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Rito

É um conjunto de cerimónias religiosas diferentemente regulados, segundo as diversas


comunhões ou em diversas sociedades.

Ritos de iniciação

São cerimónias de carácter tradicional e cultural praticado nas sociedades africanas que visa
preparar o adolescente para encarar a outra fase da vida, isto é, a fase adulta. Visam
essencialmente a integração pessoal, social e cultural do indivíduo, permite ao indivíduo reunir
múltiplas influências do seu meio para em seguida integrá-la na sua maneira de pensar, de agir e
de si comportar, o indivíduo participa activamente nas actividades e na vida do grupo que
pertence.

Na sociedade moçambicana, os ritos de iniciação não se manifestam de maneira homogenia. Eles


variam de província para província, de região para região, de religião para religião, e de sexo
para sexo.

O objectivo destas cerimónias é de preparar os rapazes e as raparigas para a vida matrimonial e


social e com o rito de iniciação os rapazes e as raparigas têm o acesso a participação e ao
conhecimento de certos mistérios.

Ritos de iniciação feminino

Uma rapariga só é reconhecida como ser completo depois de ter passado pelos ritos de iniciação,
estes tem como objectivo a formação de mulheres para enfrentar as múltiplas tarefas do lar nos
aspectos de uma futura esposa mãe e produtora de bens materiais em benefício do marido e dos
filhos. As mestras ensinam que a menstruação nada tem de anormal, antes pelo ao contrário de
que em breve pode procriar.

Ritos de iniciação masculina

Os ritos de iniciação masculina, eles subscrevem-se em realizar a circuncisão e todas as


actividades a ela inerentes durante o período de preparação, e ensinando aos jovens tudo o que
possa a vir a encontrar na vida e que necessite conhecer para a luta. Ali, aprende-se a sofrer com
resignação todos os martírios que lhe infligirem bem como todas as durezas da vida e, até, é-se-
lhes ensinado a caçar.

Como decorrem os ritos?

No dia marcado, o jovem em companhia do seu padrinho partem para a mata, segurando uma
perna de galinha com uma shima de mapira ou milho que lhe é dado pela mãe.

Ao longo da caminhada para a mata, a marcha é interropida por um grupo de assaltantes


mascarados que gritam fortemente para assustar os garotos. Quando já se aproximam do local
escolhido pelo chefe tradicional no meio de uma floresta o padrinho tapa-lhes os olhos e os
tambores e apitos rufam para que lhe não oiça os gritos dos outros circuncidados. «Metem-lhes
um pauzinho entre os dentes para melhor suportar as dores.

Nisto o Namuko aproxima-se do garoto a “relampago” e corta o perpucio do circuncidado de


uma só vez mesmo que não o atinge não repete.» (1) A navalha tradicional usada nesta operação
é antes levada ao fogo para evitar infecções. Depois da operação o namuko deita-lhes um
remédio tradicional para cicatrizar a ferida.

Neste intervalo de tempo, até que a ferida cure o jovem é proibido de comer alimentos salgados,
segundo a tradição, infectária a ferida. Neste periodo não pode, tomar banho e nem tocar na
água.

É raro que alguem morra por infecção mas quando alguem morre não se comunica a família até
acabar o período de incubação todo o grupo regressa a casa. «A mãe fica a saber da notícia no de
“Okuma aluka”, ressurgimento do jovem.»(2)

Moeda/Cabo Delgado

As cerimónias da puberdade dos rapazes chama-se Licumbi e nelas também entram os bailarinos
mascarados mapiko.

O chefe da aldeia deve arranjar o curandeiro (Namulo) que será o mestre da cerimónia, e durante
a cerimónia o Nalumbo terá o corpo manchado de bolinhas brancas.
Esta festa realiza-se na época seca, escolhe-se este período porque há menos trabalho nas
machambas e é um bom tempo para fazer festas ao ar livre e porque os rapazes podem viver
melhor no mato durante o período necessário de isolamento. Eles também escolhem esta época
do ano por se preparar melhor as bebidas fermentadas e comidas para a festa.

É o Nalungo que faz a circuncisão dos rapazes e fornece o remédio para eles resistirem aos
perigos do mato e lhe dá indicações do que podem e não podem fazer durante o Licumbi.

Cada rapaz (Mwali) deve ter um padrinho que lhe acompanhe durante todo o Licumbi e este
padrinho chama-se Mbwana, o mwali é conduzido pelo mbwana para a circuncisão e ajuda-o
durante o período de isolamento no mato. (3)

Ensina-lhe muitas habilidades para a vida futura tais como; construir casa, fazer armadilhas para
caça de animais e tudo aquilo que é importante para a vida matrimonial e social. O mbwana
depois de dar estas habilidades, empresta ao seu protegido, uma navalha velha para poder
executar o que lhe é ensinado. Quando termina o licumbi o mbwana recebe de volta a sua
navalha velha, e oferece uma nova nova ao seu mwali.

Durante as cerimónias, cada iniciado planta uma estaca de qualquer árvore que traz pela 1ª vez
que vai para o mato durante o licumbi, num local chamado maûle. Durante o licumbi o namulo
impõe algumas proibições tais como: as mães dos iniciados não podem comer carne, não podem
tomar banho no rio, falar ou cumprimentar as pessoas e não podem dormir, por sua vez os
rapazes também não podem comer carne, nem podem ser vistos pelas mulheres e pelas crianças,
não pode atravessar caminhos sem antes esfregar um pouco de areia na testa e no umbigo. «todas
as roupas usadas durante a iniciação são queimadas e os jovens recebem outras novas, queimam
também a cabana que usam também durante o rito de iniciação. Pintam seus corpos, enfeitam as
pernas com ornamentos feitos por eles próprio, com frutas secas em cujo o interior chocalham as
sementes, recebem então o nome novo e abandonam o da nascença, “Nsina nokhani”»(4)

Quando olham o fogo para queimar a cabana que todos partilham os jovens deitam-se de braços
no chão de forma a não presenciarem as chamas, porque se eles presenciam as chamas serão
estéreis. (5)

Na sociedade Makhuwa
Ao nascer, o bebê Macua não se encontra ainda plenamente integrado na sociedade. Seu
verdadeiro nascimento social acontece após fazer parte dos ritos de iniciação. Crianças não
iniciadas são de fato consideradas pessoas incompletas, um pouco “animaizinhos”, tanto que, no
caso de morte de um não-iniciado os ritos fúnebres serão reduzidos (um pouco como acontecia
no passado com as crianças não batizadas).

Ambos os sexos, masculino e feminino, devem participar nos ritos de iniciação, que podemos
considerar como verdadeiros nascimentos sociais, e é somente após esta iniciação que poderão
participar dos momentos importantes da vida coletiva, tais como cerimônias, funerais e reuniões
da aldeia. As marcas deixadas no corpo do iniciado durante o ritual (circuncisão, tatuagens, corte
no clitóris) serão os sinais, sinais físicos de transformação na personalidade e no status do
indivíduo.

Entre os Makhuwas, são recomendados aos iniciados a fazerem a sua estreia sexual dentro dos
primeiros três dias depois do regresso, se não fizerem as estreias dentro deste periodo
recomendado pode se tornarem estéreis ou terem uma vida sexual aberrante. (6)

Os jovens regressam em grupo a aldeia recebe-os com grande alegria – Kujuluca, okhuma
olukhu, os seus novos membros, no meio de cantares, danças e actos simbólicos que referem a
morte da vida da criança e nascimento de um cidadão novo para a comunidade.

Os que já passaram pelo rito de iniciação são proibidos de contar aos não iniciados e as mulheres
o que se passou e aprenderam na floresta sob pena de morte se assim o fizer.

Finalmente, acontece a fase de reintegração, na qual o acampamento é destruído e queimado; os


iniciados realizam um banho de purificação e voltam para a aldeia mostrando as competências
adquiridas. No final, se realiza uma refeição comunitária onde todos os membros da família e os
amigos, festejam com uma festa que dura um dia inteiro.

Na Zambézia

A circuncisão é feita por indivíduos de sexo masculino em número de seis homens chefiados por
um “Rabamoma”, que é um homem corajoso e conhecedor de raízes medicinais, este é
acompanhado por uma mulher que prepara as raízes medicinais que dá a tomar aos
circuncidados. No final desta operação vão para uma moita esperar a hora marcada, e quando
chega esta hora o circuncidado é despido e transportado pelo padrinho (moli) para as operações.
Em seguida aparecem dois outros ajudantes a pôr nas feridas um medicamento em pó cinzento,
daí são levados para um outro lugar onde são dados de comer, umas colinhas de massa de arroz,
mapira, milho,ou mandioca cozida com medicamento oleoso. A partir deste momento os
iniciados não usam a sua roupa antiga nem se avistam com nenhuma mulher.

No meio de canções vão para o acampamento (Mussassa), onde ficam até a cicatrização
completa que dura de quatro à seis meses. Durante a permanencia no mussassa são lhes
ministrados vários ensinamentos por meio de canções com respectivos sentidos, a um
responsável de ensino que é uma pessoa versada em muitos assuntos de filosofia tradicional
(Emariha).

Cicatrizadas as feridas os iniciados são levados para um ribeiro mais próximo com a finalidade
de receber um banho purificador acompanhado do moli, entra na água e o moli mergulha-lhe a
cabeça até aos ombros por três vezes, saem juntos para fora. E este é o momento de vida ou
morte para os iniciados e chama-se Ohuabamuala-hùguma. No fim, os familiares só poderam
saber da morte do seu filho só depois de todos iniciados terem sido entregues aos seus familiares.

Djando (Niassa)

Depois de garantido os requisitos exigidos para a sua efectivação (o pessoal, indumentário e o


acampamento) realizam-se cerimónias para entrega dos iniciados a estruturas do djando. Essas
cerimónias têm lugar na casa do nakaugo, local indicado para a concertada do ritmado, seus
familiares e outros convidados. Em regra, as cerimónias realizam-se na noite enterior ao dia da
partida dos iniciados para ao acampamento, fazendo-se acompanhar dos aloubwés. No que diz
respeito ao pessoal, para além dos próprios iniciados, a estrutura responsável pelo djando é:
N’galiba, nakauga, atchitonombe, nampako, aloubwé e n’tchando.

Namuko: é a pessoa responsável pelo acto da circuncisão e pela saúde de todas as pessoas
envolvidas na efectivação do djando. O n’galiba é, por definição considerado a pessoa altamente
competente e a mais experiente na sua actividade profissional.

Nakaunda: é o supervisor geral do djando. Ocupa-se com recolha conselhos, críticas,


observações e recomendações confidenciais dos mais velhos que pela idade avançada podem não
querer passar pelo acampamento de djando. Além disso o nakaugo é que nomeia e admite o
atchitonombe e nampako. Para ser nampako basta ser o primeiro a tomar a iniciativa de iniciar os
filhos, todos os outros que aderem posteriormente sujeitam-se a subordinarem-se ao primeiro que
normalmente é que suporta com a maiores despesas de djando.

Atchitonombe: orienta todos os exercícios matinais e decide sobre a reeducação de tudo e


qualquer iniciado que comete um erro, na ausência do nakauga o atchitonombe é que o substitui.

Nampako: é a pessoa designada para controlar todas as actividades dos iniciados e dos aloubwé.

Aloubwé: pessoa a quem lhe é confiada a tarefa de acompanhar, directo ou indirectamente, os


iniciados. São escolhidos segundo a preferência dos alouubwé. Eles devem receber a comida
para os iniciados cujo consenso é sempre colectivo. Caso a comida não seja suficiente, então,
guarda-se até que chegue para todos.

Defendem o iniciado é sua responsabilidade quando necessário, no caso de ser condenado a pena
maior, informa aos pais sobre o estado de saúde do iniciado. É, também sua função receber dos
pais novos nomes dos seus filhos recém-nascidos.

N’tchando: é nomeado entre os iniciados do nakaugo, normalmente é o filho mais velho. O


ntchando responde pelos seus colegas durante o tempo de repouso ou de actividades recreativas
sob suas ordens, os iniciados não podem maltratar qualquer pessoa que viole o código ritual,
pondo em causa os tempos livres.

A vida no acampamento

Chegado ao acampamento, os ritmados são submetidos imediatamente a circuncisão, sendo, este,


um acto doloroso que acarreta inevitavelmente choros e gritos. Para impedir que aqueles sejam
ouvidos por pessoas alheias ao rito, é que provavelmente causaria medo nas crianças ainda não
circuncidadas, os alombwé fazem todo quanto esteja ao seu alcance, tocam tambores com maior
rigor, dançam e cantam alto. Também tem sido uma prática tapar a face do iniciado para impedir
que estes vejam o material usado na circuncisão.

Como tratamento para as feridas causadas na circuncisão, utiliza-se seiva das partes inferiores do
cacho bananas ou cinzas de algumas plantas. Esses tratamento é feita no dia seguinte a
circuncisão. Findo o processo de circuncisão segue-se a fase de mistificação dos iniciados. Nesta
fase o papel mais importante é desempenhado pelo pelos acompanhantes particulares
(alombwés) que se encarregam de indagar os iniciados toda uma série de mitos e tabus. A não
aceitação de tabus, sempre foi, é tida como fundamento para as penalizações, incluindo as
chicotadas.

Para se garantir que não haja fuga de informação sobre o sofrimento a que os jovens são
submetidos nos ritos, utilizam-se ameaças de morte d uma pessoa mais importante da família
(pai, mãe, tio, irmão, etc.).

Entrega da alimentação

Como vimos anteriormente, uma das funções dos aloubwés é de receber comida dos iniciados. A
comida é recebida no posto de controle, onde um ou dois aloubwé se encontram de permanência.

As pessoas que trazem comida, devem entoar no mínimo o por norma uma canção cujo o
conteúdo deve ser o tipo da comida trazida. Raras vezes o alombwé, quando vê que um caril foi
bem confeccionado não comem todo. Em substituição, fazem molho de carvão e obrigam os
iniciados a comerem, ninguém deve recusar-se ou reclamar.

Regresso a casa

Quando falta poucos dias para regressarem para casa, os iniciados vestidos de esteiras de bambo
caniço e comandados pelos N´tchando costumam efectuar visitas aos familiares, e durante essas
visitas sempre realizam-se nas noites, e cada um dos iniciados presta declarações de como
ultrapassou este ou aquele defeito ao mesmo tempo que anuncia o seu novo nome no último dia,
queimam todas as cabanas do acampamento, não deixando qualquer vestígio.

Nesta mesma noite os iniciados regressam a casa e é uma noite de festa. A partir daí os jovens
são considerados como homens, devendo gozar de todos os direitos baseados nos costumes por
mais jovens que sejam.

Sociedade Nhanja

As raparigas menstruadas pela primeira vez são conduzidas a uma palhota no meio do mato,
longe da povoação, e ali entre cantigas e prelecções sob a direcção das mestras idóneas aprendem
tudo o que uma mulher deve saber nas suas relações com o outro sexo. Durante o período de
iniciação, que dura cerca de oito dias, as raparigas não podem ter o menor contacto com
estranhos, mesmo do seu sexo, excluindo o contacto obrigatório e indispensável com as mestras.
O ruído dos batuques próprio das cerimónias, impedem que o viajante desprevenido se aproxime
do recinto. Findo estes ritos, a palhota que as albergou é queimada indo todas as iniciadas banhar
ao rio mais próximo, vestindo-se depois, os seus panos mais vistosos e adornando-se com
missangas de cores vivas.

Tribo Ahirima

As raparigas iniciadas sentadas cercadas palas mulheres Mais ou menos ébrias com um canto
monótono abordando o assunto erótico, ao desenrolar dos cantos as raparigas vão-se despindo
ficando nuas tapando teoricamente o sexo com um pano de oito centímetros de largura, segurado
atrás e a frente de um cinto de missangas, nestes cantos as raparigas são ensinadas a limparem
sempre o semém derramado pelo marido com as mãos depois de um acto sexual, nunca pode
usar um pano para tal; mostrar sempre o seu conhecimento ao marido, saber agradecer quando
lhe oferece algo, sempre que estiver menstruada deve avisar o marido e nunca pode cozinhar e
tocar no sal enquanto estiver menstruada, só podendo fazer após o fim da menstruação e de ter
uma ou duas relações sexuais com o marido.

Durante os dias da primeira menstruação, a rapariga esconde-se e nenhum homem pode vela sob
pena de ficar cego. Em seguida chama-se a madrinha (Moli), ficando a donzela (Namuali),
completamente entregue aos seus cuidados. Ela é fechada num quarto durante seis a sete dias, até
passar a menstruação. Só sai acompanhada da madrinha para assistir as várias danças, é ela que
lhe prepara os alimentos, sempre sem sal. É ensinada a utilizar ervas medicinais durante o banho,
a usar infusões de raízes para dominar as dores, ter cuidado com a sua higiene íntima e vida
sexual, a puxar o matís “ithuna” (desfloração dos lábios menores da vagina). Esta operação ritual
consiste em queimar rícino (ikurra) e com cinza obtida da mesma fazer-se a dilatação dos lábios
menores e do clitóris, até ao ponto de cobrir toda a superfície vaginal, chegando por vezes a
atingirem dez centímetros.

Este ritual tem como objectivos:

 Provocar sensação no sexo masculino do marido


 Tornar-se sexualmente bastante agradável para qualquer homem.

Além de desflorar os lábios menores da vagina, em algumas tribos a jovem é feitas tatuagens nas
coxas, no abdómen, nas nádegas, na cara e nas pernas e entregue missangas para passar a pôr nas
ancas.

Quando a rapariga sai fora pela primeira vez para tomar banho, toca batuque em sinal de
regozijo, mostrando que ela esta pronta para procriar. Podendo casar desde logo, é nesta ocasião
que se realiza a Emuali – cerimónia de iniciação só para mulheres. Nenhum homem se
aproxima, pois que, mal oiçam o ruído do pequeno tambor usada na dança, os homens afastam-se
a correr convencidos de ficar doidos. As mulheres formam um círculo enquanto uma delas
“namugo” e a namuali dançam no centro. Uma outra, com uma escultura de pénis, normalmente
de madeira, presa na cintura vai também ao centro com a mulher, que la se encontra
completamente nua, simulam o acto sexual, dramatizando-o para a jovem namuali. Com as mãos
untadas com uma pasta de cinza, misturada com óleos silvestres, a jovem passa várias horas do
dia, puxando compassadamente os pequenos lábios. As mulheres acreditam que isto dá grande
prazes ao homem e aquelas que não procederem a esta deformação, terão problemas no lar.

Ensina-se a jovem a obediência ao marido, nunca lhe responder de má vontade, aquecer água
para o banho, a importância da higiene dos órgãos sexuais femininos e do seu marido apôs as
relações sexuais, aceitar relações sexuais sempre que o marido quiser, e agradar sexualmente o
marido, torna-se desaconselhável ficar indiferente durante o acto sexual.

Impacto dos ritos de iniciação no sistema educacional em Moçambique

A educação tradicional é uma educação não formal. Ela é dada a criança não lhe permitindo
individualizar-se do grupo, visava a formação da personalidade no sentido de dependência no
grupo através do desenvolvimento da sua consciência.

Entre os 7 e os 10 anos inicia-se a separação de sexos, o rapaz vive ao lado do pai, enquanto a
rapariga ao lado da mãe. É neste período que a criança começa progressivamente a participar nas
actividades produtivas da família. A medida que a criança, a separação conforme sexos torna-se
cada vez mais nítida, o rapaz começa a ser integrado na intimidade dos homens, enquanto a
rapariga, se mergulha no misterioso mundo das mulheres.
Os ritos de iniciação têm lugar por volta dos 10/15 anos e são marcados por acções educativas
mais conscientes. É nessa altura que a educação dos jovens é confiada a alguns membros
designados pela comunidade, compreendendo os fundamentos da vida social, os valores
culturais, costumes e tradições.

Numa estreita ligação com os adultos, os adolescentes aprendem um ofício, são lhes comunicado
os principais segredos da família e da tribo. Assim, o adolescente forjado na iniciação é um
homem completo, ele tem da sua vida e da sua comunidade uma ideia clara e corrente, sabre o
que ou outros esperam e o que deles pode esperar. A educação tradicional dá ao jovem, um
conjunto de conhecimentos utilitários que lhe permitem enfrentar com eficácia e sem frustrações
as dificuldades da vida futura.

Actualmente em Moçambique, a educação tradicional não existe no seu estado puro, apesar de
continuar presente na comunidade. Ao nível das escolas, particularmente nas zonas rurais a sua
presença é notória nas crianças, nas quais se verificam os valores tradicionais veiculados e
defendidos pela família.

Por outro lado que se observa actualmente em grande parte dos jovens nas cidades ou vilas, são
inúmeros casos casos, de má conduta nas escolas, centros internatos e lares, falta de ética, a
aderência a atitudes imorais, o consumo de álcool e drogas, a prática de criminalidade, as
infidelidades conjugais, os divórcios ou ainda as insatisfações sexuais dos casais devido a uma
educação sexual deficiente, podem ser reflexo da decadência da educação tradicional pura.

Com o reconhecimento e valorização da educação tradicional em Moçambique, o sector de


educação vem fazendo respeitar em algumas zonas, a periodização da realização dos ritos de
iniciação de acordo com as zonas, de modo a não chocar intimamente com o calendário escolar
tomando sempre em consideração e respeito que algumas crianças devem participar nos ritos em
pleno período escolar.
Aspectos positivos

 A circuncisão, devido a higiene pessoal que evita possíveis doenças de transmissão sexual;

 Integração social e formação da pessoalidade do indivíduo;

 Educação cívica moral (respeito aos mais velhos, aos lugares sagrados, aos mortos);

 Educação sexual e matrimonial.

Aspectos negativos

 Os procedimentos para o acto de circuncisão são demasiado dolorosos, aliado ao uso de


instrumentos cortantes não adequados;

 O elevado risco de vida dos iniciados ao mergulhar na água, durante o isolamento ficam a
mercê dos animais ferozes e frio;

 Preparação da mulher para total submissão ao marido, negando-lhe emancipação;

 Educação ao homem para manifestação do poder autoritário;

 Não adequação do programa dos ritos de iniciação com o calendário escolar;

 Longo período de permanência nos ritos de iniciação para os rapazes;

 Separação dos trabalhos caseiros e outros por sexo;

 Limitação da dieta alimentar (não consumo de ovos, fígado, moela, etc.).

Factores que podem interferir nos ritos de iniciação

A educação tradicional em Moçambique através dos ritos de iniciação é complexo e multiforme


devido essencialmente as diversas culturas, como o ilustram as diferentes línguas que abundam,
alicerçado pela vastidão do seu território e influência de culturas dos países vizinhos. Assim,
podem ser apontados alguns factores que podem concorrer negativamente para a manutenção dos
traços culturais tradicionais originais:
 Os valores culturais tradicionais são transmitidos de geração em geração através dos mais
velhos aos mais novos com base na capacidade de aprendizagem e transmissão via oral
de vido a escassez ou não existência de registos escritos. Em cada fase, cada tipo de
cultura vai se fragilizando, e a pouco e pouco a originalidade vai cedendo lugar a
inovações;

 Os interesses relativos a convicções e crenças religiosas que pululam no país, na maioria


transportadas gratuitamente do estrangeiro;

 O matrimónio conjugal entre uma pessoa que passou pelos ritos de iniciação com outra
que não passou pelo rito;

 O impacto do desenvolvimento económico, sócio-cultural, que origina a movimentação


campo-cidade e vice-versa, devido a implantação de novos projectos de
desenvolvimento;

 A actual preocupação do governo na divulgação do programa de prevenção e combate as


DTS/HIV/SIDA a todos os níveis e os cuidados básicos a ter em consideração para não
proliferação da doença orientando, por exemplo, aos procedimentos de utilização de
objectos cortantes, até aos médicos tradicionais;

 A livre escolha de parceiro(a), para o casamento (Cristão – Muçulmano, Macua – Sena,


Maconde – Ronga, Nhungue – Machangana, Negro(a) – Branca(o), etc.).

Casamento (No contexto Moçambicano)

A Lei moçambicana define casamento como sendo uma união voluntária e singular entre um
homem e uma mulher, com o propósito de constituir família, mediante comunhão plena da vida.
O casamento pode ser civil, religioso ou tradicional. Em Moçambique, ao casamento
monogâmico, religioso e tradicional é reconhecido valor e eficácia igual à do casamento civil,
isto quando tenham sido observados os requisitos que a lei estabelece para o casamento civil.

O casamento civil é um contrato entre duas pessoas tradicionalmente com o objectivo de


constituir uma família.
Etapas do processo de casamento civil

As etapas do processo do casamento civil são:

1aetapa

Habilitação: A primeira etapa é o pedido de Habilitação do casamento. Ele visa verificar se os


noivos não estão impedidos para o casamento e que realmente poderão se casar ao final.

Nesta etapa, que deve acontecer pelo menos 30 dias antes da data pretendida para a cerimônia, o
casal deve apresentar todos os documentos necessários para o casamento civil. Confira todos os
documentos necessários para cada caso de estado civil aqui.

Se, em um prazo de 15 dias, não houver nenhum impedimento, os noivos estarão aptos para
casar dentro do prazo de 90 dias corridos.

2aetapa

Agendamento: A segunda etapa é o agendamento da cerimônia. Com 30 dias de antecedência, o


casal precisa ir até o cartório e marca a data do casamento civil. A cerimônia pode ser realizada
no próprio cartório ou em diligência.

3aetapa

Cerimônia: A terceira e última etapa é a cerimônia. Ela é realizada no local e data agendada, na
presença do juiz de casamento civil.

Casamento religioso e tradicional

O casamento religioso e tradicional só podem ser celebrados por quem tiver a capacidade
matrimonial exigida por lei.

Neste tipo de casamentos a capacidade matrimonial dos nubentes é comprovada por meio de
processo preliminar de publicações, organizado nas repartições do registo civil a requerimento
dos nubentes ou do dignatário religioso, nos termos da lei de registo. Verificada no despacho
final do processo preliminar de publicações a inexistência de impedimentos à realização do
casamento, o funcionário do registo civil extrai o certificado matrimonial, que é remetido ao
dignatário religioso e sem o qual o casamento não pode ser celebrado. O consentimento dos pais,
legais representantes ou tutor, relativo ao nubente menor, pode ser prestado na presença de duas
testemunhas perante o dignatário religioso, o qual lavra auto de ocorrência, assinando-o todos os
intervenientes.

Para a realização do casamento religioso é indispensável a presença:

 Dos nubentes ou de um deles e o procurador do outro;

 Do signatário religioso competente para a celebração do acto;

 De duas testemunhas.

Para a realização do casamento tradicional é indispensável a presença:

 Dos contraentes;

 Da autoridade comunitária;

 De duas testemunhas.

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