este artifício? Pretende evitar que as partes, manipulando a regra de conflitos, criem uma situação artificiosa. Isto só se põe
em algumas regras de conflitos: só quando o elemento seja móvel (e não cristalizado). Nacionalidade, residência. O que faz
a fraude à lei? Consequência? Ignora o artifício para conseguir a aplicabilidade de lei diferente. Este instituto está em
decadência. Porquê? Quando o elemento de conexão é a escolha das partes, a fraude à lei não faz sentido, porque o próprio
legislador permite às partes escolher a lei aplicável. É, estruturalmente, incompatível. Contratos, responsabilidade civil, regime
de bens, sucessão. ...

Quatro requisitos. Intenção fraudatória: exige-se uma manipulação consciente da conexão com o intuito de evitar a aplicação
daquela lei. A é maltês e a lei maltesa não permite o divórcio; mudou de nacionalidade para a lei portuguesa, porque cá mora
há 40 anos. Não temos intenção fraudatória; só a teríamos se ele tivesse mudado de nacionalidade com o propósito de evitar a
aplicação da lei maltesa. A e B querem casar, mas não é chique casar em Portugal e vão casar ao Havai e conseguem a
aplicação da lei do Havai à forma do casamento. Segundo elemento da fraude: atividade fraudatória. As partes ... tem por
efeito a alteração da lei aplicável. As partes conseguem, efetivamente, a alteração da lei aplicável. A, português, residente no
Brasil, tentou fazer um negócio no Brasil para o qual não tinha capacidade, nos termos nem da lei portuguesa nem da lei
brasileira. Muda de residência para a Dinamarca.

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Há atividade fraudatória? Antes de mudar de residência, a lei aplicável era a lei portuguesa; agora, a lei aplicável continua
a ser a lei portuguesa. Mais dois elementos. Norma instrumento: norma utilizada para conseguir a alteração da lei aplicável
(regra de conflitos). Norma-objeto: norma material cuja aplicabilidade ele quis evadir.

Efeitos da fraude? Desconsidera-se o artifício. No caso, desconsideramos a mudança de nacionalidade pela princesa.
Mas será que vigora, entre nós, a teoria do fraus omnia corrumpit? Será que a própria aquisição da nacionalidade francesa
é inválida? Ou será que é apenas para efeitos de aplicação da regra de conflitos? Maioritariamente, entende-se que não vigora
essa tese: a mudança de nacionalidade é desconsiderada no momento da aplicação da regra de conflitos.

ORDEM PÚBLICA INTERNACIONAL

É o último dos problemas. Está regulada no art. 22.º CC. É um mecanismo de evicção de lei estrangeira. É um
mecanismo de expulsão, que permite afastar lei estrangeira. Qual? A que foi designada pelo nosso DIP. Essa evicção faz-se
quando a lei estrangeira viola os princípios fundamentais da ordem pública nacional? É a lei estrangeira que controlamos?
Não. A exceção de OPI não controla o conteúdo da lei estrangeira: controla o resultado da aplicação da lei estrangeira. Não
se controla se a lei estrangeira é boa ou má; é para controlar o resultado da aplicação da lei estrangeira.

O que é isso da OPI do Estado português? Art. 280.º CC. Ordem pública interna: conjunto das normas imperativas.
Será que o art. 22.º trata do mesmo conceito? Se for isto, o que estamos a dizer é que só deixamos aplicar lei estrangeira,
na medida em que não contrarie as nossas normas imperativas.

A OPI será mais ou menos abrangente do que a OP interna? Muito menos casos. A OPI não são as normas
imperativas portuguesas. A lei estrangeira não só viola normas imperativas nossas, como viola princípios fundamentais: resultado
absolutamente intolerável. Além de a lei estrangeira ser diferente da nossa, aplica-la é absolutamente intolerável. É um instituto
que deve ser utilizado poucas vezes e não sempre que a lei estrangeira seja diferente da nossa. P. ex.: querem casar A,
português e B, iraniana; a norma iraniana atribui capacidade para casar aos 9. Aplicamos a OPI? Ela tem 32 anos. É um
resultado intolerável casar uma pessoa com 32 anos? Não. Não controlamos a norma; controlamos o resultado da aplicação
da lei estrangeira. A norma, por mais esquisita, não conduz a um resultado chocante. Ordem pública internacional e normas
de aplicação necessária e imediata: ambas tutelam interesses fundamentais do foro; mas funcionam em momentos diferentes. As
NANI’s aplicam-se antes de determinar a lei competente; a OPI funciona depois de determinada a lei competente e só depois
do resultado. A OPI tem caráter aposteriorística: depois de determinada a lei competente e de saber o resultado a que essa lei
conduz. As NANI’s têm caráter apriorístico.

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Características da OPI. Primeiro: excecionalidade. A sua excecionalidade tem que ver com o número de casos em que
funciona e com o momento em que funciona. Ou seja: funciona em muito poucos casos (não é para funcionar sempre que a lei
estrangeira seja diferente da nossa); casos em que o resultado da aplicação da norma é absolutamente intolerável.

P. ex: A deixou uma casa de férias em testamento à sua amante (proibida pela lei portuguesa); a lei competente é a lei
espanhola que o permite. A lei que regula a sucessão deixa aos filhos apenas 1/3 da herança. A lei estrangeira não deixa
nada aos filhos; deixa tudo ao cônjuge. Depende. Temos de olhar ao caso e ver se é ou não intolerável a aplicação da norma
estrangeira. P. ex.: o falecido deixou em testamento... Segunda característica: nacionalidade. Serve para tutelar interesses de
quem? Nacionais ou da comunidade? Valores nacionais: valores do Estado do foro; se forem valores comuns, também são
valores do país cuja lei estamos a aplicar. A razão de ser da OPI é a diversidade de valores. Se os valores fossem comuns,
não faria sentido. Protegemos valores do Estado do foro. Discussão: a OPI estará a aumentar ou a diminuir os casos em que
é aplicada?

Há mais comunhão de valores ou cada vez valores mais diferentes? A doutrina tradicional vem dizendo que a OPI
está condenada à morte, porque assistimos a uma cada vez maior comunhão de valores. Afonso Patrão entende que estão
enganados.

Há casos em que havia comunidade e passou a haver diversidade. Família: p. ex., casamento entre pessoas do mesmo
sexo (há 70 anos, havia comunhão de valores e hoje não há). E se eu quiser impedir a aplicação de uma lei estrangeira
porque ela permite escravatura e, no caso concreto, havia escravatura? A proibição da escravatura é um valor mundial; será
que o posso usar? A OPI tem a característica da nacionalidade, mas isso não significa que os valores sejam só nossos. Terceira
característica: atualidade da OPI. A atualidade não significa que vamos apreciar a OPI no momento do julgamento. Os valores
fundamentais são inertes ou mudam? Quando estamos a apreciar um caso devemos olhar aos valores nacionais que hoje vigoram
ou aos valores nacionais que vigoravam quando a relação jurídica foi constituída? Os valores atuais. Porquê? O que seria
intolerável era recorrer aos valores antigos? A OPI é excecional (para aqueles casos em que o juiz diz que, se decidir assim,
incendeiam-lhe o tribunal).

Última característica: imprecisão. Não sabemos, à partida, os casos em que vamos ou não usar a OPI. Porquê?
Porque depende do resultado concreto: depende das específicas circunstâncias do caso; não é de concretização legislativa, mas
sim de concretização judicial. Esta imprecisão é orientada por uma relatividade da OPI, ou seja, o nosso grau de exigência, em
concreto, varia quanto a uma série de fatores. Há casos em que somos mais exigentes; e casos em que somos menos exigente.
Primeiro: intensidade da ligação ao foro. P. ex.: casamento bígamo: será igual a validade deste casamento se eles residirem cá
ou se vierem cá 15 dias de férias? Quanto maior a ligação ao foro, mais exigentes podemos ser. Também varia consoante
seja uma situação a reconhecer ou uma situação a constituir. P. ex.: A, adulto com 55 anos casou com B com 14 anos. É
igual se ela já tiver casado há 2 anos e já tiver 2 filhos ou se cá se apresentar para casar? Somos mais exigentes quando
se trate de uma situação a constituir. Por fim: efeitos que se pretendem.

Teoria do efeito atenuado da OPI. Marroquino, casado com 3 senhoras, mas não dava alimentos a uma delas. A
Sra. propôs uma ação para pedir alimentos; o juiz tem de avaliar a validade do casamento bígamo. Reconhece o casamento,
não reconhece o casamento ou reconhece apenas alguns efeitos a este casamento?

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O casamento, em si, não se reconhece: OPI. Mas reconhecem-se certos efeitos do casamento. Pode utilizar-se a OPI
para alguns efeitos, mas não para outros.

No início do séc. XX, usava-se um critério: critério do ask your wife (pergunta a alguém que não saiba nada de
Direito).

A OPI pode ter duas funções. Uma função positiva ou uma função negativa. Função positiva quando permite a
constituição ou reconhecimento da relação jurídica que a lei competente não permitia. A e B, italianos, residem em Portugal e
querem casar. A lei competente é a lei italiana que se considera competente. A lei italiana diz que o casamento é entre pessoas
de sexo diferente. Só os podemos casar se invocarmos a OPI: se houver ligação ao foro e a lei competente não permitir
casamento entre pessoas do mesmo sexo. Função positiva: criar ou reconhecer uma situação jurídica que a lei competente não
permitira. Função negativa: proibir uma situação jurídica que a lei competente permitiria.

Efeitos. O que acontece quando uma autoridade invoca a OPI? 22.º/1: desaplicação da norma estrangeira (evicção
de lei estrangeira). Podemos ficar com uma lacuna (mas nem sempre). O que fazer nos casos em que ficámos com uma
lacuna? Vamos procurar a solução às outras normas da lei estrangeira (princípio do mínimo dano da OPI: só recusamos da
lei competente o mínimo indispensável; no mais, continua a ser competente a lei estrangeira). Se a lei estrangeira não der outra
solução, aplicamos a lei do foro.

Elementos de conexão jurídicos e dever de conhecimento oficioso.

Se o problema não se pode por mesmo quando o elemento de conexão é a escolha.

LEI APLICÁVEL AOS CONTRATOS

Onde é que estão as regras de conflitos sobre contratos? Três fontes. Arts. 41.º e 42.º CC. Obrigações provenientes
de negócio jurídico. Os arts. 41.º e 42.º são para todos os negócios jurídicos (unilaterais ou bilaterais/contratos).

A UE visa criar liberdade de circulação: se, cada país, tivesse regras diferentes, se calhar, não se investia tão
facilmente. Então, logo em 1980, foi celebrado entre os EM da UE uma convenção internacional de unificação da lei aplicável
aos contratos: Convenção de Roma sobre a lei aplicável aos contratos. Portugal, quando aderiu à UE, disse que aceitava
Convenção para contratos celebrados a partir de 1 de janeiro de 1994.

Entretanto, com o Tratado de Amesterdão, foi atribuída à UE competência em matéria de DIP. Assim, em 2009,
adotou um Regulamento que era para substituir a Convenção de Roma. Chama-se Roma, porque visa substituir a Convenção
de Roma. A Convenção e o Regulamento têm normas transitórias.

A CR aplica-se, entre nós, a todos os contratos celebrados desde 1994 até 17 de dezembro de 2009. A partir
daí, aplicamos o Regulamento Roma I. O critério é a data de celebração do contrato: CC para contratos celebrados até 1994
(arrendamento, trabalho); Convenção de Roma; Regulamento Roma I. CR e RRI excluem uma série de contratos (p. ex.,
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contratos em matéria familiar) e negócios jurídicos unilaterais. Quando um contrato seja plurilocalizado, para saber qual é o
DIP que vou usar, preciso de saber: data de celebração; e saber se não é um dos contratos excluídos. Âmbito temporal de
aplicação e âmbito material de aplicação. Vamos estudar o RRI e o CC. Contratos; celebrados depois de 2009; e não
excluídos pelo art. 1.º RRI.

Quando usamos o RRI, há uma série de normas da Parte Geral que deixamos de utilizar (p. ex., reenvio; normas
de aplicação necessária e imediata de países terceiros). Por fim: será que o Regulamento só se aplica nas relações que tenham
pontos de contacto com EM’s ou também com Estados terceiros? Art. 2.º RRI: aplicação universal. Há uma substituição total
dos arts. 41.º e 42.º no seu âmbito material e temporal. Se aplicar a lei de um EM, nunca há conflito de sistemas.

Aula teórica-9.12-18

Nota: aulas próxima segunda-feira serão online

Regulamento Roma I, fazer remissões

Já tínhamos acabado parte geral conflito de leis- métodos, qualificação, etc , a competência tribunais não damos nesta
cadeira. Vamos agora estudar a parte especial – lei aplicável obrigações contratuais.

Fonte de DIP que utilizávamos são varias na materia contratual :

1. 41 e 42 CC
2. Conveção roma 1980 contratos
3. Regulamento roma i
Como sabemos qual deles aplicar? Questão temporal – antes de 1994, os contratos serão código
civil. 1994 a 17 dezembro 2009 – convecção; depois 17 dezembro 2009 – roma I

No 1º do regulamento roma 1

• Abrange apenas contratos determinada matéria- em matéria civil e comercial e fica de fora os ex, administrativos.
• Mesmo dentro contratos direito privado, são excluídas as matérias, elencadas nº2 do artigo 1- exclusões:

o Alínea a)- capacidade das pessoas- artigo 25 código civil- estatuto pessoal não esta abrangido por este
regulamento
o Obrigações decorrem relações família – como o casamento, convenções Antenupciais não se aplica este
regulamento- 49 e ss CC aplica-se ou a parte alimentos ( parte final) há um regulamento 4/2009
o Regimes bens do casamento e sucessões- não se aplica este contrato aos regimes de bens ( regime
antenupcial, heranças , partilha )- regulamento 2016/1103 ; regulamento 650/2012
o Alínea e ) – contratos em que as partes escolhem qual tribunal competente- regulamento Bruxelas 1 (
1215/2012)
o O resto- código civil

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• Este regulamento aplica-se apenas a estados membros ou também a estados terceiros, não façam parte U.E?
Também a terceiros. Substitui totalmente as regras do código civil. No artigo 2º diz-nos “ aplicação universal “.

• Esta lei aplicável aos contratos regula o que? Validade substantiva do contrato e mais o que? Logo no artigo 1º,
remissão 12 ( estatuto contratual- matérias reguladas )- e quais são as matérias reguladas?

o Qual o âmbito aplicável ao contrato? Este é o nosso CONCEITO-QUADRO

▪ INTERPRETAÇÃO
▪ CUMPRIMENTO OBRIGAÇÕES
▪ CONSEQUENCIAS INCUMPRIMENTO- quando alguém viola o contrato , a responsabilidade
contratual é regulada por este regulamento
▪ CAUSAS EXTINÇÃO OBRIGAÇÕES CONTRATUAIS
▪ CONSEQUENCIAS INVALIDADE CONTRATO- o que acontece quando contrato é nulo ? Há
interesse a salvaguardar?

• Mas de fora fica por exemplo a capacidade das partes para contratual, pode ate ser
nulo mas não é a lei reguladora contrato que diz

o ELEMENTO CONEXÃO- no artigo 3º tem a regra de conflitos principal. Qual elemento de conexão
escolhido? “ESCOLHA DAS PARTES”- qual a lei aplicável ao contrato? A lei escolhida pelas partes.

▪ E num contrato não abrangido pelo código civil? Artigo 41 CC- temos o mesmo elemento de
conexão submetidos regulamento roma 1 e submetidos ao código civil

▪ Porque elemento de conexão “ vontade das partes” nas obrigações contratuais? Tem reflexo
conflitual de um PRINCIPIO DA AUTONOMIA PRIVADA. Em matéria de contratos o
interesse mais importante é o das PARTES. Logo projeção conflitual da ideia do principio da
autonomia da vontade. Mas não é única razão.

▪ Este elemento de conexão também tem uma FUNÇÃO PROFILÁTICA DE CONFLITOS-


previne conflitos. Se as partes escolheram a lei NÃO TEM INCERTEZA quanto à LEI
APLICÁVEL- não há aquela duvida do DIP de qual lei se aplicará aqui. Logo as partes estão
claramente a contar com essa lei e que muitas vezes gera conflitos. Tem assim uma
CONFIANÇA ACRESCIDA.

▪ E se as partes escolheram uma lei que não se considera competente? Escolheram a lei brasileira
e a lei brasileira que considera competente local de celebração? Pode haver reenvio? NÃO!
Artigo 20 DO REGULAMENTO – exclusão do reenvio. No regulamento temos a
REFERENCIA MATERIAL

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▪ E no código civil? Aceitamos o reenvio? NÃO !19/2 CC- Ou seja do artigo 41º quando diz a
lei que as partes escolheram remissão para 19/2- escolha partes é inimiga do reenvio. Porque?
Partes escolheram lei brasileira , porque a brasileira e não a que a brasileira tiver indicar?
REFERENCIA MATERIAL e porque? Razões da LIBERDADE ESCOLHA, nunca se terá
REENVIO- quer-se com isso:

i. autonomia privada- damos relevo vontade partes e não harmonia jurídica qualificada
ii. prevenir conflitos

▪ VONTADE PARTES chama-se AUTONOMIA CONFLITUAL- encontrarmo arigo 3


regulamento roma 1 e 41 CC. A autonomia conflitual distingue-se da AUTONOMIA
MATERIAL que é uma figura próxima e aprendemos do direito civil .

• A Material é de conformar a sua relação jurídica.


• A conflitual é de escolher a lei aplicável
• Então e qual a diferença?

1. Na material- partes celebram contrato, tem liberdade conformar o seu


contrato. Tem limites? Normas imperativas- aquilo que as partes não
podem conformar.

2. Conflitual- autonomia maior, escolhe a lei que vai dizer quais as normas
imperativas e dentro dessa lei poderá haver autonomia material. Portanto,
escolhem uma lei que regula o contrato com as suas normas imperativas e
norma supletivas e uma vez escolhida essa lei as partes tem autonomia
material ( mais normas supletivas- mais autonomia material; mais
normas imperativas- menos autonomia material).

• O código civil e regulamento tem autonomia conflitual da mesma forma? O regulamento data 2008, e codigo
civil de 1976. Qual a tendência? Aumentar ou diminuir autonomia conflitual? AUMENTAR.

A AUTONOMIA CONFLITUAL DO REGULAMENTO é mais AMPLA !

A escolha tem que ser expressa ou implícita? As partes dizem que escolhem lei espanhola ? Ou
é implicitamente, fazendo uma referencia? ESCOLHA TÁCITA- e admite o codigo civil e o
regulamento?

Admite-se no Codigo civil- 41 – “ partes designado”- escolha expressa “ ou houverem tido em


vista”- admitem escolha tácita.

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O Regulamento roma 1 – artigo 3/1- também. “ Resultar forma clara”- admite-se escolha
tácita alem de implícita.

• Escolha TÁCITA é HIPOTETICA? Ou é a VERDADEIRA ESCOLHA? O regulamento e o codigo civil só


admitem a escolha que “ resulte claramente disposições contrato”, as que efetivamente fizeram simplesmente não
disseram que fizeram.

Levanta serie de problemas- como se pode saber de um contrato que implicitamente estavama escolher
certa lei? INDICIOS:

1. Se as partes referem a normas de uma certa lei- ex, referem-se código francês, artigo x
2. Utilizam instituto jurídico que só existe determinada lei- ex, o trust
3. Artigo 12 do regulamento leia-se- escolhido como competente o tribunal de certo estado

Será a língua em que contrato esta escolhido? Tribunal justiça já disse que não.
Moeda de pagamento? 10 francos suíços, é indicio lei suíça? Não. Mas pode ser auxiliar-
alem de dar outro dos 3 indicios e indicar a moeda.

• Contrato entre senhor português e espanhol, celebrado em frança- que leis podem ser escolhidas? Só as que tem
contacto com caso? Podem escolher a lei chinesa?

Código civil- 41º- “ só ALGUMAS”- 1.Interesse sério 2.Contactos com contrato-AUTONOMIA


CONFLITUAL LIMITADA- dá possibilidade partes escolherem lei aplicável, mas dentro determinado leque.
Dado pelas leis em contacto com caso ou em que haja interesse sério ou lei não conectada com caso em 2 casos :

1º caso – lei regula forma mais perfeita, ex contrato compra e venda de qualquer coisa e há lei que
está especializada naquele tipo de compra e venda, especializada

2º caso-conhecimento das partes ex, as partes são doutradas em direito russo- as partes conhecem muito
bem

Regulamento roma i- vejamos o artigo 3º, NAO TEM ESSA LIMITAÇÃO- regulamento tem
AUTONOMIA CONFLITUAL ILIMITADA- mesmo as que não tenham contacto com o caso. É maior que do
código civil. Problemas:

1.é compatível com principio não transitividade? É. Porque o elemento de conexão são as escolhas
das partes, a lei chinesa tem contacto que é a escolha das partes. O contacto relevante é assim
o elemento de conexão.

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2ºproblema, e se fosse um uma situação puramente interna? Nos contratos puramente internos
não há autonomia conflitual, pois esta destina-se apenas a situações plurilocalizadas, pois não
estaríamos dentro do DIP. Mas e se escolherem, são portugueses, celebrado Portugal e querem lei
coreia do norte?

Artigo 3/3 regulamento- a escolha da aplicação da coreia do norte não prejudica a aplicação da
lei portuguesa- normas não derrogadas por acordo- imperativas.

Continuo vinculado a NORMAS IMPERATIVAS PORTUGUESAS mas NÃO NORMA


SUPLETIVAS. Não invalida lei da coreia do norte , mas transforma a AUTONOMIA
CONFLITUAL em AUTONOMIA MATERIAL. Vou aplicar a lei da coreia do norte só na
parte supletiva da lei portuguesa.

3/4 - contratos que so ligações membros da União europeia- e imaginando são todos membros
união, mas escolhem a lei brasileira. E agora? O direito da união imperativa mantem-se.
Escolha estado terceiro não afasta direito da união.

• É possível ter várias leis aplicáveis ao contrato? Uma lei aplicável uma parte e outra lei aplicável a outra
parte? DEPESAGE ?

Regulamento diz que sim! Diz que a escolha pode ser TOTALIDADE ou PARTE CONTRATO- escolha
parcial do contrato.

Mas TEM QUE SER DEPESAGE OBJETIVO e não subjetivo- isto é o que as partes não podem fazer
ao contratante A aplica-se uma lei e ao B outra. Uma parte objetivamente separável do contrato pode ser
diferente.

Código civil – não diz nada sobre isto! Posições .

• Será possível as partes mudarem a sua escolha? Ou tem que revogar? DEPESAGE HORIZONTAL:

Regulamento admite-o expressamente. O contrato rege-se lei A até certo ponto e lei B outro ponto.
Código civil – não diz nada sobre isto. Posições.

• Regulamento admite soluções especiais em determinados contratos- em que haja uma parte mais fraca, por
exemplo contrato trabalho, consumidores, seguro- ESPECIALIZAÇÃO DO DIP.

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Aula teórica-12.12-19

Aulas Práticas
3.10- 1º aula prática
Caso Prático 1:
A, francês e B, alemã, ambos residentes em Espanha, tendo propriedades
confinantes no Algarve, discutem a extensão dos respectivos direitos de
propriedade, concretamente quanto a saber se podem construir até à extrema e
abrir janelas. Tal conduta é proibida pelas leis portuguesa e espanhola mas
permitida pela lei alemã. Quid iuris?

Temos um caso e pergunta-se porque este caso não é posto numa aula prática de direitos reais? Porque temos uma situação
jurídica internacional, com vátrios ordenamentos jurídicos. Se pussemos a lei portuguesa , no direito real , a solução é que a
conduta é proibida.
Não é o ordenamento português que soluciona esta questão
Admitimos a lei estrangeira ao resolver um caso em Portugal – porque não aplicamos a lei portuguesa as situações a
resolver em Portugal? Porque poe em causa a estabilidade das relações jurídicas . Não podemos conduzir ao resultado de
uma relação jurídica variar por passar uma fronteira. É a 1º razão da recusa princípio da territorialidade.
A 2º razão- principio segurança jurídica- as partes não conseguiam prever , as suas expectativas eram frustadas, resposta
ao problema variava consoante local .

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A 3º razão- princípio da não transatividade- diz que não podemos aplicar leis que não tenham contacto com o ordenamento –
se puséssemos aplicação da lei que não tem ligação com o caso.
A partida, não resolvemos a luz do ordenamento portuges .
Como resolvemos?
Não é propriamente questão isotérica e teórica, é provável mundo de hoje, enquanto juristas confrontar com questão não
ligadas ao nosso ordenamento jurídico, nos já celebramos contratos com contacto com outros ordenamentos- ex, contratos na
internet.
As situações internacionais são crescentes.
Como se resolve este caso? PROBLEMAS DO DIP
1. Se fossemos juízes deste caso, num tribunal – qual a 1º pergunta a ser colocada? Saber se os
tribunais portugueses são ou não competentes- PROBLEMA COMPETENCIA INTERNACIONAL
TRIBUNAIS PORTUGUESES. PROBLEMA CONFLITO JURISDIÇÕES.
Portanto, o 1º problema é saber se tribunais portugueses são competentes.
Em direito processual civil já vimos esta questão- é uma situação internacional privada. Desde o
processo Bolonha, esta cadeira é semestral e esta questão não é tratada aqui, logo, não irá ser
avaliada esta questão.
Pressupomos que sejam competentes- é um problema do DIP, é o 1º problema a ser posto numa
situação internacional. Na vida prática resolvemos de acordo com conhecimentos direito processual civil.
Como resolvemos aqui? Como continua a solução ? Nesta disciplina processo aparece sempre resolvido-
é pressuposto. É resolvido o problema.

2. Partindo que tribunais portugueses são competentes passamos ao 2º PROBLEMA- QUAL LEI QUE
VAI ORIENTAR JUIZ NA RESOLUÇÃO LITIGIO-LEI APLICAVEL QUAL É? PROBLEMA
CONFLITO DE LEIS ( há varias leis potencialmente aplicáveis, ordenamentos em conflito ) –
problema da determinação lei aplicável.

Em Portugal – qual lei mais adequada? Dado que Portugal pode aplicar a lei estrangeira. Há uma
lei que juiz acha boa, ex, dinamarquesa- não pode, não há ligação / contacto com caso .

Sabemos que a lei brasileira, chinesa e dinamarquesa não vao ser aplicados- não tem contacto com
caso.
Principio da não transatividade vai resolver o caso? Conclusão, não são aplicadas legislações sem
contacto com caso , mas não resolve tudo, excluímos todas que não tenham contacto com o caso , mas
há leis que tem contacto- francesa, pois A é nacional de lá, senhora B é nacional alemão e a
espanhola que é local residência e ainda a portuguesa, local situação dos prédios. Principio da não
transatividade não resolve a situação totalmente, pois ainda se coloca o problema, dado que sobrou
mais que uma. É insuficiente para termos regulação situações privadas internacionais. Não resolve o
2º problema .

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Perante situação internacional, tribunais portugueses são competentes, e há conflito de leis- que regras
o juiz vai utilizar para decidir?
Imaginando juiz acha que é a luz da lei alemã- solução é que pode construir até a extrema , janelas.
Mas se aplicar lei espanhola, já não pode. Solução vai depender das regras que juiz vai mobilizar.

• MÉTODO CLÁSSICO DIP- se há varias leis em contacto , escolher uma delas . A este método da-se nome de
CONFLITUAL ou CLASSICO ou SAVINIANO.

Foi Savigny que criou – parte da premissa que se há varias leis em contacto , escolhe-se
uma.
Quem escolhe? Juiz ou legislador ?
O que parece melhor? Bem, o legislador de acordo com Savigny , isto é, o legislador deve
criar o CORPO DE NORMAS que digam ao JUIZ qual lei deve ser aplicada –
REGRAS de CONFLITOS ( com S não conflito). São normas criadas pelo legislador
para indicar ao juiz qual lei deve ser aplicada às situações jurídicas internacionais.

Como é que o METODO CONFLITUAL RESOLVE? Através de REGRAS DE


CONFLITO, normas .

Abrindo o código civil no 46º CC- uma regra de conflito para vermos como é que funciona
, o regime da posse e propriedade e demais – é regra bastante diferente das regras que
aprendemos em direitos reais . Em direitos reais diria que não seria possível até à extrema
e abrir janelas, resolve o caso ,é norma de ação, diz ao juiz qual a solução do caso. Esta
regra de conflitos também diz ao juiz qual a resolução do caso?

Esta regra de conflito indica qual a lei que nos dará a solução, as regras de confliro não
são materiais / substantivas, não diz o que podem ou não fazer, indicam qual a lei que se
pode ou não fazer. São normas formais , de 2º grau, não solução ao caso, indicam a lei
que vai dar solução ao caso, normas indiretas.

Este método não é único a resolver as situações privadas internacionais, há outros métodos.

Este método escolhe uma lei, legislador escolhe .


Esta regra de conflitos tem estrutura tripartida- 3 partes:

1. CONCEITO- QUADRO- é a parte que nos determina âmbito de


aplicação, a que situações se aplica. Qual o conceito nesta regra de
conflitos? Só olhando para o artigo – “ regime da posse e demais direitos
reais “, é a parte que diz a que matérias se aplica.

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No artigo 52 ºCC- qual conceito- quadro? Relações entre cônjuges .

E no 62 ºCC? A sucessão por morte .

notas :
i. O conceito-quadro nem sempre esta na 1º parte da regra de
conflitos . Podem ter essa estrutura , outras vezes não.

O 49 ºCC- capacidade de contrair casamento e para


celebrar convenção antenupcial. Há mais? O regime da
falta dos vícios da vontade e encontramos isso no final “ “…”
a qual compete ainda determinar regime da falta da
vontade”.

Temos que olhar a toda a regra de conflitos.

O conceito-quadro está para a regra de conflitos , como


hipotese está para normas materiais.

Na hipótese- descrição situação da vida- “ quem matar uma


pessoa”. Os conceitos-quadro não são assim, utilizando o
46º CC , isto é uma situação da vida? Direitos reais é um
conceito jurídico. Os conceitos-quadro são conceitos jurídicos, e
não uma descrição de situações da vida. Os conceitos-quadro
tem conceitos técnico-jurídicos.
Matar é sempre igual? Sim, na Espanha e na China e em
PT são iguais. Agora os conceitos-jurídicos variam sistema
para sistema. Um conceito-jurídico de direitos reais não é
liquido que sejam iguais noutros sistemas jurídicos.

No 57º CC- o conceito-quadro relações entre pais e filhos .


Quem matar uma pessoa tem pena de 8 a 16 anos- aplica-
se quando alguém matar uma pessoa , âmbito aplicação –
hipótese .

ii. O conceito-quadro estar na epigrafe do Código Civil. Por


vezes há regulamentos da união europeia que não tem
epigrafe e há regras de conflito.

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No código civil, por ex 25º CC- a epigrafe é “ âmbito da
lei pessoal” , é o conceito-quadro? O 25º aplica-se a lei
pessoal ? Não é grande coisa. Olhando ao artigo- sucessões
por morte, relações de família,… O conceito-quadro está no
corpo da regra de conflitos.

O 42º CC- qual conceito quadro? “ Regime supletivo”?


Não. O conceito-quadro está no 41º , o 42º é a
continuação da regra de conflitos que começou no 41º. Esta
regra de conflitos está espalhada por vários artigos. No
41º encontramos o conceito-quadro- “ obrigações e
substancia negócios jurídicos"

E no 55º CC? O conceito-quadro “separação judicial


pessoas e bens e divórcio”.

iii. O 3º flagelo é

2. ELEMENTO de CONEXÃO ou FACTOR DE CONEXÃO- sinonimo de


conexão é ligação . Isto ajuda a perceber que o elemento de conexão é a
circunstância eleita pelo legislador como relevante/ determinante para
determinar a lei aplicável , escolheu como critério determinante de ligação
a uma lei .

Vamos olhar ao 46 ºCC- “ lei do estado onde as coisas se encontrem


localizadas “ , a localização das coisas é o elemento de conexão do 46/1
CC. O juiz para determinar lei aplicável tem que olhar para a
localização das coisas, território cujas coisas se encontrem localizadas.

Olhemos ao 53º CC – o conceito-quadro é a matéria que se aplica , e


neste caso é convenções antenupciais e regimes de bens , o elemento de
conexão, isto é, aquilo que legislador escolheu como determinante para
aplicar a lei, neste caso é nacionalidade dos nubentes ao tempo do
casamento.
No artigo 50 ºCC- conceito-quadro é forma de casamento, o elemento de
conexão é o local de celebração do casamento.

Há um flagelo no elemento de conexão – notas:

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i. O elemento de conexão nunca é uma lei- a lei do estado não
é um elemento de conexão. Porque? É a circunstancia que
nos permite determinar uma lei, logo não pode ser uma lei.

No artigo 62º CC, o conceito-quadro é sucessão por morte , o elemento de


conexão é a nacionalidade ( onde está lei pessoal fazer remissão para o
31/1 CC- diz o que é lei pessoal). É aquilo que juiz precisa saber para
determinar a lei aplicável , logo neste caso nacionalidade do autor da sucessão
e morreu.

E se nasceu português e morreu argentino- ao tempo da morte / falecimento,


logo nacionalidade argentina.

No artigo 45 /1 CC- o conceito-quadro é a responsabilidade extracontratual ,


o elemento de conexão é local onde ocorreu a atividade causadora do prejuízo-
local da produção do dano ou onde ocorreu ? Do facto causador .

No 41/1 CC- o conceito-quadro é obrigações provenientes e substancia de


negócios jurídicos, o elemento de conexão é a escolha das partes .O que é
relevante? O que as partes escolheram.

Ex, ao celebrar negocio pelo ebay- estou a escolher uma lei

3. ELEMENTO ( NÃO IDENTIFICADO POR TODA DOUTRINA)


CONSEQUENCIA JURIDICA- é aplicação da lei indicada pelo elemento
de conexão à matéria enunciada pelo conceito-quadro.

No 48/1 CC- o conceito-quadro são direitos de autor, o elemento de


conexão é local de celebração da aplicação da obra , a consequência
jurídica é aplicação da lei do país onde foi publicada a obra às matérias
de direitos de autor.

No 56/1 CC- conceito-quadro constituição de filiação , elemento de


conexão é nacionalidade do progenitor à data do estabelecimento da
relação( remissão 31/1) , consequência jurídica é aplicação da lei da
nacionalidade do progenitor à matéria da constituição da filiação .

Voltando ao caso , 46º- problema da qualificação , ou seja, a regra de


conflitos indica a lei que vai dar solução ao caso, não é norma material,
portanto de acordo com esta regra de conflitos , o conceito-quadro é “…” e
demais direitos de propriedade” e o elemento conexão é o local onde as
coisas se encontram situadas e a situação jurídica é aplicação da lei do
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local da celebração das coisas à matéria dos direitos de posse ,(..) e
demais direitos de propriedade”.

Portanto, de acordo, a lei será a onde as coisas estão localizadas, portanto


a lei aplicável será a portuguesa.

Depois ainda teremos que ir ao que a lei portuguesa a solução , a lei


indicada como competente e procurar a solução encontrada ( que está
sempre no enunciado) .E é proibido.

Solução do caso- proibido construir até janelas.

• Existem outros métodos , ( “ em Portugal temos método conflitual” MENTIRA! Se assim fosse porque teríamos
capitulo sobre MÉTODOS DO DIP, em Pt regulam vários métodos ). Nesta aula vemos o 1º conflitual.

Iremos ver + à frente.

MATÉRIA ESTRUTURA E FUNÇÃO REGRAS DE CONFLITOS

A regra de conflitos divide-se em 3 como já vimos. Esta matéria está melhor livro Batista Machado.

1. Conceito-quadro- parte regra conflitos que determina âmbito de amplicação . Esta para regra de conflitos como
hipótese para norma material, mas diferem pois são conceitos técnico-jurídicos.

2. Elemento de conexão- temos que ver a sua classificação e sistemas de conexão

2.1 Elementos de conexão factuais ou jurídicos: tem haver com a forma como concretizamos o elemento de
conexão. O que será concretizar o elemento de conexão? É partindo do elemento de conexão chegar à
lei que efetivamente é chamada.

Ex, não sei qual a lei regula a minha capacidade e sou português e resido na arabia saudita e
preciso saber qual lei regula capacidade e para isto vemos o 25º CC

No 25º CC- conceito-quadro , capacidade pessoas ,relações família ; elemento conexão é a


nacionalidade ( 31/1).

Vou concretizar o elemento de conexão, qual lei 25º manda aplicar a capacidade.

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Está a indicar nacionalidade- portuguesa- concretizando , aponta para lei portuguesa.

Senhor A e senhora B são brasileiros e residem em Portugal , qual lei regula relações entre
cônjuges? 52º CC- o conceito-quadro é relações cônjuges, elemento conexão- nacionalidade comum
cônjuges, que é a lei brasileira- concretização do elemento de conexão.

2.1.1 Factuais- para concretizar estes elementos, chegar à lei que apontam indignamos factos.
2.1.2 Jurídicos- para sabermos que lei apontam temos que mobilizar normas, regras.

Ex, 21º Regulamento europeu sucessões-conceito-quadro- sucessão por morte, elemento de conexão
é a residência habitual decunius . Olhar a factos ou olhar para normas? Factos. A residência
de alguém , vamos olhar para lei? Não, vamos olhar a factos, onde é que os filhos andam na
escola, onde trabalha. Para concretizar só olhamos a factos para saber que lei aplica .

Ex, 50 CC- o senhor A e senhora B, portugueses casaram em Las Vegas, em Portugal


colocou-se problema de validade do casamento? Conceito-quadro é forma casamento, elemento de
conexão é local em que casamento foi celebrado e neste caso é Las Vegas, este elemento de
conexão é factual ? Olhamos a lei para ver o local de celebração do casamento? Factual. Para
sabermos temos que olhar a factos .

Ex, o contrato -conceito-quadro, rege-se pela lei do local em que as obrigações deveriam ser
cumpridas- elemento de conexão , portanto este elemento de conexão é jurídico? Temos que olhar a
normas ou factos? Normas de um contrato. Portanto é jurídico este elemento de conexão.

Ex, 46/1 CC- elemento de conexão é local da situação das coisas, é jurídico ou factual?
Factual .

Ex, 62 CC- elemento de conexão é a nacionalidade do autor da sucessão – é jurídico ou factual?


Que preciso olhar para saber qual nacionalidade dele? Temos que olhar ao documento que
comprova a nacionalidade, porque há normas que atribuem a nacionalidade. É Jurídico.

Ex, residência habitual- elemento de conexão factual


Ex, domicilio – elemento de conexão , o que é preciso saber para ser domicilio? É o que a lei
diz que é domicilio , 82º CC- local da residência, na frança é local onde estão principiais
interesses profissionais . É jurídico.

2.2 Pessoais ou reais


2.2.1 Pessoais- estes elementos levam em consideração as características dos sujeitos da relação
jurídica

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2.2.2 Reais- estes elementos levam em consideração as características não pessoais dos sujeitos da
relação jurídica- localização física

Ex, Artigo 30 º CC- conceito-quadro “ proteção incapazes”, elemento de conexão é a


nacionalidade do individuo . Nacionalidade é factual ou juridico? Juridico, precisamos mobilizar
normas . Pessoal ou real? Pessoal , porque é uma característica do sujeito e não do objeto da
relação jurídica.

Ex, 45/1 CC- conceito-quadro “ responsabilidade extracontratual (…) “, elemento de conexão


é local onde ocorreu o facto causador prejuízo. É factual, porque olhamos a factos não olhamos
a normas e é real , porque não é pessoal , pois não leva em consideração características
pessoais dos sujeitos da relação jurídica . As características do lesante não são determinantes, o
objeto é o que interessa, pois a lei continua a mesma, é o local.

Ex, residência habitual- factual e é pessoal, leva em conta as características do sujeito.


Ex, local da celebração casamento- factual , e é real leva em conta local , não quer saber onde
reside nem se é português, chinês
Ex, domicilio- jurídico e é pessoal , porque é característica que tem haver com sujeito da relação
jurídica . Não quer saber onde atuou, onde estão coisas, quer saber quem é a pessoa. Quem é
a pessoa é sempre elemento pessoal. Depende disso.

Ex, 41/1 CC- escolha das partes – é factual- combinaram ou não ? Se combinaram e qual a
que combinaram. Não estamos a olhar características do sujeito. É a vontade dos sujeitos . É
factual ( de acordo com Dr – eu acho que não , mas não sou doutora). É pessoal ou real?
Proxima aula vemos
10.10- 2º aula prática
Ex, 41/1 CC- escolha das partes – é factual- combinaram ou não ? Se combinaram e qual a que combinaram. Não
estamos a olhar características do sujeito. Igual ao artigo 3º regulamento roma1.

1. É a vontade dos sujeitos . É factual.


2. É pessoal ou real? Pessoal .

Estávamos na ultima aula a estudar a estrutura da regra de conflitos. E estávamos no 2º elemento- o elemento de conexão.
Vamos olhar a uma regra de conflitos:

52 do CC- conceito-quadro é relações entre conjugues – esta regra de conflito tem como âmbito de
aplicação ; O que é conjugues? Quando podemos utilizar esta regra de conflitos? Na Alemanha , na lei
alemã há uma figura chamada parceria registada . Se querermos determinar qual lei aplicável . Podemos

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usar o 52 CC? O que é conjugues? Podemos utilizar o conceito a luz de outras leis? A qualificação
consiste em saber quando podemos utilizar a regra de conflitos, pois utilizam conceitos jurídicos.

elemento de conexão : nacionalidade comum – circunstancia leguslador escolheu como relevante para lei
aplicável- casal brasileiros , residem em Espanha com património em Portugal- legislador escolhe o
ordenamento mais próximo, que é a nacionalidade comum .Este método chama-se Método Conflitual, que
utilizam regras de conflito, que escolhe uma lei em contacto , a que legislador entende como mais próxima.

Classificação elementos de conexão – tem haver com o que precisamos para concretizar o elemento de
conexão. Concretizar o elemento de conexão é o que? Tendo em consideração este casal de brasileiros .
Elemento de conexão é a nacionalidade comum, concretizar este elemento de conexão é saber qual a lei que
está a apontar, e neste caso é a brasileira. Está apontar para a lei brasileira.

1. Factuais e jurídicos- o que temos que fazer para concretizar o elemento de conexão
nacionalidade. Se for olhar para factos. Se for aplicar normas, ainda que inconscientemente
teremos jurídicos. Neste caso o elemento de conexão será jurídico. Para sabermos que
nacionalidade estes senhores tem, temos que olhar para normas que atribuíram a
nacionalidade a esta pessoa- que nacionalidade tem? Quem atribuiu a nacionalidade?
2. Pessoal ou real- pessoal- nacionalidade diz respeito a características dos sujeitos.

Ex, 50 CC
Conceito-quadro- forma de casamento- qual a lei determinará a forma de casamento?
Elemento de conexão – local de casamento- onde casaram?
1. Factual ou jurídico- Factual, para concretizar o elemento de conexão- lei está apontar- temos que
procurar factos- onde casaram? Não aplicamos norma nenhuma.
2. Pessoal ou real- pessoal atende características do sujeito da relação juridica ; real- objeto da
relação jurídica, etc. Portanto local de celebração é real – o local não refere ao sujeitos da relação
jurídica ( se são portugueses, … ) . Então é elemento é real.

Ex, 3 regulamento roma 1

Conceito-quadro-contrato

Elemento de conexão- escolha das partes – circunstancia eleita pelas partes

1. Factual ou jurídico- factual- porque o que precisamos fazer , para concretizar o elemento de conexão
, é olhar a factos. “ senhor A e senhor B celebraram contrato”- que as partes escolheram ?
Olhamos a factos. Não a normas. Precisamos saber o que entenderam, deliberaram. Que é que
escolheram? Saber para que lei aponta, saber o que eles escolheram.
** contrariamente a nacionalidade- ninguém nasce com nacionalidade, depende atributo jurídico **

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2. Pessoal ou real- vontade das partes é pessoal ou real? Pessoal- não tem que ver onde contrato é
executado, nem objeto, nem onde está a coisa. Olha para as partes, vontade.

45/ 1 CC

Conceito-quadro- responsabilidade civil extracontratual (…)

Elemento de conexão- local onde o facto que causou prejuízo

1. Factual ou jurídico- factual , porque olhamos a factos, para o concretizarmos- saber que lei está
apontar- apenas precisamos de olhar a factos e não aplicar quaisquer normas. Onde é que senhor A
disparou arma contra senhor B?
2. Pessoal ou real- real, olhamos ao local onde o facto foi praticado- saber quem é lesante e lesado não
revela.

Os elementos de conexão podem ser moveis ou imoveis – concretização- saber qual a lei que está apontar.

1. MOVEIS- podem ver alterada a lei que apontam. Podem hoje mandar apontar uma e amanha apontar outra lei.
2. IMOVEIS- não podem ver alterada a lei que apontam.

Ex, residência habitual- “ capacidade pessoas regulada pela sua residência habitual”
Capacidade pessoas- conceito-quadro
Residência habitual-elemento conexão
1. Factual
2. Pessoal
3. Móvel- porque a residência habitual pode mudar

Ex, nacionalidade

É móvel ou imóvel? Pode ou não ver alterada a lei que aponta? Será que se pode ver a sua
nacionalidade alterada? MOVEL- hoje posso ser austriaca e amanha ser brasileira.

Ex, local celebração contrato

Imóvel- uma vez celebrado contrato, não pode apontar a outra lei. Local celebração contrato é fixado ,
não é possível mudar.

Ex, local celebração facto lesivo

Imóvel- não pode ver alterada a lei que aponta.

Ex, artigo 46 CC

Conceito-quadro- posse, propriedade e demais direitos reais

Elemento de conexão-Local onde se encontram as coisas situadas

1. Real- não olha aos sujeitos


2. Factual- não aplicamos normas
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3. Imóvel ou movel – depende da coisa que estamos a falar- pode ser imóvel de uma coisa
imóvel. E móvel se for uma coisa móvel.

Os que dao mais problemas são os MOVEIS- geram PROBLEMA DO CONFLITO MOVEL

Ex, 52 CC

Conceito-quadro – relações entre conjuges

Elemento de conexão- nacionalidade comum conjugues

1. Pessoal- sujeitos
2. Jurídico- para sabermos a nacionalidade, aplicamos normas que atribuíram nacionalidade
3. Móvel- pode ver alterada a lei que apontam

Senhor A e senhora B eram em 2020 brasileiros. Em 2022 mudaram pata nacionalidade portuguesa, renunciaram à
brasileira e hoje são portugueses. Mas na altura em que casaram eram brasileiros. Qual lei aplicável às relações entre
conjugues?

Lei da nacionalidade.

Este problema jurídico é o CONFLITO MOVEL ou SUCESSAO ESTATUTOS- quando é preciso saber aquele elemento
de conexão é concretizável pela lei que aponta hoje a data em que problema se poe ou se é concretizável pela nacionalidade à
data da constituição , celebração do casamento.

É difícil resolver e aparece bastante em exames.

Legislador para evitar este problema utiliza elementos de conexão moveis, mas CRISTALIZA-OS NUM DADO
MOMENTO, ou seja, transforma elementos de CONEXÃO MOVEIS em IMÓVEIS.

Ex, 52 CC

Qual nacionalidade? Vejamos o 53 CC que tem como conceito-quadro – convenções antenuncipais e regime bens do
casamento.

Elemento conexão- nacionalidade . É igual ou diferente do 52? O elemento de conexão é o mesmo, mas o legislador
aqui diz “ nacionalidade ao tempo da celebração do casamento “ . Portanto CRISTALIZOU A NACIONALIDADE
NO DIA EM QUE CASARAM. O problema do conflito movel não se coloca, legislador disse logo qual . Mesmo
que mudem de nacionalidade não coloca problema, o LEGISLDOR TRANSFORMOU NUM ELEMENTO
IMOVEL

62 CC

Conceito-quadro: sucessão por morte

Elemento conexão : lei pessoal- 31/1- nacionalidade

1. Jurídico
2. Pessoal

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3. Móvel – é possível mudar de nacionalidade . Legislador cristalizou- “ ao tempo que morreu”.

Podemos dividir as regras de conflito em 2 categorias:

1. SISTEMA DE CONEXÃO ÚNICA OU SIMPLES- tem 1 elemento de conexão. Regra de conflitos


clássica- 1 conceito-quadro e 1 elemento de conexão- revela lei mais próxima aquela relação jurídica.

Também aplicamos o 348º caso haja falhanço.

2. SISTEMA DE CONEXÃO MÚLTIPLA OU COMPLEXA- ou seja, regras de conflito que tem mais
que 1 elemento de conexão. Temos múltiplos elementos de conexão na mesma regra de conflitos. E
subdivide-se em 4: Diferem em como estão relacionados entre si

2.1 SISTEMA DE CONEXÃO MÚLTIPLA SUBSIDIÁRIA- olhemos ao 52 CC- relações


entre cônjuges é o conceito-quadro. O elemento de conexão é a nacionalidade comum dos
conjugues , que é jurídico , pessoal e móvel .

Mas funciona sempre esta regra de conflitos? Quando não tem nacionalidade comum? E se
são diferentes?
A regra de conflitos falha.

Se o senhor A é brasileiro e a senhora A é portuguesa.

Continuamos a ler a regra de conflitos- não tendo a mesma nacionalidade, residência


habitual comum.

Temos agora outro elemento de conexão- residência habitual comum.

1. Factual
2. Pessoal- olhamos aos sujeitos
3. Móvel – porque podem alterar de residência- pode gerar PROBLEMA CONFLITO
MÓVEL.

Mas como é que o juiz faz? Só se aplica quando a 1º conexão falha, o 1º


elemento de conexão não indicar qualquer lei é que se pode utilizar o 2º elemento de
conexão e daí dizer-se SUBSIDÁRIA.

Juiz só olha ao 2º elemento, quando o 1º falhar- HIERARQUIA


ELEMENTOS DE CONEXÃO- só quando falha a nacionalidade comum é que vamos
atender à residência comum.
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Porque é que legislador criou esta conexão múltipla subsidiária?

Porque senão houvesse conexão subsidiária , não havendo nacionalidade comum, NÃO
HAVERIA CRITÉRIO PARA DETERMINAÇÃO LEI APLICAVEL. Como os
sistemas de conexão tem proibição de que juiz não decide, é preciso haver critério.

Os sistema de DIP tem uma REGRA SUBSIDIÁRIA sempre- 348 CC- quando a
regra de conflitos falhar o que acontece é, determina a resposta ao falhanço das regras
de conflito, as consequências de quando não conseguir indicar qualquer lei- APLICA-SE
A LEI INTERNA- PORTUGUESA.

Não seria muito melhor?

Só haver a 1º conexão?

A resposta seria a lei portuguesa. Poderia violar o PRINCIPIO NÃO


TRANSATIVIDADE- não tem contacto com o CASO.

O legislador , falhando a 1º conexão, oferece outras conexões, em que tem ligação ao


caso.

Porque utiliza o legislador esta conexão? EVITAR APLICAÇÃO LEI DO FORO ( lei
do local em que problema se coloca).

“ eu preferia nacionalidade, mas não havendo, residência comum “

Senhor A e senhor B celebraram contrato de troca- computador em troca de uma trotinete e poe-se a questão saber
qual a lei aplicável a este contrato? Uma permuta .

• Artigo 3 regulamento Roma 1


1. Conceito-quadro: contratos
2. Elemento conexão: escolha das partes
2.1 Pessoal ou real – pessoal, porque olha as características dos sujeitos- vontade das partes.
2.2 Factual ou jurídico- factual , olhamos a factos e não aplicamos normas. Para concretizar o
elemento conexão- ver qual a lei em concreto que aquele elemento de conexão está a apontar
. Temos que aplicar normas é jurídico , senão é factual.

** nota : olho pro contrato não será jurídico? Temos que ver o que as partes escolheram .
Queremos saber é se escolheram ou não **

Bruno e António não escolheram. Portanto, continuamos a ler a regra de conflitos , se as partes
não tiverem escolhido, a conexão falhou. Logo, iremos ao 2º elemento de conexão, utilizando uma
conexão múltipla subsidiária. Veremos se no regulamento roma 1 também acontece. No artigo 4º
do regulamento Roma 1 “ na falta de escolha “ . É uma conexão subsidiária. E oferece conexões
subsidiárias de acordo com os contratos .

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Procuramos no 4º/1 , o nosso contrato- o contrato é uma permuta – não se encontra no artigo
4º nas suas alíneas.

Portanto, e agora?

Legislador continua , no 4/2º que nos diz “ casos não sejam abrangidos” , caso tenham falhado
as conexões do 3 e do 4/1 , o 4/2 dá-nos um novo elemento de conexão- residência da parte que
estiver obrigada a prestação característica do contrato.

Obrigada a olhar às 2 prestaçoes e ver qual a CARACTERÍSTICA.

1.António- prestação de entrega da coisa

2.Bruno- prestação de entrega da coisa

Voltou a FALHAR O ELEMENTO DE CONEXÃO.

Continuamos , para o 4/4 (saltamos o 4/3)- lei do pais que apresente conexão mais forte.
Caso a lei aplicável não possa ser aplicada no 3, 4/1 e 4/2.

O legislador consagrou PRINCIPIO PROXIMIDADE- desiste , o juiz/ julgador é agora o


responsável a escolher qual a lei aplicável. Tínhamos visto na semana passada.

Concluindo… Uma conexão múltipla subsidiária é , uma conexão que funciona com 2 ou + elementos
de conexão, que estão hierarquizados. O legislador utiliza esta conexão para evitar aplicação da lei
do foro, que poderá nada ter a ver com o caso- PRINCIPIO NÃO TRANSATIVIDADE.

2.2 SISTEMA DE CONEXÃO MÚLTIPLA ALTERNATIVA- tem 2 ou + elementos de


conexão e estão relacionados de forma alternativa . “ OU “

Sem relação hierárquica ( diferente conexão múltipla subsidiária ), e será aplicada uma
só lei ( igual conexão múltipla subsidiaria).

É uma alternativa , não há hierarquia.

Qual a que eu aplico?

Aquela que realizar objeto desejado pelo legislador na regra de conflitos.

Senhor A, português residente na França e morreu, mas antes fez testamento . Perguntou
ao vizinho como se fazia na França. Na França os testamentos são os hológrafos- escritos e
assinados pelo mesmo num documento particular. Em Portugal o testamento é publico ou
cerrado, não existindo esta figura como na frança.

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É ou não valido este testamento? Se for a lei portuguesa a regular não será válido.

É situação plurilocalizada? Sim, tem contacto com mais que 1 ordenamento jurídico-
português e francês.

Qual a lei reguladora da sucessão? 62º CC- conceito-quadro: sucessão. Elemento conexão:
nacionalidade, pela remissão do 31/1 .

1. Elemento pessoal
2. Elemento jurídico
3. Móvel- cristalizado -Imóvel- se tiver tido ao longo da vida várias nacionalidades,
resolvendo PROBLEMA CONFLITO MÓVEL.

Qual lei reguladora da sucessão? No 62º C.C

4. Sistema de conexão simples- clássica – porque nacionalidade? Foi a lei que legislador
entendeu com aplicação mais forte, mais PRÓXIMA.

A nossa questão é saber se é valido ou não o testamento.

Se for a lei portuguesa- testamento é inválido. O problema colocado é que este senhor
morreu com a expectativa que fosse válido, dado que fez na França, cumpriu a lei francesa
( lei do local onde celebrou ).

A residência é uma conexão forte com a pessoa, cumpriu determinada lei para forma do
testamento , até perguntou como se fazia o testamento.

A CONFIANÇA que tinha na aplicação lei francesa deve der tutelada?

65 CC- conceito-quadro : sucessão por morte – forma das disposições por morte ( testamento
e pactos sucessórios )

Elemento de conexão: lei do local onde for celebrado OU lei pessoal no momento em que fez
o testamento. OU lei da nacionalidade momento da morte OU a lei que estiver a ser indicada
pela regra de conflitos do pais em que fez testamento.

Aqui dão-se alternativas. Não temos aqui hierarquia , aqui diz-se “ ou “, quer esta”, quer
aquelas “.

O juiz aplicará a que REALIZAR O OBJETIVO INDICADO PELO LEGISLADOR NA


REGRA DE CONFLITOS- o legislador no 62º diz qual a mais próxima, no 65º legislador
não está a procura lei mais próxima, mas sim de realizar um objetivo.

Levanta um problema- qual objetivo? Vejamos na regra de conflitos

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“ Se respeitar esta ou aquela ou aquela ou aquela “- LEGISLADOR QUE A VALIDADE
DO TESTAMENTO- entre estas todas basta uma para que o casamento seja válido. A que,
destas 4 tornar o casamento VÁLIDO.

Este senhor era Português e residia na França .

1º - nacionalidade que tinha ao tempo que fez testamento- não tornaria válido o
casamento, era portugues

2º- nacionalidade que tinha tempo da morte- português- inválido

3º -regra de conflitos francesa- a francesa manda aplicar lei nacionalidade- testamento


inválido

4º- lei do local celebração casamento- a lei francesa diz que casamento é válido –
JUIZ APLICA ESTA. Realiza objetivo indicado pelo legislador- válida formal do
casamento.

Legislador está a tentar realizar JUSTIÇA MATERIAL- está a tentar chegar a um


resultado MATERIAL/ SUBSTANTIVO- aplico a lei que chegar a este resultado que me
parece justo.

Por detrás desta conexão alternativa o OBJETIVO , o que o legislador quer PROTEGER
AS LEGITIMAS EXPECTATIVAS DAS PARTES- PRINCIPIO FAVOR NEGOTII.

 Não é tornar negócios válidos.


 É favorecer a validade dos negócios, em que as partes tenham legitimas
expectativas na validade de determinado negocio
 Porque é que legislador aceita? Dado que no 62º defende ser a da
nacionalidade a mais próxima.
 Porque é que legislador aceita? Para proteger as legitimas expectativas das
partes. Cumpriu a francesa, respeitou-a.
 É legitimo respeitar confiança de que o testamento fosse válido? Não é
absurdo ter pensado o sujeito que era o testamento válido.
 Apesar de NÃO SER A MAIS PRÓXIMA, mas porque FAVORECE A
VALIDADE DO NEGOCIO – o negocio é valido para uma lei que não era
absurdo que sujeito acreditasse que era a lei aplicável

Concluindo… 2 ou + elementos de conexão , juiz aplica a que realizar o objetivo enunciado pelo
legislador na própria regra de conflitos. Ler a regra de conflitos o quanto for necessário , o que
é que o legislador quer. De entre as várias leis chamadas, a escolhida é a que realizar o
objetivo, por OBJETIVO JUSTIÇA MATERIAL- FAVOR NEGOTTI.

2.3 SISTEMA DE CONEXÃO MÚLTIPLA CUMULATIVA

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2.4 SISTEMA DE CONEXÃO MÚLTIPLA DISTRIBUTIVA
17.10-3ºaula prática

Retomando a matéria da estrutura da regra de conflitos ( norma que determina a lei aplicável , de 2º grau que
não da solução ao caso ). Quando à estrutura divide-se em 3 : conceito-quadro ( determina âmbito aplicação );
elemento de conexão ( circunstancia legislador considera relevante / determinante para indicar lei aplicável ) e
consequência jurídica ( aplicação lei aplicada pelo elemento de conexão ao conceito-quadro).

38 CC- é uma regra de conflitos? É , tem os 3 elementos e indica a lei aplicável para regular determinado
problema jurídico.
Conceito-quadro – representação pessoa coletiva por intermedio órgãos ( ou seja, representação orgânica
).
Elemento de conexão- lei pessoal das pessoas coletivas , já estamos habituados a remissão ao 31 / 1 em
pessoas singulares. Nas pessoas coletivas 33/1 – a lei pessoa é aqui indicada e aqui procuramos o
elemento de conexão , que é o local da sede efetiva da sua administração .

Este elemento de conexão tem que ser classificado : 1. É factual , porque olha a factos – local da sede
da administração , não é preciso olhar a normas para saber que lei aponta. A concretização do elemento
de conexão não carece aplicação qualquer norma. 2 . Pessoal , é estranho à partida , porque estamos
habituados às pessoas singulares, a sede é para pessoa coletiva como residência para pessoas singulares-
características pessoais da pessoa coletiva. 3. Móvel , porque a sede pode alterar-se.

Também categorizamos quanto ao sistema a regra de conflitos, neste caso é um sistema de conexão única,
porque só aponta a um elemento de conexão – lei pessoal- local da sede real efetiva da administração.

Porque é que legislador escolhe 1 único elemento de conexão? Quais as razões?

R: o legislador está a procura da lei mais próxima. Ligação mais próxima. Não é um caso de JUSTIÇA
MATERIAL - o legislador não se procura de todo o resultado a que conduz a escolha, indica a orem
jurídica mais próxima sem preocupar miminamente com resultado. À representação lei da sede e o
legislador não quer saber o resultado da aplicação da lei da sede, aplica-a porque é mais próxima-
JUIZO DE PROXIMIDADE ( regra de conflitos saviniana preocupa-se em aplicar lei com conexão mais
forte ).

Mas tínhamos visto outros sistemas de conexão o de conexão múltipla subsidiaria e o de conexão múltipla
alternativa.

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Lembrando . O SCMS , tem 2 ou + elementos de conexão e estão regulados entre si hierarquicamente,
legislador a partida aplica o 1º elemento de conexão , como se fosse um sistema de conexão única. Só olha
ao 2º elemento se falhar , não sendo o 1º concretizar- ( concretizar o elemento de conexão é o que? Não
sendo possível determinar nenhuma lei para qual elemento conexão esteja a pontar ).

Ex, 57 CC- é uma regra de conflitos porque não dá solução ao caso, apenas indica qual lei aplicar que
vai dar solução. Qual o conceito-quadro ? Relações pais e filhos. Elemento de conexão ? São vários elementos
de conexão, nacionalidade comum pais, residência habitual comum dos pais e nacionalidade do filho ( são
3 elementos ) . Logo é um regra de conflitos com sistema conexão múltipla subsidiária , pois elementos
conexão estão hierarquizados, em 1º lugar será a lei da nacionalidade comum dos pais , apresentou
subsidiariamente outras leis, que serão só aplicadas se o 1º elemento de conexão não poder ser concretizável.
Como no caso , de os pais não tiverem a mesma nacionalidade, falhando este elemento de conexão. A mae
portuguesa pai espanhol – não há nacionalidade comum, falha o elemento de conexão . Legislador apresenta
conexão subsidiária- residência dos pais, juiz so aplica este elemento quando os pais tiverem nacionalidades
diferentes . E se os pais residirem em países diferentes? Vamos para o 3º elemento de conexão, nacionalidade
dos filhos.
Qual objetivo legislativo sistema de conexão subsidiária?

Se falhássemos o elemento de conexão iriamos aplicar lei do foro. Logo legislador previne isto.
E o sistema de conexão alternativa?

Tem 2 ou + elementos de conexão. Não tem hierarquia entre si . Quantas leis legislador aplica? Só uma
das várias alternativas. Qual juiz aplica? Não tem como base JUIZO DE PROXIMIDADE. Como juiz
escolhe das várias leis indicadas? A que realizar o objetivo enunciado pelo legislador conflitual.

Ex, artigo 11/1 regulamento roma 1 – é uma regra de conflitos porque não dá solução ao caso , não
diz como contrato deve ser celebrado , o que faz é escolher a lei que vai dizer qual solução ao caso .
Sendo regra de conflitos -conceito-quadro é validade quanto à forma do contrato celebrado pessoas
encontrem no mesmo país ; elemento de conexão é a local celebração contrato ou lei reguladora do
contrato .

QUAL SISTEMA DE CONEXÃO? Legislador aplica apenas 1 lei , Ou uma ou outra. Logo é um
sistema de conexão alternativo. O problema para o juiz qual é? O JUIZ APLICA A QUE MELHOR
REALIZAR OBJETIVO INDICADO LEGISLADOR- e temos que descobrir o objetivo do legislador .
Como sabemos que é esse o objetivo? A validade formal do contrato. E não tem objetivo justiça formal,
preocupam-se com o RESULTADO DA ESCOLHA QUE FAZEM. Preocupação de JUSTIÇA
MATERIAL. Facilitam ou dificultam reconhecimento relações jurídicas? FACILITAM, e basta que uma
delas esteja cumprida para atingir resultado.

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2.3 SISTEMA DE CONEXÃO MÚLTIPLA CUMULATIVA- são regras de conflito que utilizam uma
conexão múltipla, ou seja, 2 ou + elementos de conexão e o legislador aplica TODAS AS LEIS
INDICADAS , acresce que o que é característico , subordinam a produção de um efeito jurídico à
CONCORDANCIA DE 2 OU + LEIS . Só produz EFEITO JURÍDICO assim.

Ex, 60/1 CC conceito-quadro é constituição adoção, elemento de conexão é nacionalidade do adotante


– a partida a lei portuguesa – 60/4 remissão . Temos que ver também o 60/4- se a lei
competente regular relações adotante – criança vietnamita- e seus progenitores biológicos ( onde diz
progenitores remissão 57/1 que diz qual lei competente regular relações pais e filhos) –
nacionalidade comum dos pais . Quem estava adotar pais portugueses, criança vietnamita e pais são
vietnamitas. Se a lei competente regular entre adotante e progenitores , lei vietnamita , não reconhecer
instituto da adoção ou não permitir a adoção naquele caso, o que acontece é que a adoção não é
permitida.

Qual lei compentente? Parecia ser da nacionalidade adotante, a portuguesa no caso. Basta ao juiz
aplicar a lei portuguesa? Terá que aplicar lei portuguesa e lei vietnamita , pois so pode aplicar lei
vietnamita permitir a adoção. Logo juiz tem que APLICAR AS 2 LEIS. Só produzindo o resultado-
adoção- se as duas LEIS CONCORDAREM. Legislador subordinou adoção a 2 ou + leis.

As conexão múltiplas cumulativas dificultam ou facilitam a constituição de relações jurídicas?

Dificultam , são oposto da alternativa. Porque DIP quer dificultar uma relação jurídica? Ex, solteiro
35 anos queria adotar criança vietnamita. Lei portuguesa permite , lei vietnamita não permite. Temos
menos adoção se fosse outro tipo de conexão. Porque? EVITAR SITUAÇÕES CLAUDICANTES –
uma pessoa que claudica , é uma situação coxa . O que é uma situação coxa? Produz efeitos em alguns
países e não noutros. Nas cumulativas o legislador que evitar adoção que é reconhecida num pais e
noutro não. Se só utilizarmos nacionalidade adotante? Lei portuguesa. Em Portugal seria o pai , em
Vietname os pais seriam os progenitores. Em casos mais SENSIVEIS utilizam este tipo de sistema de
conexão.

“ As conexão múltiplas cumulativas prometem mais do que dão “- porque? É de facto verdade. O que
prometem fazer? Chamar 2 ou + , e aplicar 2 ou +. Vao indicar varias leis e aplicar varias leis.
Será que cumprem?

Olhando ao nosso caso, a adoção é permita lei portuguesa e proibida vietnamita. Não decretamos a
adoção. Prometemos que íamos aplicar 2 ou + leis . Aplicamos no fundo só a vietnamita, aplicamos só
1 lei a MAIS RESTRITIVA.

60/2- na falta desta, residência comum.

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Ex, lei competente- não usamos o 60/1 , usamos o 60/2 – se adoção for realizada marido ou
mulher é competente lei da nacionalidade comum dos conjugues ( Portugal e finlandesa) , não tendo
residência habitual comum ( não tem) , logo lei mais próxima ( vida familiar habitual)- é um
SISTEMA DE CONEXÃO SUBSIDIÁRIA . Este ultimo elemento de conexão qual é? CONSAGRAÇÃO
JUDICIAL PRINCIPIO PROXIMIDADE- juiz vê tu qual lei mais próxima. Concluindo que é lei
finlandesa que é a mais próxima. Alem desta lei temos que ver o 60/4 - continua ser criança
vietnamita , logo juiz tem que aplicar 2 leis-FILANDESA E VIETNAMITA. Só há adoção se as 2
LEIS TIVEREM DE ACORDO. Logo evitar situação CLAUDICANTE.

AQUI APLICAMOS 2 LEIS , DIFERE DOS OUTROS QUE SÓ SE APLICA 1 LEI.

2.4 SISTEMA DE CONEXÃO MÚLTIPLA DISTRIBUTIVA- 2 ou + , No distributiva legislador


chasma 2 ou + , julgador aplica 2 ou + mas chama cada uma delas PARTES DIFERENTES.

Ex, 49 CC-conceito-quadro “ capacidade contrair casamento , capacidade celebração convenções


antenupcial ( parte inicio e parte fim ) (…) “ . Ex, senhor português com 17 anos e senhora
egipcia com 18 anos querem casar . Lei da nacionalidade- aplica egipcia e portuguesa. Em relação
cada nubente , chama quantas leis ? 2 , mas pode aplicar mais ? 3 por exemplo? Só há
casamentos na lei portuguesa ? Não. Se um casamento irão é valido ou não ? Legislador chama 2
ou + leis e o julgador irá aplicar essas leis. Porque não é cumulativa? O legislador não está a
dizer que so casa aplicando 2 leis, ele vai DIVIDIR A RELAÇÃO JURÍDICA – a A capacidade-
lei portuguesa. B capacidade- lei egipcia .

Legislador chama 2 leis mas aplica cada uma delas a parte da relação jurídica.

Porque utiliza o legislador este tipo de conexão múltipla?

Ex,52 é SUBSIDIARIA – lei da nacionalidade comum – mas não tem. Residência habitual-
Portugal. Opção legislador é esta.

No 49 º isto não acontece, não havendo nacionalidade comum , aplica-se a cada um deles a lei da
sua nacionalidade . Lei EFETIVAMENTE MAIS PROXIMA CADA PARTE- é feito JUIZO
PROXIMIDADE a parte da relação jurídica.

Senhor português quer casar senhora egípcia – opção de legislador procurar uma única lei.
Residencia habitual comum, supondo- lei egipcia diz que o senhor não pode casar por ter 17 anos.

Supondo 49- aplicamos a senhora egipcia- pode casar. Aplicamos ao senhor português- lei
portuguesa pode casar.
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Resultado FACILITOU A CONSTITUIÇÃO RECONHECIMENTO RELAÇÕES JURIDICOS -as
dificuldades determinada lei aplicam-se apenas uma das partes da relação jurídica.

Caso Prático 2:
Antónia, cidadã de 18 anos que é simultaneamente austríaca e saudita,
residente na Arábia Saudita, pretende contrair casamento em Portugal, sem
autorização dos seus pais, com Belmiro, português residente em Portugal, de 18
anos de idade.

O Conservador do Registo Civil tem dúvidas sobre a capacidade nupcial de


Antónia. Na verdade, em face da lei saudita, a mulher precisa de autorização do
pai para casar até aos 21 anos sob pena de nulidade do casamento, ao passo que
nas leis portuguesa e austríaca esta autorização não é necessária.
Quid iuris, tendo em conta o art. 49.º do Código Civil?
I. Começamos por saber se isto é connosco ou com direito da família? Porque é uma relação jurídica absolutamente
internacional, tem contacto com vários ordenamentos jurídicos.

II. PRINCIPIO NÃO TRANSATIVIDADE- austriaca, saudita e portuguesa- objeto do DIP

a. Tem o tribunal português competência? Sim presume-se , pois é matéria de DIP mas não lecionada aqui.
b. Problema determinação lei aplicável? Nos enunciados serão ditas quais regras de conflito mobilizáveis. No
49 º CC é a utilizada. Se pomos determinada regra de conflitos no exame não é para enganar. Então
vejamos o 49 º

Conceito-quadro – capacidade convenção antenupcial, contrair casamento.

Sistema de conexão múltipla distributiva- chama 2 ou + e julgador aplica as que forem chamadas e uma
lei diferente a cada parte diferente da relação jurídica.
Antónia- vejamos então , tem 2 ou + nacionalidades. Saudita e austríaca. Nestes casos , lei da nacionalidade
portuguesa que vai resolver o conflito de nacionalidade. Artigo 27 º- a nacionalidade relevante é qual ?
diz que tendo 2 nacionalidades , no primeiro critério - CRITERIO PREFERENCIA LEI DO FORO-
mas não é portuguesa. Logo passamos ao 2º critério, mas releva apenas a NACIONALIDADE ESTADO
ONDE TEM RESIDENCIA HABITUAL – preferência nacionalidade onde reside e reside na Arabia
Saudita, logo nacionalidade que conta para nós é a saudita. Aplicar a lei saudita. Não tem capacidade para
casar porque a nacionalidade relevante é a saudita. Terminou resolução do caso?

Acórdão Michelleti- se alguma das nacionalidades for da União Europeia, Áustria é dos estados membros.
Portanto , pelo funcionamento , rejeitamos um direito concedido pela cidadania europeia, logo nacionais dos
Estados Membros , então considera-se nacional de um estado membro. Logo é caso ou não? Não é liberdade
conferida . Os direitos são : liberdade de circulação trabalhadores , mercadoria , bens, serviços , circular.
Logo não está domino da esfera concedida pela cidadania europeia. Não chamamos a correção do acórdão
michelleti.

2 problemas a levantar –
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1. 49 º manda aplicar a lei portuguesa e lei saudita. O principio da Harmonia jurídica
internacional, tendo propósito aplicar mesma lei que noutros países. O risco de haver
lei diferente é instabilidade relações jurídicas internacionais. Nos escolhemos aplicar
a lei da arabita saudita utilizando o 49º . Na Arabia Saudita pode mandar aplicar
a lei portuguesa, do local de celebração. Quando isto acontece- temos sempre que ir
ver a regra de conflitos estrangeira. Mandamos aplicar a lei da nacionalidade-
arabia saudita- arabita saudita manda aplicar a lei da residência do nubente, .
Portanto na arabia saudita manda aplicar a lei da arabia saudita. Não houve nenhum
problema.

Portanto solução, não há casamento sem autorização do pai.

2. Será que conversador aplica simplesmente ou pode ficar incomodado com isto? Podemos
recusar lei estrangeira porque fere os nossos valores? Podemos fazer isso? O
resultado sendo chocante, ferindo a ordem publica internacional. Imaginando que íamos
casar a mulher a partir 5 anos , o conservador português não casa.

Belmiro- lei portuguesa, porque tem nacionalidade portuguesa à capacidade do Belmiro.

24.10-4ºaula prática-enviada colega Davide

FUNÇÃO DA REGRA DE CONFLITOS

As regras de conflitos podem classificar-se de duas formas. Para que serve a regra de conflitos?

1. Para escolher a lei aplicável a uma situação plurilocalizada. Esta é a regra de conflitos clássica, savigniana ou
bilaterial. Esta regra de conflitos clássica tem, como função, escolher a lei aplicável a uma situação internacional.
Bilateral porquê? Porque tanto podem estar a escolher a lei do foro como uma lei estrangeira. A sua função é
escolher a lei aplicável. Art. 50.º CC: CQ – forma do casamento. EC: local da celebração do ato. Sistema de
conexão única; factual; real; imóvel. Só será uma RC bilateral se a sua função for escolher a lei aplicável, podendo
mandar aplicar tanto a lei do foro, como lei estrangeiro. “As regras de conflitos bilaterais são as que têm dois ou
mais elementos de conexão” → X. A bilateralidade da regra de conflitos não tem a ver com a sua estrutura, mas
sim com a sua função. Todas acabam por determinar, mas a RC bilateral escolhe.

2. Há regras de conflitos unilaterais. A sua função, em vez de escolherem a lei aplicável, limitam-se a delimitar o
campo de aplicação da lei do foro: dizem quando é que é aplicável a lei do foro.

P. ex: a capacidade dos cidadãos de nacionalidade francesa é regulada pela lei francesa (art. 3.º CC). É uma
RC ou uma norma material? É uma RC, porque não dá a solução ao caso. CQ: capacidade. EC: nacionalidade.
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Qual é a diferença em relação ao art. 25.º? É a função. Não escolhe a lei aplicável. Limita-se a dizer quando é
que se aplica a lei francesa: a lei francesa aplica-se quando as pessoas tiverem nacionalidade francesa. Local da
situação da coisa: factual; real; e, quanto a móvel ou imóvel, depende. Função: bilateral. Transformar numa RC
unilateral: o regime da posse, propriedade e demais direitos reais das coisas situadas em Portugal é regulado pela lei
portuguesa.

Imagine-se o caso de um usufruto em que a coisa esteja em Espanha: qual é a lei aplicável? Lei espanhola.

E se fosse o art. 46.º convertido numa RC unilateral? O que é que nos diz esta RC? Que não é a lei portuguesa,
mas não escolhe a lei aplicável. Se não é a do foro, é lei estrangeira. Até aqui, as RC bilaterais são iguais às
unilaterais.

As RC unilaterais não aumentam o âmbito de aplicação da lei do foro. Então, o que é que muda? Na bilateral,
escolhe a lei aplicável; quando é a lei estrangeira para aplicar, é o legislador do foro que decide quando é que se
aplica a lei estrangeira. O legislador português escolhe a lei aplicável, quer quando essa lei é a lei do foro, quer
quando essa lei é uma lei estrangeira. A RC bilateral não quer saber do legislador conflitual estrangeira.

A RC unilateral diz que nós só podemos decidir quando é que se aplica a nossa própria lei, não podemos decidir
quando é que se aplica uma lei estrangeira. Então, quem é que pode decidir? O legislador conflitual da própria lei
estrangeira.

Problema do nacional português residente em França. O juiz já sabe que não vai aplicar a lei francesa. A RC
francesa mandou aplicar a lei portuguesa? Não, porque é uma RC unilateral. Não podemos ser nós a escolher
quando é que se aplica uma lei estrangeira. O que deve fazer o juiz francês? Tem de ir ver os Estados que estão
conectados com a situação; no caso, o Estado português; olha para a RC do Estado português e vê se ela está ou não
a mandar aplicar a sua lei.

O juiz tem de ir ver as RC’s dos países conectados com esta situação. Rolando Quadri: “nenhuma lei pode ser
aplicada se não tiver vontade de aplicação”.

O que é que faz o bilateralismo? Escolhe a lei aplicável, seja a do foro, seja lei estrangeira. O que é que sucede
quando manda aplicar lei estrangeira? Pode acontecer que a lei que se manda aplicar não é a lei que o legislador
desse país considera aplicável. Quais são as mais antigas? As regras de conflitos bilaterais. Que argumentos há a
favor do unilateralismo? O unilateralismo não faz com que a lei do foro se aplique mais vezes. O sistema bilateral,
às vezes, põe em causa a harmonia jurídica internacional. O sistema unilateral é o único que promove a harmonia
jurídica internacional e a estabilidade das relações privadas internacionais. P. ex.: a sucessão por morte dos cidadãos
residentes em Portugal é definida pela lei portuguesa. E se for um cidadão residente no Brasil? O que é que nos diz
esta RC? Que não se aplica a lei portuguesa. Mas tiramos que se aplica a lei brasileira? Não, porque esta regra
não escolhe. Logo, o juiz tem de ir ver as RC’s do Brasil e ver se a lei brasileira é aplicável. As unilaterais

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determinam o âmbito de aplicação da lei do foro. E se fosse uma RC bilateral? A lei brasileira aplicava-se. A
quem é que não perguntámos nada? Ao legislador brasileiro.

A, holandês, residente em Portugal, pretende constituir uma sociedade com sede na Austrália. Quer fazer a escritura em
Portugal. O notário começa por dizer: isto é uma situação absolutamente internacional. Perante uma situação absolutamente
internacional, pomos os problemas do DIP: (1) tem este cartório competência internacional?; (2) à luz de que lei); (3)
reconhecimento internacional (aqui, não de sentenças, mas de documentos públicos). Vamos às regras de conflitos portuguesas.
Art. 25.º CC. Função? Bilateral ou unilateral consoante decida ou não decida da aplicação de uma lei estrangeira.

Transformar numa RC unilateral: a capacidade das pessoas de nacionalidade portuguesa é regulada pela lei
portuguesa. Se é bilateral, estamos a mandar aplicar a lei holandesa. A quem é que não perguntámos nada? Ao legislador
holandês. O notário fará a escritura segundo a lei holandesa. Imagine-se que, agora, na Holanda, se põe o problema de saber
se a escritura é válida. O juiz holandês olha para as regras de conflitos holandesas: que dizem que a capacidade das pessoas
é regulada pela lei da residência. Eu aplico a lei da residência quer seja a minha, quer seja outra. Imagine-se que a lei
portuguesa entende que ele não tem capacidade. Escolhemos uma lei que não tinha vontade de aplicação. Isto gerou desarmonia
jurídica internacional.

Solução para isto? Segundo Quadri, unilateralismo. Transformar em RC unilaterais. A capacidade dos cidadãos
portugueses é regulada pela lei portuguesa. A não tem nacionalidade portuguesa, logo, não se aplica a lei portuguesa. Vamos
à RC holandesa: tenho de ver as regras de conflitos dos sistemas em conexão, para ver se algum deles, na sua regra de
conflitos, está ou não a determinar a sua própria aplicação. Tem de ir ver, no caso, as regras de conflitos da Holanda e da
Austrália. RC holandesa: a capacidade das pessoas que residam na Holanda é regulada pela lei holandesa. O Sr. A não
reside na Holanda, logo, não tem vontade de aplicação. A lei australiana aplica-se à capacidade para constituir sociedades com
sede na Austrália. EC: localização da sede. A lei australiana tem ou não vontade de se aplicar? Sim. Então, o notário vai
aplicar a lei australiana. Porque nós escolhemos? Não, porque a lei australiana assim quis. Isto tem ou não vantagens do
ponto de vista da HJI? Nós aplicamos a lei australiana; na Austrália, aplicam a lei australiana; na Holanda, aplicam a lei
australiana.

Então porque é que temos tão poucas regras unilaterais? O que é que pode suceder? A nossa diz que não se aplica.
Vamos às RC’s estrangeiras e pode suceder que nenhuma se queira aplicar ou que várias tenham vontade de se aplicar. No
sistema bilateral, o problema não se põe.

Porquê? Porque escolhemos nós. Quadri apercebeu-se do problema. Se várias leis estrangeiras tiverem vontade de se
aplicar, o juiz do foro deve escolher a que tiver uma ligação mais forte. Se nenhuma lei se quiser aplicar, o juiz deve escolher
a que tornar o negócio válido, a que satisfazer as expetativas das partes. Quadri reconhece que o unilateralismo falha e,
quando falha, a solução é escolher. É com critérios bilaterais. Por essa razão, a maioria das regras de conflitos são bilaterais.
Só que isto gera um problema: desarmonia jurídica internacional.

E então? O nosso sistema assenta no bilateralismo, mas no bilateralismo corrigido: corrigido pelo instituto do reenvio
e pelo instituto do reconhecimento de direitos adquiridos. Corrigido porquê? Corrigido porque o bilateralismo pode gerar desarmonia
jurídica internacional.

Notas prévias: há um sistema de Franceskakis (sistema intermédio). Sistema da autolimitação espacial das regras
de conflitos unilaterais.
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INFLUÊNCIA DO TEMPO NA REGRA DE CONFLITOS

Como é que o sistema conflitual é afetado pelo decurso do tempo? Três problemas.

1- Problema da sucessão das regras de conflitos: RC’s que, depois de uma relação jurídica estar
constituída, foram substituídas por outras.
2- Segundo problema: sucessão do direito aplicável dentro da lex causae (a lex causae é a lei
que estiver a ser indicada pela RC).
3- Terceiro problema: problema do conflito móvel ou sucessão de estatutos.

1.º problema.

Se, tendo havido uma alteração da regra de conflitos, devemos olhar à RC que existia à data da constituição da relação
jurídica ou à RC atual? Nota: este problema nem sempre se põe → não se põe quando a nova RC trouxer uma norma
transitória, isto é, uma norma que resolve este problema: a partir de quando é que usamos a regra de conflitos nova? Onde
é que vem sempre resolvido? No DIP de fonte europeia (p. ex., art. 28.º Regulamento Roma I). Por vezes, isto não acontece.

P. ex.: A e B casaram em 1965 no Brasil e são brasileiros; hoje, resolveram comprar um imóvel em Portugal. O conservador
do RP. Querem registar. O conservador tem de verificar se o bem é próprio ou comum. Temos uma situação absolutamente
internacional; logo, estamos no domínio do DIP → CI; LA; RI. Art. 53.º CC. A RC entrou em vigor em 66 e eles casaram
em 65. Uso a RC do Código de Seabra ou a RC do CC de 66?

Quando há regra de conflitos sem norma transitória, qual é que uso? Qual é o problema de aplicar a RC nova? Podia
frustrar as expetativas das partes: princípio da não-retroatividade. Com estes argumentos, a Escola de Lisboa, na esteira de
ZITELMANN, diz que a regra é a mesma para o direito conflitual e para o direito material: princípio da não retroatividade
– a regra de conflitos nova só vale para futuro. O que se pode dizer quanto a este argumento? O ponto é saber se as regras
de conflitos são ou não iguais às normas materiais. O que é que têm de diferente? É que não dão a solução ao caso. A RC
não está a resolver o caso. Entende KAHN que há aqui um equívoco: o princípio da não retroatividade é para as normas
materiais, não é para as regras de conflitos, que se limitam a escolher a lei aplicável ao caso, com base num juízo de
proximidade.

Porque é que se terá alterado a RC? Porque há um novo juízo de proximidade. À partida, melhor ou pior do que o
juízo antigo? Melhor. CS: nacionalidade do marido. CC: nacionalidade dos nubentes ao tempo da celebração do casamento. Diz
KAHN: não há porque aplicar a RC antiga. A Escola de Lisboa não vê as regras de conflitos como normas de 2.º grau:
entende que são normas materiais de regulação de indireta.

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FERRER CORREIA e B. MACHADO preferem a solução de KAHN, porque veem as RC’s como normas sobre normas;
sendo normas sobre normas, não se aplica o princípio da não retroatividade. A natureza das regras de conflitos é uma questão
meramente teórica ou tem efeitos práticos? Pode ter efeitos práticos.

A solução de Kahn não terá nenhum problema? E as expetativas das partes? Assim, devemos seguir a tese de KAHN: não
há princípio da não-retroatividade, salvo se isso puser em causa expetativas das partes quanto à regra de conflitos aplicável.
Há um critério objetivo: se, à data da constituição da relação jurídica, não havia qualquer ligação com a ordem jurídica do
foro, então, as partes não podiam ter expetativas na aplicação da regra de conflitos antiga do foro. Se, por outro lado, à data
da constituição da relação jurídica, havia um contacto com a ordem jurídica do foro, podemos presumir que elas tinham
expetativas em ver aplicada a regra de conflitos da altura. Nesses casos, aplica-se a regra de conflitos antiga.

À partida, aplica-se a nova. Porquê? São regras de conflitos, logo, não estão sujeitas ao princípio da não retroatividade.
Só não será assim se as partes, quando casaram, tinham algum contacto com o foro. Porquê o foro? Porque só assim podiam
pensar que podia ser aplicável a regra de conflitos antiga. Onde é que se casaram? Casaram-se em Portugal.

Sucessão da lei aplicável dentro da lex causae. Aqui, a regra de conflitos não mudou. Simplesmente, dentro da lei
brasileira, entrou em vigor um novo CC. A solução é: isto não é connosco. Isto é um problema para o direito brasileiro; para
o direito intertemporal da lex causae. Isto é um problema que tem de ser posto à própria lex causae. Temos de estudar o
direito intertemporal brasileiro. Não é um problema de DIP, é um problema de direito intertemporal da lex causae.

31.10-Aula prática 5º-enviada colega Davide

Problema da sucessão de regras de conflitos; e qual é a solução?

O problema só se põe se não houver disposição transitória. O problema depende da posição que se adote acerca da natureza
jurídica da regra de conflitos.

Se forem entendidas como normas materiais de regulação indireta, ficam sujeitas ao princípio da não retroatividade: aplica-se
a regra de conflitos antiga. Se as entendermos como normas sobre normas, então, estão fora do âmbito de aplicação o princípio
da não retroatividade: logo, aplica-se a regra de conflitos nova.

Qual é a vantagem? O juízo conflitual é mais apurado. Contudo, há casos em que não devemos aplicar a regra de conflitos
antiga: quando as partes tinham uma legítima expetativa na aplicação da regra de conflitos; assim será se, à data da constituição
da relação jurídica, existia uma conexão com o foro.

Sucessão de normas materiais da lex causae. A regra de conflitos não mudou. É o ordenamento jurídico da lei
competente que resolverá o problema: o direito transitório da lex causae.

Problema do conflito móvel ou da sucessão de estatutos.

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Neste problema, não muda nem a regra de conflitos nem muda o direito material da lex causae. Então, o que é que muda por
ação do tempo? Muda a concretização do elemento de conexão.

Art. 52.º CC. EC: NCC. Pode suceder que a nacionalidade dos cônjuges tenha mudado: p. ex., à data da constituição
da relação jurídica, eram brasileiros; hoje, são portugueses. O que mudou foi a concretização do elemento de conexão. Este
problema do conflito móvel coloca-se em todas as regras de conflitos ou só se coloca quando as regras de conflitos utilizarem
um determinado elemento de conexão? Só se põe este problema nas regras de conflitos que usem elementos de conexão móveis:
aqueles que podem ver alterada a lei para que apontam.

Há casos em que, apesar de a RC ter um EC móvel, o problema do conflito móvel não se põe: quando foram
cristalizados – transforma elementos de conexão móveis em EC’s imóveis. P. ex: art. 53.º → nacionalidade ao tempo da
celebração do casamento. (e se tiverem duas nacionalidade ao tempo da celebração do casamento). Quando o problema se põe
– elemento de conexão móvel e cristalizado – que lei é que deve ser relevante? Aplica-se a lei da nacionalidade que eles tinham
quando casaram ou a que têm hoje? Há quatro teses. Vamos só dar a do Ferrer.

Este problema é um problema de conflitos de leis no tempo ou não? Um mesmo facto estar sujeito a duas leis no tempo.

Temos aqui um problema de saber se aplicamos lei nova ou lei velha? Porquê? Porque nenhuma das leis mudou: as normas
(materiais e conflituais) continuam todas iguais.

Então, se não é um conflito de leis no tempo, é um conflito de leis onde? É um conflito de leis no espço. À data da constituição
da relação jurídica, a regra de conflitos dizia que a lei mais próxima. Há apenas uma deslocação da relação jurídica.

Se é um CLE, qual é o ramo do direito que deve resolver o problema?

O DIP. Logo, não é o direito transitório que resolve este problema.

Segunda premissa: às vezes, o legislador fez como o 53.º; umas vezes, o legislador cristaliza, outras vezes, não cristaliza.
Isto tem que se relevante. Porque é que o legislador às vezes resolve e outras não?

Segunda premissa: a solução para o conflito móvel não é única; tem de ser procurada caso a caso. Dois princípios. Se o
problema é o da validade de uma situação constituída no passado, o que faz sentido é olhar para a lei que estava a ser
indicada à data da constituição da relação jurídica.

Se o problema for a determinação dos efeitos de uma relação jurídica duradoura, deve aplicar-se a lei que estiver a ser
indicada pela conexão atual.

Em 2010, brasileiros; em 2020, portugueses.

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Problema da plurinacionalidade: problema de conflito positivo de nacionalidades; preferência pela nacionalidade do foro. São
portugueses. Hoje, entra uma ação sobre a Sra. B que diz que foi enganada na celebração do casamento; anulação do casamento
com base em erro. Para isso → art. 49.º CC. EC: nacionalidade de cada um dos nubentes. Única ou múltipla? Múltipla.
Distributiva. À data do casamento, eram brasileiros; agora, são portugueses. Põe-se ou não o problema do conflito móvel?
Sim, porque o EC não está cristalizado. O problema está em aberto, logo, temos nós que o resolver. Aplicamos os critérios
supra. O que é está em causa? A validade ou os efeitos desta relação jurídica? A validade, logo, aplicamos a lei brasileira.
P. ex: Sra. B diz que A violou o dever de fidelidade. O problema agora são os deveres conjugais → art. 52.º CC → NC.
Temos conflito móvel. A nacionalidade que eles tinham quando casaram ou nacionalidade que têm hoje? É a validade ou os
efeitos que estão em causa? Os efeitos; logo, aplicamos a lei da nacionalidade nova.

CASO dado na AULA

A adquiriu por usucapião o usufruto de um quadro quando esse quadro estava em Espanha, exercendo o tempo de posse
determinado pela lei espanhola que são 6 meses. Ao fim de 7 meses, trouxe o quadro para Portugal. Há uma ação a correr
num tribunal português: ele adquiriu ou não o usufruto; ele tem ou não o poder de destruir o quadro, coisa que o usufrutuário
pode fazer em Espanha. Art. 46.º CC.

Isto é o problema do conflito móvel, que é um problema de sucessão de leis no espaço e não um problema de sucessão de leis
no tempo (não mudaram leis nenhumas). A relação jurídica deslocou-se: a mesma regra de conflitos, antes, mandava aplicar
a lei espanhola e hoje manda aplicar a lei portuguesa. Se estiver em causa a validade de uma situação constituída no passado,
lei antiga; efeitos → lei nova. Quanto à aquisição do direito, validade da constituição. Quando a poder ou não destruir o quadro,
lei nova.

Caso Prático 4:

Em 2021, A, residente em Portugal, comprou a B 2 toneladas de dentes de elefante no Quénia, país onde é proibida a
respectiva comercialização. De acordo com a lei queniana, tal proibição aplica-se a todas os contratos, mesmo que a lei queniana
não seja aplicável à situação concreta. A e B escolheram como lei aplicável ao contrato a lei australiana, que nada proíbe
quanto a esta matéria. Como B não entregou os dentes de elefante, A intenta em Portugal uma acção de responsabilidade
contratual. Quid iuris?

É uma situação plurilocalizada, porque tem pontos de contacto com vários ordenamentos jurídicos: Quénia e Áustrália.

Estamos no âmbito do DIP. Problemas.

Primeiro, competência internacional dos tribunais portugueses.

Tendo competência, não aplicamos a lei portuguesa, porque rejeitamos o princípio da territorialidade das leis. Porquê?
Instabilidade das relações privadas internacionais.

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Qual é o expediente para atingir a estabilidade das RPI? A harmonia jurídica internacional: acordo entre os vários sistemas
sobre o direito aplicável. Então, podemos ter de aplicar lei estrangeira.

Qual lei estrangeira? O princípio da não-transatividade afasta, desde logo, a aplicação de leis que não tenham qualquer contacto
com o caso. Mas sobram algumas.

Quais? E agora? Recorremos ao DIP. Que tem um ou vários métodos?

Ao lado do método conflitual, vigoram outros métodos: normas espacialmente autolimitadas; direito privado uniforme; DIP material
– são normas especiais para as RPI que são normas materiais e não regras de conflitos. Temos PM, logo, usamos vários
métodos em simultâneo; simplesmente, o nosso sistema assenta primordialmente no método conflitual.

Sabemos sempre quais são as regras de conflitos mobilizáveis. Quais? Os arts. 41.º e 42.º ou o Regulamento Roma I?

O RRI não aplica-se apenas a contratos (não a todos os negócios jurídicos). Temos contrato. Foi celebrado depois de 2009?
Art. 29.º RRI. Art. 3.º RRI: escolha das partes. As partes escolheram a lei australiana. Logo, a lei aplicável às obrigações
contratuais é a lei australiana. A lei australiana proíbe estes contratos? Não. Para a lei australiana, o contrato é válido.
Assim, à partida, tem razão B, porque não cumpriu; logo, temos de condenar B à RC. Contudo, o Quénia tem uma forte
preocupação político-legislativa com os elefantes.

Temos uma NANI do Quénia: (“mesmo que a lei queniana não seja competente”). Não se trata de uma mera norma
imperativa, é uma NANI: determina a sua própria aplicação mesmo a casos em que a RC não manda aplica a lei queniana.

Para quê?

Proteger interesses político-legislativos do Quénia. São normas que visam não aplicar a lei mais próxima, mas tutelar o
interesse político-legislativo de um determinado Estado. Não se trata de uma NANI do foro, trata-se de uma NANI estangeira.

Devemos dar valor a NANI’s estrangeiras?

Há várias teses.

1. TEO: aplicamos NANI’s estrangeiras se forem da lex causae; logo, não aplicaríamos a lei do Quénia.
2. TCE: devemos aplicar NANI’s da lex causae e dos ordenamentos jurídicos que tenham uma especial conexão com o
caso. Por esta tese, aplicamos a lei do Quénia. Porque é que há uma especial conexão com o Quénia? Foi lá que
celebraram o contrato e recolheram os dentes. Logo, contrato nulo e absolve-se o réu do pedido. HJI. Aqui, não
podemos escolher a tese que queremos.

Usámos a regra de conflitos do RRI, logo, estamos no âmbito de aplicação do RRI. Porque é que isto é importante?
Porque o RRI tem uma norma sobre o que se faz às NANI’s estrangeiras. Art. 9.º/1 temos definição; art. 9.º/2
sobre NANI’s do foro; art. 9.º/3.

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Talvez possamos aplicar, mas só se forem NANI’s do país em que as obrigações devam ser cumpridas e só se essas
NANI’s tornarem o contrato inválido. Parece ser o Quénia o local onde as obrigações devem ser cumpridas; e torna
o contrato inválido. O juiz tem de aplicar ou pode aplicar? Pode. Atendendo a que critérios? Natureza e efeitos e
consequências da aplicação. Aplicávamos ou não? Sim.

Solução a dar ao caso: o contrato é nulo; absolvição do pedido.

Caso prático 5:

A, português, e B, argentina, são casados no regime de comunhão de adquiridos e residem em Leiria desde o dia do seu
casamento. Em 16 de Agosto de 2021, faleceu uma tia de B (C – argentina residente em Buenos Aires), que elegeu B
como herdeira universal e lhe deixou uma casa de férias no Algarve.

- As normas argentinas sobre direito das sucessões determinam que sendo a herdeira casada, os bens imóveis são entregues em
comunhão aos dois cônjuges;

- A norma portuguesa sobre regimes de bens (art. 1722.o/1/b) do Código Civil) determina que os bens herdados são
próprios do cônjuge.

O prédio é bem próprio ou comum, tendo em conta as regras de conflitos dos arts. 53.o CC e 21.o do Regulamento (UE)
650/2012?

O problema que aqui se põe é o problema da qualificação.

Nós já conhecemos este problema: é o problema da recondução de um caso a uma regra de conflitos. Como é que reconduzimos
um caso a uma norma?

Interpretação e aplicação das normas.

Nas RC’s, é igual. Temos de pegar no caso e chegar a uma RC. Nas normas materiais, chama-se interpretação; aqui, é
muito mais difícil. Qual é a parte da norma material que utilizamos para saber se podemos ou não aplicar? A hipótese. O
que é que a hipótese faz? Descreve uma situação. Logo, subsumimos factos à situação descrita. Vamos olhar às RC. Art.
53.º → substância e efeitos das convenções antenupciais e regime de bens. Art. 21.º RES → conjunto da sucessão. Qual é
a diferença entre isto e a hipótese das normas materiais? O CQ recorre a conceitos técnico-jurídico. Porque será mais difícil
reconduzir? Porque o sentido dos conceitos técnico-jurídicos varia de sistema para sistema. O que é regime de bens? O que é
convenção antenupcial? Matar uma pessoa é igual em todo o mundo.

O modo como vamos fazer isto é muito importante, porque disto vai depender a solução do caso. Art. 53.º →
substância e efeitos das CA e RB; art. 21.º → conjunto da sucessão.

Que leis estão a mandar aplicar? NC ao tempo da celebração do casamento; RH ao tempo da celebração do
casamento (cristalização do elemento de conexão móvel) → lei portuguesa. Ou seja: quanto à substância e efeitos da CA e
RB é aplicável a lei portuguesa. E o art. 21.º do REC? Residência do de cujus ao tempo do falecimento → Argentina. Logo:
quanto ao conjunto da sucessão é aplicável a lei argentina. Mandam aplicar leis diferentes a matérias diferentes. Se utilizarmos
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a lei portuguesa, de quem é a casa no Algarve? É bem próprio e, portanto, pertence a B. Se utilizarmos a lei argentina, de
quem é a casa? É bem comum. O ponto é saber: vamos subsumir este caso a qual das regras de conflitos? Este é o problema
da qualificação. Isto é um problema de regimes de bens ou um problema de sucessões?

Qualificação lege fori. Qualificação à luz da lei do foro. É este o sistema clássico de qualificação (França, Espanha,
etc.). Não vigora cá. Para escolher a RC que vou usar, vou ter olhar para a lei do foro. Se as RC não descrevem situações
da vida e falam em conceitos jurídico, eu tenho de saber o que isso é e só há uma lei para a qual eu posso olhar: a lei do
foro. Tenho de saber o que é que, para mim, é regime de bens ou sucessões. Qualificar (descrever, etc). Tenho de qualificar
o quê? Os factos. Eu tenho de olhar para os factos e perceber o que é que isto é para mim e tenho de perceber isto à luz
da lei do foro.

1. 1.º passo: QUALIFACAÇÃO PRIMÁRIA (OU DE COMPETÊNCIA): olhamos aos factos; submetemos os factos
à lei do foro; e perceber, para a lei do foro, que tipo de problema é aquele. Lei do foro, tu tratas isto como? Que
tipo de problema é isto? Para encontrar uma RC e, assim, uma só lei competente. Se a lei portuguesa se aplicasse,
se este caso fosse puramente interno, como é que a lei portuguesa resolveria este caso? O bem sera próprio. Porquê?
Porque aplica a norma do art. 1722.º que é uma norma sobre regimes de bens (e não sobre sucessões). Logo,
vamos usar a RC do regime de bens. Art. 53.º que está a mandar aplicar a lei portuguesa. Com a qualificação
primária ou de competência, encontramos a lei competente: serve para apresentar os factos à lei foro e determinar
qual é a regra de conflitos que vamos usar e, assim, a lei competente.

2. 2.º passo. QUALIFICAÇÃO SECUNDÁRIA: com a QP, encontrámos a lei competente; mas quais normas da lei
portuguesa? Todas ou só algumas? É o problema do chamamento. Quando a RC chama a lex causae, que normas
dessa lei é que estão a ser chamadas?

Dentro disto, temos duas teses.

1. ROBERTO AGO: deve fazer-se um chamamento indiscriminado; logo, chamamos todas as normas; aplicamos o
sistema jurídico todo da lei competente.
2. ROBERTSON: devemos fazer um chamamento circunscrito. Só chamamos algumas; só podemos aplicar da lei
portuguesa não todas as normas, mas só as normas portuguesas sobre regime de bens.

Nesta teoria, usamos quantas RC em simultâneo? Uma. Quantas leis competentes? Uma. Uma regra de conflitos e
aplica-se uma única lei.

Aula prática 6º-7.11


Caso Prático 6:
Em 4 de Dezembro de 2002, Anna (dinamarquesa e residente em Portugal),
fez, em Portugal, uma promessa pública de oferta de 500 Euros a quem
encontrasse o seu cão. Dois dias depois, Bernard, também dinamarquês residente em Portugal, encontrou o cão e entregou-o a
Anna. Alguns meses depois Anna e Bernard casaram. Em 2020 divorciaram-se e Bernard intenta agora em Portugal uma
acção de condenação para pagamento da dívida.

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Anna alega a prescrição da dívida invocando que, segundo o direito dinamarquês o prazo de prescrição geral é de 5 anos e
não existe na Dinamarca qualquer causa de suspensão semelhante à do artigo 318.º/a) do Código Civil português. Por outro
lado, invoca que o negócio de promessa pública não a
vincula, pois não existe no direito dinamarques (que considera aplicável) norma similar à do art. 459.º do Código Civil
Português.

Bernard, pelo contrário, alega que a dívida não prescreveu, porquanto o respectivo prazo esteve suspenso nos termos do art.
318.º/a) do Código Civil Português (que entende ser aplicável) e que, nos termos do artigo 309.º do Código
Civil Português (que entende dever aplicar-se), o prazo de prescrição é de 20 anos.

a) Quid iuris, tendo em conta o disposto nos arts. 40.º, 41.º, 42.º e 52.º do CC,
sabendo que o DIP dinamarquês manda aplicar aos negócios jurídicos a lei do
local da celebração e às relações familiares a lei da nacionalidade comum dos
cônjuges?

b) E se adoptasse a posição relativa à qualificação, quer de Ago quer de


Robertson, como resolveria esta hipótese?

Argumentos Ana

No 318 a) do CC – argumento Ana lei dinamarquesa prazo é de 5 anos e não há suspensão enquanto tiverem casados,
portanto nunca teve suspenso.

459 CC- não está vinculada

Argumentos Bernardo

318 CC- durante período de casamento, o prazo de prescrição esteve suspendo

309 CC- e ainda invoca que prazo ordinário de prescrição é de 20 anos

Olhando para o caso…

No caso temos as informações todas que precisamos , ler com cuidado os argumentos. Portanto, o caso tem 2 alineas .

• Alínea a) – porque falamos em normas? Porque no enunciado são dadas as normas, pois não demos a parte
especial e por isso são dados nos casos práticos as regras de conflito.

DIP DINARMAQUES
negócios jurídicos- lei do local celebração ;
relações familiares- lei da nacionalidade comum dos conjugues

REGRAS DE CONFLITO :

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arts. 40.º
41.º, - remissão regulamento roma 1
42.º -remissão regulamento roma 1
e 52.º do CC-

Porque no 41 e 42, ao invés não remetemos logo para regulamento roma 1? Os contratos são negócios bilaterais,
regulamento Roma 1 só substituiu nos contratos e não nos negócios unilaterais . E aqui temos negócios unilaterais.

Em primeiro lugar- é resolvido com o DIP? Ou com direito obrigações? É ou não situação absolutamente internacional, objeto
do DIP? SIM! Tem contacto com 2 ordenamentos jurídicos, o português porque são residentes em Portugal , celebração
negocio em Portugal e ambos tem nacionalidade dinamarquesa.

Podemos resolver com principio não transitividade ? NÃO , este principio diz que não convocamos ordenamentos que nada
tenham haver com caso , mas não resolve porque continuam a sobrar dois ( dimensão negativa ). Resolve apenas as
situações puramente internas e as relativamente internacional , que tem contacto 1 ordenamento jurídico, nas internas com do
foro e nas relativas com 1 ordenamento jurídico que é o estrangeiro . Ao excluir todas as outras, numa dimensão positiva,
diz que as outras podem ser chamadas .

Logo é objeto do DIP, e temos que chamar o DIP e os problemas que visa resolver- quais?

1. Competência- perante situação podem intervir os tribunais portugueses? Não é da competência dos dinamarqueses? E
resolvemos , presumindo que dada a reforma de Bolonha a cadeira passou a semestral e cedeu-se ao direito
processual a lecionação da matérias, mas É UM PROBLEMA DE DIP ( em coimbra diz-se que é processual há
quem diga não ) ! Logo vamos pressupor a competência tribunais portugueses.
2. Conflito de leis – se os nossos tribunais são competentes, à luz que normas vão resolver?
3. Reconhecimento sentenças estrangeiras- que valor a decisão do tribunal tem fora?

1) No 1º problema presume-se.

2) Vamos ao 2º problema- em Portugal temos um pluralismo metodológico, logo problema de leis é resolvido vários
métodos em simultâneo , Direito Privado Uniforme, DIP material, Normas de aplicação necessária e imediata e
também método conflitual- regras de conflitos.

Não damos parte especial, logo são indicadas as regras de conflito no enunciado- quais?

 arts. 40.º- o conceito-quadro diz qual âmbito aplicação e aplica-se prescrição e caducidade
 41.º, - remissão regulamento roma 1 – 41 e 42 única regra de conflitos
 42.º -remissão regulamento roma 1 -41 e 42 única regra de conflitos
Conceito -quadro do 41 e 42: Obrigações provenientes regras de jurídicos e substancia negócios jurídicos
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 e 52.º do CC- conceito-quadro é as relações entre conjugues

E agora?

Não qualificamos factos, é irrelevante se é problema obrigações, família . O que interessa qualificar são as
NORMAS MATERIAS, porque? Porque no nosso método de qualificação estabelecido no 15º , diz que vamos usar
em simultâneo regras de conflitos diferentes que manda aplicar a cada matéria uma lei diferente e aplicamos em
parte , só dessa lei as normas relativas a matéria que foram chamadas.

Voltando ao caso..

Vou utilizar todas as regras de conflito, logo vamos ver quais leis são chamadas às matérias.

FAÇAMOS O MAPA CONFLITUAL

REGRAS DE CONFLITO NORMAS MATERIAIS


CONCRETIZAR a REGRA DE CONFLITOS significa E temos que elencar as várias normas materiais dos
determinar qual a lei para que ela está apontar ordenamentos potencialmente aplicáveis para perceber a
CONTEÚDO E FUNÇÃO que desempenham na lei que matéria a que dizem respeito-QUALIFICAR- se dizem
pertencem seja relativa à matéria –15 CC respeito matéria A ou matéria B
15 CC- A competência atribuída a uma lei abrange sòmente
as normas que, pelo seu conteúdo e pela função que têm
nessa lei, integram o regime do instituto visado na regra de
conflitos. .

Utilizamos várias regras de conflito em simultâneo que podem Vamos buscar as normas potencialmente aplicáveis ao
apontar a várias regras de conflito , essas vao apontar a enunciado .
leis diferentes , mas vamos aplicar essas leis diferentes Quais temos no nosso caso?
parcialmente .  318-a ) do CC- lei portuguesa
 459 do CC- lei portuguesa
Vamos identificar os conceito-quadro das várias regras de  309 do CC- lei portuguesa
conflito que delimitam o seu âmbito de aplicação .  5 anos prazo prescrição- lei dinamarquesa
Quais regras de conflito enunciadas?
E agora? Esta lista é qualificar? Temos que perceber a
 40 CC matéria a que dizem respeito. Depende. Se forma de

 41 E 42 CC prescrição podemos aplicar?

 52 DO CC

40 CC- conceito-quadro é prescrição e caducidade. Elemento


de conexão é dependente, está a remeter para outra regra de 309- qual conteúdo? Estabelece o prazo geral de
conflitos- é regulada pela lei que regular o direito que prescrição. Função? O que quer legislador com esta norma?
prescreveu. No nosso caso o direito que prescreveu – Bernardo Porque quer fixar prazos? Quer estabilidade e segurança

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receber 500 euros por resgatar o cão. Logo é uma conexão jurídica de que não pode aparecer credor fim de um certo
dependente , só saberemos mais tarde. **Depois da prazo e sancionar o credor que tem inércia. PODE SER
classificação abaixo- podemos dizer que mandamos aplicar a APLICAR? Reconduz-se ao conceito-quadro da prescrição .
lei portuguesa. Só normas portuguesas pelo conteúdo e função Recuperando conclusão, em matéria prescrição é a lei
na lei que pertencem, ou seja, portuguesa seja relativa à portuguesa que vamos buscar . APLICA-SE .
matéria da prescrição e caducidade.
5 ANOS PRAZO PRESCRIÇÃO NORMA
DINAMARQUESA- não temos o código dinamarquês. Vamos
ao enunciado. Portanto, qual conteúdo e função desta norma?
Conteúdo- estabelece prazo pelos quais direitos de créditos
prescrevem. Função- segurança jurídica e bem mais apertado,
pois o nosso é de 20 anos e o deles é de 5 anos. Que
conceito-quadro conduz? Prescrição . E a lei que vamos buscar
não é a dinamarquesa. NÃO SE APLICA.

41 E 42CC- conceito-quadro é as obrigações negociais e 459 º- conteúdo e função – conteúdo? Criar uma obrigação
substancia do negocio. Elemento de conexão é a lei que a como fonte um negocio de promessa pública. Porque? Qual
escolha das partes tiverem escolhido. Qual foi? Não ratio legis legislador ao criar negocio de promessa publica?
escolheram, pelo enunciado . E agora? Temos o sistema Quis proteger os declaratários, titular confiança . Para saber
conexão múltipla subsidiária ( legislador preferia a 1º , qual a matéria que se integra . Portanto reconduzimos ,
mas senão funcionar, legislador oferece outra) e como qualificar as normas cada uma destas leis. Qual conceito-
sabemos qual a outra? Olhamos ao 42 / 1- na falta de quadro? OBRIGAÇÕES NEGOCIAIS. Pode-se aplicar?
escolha olhamos para a alínea dos negócios unilaterais – SIM, POIS É NORMA PORTUGUESA.
residência habitual do declarante, logo a Ana. Onde reside?
Em Portugal. O 41 e 42 as obrigações negociais manda
aplicar a lei portuguesa.** ver acima** Só normas
portuguesas pelo conteúdo e função na lei que pertencem, ou
seja, portuguesa seja relativa à matéria das obrigações
negociais e substancia do negocio
52CC-conceito -quadro é relações entre conjugues. Elemento Vamos abrir o 318 -a ) - qual conteúdo desta norma?
de conexão – nacionalidade comum? Tem. São ambos Suspende a prescrição se o credor e devedor forem casados.
dinamarquesas, o 52 manda aplicar a lei dinamarquesa. Conteúdo é suspensão prescrição durante o casamento. E a
Quando nós mandamos aplicar lei estrangeira , pode surgir função? Porque o legislador quer suspender a prescrição entre
problema, que é a lei estrangeira pode vir a mandar outra cônjuges? Para que serve? Evitar litígios judiciais conjugues
lei. Sempre que mandamos aplicar uma lei estrangeira um contra o outro. Paz conjugal. Será uma norma sobre o
precisamos ir ver o DIP dessa lei, se o DIP dessa lei renvia que? RELAÇÕES ENTRE CONJUGUES. Vamos
para outra- se sim, vamos resolver. subsumir num conceito-quadro – do 52º . Ora, agora
recuperamos as conclusões- em matéria das relações entre
DIP DINAMARQUES- o que diz? As vezes é difícil, daí conjugues aplica-se lei dinamarquesa, pois é uma norma da
precisamos de praticar. Relações familiares- manda aplicar
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a lei da nacionalidade comum, logo remete para a lei lei portuguesa e a lei competente é a dinamarquesa- NÃO SE
dinamarquesa . Não tivemos um problema então. APLICA ESTA NORMA, NÃO ESTÁ CHAMADA.

Só normas dinamarquesas pelo conteúdo e função na lei que


pertencem, ou seja, dinamarquesa seja relativa à matéria da
relações entre conjugues.

Portanto, agora sabemos quais normas à luz das quais o julgador vai decidir / aplicar- 459 º e o 309 º . Não aplica
o 318 e nem a norma dinamarquesa do prazo 5anos.

Ana está vinculada ao negocio? Sim. Porque se aplica o 459, logo Bernardo tem razão.

Qual prazo de prescrição? 20 anos.

Este suspenso durante casamento? Não! Aplicamos norma dinamarquesa.

Com estes dados todos quem tem razão? Prescreveu ou não? Não . Ainda não pois é de 4 dezembro de 2002 até 4
dezembro de 2022. Está quase a prescrever mas ainda não prescreveu.

Condenamos a Ana em entregar os 500 euros ao Bernardo.

• Alínea b )- Ago e Robberts – e agora? Portanto, pela dupla qualificação ou legi fori. Como começa a legi fori?
Temos qualificar os factos, para NÓS isto é problema de X. Olhar para os factos e dizer “ isto para nós é
problema de que?” . Se caso fosse puramente interno como caracterizávamos estes casos? Sobre prescrição,
negócios jurídicos, relações entre conjugues? Qual a norma central? Imaginando que é tudo português, como seria
resolvido? Se isto fosse caso puramente interno, pois seria evidente que não prescreveu. O Dr. diz que a
jurisprudência era evidente que o prazo não teve a correr . Para a teoria tradicional seria pelo 318-a) do CC
que seria sobre as relações entre conjugues, logo o 52º do CC que indica uma lei competente a lei dinamarquesa.
Fizemos a QUALIFICAÇÃO PRIMÁRIA- qualificamos à luz da lei do foro. Se esta foi a qualificação primária é
porque existe a QUALIFICAÇÃO SECUNDÁRIA- quais normas da lei dinamarquesa? Pela Tese de Ago – diz
que norma da lei dinamarquesa? TODAS- CHAMAMENTO INDISCRIMINADO, com toda a lei – prazo seria
5 anos . Este suspenso? Não . E Ana não estava obrigada, enunciado não fala de nenhuma norma e mesmo que
tivesse já tinham passado os 5 anos ( vantagem ser rápida qualificação, mas a escolha do método interfere no
resultado , tem a qualificação importância capital) . Pela Tese de Robbertson- as normas dinamarquesas relativas
à materia das relações entre conjugues- CHAMAMENTO CIRCUNSCRITO ( não toda a lei dinamarquesa,
apenas parte e isto é parecido ao nosso método ) , e que normas em relação aos conjugues? Não há , porque?
Para a lei dinamarquesa isto não foi problema de relação entre conjugues . Estamos a dizer que vamos aplicar
normas dinamarquesas em relação entre conjugues , mas NÃO É PARA ELES UM PROBLEMA DE RELAÇÃO
ENTRE CONJUGUES. Robbison resolve como? Portanto recorremos o CHAMAMENTO INDISCRIMINADO-
aplica-se a lei dinamarquesa no seu todo .Logo , – prazo seria 5 anos . Este suspenso? Não . E Ana não estava

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obrigada, enunciado não fala de nenhuma norma e mesmo que tivesse já tinham passado os 5 anos ( solução
igual a de Ago)

A solução seria absolver a Ana do pedido.

Caso Prático 7:
Em Fevereiro de 2022, A, português e residente em Munique, e B também
português mas residente em Viena celebraram em Roma um contrato de compra
e venda de um prédio urbano situado em Berlim, tendo eleito como lex contractus
a lei portuguesa.

Dois meses volvidos, pretendendo A ocupar o referido prédio, B recusou-se a


entregá-lo. Em seu favor alega ser ainda titular da propriedade do mesmo,
porquanto não se havendo verificado o registo, que é exigido pelo direito alemão,
não se deu ainda a transferência do direito de propriedade (§ 873 BGB).
A, por seu turno, contrapõe, ex vi dos artigos 408.º/1 e 879.º/a) do CC, a
transmissão do direito de propriedade sobre o prédio por mero efeito do contrato.

Tendo em conta os artigos 46.º do CC e 3.º/1 do Regulamento ROMA I, e sabendo


que na Alemanha vigoram regras de conflitos iguais às portuguesas, que solução
daria a esta hipótese prática?

É situação plurilocalizada? Sim, temos contactos vários ordenamentos jurídicos, logo objeto do DIP e que nos vai resolver 3
problemas :

1. Problema competência tribunais portugueses-pressupomos


2. Conflito leis- temos pluralismo metodológico, mas partimos do método conflitual. No enunciado são dadas regras de
conflito.
3. Reconhecimento sentenças estrangeiras

Veja-se o 2º problema, portanto, vamos escolher várias regras de conflitos para matérias diferentes – 15º CC

REGRAS CONFLITO NORMAS MATERIAIS

46º- conceito quadro – direitos reais e ainda cabem Qualificar as normas materiais enunciadas pelas regras
aqui direitos reais que a lei portuguesa não conhece- de conflito, ou seja, da portuguesa e alemã:
fazemos INTERPRETAÇÃO do CONCEITO
QUADRO AUTONOMA DO DIREITO MATERIAL Como qualificamos? Olhamos ao conteúdo e função:
e que é TELEOLOGICA- abrange não so direitos reais
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da lei portuguesa como todas as figuras afins /
similares , para quais legislador pensou quando criou 408/1-lei pt- conteúdo e função- o conteúdo é
esta regra de conflitos. Sendo MAIS AMPLA QUE O estabelecer o Principio da Consensualidade, direitos reais
DIREITO MATERIAL. O elemento de conexão é qual? transmitem-se pelo mero efeito do contrato e a função é
Local onde se situa a coisa- Berlim e é na Alemanha. criar sistema de título na transmissão dos direitos reais.
Portanto o 46º manda aplicar aos direitos reais a LEI Portanto, atendendo a este conteúdo e função , podemos
ALEMÃ. Se é uma lei estrangeira temos que ver a dizer que é uma norma sobre direitos reais. APLICA-
regra de conflitos desse país – o que diz a regra de SE OU NÃO? NÃO. Em matéria de direitos reais as
conflitos deste país? O enunciado diz que é igual à que aplicamos são as normas da lei alemã.
nossa- lei da situação da coisa. Portanto diz o mesmo
que nós . Considera-se competente à luz do seu DIP. 879/a- lei pt- conteúdo e função- conteúdo é a
transmissão da propriedade da coisa ou titularidade do
Abrindo agora o artigo 15º do CC direito é um efeito da compra e venda , novamente o
15 CC- A competência atribuída a uma lei abrange principio da consensualidade . A função é estabilizar
sòmente as normas que, pelo seu conteúdo e pela função principio consensualidade. Portanto reconduz a um
que têm nessa lei, integram o regime do instituto visado conceito-quadro sobre DIREITOS REAIS. Aplica-se ou
na regra de conflitos. não? NÃO. Em matéria de direitos reais as que
aplicamos são as normas da lei alemã.
É a lei alemã , só para os direitos reais, as normas
que na lei alemã digam respeito aos direitos reais. 873 -BGB- conteúdo e função- conteúdo é registo
enquanto condição essencial da transmissão da
propriedade. Função- criar um sistema de modo na
transmissão dos direitos reais- não é o negocio é o modo
que transmite. Vamos subsumir ao 46º CC. Em
matéria de direitos reais as que aplicamos são as normas
da lei alemã. LOGO APLICA-SE.

3/1 regulamento roma 1- conceito-quadro “ obrigações .


contratuais “, elemento de conexão é a escolha das partes.
Vamos concretizar, a lei escolhida pelas partes, no
enunciado diz que a lex democratus , a LEI
PORTUGUESA.

Abrindo agora o artigo 15º do CC


15 CC- A competência atribuída a uma lei abrange
sòmente as normas que, pelo seu conteúdo e pela função
que têm nessa lei, integram o regime do instituto visado
na regra de conflitos.

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Só as normas portuguesas que pelo seu conteúdo e função
desempenham na lei portuguesas sejam relativas aos
contratos.

Respondendo ao nosso caso prático, aplica-se o paragrafo do 873 do BGB. Não houve registo logo a propriedade não se
transmitiu, no caso diz que não houve registo. Propriedade ainda não se transmitiu.

Não se aplica o principio da consensualidade, pois a lei alemã é a aplicada.

Aula prática -14.11-7º


Caso Prático 8:

A e B, casados e de nacionalidade espanhola, adoptaram em Espanha, nos termos do direito espanhol, C, uma criança de
nacionalidade portuguesa que residia em Espanha.
Algum tempo depois D, português, pretende reconhecer a paternidade de C. Que tipo de paternidade? Biológica.

A e B vêm impugnar o reconhecimento invocando o artigo 1987.º do CC português, ao que D contrapõe que o direito
espanhol não conhece nenhum preceito análogo àquela disposição da nossa lei.

Quid iuris, atento o disposto nos artigos 56.º e 60.º do CC e tendo em conta que o DIP espanhol submete a adopção
internacional à lei da residência do adoptado?

• 1987 do CC diz que depois da adoção plena não é possível estabelecer ou fazer prova da filiação
biológica- proibição do exame

• Não há na lei espanhola nenhum preceito – logo é possível estabelecer a filiação natural

1. Situação plurilocalizada? Sim. Principio não transatividade mobilizado, não se mobilizam leis que não
tenham contacto com o ordenamento. Logo , ordenamentos espanhol e português, e assim é uma
situação absolutamente internacional e tem contacto com objeto do DIP
2. Logo problemas do DIP:
2.1 Pode tribunal português decidir a questão em causa? Tem, presume-se que sim.
2.2 Poe-se o segundo problema da lei aplicável- à luz que normas deve-se decidir esta
situação internacional?
2.3 Reconhecimento sentenças estrangeiras- a decisão portuguesa tem efeitos em espanha?

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Vamos ao problema da lei aplicável , qual a solução ao dar ao caso se seguirmos o que diz o ordenamento espanhol? Pode-
se fazer a prova da filiação natural. Se português, não pode-se.

Como sabemos que normas aplicar?

Em Portugal adotamos um pluralismo metodológico, alem do método conflitual, DIP material, DIP uniforme, Normas de Aplicação
Necessária e Imediata , Normas Espacialmente autolimitadas. O nosso sistema parte do método conflitual europeu e funciona
como? Perante conflito leis, escolhe uma lei interna que deve regular a situação.

No método conflitual -Quem escolhe? Legislador. Como? Com as regras de conflito.

Que regras de conflitos auxiliam este caso? Esta no enunciado, pois não damos a parte especial nesta cadeira. No enunciado:

REGRAS CONFLITO NORMAS MATERIAIS

56º , conceito quadro “ constituição filiação natural “ Elencar as normas materiais, potencialmente aplicáveis
chamadas das várias leis chamadas ( portuguesa e
60º conceito-quadro “ filiação adotiva “ espanhola) que solucionariam o caso :

Temos aqui 2 regras de conflito. Não qualificamos factos, 1.Temos o 1987 CC- o problema é só este, porque a norma
qualificamos regras de conflito para matérias diferentes . for aplicável não se permite estabelecimento filiação , se não
Filiação adotiva uma e filiação natural outra regra de for permite-se.
conflito. Chamamento circunscrito, apenas parte a que pelo
conteúdo e função digam respeito à matéria que estão a ser Portanto, temos que qualificar o 1987, temos que procurar
chamadas -15º CC. CONTEUDO E FUNÇÃO.

No 56º - mandamos aplicar que lei? Nacionalidade do CONTEUDO- o 1987 o que faz? Proíbe estabelecimento
progenitor à luz da filiação. E qual a nacionalidade do D? filiação natural depois estabelecimento da adoção. É um
principio geral? Ou uma exceção? O PRINCIPIO
Lei 1------------ Lei 1 ( remetemos para nos próprios) VERDADE BIOLOGICA, logo é uma exceção a este
princípio.
É aplicável a lei portuguesa. Pois a nacionalidade do
progenitor é portuguesa. Regra de conflitos já está. FUNÇÃO- porque? Porque legislador portugues decidiu criar
a exeção ao principio da verdade biológica? Para proteger a
No 60º- mandamos aplicar que lei? Lei pessoal do adoção, se assim não fosse depois da adoção , a adoção
adotante, nacionalidade do adotante, salvo disposto no nr poderia ser destruída. Logo função é proteger a adoção.
seguinte. No nr seguinte, 60/2º “ adoção realizada por
marido e mulher”. E utilizamos 60/1 ou 60/2? 60/2, Agora podemos qualificar a norma, para saber a que
pois o 60/1 é para adoção singular e o 60/2 marido e matéria diz respeito ( é o que diz o 15º ).
mulher ( logo ler o artigo todo sempre ). Nacionalidade
comum dos conjugues. É uma norma sobre a adoção.

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Lei 1 ------------lei 2 ( nos artigo 60º , lei E por isso subsume-se ao 60º .
portuguesa está considerar competente a lei espanhola ). Mas e agora? Em matéria adoção a lei competente é a lei
Portanto, mandamos aplicar uma lei estrangeira e ficamos espanhola, não aplicamos normas de outros ordenamentos.
de ficar em alerta, essa lei estrangeira pode não se Logo o 1987 é uma norma portuguesa e não pode aplicar-
considerar competente- PROBLEMA DE CONFLITO DE se ao caso. A lei portuguesa não é competente.
SISTEMA NEGATIVO DE DIP- o DIP espanhol
considera-se competente ou considera outra ? Temos que ver Logo, senão se aplica esta norma, permite-se o
a regra de conflitos dela e a sua posição de reenvio. estabelecimento da filiação natural?
Será que acaba aqui o caso? O que acontece aqui se
O que diz a lei espanhola? Considera-se competente, formos por esta solução?
residência da criança, que é em espanha .
A adoção é DESTRUIDA. Não podemos ficar por aqui,
Parecia haver um problema de conflito negativo de dip mas temos que TESTAR O RESULTADO , pois se for
não há. Na prática não é diferente do nosso sistema, lei1-- RESULTADO CHOCANTE temos que ir pela ORDEM
-lei 2 e lei 2-lei 2. PUBLICA INTERNACIONAL.
Temos então que respeitar a resolução ? Há expedientes dip
Temos que ver o que esta acontecer na lei espanhola, logo : so funcionam depois do caso

Lei 1-----lei 2 ( considera-se competente) ( ORDEM PUBLICA INTERNACIONAL É QUE


DARIA RESULTADO E VEREMOS DEPOIS )
Não há um problema de reenvio, so haveria se a lei 2
não se considera-se competente e remetesse para outra.

Lei espanhola.

Concretizamos as duas regras de conflito .

Agora ler as regras de conflito à luz do artigo 15:

Só normas portuguesas do 56 pelo seu conteúdo e função


sejam relativas à matéria da filiação natural.

Em matéria adoção é competente a lei espanhola apenas as


normas espanholas do 60 que digam pelo seu conteúdo e
função sejam relativas à matéria de adoção.

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Caso Prático 9:

Em 2016, A, italiana, casou-se com B, português, de acordo com o regime de comunhão de adquiridos, passando ambos a
residir em Portugal.

Em Julho de 2021, foi aberta a sucessão de C, português residente em Milão, ex-marido de A, que, em testamento, havia
nomeado A como sua herdeira.

Todavia, ainda nesse mês, A declarou, em escritura pública, o repúdio da sucessão.

B vem agora pedir a anulação do repúdio, invocando o n.º 2 do artigo 1683.º e os n. os 1 e 2 do artigo 1687.º do Código
Civil português, ao que os herdeiros legítimos de C contrapuseram que, no ordenamento jurídico italiano – e, designadamente,
nos artigos 59.º e ss. do Código Civil Italiano (que regulam a capacidade em geral) – não existia qualquer disposição idêntica
à do n.º 2 do artigo 1683.º citado supra, concluindo não ser exigível o consentimento do cônjuge do sucessível.

De facto, as indicadas normas italianas conferem plena capacidade a A para repudiar sem consentimento de ninguém.

Cfr. os artigos 25.º e 52.º do Código Civil português e o artigo 21.º do Regulamento (UE) 650/2012 e tenha em
consideração que a Lei Italiana de Direito Internacional Privado considera competente para reger a capacidade a lex patriae
e, para regular as relações entre os cônjuges, a lei da residência conjugal.

a) Segundo o nosso ordenamento, quid iuris?


b) Se devesse seguir a concepção de Roberto Ago relativa à qualificação, como
resolveria a questão?

ATUAL MARIDO :
• 1683- ó repudio da herança so pode ser feito consentimento ambos conjugues a menos que
vigore o regime de separação de bens.
• 1687- sanção
• Repudio pode ser anulado

HERDEIROS LEGÍTIMOS C -o que são herdeiros? São aqueles que herdam em caso não haver
testamento e os herdeiros legítimos não queriam anulação do repudio

• 59º-Normas italianas não tem exeção à capacidade, logo senhora A podia repudiar
• Repudio não pode ser anulado

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Situação pluralocalizada? Sim . DIP- problemas : 1. Problema competência, presume.se. Vamos ao 2. Problema
da lei aplicável.

REGRAS CONFLITO NORMAS MATERIAIS


25 CC, tem como conceito-quadro “ capacidade, Agora vamos identificar as normas materiais de todas
estados dos indivíduos, a capacidade das pessoas, as as leis chamadas pelas regras de conflito, portuguesa
relações de família e as sucessões por morte “ e italiana , elencar para procurarmos o respeito
conteúdo e função .
52 CC, tem como conceito-quadro , relações entre
cônjuges Vamos qualificar estas normas materiais a ver em que
regra de conflito se subsumem – QUALIFICAÇÃO de
21 do Regulamento europeu sucessões , conceito acordo conteúdo e função ?
quadro é ao conjunto das sucessões.
1.1683 n 2 do CC e sanção 1687/2 que dizem
Vamos concretizá-las: no fundo que é necessário consentimento do conjugue.

O 25 º manda aplicar nacionalidade da senhora A CONTEUDO- o que fazem? Exigem o consentimento


que era qual? Italiana. do conjugue para que? Para o repudio da herança .
Estas normas no fundo fazem o que? Restringem a
Então lei 1----lei 2. capacidade para repudiar, não para aceitar , apenas
repudiar.
O que diz a lei italiana? A lei da nacionalidade,
então manda aplicar que lei? A sua própria lei. FUNÇÃO-porque o fazem? Porque deixa aceitar mais
Logo l1---l2 .NÃO TEMOS PROBLEMA DE facilmente do que repudiar? Porque faz isto o
REENVIO. legislador? O que está em causa é preservar a paz
conjugal. Esta capacidade , esta norma aplica-se a
Em matéria capacidade a lei competente é a lei todas pessoas ou algumas? Só as que estão casadas .
italiana. Logo proteger o outro, na teoria geral chamamos
ilegitimidades conjugais. As pessoas por serem casadas
52º , mandamos aplicar que lei? Nacionalidade , tem capacidade afetada em beneficio outro cônjuge.
comum conjugues e agora? É um sistema de conexão Diminuição capacidade por causa do casamento.
múltipla subsidiaria, falhando a 1º conexão oferece
outra. A residência e onde residem? Em Portugal. Logo esta norma material subsume-se a que ? Que
matéria? RELAÇÃO ENTRE CONJUGUES. Logo
Logo l1 ( considera- se competente ). subsume-se ao conceito-quadro do 52º

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É competente a lei portuguesa em materia de relações E em matéria de relações entre conjugues aplica-se a
entre conjugues. lei portuguesa.

21º Regulamento- onde vivia o C? C residia em Logo podemos aplicar, faz parte da lei competente.
Itália. Logo

L1------l2 ( considera lei italiana competente). 2.59 CC italiano – problema é de que não
conhecemos tao bem a lei italiana. No enunciado dão-se
HÁ PROBLEMA DE REENVIO? várias pistas para fazer juízo sobre a qualificação.
No enunciado que pistas encontramos? “ Confere plena
Vejamos , DIP ITALIANO remete-se também a este capacidade” e mais? Não diz exatamente sobre o que é
regulamento , pois é para todos estados da UNIAO conteúdo e função.
EUROPEIA, é uma regra de conflitos europeia. Em
italia vigora mesma regra de conflito, logo a l2 CONTEUDO- normas gerais da capacidade . Não
tambem se considera competente. são sobre relações entre conjugues, mas sim gerais.

L1----L2 ( considera-se competente).


FUNÇÃO- regular capacidade geral.
Regras de conflitos europeias acabam problema de
reenvio. Subsume-se no artigo 25º.
Em matéria capacidade vamos buscar lei italiana, logo
Em matéria de sucessões manda-se aplicar a lei é para se aplicar esta norma sobre a capacidade em
italiana. geral .

ARTIGO 15º , em matéria capacidade so normas SOLUÇÃO AO CASO- aplicamos as normas que
de função e conteúdo que sejam relativas às matérias dizem que a senhora pode repudiar, mas também as
. Italianas- capacidade, sucessão e portuguesa- normas que dizem que não se podem repudiar.
relações entre conjugues. Resultados das normas são incompatíveis . A norma
portuguesa afeta a italiana.

PROBLEMA DO CONFLITO POSITIVO DE


QUALIFICAÇÕES

1. Tentar compatibilizar as normas- são


antagónicas, não dá. Não é possível aplicar
as duas.
2. Escolhemos 1- e em principio escolhemos entre
regras de conflito. Há 3 critérios de
hierarquização :

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i)SUBSTANCIA VS FORMA-
substancia prevalece. Porque ? em principio
lei que legislador considera mais próxima .
Não resolve o caso, não esta em causa , não
é conflito sobre isto, é sobre a lei aplicável
capacidade e lei relações entre conjugues .
ii)ESTATUTO REAL VS ESTATUTO
PESSOAL ( elencadas 25º capacidade,
sucessões por morte, etc)- prevalece a lei
aplicável aos direitos reais. Pelo principio
da efetividade- aplicar lei diferente da lei da
coisa , poderia acontecer não fosse
reconhecida a decisão. Mas não resolve o
problema.
iii)CONJUGE SOBREVIVO –
SUCESSAO vs MATRIMONIAL- prevalece
matrimonial. Não resolve, C faleceu, tem
cônjuge sobrevivo? Não. Não utilozamos
também este critério.

Logo que fazemos agora?

Agora escolhemos entre NORMAS


MATERIAIS- 1683 /2 e a 59 CC-
como?

GERAL vs ESPECIAL- vamos fingir que as


2 foram chamadas, como se existissem ambas
no nosso ordenamento. Prevalece a especial.

Qual a que aplicamos?

a)Aplicamos a portuguesa e desconsideramos a


italiana. Logo anulamos o repudio.

Alínea b) Resolva de acordo com AGO – teoria da dupla qualificação- lege fori.

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Como funciona? Porque se chama da dupla qualificação? Faz uma qualificação primaria, olha para factos e não
para normas e perceber para lei do foro ( lege fori) que tipo de problema é que é, para escolher uma regra
de conflitos e escolher uma única lei competente.

1. Vamos a isso. Se isto fosse situação interna a norma do foro que resolveria isto, 1683 CC, não poderia
repudiar, pois e assim era um problema para relações entre cônjuges- QUALIFICAÇÃO PRIMÁRIA (
encontrar uma regra de conflitos que desgina uma lei competente). Logo que utilizaríamos a regra de conflitos
do 52º que manda aplicar a lei portuguesa. Encontramos a lei competente, a lei portuguesa. .

2. QUALIFICAÇÃO SECUNDARIA – que normas da lei portuguesa? TODO ordenamento jurídico portugues.
Que diz ? Que precisa de consentimento, logo anulamos o repudio.

Acontece igual ao como resolvido na alínea a). Vantagem deste método é a simplicidade, facilidade e rapidez. Leva
ao mesmo resultado sem ter que resolver conflito de qualificações.

Caso Prático 10:

A, cidadão português e residente em França, casou com B, francesa e


residente em França. O casamento foi celebrado validamente em Dezembro de
2021, no Porto. Como A tinha apenas 16 anos de idade obteve a necessária
autorização dos pais – nos termos exigidos pelo artigo 1604.º/ a) do CC português
–, que assentiram inteiramente satisfeitos, tendo em conta a enorme fortuna de
que B era possuidora. Com o casamento, o casal fixou residência no Luxemburgo.

Em Setembro de 2022, A deslocou-se a Portugal para vender uma casa


situada em Condeixa que herdara da sua avó materna em 2010. O notário
português recusou realizar a escritura, invocando que o negócio seria inválido
porque o direito competente para reger os efeitos do casamento não prevê a
aquisição da plena capacidade de exercício por força do casamento.

Efectivamente, no direito luxemburguês não se estipula uma qualquer


disposição com um conteúdo idêntico ao dos artigos 132.º e 133.º do nosso CC,
ou seja, o casamento não desencadeia a emancipação dos menores.

Aprecie os argumentos do notário e diga, justificando legal e doutrinalmente


a sua resposta, quem terá razão. Cfr. os artigos 25.º, 47.º e 52.º do CC e suponha
que as leis envolvidas têm soluções conflituais iguais às portuguesas.

( no caso no ucstudent diz 2018 mas é 2021, foi dito na aula, tem que ser menores)

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Quem é o A? O português que casou com a senhora francesa.
Notário- diz que não pode, porque a lei que regula casamento não estabelece nenhuma via plena.

Situação plurilocalizada? Sim, 3 ordenamentos, logo objeto DIP.


3 problemas 1. Competência? Pressupomos 2. Conflito de leis- a luz que lei notário vai apreciar?

REGRA DE CONFLITOS NORMAS MATERIAIS


25 CC- conceito-quadro qual é? Capacidade, estados Que normas resolvem o caso, lei portuguesa e
indivíduos (…) . francesa?

Vamos já concretizar esta regra de conflitos – 1.132 CC ( normas Luxemburgo conteúdo


estamos a mandar aplicar que lei? Lei nacionalidade idêntico )
do sujeito, senhor A e é português. 1.133 CC( normas Luxemburgo conteúdo
idêntico)
Artigo 25º manda aplicar a Lei portuguesa. L1
apenas. CONTEUDO-atribuição plena capacidade para
em função do casamento.
47 CC- conceito-quadro ? Capacidade para
constituir direitos reais ou transmitir direitos reais. É FUNÇÃO- porque legislador faz isto? Há
norma complexa, deve-se começar a ler pelo fim , a normas QUALIFICAÇÃO DUVIDOSA ( tanto é
regra do 47 é a lei pessoal a menos que aconteça a possível qualificar como fazendo parte de uma
1º parte do 47º, é definida pela situação da coisa ( matéria e tanto de outra , não são preto e branco
vem depois do 46 dai dizer igualmente ) , ou seja, ), juiz tem que decidir. A resposta pode estar
aplico a lei da situação da coisa se a lei da situação sempre certa. Depende da justificação que dermos
da coisa assim o determine, considere-se competente. da função e conteúdo da norma.
Se não considerar competente, a lei pessoal é que é
aplicável. É uma regra de conflito complexa. É uma norma sobre o que? Capacidade- aplica-se
ou não? Sim, porque são portuguesas. Relação
entre conjugues ? Não se aplica, lei
Vamos já concretizar- estamos a mandar aplicar que luxemburguesa.
lei? Qual lei pessoal? Qual lei da situação da coisa
( só se aplica se considerar-se competente)? A , a O que achamos? --
lei pessoal é a nacionalidade 31/1, a nacionalidade • Quem defende o 52, argumentos de que
de A , a lei portuguesa. A lei da situação da coisa é um efeito jurídico do casamento e não
qual é? Portugal, o 47 diz que mandamos aplicar ou de uma pessoa tornar-se mais capaz,
lei portuguesa ou lei portuguesa. capacidades e objetivo é emancipar, não
precisam autorização pais , já são
Lei 1 maiores. Aí diz-se que é de relações
entre conjugues , logo não se aplica.
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Logo o 47 considera competente, capacidade constituir ( foi qualificação do notário, é um caso
direitos reais a lei portuguesa. verídico ).
• E quem defende que é sobre capacidade
52 , conceito-quadro é relações entre conjugues. em geral? Diz-se que o que esta no
Manda aplicar que lei? Lei da nacionalidade comum 131, emancipação de que a pessoa que
conjugues ( A e B, português e francês), mas não casa é que tem capacidade governar a
a tem. Conexão múltipla subsidiaria, residência sua vida, a decisão casar é de uma
habitual comum e tem , que é no Luxemburgo. pessoa que tem capacidade entender. Os
efeitos também, só emancipava em parte.
Lei 1-----lei 2 ( tribunal justiça defendia ) .
O menor é emancipado pelo casamento e
Lei 2, problema de conflito a resolver? Como a emancipação atribui ao menor plena
sabemos se há? Regra de conflito da lei 2. O que capacidade de exercício de direitos,
faz o DIP Luxemburgo? habilitando-o a reger a sua pessoa e a
dispor livremente dos seus bens como se
Tem soluções conflituais iguais às portuguesas , tem o fosse maior.
mesmo elemento de conexão que nós. • Logo subsumia-se no 25º e aplicava-se,
e podia vender.
Logo, também manda aplicar residência habitual
comum, ambas mandam aplicar lei luxemburguesa. Quando não aceitamos o reenvio, quem é que
escolhe a lei aplicável? O nosso legislador. Isto garante-
Lei 1----lei 2 ( considera-se competente). nos que estamos a aplicar uma lei que o legislador
considera ser a maix próxima. Quanto aceitamos o
Não há reenvio. reenvio, fomos nós que escolhemos a lei aplicável? Não,
vamos parar a outra lei, porque outro sistema o quis.
Vamos concretizar : Aceitar o reenvio envolve um risco: em nome da HJI,
Em matéria relações conjugues lei luxemburguesa é chegarmos à aplicação de uma lei que não tem contacto
competente, em parte, pelo conteúdo e função com o caso. Questão: este sistema de reenvio deve ou não
ordenamento pertencem digam respeito a relações funcionar em todas as matérias?
conjugues. Imagine-se que estamos a discutir a validade de
uma convenção antenupcial. Art. 53.º CC. Cônjuges que
Dizer mesmo palavreado para estas também: eram ingleses. EC: nacionalidade comum dos nubentes ao
Capacidade- portuguesa tempo da celebração do casamento. L1 → L2. Temos
Constituir direitos reais- portuguesa de saber se L2, à luz do seu DIP, se considera
competente. L2 manda aplicar a lei do local da
Vamos ignorar a lei francesa, não é chamada pelas celebração. Celebraram a convenção antenupcial no
regras de conflito. Canadá. L1 → L2 (DD) → L3. L3 manda aplicar
a lei do local da celebração. Logo: L1 → L2 (DD)
→ L3 (CC). Se a lei que nós indicamos não se
considera competente, temos um conflito negativo de
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sistemas: transmissão de competência simples. Devemos
ou não aplicar a lei que nós tínhamos escolhido ou devemos
aceitar o reenvio? O nosso sistema de reenvio é um
sistema prático: aceita o reenvio se promover a harmonia
jurídica internacional. O art. 16.º, em geral, rejeita o
reenvio. Nos casos em que o reenvio promova a HJI,
aceitamos o reenvio: por via do art. 17.º quando se trate
de transmissão de competência; por via do art. 18.º
quando se trate de retorno. In casu, promove ou não a
HJI? T3 aplica L3. T2 aplica L3. O reenvio é útil
à HJI. Temos autorização legal para aplicar L3?
Vamos ao art. 17.º/1. Devemos aceitar o reenvio se
L3 se considerar competente. Então, aceitamos o reenvio
e aplicamos L3. Qual era a nacionalidade destas
pessoas? Ingleses. E qual é a residência? Residem no
Brasil. Vamos aplicar ao regime de bens a lei do
Canadá que é a lei do local da celebração. Isto fará
sentido? Porque é que estamos a aplicar a lei do
Canadá? Porque foi a lei do local da celebração. Porque
é que estamos a aplicar esta lei? Porque aceitamos o
reenvio. Quem é que escolheu a lei? Fomos nós? Não.
O risco da aceitação do reenvio é aplicar uma lei que
não tem conexão com o caso: subverter o juízo conflitual
do legislador. O que está na base da aceitação do
reenvio: melhor do que aplicar a lei mais próxima é
aplicar a lei que todos os outros estão a aplicar. Risco:
por via da aceitação do reenvio, aplicar uma lei que não
tem ligação com o caso. Há matérias em que esse risco
é mais elevado. Se for um contrato, isso não será
especialmente problemático. Mas não assim se se tratar
das chamadas matérias do estatuto pessoal: matérias
ligadas à pessoa; o BI da pessoa. Art. 25.º fala das
matérias do estatuto pessoal: estado dos indivíduos,
capacidade, relações familiares e as sucessões por morte.
O art. 25.º escolhe a lei da nacionalidade: as pessoas,
à partida, conhecem a lei da sua nacionalidade. Outra
lei boa para esta matéria? A lei da residência.
Nacionalidade e residência são as leis mais importantes
em matéria de estatuto pessoal: são leis que as pessoas
podem considerar ser a sua lei; são intuitivas. Ao aceitar
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o reenvio podemos estar a aplicar uma lei sem saber se
os sujeitos, efetivamente, a conhecem. E é uma lei que,
se calhar, nem sequer corresponde à vontade das leis
mais importantes para a pessoa: nacionalidade e
residência. LN → L2 → estão a aplicar a lei do local
da celebração. E que lei manda aplicar a lei da
residência? A lei brasileira, que é a lei da residência,
manda aplicar a lei do domicílio ao regime de bens. L4
considera-se competente. NAC → L3. RES → L4.
Escolhemos uma lei que não sabemos se as pessoas
conhecem e que não corresponde ao acordo entre as duas
leis mais importantes.
Devemos ou não aceitar o reenvio? Em matéria
de estatuto pessoal (art. 25.º), o legislador português
está muito interessado em aplicar uma lei que as pessoas
conhecem. O legislador escolhe uma: a lei pessoal →
lei da nacionalidade (art. 31.º/1). Neste sentido, fica
mais preocupado quando aceita reenvio em matéria de
estatuto pessoal. Assim, em matéria de estatuto pessoal,
o legislador é mais restritivo na aceitação do reenvio.
Nas matérias do estatuto pessoal, não há reenvio? HÁ,
mas é um reenvio mais limitado. Há um princípio jurídico
que vai, em matéria de estatuto pessoal, comandar a
aceitação do reenvio: em geral, é o PHJI que comanda
a aceitação do reenvio; em matéria de EP, além da HJI,
exige-se HJ qualificada. O que é isto? Acordo entre
vários sistemas quanto ao direito aplicável: não de todas
as leis que estejam em conflito, mas apenas das leis
mais importantes naquela matéria. Em matéria de EP,
quais são as leis mais importantes? R e N. Só se aceita
o reenvio de as duas leis mais importantes para a pessoa
– nacionalidade e residência – estiverem de acordo; é a
HJQ a funcionar como limite ao reenvio (e não como
fundamento). In casu, nacionalidade e residência não
estão de acordo quanto à lei aplicável.
Os arts. 17.º/2 e 18.º/2 limitam a aceitação
do reenvio em matéria de estatuto pessoa, de modo a que
o reenvio só ocorra se houver harmonia jurídica
qualificada, ou seja, se houver um acordo entre as duas
leis mais importantes. Eles funcionam como um limite à
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aceitação do reenvio: só olhamos ao 17.º/2 se, pelo
17.º/1, for de aceitar o reenvio. In casu, estávamos a
aceitar o reenvio pelo 17.º/1. 17.º/2: cessa o disposto
no nº anterior, logo, cessa o reenvio e vamos para o
art. 16.º; o que vem a seguir é o âmbito. O 17.º/2
funciona. Nos casos em que L2 é a lei da nacionalidade.
Se L2 mandasse aplicar outra lei, não estávamos no
âmbito do estatuto pessoal. O 17.º/2 só funciona se
estivermos no âmbito do estatuto pessoal. Como é que
sabemos que estamos no estatuto pessoal? L2 é a lei da
nacionalidade. Cessa o reenvio em dois casos. (1) Se
o interessado residir habitualmente no território
português. (2) Se o interessado residir em país cuja.
Vamos mudar o caso (este é o). Discute-se a
capacidade de um cidadão canadiano que reside em
França e que vem a Portugal celebrar o negócio de
compra de uma empresa. Nacionalidade canadiana e
residem em frança. Utilizamos o art. 25.º que manda
aplicar a lei da nacionalidade que é a lei canadiana. L1
→ L2 (N). Ficamos alerta por duas razões: estamos
a aplicar lei estrangeira e pode suceder que essa lei, à
luz do seu DIP, não se considere competente; segundo,
aplicamos a lei canadiana por ser a lei da nacionalidade,
por isso, se houver reenvio, vamos ser mais rigorosos –
não basta o 17.º/1, é necessário ainda o 17.º/2. RC
do Canadá manda aplicar a lei do local da celebração.
L1 → L2 → L1. L2: RM. O que diz a RC francesa
(lei da residência): manda aplicar a lei da
nacionalidade. L3 (residência) (RM) → L2.
Devemos ou não aceitar o reenvio pelo 18.º/1? Promove
a harmonia jurídica internacional? Sim. Cumpre-se o
requisito do art. 18.º/1? Sim. Acabou o caso? Não.
Porquê? Porque estamos em matéria de estatuto pessoal.
Nacionalidade canadiana e residência em França. Em
matéria de EP, só aceito o reenvio de houver HJQ.
LNAC → L1. Lei da residência → L3 (RM) →
L2. Não há harmonia jurídica qualificada. Então,
estamos à espera que o legislador não aceite o reenvio.
O 18.º/2 é uma exceção ao 18.º/1 (formulação
diferente do 18.º/2). Como é que sabemos que é
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estatuto pessoal? Quando L2 for a lei da nacionalidade.
A lei portuguesa só é aplicável, ou seja, só se aceita o
renvio. O 18.º/2 tem requisitos adicionais para o
reenvio; o 17./2 tem causas de cessação do reenvio.
Porquê? Pelo 18.º/2 só se mantém o reenvio se: o
interessado residir em PT; ou se a lei da residência
estiver a aplicar a lei portuguesa. Não se verificando
os requisitos adicionais do 18.º/2, cessa o reenvio e
aplicamos a L2. Porque é que estragamos a HJI?
Porque, no estatuto pessoal, mais importante do que a
HJI, é aplicar um alei que a pessoa efetivamente
conhece. Só aceitaria o reenvio se residência e
nacionalidade estivessem de acordo quanto à lei aplicável.
Porquê? Ex. L1 → L2 (lei da nacionalidade → L3
(lei da residência) → L1. L2 → DS. L3 → RM.
Seria o reenvio útil à HJI? T3: L1. T2: L1. O
reenvio é útil à HJI. O 18.º/1 deixa? Sim: direta ou
indiretamente. Em 2, ainda que indiretamente, está-se a
aplicar L1. Estamos a aplicar a lei da nacionalidade,
logo, estamos em matéria de estatuto pessoal. Nesta
matéria, o legislador é mais rigoroso para aceitar o
reenvio. Exige a HJQ. Lei da residência → L3 →
L1. Lei da nacionalidade → L2 → L1. Nacionalidade
e residência estão de acordo. É para manter o reenvio?
Vamos ao 18.º/2. Reside em país que manda aplicar
a lei portuguesa. Em matéria de estatuto pessoal, só
aceitamos o reenvio se isso conduzir à aplicação da lei
da nacionalidade ou da residência? NÃO. Contudo,
vamos, neste caso, aplicar uma lei que, em princípio,
esta pessoa não conhece? Porquê? No fundo, nós não
tínhamos grande autoridade para escolher outra coisa: o
país em que a pessoa vive e de que é nacional estão de
acordo.
O nosso sistema de reenvio está orientado por
dois princípios: harmonia jurídica internacional; e
harmonia jurídica qualidicada que funciona como limite à
aceitação do reenvio em matéria de estatuto pessoal.

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Até ao 15 estamos já qualificados para resolver os caso.

Aula prática-21.11-8º

Estes casos é para resolver em casa-11 ao 15.

Caso Prático 11: A, português, e B, italiana, casaram em 2012 em Milão. À data do casamento, A tinha 77 anos e B
apenas 21.

Em 2014 fixaram a sua residência com carácter estável e permanente em Barcelona.

Em 2019, na comemoração do 6.º aniversário do seu casamento, A ofereceu a B um jipe que tinha adquirido meses antes
em Coimbra. A doação realizou-se em Espanha.

C, filho de A, pretende invalidar a doação e invoca, para tanto, os artigos 1720.º/1/b) e 1762.º do CC português.
Deveria o tribunal dar razão a C sabendo que a doação é válida em face do direito espanhol?
Cfr. os artigos 25.º, 52.º e 53.º do CC português e n.º 2 do artigo 4.º do Regulamento (CE) n.º 593/2008,
(Roma I), tendo em consideração que o artigo 9.º do Código Civil Espanhol tem soluções idênticas às dos artigos 52.º e
53.º do Código Civil Português

Convocamos várias regras de conflitos, que, à partida, determinam leis diferentes aplicáveis a matérias diferentes.

No caso em apreço, convocamos a regra de conflitos do art. 25º CC, cujo conceito quadro (isto é, a parte da regra de
conflitos que determina o seu âmbito de aplicação) é “capacidade geral”, e o elemento de conexão (a circunstância que o
legislador escolheu como relevante para a escolha da lei aplicável) é a nacionalidade. O elemento de conexão é pessoal
(porque considera os sujeitos), é jurídico (para sabermos para que lei aponta temos de aplicar as normas da
nacionalidade), móvel (pode ver alterada a lei para que aponta). Assim, a lei aplicável será a lei portuguesa.
Convocamos ainda a regra de conflitos do art. 52º CC. O conceito quadro é a ‘’relação entre os cônjuges’’, e o elemento de
conexão é a residência habitual comum (n.º 2, visto que não têm a mesma nacionalidade). É um elemento real, móvel,
factual. MAS MUDARAM DE RESIDÊNCIA – CONFLITO MÓVEL OU DE
SUCESSÃO DE ESTATUTOS. Coloca-se a questão de saber qual é a residência habitual comum: se é a primeira, ou se
é a atual. Ora, este problema é solucionado através da imobilização ou cristalização do elemento de conexão móvel, isto é, o
legislador utiliza elementos de conexão móveis, mas transforma-os em imóveis. por isso aplicamos a lei da residência que
tinha à data da celebração. Em 2016, A e B residem em Barcelona, Espanha. Neste caso, é aplicável a lei espanhola,
que se considera competente à luz do seu DIP (art. 9º CC espanhol). Convocamos a regra de conflitos do art. 53º CC.
O conceito quadro é ‘’regime de bens’’, e o elemento de conexão é o local da primeira residência comum (pois não têm a
mesma nacionalidade, nem temos informações sobre a residência habitual). Neste caso, é aplicável a lei espanhola, que se
considera competente à luz do seu DIP (art. 9º CC espanhol).
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O conceito-quadro da regra de conflitos do art. 4º/2 ROMA I é “obrigações contratuais” (rem. art. 1º). O elemento de
conexão é a residência habitual do contraente que efetua a prestação característica do contrato (de doação). Neste caso, é
aplicável a lei espanhola, que se considera competente por também aplicar este RUE (Estado Membro).

QUALIFICAÇÃO, ART. 15º

Coloca-se a questão de saber qual a regra de conflitos a ter em conta, e que normas é que essa regra de conflitos manda
aplicar. Trata-se do problema da qualificação, que se insere no âmbito da determinação da lei aplicável.

O problema da qualificação subdivide-se no problema do critério da qualificação (ou da interpretação do conceito-quadro da


regra de conflitos) e no problema do objeto da qualificação.

No primeiro, a doutrina portuguesa propõe uma interpretação à luz da lei da lex formalis fori, ou seja, é a lei do foro que
interpreta o conceito-quadro, mas de acordo com os interesses do Direito Internacional Privado, sendo uma interpretação
autónoma da lei material e teleológica porque tem em conta a ratio/o objetivo da regra de conflitos. O conceito-quadro é
interpretado de forma mais abrangente do que a determinada pela lei do foro. No caso concreto, “…”, ‘’…’’ e ‘‘…’’ não
correspondem exatamente à interpretação feita no direito material do foro, pois estes conceitos técnico-jurídicos integram
figuras afins às do foro.

No segundo, quanto aos preceitos jurídico-materiais aplicáveis, o art. 15º CC refere um chamamento circunscrito
(‘’somente’’) da lei designada pela regra de conflitos, ou seja, apenas são chamadas a resolver a situação as normas que,
pelo seu conteúdo e função, se subsumem ao conceito-quadro da regra de conflitos. A qualificação propriamente dita segundo o
art. 15º CC é um reflexo da politização do DIP.

Neste sentido, aplicamos as normas da lei portuguesa que pelo seu conteúdo e função digam respeito às capacidade geral; e
as normas da lei espanhola que pelo seu conteúdo e função digam respeito à às relações entre os cônjuges, regime de bens e
obrigações contratuais.

- normas da lei PT:

arts. 1720º/1/b) – dita que é imperativo que vigore a lei de separação de bens quando o casamento seja celebrado por
quem tenha completado 60 anos de idade – e 1762º CC – é nula a doação entre casados, se vigorar imperativamente

quadro do art. 52º CC ( entre os cônjuges o regime da separação de bens. Estes artigos reconduzem-

que considera competente a lei espanhola se ao conceitoé para tutelar o património de um dos cônjuges, ou seja, para
proteger este instituto),
, por isso não se aplica ao caso. Esta conclusão pode justificar-se no
art. 54º CC (norma auxiliar da qualificação – a mutabilidade ou imutabilidade do regime de bens subsume-se ao art.
52º CC).

- normas da lei espanhola: não há

Concluindo, a doação é válida à luz da lei espanhola. Eventual consideração da ordem pública internacional, se o resultado
se considerar manifestamente intolerável face aos princípio fundamentais da ordem jurídica.

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Quando a aplicação de uma lei estrangeira (neste caso, a não aplicação do art. 1987º CC) conduza a soluções/resultados
(neste caso, a perfilhação de criança adotada) que violam os nossos princípios fundamentais, o art. 22º CC intervém como
mecanismo de repulsa da lei estrangeira, que seria competente por força da nossa regra de conflitos, isto é, intervém para
evitar que se constitua no foro uma relação jurídica sujeita ao direito estrangeiro, quando a aplicação da lei estrangeira
conduzi a um resultado manifestamente for intolerável face aos princípios fundamentais do OJ do foro.

É importante referir que a censura não é dirigida à lei estrangeira, mas sim ao resultado da sua aplicação.

A ordem pública internacional é excecional e serve para proteger os valores que vigoram no estado do foro. Esses valores ou
princípios têm de ser atuais (ou seja, têm de vigorar na data da decisão, e não na data da constituição da relação
jurídica). É por natureza imprecisa, porque só em concreto é que sabemos a que casos se aplica. Tem ainda como
característica a relatividade, tendo em conta que há fatores que a tornam mais ou menos exigente (por exemplo, vamos ser
mais exigentes nas situações a constituir do que nas situações já constituídas; se a situação já está consolidada, vamos ser
menos exigentes) - aqui falamos no efeito atenuado da OPI, que, em determinados casos, não afasta totalmente a relação
jurídica constituída no estrangeiro, conferindo-lhe certos efeitos.

A nível de efeitos, são reconhecidos três: efeitos do art. 22º/1 CC, efeitos proibitivo ou permissivo.

O art. 22º consagra que não se aplica a norma estrangeira afastada, mas convoca-se a aplicação de outras normas da lei
competente; se não encontrarmos solução adequada ao caso, recorremos à lei do foro. Por sua vez, quanto aos efeitos
proibitivo ou permissivo, a ordem pública internacional tanto intervém para evitar a constituição ou reconhecimento no foro de
uma relação jurídica sujeita ao direito estrangeiro, como para permitir a constituição de uma situação jurídica que a lei
estrangeira aplicável por si não autoriza.

Caso Prático 12: Em 1999, A e B casaram-se em regime de comunhão geral na Roménia, país da sua nacionalidade, sem
escolherem a lei aplicável ao seu regime de bens. Em janeiro de 2019, já depois de terem obtido a nacionalidade
portuguesa e renunciado à nacionalidade romena, divorciaram-se em Portugal, onde residiam.

O património conjugal era de 200 mil euros, metade do qual já pertencia a B antes do casamento. No respetivo processo
de partilha, B, invocando o artigo 1790.º do CC português, defende que A só deve receber 50 mil euros. Por sua vez,
A, alegando que a lei romena divide o património conjugal em partes iguais, acha-se com direito a receber 100 mil euros.

Cfr. os artigos 52.º, 53.º e 55.º do Código Civil e os arts. 5.º e 8.º do Regulamento (UE) 1259/2010. Tenha
ainda em conta que o artigo 2592.º do Código Civil Romeno submete os regimes de bens à lei da nacionalidade comum dos
nubentes ao tempo do casamento, na falta de escolha de outra lei pelos cônjuges. a) Quid iuris?

Convocamos várias regras de conflitos, que, à partida, determinam leis diferentes aplicáveis a matérias diferentes.

No caso em apreço, convocamos a regra de conflitos do art. 52º CC, cujo conceito quadro (isto é, a parte da regra de
conflitos que determina o seu âmbito de aplicação) é “relação entre os conjuges”, e o elemento de conexão (a circunstância
que o legislador escolheu como relevante para a escolha da lei aplicável) é a nacionalidade comum dos cônjuges. O
elemento de conexão é pessoal (porque considera os sujeitos), é jurídico (para sabermos para que lei aponta temos de
aplicar as normas da nacionalidade), móvel (pode ver alterada a lei para que aponta). MUDARAM DE

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NACIONALIDADE. Assim, coloca-se a questão de saber se se trata da nacionalidade inicial, ou da nacionalidade atual
(romena ou portuguesa, respetivamente). Ora, este problema é solucionado por FERRER CORREIA, que entende que se
aplica a lei nova quando a questão remete para os efeitos atuais da relação jurídica e não para a validade de uma situação
constituída no passado (caso em que aplicamos a lei antiga). Neste sentido, é aplicável a lei portuguesa.

Convocamos a regra de conflitos do art. 53º CC. O conceito quadro é ‘’regime de bens’’, e o elemento de conexão é a
nacionalidade comum dos nubentes ao tempo da celebração do casamento. Neste caso, é aplicável a lei romena, que se
considera competente (artigo 2592.º do Código Civil Romeno submete os regimes de bens à lei da nacionalidade comum dos
nubentes ao tempo do casamento, na falta de escolha de outra lei pelos cônjuges. )

O conceito-quadro da regra de conflitos do art. 55º CC é “divórcio”. Não tem elemento de conexão e remete para o art.
52º CC. Neste sentido, é aplicável a lei portuguesa.

O conceito-quadro dos arts. 5º e 8º ROMA III é “divórcio”. O elemento de conexão é, na falta de escolha das partes, a
residência habitual à data de instauração do processo. Neste caso, é aplicável a lei portuguesa.

QUALIFICAÇÃO, ART. 15º

Coloca-se a questão de saber qual a regra de conflitos a ter em conta, e que normas é que essa regra de conflitos manda
aplicar. Trata-se do problema da qualificação, que se insere no âmbito da determinação da lei aplicável.

O problema da qualificação subdivide-se no problema do critério da qualificação (ou da interpretação do conceito-quadro da


regra de conflitos) e no problema do objeto da qualificação.

No primeiro, a doutrina portuguesa propõe uma interpretação à luz da lei da lex formalis fori, ou seja, é a lei do foro que
interpreta o conceito-quadro, mas de acordo com os interesses do Direito Internacional Privado, sendo uma interpretação
autónoma da lei material e teleológica porque tem em conta a ratio/o objetivo da regra de conflitos. O conceito-quadro é
interpretado de forma mais abrangente do que a determinada pela lei do foro. No caso concreto, “…”, ‘’…’’ e ‘‘…’’ não
correspondem exatamente à interpretação feita no direito material do foro, pois estes conceitos técnico-jurídicos integram
figuras afins às do foro.

No segundo, quanto aos preceitos jurídico-materiais aplicáveis, o art. 15º CC refere um chamamento circunscrito
(‘’somente’’) da lei designada pela regra de conflitos, ou seja, apenas são chamadas a resolver a situação as normas que,
pelo seu conteúdo e função, se subsumem ao conceito-quadro da regra de conflitos. A qualificação propriamente dita segundo o
art. 15º CC é um reflexo da politização do DIP.

Neste sentido, aplicamos as normas da lei portuguesa que pelo seu conteúdo e função digam respeito às s relações entre os
cônjuges e ao divórcio; e as normas da lei romena que pelo seu conteúdo e função digam respeito ao regime de bens. -
normas da lei PT:

arts. 1790º CC –nenhum dos cônjuges pode receber, no divórcio, mais do que receberia se o casamento tivesse sido
celebrado segundo o regime de comunhão de adquiridos. Esta norma corrige a partilha em casamentos celebrados em regime
de comunhão geral. É uma norma sobre divórcio, pois só se aplica à dissolução do casamento por divórcio (e não por
morte) e, neste sentido, leva em conta a diferença entre a dissolução por divórcio e a dissolução por morte, ou seja, é uma
regra especial. Em matéria de divórcio, aplicamos as normas portuguesas, por isso esta norma aplica-se.

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- normas da lei romena: A norma romena divide o património em partes iguais à data do divórcio, porque o casamento se
dissolveu e é preciso repartir o património conjugal. É uma norma sobre divórcio, mas não se aplica, porque só aplicamos
as normas portuguesas nesta matéria.

Concluindo, A tem direito a receber €50.000.

b) Perfilhando a conceção de Roberto Ago sobre a qualificação, como resolveria esta questão?

c) Indique qual a lei que deveria regular as questões processuais neste caso e justifique. No âmbito destas questões será que
na decisão relativa ao divórcio, e no que toca especificamente à prova dos factos, o juiz português deveria fazer funcionar
uma presunção de culpa iuris tantum constante do direito romeno? E se se tratasse de uma presunção prevista pelo direito
português?

Caso Prático 13: A, cidadão português e suíço, e residente na Irlanda, morreu em Lisboa, solteiro, julho de 2015. B,
irlandesa, alegando a circunstância de viver há mais de dois anos com A, inicialmente em Portugal e depois na Irlanda, como
se fossem casados, invoca agora, nos tribunais portugueses, o disposto no artigo 2020.º do CC português. Quid iuris
sabendo que o direito irlandês não reconhece quaisquer direitos à união de facto?

Cfr. artigos 52.º, 53.º e 62.º do Código C português e suponha que as demais leis envolvidas adotam soluções conflituais
iguais às nossas.

Convocamos várias regras de conflitos, que, à partida, determinam leis diferentes aplicáveis a matérias diferentes.

No caso em apreço, convocamos a regra de conflitos do art. 52º CC, cujo conceito quadro (isto é, a parte da regra de
conflitos que determina o seu âmbito de aplicação) é “relação entre os cônjuges” (interpretação autónoma e teleológica –
abrange a figura dos unidos de facto), e o elemento de conexão (a circunstância que o

legislador escolheu como relevante para a escolha da lei aplicável) é subsidiário, nomeadamente, a residência habitual
comum, tendo em conta que não têm a mesma nacionalidade (n.º2). O elemento de conexão é pessoal (porque considera os
sujeitos), é factual (para o concretizarmos só precisamos dos sentidos, ou seja, de ver a relação jurídica utilizando os
sentidos), imóvel (não pode ver alterada a lei para que aponta). MUDARAM DE RESIDÊNCIA HABITUAL. Assim,
coloca-se a questão de saber se se trata da residência habitual comum inicial (Portugal) ou a seguinte (na Irlanda).
Ora, este problema é solucionado por FERRER CORREIA, que entende que se aplica a lei nova quando a questão remete
para os efeitos atuais da relação jurídica e não para a sua validade de uma situação constituída no passado (caso em que
aplicamos a lei antiga). Neste sentido, é aplicável a lei irlandesa, que se considera competente.

Convocamos a regra de conflitos do art. 53º CC. O conceito quadro é ‘’regime de bens’’, e o elemento de conexão é a
residência habitual comum, que consideramos anteriormente ser na Irlanda. Neste sentido, é aplicável a lei irlandesa.

O conceito-quadro da regra de conflitos do art. 62º CC é “sucessão por morte”. O elemento de conexão é a

nacionalidade do autor da sucessão ao tempo do falecimento deste. Porém, este é português e suíço. Qual nacionalidade temos
de ter em conta? Art. 27º da Lei da Nacionalidade, Lei n.º 37/81, temos um conflito positivo de nacionalidades

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(portuguesa e estrangeira): se alguém tiver duas ou mais nacionalidades e uma delas for portuguesa, só esta releva face à
lei portuguesa. Neste sentido, é aplicável a lei portuguesa.

QUALIFICAÇÃO, ART. 15º

Coloca-se a questão de saber qual a regra de conflitos a ter em conta, e que normas é que essa regra de conflitos manda
aplicar. Trata-se do problema da qualificação, que se insere no âmbito da determinação da lei aplicável.

O problema da qualificação subdivide-se no problema do critério da qualificação (ou da interpretação do conceito-quadro da


regra de conflitos) e no problema do objeto da qualificação.

No primeiro, a doutrina portuguesa propõe uma interpretação à luz da lei da lex formalis fori, ou seja, é a lei do foro que
interpreta o conceito-quadro, mas de acordo com os interesses do Direito Internacional Privado, sendo uma interpretação
autónoma da lei material e teleológica porque tem em conta a ratio/o objetivo da regra de conflitos. O conceito-quadro é
interpretado de forma mais abrangente do que a determinada pela lei do foro. No caso concreto, “…”, ‘’…’’ e ‘‘…’’ não
correspondem exatamente à interpretação feita no direito material do foro, pois estes conceitos técnico-jurídicos integram
figuras afins às do foro.

No segundo, quanto aos preceitos jurídico-materiais aplicáveis, o art. 15º CC refere um chamamento circunscrito
(‘’somente’’) da lei designada pela regra de conflitos, ou seja, apenas são chamadas a resolver a situação as normas que,
pelo seu conteúdo e função, se subsumem ao conceito-quadro da regra de conflitos. A qualificação propriamente dita segundo o
art. 15º CC é um reflexo da politização do DIP.

Neste sentido, aplicamos as normas da lei portuguesa que pelo seu conteúdo e função digam respeito à sucessão; e as normas
da lei irlandesa que pelo seu conteúdo e função digam respeito ao regime de bens e às relações entre os cônjuges.

- normas da lei PT:

arts. 2020º CC - dita que é imperativo que vigore a lei de separação de bens quando o casamento seja celebrado por
quem tenha completado 60 anos de idade – e 1762º CC – é nula a doação entre casados, se vigorar imperativamente

quadro do art. 52º CC ( entre os cônjuges o regime da separação de bens. Estes artigos reconduzem-

que considera competente a lei espanhola se ao conceitoé para tutelar o património de um dos cônjuges, ou seja, para
proteger este instituto),
, por isso não se aplica ao caso. Esta conclusão pode justificar-se no
art. 54º CC (norma auxiliar da qualificação – a mutabilidade ou imutabilidade do regime de bens subsume-se ao art.
52º CC).

- normas da lei IRL: ‘’Não há …’’

Logo, B não tem direito a alimentos. Eventual consideração da ordem pública internacional, se o resultado se considerar
manifestamente intolerável face aos princípio fundamentais da ordem jurídica.

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Caso prático 14: Na convenção antenupcial que precedeu o casamento de A, cidadão espanhol, com B, francesa, ambos
residentes ao tempo em Portugal, país onde estabeleceram o primeiro domicílio conjugal, A instituiu B como sua herdeira
universal. Em julho de 2015, o casamento, de que não havia descendentes, vem a dissolver-se por morte de A, que
conservava à altura a nacionalidade espanhola. Os irmãos de A vêm requerer a parte da herança que lhes caberia por
aplicação da lei espanhola, invocando que, à face desta, a instituição contratual de herdeiro feita na convenção antenupcial
carece de qualquer valor. Pelo contrário, B alega, em sentido oposto, o artigo 1701.º e ss. do CC português. Como
deveria o juiz português proceder à partilha dos bens de A, sabendo que o DIP espanhol submete toda a sucessão à lei da
nacionalidade do de cujus. Cfr. artigos 53.º, 62.º e 64º do Código Civil Português.

Caso Prático 15: A, cidadão inglês residente em Portugal morreu em Agosto de 2019, sem familiares, deixando bens
imóveis em Inglaterra.

A lei inglesa permite a apropriação pela coroa dos bens sitos no seu território nos termos de um direito real de ocupação
(ocupação ius imperium).

Por seu turno, o Estado português pretende, segundo o disposto no artigo 2152.º CC ser chamado a herdar a totalidade da
herança.

a) Quid iuris? Cfr. artigos 46.º CC e arts. 21.º e 22.º do Regulamento (UE) 650/2012.

Convocamos várias regras de conflitos, que, à partida, determinam leis diferentes aplicáveis a matérias diferentes.

No caso em apreço, convocamos a regra de conflitos do art. 46º CC, cujo conceito quadro (isto é, a parte da regra de
conflitos que determina o seu âmbito de aplicação) é “regime de bens‘’ e o elemento de conexão (a circunstância que o
legislador escolheu como relevante para a escolha da lei aplicável) é lugar da situação da coisa. O elemento de conexão é
real (porque considera as coisas, não os sujeitos), é factual (para o

concretizarmos só precisamos dos sentidos, ou seja, de ver a relação jurídica utilizando os sentidos), móvel (pode ver
alterada a lei para que aponta). MUDARAM DE RESIDÊNCIA HABITUAL. Neste sentido, é aplicável a lei inglesa,
que se considera competente.

Convocamos a regra de conflitos do art. 21º e 22º RUE 650/2012. O conceito quadro é ‘ ’sucessão’’, e o elemento de
conexão é a residência habitual à data da morte. Neste sentido, é aplicável a lei portuguesa.

QUALIFICAÇÃO, ART. 15º

Coloca-se a questão de saber qual a regra de conflitos a ter em conta, e que normas é que essa regra de conflitos manda
aplicar. Trata-se do problema da qualificação, que se insere no âmbito da determinação da lei aplicável.

O problema da qualificação subdivide-se no problema do critério da qualificação (ou da interpretação do conceito-quadro da


regra de conflitos) e no problema do objeto da qualificação.

No primeiro, a doutrina portuguesa propõe uma interpretação à luz da lei da lex formalis fori, ou seja, é a lei do foro que
interpreta o conceito-quadro, mas de acordo com os interesses do Direito Internacional Privado, sendo uma interpretação
autónoma da lei material e teleológica porque tem em conta a ratio/o objetivo da regra de conflitos. O conceito-quadro é

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interpretado de forma mais abrangente do que a determinada pela lei do foro. No caso concreto, “…”, ‘’…’’ e ‘‘…’’ não
correspondem exatamente à interpretação feita no direito material do foro, pois estes conceitos técnico-jurídicos integram
figuras afins às do foro.

No segundo, quanto aos preceitos jurídico-materiais aplicáveis, o art. 15º CC refere um chamamento circunscrito
(‘’somente’’) da lei designada pela regra de conflitos, ou seja, apenas são chamadas a resolver a situação as normas que,
pelo seu conteúdo e função, se subsumem ao conceito-quadro da regra de conflitos. A qualificação propriamente dita segundo o
art. 15º CC é um reflexo da politização do DIP.

Neste sentido, aplicamos as normas da lei portuguesa que pelo seu conteúdo e função digam respeito à sucessão; e as normas
da lei inglesa que pelo seu conteúdo e função digam respeito ao regime da propriedade, posse e demais DR’s..

APLICAM-SE DUAS – CONFLITO DE SISTEMAS DE DIP

- normas da lei PT:

arts. 2152º CC - dita que atribui ao Estado a qualidade de herdeiro na falta de sucessíveis- Este artigo reconduzse ao
conceito-quadro do art. 21º e 22º RUE (é para , para que a herança não fique vaga, ou seja, para proteger este
instituto), que considera competente a lei portuguesa, por isso aplica-se ao caso.

- normas da lei ING: prevê um direito real de ocupação. Reconduz-se ao conceito-quadro do art. 46º CC, que considera
competente a lei inglesa, por isso aplica-se ao caso.

Estamos perante um CONFLITO POSITIVO DE QUALIFICAÇÃO (cúmulo jurídico), na medida em que duas regras de
conflitos diferentes, mandam aplicar leis diferentes a matérias diferentes, mas estas leis têm normas simultaneamente
aplicáveis, que levam a resultados incompatíveis. FERRER CORREIA propõe uma solução assente na hierarquização das
regras de conflitos.

Neste caso, a qualificação real prefere à qualificação pessoal, ou seja, a lei aplicável à matéria dos direitos reais (lei
inglesa) prevalece sobre a lei aplicável à matéria da sucessão (lei portuguesa), por razões de efetividade da decisão no
lugar onde o imóvel se situa.

Concluindo, atribui-se à Coroa Inglesa um direito real de ocupação sobre os bens imóveis deixados sem herdeiro por A.

b) E se todos os bens estivessem situados em Portugal, mas o de cuius residisse em Londres, a solução seria idêntica?
Suponha que o DIP inglês adopta opções conflituais iguais às nossas.

Convocamos várias regras de conflitos, que, à partida, determinam leis diferentes aplicáveis a matérias diferentes.

No caso em apreço, convocamos a regra de conflitos do art. 46º CC, cujo conceito quadro (isto é, a parte da regra de
conflitos que determina o seu âmbito de aplicação) é “regime de bens‘’ e o elemento de conexão (a circunstância que o
legislador escolheu como relevante para a escolha da lei aplicável) é lugar da situação da coisa. O elemento de conexão é
real (porque considera as coisas, não os sujeitos), é factual (para o concretizarmos só precisamos dos sentidos, ou seja,
de ver a relação jurídica utilizando os sentidos), móvel (pode ver alterada a lei para que aponta). MUDARAM DE
RESIDÊNCIA HABITUAL. Neste sentido, é aplicável a lei portuguesa, que se considera competente.

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Convocamos a regra de conflitos do art. 21º e 22º RUE 650/2012. O conceito quadro é ‘’sucessão’’, e o elemento de
conexão é a residência habitual à data da morte. Neste sentido, é aplicável a lei inglesa.

QUALIFICAÇÃO, ART. 15º

Coloca-se a questão de saber qual a regra de conflitos a ter em conta, e que normas é que essa regra de conflitos manda
aplicar. Trata-se do problema da qualificação, que se insere no âmbito da determinação da lei aplicável.

O problema da qualificação subdivide-se no problema do critério da qualificação (ou da interpretação do conceito-quadro da


regra de conflitos) e no problema do objeto da qualificação.

No primeiro, a doutrina portuguesa propõe uma interpretação à luz da lei da lex formalis fori, ou seja, é a lei do foro que
interpreta o conceito-quadro, mas de acordo com os interesses do Direito Internacional Privado, sendo uma interpretação
autónoma da lei material e teleológica porque tem em conta a ratio/o objetivo da regra de conflitos. O conceito-quadro é
interpretado de forma mais abrangente do que a determinada pela lei do foro. No caso concreto, “…”, ‘’…’’ e ‘‘…’’ não
correspondem exatamente à interpretação feita no direito material do foro, pois estes conceitos técnico-jurídicos integram
figuras afins às do foro.

No segundo, quanto aos preceitos jurídico-materiais aplicáveis, o art. 15º CC refere um chamamento circunscrito
(‘’somente’’) da lei designada pela regra de conflitos, ou seja, apenas são chamadas a resolver a situação as normas que,
pelo seu conteúdo e função, se subsumem ao conceito-quadro da regra de conflitos. A qualificação propriamente dita segundo o
art. 15º CC é um reflexo da politização do DIP.

Neste sentido, aplicamos as normas da lei portuguesa que pelo seu conteúdo e função digam respeito ao regime da
propriedade, posse e demais DR’s; e as normas da lei inglesa que pelo seu conteúdo e função digam respeito à sucessão.

NENHUMA SE APLICA – CONFLITO DE SISTEMAS DE DIP

- normas da lei PT:

arts. 2152º CC - dita que atribui ao Estado a qualidade de herdeiro na falta de sucessíveis - Este artigoreconduz-
se ao conceito-quadro do art. 46º CC (…, ou seja, para proteger este instituto), lei que considera competente a
portuguesa, por isso NÃO se aplica ao caso.

- normas da lei ING: prevê um direito real de ocupação. Reconduz-se ao conceito-quadro do art. 21º e 22º º CC, que
considera competente a lei portuguesa, por isso NÃO se aplica ao caso.

Estamos perante um CONFLITO NEGATIVO DE QUALIFICAÇÃO (cúmulo jurídico), (vácuo jurídico), na medida que
duas regras de conflitos diferentes mandam aplicar leis diferentes a matérias diferentes, mas estas leis não têm normas que
se subsumam no conceito-quadro da regra de conflitos que as escolheu. FERRER CORREIA propõe uma solução assente na
hierarquização das regras de conflitos.

Neste caso, prevalece a qualificação real [propriedade > sucessão], ou seja, é competente a lei portuguesa.

MATÉRIAS DE ESTATUTO PESSOAL (art. 25º CC)

Porém, a lei portuguesa, art. 2152º CC, é de natureza pessoal.

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O art. 25º CC identifica as matérias do estatuto social. Nestas matérias, o legislador preocupa-se em aplicar as leis que
as pessoas conhecem melhor: lei da nacionalidade (art. 31º/1 CC) e lei da residência. Vamos ficcionar a sua natureza
real através do instituto da adaptação (reflexo da politização do DIP). Se ficcionarmos que o art. 2152º CC tem
natureza real, este subsume-se ao conceito-quadro do art. 46º CC e, por isso aplica-se ao caso.

Concluindo, o Estado Português é chamado a herdar a totalidade da herança de A.

( do 11 ao 15- solução tirada aulas outro ano)

Caso Prático 16:


A, brasileiro, residente em Portugal, pretende celebrar casamento, apresentando-se hoje perante Conservatória do Registo Civil.
O Conservador prepara-se para analisar a sua capacidade nupcial. Sabendo que a lei brasileira considera competente, neste
domínio, a lei do domicílio e pratica a referência material, que lei deve o Conservador aplicar?

Ora bem 2 notas previas:


1. Exames e aulas praticas- informação dada sempre, que é a regra de conflitos. Porque aqui não está?
Porque durante aulas práticas tentamos encontrar as regras de conflitos utilizadas
2. Este é só um detalhe de um caso prático, não um inteiro. Neste caso aparecem os 2 problemas para
resolver? Não, o único aparece é saber onde esta apontar a regra de conflitos e já não o 2º quais
regras materiais chamadas pela regra de conflitos. Porque? Porque problema qualificação já
treinamos muito.

Para onde aponta a capacidade negocial, a regra de conflitos qual é? 49 do CC. Conceito-quadeo “Capacidade para
contrair casamento ou celebrar convenções antenupciai” .E que lei aponta? Nacionalidade nubentes. O senhor A é
brasileiro, logo nos consideramos competentes? Não. Remetemos para lei 2.

Lei 1-----lei 2 ( lei nacionalidade brasileira)

Mas quando remetemos para lei estrangeira- dip brasileiro entra em conflito com o nosso dip? Logo não termina o caso,
vejamos a solução brasileira.

Acresce que é uma matéria de estatuto pessoal – pois falamos da nacionalidade- portanto se houver reenvio é um reenvio
mais exigente, legislador diz que não está disposto aplicar a lei por “palha”, só aceita o reenvio se alem de harmonia
jurídica internacional , houver harmonia jurídica qualificada . O que é a harmonia jurídica qualificada? Um acordo entre as
duas leis mais importantes em matéria estatuto pessoa- NACIONALIDADE E RESIDENCIA- estejam de acordo no reenvio.

Vamos a isto…

Ver a regra de conflitos brasileira – procurar no enunciado- a lei brasileira manda aplicar a lei do
enunciado , e o senhor vive em Portugal. Logo lei 2 manda aplicar lei 1.

Lei 1-----lei 2

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E agora? A posição de reenvio da lei brasileira. Como encontramos enunciado? Diz lá e pratica a
referencia material. Agora sim temos todas as informações resolução caso.

Abdicamos aplicar a lei brasileira e aceitamos aplicar outra? Aceitamos o reenvio? O nossos sistema diz
“ depende” se promove ou não harmonia jurídica internacional, em concreto , não é dogmático e sim pragmático .
Ver se conseguia promover a harmonia jurídica internacional , para garantir estabilidade das relações jurídicas ,
num pais diz x e outro y. Em todos os sistemas aplicar a mesma lei, senão conseguir aplicamos a lei que
escolhemos.
Vamos verificar as leis que os outros sistemas estão aplicar :
• Perante autoridades brasileiras ( l2) dariam que solução a este problema? Olhamos
a 2 coisas. Olhamos a regra conflitos lei 2 que aponta lei 1 e posição matéria de
reenvio que é referencia material- remete normas materiais lei 1 desconsidera regra de
conflitos da lei 1 . Só refere as normas materiais e se assim é se caso pusesse em 2,
que lei autoridades de 2 aplicariam? Lei 1 , a portuguesa.
• Reenvio promove ou não harmonia jurídica internacional? Promove, aplicaríamos a lei
portuguesa, a mesma que no brasil. Mas podemos? 16º diz para não aceitar o reenvio,
princípio geral, admite exceções que estão no 17 e 18. No nosso caso, sendo retorno
vamos ao 18/1º . Temos 2 normas de exeção em desvio ao 16º.
• Portanto indo ao 18/1 , o que exige para aceitar o reenvio, que a partida é útil? Ao
ler direito interno português , lê-se direito material. O DIP lei 2 aplica a lei
portuguesa, logo preenche requisito do 18/1. Podemos aceitar o reenvio? Sim!
• Logo aplicamos a lei 1. Reenvio revelou-se útil à harmonia jurídica internacional

Mas é uma matéria de estatuto pessoal – 25º

• Só aceita se houver harmonia jurídica qualificada


• Só aceito reenvio se os sistemas mais próximos pessoas- residência e nacionalidade-
ambos quiserem aplicar a lei 1, senão não, mesmo que prejudicando a harmonia
jurídica internacional.
• Em matéria estatuto pessoal, vemos se reenvio se mantém pelo 18/2 e 17/2. Logo,
vejamos, ou seja, estamos em estatuo pessoal? Sim, escolhemos a lei pessoal, da
nacionalidade. Aceitamos o reenvio? Sim . E se aceitarmos reenvio e trata estatuo
pessoal, temos que verificar o 18/2 ( passar sempre pelo 18/1 primeiro, porque o
18/2 e 17/2 são limitações ao reenvio ). É um regime mais rigoroso.
• Então e agora? 18/2 - 2. Quando, porém, se trate de matéria compreendida no
estatuto pessoal, a lei portuguesa ( o reenvio ) só é aplicável se o interessado tiverem
território português a sua residência habitual ou se a lei do país desta residência
considerar igualmente competente o direito interno português- o reenvio só se
mantém se , 2 requisitos ( bastando 1 verifique ):

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1) Interessado residir em Portugal- preenche-se ou não? Sim , mora em
Portugal, logo preenchendo 1 dos requisitos do 18/2 , reenvio mantém-se.
2) Ou se a lei do pais desta residência considerar igualmente competente o
direito interno português

• A harmonia jurídica qualificada – a lei 2 manda aplicar a lei 1, e a lei da residência


( l1) manda aplicar a lei 1. Logo temos harmonia jurídica qualificada, aceitamos
reenvio mesmo que em matéria em estatuto pessoa, os 2 sistemas mais importantes
concordam , estão aplicar a mesma lei a lei 1.

Resolução a dar ao caso -Conservador deve aplicar a lei portuguesa.

Caso Prático 17:


A, alemã e com residência habitual em Espanha, pediu uma indemnização
por danos sofridos à sua honra e consideração em decorrência da publicação,
num jornal português e em Julho de 2022, de um artigo escrito por B, espanhol e
residente em Espanha.
1- Sabendo que a lei espanhola considera aplicável a lex loci delicti e pratica a
devolução simples, que lei considera aplicável?
2- A sua resposta seria a mesma caso os danos tivessem sido originados por um
acidente de viação ocorrido em Portugal?

1º QUESTÃO PRÉVIA- Isto é um caso ou meio caso? Meio caso. Veremos a lei indicada por cada regra de
conflitos e depois há 2 parte, qualificação, normalmente. Os casos de DIP tem sempre 2 partes , por um lado
regras de conflitos e o que apontam e por outro normas potencialmente aplicáveis e qualificar. Neste caso só temos
1 problema- qual a lei competente em responsabilidade extracontratual e depois teríamos saber conteúdo e função
são aplicáveis ( mas aqui foi deixado de lado esta parte).

2ºQUESTÃO- aqui não aparecem regras de conflitos e nas varias alíneas vamos usar diferentes

1- Sabendo que a lei espanhola considera aplicável a lex loci delicti e pratica a
devolução simples, que lei considera aplicável?

A regra de conflitos do artigo 45º- foi substituído por uma norma europeia – porque legislador português
não substitui o 45? O regulamento roma 2 substituiu exceto em matéria responsabilidade civil em direitos
de personalidade . Aqui o que acontece é que utilizamos o 45º.

RC NM
45º- a regra de conflitos que utilizamos é a No caso em questão não indica por isso , não
45/3 , logo aplicamos lei espanhola. resolvemos .
45/3. Se, porém, o agente e o lesado tiverem a
mesma nacionalidade ou, na falta dela, a mesma
residência habitual, e se

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encontrarem ocasionalmente em país estrangeiro,
a lei aplicável será a da nacionalidade ou a da
residência comum, sem
prejuízo das disposições do Estado local que
devam ser aplicadas indistintamente a todas as
pessoas.

Tem nacionalidades diferentes mas residem ambos


em espanha.
Lei 1-----lei 2

Elemento conexão é importante, pois se for a lei


pessoal temos o tal reenvio especial, aqui não é
caos, aplicamos a lei da residência ( 25º).

Portanto temos um regime geral- aceitamos ou não


reenvio? Depende se promove harmonia jurídica
internacional ( e já não a qualificada).

O que diz o DIP estrangeiro- espanhol? Qual a


sua posição de reenvio . Lei espanhola manda
aplicar a lei do local onde ocorreu o delito.

Logo lei 1-----l2

Qual a posição de reenvio da lei espanhola ?


Devolução simples .

Portanto, a nossa posição sobre reenvio depende se


é útil à harmonia jurídica internacional. Vemos 1º
o que dizem as outras lei , o que consideram
competente, pois nosso sistema é pragmático e so
depois ver que as outras leis aplicam é que aceita
ou não reenvio.

Legislador diz “ aplico isto” mas só se conseguir


harmonia jurídica internacional.

Se caso pusesse em Espanha, a lei aponta para a


lei portuguesa por devolução simples- aplica a lei
que a regra de conflitos portuguesa está a indicar.

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Logo, que lei juiz espanhol aplicaria? Lei
espanhola.

Reenvio é útil à harmonia jurídica internacional?


Não, queremos aplicar a lei que tínhamos indicado
. 18º/1- não preenche porque? O DIP da lei 2
manda aplicar o direito interno/material português?
Não, manda aplicar o direito material espanhol.
Logo 16º- o que temos que fazer é não aceitar o
reenvio, temos que fazer uma referencia material e
conseguimos sem o reenvio a harmonia jurídica
internacional.

Temos que ir ao 18/2? Não estamos em materia


estatuto pessoal + não aceitamos o reenvio sequer (
18/1).

Alínea a ) – é competente a lei espanhola- mas


toda a lei espanhola? Todo ordenamento? Normas
espanholas conteúdo e função desempenham sejam
relativa à responsabilidade civil. E agora
elencamos as normas materiais potencialmente
aplicáveis e qualifica-las.

2- A sua resposta seria a mesma caso os danos tivessem sido originados por um acidente de viação ocorrido em Portugal?

Nesta alínea não utilizamos o 45º, utilizamos regulamento roma 2.

• O artigo 4/1 do regulamento roma 2- local onde dano ocorre.


• No 4/2 residencia habitual comum no mesmo pais em que ocorre dano .

Qual aplicamos? Tem a mesma residência- senhora A reside em espanha e senhora B reside em espanha- logo dentro
domínio regulamento roma 2 e consideramos competente a lei espanhola ( lei 2).

Lei 1----lei 2

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A lei 2 considera-se competente? O que diz juiz espanhol neste caso? Qual a sua regra de conflitos? É a mesma, pois é
um regulamento da união europeia com caracter geral. Logo o juiz espanhol aplica também regulamento roma 2 , aplica a
lei espanhola.

Europeização – ambos aplicam a mesma lei. A lei espanhola manda aplicar a lei espanhola. Consegue evitar o reenvio,
unifica as regras de conflitos. Todos os estados membros tem a mesma regra de conflito , evita conflito problemas de
sistema.

Portanto, nem sequer se coloca problema de reenvio, não se coloca conflito de sistemas, é regulamento europeu, logo não
havendo conflito sistemas é aplicável lei espanhol.

Na alínea a )- espanhola ; alínea b )- espanhola – mas o método foi diferente, na a); na b) problema se se
pos. Forma de la chegar é que foi diferente.

**Nota : Se o problema tem tendência a desaparecer (com a europeização)- é verdade que há


sempre reenvio nos exames? Não. Como tendência a desaparecer, os doutores não querem
questionar problema cada vez mais tende a desaparecer.**

Caso Prático 18:


A, inglês e residente em Portugal, faleceu em Coimbra em Julho de 2015, aí
deixando bens imóveis. Hoje deu entrada, num tribunal português, uma acção de
inventário, tendente à partilha dos seus bens situados em Portugal.
Sabendo que a lei inglesa considera competente a lex rei sitae para reger o
destino dos bens imóveis e pratica a dupla devolução, por que lei regeria a
sucessão quanto a esses bens?

Não abordamos este tema exatamente nas aulas teóricas.


O sistema reenvio português é único feito de um “ponto vista alturística “ diz o autor ( por nome ). O sistema português
reenvio diz-nos que não diz se é melhor ou não aceitar reenvio, vou ver se é bom, se for aceito no caso concreto, não
manifesta uma posição própria. Mas o sistema reenvio português apresenta problema que é ser muito completo , se assumisse
uma posição era mais fácil. O outro problema é que o nosso sistema tem um caso para resolver, não resolve diretamente as
normas no caso que veremos, e será a doutrina e jurisprudência que irão resolver. Estranhamente é um caso acontece muito.

Existem pessoas com nacionalidade inglesa? Não, britânica – problema é que mandamos aplicar a lei da
nacionalidade, mas pode ser Escócia, Inglesa, etc.
Dentro do ordenamento temos que encontrar qual a nacionalidade.
Ingles, reside em Portugal , faleceu em coimbra- ação inventário ( partilha bens da herança).

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Temos situação plurilocalizada? Sim.
Problemas DIP-
1. Competência internacional? Supomos.
2. Problema da aplicável? Pluralismo metodológico, partindo de um ponto do método conflitual.

Sucessão? Regra de conflitos 62º ou regulamento europeu das sucessões ? Vejamos – o regulamento pessoas
morrerem depois 17 agosto de 2015, logo precisamos saber a data da morte. Antes 17 agosto de 2015- logo DIP
interno. Na vida pratica isto acontece muito termos que verificar.

Portanto , regra de conflitos do artigo 62º CC.


RC NM
62º- conceito-quadro -sucessão ; elemento
conexão- nacionalidade ao tempo da sua morte,
era ingles.

Lei 1----lei 2 ( lei portuguesa aponta lei


inglesa – estrangeira).

1º razão alerta :O nosso dip pode entrar em


conflito com dip da lei estrangeira.

2º razão alerta: estatuto pessoal no caso –


reenvio mais rigoroso, legislador menos
disponível abdicar a lei que escolheu-
necessário harmonia jurídica qualificada ( os
2 sistemas mais importantes tem que querer
aplicar essa lei )

Lei 1-----lei 2

E juiz ingles? Lei da situação das coisas- onde


estão as coisas? Em Portugal.

Lei 1----lei 2

E qual posição reenvio da lei inglesa? Dupla


devolução, favorável ao reenvio, e aplica a
mesma exata lei que aplicaria o sistema para
qual aponta. Faz tudo que faz o tribunal
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estrangeiro. Se aceitar reenvio lei chinesa aceita
( exemplo ).
Portanto, para que lei está apontar ?

A nossa posição reenvio é pragmática, só se


aceitar a harmonia jurídica internacional, logo
temos que ver o que apontam os outros sistemas
, abdicar lei escolhida ( inglesa) e ser
remetido para outra .

Logo que lei é que o sistema inglês aponta? O


juiz inglês que diz? A sua regra de conflitos e
a sua posição em matéria reenvio- aplico a
mesma lei que aplicaria o juiz português.

Mas ainda nao decidimos se reenvio é útil .


Mas e agora? Os ingleses dizem que aplicam
mesma lei que nós, mas nós não sabemos que
lei os ingleses aplicam.

Se o juiz português não aceitasse reenvio


aplicaria a lei inglesa.

Neste caso ponto vista harmonia jurídica


internacional – devemos aceitar reenvio? É
INDIFERENTE- se o aceitar , aplicam
mesma lei que nos e se recusarmos também
aplicam mesma lei que nós. Não é o reenvio
determinante à HARMONIA JURIDICA
INTERNACIONAL.

Problema- reenvio só aceite se promover a


harmonia jurídica internacional, era o
fundamento para aceitar o reenvio. O que
fazer? Posições :

1.Ferrer Correia- nosso sistema parte do 16º,


logo nosso sistema prefere a referencia
material , a lei mais próxima, que o legislador
escolheu. Legislador tem certa preferência pela
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referencia material. Só abdica disso quando
necessário à harmonia jurídica internacional.
Neste caso é necessário abdicar da lei que
escolhemos? Não e senão é necessário devemos
seguir o 16º e aplicar a lei 2, e sendo certo
que os ingleses também aplicariam a lei 2 (
a sua).
Logo aplicamos a lei 2.
Aqui falamos do legislador.

2.Batista Machado- parte do mesmo


pressuposto, do ponto vista harmonia jurídica
internacional o que é melhor? Se aceitarmos o
reenvio e aplicamos a lei 1, os ingleses
aplicam a lei 1 e não aceitar? Lei 2 ambos
aplicam. Logo indiferente. A lei 2 faz mesmo
que nós. Ponto vista harmonia jurídica
internacional podemos escolher .

Então procuramos soluções noutros princípios do


DIP que nos podem dar uma solução :
harmonia jurídica internacional, efetividade,
paridade tratamento, boa administração justiça,
harmonia interna. P. Boa administração justiça
:Devemos escolher lei que dá menor erro
judiciário , juiz escolhe melhor, em casos em
que é indiferente.

Ponto vista harmonia jurídica internacional é


indiferente, vamos invocar o principio boa
administração justiça ( dando preferência à lei
do foro ).

Logo ambos aplicariam a lei 1 .

Esta tese da B. Machado diz que há


preocupação em harmonia jurídica internacional
e neste caso está sendo salvaguardada. Ingleses
faram mesmo que nós, escolhemos a aplicar a
nossa lei a que juiz conhece melhor.
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Fundamento aceitação reenvio neste caso-
principio boa administração justiça.
Aqui falamos do juiz.

Qual a posição que colocamos no caso? As


duas.

Jurisprudência ninguém se entende , é muito


comum haverem posições divergentes . Quais
sistemas dupla devolução? Ingles, suíço, etc.

Temos que ver se reenvio para pelo 18/2?


NÃO , porque não aceitamos o reenvio. Só
para casos em que aceitamos .

Ferrer Correia se o seguirmos não aceitamos o


reenvio. Aplicamos a lei 2.

Batista Machado aceitamos o reenvio. Aplicamos


a lei 1 os inglês também. Só há reenvio se
houver HARMONIA JURIDICA
QUALIFICADA ( nacionalidade e residência)
 18/1- aceitamos reenvio
 Logo vamos ao 18/2- preenche
algum dos 2 requisitos adicionais
previstos . Está algum?
2. Quando, porém, se trate de matéria
compreendida no estatuto pessoal, a lei
portuguesa só é aplicável se o interessado
tiver em território português a sua residência
habitual ou se a lei do país desta residência
considerar igualmente competente o direito
interno português. Logo está preenchido o
requisito. Aceitamos o reenvio pois cumpre a
harmonia jurídica qualificada. Reside em
Portugal.

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Caso Prático 19:
Discute-se nos tribunais portugueses a sucessão imobiliária de A, cidadão
francês que morreu em Junho de 2015 tendo por último domicílio Portugal e
deixando bens imóveis no Brasil. Sabendo que o direito francês regula, nestes
casos, a sucessão pela lex rei sitae e pratica a devolução simples, e que o direito
brasileiro considera competente a lei do domicílio assumindo uma posição hostil ao reenvio, que lei aplicaria?

Outra vez meio caso, só dizem qual a lei competente sucessão, faltam as normas materiais.

Vamos utilizar o 62- ocorreu antes agosto de 2015.

62º- manda aplicar a lei da nacionalidade decuius- qual é? Francesa.

Lei 1-----Lei 2

Mandamos aplicar lei estrangeira- pode não se considerar competente e se acontecer? Instituto do Reenvio.
Se mobilizarmos o reenvio acresce que estamos em matéria estatuto pessoal, e temos um tipo de reenvio mais rigoroso.

Lei 2 qual manda aplicar? Lei da situação da coisa- imóvel- Brasil ( lei 3).

Lei 1-------l2 ------l3

Qual o sistema reenvio do sistema francês? Devolução simples.

DIP brasileiro qual lei aponta? Domicilio. Logo aponta lei portuguesa.

Lei 1-----------lei 2----D.S------l3

R.M ( posição hostil reenvio)

Aceitamos ou não reenvio? DEPENDE , se promove a harmonia jurídica internacional e para isso
precisamos ver que leis são apontadas pelos juízes dos outros países.

• Lei do pais 3 qual considera competente? Remete normas materia e desconsidera regras
de conflito da lei 1 ( portuguesa)
• Lei do pais 2 qual considera competente? Aplica a lei que a regra conflitos de 3 está
aplicar . Logo lei 1 ( portuguesa)
• Reenvio é ou não útil à harmonia jurídica internacional?
Artigo 16 não é esse o principio. É um retorno indireto, vamos ao 18º, o
requisito que estabelece qual é? A nossa norma designada é a lei 2, devolver direta ou
indiretamente então será este o direito aplicável. Está? SIM! Em 2 estão aplicar a lei
1 , preenche requisito do artigo 18º. Logo aceitamos o reenvio ou não? Sim.

Mas é um tipo de reenvio mais rigoroso, tem uma limitação, estatuto pessoal ( 25º), o 18/2

• Harmonia jurídica qualificada

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• Mantém-se pelo 18/2? Trata de matéria estatuto pessoal? SIM! ( 25º), hipótese a)-
interessado tem residência habitual- a quando de morrer onde vivia? PORTUGAL, logo
preenche o requisito adicional
• Há certeza da harmonia jurídica qualificada- neste caso a residência está de acordo.

Logo resolução do caso -Portanto aceitamos o reenvio e aplicamos a lei portuguesa , só as que de acordo conteúdo e função
dizem respeito à sucessão ( e depois teríamos qualificar as normas materiais num caso normal ).

E se no brasil não reconhecerem a decisão? Problema de efetividade. Harmonia jurídica qualificada e harmonia
jurídica internacional. Ao escolher certa lei é suficiente que a nossa decisão fosse efetivamente reconhecida no pais
onde querem que efetivamente seja reconhecido. Na aula teórica vamos ver este problema.

Aula prática 28.11-9º


Caso Prático 20:
A, nacional do Chile, mas residente em Itália, quer contrair casamento em
Portugal. À face de que lei se deve aferir a sua capacidade, sabendo que o direito
chileno remete para a lei do local de celebração com referência material e que o
direito italiano faz uma referência material à lei da nacionalidade?

Temos um caso completo? Só pergunta qual a lei regente para a capacidade, não nos pede quais normas conteúdo e função
integram o conceito-quadro. Apenas pergunta qual a lei competente para reger a capacidade, claro que no exame não é
assim.

Aqui para sermos mais rápidos temos então uma só 1º parte. Nos casos em exame dao as regras de conflito, aqui vamos
encontrando, que será no caso o 49 do CC. É uma conexão múltipla distributiva- temos que saber qual a nacionalidade de
cada um deles? Não, só senhor A, só pergunta a capacidade ele. Portanto nos termos 49 º é a lei pessoal, logo é a lei do
chile. Termina o caso? Não.

No nosso sistema não significa que aplicaremos a lei do chile, pode considerar que no chile não se considere competente e se
assim for é relevante porque? PROBLEMA DE CONFLITO de ACEITAÇÃO REENVIO

Pode acontecer desistir da aplicação lei do chile, quando promova à harmonia jurídica internacional. Consideramos
hipótese celebrar o reenvio , deixar aplicar que tínhamos escolhido-chile para aplicar outra se promover a HARMONIA
JURIDICA INTERNACIONAL.

Temos então no 49º a nossa lei manda apontar a lei do chile que é a lei da nacionalidade.
Temos que ir agora ver a regra de conflitos do chile- considera-se competente? Considera lei do local da
celebração que é a lei portuguesa.

L1--------------l2

R.M

E agora?
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Ainda antes de ver os critérios do 18, fundamento do reenvio quando promova harmonia jurídica internacional-
vamos ver se é o caso.

O nosso sistema é pragmático , quando promova harmonia jurídica internacional ( acordo quanto à lei aplicável
entre os vários ordenamentos jurídicos ). Queremos em qualquer local / ordenamento considere competente a mesma lei, dai o
resultado ser o mesmo.

O estatuto da pessoa não varie por cruzar uma fronteira. Que lei outros sistemas estão aplicar? Para ver se
devemos ou não aceitar o reenvio. No chile é a lei 1, a portuguesa, para onde aponta a regra de conflitos do chile, remete
normas materiais da lei 1 e desconsidera a regra de conflitos, é uma posição que não aceita o reenvio ( referencia
material).

Sabendo isto, do ponto vista harmonia jurídica internacional, aceitamos ou não reenvio? Se aceitarmos reenvio
deixamos aplicar a lei chilena e somos remetidos para a lei que os chilenos escolheram, do ponto vista harmonia jurídica
internacional queremos aceitar.

A partida não aceitamos reenvio, mas temos que procurar uma norma excecional e iremos procurar ao artigo 18º,
pois estamos perante um retorno direto. O 17 é para as transmissões de competência. Vejamos no 18/1 º se temos
autorização ou não para aceitar o reenvio- qual o requisito aqui? Se o DIP da lei chilena devolver para o direito material
português é este o direito aplicável.
Portanto é este o caso, portanto podemos aceitar o reenvio nos termos do 18/1 e aplicar a capacidade nupacial a
mesma lei que no chile estão, a lei portuguesa.

Mas estamos em ESTATUTO PESSOAL- o nosso legislador é mais exigente na aceitação do reenvio, nestas
matérias que são as mais próximas da pessoa queremos seja regulada por uma lei que considere a sua lei. E a lei que
escolhemos cumpre esse papel- lei da nacionalidade, só que ao aceitar o reenvio deixamos aplicar a lei que tínhamos escolhido
e é reencaminhado para outra e não temos a certeza se a pessoa conhece ou não essa outra lei.

Não basta a harmonia jurídica internacional é preciso a HARMONIA JURIDICA QUALIFICADA- que os 2
sistemas mais próximos da pessoa, ligação mais forte concordem na aplicação da lei a que estamos a chegar, que é a
portuguesa neste caso ( nacionalidade e residência ).

E está? Senão houver acordo sistemas mais importantes, nosso sistema prefere prejudicar a harmonia jurídica
internacional e aplicar lei que a pessoa conhece- nacionalidade. Portanto, vejamos , pelo 18/1 é aceite o reenvio mas temos
que ver agora o 18/2- se preenche algum dos 2 requisitos adicionais , em materia estatuto pessoal não chega o 18/1, o
18/2 estabelece requisitos adicionais alternativos.

O 18/2 está respeitado? Vamos ler. Matéria estatuto pessoal elencada no 25ºe é o caso, o reenvio so é aceite (
lei portuguesa aplicada) , se o interessado tiver a sua residência habitual em Portugal ou a lei do pais da residência
considerar competente a lei portuguesa. 1º- o interessado reside na Itália, logo 1º requisito não preenche ; 2º pais residência
considerar competente direito interno português- reside em Itália ( lei 3) , temos que a introduzir no nosso esquema.
Lei 1-------lei 2-----lei 3

R.M R,M

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No pais diz que a lei italiana considera competente a lei da nacionalidade , por referencia material, que é a lei 2.
Portanto o juiz italiano está apontar lei 2 , remete normas materiais e desconsidera regras de conflito, logo aponta para a
lei 2, lei da nacionalidade, do chile.

Preenche o 2º requisito do 18/2º? Não. Não aplica a lei 1. Não preenchendo nenhum dos requisitos do 18/2
NÃO se ACEITA O REENVIO. Logo não há harmonia jurídica qualificada.

RESPOSTA : Cessa o reenvio , logo a solução é procurada onde? No 16º , diz-nos que não há harmonia jurídica ,
vamos aplicar assim a lei 2, chile. Esta pessoa conhece a lei portuguesa? É chileno e reside em Itália, casamento é
celebrado cá, legislador acha que não há ligação suficiente mesmo que ajudasse à harmonia internacional só faria se
houvesse nacionalidade e residência de acordo, mas não sendo o caso o reenvio é parado.

Conservador aplica a capacidade nupcial a lei chilena.

Caso Prático 21:


A, de nacionalidade brasileira e residente em França, faleceu em Portugal
em Julho de 2015 onde se discute a sucessão quanto a alguns bens móveis.
a) Sabendo que o direito brasileiro remete, nesta matéria, para a lei do último
domicílio do de cuius e é hostil ao reenvio ( referencia material), e que a lei francesa considera
igualmente competente a lei do seu último domicílio, quid iuris?
b) A solução seria a mesma se A tivesse morrido em Setembro de 2021?

Que lei consideramos competente para a sucessão? Não temos um caso inteiro, apenas concretize a regra de conflitos em
matéria de sucessão.

Ora, no exame é dada as regras de conflitos aqui não para praticar- aqui artigo 62º , porque no código temos remissão
regulamento sucessão pessoas morrido depois de 17 agosto de 2015, posteriormente a esta data já remetemos para o
regulamento.

a) O 62º manda aplicar que lei? Nacionalidade decuius à data da morte. Logo manda aplicar a lei brasileira.

Lei 1------lei 2

A lei brasileira considera-se competente? Quando a nossa lei está mandar aplicar lei estrangeira temos que ver se
considera-se competente, caso não PROBLEMA ACEITAÇÃO REENVIO. Desistimos ou não? Depende se promove
HARMONIA JURIDICA INTERNACIONAL ( acordo sistemas lei aplicável).

O que dizem as regras de conflito brasileiras? A lei brasileira é da nacionalidade, logo matéria ESTATUTO
PESSOAL ( 25º), um sistema de reenvio mais exigente. A lei brasileira manda aplicar a lei do domicilio, que é
na frança ( lei 3).

Lei 1--------------lei 2----R.M-----lei 3

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Temos informação posição reenvio? Hostil reenvio. E em relação lei 3? Considera-se competente , pois é a lei do
ultimo domicilio que considera competente. Temos caso transmissão competência simples e se for aceitar reenvio vamos
ao 17º.

Que lei consideram os outros sistemas competentes? Caso pusesse em 3, a lei que aplicaria era qual? A lei 3.
Juiz de 3 aplicaria a lei 3. E no brasil, em 2? Regra de conflitos aponta para 3 e referencia material, logo
apenas considera normas materiais.

O reenvio promove harmonia jurídica internacional? Sim, os outros estão aplicar a lei 3. Podemos? Vejamos o
17/1º. No 17/1º- a norma referida pela norma de conflitos portuguesa ( a lei 2) remeter para outra
legislação ( lei 3) e esta se considerar competente é o direito interno desta que deve ser aplicado ( lei 3
considera-se competente? Sim), logo podemos ACEITAR O REENVIO.

Mas estamos perante matéria de ESTATUTO PESSOAL ( 25º) e tendo aceitado o reenvio, significa que
podemos estar aplicar uma lei que não consideramos a mais próxima, que a pessoa certeza conhece.

Nestas matérias do estatuto pessoal, o nosso sistema será mais rigoroso para aceitar o reenvio, só aceitando se
houver HARMONIA JURIDICA QUALIFICADA, os 2 sistemas mais próximos pessoa- nacionalidade e residência-
estiverem de acordo . Vamos ao 17/2º, no 18/2 se preenchia um dos requisitos adicionais já no 17/2 º tem 2
causas de cessação do reenvio, em 2 situações para-se o reenvio.

Portanto, no 17/2º, vejamos, cessa disposto 17/1 ( aceitação reenvio) , se interessado residir em território
português, que não é o caso, reside em frança OU em pais cujas normas de conflito considerem competentes , a lei
da residência estiver aplicar a lei da nacionalidade, é o caso? Pais residência é frança ( 3) e está aplicar que
lei? A 3 ( ela considera-se competente), a lei da nacionalidade é 2 , e portanto não é o caso, logo REENVIO
MANTÉM-SE

Logo a harmonia jurídica qualificada : nacionalidade ( 2) está aplicar a lei 3. A residência (3) está aplicar a
lei 3. Ambas mais importantes concordam .

RESPOSTA : Portanto o reenvio é aceite pois promove a harmonia jurídica qualificada ( 17/2º). Logo aplica-se a lei
francesa , a 3 reguladora da sucessão.

b) Na alínea b o que muda? Muda a data da morte e assim também muda a regra de conflitos, invés 62º aplicamos
regulamento sucessões e gozam aplicabilidade direta. Mas não entra em conflito 62? PRINCIPIO PRIMADO
UNIÃO.

O 21º das sucessões diz algo como “ residência decuius à data da sua morte”. Logo lei francesa ( 2)

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Lei 1--------lei 2

Se mandamos aplicar lei estrangeira, temos que ver a respetiva regra de conflitos. Em frança qual a regra de
conflitos? O mesmo regulamento, pois frança é estado membro da união europeia, tem caracter geral o regulamento.
Portanto se temos este regulamento e frança também .

Logo frança manda aplicar a ela própria.

Ou seja, temos problema reenvio? NÃO, unificação regra conflitos consegue a HARMONIA JURIDICA
INTERNACIONAL sem o PROBLEMA DO REENVIO, não há conflito negativo de sistemas- europeização do
sistema de direito internacional privado.

RESPOSTA- aplica-se a lei francesa ( regulamento sucessões 21º).

Caso Prático 22:


A, tailandês residente na Tanzânia, pretende celebrar um contrato de doação de
uma pintura situada no Quénia, formalizando o negócio em Madagáscar
Supondo que se coloca, num tribunal português, o problema da capacidade
negocial de A, que lei é competente para este problema, sabendo que:
• A lei tailandesa manda regular a questão pela lei do local de celebração,
aplicando a teoria da referência material;
• A lei de madagascarense remete para a lex rei sitae, por referência
material;
• A lei queniana regula esta matéria por aplicação da lex rei sitae.
• A lei da Tanzânia manda aplicar a lei do local de celebração, por referência
material.

Qual lei reguladora capacidade negocial? Qual a regra de conflitos? Artigo 25º . No 25º mandamos aplicar a lei da
nacionalidade que é qual? Tailandesa.

Lei 1-----------lei 2

Considera-se competente a lei tailandesa? Temos que ver o seu sistema de DIP, porque? Pode haver
CONFLITO NEGATIVO SISTEMAS, se a lei que mandamos aplicar remete para outra, temos que ver para saber se
temos que aceitar ou não o REENVIO, dependendo se promove a HARMONIA JURIDICA INTERNACIONAL ( deixando
nos de aplicar a lei que tínhamos escolhido).

Estamos em matéria de estatuto pessoal, em que é uma aceitação mais rigorosa ( 25º).

Lei tailandesa manda aplicar lei do local da celebração que é em Madagáscar .

Lei 1---lei2---lei3

Da Tailândia esta informação basta? Precisamos posição reenvio, que é referencia material.

Lei1----lei2---R.M---lei 3

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Agora ? Temos que ver DIP da lei 3- sua regra de conflitos e posição reenvio. A lei 3 manda aplicar
a lei do Quénia , lei da situação da coisa. Lei Quénia é a lei 4.

Lei 1------lei2---RM---lei 3----lei 4

Qual a posição de reenvio da lei 3? Referencia material.

Lei 1-----lei 2----RM----lei 3----RM---lei4

E o que diz a lei 4? Lei da situação da coisa , considera-se competente, remete para ela própria.

Agora já temos os dados todos para saber se temos que aceitar o reenvio. Vejamos , ao aceitar o reenvio
conseguíamos a HARMONIA JURIDICA INTERNACIONAL? Pressuposto reenvio está satisfeito?

• Em 4- se caso pusesse aqui o juiz de 4 , olhamos regra de conflitos e posição reenvio, e


aplicaria a lei 4, considera-se competente.
• Em 3- cadeira de 3, regra de conflitos- aponta 4 e posição reenvio- referencia material,
apenas normas materiais de 4 e desconsidera regra de conflitos.
• Em 2- caso pusesse em 2- regra de conflitos- lei 3 e posição reenvio- referencia material
apenas normas materiais de 3 e desconsidera a regra de conflitos.

Não haveria a promoção da harmonia jurídica internacional, não preenche pressuposto aceitação do reenvio.
É um tipo de conflito negativo de transmissão em competência em cadeira, fazendo extensão teleológica do 17º seriam precisas
2 coisas : 17/1 a ultima lei considera-se competente, que verificada e a remissão de 2 para 3 fosse referencia global e
não é o caso.

Não preenchendo requisito do 17/1º , onde vamos procurar solução? 16, logo aplicaríamos a lei 2. Não devíamos ir ver o
17/2 , pois restringe as hipóteses aceitação reenvio em estatuto pessoal , mas apenas se o 17/1 aceitar o reenvio e como
não aceita, nem vamos ao 17/1.

A HARMONIA JURÍDICA QUALIFICADA APARECE COMO LIMITE E FUNDAMENTO


AUTÓNOMO DO REENVIO, nos casos em que reenvio não foi aceite e estamos perante MATERIA ESTATUTO
PESSOAL devemos ir ver se não aceitamos o reenvio para satisfazer a harmonia jurídica qualificada, enquanto fundamento
autónomo do reenvio. Devemos aceitar o reenvio se for para aplicar a lei que residência e nacionalidade estiverem de acordo a
aplicar, a mesma lei , deveremos aceitar o reenvio para essa lei.

Na prática, caso não acaba quando não preenche o 17º , se estivermos em estatuto pessoal e chegarmos
conclusão não aceitação reenvio, para efeitos da harmonia jurídica qualificada, devemos verificar se nacionalidade e residência
estão de acordo, devemos aplicar a mesma lei que os 2 sistemas mais importantes.

A nacionalidade ( 2) manda aplicar a lei 3. E residência ? Não está ainda no nosso esquema. Será
uma lei 5 e manda aplicar lei do local de celebração , que é a lei 3.

Lei 1---------lei2----R.M----lei3----R.M----lei4

Lei 5- R.M--- lei 3

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Se caso pusesse na residência em 5, a sua regra de conflitos aponta para 3 e posição reenvio que é
referencia material, a lei 3 seria aplicada.

Logo teríamos HARMONIA JURIDICA QUALIFICADA- os 2 sistema mais importantes pessoas ambos
mandam aplicar a lei 3, de Madagáscar.

Resposta : Portanto Portugal deve também mandar aplicar a lei 3, logo aceitar o reenvio . Retiramos 17/2 e 18/2 o
principio de que em matéria estatuto pessoal aplicar a lei que nacionalidade e residência manda aplicar. Logo , aceitamos o
reenvio, pela extensão teológica 17/2 e 18/2 a lei competente é lei 3 de Madagáscar , mesmo em casos em que
fundamento normal não permitiria.

Caso Prático 26:


A, cidadã francesa e residente em Itália, faleceu intestada ( sem testamento ) em Portugal,
sítio onde passava férias, deixando um património composto exclusivamente por
bens imóveis situados no Paraguai.
1. Supondo que A faleceu a 1 de Agosto de 2015, qual a lei competente para reger
a sua sucessão, sabendo que:
- o direito francês aplica à sucessão dos bens imóveis a lex rei sitae e pratica
a devolução simples;
- o direito italiano manda aplicar à sucessão dos bens imóveis a lex patriae
e é hostil ao reenvio;
- A lei paraguaia, que em matéria de reenvio pratica a referência material,
aplica à sucessão a lex domicilii, salvo quanto aos bens imóveis situados
no Paraguai, caso em que considera competente a lex rei sitae.
2. Suponha agora que A faleceu a 1 de Agosto de 2021. Qual a lei competente
para a sucessão?

É um caso não completo, apenas saber qual regra de conflitos e lei competente em matéria de sucessão.

a) Qual serão as regras de conflito? 62º? Porque não regulamento? Por causa da data da morte- é antes de 17
agosto 2015.

A lei 1 manda aplicar a lei da nacionalidade, que é francesa ( lei 2).

Lei 1--------lei 2 ( francesa-nacionalidade)

Razão preocupação- temos ver se a lei 2 se considera competente e senão considerar, problema aceitação
reenvio, e trata-se estatuto pessoal, logo reenvio mais exigente.

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O que diz o DIP da lei francesa? Remete lei da situação dos bens, problema, onde estão as coisas?
Paraguai, logo lei 3.

Lei 1----------lei 2 ( lei francesa- nacionalidade )-------lei 3 ( Paraguai- situação coisas)

E já temos informações todas? NÃO, qual a posição reenvio da lei francesa? Devolução simples

Lei 1----------lei 2 ( lei francesa- nacionalidade )—D.S-lei 3 ( Paraguai- situação coisas)

E o Paraguai? Regra de conflitos estranha, quem interpretar mal “ lixa-se”. A lei do paraguai , que
pratica referencia material , que aplica lei domicilio, que é em Itália. Parecia que estava a remeter lei italiana,
mas leia-se a regra de conflitos toda, os imoveis no Paraguai considera-se competente, lei da situação da coisa. E
no caso imoveis situados Paraguai , diz no enunciado .

Lei 1--lei 2 ( lei francesa- nacionalidade )-lei 3 ( Paraguai- situação coisas- considera-se competente)

**Nota : caso 23 – bens moveis e imoveis teríamos fazer 2 esquemas .**

Portanto , a lei 3 considera-se competente.

No nosso sistema aceitamos reenvio? Depende, se promover a HARMONIA JURIDICA


INTERNACIONAL. Começamos pelo fim, porque só sabemos aceitamos reenvio depois ver o que fazem as demais.

• Lei 3: considera-se competente,


• Lei 2: considera competente a lei 3- regra conflitos aponta 3 e posição reenvio- devolução
simples, aplica a regra de conflitos que 3 estiver apontar. Referencia global. Ora regra
conflitos aponta para 3, logo 2 tambem.
• Reenvio é útil?

Podemos aceitar o reenvio? Temos que ir ver ao 17º, pois é uma transmissão de competência simples. O
17/1º diz que a ultima lei se considere competente, é o caso? SIM. Logo podemos ACEITAR REENVIO.

Mas estamos em ESTATUTO PESSOAL e aceitamos o REENVIO, nossos legislador diz que estamos a
remeter lei que não sabemos se a pessoa conhece, portanto a residência e nacionalidade , 2 leis mais importantes , estiverem
de acordo. Estão? HARMONIA JURIDICA QUALIFICADA!

Vejamos o 17/2º , cessa reenvio se

1) interessado residir habitualmente em Portugal – não reside;

2) interessado residir em pais cujas normas de conflito considerem competente o direito intenro do pais da
nacionalidade. O que faz o pais da residência? Aplica a lei da nacionalidade? Residencia é em italia e ainda não está, logo
uma lei 4.

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Lei 1----------lei 2 ( lei francesa- nacionalidade )-------lei 3 ( Paraguai- situação coisas)

Lei 4 ( italiana-residencia)---- RM--lei 2

A lei italiana manda aplicar a lex partae, que é da nacionalidade- lei 2 e é hostil ao reenvio, logo
referencia material.

Logo o 2º causa cessação reenvio- reside em Itália, e aponta para a lei da nacionalidade , a 2. Portanto cessa o reenvio.
ATUA A 2º CAUSA CESSAÇÃO DO REENVIO.

Vejamos, parando o 17/2º o reenvio, temos que ver se não será reativado – no 17/3º fundada no
PRINCIPIO MAIOR PROXIMIDADE , que nos diz que quando escolhemos lei para regular bens em vários países, as
vezes devemos destacar alguns dos bens imoveis e submeter a LEI SITUAÇÃO DELES para garantir EFEITOS DA
NOSSA DECISÃO.

Portanto este principio diz que é melhor destacar alguns bens imoveis e submeter a lei da situação deles.
Este principio tem 2 acessões , divergem quanto a saber quais os casos em que devemos retirar alguns dos imoveis da lei
escolhida e submeter a lei da situação deles. A MATERIAL- regime material especial para certos bens; AMPLA- quando a
lei situação coisa se considere competente.

Ora no 17/3 temos um bocadinho do PRINCIPIO MAIOR PROXIMIDADE na ACEÇÃO AMPLA/


CONFLITUAL- isto é se calhar vamos deixar aplicar a lei que tínhamos escolhido quanto a certos bens imoveis porque a lei
da situação da coisa se considera competente. Vamos ver se o 17/3º não vai reativar o reenvio, pois se o fizer passamos
aplicar a lei 3, a lei da situação da coisa e desistir da lei francesa, lei 2 da nacionalidade.

Vejamos pressupostos do 17/3- 3 pressupostos:

1. Matéria ali elencada – sujeitos ao 17/1 – isto é, aceita-se o reenvio, quando estejamos em casos de
um conjunto matérias . Estamos em algum? SUCESSÃO POR MORTE- logo o pressuposto está
preenchido

2. Lei nacional indicada pela nossa regra conflitos- lei 2 devolver situação bens imoveis , está? A lei 2
está aplicar a lei 3, e é a lei da situação dos bens imoveis- logo o 2º requisito preenchido

3. E esta se considerar competente- lei 3 da situação coisa considera-se competente? Sim!

Logo REATIVA O REENVIO! E a HARMONIA JURIDICA QUALIFICADA? Em materia de estatuto


pessoal e vamos aplicar a lei Paraguai? Aceitamos o reenvio sem a harmonia jurídica qualificada? Sim em nome do
PRINCIPIO MAIOR PROXIMIDADE, somos nos que vamos desistir a lei que íamos aplicar? Quem quer? A LEI
NACIONALIDADE, é um afloramento indireto. Se a lei nacional que entendemos mais competente inclina-se lei da situação
da coisa, nós também.

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RESPOSTA: solução a dar, a sucessão é regulada pela lei 3, lei do Paraguai.

b) Já se aplica o regulamento- é depois de agosto de 2015

Senhora A morreu , precisamos saber onde, na Italia

Lei 1------ lei 2 ( italiana )

É igual , é um Estado-Membro da União Europeia. Portanto considera-se competente? Sim. Não há


conflito de sistemas.

Europeização suprime todos os conflitos de sistemas? Se residisse em frança? Regulamento. No


paraguai? Não utiliza o regulamento das sucessões. LOGO SÓ SUPRIME QUANDO MANDAMOS APLICAR LEI
ESTADO-MEMBRO, se for um estado 3º, então problemas conflito sistemas mantém-se e pode ser preciso resolver.

**Na aula teórica hoje iremos ver como funciona o reenvio nos regulamentos.**

R: Aplica-se a lei italiana, dado o regulamento das sucessões .

** NOTA**

Caso 23 – mandamos aplicar lei nacionalidade e a da nacionalidade situação coisa- e tem coisas em vários países . Nos
remetemos lei francesa e a francesa remete França, Brasil e Portugal. Não podemos ramificar a lei 2. Quando isto
acontecer fazemos 3 esquemas diferentes. Bens brasil- lei 3; Portugal- lei 1; França- considera-se competente.

24 e 27 : podemos resolver em casa;

Caso Prático 25: Não sai em exame – não podemos resolver;

Resolução retirada das aulas de outro ano

Caso Prático 23: A, inglês, residente em Paris, morreu em Portugal em julho de 2015 deixando bens imóveis em
Inglaterra, Itália e Portugal e bens móveis na Itália.

1. Quais as leis competentes tendo em conta que:

− o direito inglês pratica a dupla devolução e submete a sucessão à lei do último domicílio do de cuius;
− a lei francesa pratica a devolução simples e submete a sucessão dos móveis à lei do último domicílio do de cuius e a
sucessão dos imóveis à lex rei sitae;
− o direito Italiano é hostil ao reenvio e manda reger a sucessão pela lei nacional do de cuius.

Neste caso, convocamos a regra de conflitos do art. 62º CC, cujo conceito-quadro é “sucessão”. O elemento de conexão é a
nacionalidade à data da morte (art. 31º/1). A é inglês, por isso a lei aplicável é a lei inglesa. Contudo, esta não se

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considera competente e remete, com dupla devolução, para a lei francesa – lei do último domicílio do de cujus. Esta, por sua
vez, considera-se competente para a sucessão de móveis (também aplica a lei do último domicílio), mas não se considera
competente para a sucessão de imóveis e remete, com devolução simples, para a lei italiana – lei da situação da coisa. Esta
não se considera competente e remete, com referência material, para a lei da nacionalidade – lei inglesa.

Não convocamos o RUE nº 650/2012, porque o caso não preenche o seu âmbito de aplicação temporal (art.
84º).

Estamos perante um CONFLITO DE SISTEMAS DE DIP, ou seja, um problema de concretização do elemento de conexão
da regra de conflitos. Trata-se de um CONFLITO NEGATIVO: a regra de conflitos do foro (art. 62º CC) escolhe
uma lei estrangeira como competente (lei inglesa), mas esta, à luz do seu DIP não se considera competente, porque não
prevê o mesmo elemento de conexão, e remete para outra lei.

Coloca-se a questão de saber se devemos aceitar o reenvio, isto é, deixar de aplicar a lei que o nosso legislador escolheu
como a mais próxima para aplicar outra.

Em Portugal, temos uma posição pragmática sobre o reenvio (reenvio-coordenação), isto é, só aceitamos o reenvio se este
for uma técnica para atingir a harmonia jurídica internacional (acordo entre vários sistemas sobre o direito a aplicar, de
forma a que se aplique a mesma lei onde quer que o caso se coloque e se garanta a estabilidade das relações jurídicas
internacionais), nos termos dos arts. 17º/1 ou 18º/1 CC. Se o reenvio não promover a harmonia jurídica internacional,
aplicamos a regra geral do art. 16º, isto é, fazemos uma referência material para a lei estrangeira que a nossa regra de
conflitos escolheu.

Quanto à sucessão de bens imóveis temos um conflito de sistemas aparente. Se o caso fosse resolvido na Itália, o juiz
aplicaria a lei inglesa, pois o sistema conflitual remete para a lei da nacionalidade com referência material, ou seja, aplica
as normas materiais inglesas. Se o caso fosse resolvido em França, o juiz aplicaria a lei inglesa, pois o sistema conflitual
remete para a lei da situação da coisa com devolução simples, ou seja, aplica as normas materiais do OJ para o qual
remete a regra de conflitos da lei que escolheu como mais próxima (lei italiana). Se o caso fosse resolvido em Inglaterra,
o juiz também aplicaria a lei inglesa, pois o sistema conflitual remete para a lei do último domicílio com dupla devolução, ou
seja, aplica as mesmas normas materiais que aplica o juiz do OJ que escolheu como o mais próximo (francês).

Desta forma, apesar de, à partida, não se considerar competente, a lei inglesa é indiretamente competente. Ora, para a
sucessão de imóveis não há fundamento para aceitarmos o reenvio, pois está garantida a harmonia jurídica internacional.
Aplicamos, então, as normas matérias da lei inglesa, nos termos do art. 16º CC.

Para a sucessão de bens móveis, temos efetivamente uma transmissão de competência simples: a nossa regra de conflitos
considera competente a lei da nacionalidade (lei inglesa), mas esta não se considera competente e remete, com dupla
devolução, para a lei do último domicílio do de cujus (lei francesa); esta última considera-se competente à luz do seu DIP.

Neste sentido, vamos procurar fundamento para aceitar o reenvio para a lei francesa no art. 17º/1 CC, pois temos um
caso de transmissão de competência simples: a regra de conflitos do foro manda aplicar a inglesa, mas esta não se considera
competente e remete para a lei francesa, que se considera competente. Ora, aplicamse as normas materiais da legislação
francesa.

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Contudo, a resolução não termina por aqui, pois aceitámos o reenvio nos termos do art. 17º/1 CC e estamos no âmbito de
uma matéria do estatuto pessoal (a regra de conflitos do foro escolheu como lei mais próxima a lei da nacionalidade).
Neste caso, temos de verificar se há harmonia jurídica qualificada, isto é, acordo quanto à lei aplicável entre a lei do país
da nacionalidade e a lei do país da residência.

Como temos um caso de transmissão de competência, temos de verificar se está preenchida alguma das causas de cessação do
reenvio previstas no art. 17º/2 CC. A não reside em Portugal, nem em país que manda aplicar a lei da nacionalidade.
Mantém-se o reenvio.

Concluímos pela aplicação das normas materiais da lei francesa para regular a sucessão dos bens móveis de A e pela
aplicação das normas materiais da lei inglesa para regular a sucessão dos bens imóveis de A.

2. A sua solução seria a mesma caso A tivesse morrido em setembro de 2018?

Neste caso, aplicando o RUE nº 650/2012, a lei competente para regular a sucessão de A seria a lei da residência do
de cujus – lei francesa. Esta considera-se competente nos termos do RUE, pois este também vigora no seu OJ. Nos outros
países em contacto com a relação jurídica também seria aplicado o RUE, ou seja, todos considerariam competente a lei
francesa.

Caso Prático 24: A, brasileiro, faleceu em Portugal em 2015, muito embora residisse em França. Discute-se, nos
tribunais portugueses a sucessão dos bens imóveis que deixou na Dinamarca. Que lei aplicaria sabendo que: - a lei
brasileira manda aplicar a lei do domicílio com referência material; - a lei francesa manda aplicar à sucessão imobiliária
a lex rei sitae e pratica a devolução simples; - a lei dinamarquesa remete para a lei do domicílio assumindo uma posição
hostil ao reenvio.

Neste sentido, no caso em apreço, convocamos a regra de conflitos do art. 62º CC, cujo conceito quadro (isto é, a parte
da regra de conflitos que determina o seu âmbito de aplicação) é “sucessão‘’ e o elemento de conexão (a circunstância que o
legislador escolheu como relevante para a escolha da lei aplicável) é a nacionalidade (art. 31º/1 CC). O elemento de
conexão é pessoal (porque considera os sujeitos, não as coisas), é jurídico (para o concretizarmos não precisamos só dos
sentidos, ou seja, de ver a relação jurídica utilizando os sentidos, mas sim de atentar noutras normas), móvel (pode ver
alterada a lei para que aponta). Neste sentido, é aplicável a lei brasileira.

Não convocamos o RUE nº 650/2012, porque o caso não preenche o seu âmbito de aplicação temporal (art. 84º).

A regra de conflitos portuguesa remete para a lei brasileira. Contudo, esta não se considera competente e remete, com
referência material, para a lei francesa – lei do último domicílio do de cujus. Esta, por sua vez, não se considera
competente e remete, com devolução simples, para a lei dinamarquesa – lex rei sitae. Esta também não se considera
competente e remete, com referência material, para a lei francesa – lei do último domicílio.

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Estamos perante um conflito de sistemas de Direito Internacional Privado
- porquê conflito de sistemas? Porque o problema está relacionado com os elementos de conexão: o elemento de conexão da
regra de conflitos portuguesa é a nacionalidade do autor; da lei brasileira é o domicílio do autor da sucessão; da lei de
francesa é a situação da coisa; da lei dinamarquesa é o domicílio do autor da sucessão.

- por isso remetemos para o momento de concretização da regra de conflitos.

- É positivo ou negativo? É negativo, porque a lei que consideramos competente não se considera competente à luz do seu
direito internacional privado.

4º Problema: a lei estrangeira designada pelo nosso direito internacional privado para regular a situação do caso –
brasileira – não se considera competente e remete para outra ordem jurídica.

5º Como remetem?

- Tipo de reenvio: 1 → 2 → 3 → 4 Transmissão de competência simples.

Direito brasileiro e direito dinamarquês remetem com referência material.

- Referência material na transmissão de competência simples: quando a lei brasileira manda aplicar a lei francesa com
referência material, significa que apenas considera as suas normas materiais, e desconsidera as suas regras de conflitos e
o próprio sistema de direito internacional privado. Esta é uma posição que não aceita o reenvio, sendo pragmática.

6º Solução? A solução passa pela posição dogmática que adotamos em relação ao reenvio, ou seja, resume-se à interpretação
da nossa regra de conflitos. No nosso Ordenamento Jurídico, é ou não aceite conforme promova ou não a harmonia jurídica
internacional: aceitamos o reenvio quando este é uma técnica para atingir a harmonia jurídica internacional.

- quando não promove, não aceitamos. Aplica-se, nestes casos, o art. 16º do CC, que traduz o princípio ou regra geral do
nosso sistema de reenvio: a nossa regra de conflitos manda aplicar uma lei estrangeira com referência material,, o que
significa que se aplica somente a lei material e se desconsideram as sias regras de conflito e o próprio sistema de direito
intencional privado.

- quando promove, há duas hipóteses:

- aplica-se o art. 17º CC, que dita que se admite o reenvio para uma lei estrangeira (através do instituto da transmissão
da competência simples ou em cadeia).

- aplica-se o art. 18º CC, que determina que se admite o reenvio para a lei portuguesa (através do instituto do retorno
direito ou indireto).

Note-se que este sistema de reenvio só é aplicável quando utilizamos regras de conflitos de fonte interna, ou seja, não se
aplica às regras de conflito previstas em convenções internacionais e nos regulamentos da união europeia (nas regras de
conflitos de fonte internacional aplica-se quase sempre a referência material, por força da harmonização do direito
internacional privado).

Acrescente-se ainda que, de acordo com Ferrer Correia, o art. 16º CC é uma regra, e os arts. 17º e 18º CC são
exceções que só utilizamos quando necessários à harmonia jurídica internacional. Já para Batista Machado, o art. 16º CC é
um princípio geral, e os arts. 17º e 18º CC identificam casos em que há reenvio e referência global.
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No caso concreto, faz sentido aceitar o reenvio?

No caso, faz sentido aceitar o reenvio nos termos do art. 17º/1 CC, de modo a aplicar também a lei francesa, havendo
harmonia jurídica.

Porém, temos de ter em conta que estamos perante matéria de estatuto pessoal (nacionalidade).

O art. 25º CC identifica as matérias do estatuto social, e a sucessão por morte é uma delas. Nestas matérias, o legislador
preocupa-se em aplicar as leis que as pessoas conhecem melhor: lei da nacionalidade (art. 31º/1 CC) e lei da
residência. No âmbito do estatuto pessoal, a aceitação do reenvio deve ser mais exigente. Não basta aceitar o reenvio em
nome da harmonia jurídica internacional, temos de verificar se há harmonia jurídica qualificada. Para existir harmonia
jurídica qualificada, tem de haver acordo quanto à lei aplicável entre a lei do país da nacionalidade e a lei do país da
residência, que são as duas leis mais importantes para a pessoa.

- lei do país da nacionalidade (brasileira): manda aplicar a lei francesa- lei do país de residência (francesa):
manda aplicar a lei francesa. Verifica-se.

Como se trata de um caso de transmissão de competência, temos de verificar se estão preenchidas algumas das causas da
cessação do reenvio do art. 17º/2 CC, nomeadamente, o interessado residir habitualmente em território português ou residir
num país que manda aplicar a lei da nacionalidade. A não reside em Portugal, nem num país que manda aplicar a lei da
nacionalidade. Mantém-se o reenvio, e concluímos pela aplicação das normas materiais da lei francesa para regular a
sucessão de A.

Aula prática – 5.12-10º- enviada colega Davide

Nota: caso 27 e 29 foram resolvidos pela Cecília santos e foram acrescento meu
Caso Prático 27: A e B, portugueses, casaram no Brasil em 1995 e aí continuaram a residir até Janeiro de 2015,
altura em que vieram de férias a Portugal e onde A faleceria de acidente. Discute-se em Portugal a sucessão de A, uma
vez que deixou em testamento a C, seu irmão, um prédio sito no Brasil, ao que B opõe que segundo uma norma brasileira,
(que se considera aplicável a título de lex domicilii), tal imóvel, porquanto casa de morada de família, ficaria para o
cônjuge sobrevivo. C entende que a lei que rege a sucessão é a lei portuguesa enquanto lei da nacionalidade e, segundo a
mesma, o imóvel pertencer-lhe-ia. Quid iuris?

No caso em apreço, convocamos a regra de conflitos do art. 62º CC, cujo conceito quadro (isto é, a parte da regra de
conflitos que determina o seu âmbito de aplicação) é “sucessão‘’ e o elemento de conexão (a circunstância que o legislador
escolheu como relevante para a escolha da lei aplicável) é a nacionalidade (art.

31º/1 CC). O elemento de conexão é pessoal (porque considera os sujeitos, não as coisas), é jurídico (para o

concretizarmos não precisamos só dos sentidos, ou seja, de ver a relação jurídica utilizando os sentidos, mas sim de atentar
noutras normas), móvel (pode ver alterada a lei para que aponta). Neste sentido, é aplicável a lei portuguesa.

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No entanto, em matérias de sucessão e regime de bens, pode haver um problema pelo facto de abranger uma universalidade
de bens. O problema põe-se quando escolhemos (lei do foro) uma lei aplicável a um determinado domínio para regular
uma universalidade de bens; no caso, escolhemos a nossa lei. Porém, há um risco de não reconhecimento, pois o direito
brasileiro considera aplicável a sua lei (lei da residência do de cuiús).

Em vez de escolhermos uma lei para regular uma universalidade de bens, em certos casos, excluímos dessa universalidade
os bens imóveis e sujeitamo-los à lei da situação dos imóveis para garantir o reconhecimento das nossas decisões no país onde
as parte tê maior interesse nesse reconhecimento, que é o país onde se encontram os imóveis. A esta ideia dá-se o nome de
princípio da maior proximidade.

Entre nós, só vigora o princípio da maior proximidade na aceção restrita o material, o que significa que só se excluem os
bens da lei aplicável à universalidade de bens nos casos em que a lei da situação da coisa tenha um regime especial para
aquele tipo de bens (normas substantivas especiais). Estas normas especiais são normas que se querem aplicar,
independentemente das regras de conflitos. O princípio da maior proximidade, na aceção restrita, vigora por força da
aplicação de normas de aplicação imediata e necessária (as chamadas NANI).

No entanto, no artigo 47º CC e no art. 62º CC há, respetivamente, um afloramento direto e afloramento indireto do
princípio da maior proximidade numa aceção conflitual. Ou seja, nestes casos, atendendo às regras de conflitos, devemos
deixar de aplicar a lei que tínhamos escolhido, quando a lei da situação da coisa, à luz do seu DIP, se considera competente
e exclusivamente aplicável a esses bens.

No art. 47º CC, o conceito-quadro é a capacidade para constituir direitos reais sobre imóveis; nesta matéria de estatuto
pessoal, aplica-se a lei da situação da coisa se este se considerar competente. Caso contrário, aplica-se a lei da
nacionalidade.

No art. 62º CC o afloramento dá-se através do sistema de reenvio. Através do art. 17º/3 podemos reativar o reenvio que
tínhamos feito cessar por força do art. 17º/2. Têm de estar verificados três requisitos cumulativos: estarmos numa das
relações jurídicas elencadas (ex. sucessão por morte); 2) a lei da nacionalidade (lei 2) está a aplicar a lei da situação
dos bens imóveis (lei 3); e 3) a lei da situação dos bens considera-se competente (lei 3). Cumpridos estes requisitos,
reativamos o reenvio e aplicamos a lei 3.

Este é o afloramento indireto do princípio da maior proximidade na aceção ampla: art. 17º/3, parte final (exigese que a
lei 3 se considere competente). É um afloramento indireto, porque na verdade o princípio resulta da lei 2, ou seja, é a lei
2 que manda aplicar a lei da situação da coisa. Aplicamos a lei da situação da coisa, não porque a escolhemos diretamente,
mas porque a lei que consideramos mais competente a considera competente através do seu sistema de reenvio.

Concluindo, o imóvel pertence a B, pois aplicamos à sucessão dos bens imóveis a lei brasileira.

CASO 28

A e B, ingleses e residentes em Londres, querem casar no Canadá país onde, para o efeito, celebraram uma convenção
antenupcial que é válida face ao direito inglês, mas nula face ao direito canadiano, por incapacidade para a sua celebração.

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Quid iuris sabendo que o Direito Internacional Privado inglês e canadiano regem a validade das convenções antenupciais pela
lei do lugar da celebração e que o direito inglês pratica a dupla devolução?

Não existe nacionalidade inglesa: existe nacionalidade britânica. Como resolvemos? Direito-interlocal do RU. As pessoas,
além da nacionalidade britânica, têm o domicílio de origem (local em que residia o pai da pessoa quando a pessoa nasceu).

Temos uma situação a constituir ou a reconhecer? Validade de uma situação a constituir ou validade de uma situação
já constituída? Validade de uma situação já constituída: convenção antenupcial. Problema. Em que condições reconhecemos
situações já constituídas? Quando sejam válidas para a lei competente. Como é que sabemos qual é a lei competente? Através
da regra de conflitos. Art. 49.º ou 53.º? Problema de capacidade: art. 49.º CC. Depeçage ou especialização: várias regras
de conflitos para aspetos diferentes da mesma relação jurídica. EC do art. 49.º CC. Nacionalidade de cada nubente: sistema
de conexão múltipla distributiva. O art. 49.º está a mandar aplicar a lei inglesa. Quando a regra de conflitos manda aplicar
lei estrangeira, temos de saber se essa lei, à luz do seu DIP, se considera competente: caso não se considere, há um conflito
negativo de sistemas. Segundo: nacionalidade → estatuto pessoal (reenvio mais rigoroso: não só o fundamento normal (HJI),
mas também a HJQ). L1 → L2 (N). L2 manda aplicar a lei do local da celebração. O local da celebração foi o
Canadá. Logo. L1 → L2 → L3. Qual é o sistema de reenvio de L2? Dupla devolução ( foreign court theory ou teoria do
reenvio total). L3 considera-se competente. Logo: L1 → L2 (N) (DD) → L3 (LC) (CC). A nossa posição em
matéria de reenvio: admitimos o reenvio se promover a HJI. Se o caso se pusesse em 3, aplicar-se-ia L3. Se o caso se
pusesse em 2, atendendo à regra de conflitos de 2 e à sua posição em matéria de reenvio, aplicar-se-ia L3. É útil à HJI
aceitar o reenvio? Sim. Rejeitar o reenvio é aplicar L2. Aceitar o reenvio. Temos autorização legal para aceitar o reenvio?
Sim. 17.º/1: L3 considera-se competente. Contudo, estamos em matéria de estatuto pessoal: o legislador quer aplicar uma lei
que a pessoa efetivamente conhece; só aceito ser reenviado para uma lei que não sei se as pessoas conhecem se nacionalidade e
residência estiverem de acordo. Então, temos de ver se há ou não HJQ. 17.º/2: causas de cessação do reenvio. Cessa o
reenvio se residir em Portugal: não é o caso. Cessa o reenvio se o país da residência estiver a mandar aplicar a lei da
nacionalidade. Não é o caso. Se o legislador deixou funcionar o reenvio em matéria de estatuto pessoal, é porque há harmonia
jurídica qualificada. Vamos verificar. LR → L3. LN → L3. O nosso sistema deixa funcionar o reenvio. Logo, aplica-se
L3.

Segundo L3, a convenção antenupcial é inválida. L3 considera que a CA é inválida. Para a lei inglesa, a convenção
antenupcial é válida. O nosso sistema de DIP não se orienta só pelo princípio da HJI: é também orientado por um princípio de
favor negotii: se o fundamento do reenvio tiver originado a invalidade de um negócio em cuja validade as partes confiavam. Se
chegámos, por força do reenvio, à aplicação de uma lei que considera o negócio é inválido. Art. 19.º/1: faz cessar reenvios
autorizados pelos arts. 17.º ou 18.º. Estamos numa situação em que o reenvio foi autorizado pelo art. 17.º. O art. 19.º
exige que, por causa da aceitação do reenvio, tenhamos chegado à invalidade de um negócio que, se não tivéssemos aceitado o
reenvio seria válido. Que tenhamos aceite o reenvio. Certo. Que a lei aplicável por força da aceitação do reenvio considere o
negócio inválido. Por fim, importa que o negócio seja válido. Para que lei? Para a lei designada pela regra de conflitos do
foro (e não para a nossa lei – isso é irrelevante). É o caso? Sim. O negócio seria válido para a lei 2. Para a Escola de
Lisboa, bastaria isto. Para a Escola de Coimbra. Se fizermos cessar o reenvio, o que é que vai acontecer? Fazendo cessar
o reenvio, passamos a ser os únicos a aplicar L2. Isto só faz sentido se houver verdadeiras expetativas das partes. Dois
requisitos adicionais para garantir isto. Tinham expetativas na aplicação de L2. Que se trate de um negócio já celebrado.

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Tinha de haver verdadeiras expetativas quanto à aplicabilidade da lei que torna o negócio válido: L2. Quando é que podemos
presumir que as partes contavam com a aplicação de L2? Não pode ser pelo facto de serem nacionais de 2 ou residentes em
2. Nós somos os únicos a aplicar L2, logo, só podiam ter expetativas na aplicação de L2 se, quando celebraram o negócio,
havia uma conexão com a ordem jurídica do foro, porque só o foro, só a lei portuguesa está a mandar aplicar a L2. Este
requisito preenche-se? Não. À data da celebração do negócio, não existia qualquer contacto com a ordem jurídica portuguesa.
Logo, não devemos aplicar o art. 19.º/1 e devemos aceitar o reenvio.

Aplica-se a L3 e a convenção antenupcial é nula.

Caso Prático 29: A, brasileiro e residente em Portugal perfilhou B em Portugal, sendo este ato nulo face ao direito
português mas válido face ao direito brasileiro.

a) Quid iuris sabendo que o direito brasileiro manda aplicar às questões de filiação a lei do domicílio com referência
material?

b)E se a perfilhação fosse anulável à face do direito brasileiro?

RESOLUÇÃO: este é um negócio a celebrar. A regra de conflitos referente à perfilhação é o art.56ºCC, que manda
aplicar a lei da nacionalidade à data da celebração do negócio (elemento de conexão móvel, mas cristalizou-o). assim, L1
remete para L2 (lei brasileira— lei da nacionalidade— estatuto pessoal). Assim, temos de ir ver o DIP brasileiro. Pode
acontecer que o sistema de DIP brasileiro entre em conflito com o nosso e mande aplicar outra lei, e é exatamente isso que
acontece— L3 manda aplicar a lei do domicílio, que é a lei portuguesa. Ou seja, remete para L1 com referência material.
Estamos perante um retorno direto. O nosso sistema de reenvio é um sistema pragmático, sendo que o vai decidir se aceita ou
não o reenvio depois de saber se ele promove a harmonia jurídica internacional. Assim, se o caso se pusesse em T2, que lei
se aplicaria? L1. E se pusesse em T1 aplicava-se L1. Temos de ir ao art. 18º/1— o requisito é que a L2, direta ou
indiretamente, esteja a aplicar lei portuguesa. Isto verifica-se? Sim. Assim podemos aceitar o reenvio.

Mas, estamos em matéria de estatuto pessoal. Deste modo, temos de ir ver o art.18º/2— neste artigo, temos 2
requisitos adicionais alternativos. Temos de ver se algum deles se preenche: o reenvio só se mantém se o interessado residir
habitualmente em Portugal ou se a lei da residência estiver a aplicar a lai portuguesa. O 1º requisito está verificado, por
isso, mantém-se o reenvio. O que é que isto quer dizer? Tem de haver harmonia jurídica qualificada. Se o caso se pusesse

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em T2 (lei da nacionalidade), aplicava-se L1. Se o caso se pusesse em T1 (lei da residência) também se aplicava L1.
Logo, há harmonia jurídica qualificada.

Mas, já acabou o caso?? não. Temos de nos lembrar o princípio do favor negotii. O art.19º faz cessar o reenvio
para proteger as eventuais expectativas que as partes tinham na vaidade do negócio. A lei brasileira diz que a perfilhação é
válida e a lei portuguesa diz que é inválida. Mas, há um problema- em Portugal, a perfilhação não é um negócio!! Mas,
fazemos uma interpretação especial e a doutrina entende que a perfilhação acne no conceito de negócio. Assim, temos de
atender aos 2 requisitos do art.19ºCC:

↪ Por força do reenvio, o negócio é invalido— verificado;


↪ Se aplicássemos o art.16ºCC, aplicava-se L2 e, assim, o negócio já seria válido.

Mas, isto chega? A Escola de Coimbra exige 2 requisitos adicionais:

↪ O negócio já ter sido celebrado— verificado;


↪ Verdadeiras expectativas das partes na aplicação da lei que o nosso sistema indica— para isso, é preciso que tenha
havido um contacto com a nossa ordem jurídica, para que possamos presumir que eles esperavam a aplicação da lei
brasileira (porque viram a nossa regra de conflitos)— verificado!!

Neste caso, os requisitos estão verificados e, por isso, aplica-se L2 e a perfilhação é válida.

Nota : 27 e 29 resolvidos por cecilia santos

CASO 30-

A e B, portugueses, casaram no Brasil em 1991 sem processo preliminar de publicações e aí continuaram a residir até
Janeiro de 2019, altura em que vieram de férias a Portugal e onde A faleceria de acidente. Discute-se nos tribunais
portugueses a validade de uma doação feita no Brasil por A a B em 2013. Os herdeiros testamentários de A entendem que
a doação é nula face aos artigos 53.º, 1720.º e 1762.º do Código Civil. B invoca que possui os bens como sendo seus
desde 2013 e que face à lei brasileira, onde as relações entre os cônjuges são reguladas pela lei do domicílio comum, o
negócio jurídico é válido. Quid iuris?

Discute-se uma doação de A a B. Art. 1720: regime imperativo de separação de bens; mais rigoroso do que o regime
normal da separação de bens. Um dos casos é, precisamente, a ausência de processo preliminar de casamento. Assim, parece
que a lei portuguesa, a ser aplicável, vigorará o regime da separação de bens. 1762.º: proíbe as doações entre cônjuges
quando haja regime imperativo de separação de bens. Os herdeiros de A querem a nulidade da doação; assim, o bem terá de
ser partilhado entre os herdeiros. Problema: em que regra de conflitos é que estas normas se qualificam? Regulamento Roma
I e art. 53.º: regime de bens ou contratos? Em que regra de conflitos é que estas normas se subsumem? Temos de saber o
conteúdo e função destas normas. São normas sobre contrato de doação ou sobre regime de bens? O art. 1762.º é uma norma
sobre regime de bens: visa proteger o regime imperativo da separação de bens.

Art. 53.º CC. EC. São portugueses: logo, a L1 considera-se competente. Que normas da lei portuguesa? Todas ou
só algumas? Só algumas. Aquelas que, pelo conteúdo e função, sejam relativas ao regime de bens. Logo, a doação é nula.

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Quando nós chegámos à invalidade de um negócio, pode haver expetativas das partes na validade do negócio. Porque é que podia
ter expetativas? Reside no Brasil e, aí, o negócio é válido. Trata-se de uma situação já constituída. É reconhecida, entre nós,
quando seja válida para a lei competente. À partida, a doação não produz efeitos entre nós. Para reconhecermos este negócio,
teríamos de dar valor à regra de conflitos estrangeira (do Brasil). Conflito positivo de sistemas: devemos levar isso em
consideração? Instituto do reconhecimento de direitos adquiridos. Só conseguirmos reconhecer este negócio se atendermos à regra
de conflitos estrangeira. Apesar de considerarmos o negócio inválido, vamos considera-lo válido... Entre nós, vigora a TRDA?
Só numa matéria – estatuto pessoal – e com controlo de lei aplicável. Estamos em matéria de estatuto pessoal, porque mandámos
aplicar a lei da nacionalidade. Art. 31.º/2 CC. Requisitos. Quatro literais e três doutrinais. Estar em matéria de estatuto
pessoal. Porquê? É a única matéria em que o legislador escolhe uma lei como competente, mas não deixa de reconhecer que há
outra muito próxima e que podia ter gerado expetativas. Nas outras matérias, isto não existe. Escolhe a da nacionalidade, mas,
se a residência disser que é válido, estamos dispostos a aceitar. Segundo: que se trate de um negócio jurídico. Porquê? Porque
é aí que se geram mais expetativa. Preenche-se: a doação é um negócio jurídico. Terceiro: que o negócio tenha sido celebrado
no país da residência: é o caso. Quarto: que a lei da residência considere o negócio válido e que a lei da residência se considere
competente. Que o negócio seja válido para a lei da residência. É o caso: o negócio é válido para a lei brasileira. Segunda
parte: temos de olhar à regra de conflitos brasileira. O quarto requisito preenche-se.

Estamos a denegar o juízo conflitual do foro. Temos mais requisitos. Primeiro: que se trate de uma situação já
consolidada no tempo, que tenha, entretanto, produzido os seus efeitos. É o caso? Sim. Segundo: não haver sentença estrangeira
sobre a validade desta doação – se houver, é um problema de reconhecimento de sentenças estrangeiras. Terceiro: que a questão
seja suscitada a título principal e não a título de questão prévia.

Solução. Apesar de a lei competente ser a lei portuguesa, reconhecemos a validade desta doação que é reconhecida
pela lei brasileira. O art. 31.º/2 é quase uma espécie de conexão alternativa. A Sra. B fica com o diamante.

CASO 31

A e B, espanhóis, residentes na Argentina, celebraram no Brasil uma convenção antenupcial, onde estipularam o regime de
comunhão de adquiridos, dispondo que A participaria na comunhão por dois terços e B por um terço. Anos mais tarde, quando
já residiam em Portugal, decidiram divorciar-se e suscita-se a validade dessa estipulação. Isto porque quer a ordem jurídica
espanhola, quer a ordem jurídica brasileira contêm um preceito idêntico ao do artigo 1730.º do nosso Código Civil.
Diferentemente, a lei argentina não coloca entraves à validade daquela cláusula. Sabendo que as leis argentina e brasileira
submetem a validade das convenções antenupciais ao direito do domicílio comum dos cônjuges no momento do casamento, e que o
direito espanhol remete para a lei nacional comum dos cônjuges, deveria ou não o juiz português considerar válida esta
cláusula?

Quanto aos bens comuns, 2/3 é para A e 1/3 é para B. Art. 1730: o património comum é participado por metade; a
norma é imperativa e, portanto, seria nula a estipulação. O mesmo suscede quanto à lei espanhola e brasileira. Mas não assim
para a lei argentina.

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Temos uma convenção antenupcial a celebrar ou já celebrada? Já celebrada. Reconhecemos quando seja válida para
a lei competente. As normas subsumem-se ao art. 53.º CC. Temos de saber qual é a lei que o art. 53.º está a mandar
aplicar. Nacionalidade dos nubentes ao tempo da celebração do casamento (elemento de conexão móvel, cristalizado – com isto,
quer o legislador evitar o problema do conflito móvel). Os cônjuges são espanhóis. Logo, a L1 → L2 (N). Qual lei
espanhola? Sistema plurilegislativo. Quando a regra de conflitos manda aplicar lei estrangeira, pode suceder que essa lei, à
luz do seu DIP, não se considere competente. A lei espanhola manda aplicar a lei da nacionalidade comum que é a lei espanhola,
logo, L2 considera-se competente. Não precisamos do reenvio, porque não há conflito de sistemas. A lei portuguesa diz que é
nula. A lei espanhola diz que é nula. Já escolhemos a lei aplicável – é a lei espanhola – e esta lei considera a convenção
inválida. Logo, a convenção antenupcial é nula.

Quando cheguemos à invalidade de um negócio jurídico, importa notar que o nosso DIP se importa com os resultados
materiais a que conduz (influência de Cavers). Princípio geral do DIP: princípio do favor negotii – se as partes confiaram
legitimamente na validade do negócio, devemos tutelar essa confiança. Manifestações: art. 19.º/1. Estamos em matéria de
estatuto pessoal: única matéria em que vigora a TRDA – estamos dispostos a aceitar a validade de negócios que sejam válidos
para a lei da residência. Dados sobre a lei da residência. Onde residem? Mudaram de residência. Se estiver em causa a
validade de uma situação constituída no passado, atendemos à lei indicada pelo elemento de conexão no momento da constituição
da RJ. Se estivermos a falar de efeitos atuais de uma relação jurídica duradoura, a lei atual. Está em causa a validade de
uma situação constituída no passado. É a residência antiga que conta. É a lei da argentina: L3. Temos de saber se L3
considera o negócio válido e se se considera competente. L3 considera o negócio válido. Considera-se competente.

Verificar se os requisitos se preenchem. Estamos em matéria de estatuto pessoal. Trata-se de um negócio jurídico
(convenção antenupcial): há expetativas. Que o negócio seja válido para a lei da residência e que a lei da residência se
considere competente. É o caso. O terceiro: que o negócio tenha sido celebrado no país da residência. Celebraram a convenção
no Brasil. Este requisito é dispensável. Porquê? Porque a teleologia do preceito é reconhecer como válidos negócios que estejam
a produzir efeitos para a lei da residência. Flexibilização teleológica: reconhecer como bons os negócios que são válidos para
a lei da residência. Requisitos doutrinais. Situação já consolidada; que não haja sentença estrangeira; questão principal.

Conclusão. Apesar de a lei competente ser...

CASO 32

Imagine que se discute atualmente nos tribunais portugueses a validade de um casamento celebrado em Portugal, em 1988,
entre A e B, cidadãos peruanos, mas residentes já há trinta e cinco anos em Paris. Na verdade, tal casamento, embora
válido de acordo com o direito material português, violou as disposições materiais peruanas e francesas vigentes em matéria de
impedimentos matrimoniais, pelo que seria inválido. Qual deveria ser a atitude do tribunal português, sabendo que o direito
peruano manda aplicar a lex loci celebrationis e aceita o reenvio apenas na modalidade de retorno e que o direito francês, à
semelhança do nosso ordenamento, considera como competente a lex patriae para reger a capacidade matrimonial, embora, em
matéria de reenvio, seja fiel à teoria da devolução simples.

É válido para a lei portuguesa e inválido para as leis francesa e peruana.

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Temos uma situação a constituir ou a reconhecer? A reconhecer. Em que condições aceitamos situações já constituídas?
Quando sejam válidas para a lei competente: diluímos o problema do reconhecimento de situações no problema do conflito de
leis. Logo, precisamos de saber qual é a lei competente. Art. 49.º CC. L1 manda aplicar a lei peruana (nacionalidade).
Logo, L1 → L2 (N). Quando a regra de conflitos manda aplicar lei estrangeira, temos de saber se essa lei, à luz do seu
DIP, se considera competente. Casaram em Portugal. Logo: L1 → L2 → L1. Posição em matéria de reenvio do Perú. Existem
posições sobre reenvio que não são puras; há sistemas que criam a sua própria posição em matéria de reenvio. Só aceita o
reenvio na modalidade de retorno. Em princípio, não aceita o reenvio: referência material. Mas há uma exceção: casos de
retorno. A lei polaca de DIP é igual a esta. L2 → com referência material, salvo retorno → L1. O nosso sistema. Depende:
sim se promove a HJI. Que lei é que o sistema peruano está a mandar aplicar? Só aceita o reenvio se L1 estiver a mandar
aplicar L2. Utilizam o reenvio para aumentar os casos de aplicação da lei do foro. O que é queremos, do ponto de vista, da
HJI? Não aceitar o reenvio. Não se preenche o pressuposto do art. 18.º/1. Logo, vamos buscar a solução ao art. 16.º CC.

A lei competente é a L2. Logo, o casamento não é válido.

Princípio do favor negotii. O DIP preocupa-se com o resultado material (Cavers). Art. 19.º CC. Se estivermos em
matéria de estatuto pessoal, vigora a TRDA: escolhemos nacionalidade, mas estamos dispostos a reconhecer como válidos os
negócios que sejam válidos para a lei da residência. Importa saber a posição da residência. Residem em França. Precisamos
de saber se o negócio é válido para a lei da residência e se esta se considera competente. Para L3 (R), seria inválido. L3
(DS) → L2 (N) → L1. 31.º/2. Só se estes requisitos se preencherem é que aceitamos a validade do casamento, apesar
de não ser válido para a lei que nós consideramos competente. Estatuto pessoal: sim (mandámos aplicar a LN). Negócio
jurídico: o casamento é um negócio jurídico. Que o negócio tenha sido celebrado no país da residência: residem em França, mas
casaram em Portugal → dispensamos este requisito, fazendo uma flexibilização teleológica do preceito. O que conta é que, no
país da residência, o negócio esteja a produzir efeitos no país da residência. Que o negócio seja válido para a lei da residência:
não é válido para a lei francesa. A lei da residência considera-se competente? Não: atendendo à regra de conflitos francesa
e à sua posição em matéria de reenvio, em França, aplicar-se-ia L1 (a lei portuguesa). A lei da residência não se considera
competente. Interpretação extensiva do art. 31.º/2: reconhecer negócios que sejam válidos para o país da residência; de facto,
a lei da residência não considera o negócio válido nem se considera competente; mas o que faria o tribunal francês? Se se
puser o problema em França, aplica-se a L1 e a lei portuguesa diz que o negócio é válido. Logo, se o caso se pusesse no
país da residência, o tribunal da residência consideraria o negócio válido. IE: devemos reconhecer os negócios que seriam válidos
para o país da residência (aplicando a lei da residência ou outra qualquer). No país da residência, o negócio está a produzir
efeitos. Substituímos o quarto requisito: que o negócio seja considerado válido no país da residência. Podemos reconhecer a
validade deste casamento? Sim. Esta posição conhece unanimidade. Falta a interpretação analógica ou enunciativa: reconhecemos,
por maioria de razão, negócios que sejam válidos para a lei da nacionalidade.

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Aula prática- 12.12-11º

16.12- EXAME ANTECIPADO

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