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Índice

Introdução........................................................................................................................................2

Objectivo geral do trabalho.............................................................................................................2

Objectivos específicos.....................................................................................................................2

Metodologia usada para efectivação do trabalho.............................................................................2

Método Bibliográfico.......................................................................................................................2

Entrevista..........................................................................................................................................2

Ritos de iniciação masculino...........................................................................................................3

Ritos de iniciação masculina de entrada da vida adulta da Etnia Sena em Moçambique................5

Djerwa – marekua: descrição na iniciação masculina na tradição ma-sena....................................6

Conclusão........................................................................................................................................9

Referencias Bibliográficas.............................................................................................................10
Introdução
O Presente trabalho da cadeira de Introdução a Filosofia tem como tema “ Ritos de iniciação
Masculino. Os ritos e as práticas de iniciação constituem aspectos que sustentam a cultura e a
educação africana, principalmente, em zonas rurais, e merecem a interpretação de determinados
aspectos que impactam na formação escolar, sobretudo, na permanência de crianças e jovens nas
salas de aula do ensino regular. Por sua vez, o passado visto na herança da cultura africana
justifica parte das evidências do quanto às tradições afetam a desigualdade de gênero entre
homens e mulheres. Tomamos a sociedade africana patriarcal em que as formas familiares
reveladas no modo de vida imposto às mulheres reforçam o controle da sexualidade feminina,
pela cultura.

Objectivo geral do trabalho


Descrever os ritos de iniciação da etnia Ma- Sena.

Objectivos específicos
 Definir os ritos de iniciação
 Identificar as praticas culturas (ritos de iniciação) da etnia Ma-Sena

Metodologia usada para efectivação do trabalho.

Método Bibliográfico
Para efectivação do presente trabalho pautou-se pela pesquisa bibliográfica.

A pesquisa pode ser considerada um procedimento formal como método de pensamento


reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a
realidade ou para descobrir verdades parciais.

Segundo Ader-Egg (1978:28), citado por LAKATOS, é “um procedimento reflexivo sistemático,
controlado e crítico que permite descobrir novos factos ou dados, relações ou leis em qualquer
campo de conhecimentos”.

Entrevista
A entrevista foi caracterizada por uma conversa aberta dirigida a lider comunitário o regulo Bauaze.

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Segundo Gil (1994:113), considera que a entrevista é “a técnica em que o entrevistador se apresenta
frente ao entrevistado e lhe formula perguntas, com o objectivo de obtenção de dados que interessam a
investigação.”

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Ritos de iniciação masculino

Ritos de iniciação ou de passagem são celebrações que marcam mudanças de status de uma


pessoa no seio de sua comunidade. Os ritos de passagem podem ter caráter social, comunitário
ou religioso.

Ritos de passagem são aqueles que marcam momentos importantes na vida das pessoas. Os mais
comuns são os ligados a nascimentos, mortes, casamentos e formaturas. Em nossa sociedade, os
ritos ligados a nascimentos, mortes e casamentos são praticamente monopolizados pelas
religiões. Já as formaturas não costumam ser, em si, religiosas, mas frequentemente têm
importantes momentos religiosos.

Os ritos são classificados diferentemente, importando aqui fixarmonos nos ritos de passagem (da
adolescência para a adultez), aquilo que Terrin (2004) designa por ritos ligados ao ciclo da vida.
Segundo este autor, o termo rito deriva do latim ritus, que significa ordem estabelecida, a qual
passa por uma expressão cultural comunitária, porém sem qualquer prescrição discursiva ou de
sistema de pensamento para a sua identificação prática. Com esta asserção o autor denuncia o
carácter complexo do rito, distintamente, daquilo que seriam, por exemplo, os rituais
acompanhantes. A par de uma aproximação de carácter mais religioso, ligada a práticas
periódicas de consagração de rituais de sacralidade mitológica, de gestualidade ou
instrumentalismo em crenças (aonde perfila a abordagem de Turner, 1974), Terrin aponta ainda
uma outra linha conceptual, de autores como Goody (1961),57 que encara o rito enquanto
manifestação de performances simbólico-místicas, e não necessariamente instrumentais.58 A
natureza fenomenológica trazida por Terrin dá um enquadramento social ao rito enquanto: “acto
de adoração, um momento de expressão de um todo no nível comunitário, um acto de culto que
tem a sua direcção meta-empírica, e como tal é capaz de unificar de maneira profunda a
experiência do real” (Terrin, 2004: 35). Assim, a par da sua natureza religiosa, o rito deve ser
socialmente enquadrado na perspectiva dos significados que lhe são conferidos e dos
comportamentos. Embora também referenciado na descrição das abordagens feitas por Terrin
(2004), neste capítulo não se aprofundam as perspectivas psicanalítica e catártica, etológica e
ecológica, entre outras. O que é central para o estudo é a análise da continuidade e a
reestruturação de uma ordem social que é cumprida pelos ritos. Para Van Gennep (1977), o ritual
é um objecto autónomo, na esteira da sociologia dinamista, estruturado em cerimónias que estão

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de acordo com o tipo de momento (nascimento, passagem de idade, casamento, morte). As
cerimónias são, portanto, operações que se realizam tendo em conta as finalidades implícitas. Os
rituais regulam e ordenam, constrangendo os indivíduos a uma ordem social e económica mais
geral. Para este autor, a compreensão dos ritos passa pelo conhecimento dos mecanismos e
daquilo que lhes confere significado. Seja quais forem os ritos eles significam uma passagem que
contém uma sequência: a separação, a margem, e a agregação. Cada uma destas sequências e
ritos tem um significado diferente, conforme o momento da vida a que se referem.

Ma sena/senas Segundo Rita-Ferreira (1968), o grupo sena (ma sena) localizou-se,


historicamente, no vale do Zambeze, abrangendo as províncias de Sofala, Tete, Zambézia e parte
de Manica (mapa 2). Este grupo parece ter tido origem no final do século XVIII após a conquista
tsonga sobre os marave e o movimento migratório em direcção ao baixo Zambeze. Há muita
controvérsia em torno da identificação deste grupo enquanto grupo etnolinguístico com
unicidade identitária. É por isso, por exemplo, que, embora haja quem aponte, como é o caso dos
primeiros missionários religiosos, indícios de que no século XVII já era falada a língua sena,
Serra (1998) refere que “a identificação de ma-sena está ligada à antiga fortaleza de Sena
reconstruída no séc. XVIII”. Segundo Braço (2008), os próprios senas se hierarquizam por meio
do seu grau de pertença ou proximidade a uma pureza etnoregional – ntupo (lugar de origem),
daí decorrendo entre eles a distinção entre sena podzo (os “próprios”), sena chuezas, sena gonzo,
sena ntualas (sendo estes os mais afastados do ntupo que, mitologicamente, é referenciado como
sendo uma rocha em Caia Sena que deu origem à organização do grupo, e onde a fortaleza de
Sena veio depois a ser construída, segundo Serra, 1998). Os senas do distrito de Cheringoma são
apontados como sendo uma mistura dos subgrupos chueza e dos phodzo. À semelhança dos
ndau, a organização social dos sena, a chefia e a orientação do parentesco (i.e., pertença dos
genitores, nome da família), é organizado em pequenos agregados correspondentes a uma
estrutura cuja chefia obedece a uma linha parental patrilinear; por direito consuetudinário as
viúvas não herdam, os filhos levam o apelido do pai e pertencem-lhe no caso do fim da
convivência conjugal (separação por morte ou rejeição de uma das partes) – mas as mulheres
podem ser rainhas quando sucessoras por via parental masculina. O casamento é feito com uma
compensação marital no sentido de que a família do noivo paga bens materiais por uma noiva
virgem (virgindade essa que é testada nos ritos da rapariga), elemento que fez com que se
legitimasse a poligamia, o casamento infantil ou a união entre um homem adulto e uma

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criança.69 O adultério masculino não é culturalmente condenável, não acontecendo o mesmo
com o feminino, pois a mulher é tida como reservatório da reprodução e cuidadora fiel do
homem (é por isso que os rapazes sena e ndau aprendem, desde crianças e nos ritos de iniciação,
a chamar “mãe” às suas esposas).

Ritos de iniciação masculina de entrada da vida adulta da Etnia Sena em Moçambique

Tradicionalmente em algumas culturas da etnia sena na zona centro do pais, determinados


momentos na vida de seus membros são marcados por cerimônias especiais, conhecidas
como ritos de iniciação ou de passagem. Essas cerimônias, mais do que representar uma
transição particular para o indivíduo, representa igualmente a sua progressiva aceitação e
participação na sociedade na qual estava inserido, tendo, portanto tanto o cunho individual
quanto o coletivo.

Geralmente, a primeira dessas cerimônias é praticada dentro do próprio ambiente familiar, logo
em seguida ao nascimento. Nesse rito, o recém-nascido era apresentado aos seus antecedentes
diretos, e era reconhecido como sendo parte da linhagem ancestral. Seu nome, previamente
escolhido, era então pronunciado para ele pela primeira vez, de forma solene. Alguns anos mais
tarde, ao atingir a puberdade, o jovem passava por outra cerimônia.

Para os rapazes, essa cerimônia geralmente se dava no momento em que atinge uma certa idade,
é escolhido um ancião, uma pessoa adulta capaz de andar com ele, acompanhalo no crescimento,
na vida. Essa pessoa aconselha sobre o casamento, a vida, sobre a sexualidade.

Na organização dos Ma – Sena os laços familiares tem dupla origem: de um lado eles são
construídos a partir de “N’thupo” e , também advém de “Ndzindza, termos de língua sena que na
explicação de regulo Bauaze, significam o seguinte:

“N’thupo” é o lugar de onde você vem. Essa origem é a mesma, vocês podem se separar
por longo tempo e para lugares distantes, mas quando se encontram e se identificarem
pelo mesmo “N’thupo”, vocês se reconheceram como irmãos. Porque a vossa origem é a
mesma. E Ndzindza, é a família que constrói a partir do casamento.

A educação entre ma-sena é realizada em cada encontro entre indivíduos de idades e


experiencias diferentes, principalmente entre os que compartilham o mesmo N’thupo.

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Tudo que os jovens aprendiam sobre a construção de casas, canoas, de esteiras, aprendiam com
os mais velhos. Quando o jovem encontrava um adulto fazendo uma esteira, ele sentava e
conversava, enquanto isso, o adulto ensina a fazer esteira e as condutas da vida.

Portanto, segundo o regulo Bauze, afirma que muitos jovens de hoje não passam pelos ritos de
iniciação no qual eles são revelados e trazidos a sociedade. A partir do cântico e da dança são
conhecidos na região, recebem a educação necessária para viverem nele os ritos de casamentos
já não existem, por isso que as pessoas casam-se e se traem como consequência são muitos
divórcios na atualidade.

Djerwa – marekua: descrição na iniciação masculina na tradição ma-sena

Pode se compreender os ritos de iniciação masculina na tradição ma-sena a partir dos seus três
momentos:

1º Quando a criança se torna candidata e é retirada na casa dos pais para participar da dança e do
canto.

2º Começa com afastamento da criança para um lugar secreto e distante das pessoas estranhas ao
processo.

3º O retorno da criança transformada em adulta para sua família.

Um aspecto importante a considerar sobre os ritos de iniciação segundo o régulo Bauaze é que
maior parte essas cerimónias depende de cada pai e de cada família. A maior parte dos membros
da família (N’thupo) representa a função do pai, por protegerem e cuidar da criança na sua
quotidiana.

Normalmente, os rapazes são levados quando completam doze anos de idade para o mato. Longe
das pessoas, dos seus pais, irmãos, amigos, longe de tudo. O rapaz não pode olhar para trás, por
olhar para tras significa olhar para o passado, mas o passado não mais existir no rapaz.

O iniciando aprende que a sexualidade é um meio através do qual ele pode participar no
crescimento duma família humana em geral e do alargamento da sua família particular. Ele
começa a perceber que segundo a tradição dos seus antepassados o casamento é a
regulamentação social da sexualidade fecunda.

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É dessa experiencia de personalização, que leva o iniciado a sair da indiferenciação para a
diferenciação segundo os critérios de sexo, da idade e do estatuto social. O rapaz é capaz de
compreender as atribuições, as praticas, os saberes e todos os aspectos inerentes a sua condição
sexual, sua faixa etária e seu lugar na organização da sociedade.

Durante o período de estadia na mata, os jovens aprendem e participam da construção de


cabanas, de esteiras, de canoas, de armadilhas para caçar animais e peixes, cortar o capim para
cobrir o telhado de cabana, todas as coisas uteis para a vida do grupo.

Os neófitos são capacitados nestas actividades, que normalmente são orientadas pelo mestre, não
apenas m função do tempo presente, mas acima de tudo a partir do olhar de importância desses
saberes na vida futura na comunidade.

Os rapazes são educados numa casa fechada (guelo) os conselhos para a vida e para a morte, que
são provas espirituais, onde experimentam a morte pelo simbolo da cabana em forma de útero, a
cova túnel ou arvore dos antepassados. O tempo de permanência neste local define, segundo o
mestre a personalidade do iniciado.

Percebe-se que a finalidade dessa prova é de proporcionar ao iniciado a capacidade de construir


sua personalidade de forma total, que seja capaz de conviver bem neste mundo como no mundo
sobrenatural, o sagrado, atendendo a máxima de que “A morte e a vida é a única casa que nunca
conheceu o divorcio” (ARQUIDIOCESE, 1996, p28.)

O mestre designa um nome novo pelo qual o iniciado será aceite. Cabe a ele essa escolha,
porque a imposição do nome, dar uma identidade a alguém, é tarefa apenas de alguém que
conhece as vias dos antepassados ou pelo homem de olhar penetrante que sabe “ver” pode “ler” o
nome, o destino da criança.

No ultimo dia do ritual são cobertas por uma grande vestimenta, assim percorrem toda floresta
ate em casa, onde são apresentados as famílias descobrindo o seu rosto ao tirar as vestimentas. Ai
a família diz que o nosso filho nasceu de novo, esta aqui e cresceu. Mesmo que a criança tenha
morrido durante tempo da iniciação, ninguém diz que seu filho morreu, os pais notarão isto no
dia de volta, na descoberta dos rostos. Se o pai e mãe notarem que a criança não se encontra no
grupo saberão que morreu e não precisam chorar por isso, pois entendem que ele não estava
preparado para esta vida.

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Os ritos são mais organizados pelas famílias, directamente entre os avós, alguns representantes
da autoridade tradicional (i.e., curandeiro para protecção espiritual do rapaz) e os seus netos –
facto que faz com que a figura dos mestres nestes dois grupos possa não ter o mesmo peso
simbólico que encontrámos no passado e noutros grupos;

Nos dois casos continua a haver lugares sagrados dos ritos mas com o intuito de teste da
fecundidade dos rapazes (através da avaliação da qualidade potencial do esperma numa bacia de
água, ou pela durabilidade da ereção, como nos informaram os adolescentes). É preciso
referenciar que nem nos makonde nem nos makhuwa nos foi mencionada a prova de fecundidade
nos homens (ela é inexistente ou é um dos itens de alto secretismo dos ritos). A masculinidade é
também conferida através de ensinamentos de actividades laborais como fonte de sustento
económico da família para os rapazes, enquanto para as meninas ensina-se a preservação do seu
corpo como garantia de casamento e prestígio social familiar.

Os sena phodzo realizarem a circuncisão, um número importante dos outros subgrupos já não a
realiza como prática de grupo (i.e., sena gonzo e ntuala, segundo nos disse um mestre sena:
“Aqui essa coisa de circuncisão acontece mais com aqueles lá em Caia” (Dipac 2). Esta
informação foi confirmada por dois rapazes sena num grupo focal em Cheringoma: “eu não fiz
circuncisão porque meu pai também não fez” (Marco 2 a); “eu ainda não fiz mas vou fazer
sozinho no hospital”.

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Conclusão

Feito trabalho, conclui-se que Ritos de iniciação ou de passagem são celebrações que marcam
mudanças de status de uma pessoa no seio de sua comunidade. Os ritos de passagem podem ter
caráter social, comunitário ou religioso.

Ritos de passagem são aqueles que marcam momentos importantes na vida das pessoas. Os mais
comuns são os ligados a nascimentos, mortes, casamentos e formaturas. Em nossa sociedade, os
ritos ligados a nascimentos, mortes e casamentos são praticamente monopolizados pelas
religiões.

Portanto, segundo o regulo Bauze, afirma que muitos jovens de hoje não passam pelos ritos de
iniciação no qual eles são revelados e trazidos a sociedade. A partir do cântico e da dança são
conhecidos na região, recebem a educação necessária para viverem nele os ritos de casamentos
já não existem, por isso que as pessoas casam-se e se traem como consequência são muitos
divórcios na atualidade.

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Referencias Bibliográficas
FALOLA, Toyin. O poder das culturas africanas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2020.

FERREIRA, Luís Carlos; SILVA, Geranilde Costa e. Alfabetização e Educação de Adultos em


Moçambique: aspectos da formação humana entre as "Comunidades de Aprendizagem". IN:
LIMA, Ivan Costa; VILLACORTA, Gisela Macambira. NUMBUNTU EM REVISTA:
Educação das Relações Étnico-Raciais em diferentes contextos sociais. V.2, nº5, jan-jun.
Acarape: Gráfica e Editora Imprece, p.141-164, 2019.

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