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Lichinga, Março
2021
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Gosme António
Lichinga, Março
2021
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Índice
1.Introdução................................................................................................................................4
1.1.Objectivos.............................................................................................................................4
1.1.2.Geral...................................................................................................................................4
1.1.3.Específicos.........................................................................................................................4
1.2.Metodologias.........................................................................................................................4
3.PARENTESCO........................................................................................................................7
3.2.FAMÍLIA..............................................................................................................................9
3.3.CASMENTO.......................................................................................................................13
3.3.2.Tipos de Casamento.........................................................................................................13
4.Conclusão...............................................................................................................................16
5.Referência Bibliográficas.......................................................................................................17
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1.Introdução
O trabalho tem como tema: As correntes Teóricas da Antropologia, o Parentesco, a Família e
o Casamento em Moçambique, e pertence a cadeira de Antropologia Cultural de
Moçambique, no entanto procura fazer duma forma resumida a abordagem das Correntes
como: O Evolucionismo, Difusionismo, Funcionalismo, Culturalismo e o Estruturalismo,
podendo assim dar enfâse no destaque das características das correntes, os principais
defensores e a essência das correntes. Portanto, irá desenvolver-se também os assuntos
ligados ao Parentesco, a Família e o casamento em Moçambique, visto que são temas
clássicos na literatura antropológica. Sobre o casamento Tradicional (lobolo), e com
referência ao contexto moçambicano.
1.1.Objectivos
1.1.2.Geral
Debruçar as Correntes Teóricas da Antropologia e O Parentesco, Família e Casamento
em Moçambique.
1.1.3.Específicos
Caracterizar as Correntes Antropológicas;
Conhecer os Principais Defensores das Correntes;
Compreender o Parentesco, a Família e Casamento em Moçambique.
1.2.Metodologias
A realização do trabalho foi possível com o auxílio de diversas obras de autores que abordam
assuntos relacionados com o Tema, sites e documentos em formato PDF, detalhados nas
Referências Bibliográficas.
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2.Tabela 1. Quadro de Síntese das Correstes Antropológicas. Fonte VILANCULOS, (sd. p: 38-58); BATALHA, (2004, p: 34-43).
G. E. Smith (1871-1937);
Procura compreender a natureza das culturas de
O difusionismo tornou-se popular, W. Rivers (1864-1922); cada povo, da origem a sua extensão, de um grupo
nos finais do século XIX. Existiram humano para outro. E explica o desenvolvimento
duas escolas principais: uma na F. Ratzel (1844-1904); cultural pelo processo de difusão de aspectos
Difusionismo Alemanha-Áustria e outra na Grã- culturais, formas culturais, de uma cultura para
Bretanha. Fritz Graebner (1877-1934) e; outra.
Defende que um objecto foi inventado uma só
O padre Wilhelm Schmidt (1868- vez em uma sociedade particular e a partir dali
1954). se expandia através de diferentes povos.
Surge nos anos 1930 e estabeleceu o Essa escola defende que as culturas, de maneira
método comparativo e a formação de Franz Boas (1858-1942); geral, são diversas, mas têm características comuns,
padrões culturais, a partir dos quais é que são chamadas de padrões culturais. Esses
Culturalismo possível apreender as leis no Ruth Benedict (1989); padrões são resultado do agrupamento de
desenvolvimento das culturas. complexos culturais.
Gilberto Freire (1990-1987);
Impôs-se na Grã-Bretanha, na década O funcionalismo interpreta a sociedade como se ela
de 1930-1950, antropologia do fosse um organismo; cada parte do sistema
império Britânico (Harris 1968). Bronislaw Malinowski, 1884- desempenha uma determinada função. O trabalho
Modelo de etnografia clássica 1943; do antropólogo seria explicar as funções das
Funcionalismo (Monografia). Ênfase no trabalho diferentes partes do sistema social.
de campo (Observação
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3.PARENTESCO
Para RIVIÈRE (1995, p:63),“ O parentesco é um conjunto de laços que unem geneticamente
(filiação, descendência) ou voluntariamente (aliança, pacto de sangue) um determinado
número de indivíduos”.
Conforme BERNARDI (1974, p:257). “O parentesco é universal no sentido de que não existe
uma sociedade desprovida de um sistema de parentesco, uma vez que cada sociedade define
quem é parente e o grau de parentesco que cada indivíduo desempenha”.
Laços de Parentesco é a relacção que decorre da posição ocupada pelo sujeito no sistema de
parentesco. Pode-se falar de três tipos de laços de parentesco:
Esta é de ordem social que se baseia nas normas sociais conhecidas ou por lei. O parentesco
por afinidade esta relacionado com o matrimónio, mas por laços de afinidade entre duas
pessoas no processo de socialização entre os indivíduos. O processo de afinidade é durável
por muito tempo até chegar a definição de parente; contudo, cada indivíduo vai determinar
quem é parente de acordo com o grau de afinidade existente.
O laço por fictício ou adoção é um acto de amor incondicional, ou seja, um acto de aceitação
do outro, independente de ter em sua origem o sangue e a natureza geracional dos pais que
optaram por criar essa criança.
b) Nomenclatura Classificatória
CLÃ
A Clã é um grupo de pessoas dotado de nome e de descendência unilateral, isto é, que deriva
de um ancestral comum e que segue regras de descendência matrilinear/uterina ou
patrilinear/agnática e jamais de ambas simultaneamente.
3.2.FAMÍLIA
VILANCULOS, (sd. p: 108), “A família, embora possa variar muito de sociedade para
sociedade, o seu núcleo duro é constituído por indivíduos ligados por laços de
consanguinidade e afinidade. É na família que se cria o enquadramento para o treino das
crianças”.
No sentido mais restrito, família é o conjunto de pessoas que vivem sob o mesmo tecto.
No sentido lato, a família é o conjunto das sucessivas gerações descendentes de
antepassados comuns.
A linguagem do senso comum, família é a célula básica da sociedade. Por família, entende-se
também como o conjunto de parentes por consanguinidade ou por aliança ou afinidade.
A origem da família está diretamente ligada à história da civilização, uma vez que surgiu
como um fenômeno natural, fruto da necessidade do ser humano em estabelecer relacções
afectivas de forma estável. Pois bem, deixando de lado a família da antiguidade, em sua forma
primitiva, é possível afirmar que a família Moçambicana tem como base a sistematização
formulada pelo direito colonial, romano e pelo direito canônico.
A família romana era formada por um conjunto de pessoas e coisas que estavam submetidas a
um chefe: o pater famílias. Esta sociedade primitiva era conhecida como a família patriarcal
que reunia todos os seus membros em função do culto religioso, para fins políticos e
econômicos.
O direito romano teve o mérito de estruturar, por meio de princípios normativos, a família.
Isto porque até então a família era formada por meio dos costumes, sem regramentos
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jurídicos. Assim, a base da família passou a ser o casamento, uma vez que somente haveria
família caso houvesse casamento.
Pois bem, com a ascensão do Cristianismo, a Igreja Católica assumiu a função de estabelecer
a disciplina do casamento, considerando-o um sacramento.
Assim, passou a ser incumbência do Direito Canônico regrar o casamento, fonte única do
surgimento da família.
Onde: PP – Pai do pai, MP – Mãe do Pai, P – Pai, M – mãe, IP – Irmão/a do Pai, MIP –
Marido/Mulher do Irmãos do Pai, I – Irmão/a, Mu – Mulher, IM – Irmão da Mulher e F –
Filho. (as figuras a preto representam os indivíduos pertencentes à linhagem do Ego).
Numa dada geração, os irmãos e irmãs, entre si, pertencem à patrilinhagem do seu pai e do
seu avô paterno, assim como à dos irmãos e irmãs tanto do pai como do avô paterno. Tanto os
filhos como as filhas de um homem traçam a sua ascendência a um antepassado comum
através de uma linha masculina. Nos grupos patrilineares a responsabilidade social em relação
às crianças
orientação da vida dos filhos da irmã, cuidar pela iniciação desses filhos e legar-lhes a sua
herança em caso de morte.
O papel do pai biológico é quase que passivo, pelo que quando o filho comporta-se mal ou
comete uma infracção, o pai remete a solução dessa situação ao tio materno do filho, isto é, ao
irmão da mãe do filho. Abaixo está representada o Sistema de descendência matrilinear.
Onde: PM – Pai do mãe, MM – Mãe do mãe, P – Pai, M – mãe, IM – Irmão/a da Mãe, MIM
– Marido/Mulher do Irmãos do Mãe, I – Irmão/a, Mu – Mulher, IM – Irmão da Mulher/irmão
da mãe e F – Filho/a. (as figuras a preto representam os indivíduos pertencentes à linhagem do
Ego).
3.3.CASMENTO
Segundo BATALHA, (p: 34, 2004), “O casamento é um acontecimento cultural que está
muito para além da genética ou biologia humanas é a forma comummente aceite de constituir
família e ter filhos, entre a maioria social e politicamente dominante”.
Em Moçambique, têm capacidade para contrair casamento todos aqueles em relacção aos quais não se
verifique algum dos impedimentos matrimoniais previstos na lei.
3.3.2.Tipos de Casamento
Monogamia
Embora a monogamia seja a norma de casamento mais comum na maior parte das sociedades,
a poligamia é a forma mais praticada, especialmente na forma conhecida como poliginia.
Poliginia
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Poliandria
A poliandria, que liga matrimonialmente uma mulher a dois ou mais homens, é a forma mais
rara de poligamia. Alguns antropólogos entendem que é menos vulgar do que a poliginia
devido à menor esperança de vida e maior mortalidade infantil do sexo masculino. Em
algumas sociedades, ou entre alguns grupos sociais, o casamento é considerado uma coisa
demasiado séria para ser deixado aos caprichos de jovens com pouca experiência de vida
social. Nessas sociedades e grupos, o casamento, mais do que a união entre duas pessoas,
representa o estabelecimento de uma aliança entre famílias ou grupos de parentesco.
a) Casamento Civil
LOBOLO
O lobolo é uma prática cultural por meio da qual se unem duas pessoas (homem e mulher)
pelo casamento condicionado ao pagamento real ou simbólico de um dote. Este dote pode ser
uma enxada, uma cabeça ou várias de vaca, dinheiro em numerário ou outros bens de natureza
ou pecuniária.
O “pagamento” da noiva é uma prática comum em sociedades onde esta deixa a casa de sua
família para ir viver coma família do noivo. Assim, a família dela recebe uma compensação
pela sua saída, que constitui uma forma de indemnizar. Nessas sociedades as mulheres são a
principal força de trabalho e as famílias precisam de ser compensadas pela sua saída.
4.Conclusão
O parentesco existe em todas as sociedades e serve de um instrumento de conduta dos
indivíduos pertencentes a esta mesma sociedade. Contudo, o parentesco não desempenha
mesmas funções em todas as sociedades, isto é, nas sociedades tradicionais traduz-se na
passagem e integração dos indivíduos, efectivamente ele esta relacionado com a família,
questão de direitos de sucessão e de herança. Nestas sociedades o parentesco tem uma função
essencial porque alem das questões de passagem de poderes para lembrar antepassados
mortos, confere também ao individuo uma identidade, assim como bens, terra; por exemplo
dentro de uma família onde pratica-se a invocação de antepassados quando morre o individuo
que esta encarregue de falar com os espíritos deve-se procurar um sucessor para continuar a
invocar.
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5.Referência Bibliográficas
BATALHA, Luís, Antropologia uma Perspectiva Holística, Lisboa, Portugal, 2004.
BOAS, Franz. Antropologia Cultural. Trad. Celso Castro. 5. Ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahor
editora, 2009.