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Introdução
O presente trabalho reflecte a pesquisa por nós feita deixando o trabalho clarificado e formidável
ao leitor pelas calorosas surpresas da História do casamento em Moçambique e suas novas
formas de conjugalidade. O parentesco, a família e o casamento são temas interessantes, também
o casamento tradicional (lobolo), e com referência ao contexto moçambicano, entre outros,
desenvolve-se estudos empíricos e reflexões que são hoje referências importantes na sociedade
moçambicana. Poderíamos enumerar, sobre o lobolo de várias regiões Moçambicanas (chamado
casamento tradicional) em Moçambique.
Este foi sendo apresentado na literatura ora como prática retrógrada a eliminar (durante o período
colonial e logo após a independência o lobolo foi proibido), ora como prática e expressão
cultural imaculada, parada no tempo e resistente a qualquer alteração, ora como instrumento de
subjugação da mulher dentro do lar e ainda como cerimónia com função integradora da
sociedade. Enquanto tradição moderna, tradição reinventada, descrita de forma processual.
Uma vez elucidados os procedimentos teórico básicos e feita uma pequena revisão de literatura
sobre o lobolo em Moçambique, passemos, nesta parte deste trabalho, à tradução da História do
casamento em Moçambique e suas novas formas de conjugalidade. Tema que, comummente
passa despercebido do olhar dos antropólogos moçambicanos, pelo fato de parecer natural e
encarado quase como uma banalidade que apela tão pouco à sua descrição.
Objectivos
Objectivo Geral
Pretendemos propor/dar a compreender e estudar o casamento em Moçambique e suas novas
formas de conjugalidade, a culturas Moçambicanas no que diz respeito ao casamento desde a
antiguidade até então aos dias de hoje.
Objectivos Específicos
Estudar o casamento em Moçambique e suas novas formas de conjugalidade.
Estudar o fluxo actual no processamento das culturas Moçambicanas no que diz respeito
ao casamento em Moçambique e suas novas formas de conjugalidade
Metodologia
Visto isso, a seguir são apresentados os métodos e técnicas utilizadas no desenvolvimento deste
trabalho.
Para este estudo, colectamos dados por meio de Pesquisa bibliográfica, este método, consistiu na
obtenção de conhecimentos em livros ou documentos. Para tal, consultamos algumas fontes
bibliográficas e outros documentos importantes que facultaram as nossas abordagens em torno
do tema em questão.
História Do Casamento Em Moçambique
Antigamente nas culturas Moçambicanas, havia uma grande variedade, dependendo de factores
culturais, nas regras sociais que regem a selecção de um parceiro para o casamento.
Rita Ferreira (1967/68) afirma que o casamento era uma questão privada entre dois grupos,
concluída sem intervenção das autoridades políticas ou religiosas. O seu fim era a produção de
novos indivíduos que, no futuro, assegurassem a sobrevivência do grupo como um corpo
organizado. As negociações eram levadas a efeito entre as famílias interessadas e o
consentimento dos noivos era pressuposto.
Considerava-se, por conseguinte, como uma troca de serviços entre duas famílias pertencentes a
clãs diferentes: uma delas cedia à outra a capacidade procriadora de um dos seus membros e,
para ser compensada pela perda, recebia determinados bens (lóbolo) que normalmente eram
destinados à aquisição duma noiva para um dos irmãos da recém-casada (p.291-292).
Outro tipo de selecção de casamento é o levirato, em que as viúvas são obrigadas a casar com o
irmão do seu marido. Este tipo de casamento era encontrado principalmente em sociedades onde
o parentesco é baseado em grupos de clãs endogâmicos. Em outras culturas Moçambicanas com
regras menos rígidas que regem os grupos dos quais um parceiro pode ser escolhido, a selecção
de um parceiro de casamento pode exigir um processo em que o casal deve passar por uma corte
ou o casamento pode ser arranjado pelos pais do casal isto era predominante em muitas culturas.
O lóbolo em Moçambique
O lóbolo em Moçambique foi sendo apresentado na literatura ora como prática e expressão
cultural imaculada, parada no tempo e resistente a qualquer alteração, ora como instrumento de
subjugação da mulher dentro do lar (Agadjanian, 1999; Osório e Arthur, 200), e ainda como
cerimónia com função integradora da sociedade.
Alguns autores (ex: Cipire, 1996) consideram que no sistema patrilinear o lóbolo é encarado
como uma troca de serviços entre duas famílias pertencentes a clãs diferentes. De acordo com
Cipire (1996: 58), está na origem do lóbolo o valor que em África é dado à mulher.
Antigamente o pagamento ao responsável pela jovem (o pai, o tio, o irmão) era uma forma de
agradecer a família da esposa a honra dada ao rapaz e, além de ser uma forma de informar aos
espíritos dos antepassados que a jovem ia sair da casa paterna.
Funções Do Lóbolo
Deste modo, as funções do lóbolo eram múltiplas. Em primeiro lugar representava uma
compensação (no sentido lato) e não um “dote” nem um “preço de compra”, como de forma
errada alguns o têm considerado nos dias de hoje. Em segundo lugar legalizava a transferência da
capacidade reprodutora da mulher para o grupo familiar do marido, de que passava a fazer parte.
Em terceiro lugar dava carácter legal e estabilidade à união matrimonial.
Em quarto lugar tornava o marido e respectiva família responsáveis pela manutenção e bem-estar
da mulher lóbolada (esposa). Em quinto lugar legitimava os filhos gerados, que se consideravam
sempre como pertencentes à família que havia pago o lóbolo. Em sexto lugar constituía um meio
de aquisição de outra unidade reprodutora para o grupo enfraquecido.
O Sentido Do Lóbolo
Antigamente o lóbolo não era mais do que uma cerimónia que representava uma união conjugal,
extremamente tradicional. Isso para dizer que era de carácter obrigatório para quem quisesse
construir uma família.
A família do noivo era obrigada a levar para casa da noiva um certo dote, em forma de
“agradecimento” por ela ter sido bem tratada e educada. E nesse momento ambas conheciam-se e
selavam oficialmente a união conjugal, após satisfeitos os requisitos exigidos pela família da
Lobolada. As exigências variavam de acordo com o que existia abundantemente em uma
determinada época.
Por exemplo, houve alturas em que em Moçambique, na prática do lóbolo as famílias da noiva
exigiam como sinal de “troca”, esteiras, pilões, enxadas. Mas com tempo as exigências foram
mudando, passando a ser alianças de ouro.
Depois disso vieram as cabeças de gado (sobretudo no sul de Moçambique), mas com as guerras,
o gado também começou a escassear, daí vieram os produtos das mercearias dos homens de raça
branca e indiana (capulanas, panelas de alumínio, vestidos, fatos…). Mas nisso tudo, os factos
materiais eram apenas uma forma de gratificação que a família do esposo pretendia ceder, pelo
facto da noiva lhes agradar. Observando que muitas delas se casavam virgens, e tendo
conhecimentos de todos os deveres domésticos que uma rapariga educada dentro dos parâmetros
tradicionais deveria ter.
Considera-se também que o lóbolo servia de mecanismo protector da mulher e dos seus filhos
em caso de uma fatalidade que a deixe sem recursos. A mulher lobolada e com filhos, em caso da
morte do marido, passa a ser um encargo da povoação onde vive, isto é, sente-se protegida e para
ela a situação do lóbolo é um amparo nas contingências da vida.
A orientação que pendia sobre o grupo familiar da mulher de apresentar uma substituta
no caso de comprovada esterilidade da lobolada;
A obrigação dos irmãos mais velhos ajudar os mais novos na obtenção do lóbolo;
A continuação da viúva no grupo familiar do marido.
Deste modo, ao casar-se, a mulher tornava-se mais do que esposa de determinado indivíduo.
Tornava-se membro da família do marido.
Casamento Ou Matrimónio
Entretanto, admite-se que o casamento é, ao mesmo tempo, contrato e instituição social, pois
apesar de possuir a forma de um contrato (sendo na verdade bem mais que um mero contrato).
As pessoas casam-se por várias razões, mas normalmente fazem-no para dar visibilidade à sua
relação afectiva, para buscar estabilidade económica e social, para formar família, procriar e
educar seus filhos, legitimar o relacionamento sexual ou para obter direitos como nacionalidade.
Um casamento é frequentemente iniciado pela celebração de uma boda, que pode ser oficiada
por um ministro religioso (padre, rabino, pastor), por um oficial do registo civil (normalmente
juiz de casamentos) ou por um indivíduo que goza da confiança das duas pessoas que pretendem
unir-se.
Em direito, é chamado "cônjuge" às pessoas que fazem parte de um casamento. O termo é neutro
e pode se referir a homens e mulheres, sem distinção entre os sexos. Actualmente com a
evolução há novas formas conjugais e uma variação no quanto a selecção de parceiros é uma
decisão individual pelos próprios parceiros ou de uma decisão colectiva por parte de seus
parentes, existindo uma variedade de opiniões que regulam quais parceiros são opções válidas.
Actualmente em outras sociedades Moçambicanas, um parceiro deve ser escolhido de um mesmo
grupo. Este é o caso de muitas sociedades que praticam religiões Muçulmanas e outras, na qual a
sociedade é dividida em vários clãs totémicos exogâmicos, como a maioria das sociedades.
Faz-se notar também que o lóbolo sofreu algumas modificações. As regras da economia
monetária degradaram as relações entre os indivíduos e entre os grupos familiares. Onde outrora
se processava uma repartição coerente de mulheres e de alianças, passaram a surgir competições
e ganâncias onde só entra o factor material.
Infelizmente podemos notar que o sentido do lóbolo tem sido assustadoramente deturpado pelos
nossos mais velhos. Sim, eles é que fazem a lista das exigências da família! Mas vamos focalizar
um ponto: Actualmente é muito raro encontrar mulheres que são loboladas virgens, e com
conhecimentos de trabalhos domésticos. Coisa que não acontecia, e se tal acontecesse, a família
da noiva era obrigada a pagar multa, saldando assim a dívida para com a família do noivo.
Infelizmente podemos notar que o sentido do lóbolo tem sido assustadoramente deturpado pelos
nossos mais velhos. Sim, eles é que fazem a lista das exigências da família! Mas vamos focalizar
um ponto: Actualmente é muito raro encontrar mulheres que são loboladas virgens, e com
conhecimentos de trabalhos domésticos. Coisa que não acontecia, e se tal acontecesse, a família
da noiva era obrigada a pagar multa, saldando assim a dívida para com a família do noivo.
Infelizmente podemos notar que o sentido do lóbolo tem sido assustadoramente deturpado pelos
nossos mais velhos. Sim, eles é que fazem a lista das exigências da família! Mas vamos focalizar
um ponto: Actualmente é muito raro encontrar mulheres que são loboladas virgens, e com
conhecimentos de trabalhos domésticos. Coisa que não acontecia, e se tal acontecesse, a família
da noiva era obrigada a pagar multa, saldando assim a dívida para com a família do noivo.
A procriação, que permitia ao homem realizar-se orgulhosamente como genitor, continuava a ser
a finalidade principal do casamento, e que a criança mantinha-se no âmago da sociedade.
Afirmava-se já uma crescente espontaneidade na selecção sexual, sendo frouxamente respeitada
a autoridade e a opinião dos parentes. Este incremento das tendências individualistas, acelerado
pelo facto de os jovens dependerem pouco do auxílio dos parentes para conseguir a importância
necessária ao lóbolo, não deixa, por vezes, de dar origem a conflitos.
O lóbolo deixou de ser considerado como meio de aquisição de uma mulher para o irmão da
noiva e, por pressão da economia monetária, passou a ser pago predominantemente em dinheiro,
que é dispendido do mesmo modo que o obtido com os salários ou a venda de produtos agrícolas.
Ao lóbolo passou a ser dada uma utilização meramente especulativa, ansiando os pais, por pura
avidez de lucro, exigir importâncias cada vez maiores.
Hoje, para além de continuar a ser exigido não só pelos pais devido aos lucros que auferem mas
também pelas mulheres que o julgam como factor de protecção e como uma afirmação do seu
valor pessoal, o lóbolo é também desejado pela maioria dos homens que o consideram como
prova indiscutível dos seus direitos sobre as mulheres e sobre os filhos gerados.
O custo de vida está cada vez mais elevado, mas sempre é preservada a esperança de ter uma
família e construir um lar junto de quem amamos e acreditamos que será o nosso parceiro até ao
final dos nossos dias. São jovens, mas muitos deles não se esquecem da tradição, e pretendem
segui-la! Vários jovens vão as casas das noivas e expõem a intenção de contrair o matrimónio
com as mesmas, mas que antes disso desejam seguir o trilho tradicional que os seus pais e avós
também seguiram.
Só que após apresentadas as exigências da família da noiva, muitos dão de cara com pedidos
absurdos! Não se consegue entender de onde é que uma garrafa de Chivas, um automóvel,
imóveis entra numa lista tradicional do lóbolo!
Porque é que é esquecida a capulana, as panelas, o pilão? Símbolos que devem fazer parte da
lista de exigências, não pelo seu valor monetário, mas sim porque representam a nossa
Africanidade, por serem a própria essência do lóbolo, uma forma de honrar os nossos ancestrais!
Não há explicação para estes pedidos, porque se forem a dizer que trata-se da evolução dos
tempos assim como aconteceu antigamente, teremos de acreditar que, futuramente os nossos
filhos e netos vão exigir I Phone’s, Lap Top’s, Jantes Cromadas, Moet’s… e tudo mais que for a
moda em vigor.
Nas novas formas de conjugalidade necessário para a união de uma família de fazer o casamento
tradicional, religioso e Político, e só pode ser celebrados por quem tiver a capacidade
matrimonial exigida por lei.
Neste tipo de casamentos a capacidade matrimonial dos nubentes é comprovada por meio de
processo preliminar de publicações, organizado nas repartições do registo civil a requerimento
dos nubentes ou do dignitário religioso, nos termos da lei de registo.
Conclusão
Demonstramos também que a instituição plástica e mutável a que se chama lóbolo junta em si a
legitimação conjugal, o controle e regulação da descendência, a dignificação das partes
envolvidas e a domesticação do aleatório através da acção dos antepassados. Tem o espaço e a
capacidade de se assumir, através das representações que lhe estão associadas, como instrumento
para a superação de problemas inovadores.
Bibliografia
AGADJANIAN,Victor. As Igrejas ziones no espaço sociocultural de Moçambique urbano (anos
1980 e 1990). In: Lusotopie 1999, pp. 415-423
Dicionário de Ciências Sociais. (1986). Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas.
1422ps.
GRANJO, Paulo. (2004) O casamento do meu amigo Jaime: um velho idioma para novas
vivências conjugais. http://www.mmo.co.mz/a-degradacao-do-lobolo#ixzz42stxTvwy