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Universidade Pedagógica
Beira
2021
Diolinda Ábias João Chinhama
Universidade Pedagógica
Beira
2021
Índice
Capitulo I. Introdução.................................................................................................................3
Conclusão..................................................................................................................................10
Referencias................................................................................................................................11
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Capitulo I. Introdução
O presente trabalho que tem como tema “Ritos de Iniciação feminina”. Os ritos, sejam
de passagem de idade, sejam de nascimento, matrimónio ou morte, têm sido estudados
enquanto objecto autónomo pelas disciplinas que constituem as ciências sociais, sobretudo
desde as últimas décadas do século passado, quando, principalmente a antropologia e a
sociologia sobrelevam a importância da contextualização cultural e a sua relação com as
esferas de ordem política, económica e social. Isto é, as novas abordagens interferem na
“perda de inocência” dos ritos como expressão de uma cultura essencial, original e imóvel,
deslocando o olhar para a estrutura de poder que influencia e orienta as suas funções,
organizando as representações e as práticas dos actores sociais.
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Ritos de iniciação são celebrações que marcam mudanças de status de uma pessoa no
seio de sua comunidade1.
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Ritos_de_iniciação
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MEIRA (2009:28), num trabalho sobre ritos de passagem, defende os ritos como tendo
uma função de padronização de comportamentos e valores com o fim de reforçar a pertença
ao grupo. Os ritos ordenam, classificam e orientam, salvam do “caos” e da desordem, tendo
assim um papel de harmonização, cumprindo ao mesmo tempo uma função terapêutica.
Ao romper, por vezes, por meio de sofrimento e de sevícias, com o passado, o iniciado
fica curado da infância e prepara-se para viver e pensar em função de um novo estatuto que o
qualifica como adulto. Por essa razão, as sociedades, para sua sobrevivência, adaptam e
ajustam os antigos rituais numa procura de coesão que lhes dá sentido. Como afirma Para
MEIRA (2009: 192), os ritos contêm em si a cooperação entre os iniciados, o
reconhecimento de uma autoridade colectiva e a “determinação de responsabilidades”.
2.3. Ritos de iniciação feminina
Uma rapariga só é reconhecida como ser completo depois de ter passado pelos ritos de
iniciação, este tem como objectivos a formação de mulheres para enfrentar as múltiplas
tarefas do lar nos aspectos de uma futura esposa, mãe e produtoras de bens materiais em
beneficio do marido e dos filhos. As mestras ensinam que a menstruação nada tem de
anormal, antes pelo ao contrario de quem em breve pode procriar.
Segundo MWAMWENDA (1986:78) “ao nascer, o bebê Macua não se encontra ainda
plenamente integrado na sociedade. Seu verdadeiro nascimento social acontece após fazer
parte dos ritos de iniciação”. Crianças não iniciadas são de facto consideradas pessoas
incompletas, um pouco “animaizinhos”, tanto que, no caso de morte de um não-iniciado os
ritos fúnebres serão reduzidos (um pouco como acontecia no passado com as crianças não
batizadas).
poderão participar dos momentos importantes da vida colectiva, tais como cerimônias,
funerais e reuniões da aldeia. As marcas deixadas no corpo do iniciado durante o ritual são os
sinais, sinais físicos de transformação na personalidade e no status do indivíduo.
Os ritos de iniciação sexual são uma prática comum nas zonas rurais de Moçambique e
consistem em preparar as meninas, entre 9 e 13 anos de idade, para satisfazerem sexualmente
os seus maridos, cumprirem os caprichos dos esposos e serem agradáveis para com a sua
futura família.
As meninas são tiradas da escola e da família logo quando têm a primeira menstruação,
às vezes antes, e são fechadas numa casa onde as madrinhas lhes ensinam práticas sexuais
durante duas ou três semanas. De acordo com um relatório da Unicef, agência das Nações
Unidas para a defesa dos direitos humanos nos ritos femininos “São preparadas para alargar
os seus lábios vaginais, que devem ser grandes para dar mais prazer; a usar o sexo
masculino e inclusive a seguir uma prática chamada Othuma, que consiste na dilatação
vaginal. Algumas práticas como a dilatação vaginal começam aos 8 anos”.
Este rito baseia-se na ideia de que a mulher é inferior ao homem. Além dos
ensinamentos sexuais, as meninas devem aprender a limpar o marido após o sexo, para não
sujar a roupa da cama, e a aceitarem desde o início os caprichos do homem para que este não
rejeite a esposa. As crianças devem ainda saber limpar a casa, preparar a comida e agradar à
família do futuro esposo, ponto que contam para o “seu valor futuro, o seu preço”.
Uma rapariga só é reconhecida como ser completo depois de ter passado pelos ritos de
iniciação, estes tem como objectivo a formação de mulheres para enfrentar as múltiplas
tarefas do lar nos aspectos de uma futura esposa mãe e produtora de bens materiais em
benefício do marido e dos filhos. De acordo com MACUÁCUA e OSÓRIO (2013:88), as
mestras ensinam que a menstruação nada tem de anormal, antes pelo ao contrário de que em
breve pode procriar.Esses ensinamentos para raparigas adolescentes não são bem
interpretados.
desistências nas escolas, outros preferem evitar uma colisão das mensagens com os costumes
das comunidades.
A educação tradicional é uma educação não formal. Ela é dada à criança de uma
maneira que não lhe permite individualizar-se do grupo, visando a formação da personalidade
no sentido de dependência no grupo através do desenvolvimento da sua consciência.
Os ritos de iniciação têm lugar por volta dos 10/15 anos e são marcados por acções
educativas mais conscientes. É nessa altura que a educação das raparigas são confiadas a
alguns membros designados pela comunidade, compreendendo os fundamentos da vida social,
os valores culturais, costumes e tradições.
Numa estreita ligação com os adultos, as adolescentes aprendem um ofício, são lhes
comunicado os principais segredos da família e da tribo. Assim, a adolescente forjada na
iniciação é umamulher completa, ela tem da sua vida e da sua comunidade uma ideia clara e
corrente, sabre o que ou outros esperam e o que delas pode esperar.
Por outro lado, o que se observa atualmente em grande parte das jovens nas cidades ou
vilas, são inúmeros casos, de má conduta nas escolas, centros internatos e lares, falta de ética,
a aderência a atitudes imorais, o consumo de álcool e drogas, a prática de criminalidade, as
infidelidades conjugais, os divórcios ou ainda as insatisfações sexuais dos casais devido a
uma educação sexual deficiente. Isso na opinião da autora deste trabalho, pode ser reflexo da
decadência da educação tradicional pura. É o caso do bairro em causa.
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Má preparação da rapariga no que concerne ao aspecto que diz respeito ao valor que
possui o seu sexo perante os homens;
Os procedimentos para o acto de circuncisão para os rapazes são demasiado dolorosos,
aliado ao uso de instrumentos cortantes não adequados;
O elevado risco de vida dos iniciados ao mergulhar na água, durante o isolamento
ficam a mercê dos animais ferozes e frio;
Preparação da mulher para total submissão ao marido, negando-lhe emancipação;
Educação ao homem para manifestação do poder autoritário;
Não adequação do programa dos ritos de iniciação com o calendário escolar;
Longo período de permanência nos ritos de iniciação para os rapazes;
Separação dos trabalhos caseiros e outros por sexo;
Limitação da dieta alimentar (não consumo de ovos, fígado, moela, etc.).
Conclusão
Referencias
MWAMWENDA, Tuntufye S (2004). Psicologia Educacional. Uma perspectiva Africana.
Texto Editores Maputo: Editora Texto Editores LDA.
OSÓRIO, C. (2006). “Sociedade matrilinear em Nampula: estamos a falar do passado”? In:
Outras Vozes, nº 16, Agosto.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ritos_de_iniciação, a cessado no dia 03 de Mio de 2019