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Lição Nᵒ1
FUNDAMENTOS DAS CIÊCIAS SOCIAIS
Introdução Geral
De modo geral, consideram-se Ciências Sociais, aquelas que têm como objecto de estudo os fenómenos
ligados à vida dos homens em sociedade. Ocupam-se das relações que os homens formam entre si e das
que estabelecem com as coisas. Procuram o entendimento das acções dos homens e das representações
que estes formam a respeito de si próprios e do mundo em que vivem. São aquelas que se interessam
especificamente pelos modos de actuar que andam associados à vida em grupo, embora possam ser
manifestadas por intermédio dos indivíduos. Ou ainda, são aquelas ciências que se dedicam ao estudo
das condições de vida em sociedade, e principalmente dos laços por meio dos quais os homens se unem
em múltiplas colectividades.
As ciências sociais têm como objectivo conhecer os comportamentos das colectividades, permitindo
prever a respectiva correcção.
Constituição e Desenvolvimento das Ciências Sociais
Com a excepção da História que é uma ciência antiga, a maior parte das ciências sociais datam do
século XVIII, época em que se começou o estudo dos comportamentos humanos com a mesma
preocupação de objectividade que exigiam as ciências naturais. De modo geral, as ciências sociais se
dividem em três agrupamentos: ciências sociais descritivas, ciências sociais analíticas e ciências sociais
sintéticas.
De entre as ciências sociais descritivas destaca-se a Estatística que se baseia na inventariação ou
cálculo; a Etnografia, que é a descrição dos usos e costumes de um povo e; a Sociografia que é a
descrição da realidade social, sendo diferente da etnografia apenas por se reservar as sociedades ditas
‘quentes’ ou economicamente desenvolvidas.
Fazem parte das ciências sociais analíticas a Economia Política, que é o estudo dos processos através
dos quais os homens se esforçam por diminuir a diferença existente entre as necessidades e os bens
susceptíveis de as satisfazerem; a Demografia, que é a análise estatística das condições humanas:
idade, sexo, estatuto matrimonial, etc.; a Geografia Humana, que se dedica ao estudo do povoamento,
um facto dependente em grande parte das condições materiais: natureza do solo, clima, recursos
disponíveis, etc. e; a Ciência Política, que é a análise dos comportamentos e das forças que tanto no
plano nacional como internacional, pretendem criar, orientar ou modificar as instituições e os
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mecanismos de que os governos têm necessidade para exercerem suas funções num determinado
estádio de civilização.
E, as ciências sociais sintéticas, das quais se destaca, a Linguística, que tem como perspectiva, fazer o
estudo comparativo das diferentes línguas, de forma a encontrar a origem comum de determinados
povos; a História, ciência que estuda as acções dos homens no tempo e espaço e; a Etnologia ou
Antropologia Cultural, a qual nos dedicaremos de forma aprofundada.

Leituras complementares
Veja a Pluralidade, diversidade, interdisciplinaridade nas Ciências Sociais e Ruptura com o senso
comum, nos textos de SANTOS, Boaventura de Sousa. Um Discurso sobre as Ciências. 11ª ed. Porto,
Edições Afrontamento, 1999 e APPOLINÁRIO, Fábio. Metodologia da Ciência: filosofia e prática da
pesquisa. S. Paulo, Pioneira ThomsonLearning, 2006.

Exercícios
1. A Antropologia Geral é obviamente complexa. Ela envolve um conjunto de especializações que englobam aspectos
de natureza física, eminentemente social, mas também os aspectos que abarcam as diferentes facetas da vida
humana, como a sua intervenção na natureza, as suas relações com o mundo oculto, etc. (PEDRO & SIQUISSE:
26).
a) Por que houve a necessidade da emergência de muitos ramos da Antropologia (5.0 V)?

2. Segundo a tradição estabelecida por Dilthey e Weber, há dois tipos de ciências distintas: as
ciências nomotéticas e as ciências ideográficas.
a) Quais são os campos de estudo de cada uma delas (2.5 V)?
b) Em que tipo de ciências se enquadra a disciplina em estudo? Porque? (2.5 V).

Bibliografia
JACCARD, Pierre. Introdução às Ciências Sociais. Lisboa, Livros Horizontes, 1974;
BARATA, Óscar Soares. Introdução às Ciências Sociais. 10ª ed., Lisboa, Bernardi Editora, 2002.
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Lição Nᵒ2
A ANTROPOLOGIA GERAL NO DOMINIO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS:
Definição, Objecto e Campos de Abordagem
Etimologicamente, o termo Antropologia vem de dois radicais gregos: Anthropos, que significa homem
e Logos, que significa tratado, discurso ou ciência. Por consequência, a Antropologia é definida como
ciência do homem ou ciência que estuda o homem. Entretanto essa definição encontra impasse pelo
facto de existirem outras ciências do homem, como a História, a Psicologia, a Demografia, a
Sociologia, etc.
Delimitando o campo de pesquisa da Antropologia Geral no contexto das ciências do homem, entende-
se que ela estuda o homem de todos os tempos, épocas e tipos – o homem genérico. Assim, destacam-se
como ramos da Antropologia Geral:
Antropologia Física, que estuda o homem como ser biológico. Quer dizer, determina o lugar que o
homem ocupa no reino da natureza, estudando as suas origens e trajectória no tempo, classificando os
tipos que existem segundo os seus caracteres específicos. Estuda certas características biológicas do
homem, as questões da raça, da hereditariedade, da nutrição, da diferenciação de sexos, etc.
Compreende, entre outras, a Anatomia Comparada, Fisiologia Comparada e a Patologia Comparada.
Antropologia Social ou Sociologia que estuda o Homem como ser social. Ocupa-se mais
particularmente em estabelecer leis gerais de vida em sociedade que sejam válidas tanto nas sociedades
tradicionais como nas sociedades industrializadas ou modernas. Procura apreender mais sobre a
sociedade quanto ao seu funcionamento e aos seus actos.
Antropologia Política: aborda em particular os problemas do poder da autoridade, da chefia do
governo, etc., assuntos que deram lugar a numerosas especulações filosóficas (sobre a origem e a
natureza do Estado, o aparecimento do Direito, etc).
Antropologia Aplicada: faz a utilização prática das teorias e dos resultados do inquérito etnográfico,
tendo em vista manipular as sociedades, com o objectivo, quer de as administrar (como é o caso da
política colonial, da assimilação, aculturação "forçada"), quer de as ajudar a adaptarem-se à sociedade
etnológica moderna (como é o caso da aculturação "planificada", política de integração) ou o
desenvolvimento de uma originalidade cultural (procura de um sincretismo).
Antropologia Psicanalítica: baseia-se essencialmente no estudo dos sonhos, dos mitos, dos contos, na
análise de jogos, das cerimónias, das práticas mágicas, de certos aspectos da vida quotidiana, das
técnicas de educação.
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Antropologia Económica: interessa-se pelas condições da produção material, as trocas, os direitos


sobre os objectos, as formas de utilização dos produtos, englobando os aspectos de ecologia e
tecnologia.
E Antropologia Cultural: que se dedica mais a problemas de relativismo cultural (investigação da
originalidade de cada cultura); do estudo das relações que se estabelecem entre os diferentes níveis
numa dada sociedade e do fenómeno da transmissão da cultura. A Antropologia cultural apenas
apreenderia a sociedade nas suas obras e não nos seus actos e no seu funcionamento. Portanto, quando
se acrescenta a palavra cultura a Antropologia, a ciência limita os contornos do seu saber, podendo ser
definida como o ramo da Antropologia Geral que estuda o homem como ser cultural.
Dentre as definições da Antropologia Cultural destaca-se a de Júlio Caro Baroja que afirma, é “a
ciência que trata, de certo modo, o homem como ser social e produtor da cultura ou civilização através
do espaço e do tempo”;Bronislaw Malinowski definiu a Antropologia cultural como sendo a ciência
que estuda o “aparelho instrumental que permite ao homem resolver da melhor maneira os problemas
concretos e específicos que deve enfrentar no seu meio, quando tem de satisfazer às suas
necessidades”e a de Wilhem Muhlman que refere, “é a ciência das formas e dos processos diversos
como os povos e os indivíduos são obrigados a orientar-se no sentido da expansão no espaço e no
tempo, segundo o seu ambiente natural, social e cultural”.
Outro termo utilizado como sinónimo do termo Antropologia Cultural é a Etnologia que deriva do
grego ethnos que significa povo, raça e logos, ciência. A distinção que se esboça entre a Antropologia
Cultural e Etnologia como ramos da mesma ciência é a seguinte: enquanto a Antropologia Cultural
estuda o homem no seu aspecto totalista e universal, estabelecendo as suas semelhanças e diferenças,
isto é, um homem singular, numa visão unitária e total do homem, a Etnologia, visa o estudo dos
diversos homens nos vários grupos, o que implica uma visão pluralista e diversificada, ou seja, estuda
as expressões regionais da cultura do homem.
Existem ainda autores, especialmente alguns europeus, que defendem a teoria de que a Etnologia
somente se deve debruçar sobre o estudo dos povos denominados “primitivos”, civilizações pré-
industriais ou arcaicas.
A tendência moderna, porém, é a supressão do termo Etnologia e empregar-se em seu lugar, o de
Antropologia Cultural. A razão de tal atitude foi o alargamento dos contactos e o desaparecimento
sistemático daquelas características culturais dos chamados povos primitivos, arcaicos ou mesmo
incivilizados.
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Por sua vez, a Antropologia Cultural divide-se em Ergologia que se ocupa da cultura material;
Folclore, que estuda a tradição oral (adivinhas, contos, lendas, estórias, ditos, provérbios, rifões, etc.) e,
Etno-musicologia que estuda a música popular e tradicional.
A Antropologia Cultural centra-se na cultura. A partir da observação e inventariação das obras
produzidas pelo homem, o antropólogo chega às condutas e aos comportamentos que tais realidades
objectivas implicam. Portanto, estuda a cultura como realidade objectiva, descrevendo os objectos
culturais e, ao descrever, produz explicações servindo-se do seu discurso antropológico.
Durante muito tempo, o campo de acção da Antropologia Cultural, situou-se no âmbito do estudo das
sociedades não-ocidentais, primitivas e ágrafas (sem escrita) que por serem menores, do ponto de vista
demográfico e da quantidade de seus objectos culturais, os antropólogos tinham a possibilidade de as
estudar quase que globalmente.
Actualmente, com o desaparecimento das ditas sociedades e culturas primitivas devido a expansão da
tecnologia do tipo ocidental, a Antropologia voltou-se também ao estudo da cultura ocidental tendo
traçado alguns postulados que a seguir descrevemos:
- O Homem é o único animal com capacidades de adaptar e modificar objectos, ideias, crenças ou
costumes dos seus semelhantes vivos ou mortos;
- Não existem culturas superiores, mas sim culturas diferentes;
- Todos os grupos humanos possuem costumes próprios e, tais costumes são respostas peculiares à
problemas e necessidades humanas universais;
- A variação das condutas humanas não é pautada por causas geneticamente herdadas, mas, sim, por
padrões ou modelos sócio-culturalmente aprendidos;
- Todas as sociedades possuem os seus quadros de referência e os padrões de comportamentos
específicos de tal ordem institucionalizados que qualquer membro da sociedade sabe perfeitamente
quais as reacções que uma sua conduta suscita;
- As culturas, embora formando sistemas abertos, os seus elementos e padrões constituem um tecido
com uma textura e configuração bem específicas. Qualquer efeito produzido num dos padrões, terá
consequências noutro padrão e no sistema cultural global;
- Os sistemas culturais são dinâmicos e nunca estáticos, embora exista graus de dinamismo entre os
diversos sistemas espalhados pelo mundo;
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- A experiência pessoal de cada um é função do sistema sócio-cultural que influencia os juízos e as


valorações; daí a tendência para pensarmos o outro ou os outros segundo parâmetros da nossa própria
cultura.
- O grande drama da Antropologia é a objectividade, não só a nível da compreensão mas também da
explicação da cultura do outro, pois é difícil ser o outro na sua totalidade.

Exercícios
1. Todas as Ciências Sociais são Antropológicas. Concorda com a afirmação? Fundamente o seu
posicionamento com quatro exemplos. (2.5 V).

2. Hoje não se pode falar duma disciplina ou ciência independente ou isolada do interesse das outras, numa
determinada área de conhecimento. Ao abordarmos a Antropologia Cultural no contexto das ciências
sociais e humanas pretendemos fazer a interdisciplinaridade. Que relação existe entre a Antropologia
Cultural e a História (4.5 V)?

3. A Antropologia Geral é obviamente complexa. Ela envolve um conjunto de especializações que


englobam aspectos de natureza física, eminentemente social, mas também aos aspectos que
abarcam as diferentes facetas da vida humana; daí que podemos distinguir três subdisciplinas:
Antropologia Psicanalítica; Antropologia Aplicada; e Antropologia Religiosa (PEDRO &
SIQUISSE: 26). Qual dessas subdisciplinas antropológicas devia estudar:
a) A necessidade de integração das minorias étnicas estrangeiras em Moçambique (1.0 V)?
b) Os novos fenómenos de crenças em Moçambique (1.0 V)?
c) O fenómeno de “chupa-sangue” frequente no Norte de Moçambique (1.0 V)?
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Lição Nᵒ3
MÉTODOS E TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO EM ANTROPOLOGIA: etnografia, trabalho
de campo e observação participante
1. Etnografia
O termo etnografia provém do grego éthnos, que significa raça, povo e graphein, descrever. Assim, a
Etnografia é um dos métodos privilegiados da Antropologia que consiste em descrever os usos e
costumes dos povos. Constitui nada menos do que o registo de factos observados durante o trabalho de
campo. É puramente descritiva, pois representa um momento da etnologia. Na realização deste método
utilizam-se geralmente as técnicas de inquérito extensivo, que consiste em observar o maior número
possível de elementos numa determinada área e num determinado período de tempo, e a técnica de
inquérito intensivo, que consiste na observação aprofundada, completa, sem nada omitir, de um dado
grupo social. Esta última técnica de observação é a mais recomendável.
2. Trabalho de Campo
O trabalho ou a pesquisa de campo consiste na observação e registo de factos ou fenómenos tal como
ocorrem na realidade. Ele/a exige o uso de instrumentos que sirvam de controlo e, definição de
objectivos que descriminam o que deve ser colectado.
A pesquisa do campo é antecipada pela pesquisa bibliográfica com vista a se saber em que estado se
encontra o problema, que trabalhos foram realizados a respeito do tema e quais são as opiniões
reinantes sobre o assunto. Isso permite que se estabeleça um modelo teórico-referencial inicial que
auxilie na determinação das variantes e elaboração do plano geral da pesquisa. De igual modo, ajuda a
determinar as técnicas de colecta de dados; a amostra representativa e as técnicas de análise dos
resultados colhidos durante a pesquisa.
3. Observação
A observação é uma técnica de colecta de dados que utiliza os sentidos. Não consiste apenas em ver e
ouvir, mas também em examinar factos ou fenómenos que se desejam estudar. É um elemento básico
de investigação científica, utilizado na pesquisa de campo e se constitui na técnica fundamental da
Antropologia.
Esta técnica ajuda o pesquisador a identificar e a obter provas a respeito de objectivos sobre os quais os
indivíduos não têm consciência, mas que orientam seu comportamento. É o ponto de partida da
investigação social, pois obriga o investigador a ter um contacto directo com a realidade.
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3.1. Vantagens:
- Possibilita meios directos e satisfatórios para estudar uma ampla variedade de fenómenos;
- Exige menos do observador do que outras técnicas;
- Permite a colecta de dados sobre um conjunto de atitudes comportamentais típicas.
- Depende menos da introspecção ou da reflexão;
- Permite a evidência de dados não constantes do roteiro de entrevistas ou do inquérito.
3.2. Limitações
- O observador tende a criar impressões favoráveis ou desfavoráveis no observado;
- A ocorrência espontânea não pode ser prevista, o que implica, muitas vezes, o observador de
presenciar o facto;
- Factores imprevistos podem interferir na tarefa do pesquisador;
- A duração dos acontecimentos é variável: pode ser rápida ou demorada e os factos podem ocorrer
simultaneamente. Nos dois casos, torna-se difícil a colecta de dados;
- Vários aspectos da vida quotidiana, particular, podem não ser acessíveis ao pesquisador.
3.3. Tipos de Observação
Na investigação científica são empregadas várias modalidades de observação, que variam de acordo
com as circunstâncias.
a) Segundo os meios utilizados:
- Observação não estruturada (assistemática, espontânea, informal, ordinária, simples, livre, ocasional
ou acidental)
- Observação estruturada (sistemática, planificada ou controlada)
b) Segundo a participação do observador:
- Observação não participante
- Observação participante
c) Segundo o número de observadores:
- Observação individual;
- Observação em equipe.
d) Segundo o lugar onde se realiza:
- Observação efectuada na vida real (trabalho de campo);
- Observação laboratorial (Estudo Documental)
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De entre os tipos de observação, focaremos a observação segundo a participação do observador


(observação não participante e observação participante) por serem as mais usuais em Antropologia. Na
observação não participante, o pesquisador toma contacto com a comunidade, grupo ou realidade
estudada, sem integrar-se a ela, ou seja, permanecendo de fora. Presencia o facto, mas não participa
dele; não se deixa envolver pelas situações; faz mais o papel de espectador. Isso, porém, não quer dizer
que a observação não seja consciente, dirigida ou ordenada para um fim determinado. O procedimento
tem carácter sistemático. Alguns autores dão a designação de observação passiva, sendo o pesquisador
um elemento a mais.
A observação participante consiste no envolvimento real do pesquisador com a comunidade ou grupo.
Ele se incorpora ao grupo, funde-se com ele. Fica tão próximo quanto um membro do grupo que está
estudando e participa das actividades normais destes. O observador participante enfrenta grandes
dificuldades para manter a objectividade, pelo facto de exercer influência no grupo, ser influenciado
por antipatias ou simpatias pessoais, e pelo choque dos quadros de referência entre observador e
observado. O objectivo inicial seria ganhar a confiança do grupo, fazer os indivíduos compreender a
importância da investigação, sem ocultar o seu objectivo ou sua missão, mas, em certas circunstâncias,
há vantagem no anonimato.
Em geral são apontadas duas formas de observação participante: natural, em que o observador
pertence à mesma comunidade ou grupo que investiga e artificial em que o observador integra-se ao
grupo com a finalidade de obter informações.

Exercícios
1. Dos métodos de investigação antropológicas distinguem-se: a etnografia e o trabalho de campo.
Que relação existe entre estes métodos (5.0 V)?
2. Porquê é necessário utilizar métodos numa investigação científica (2.5 V)?
3. Quais são os procedimentos para a realização excelente de uma observação participante (2.5 V)
Bibliografia
LIMA, A. Mesquitela; MARTINEZ, Benito; FILHO, J. Lopes. Introdução à Antropologia Cultural.
Lisboa, Editorial Presença, 1979.
BERNARDI, Bernardo. Antropologia. Lisboa, Editorial Teorema, 1989.
RICHARDSON, Roberto Jerry e colaboradores. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3ed. rev. E ampl.
S. Paulo, Atlas, 1999.
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Lição Nᵒ4
PRINCÍPIOS DOS MÉTODOS ANTROPOLÓGICOS
1. Princípio holístico

O termo holístico é derivado do vocabulário grego ólos, que significa: total, completo ou global.
Assim, este princípio defende que o estudo antropológico deve abranger plenamente todas as
peculiaridades e atributos possíveis do ser humano, ou seja, deve-se interessar tanto por elementos
comuns como dos elementos diferentes; deve procurar compreender os seres humanos de todo o tempo
e espaço; deve concentrar o seu estudo no grupo humano e não no individuo e; deve coordenar,
sistematizar e integrar as diversas visões do ser humano.
A razão de ser deste princípio deve-se ao facto de que concentrando o estudo num aspecto específico,
pode-se ter uma visão deformada e incompleta de uma determinada cultura ou de um seu elemento.
Portanto, apela a consideração e análise de todas as concepções, os modelos e aspectos possíveis da
cultura em questão, pondo em relação entre si e vendo como uma única realidade.
2. Princípio Histórico

Todos os povos caminham, tem um passado minto antigo, um passado mais recente, um presente e um
futuro projectado para além de realizarem contactos com outros povos através do tempo e espaço, pelo
que nos estudos antropológicos é necessário ter em conta as várias etapas da história dos povos em
questão. A história faz o seu estudo orientando-se por dois sentidos: o sincrónico, que considera o
conjunto de factos de um preciso momento independentemente do seu desenvolvimento no tempo e, o
sentido diacrónico, que considera os factos do ponto de vista da sua evolução no tempo.
3. Princípio Comparativo

Este princípio refere-se ao confronto dos fenómenos que pertencem a ambiente cultural, geográfica e
historicamente distintos. Ao estudar uma sociedade automaticamente confrontamos a cultura que
estamos a estudar e as culturas que já conhecemos, a começar pela nossa própria cultura. Portanto, com
este princípio, verificam-se e analisam-se as semelhanças e diferenças entre traços de uma cultuar e os
traços das culturas de várias sociedades.
4. Princípio Interdisciplinar

A pesquisa antropológica toma em conta, por um lado, o estado actual dos ramos do saber, ou seja, o
que é que as outras disciplinas nos dizem sobre o homem, especialmente as ciências sociais e humanas
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como: a sociologia, psicologia, biologia, história e filosofia e, por outro, considera que um antropólogo
sozinho ou individualmente, não poderá aprofundar todos os aspectos de uma determinada cultura, daí
a necessidade de um trabalho coordenado por diversos estudiosos.

Exercícios
1. Complete os espaços vazios (5.0 V).

Explicar o objecto de estudo apoiando-se em técnicas


e estudos de outras ciências sociais.
Estabelecer regularidades, depois de relacionar a
realidade estudada com outras realidades conhecidas.
Apreender a realidade social a partir do cruzamento
dos acontecimentos transversais ou sincrónicos e os
acontecimentos longitudinais ou diacrónicos.

Princípio Holístico

2. Com palavras suas, explique o que entendes por princípio holístico dando um exemplo concreto
(5.0).

Bibliografia
LIMA, A. Mesquitela; MARTINEZ, Benito; FILHO, J. Lopes. Introdução à Antropologia
Cultural. Lisboa, Editorial Presença, 1979.
BERNARDI, Bernardo. Antropologia. Lisboa, Editorial Teorema, 1989.

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