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DIREITO CIVIL

LINDB IV
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LINDB IV

Os artigos 7º a 19 da Lei de Introdução buscam resolver problemas de conflito de leis no


espaço, ou seja, diante de uma situação jurídica que se conecta com a lei brasileira e a lei
estrangeira. Qual lei aplicar: brasileira ou estrangeira? O Direito Privado Internacional tem
como objetivo definir critérios para dizer qual lei será aplicada.
Lembre-se de que as regras da LINDB sobre leis no espaço, territorialidade e extraterrito-
rialidade são indicativas ou indiretas, pois elas não resolvem nenhum problema, mas indicam
critérios, caminhos para aplicação da lei brasileira ou estrangeira.

LINDB E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

Princípio da territorialidade moderada, temperada ou mitigada


A LINDB adota o princípio da territorialidade moderada, temperada ou mitigada, pois per-
mite, a partir de algumas circunstâncias, que seja aplicada no Brasil uma norma estrangeira,
a ideia da extraterritorialidade. Como regra, o princípio da territorialidade: para tudo o que
acontece no brasil, aplica-se a lei brasileira. No entanto, há situações em que a lei brasileira
permite que a lei estrangeira repercuta na ordem jurídica interna brasileira. Por isso, fala-se
em princípio da territorialidade moderada, temperada ou mitigada.
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Noção geral sobre Direito Internacional Privado


Questão central – problema: algumas relações jurídicas transcendem a ordem jurídica
interna e se interconectam com leis estrangeiras, autônomas e independentes. Desta cone-
xão, nascem problemas que muitas vezes devem ser solucionadas pelo Judiciário.
Como resolver esses problemas quando a questão JURÍDICA estiver conectada com leis
de distintos países?
Como o Judiciário vai percorrer o caminho para resolver questões jurídicas conectadas
com leis estrangeiras, autônomas e independentes: esse é objetivo do DPI.
Sempre que a relação jurídica se perfaz entre ordens jurídicas distintas, pode nascer o
problema relativo a conflito de leis no espaço (porque as leis de cada país são distintas e
autônomas e podem extrapolar as fronteiras daquele território).
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ANOTAÇÕES

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Para viabilizar o direito internacional privado, o estado deve aceitar a eficácia de norma
estrangeira na sua ordem jurídica. Se as relações jurídicas envolvem ordens estatais diver-
sas, nasce o problema decisivo das opções a serem tomadas para resolver a questão da
aplicação de mais de uma lei ao mesmo caso concreto.

Qual é o objetivo do DPI?


Escolher, dentre as ordens jurídicas em conflito, qual mais se aproxima da discussão.

DPI é causa de interação legislativa em nível global.



O que isso significa? As leis precisam ter harmonia. É impossível uma uniformização
global, mas, quando os Estados permitem que leis estrangeiras possam ter eficácia no seu
ordenamento jurídico interno, isso aproxima os países.

O conhecimento recíproco das legislações, ao longo do tempo, as uniformiza e as har-


moniza; essa é uma função do DPI. Em função do DPI, as normas têm a potencialidade de
ultrapassar as fronteiras nacionais.

DPI e conflitos de leis no espaço

Submissão do DPI aos direitos fundamentais (constitucionais) e aos direitos humanos


(internacionais), que serão suporte axiológico para resolução de questões jurídicas no caso
de conflito de leis no espaço.
A CF prevalece sobre eventual norma estrangeira que preveja desigualdade entre
homens, entre filhos na constância do casamento ou em razão de raça ou religião.
Não se aplica norma de direito estrangeiro contrária às normas de índole constitucional.
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Como é impossível uniformizar regras, os estados estabelecem, por meio de direito interno,
regras de solução de conflitos de leis no espaço, desde que haja conexão internacional.

DPI – base de entendimento


Extraterritorialidade das leis (nacionais e estrangeiras) e possibilidade de sua aplica-
ção em ordens jurídicas distintas (aplicação da lei nacional no estrangeiro e vice-versa).
O DPI apenas aponta qual lei será aplicada. Tal compreensão é fundamental
As normas de DPI são indicativas e indiretas!
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O que isso significa?


Apenas indicam qual a ordem jurídica substancial (nacional ou estrangeira) deverá ser
aplicada no caso concreto para o fim de resolver a questão principal (por exemplo: não diz se
o casamento é válido ou inválido, se o indivíduo tem ou não herança).
A função do DPI é semelhante ao direito processual, porque não resolve a questão jurí-
dica, mas cria mecanismos que servem de instrumento para se chegar ao conhecimento da
norma material (nacional ou estrangeira) que será aplicada ao caso concreto.
As normas de DPI são instrumentais, auxiliares, pois apenas indicarão se é o direito
estrangeiro ou o direito nacional que resolverá a questão.
Como não é possível submeter a relação jurídica a dois ordenamentos estatais distintos,
o DIP escolhe qual deles resolverá a questão principal sub judice (direito sobre direito).
A missão do DPI se esgota quando encontra a norma substancial, nacional ou estran-
geira, indicada a resolver a questão concreta em discussão.
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Primeiro deve-se qualificar o instituto jurídico em causa (família, sucessões, obrigações);
depois, localizar o elemento de conexão que levará à norma para resolver a questão principal.
Para que se coloque o problema no DPI, deve haver divergência entre normas estrangei-
ras autônomas e independentes.
As normas de DPI são indiretas.
Há exceções? E o disposto no artigo 7º, § 5º, da LINDB?

§ 5º O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu
cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a
adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta
adoção ao competente registro.

Regra direta – não pertence ao DPI.


Para a incidência do DPI – pressuposto (conexão espacial – elemento de conexão), os
fatos devem estar em conexão espacial com leis estrangeiras divergentes, autônomas e
independentes (denominado elemento estrangeiro).
O que é a conexão espacial, premissa para a incidência das regras do DPI?
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Exemplo
Ausência de conexão espacial: dois brasileiros se casam no brasil, adquirem bens no
brasil e dissolvem no brasil a sociedade conjugal.
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Presença de conexão espacial: brasileiro casa com italiana na França, lá residem, adqui-
rem bens e resolvem voltar a morar no brasil.

Qual a metodologia de aplicação do DPI?


Primeiro (objeto da conexão) – qualificação da relação jurídica (objeto da conexão –
família, sucessão, contrato) – o assunto que será conectado.
Segundo (elemento da conexão) – determinação da lei aplicável (elemento de conexão)
– definição da lei que regerá o assunto – exemplo: domicílio como elemento.
Há problema nas qualificações?
Não é fácil definir o exato enquadramento jurídico da questão – ou seja, determinar a
natureza de um fato ou instituto para enquadrá-lo como categoria jurídica existente (obriga-
ção, família, sucessões etc.)
Há diferenças de enquadramento a depender do sistema jurídico – não há uniformidade
(Exemplo – num país, casamento pode ser questão de família e, em outro, de direito obriga-
cional) – Portanto, a qualificação, para efeito de aplicação substancial das normas de DPI,
tem lugar no que tange ao OBJETO da conexão.

Exemplo do objeto e elemento de conexão


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Artigo 8º Para qualificar os bens (objeto de conexão) e regular as relações a eles concernentes,
aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados (elemento de conexão – local dos bens).
Artigo 9º Para qualificar e reger as obrigações (objeto de conexão), aplicar-se à a lei do país onde
se constituírem (elemento de conexão – local da constituição da obrigação).

Objeto de conexão = Matéria regulada pela norma indicativa.


Elementos de conexão = normas indicativas são os que ligam ou vinculam internacio-
nalmente a questão de DIP, o que torna possível saber qual lei (nacional ou estrangeira) deve
ser aplicada ao caso concreto para resolver a questão principal.
Em resumo, elementos de conexão são elementos de localização do direito a ser
aplicado, aqueles que a legislação interna de cada estado toma em consideração e
entende como relevantes para a indicação do direito substancial aplicável.
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A determinação do elemento de conexão é dada pelas normas de DIP de cada país,


dependendo o seu estabelecimento das tradições (costumes) e da política legislativa de
cada qual.

É possível o concurso de elementos de conexão?

Art. 7º, § 8º Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua
residência ou naquele em que se encontre.

Cada Estado escolhe seu elemento de conexão (pessoais – domicílio, residência, origem
– quando há pessoa no centro da conexão; reais – ligadas às coisas, conexão universal-
mente adotada em relação a imóveis – artigo 8º; formais – lugar da celebração, lugar da
execução, lugar de constituição – lugar do ato – exemplo: lei brasileira quanto a impedimen-
tos e formalidades da celebração; delituais – são regidas e qualificadas pelo local onde se
constituírem).
As normas de DPI são, portanto, de discricionariedade do Estado – que pode, por exem-
plo, considerar que não é conveniente a aplicação da lei local para determinado assunto, que
se submeterá apenas por norma estrangeira (ainda que com limitações).
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Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto
ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasi-
leira desconheça.

DPI e ordenamento jurídico brasileiro – LINDB – Artigos 7º a 19

Núcleo fundamental de aplicação das leis estrangeiras (CPC trata de outros assuntos
sobre DPI – competência internacional, prova, homologação de sentença estrangeira).
Em essência, a LINDB permite que norma estrangeira seja aqui aplicada e gere efeitos,
com as ressalvas do artigo 17.

Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade,
não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os
bons costumes
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A LINDB e estatuto pessoal – o que é tal estatuto? Relações inerentes ao estado da


pessoa (individualidade) e aptidão para direitos e obrigações (capacidade).

Lei da nacionalidade da pessoa ou de seu domicílio – regra

Art. 7º A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família (prova de que as regras de DPI são
meramente indicativas – indica a lei, mas não considera o conteúdo da norma).

O próprio sistema excepciona.

Artigo 5º, XXXI, da CF.


para o fim de beneficiar o cônjuge ou os filhos brasileiros nos casos de sucessão de bens de es-
trangeiro situados no País – pode ser tanto a do domicílio quanto a da nacionalidade do de cujus,
à luz do que for mais benéfico ao cônjuge supérstite ou aos filhos.

CASAMENTO

Art. 7º A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
§ 1º Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos
dirimentes e às formalidades da celebração.
§ 3º Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do
primeiro domicílio conjugal.
§ 4º O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes
domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal.

Capacidade (incapacidade) – lei do domicílio/pessoal (independe do local da celebração


e da nacionalidade).
Forma – lei do local da celebração.

Impedimentos matrimoniais – lei do local da celebração

Casamento no Brasil
Formalidades (lei brasileira) – todos deverão provar que cumprem as formalidades da lei
brasileira (locus regit actum) – em especial aquelas dispostas no código civil (neste caso, não
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haverá problema de ordem pública – pelo simples fato de que não se aplicará a lei estran-
geira) – por isso, eventual nulidade deste casamento segundo a lei do domicílio do estran-
geiro, não terá efeito no brasil.

Casamento realizado no exterior


Pessoas, brasileiras ou estrangeiras, domiciliadas no Brasil: Aplica-se a lei do local onde
o casamento será celebrado – cada País tem regras específicas que devem ser observadas
pelos nubentes (podem ter até menos formalidades e mesmo assim será válido, como por
exemplo os casamentos realizados em Las Vegas).
Respeitada a lei local, tal casamento é válido no Brasil.
Portanto, é reconhecida, em território nacional, a competência da lei estrangeira para a
regência da celebração do matrimônio, salvo fraude.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Daniel Eduardo Branco Carnacchioni.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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