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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Ensino à Distância

Género e sua relação com HIV (como e que o género pode influenciar na prevalência/incidência
do HIV

Nito Fernando Quembo

Código do estudante: 708216169

Licenciatura em Ensino de Lingua Portuguesa

Cadeira: Habilidade de Vida, Saúde Sexual e

Reprodutiva, Género e HIV-SIDA

Turma:_____

Ano de frequência: 1º Ano

Docente:

Beira, Outubro de 2022

Folha de Feedback
Classificação
Categorias Indicadores Padrões Pontuação Nota do
Subtotal
máxima tutor
 Capa 0.5

 Índice 0.5

Aspectos  Introdução 0.5


Estrutura
organizacionais 0.5
 Discussão
 Conclusão 0.5

 Bibliografia 0.5

 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
Introdução
 Descrição dos objectivos 1.0

 Metodologia adequada ao 2.0


objecto do trabalho
Conteúdo
 Articulação e domínio do
discurso académico 2.0
(expressão escrita cuidada,
Análise e coerência / coesão textual)
discussão
 Revisão bibliográfica
nacional e internacionais 2.
relevantes na área de
estudo
 Exploração dos dados 2.0

Conclusão  Contributos teóricos 2.0


práticos

Aspectos  Paginação, tipo e tamanho


Formatação de letra, paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre linhas
Normas APA 6ª
Referências edição em  Rigor e coerência das
citações/referências 4.0
Bibliográficas citações e
bibliografia bibliográficas

Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor


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Indice
1. Introdução.................................................................................................................................5

1.2. Objectivos.............................................................................................................................6

1.2.1. Objectivo geral..................................................................................................................6

1.2.1.1. Objectivos específicos...................................................................................................6

1.3. Metodologia de pesquisa......................................................................................................7

1.3.1. Pesquisa bibliográfica.......................................................................................................7

2. Género - definição....................................................................................................................8

2.1. Sexo – definição...................................................................................................................8

2.2. Género e sexo.......................................................................................................................8

2.3. Papel do género na sociedade moçambicana........................................................................9

2.4. Definir o HIV......................................................................................................................10

2.5. Dados epidemiológicos actualizados sobre HIV em Moçambique....................................11

2.6. Factores de risco do HIV....................................................................................................12

2.7. Influencia género na prevalência/incidência do HIV em Moçambique.............................14

2.7.1. Ritos de iniciação............................................................................................................15

2.8. Medidas de Prevenção.......................................................................................................16

2.8.1. Prevenção da Transmissão Vertical................................................................................17

3. Conclusão...............................................................................................................................19

4. Referências Bibliográficas.....................................................................................................20
1. Introdução
O presente trabalho aborda sobre o do género e sua relação com HIV (como e que o género pode
influenciar na prevalência/incidência do HIV. A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana
(HIV) tem se configurado como a mais importante e devastadora epidemia contemporânea. A
partir da identificação dos primeiros casos, no início da década de 1980, tem-se evidenciado
franca disseminação pelo mundo, configurando-se na pandemia da actualidade. Desde então,
tornou-se uma das condições clínicas mais pesquisadas em todo o mundo, gerando desafios
diversos à humanidade.

O Sida é uma doença incurável, mas prevenível. Transmite-se através das relações
sexuais não protegidas(penetração sem preservativo),transfusões de sangue não triado,
agulhas e seringas contaminadas.(mais frequentemente as usadas para injectar droga) e
de uma mãe infectada para o seu filho durante a gravidez, o parto ou amamentação.
1.2. Objectivos
LIBANEO (2002:104) afirma que “objectivo, é um fim a ser alcançado, alvo a ser alcançado”.
Por conseguinte, de acordo com a citação que apresentamos acima, o nosso trabalho apresenta
dois objectivos, sendo um geral e outros de caracteres específicos.

1.2.1. Objectivo geral.


Fazer um estudo exploratorio sobre o género e sua relação com HIV

1.2.1.1. Objectivos específicos.


 Definir os termos Genero, Sexo e HIV – SIDA;
 Descrever o género e sua influenciar na prevalência/incidência do HIV.
.
.
1.3. Metodologia de pesquisa
Para a efectivação deste trabalho usou-se o método Analítico que consistiu no uso de técnica de
pesquisa bibliográfica.

1.3.1. Pesquisa bibliográfica


Segundo (LAKATOS 1991:98) abrange toda literatura já tornada publica em relação ao tema em
estudo.

A pesquisa bibliográfica consistiu basicamente na recolha de informações em manuais, livros e


artigos publicados que abordam sobre os conteudos pesquisados.
2. Género - definição
Gênero é o termo utilizado para designar a construção social do sexo biológico. Este conceito faz
uma distinção entre a dimensão biológica e associada à natureza (sexo) da dimensão social e
associada à cultura (gênero). Apesar das sociedades ocidentais definirem as pessoas como
homens ou mulheres desde seu nascimento, com base em suas características físicas do corpo
(genitálias), as ciências sociais argumentam que gênero se refere à organização social da relação
entre os sexos e expressa que homens e mulheres são produtos do contexto social e histórico e
não resultado da anatomia de seus corpos.

2.1. Sexo – definição


Pode-se dizer que sexo está relacionado às distinções anatômicas e biológicas entre homens e
mulheres. O sexo é referente a alguns elementos do corpo como genitálias, aparelhos
reprodutivos, seios, etc. Assim, temos algumas pessoas do sexo feminino (com vagina/vulva),
algumas pessoas do sexo masculino (com pênis) e pessoas intersexuais (casos raros em que
existem genitais ambíguos ou ausentes).

2.2. Género e sexo

O conceito de género começou a ser usado na década de 80 por estudiosas feministas, para
contribuir com um melhor entendimento do que representa ser homem e ser mulher em uma
determinada sociedade e em um determinado momento histórico.

Se falamos em sexo , pensaremos imediatamente em um atributo biológico , ou seja, já ao nascer


o bebe tem um sexo definido . Quando nasce uma menina, sabemos que quando ela cresce será
capaz de ter filhos/as e amamenta-los/as. entretanto, segundo a socióloga Teresa Citellli , o facto
de desde cedo ela ser estimulada a brincar com bonecas e ajudar nos serviços domésticos, por
exemplo, não tem nada a ver com o sexo são costumes, ideias, atitudes, crenças e regras criadas
pela sociedade em que ela vive. Partir da diferença biológica, cada grupo social constrói, em
seu tempo, um modo de pensar sobre os papeis, comportamentos, direitos e responsabilidades
de mulheres e homens “.

Ainda segundo Citelli, “ a grande vantagem de se usar a noção de género, e a de desnaturalizar


relações consideradas ate então do domínio da natureza , e dessa forma evidenciar o carácter
social e cultural da hierarquia entre géneros ,que quase sempre favorece os homens.O que é
considerado natural não pode ser mudado, mas só o que é social e cultural pode ser alterado para
corrigir desigualdades. Essa compreensão do conceito de género permite identificar em nosso
cotidiano: quais sãos símbolos atribuídos a mulheres e homens, quais as normas de
comportamento que decorrem desses símbolos e quais as instituições que funcionam a partir
dessas normas e – o mais importante – quais as consequências disso tudo na vida de mulheres e
homens.

O conceito de género permitiu também que se corrigissem dois equívocos:

a) a ênfase numa igualdade absoluta, negando as diferenças;

b) a centralização em apenas um dos géneros, não levando em conta que a história da


humanidade é uma historia de homens e mulheres em relação.

Enfim conceito de género é, antes de tudo, uma construção histórica e social cujas referencias
partem das representações sociais e culturais construídas a partir das diferenças biológicas do
sexo .se partirmos dessa premissa ,podemos concluir que :se levarmos em conta que o feminino e
o masculino são determinados pela cultura e pela sociedade ,as diferenças que se transformaram
em desigualdades são portanto ,passíveis de mudança.

2.3. Papel do género na sociedade moçambicana

A quantidade de tempo que homens e mulheres destinam para tarefas de cuidado e realização de
trabalho doméstico é diferente, sendo desproporcional para as mulheres, que geralmente
trabalham mais horas do que os homens, com consequências para seu lazer e bem-estar (Banco
Mundial 2012:17). Esta desigualdade aumenta a segregação e as disparidades salariais entre
mulheres e homens. Além disso, limita as oportunidades para as mulheres em termos de
escolarização e trabalho. Se elas estudam, implica menos tempo para estudar; se trabalham pode
significar faltas, atrasos e baixa produtividade devido à sobrecarga de trabalho e pouco tempo de
descanso. De acordo com um informante-chave, o INE não documenta o uso do tempo por
mulheres e homens, incluindo no cuidado, o que seria importante pois disporíamos de dados
fiáveis para a tomada de decisões sobre como reduzir a carga de trabalho das mulheres e
disponibilizar tempo para actividades mais produtivas.
As Estratégias Sectoriais de Género constituem uma oportunidade para a integração de género
nas esferas política, social e económica. O Governo de Moçambique tem Estratégias de Género
em áreas-chave para o desenvolvimento socioeconómico do país como Educação, Saúde,
Agricultura, Recursos Minerais e Função Pública. Porém, não se evidenciam os resultados das
mencionadas estratégias por falta de mecanismos de implementação, monitoria e avaliação das
mesmas para além de algumas estarem desactualizadas. De acordo com informantes-chave e
grupos de discussão realizados nas províncias, as Estratégias de Género Sectoriais não são do
domínio da maioria dos funcionários das instituições responsáveis pela sua implementação. O
seu domínio circunscreve-se quase sempre aos pontos focais de género ou pessoas ligadas às
questões de género nas instituições.

2.4. Definir o HIV

O vírus da imunodeficiência humana (VIH), também conhecido por HIV (sigla em inglês para
human imunodeficiency vírus), é da família dos retrovírus e o responsável pelo SIDA. Esta
designação contém pelo menos duas sub-categorias de vírus, o HIV-1 e o HIV-2. Entre o grupo
HIV-1 existe uma grande variedade de subtipos designados de -A a -J. Porém com o passar dos
anos, surgiram novas subcategorias desse vírus, devido a pessoas portadoras se relacionarem
com outras também portadoras deste vírus e ocasionar uma mistura genética entre seus tipos.

Já dentro do corpo, o vírus infecta principalmente uma importante célula do sistema


imunológico, designada como linfócito T CD4+ (T4).

De uma forma geral, o HIV é um retrovírus que ataca o sistema de defesa humano causando a
síndrome da imunodeficiência adquirida ou SIDA.

O HIV entra no linfócito auxiliar(Helper) T CD4+ ao ligar-se à molécula CXCR4 ou às


moléculas CXCR4 e CCR5, dependendo do estágio no qual a infecção pelo HIV se encontra.
Uma proteína cofator (fusina) é requerida para auxiliar na ligação do vírus à membrana da célula
T. Durante as fases iniciais de uma típica infecção pelo HIV, as duas moléculas CCR5 e CXCR4
estão ligadas, enquanto que um estágio mais avançado da infecção geralmente envolve mutações
do HIV que apenas ligam-se à molécula CXCR4.
Uma vez que o HIV está ligado ao linfócito T CD4+, um estrutura viral conhecida como GP41
penetra na membrana celular e o RNA do HIV e várias enzimas, incluindo (mas não limitada) à
transcriptase reversa, integrase e protease são injectadas na célula.

Uma vez que a célula T hospedeira não processa o RNA em proteínas, o próximo passo é gerar
um DNA a partir do RNA do HIV usando a enzima transcritase reversa para que ocorra a
transcripção reversa. Se bem sucedida, o DNA pró-viral deve ser então integrado ao DNA da
célula hospedeira usando a enzima integrase. Se o DNA pró-viral é integrado ao DNA da célula
hospedeira, a célula torna-se altamente infectada, mas não produzindo activamente proteínas do
HIV. Esse é o estágio latente do HIV, uma infecção durante a qual a célula infectada pode ser
uma "bomba não explodida" potencialmente por um longo tempo.

2.5. Dados epidemiológicos actualizados sobre HIV em Moçambique


A taxa de transmissão vertical do HIV da mãe para o seu filho foi de 13%. Ainda segundo as
estimativas, cerca de 2.1 milhões da população moçambicana vive actualmente com o HIV".

O risco de infecção pelo HIV, alertou o Ministro da Saúde, "é alto entre as populações chave,
mulheres e raparigas adolescentes e mulheres jovens, sendo que em 2020 os adolescentes e
jovens foram responsáveis por 40% das novas infeções por HIV".

Aliás, em 2019, a região da África Subsaariana, com apenas 12% da população mundial,
concentrava cerca de 68% das pessoas de todas as idades vivendo com o HIV no mundo, e
Moçambique, pelas estatísticas, o segundo país na região que mais contribui em novas
infecções por HIV.

E é com o objectivo de alterar este quadro, que arrancou esta Quarta-feira, na capital
moçambicana, a VIII Reunião Nacional do Programa Nacional de Controlo às ITS HIV/SIDA,
cuja abertura foi presidida pelo Ministro da Saúde.

Durante três dias, os participantes do encontro que decorre no formato virtual e presencial, vão
avaliar o grau de implementação das actividades preconizadas para o controlo da epidemia do
HIV/SIDA no país.

 Para já, a "boa nova" é que não obstante a pandemia da COVID-19, o HIV e SIDA não foi
relegado para um plano secundário. "A resposta enérgica ao HIV e SIDA continua a ser uma
emergência nacional e um desafio importante de saúde, desenvolvimento, direitos humanos,
segurança e social", assegurou Armindo Tiago, realçando ainda que a implementação das
intervenções pelas diferentes áreas multidisciplinares e multissectoriais continua a ser
prioridade do Governo de Moçambique e as mesmas não devem ser desaceleradas, sendo que
sua monitoria e avaliação são um imperativo.

Inserido na região Austral de África, a mais fortemente afectada pela epidemia do HIV,
Moçambique continua a ser desafiado no controlo do HIV.

O quadro epidemiológico nacional de acordo com o Ministro da Saúde, "não nos deve
desencorajar. Pelo contrário, deve continuar a inspirar-nos na identificação contínua de
prioridades e na testagem de intervenções que se revelem capazes de acelerar a redução de
novas infecções, a redução da mortalidade, a redução da taxa de transmissão do HIV da mãe
para o filho e o alcance de zero descriminação".

Actualmente, 74% das Pessoas Vivendo com HIV em Moçambique estão a receber
gratuitamente o Tratamento Antirretroviral (TARV) e 94% da rede sanitária pública oferece
Serviços TARV, sendo que nos últimos anos, o país tem observado uma tendência de redução
de novas infecções e de mortalidade por HIV.

Em Moçambique, as prioridades para o controlo do HIV, passam pela prevenção, o


aconselhamento e testagem, a ligação dos elegíveis aos Serviços TARV, a retenção e adesão ao
tratamento e o apoio psicossocial.

2.6. Factores de risco do HIV


O vírus da imunodeficiência humana (HIV) pode ser transmitido durante uma relação sexual
sem proteção ou por via intravenosa, nos casos de compartilhamento de seringas por consumo de
drogas ou transfusão de sangue. Mulheres infectadas também podem transmitir o vírus para o
feto ou durante a amamentação.
O principal fator de risco do HIV é a prática de sexo desprotegido. O risco aumenta no caso de
homens que se relacionam com outros homens pois a possibilidade de transmissão é maior no
sexo anal já que a região do ânus é altamente vascularizada e apresenta maior risco de lesões e
feridas. Além disso, pessoas com lesões cutâneas ou nas mucosas correm maior risco de contrair
o HIV pelas chances maiores de o vírus penetrar na corrente sanguínea. Por questões de
probabilidade, relações sexuais com parceiros múltiplos também representa um fator de risco
para a transmissão de HIV.

Parceiros sexuais múltiplos (concomitantes): Em Moçambique, diversos estudos e relatórios


visavam os parceiros múltiplos, e por vezes concomitantes (tendo dois ou mais parceiros sexuais,
simultaneamente). A frequência reportada de parceiros múltiplos (PM) varia entre os inquéritos
dependendo da utilização do período de tempo, mas foi de 2-26% nas mulheres sexualmente
activas e 17-55% nos homens sexualmente activos. As relações extra-conjugais conhecidas, uma
forma de parceiros múltiplos, é mais frequente em maridos com poder económico e mulheres
jovens, com ensino superior, e vivendo em zonas urbanas.
Fraca utilização do preservativo: Apesar da disponibilização do preservativo ter aumentado
ao longo dos anos, a sua utilização ainda é baixa para reduzir significativamente a transmissão.
O uso consistente do preservativo é mais elevado nos parceiros não-regulares do que nos
parceiros regulares. Os indicadores de actos sexuais não protegidos são mais altos entre os
jovens. A autoavaliação do risco do HIV é fraca e a baixa percepção do risco está relacionada
com a não utilização de preservativos . A situação da fraca disponibilidade do preservativo
feminino coloca a mulher em maior desvantagem na procura de relações sexuais com protecção.
Mobilidade e migração: A prevalência mais elevada do HIV em mulheres grávidas foi
encontrada nos corredores de alta mobilidade, nomeadamente Lichinga-Pemba, Corredor de
Nacala, Quelimane- Milange, Corredor da Beira, Chokwe-Chicualacuala, Chokwe-Xai-Xai-
Maputo e corredor de Maputo. Porém no geral, os níveis da prevalência do HIV nas diferentes
regiões de Moçambique reflectem os níveis da epidemia nos países vizinhos. Um condutor
importante são os parceiros múltiplos associados com a migração de longo e curto prazos. Os
factores estruturais contribuem para que as redes comerciais sejam fracas, bem como os sistemas
capitais. Os corredores de transporte comerciais na região facilitam a disseminação do HIV.
Relações sexuais entre pessoas de gerações diferentes e relações transaccionais: Ambos têm
uma base socioeconómica e cultural muito forte em Moçambique e na região Austral da África e
criam contextos de risco. O sexo transaccional é a transferência de dinheiro, presentes ou favores
por sexo. O relatório denominado “Milking the Cow” {17} afirma que as jovens no centro de
Maputo têm sexo transaccional com o seu amante muitas vezes mais velho, sendo também
frequente a prática de sexo comercial sem uso do preservativo. De acordo com o IDS, de 2003 ,
3.1% das jovens entre 15 e 19 anos de idade tiveram relações sexuais extraconjugais nos últimos
12 meses, com um homem 10 ou mais anos mais velho que elas. Na África do Sul efectuaram-se
estudos, que revelaram que quanto maior for a disparidade etária, menor a probabilidade de sexo
seguro.
e) Níveis baixos de circuncisão masculina: No que concerne aos hábitos culturais, religiosos e
a prática da circuncisão masculina, apesar dos elevados níveis de comportamentos de risco, a
prevalência do HIV nas mulheres grávidas permanece mais baixa nas zonas com elevada
circuncisão. Nas três províncias da região Norte: Cabo Delgado, Nampula e Niassa assim como
na província de Inhambane no Sul do país, segundo o IDS de 2003 {19}, a proporção de pessoas
submetidas à circuncisão está acima de três em cada quatro homens e nestas quatro províncias as
taxas de seroprevalência são também mais baixas. Por outro lado, as províncias de Gaza, Manica,
Sofala, Tete e Zambézia têm baixos níveis de circuncisão (<50%) e todas, têm registado elevadas
taxas de seroprevalência do HIV. Esta constatação corrobora com a evidência internacional que
sustenta que homens submetidos à circuncisão têm menos risco de contrair o HIV quando
comparados aos homens não submetidos a circuncisão.

2.7. Influencia género na prevalência/incidência do HIV em Moçambique

Ao nível comunitário existem vários factores sócio-culturais que influenciam de formas


diferentes o risco e a vulnerabilidade à infecção pelo HIV, em particular, para as mulheres: a
forma como a sociedade constrói a identidade e sexualidade feminina e masculina, o estatuto
social da mulher, o estigma e a discriminação (apesar da Lei 12/2009) o desigual acesso aos
serviços de saúde, a pobreza e exclusão social, a garantia dos direitos humanos fundamentais. A
análise dos factores sócio-culturais sugere que as crenças e práticas culturais sustentam e
mantêm as desigualdades de género, reservam à mulher e à rapariga um estatuto social
secundário e aumentam a vulnerabilidade da mulher à infecção. Para além disso as relações de
género baseadas em relações desiguais de poder, bem como as dinâmicas do casamento
favorecem o homem nas decisões relativas às necessidades económicas.
Nestas condições a violência doméstica é comum.
Tradicionalmente, no contexto matrimonial e fora deste, espera-se que a mulher seja passiva em
relação ao parceiro, no casal há pouca comunicação e negociação acerca do sexo que é
obrigatório, não podendo a mulher discutir com o parceiro aspectos ligados à sua eventual
infidelidade. Há casos frequentes de jovens raparigas forçadas a casamentos prematuros com
homens mais velhos, por vezes em contextos poligínicos, o que também representa um factor de
risco. As viúvas e os órfãos, em particular quando lhes é retirado o seu direito à herança, ficam
sem terra e sem abrigo, sendo mais vulneráveis a práticas de risco, situações de abuso e violência
sexual. Muitas vezes as mulheres idosas ficam como únicas responsáveis por crianças órfãs. Há
outros factores sócio-culturais inerentes à esfera sexual e sexualidade que contribuem para o
risco de infecção, tais como os rituais de purificação sexual da viúva, tratamentos nos
curandeiros que envolvem o sexo desprotegido, e o recurso aos produtos vaginais para secar a
vagina e proporcionar uma maior fricção no acto sexual que aumenta o risco de infecção ao HIV,
para além de serem práticas percebidas como incompatíveis com o uso do preservative.
As estratégias para a redução de risco e vulnerabilidade ao HIV devem ser multifacetadas,
considerando o contexto, as culturas das comunidades e as suas necessidades, utilizando uma
abordagem focalizada na compreensão e fortalecimento da componente de género sensível as
diferentes necessidades de homens e mulheres, que promova a equidade, os direitos do cidadão a
não discriminação e a inclusão social.
2.7.1. Ritos de iniciação

Os ritos de iniciação são um exemplo de prática sociocultural que põe as raparigas e mulheres
em situação de subordinação em relação aos rapazes e homens. Os ritos regulam os
comportamentos tentando conservar as hierarquias e reforçar as desigualdades de género (função
de chefe para o homem e de mãe para mulher) (WLSA 2013). Estas práticas têm vindo a
reproduzir o modelo da inferioridade das mulheres/raparigas, o que legitima a cultura de
dominação patriarcal. Segundo o estudo da WLSA (2013) não há grande diferença na
transmissão das mensagens de desigualdade de género e divisão sexual de trabalho tanto na
organização patrilinear como na matrilinear. Nos dois casos os ritos ensinam aos rapazes a serem
detentores directos do poder parental e patrimonial do lar. Com base nas discussões havidas nas
províncias e nos estudos analisados, os ritos de iniciação, legitimando a passagem das crianças à
idade adulta e à sexualidade, incentivam o casamento prematuro, e consequente abandono
escolar. Contudo, os grupos focais salientaram a importância dos ritos de iniciação na construção
da identidade social e no ensino sobre a sexualidade. Também recomendaram uma revisão da
informação divulgada, consoante a idade das crianças, e baseada em valores de equidade de
género. Foi referido, por exemplo, que os ritos eram feitos em 3 fases mas que actualmente, com
a pobreza, as famílias logo que a rapariga tiver a menarca ingressa nos ritos em uma única fase
onde recebe todas as informações relacionadas com a sexualidade e o papel da mulher na família,
e muitas vezes numa idade não apropriada. E este facto foi apontado como uma das causas do
início precoce da vida sexual e dos casamentos prematuros. A iniciação sexual acontece mais
cedo nas províncias do Niassa, Cabo Delgado e Zambézia, províncias onde mais se realizam os
ritos de iniciação, comparando com as províncias do sul, onde esta prática é quase inexistente.

2.8. Medidas de Prevenção

São várias formas de prevenção do HIV e DTS, mas destacam-se:

ABSTINÊNCIA SEXUAL: Todas as vezes que iniciarmos um novo relacionamento e


desejarmos ter relações sexuais sem protecção, teremos, antes que solicitar ao nosso parceiro
para fazer um controle.

FIDELIDADE: Se decidirmos ter relações sexuais sem protecção com um parceiro que não
tenha uma DTS, então teremos de ter a certeza de que o nosso parceiro apenas tem relações
sexuais connosco o que é muito difícil. Se o nosso parceiro tem relações sexuais sem protecção
com uma outra qualquer pessoa, ele ou ela pode contrair DTS e transmiti-la a nós.

USO DO PRESERVATIVO: Prática do sexo seguro.

O uso consistente do preservativo nas relações sexuais é um elemento indispensável na redução


das novas infecções, sobretudo em jovens e num contexto em que parceiros múltiplos e
concomitantes são um dos factores propulsores da epidemia. O uso de preservativos na última
relação sexual é um dos indicativos da mudança comportamental para a prática de sexo seguro.
Desafios
Apesar da distribuição do preservativo masculino ter aumentado, prevalecem fragilidades dos
sistemas de sua gestão e de distribuição, sobretudo nas zonas rurais. Enquanto isso, ainda não há
evidências de que a utilização dos preservativos distribuídos tenha contribuído para reduzir
significativamente os índices de novas infecções. A venda do preservativo tem sido apontada
como factor diminuidor do acesso ao mesmo. A despeito disso, dados disponíveis mostram que o
uso consistente do preservativo é mais elevado nos parceiros não regulares e que actos sexuais
não protegidos são constantes entre os jovens. A auto-avaliação do risco do HIV é fraca e a baixa
percepção do risco está relacionada com a não utilização de preservativos {9}. Em Moçambique
já foram documentadas tendências de fraco e/ou não uso do preservativo, ligado a questões de
discordância entre cônjuges, barreiras culturais e religiosas e a dinâmicas de relações desiguais
entre homens e mulheres, sejam eles jovens ou adultos. {9, 63}. Para além disso a experiência de
implementação do PEN II revelou pouca divulgação e acesso ao preservativo feminino {47}.
Prioridades Estratégicas
Para responder a estes desafios a estratégia preconiza a melhoria da capacidade logística e de
gestão da distribuição de preservativos a todos os níveis, sobretudo nas zonas rurais, através de
uma melhor coordenação entre os intervenientes (sectores público e privado e sociedade civil),
incluindo a distribuição gratuita do preservativo masculino e feminino; o aumento, entre os
homens e mulheres sexualmente activos, casais discordantes, envolvidos em redes de parceiros
múltiplos e concomitantes, adolescentes, jovens, adultos e idosos, a proporção dos que usam
consistentemente o preservativo masculino e feminino através de actividades de comunicação
para a mudança comportamental e realização de marketing social para a aceitação do seu uso;
produzir materiais de comunicação apropriados ao contexto moçambicano a serem usados nas e
pelas famílias e envolver os líderes comunitários, incluindo PMTs, parteiras tradicionais e
conselheiros dos ritos de iniciação na sua disseminação. A promoção do uso do preservativo
deve estar acompanhadas de iniciativas de comunicação educativa para que homens e mulheres
compreendam que o preservativo é um factor de protecção que deve ser usado de forma
responsável e com respeito mútuo. Deve-se priorizar corredores de desenvolvimento cobrindo
grupos de pessoas de alta mobilidade. Deve-se facilitar existência de evidências de base sobre o
uso de preservativo feminino através de oportunidades de pesquisa com vista a identificar e
compreender em que condições seria desejável às mulheres o uso do preservativo feminino bem
como investigar meios de prevenção alternativos sobre os quais a mulher tenha exclusivo poder
de decisão.
2.8.1. Prevenção da Transmissão Vertical
A prevenção da transmissão do HIV de mãe para filho continua a ser uma área temática
prioritária na componente de prevenção. O PTV constitui uma das áreas de intervenção que
expandiu de forma rápida ao longo da implementação do PEN II.
Desafios
Ainda que haja um reconhecimento da rápida expansão da prevenção da transmissão vertical
(PTV) nos últimos anos, os desafios principais estão relacionados com o facto de as crianças
continuarem a ser menos beneficiadas por fraca sensibilidade dos familiares e acompanhantes; o
ainda insuficiente acesso ao TARV para mulheres grávidas elegíveis na CPN; insuficiente uso de
maternidades o que facilitaria contactos com mulheres; a insuficiente cobertura de serviços de
PTV; incompleta cobertura de ARVs para crianças e o fraco seguimento das crianças expostas;
inconsistente adopção de práticas seguras de aleitamento materno; frágil inclusão da família,
parceiros masculinos e outras pessoas decisoras chave na família; controle insuficiente da
qualidade dos dados na área de monitoria e pouca padronização dos indicadores; pouca prática
de desenvolvimento de pesquisa operacional e avaliação do programa na área de Saúde Materna
e Infantil.
Prioridades Estratégicas
O enfoque estratégico nesta área é assegurar uma provisão adequada e holística de serviços de
PTV de qualidade a todas as mulheres em idade reprodutiva e dos seus filhos bem como o seu
seguimento a nível familiar e comunitário para reforçar a adesão. Este objectivo vai ser atingido
desenhando e implementando intervenções comunitárias para melhorar a percepção sobre a
importância da PTV para a saúde da mãe e da criança e sobre o impacto da sobrevivência da mãe
no bem-estar familiar, principalmente na educação das crianças e facilitando a integração de
temáticas de PTV/TARV/IMAI nos curricula de formação pré-serviço de enfermeiras básicas de
SMI para aumentar o acesso com qualidade; reforçar a ligação SNS, famílias e comunidade
conhecendo e dialogando sobre as praticas sociais e culturais, incluindo a ligação sistemática do
Serviço Nacional de Saúde com acções tendentes ao ‘empoderamento’ da Mulher, como os
grupos de mães, de modo a reduzir a Feminização do HIV e melhorar a PTV;
3. Conclusão

Feito o trabalho, conclui-se que o vírus da imunodeficiência humana (VIH), também conhecido
por HIV (sigla em inglês para human imunodeficiency vírus), é da família dos retrovírus e o
responsável pelo SIDA.
As ciências sociais tem feito nos últimos anos uma distinção entre os conceitos de sexo e gênero.
Pode-se dizer que sexo está relacionado às distinções anatômicas e biológicas entre homens e
mulheres. O sexo é referente a alguns elementos do corpo como genitálias, aparelhos
reprodutivos, seios, etc. Assim, temos algumas pessoas do sexo feminino (com vagina/vulva),
algumas pessoas do sexo masculino (com pênis) e pessoas intersexuais (casos raros em que
existem genitais ambíguos ou ausentes).

Gênero é o termo utilizado para designar a construção social do sexo biológico. Este conceito faz
uma distinção entre a dimensão biológica e associada à natureza (sexo) da dimensão social e
associada à cultura (gênero). Apesar das sociedades ocidentais definirem as pessoas como
homens ou mulheres desde seu nascimento, com base em suas características físicas do corpo
(genitálias), as ciências sociais argumentam que gênero se refere à organização social da relação
entre os sexos e expressa que homens e mulheres são produtos do contexto social e histórico e
não resultado da anatomia de seus corpos.
4. Referências Bibliográficas
 MISAU/DNS/ Programa de Saúde Sexual e Reprodutiva para Adolescentes e Jovens;
Manual de Educação e aconselhamento em sexualidade, Saúde e Direitos
Reprodutivos e HIV/SIDA para Adolescentes e Jovens, Fundo das Nações Unidas para
à Popula População. Maputo, Moçambique. 2003.
 Chipkevitch, Puberdade e Adolescência, Editora lglu, São-Paulo, Brasil, 1992
 Bastos, Alvaro; Ginecologia Infanto-Jovenil, Editora Roca, São-Paulo,Brasil,1994
 MISAU/DNS; Aconselhamento e testes voluntários-Manual do Conselheiro e do
Supervisor dos Gabinetes de ATV, MISAU,Maputo,Moçambique, 2001.

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