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G E O L O G I A EST R U T U R AL

Aula 8
D O BRAS

Pr o f. E d u a r d o S a l a m u n i
( A r t e : A c a d ê m ic a M a rc e l a F r e g a t t o )
D O BRAS
I NTRO DUÇÃO
Definições
• Uma das feições estruturais mais evidentes (desde a escala
microscópica até a quilométrica) em regiões submetidas a tensões
compressivas é a DOBRA, ou seja uma superfície qualquer de referência
curvada em relação à linha do horizonte.
• Dobras são ondulações tanto convexas quanto côncavas existentes em
corpos originalmente planos, podendo ocorrer em rochas sedimentares,
ígneas ou metamórficas.
• Em geral é uma manifestação de deformação d ú c t il das rochas.
Formam-se sob condições variadas de stress, pressão hidrostática e
temperatura.
• O fechamento de uma dobra se dá em sua curvatura máxima
Localização de sistemas compressionais em zonas de
convergência.
Dobras são melhor observadas em zonas orogenéticas atuais ou
antigas, mas eventualmente podem ocorrer em regiões intraplacas

Orógeno atual: cadeia Alpina


(foto em perfil).

Orógeno antigo: Apalaches


no leste dos EUA (foto em mapa).
• Dobras são estruturas que impressionam até os mais experientes
geológos, pelo fato de parecer estranho o fato de que materiais muito
sólidos e resistentes mostrarem comportamento plástico (ou dúctil).

• Sua interpretação geométrica não é, em geral, direta e necessita de


orientação espacial que se faz, principalmente pela tomada de atitude
espacial de seus flancos e eixo.
A disposição básica com que se apresentam são:
( a ) Si n cli n a l: dobra com convexidade para baixo, quando
conhecidas suas relações estratigráficas, ou seja, rochas mais novas
encontram-se no seu núcleo.
( b ) A n t icli n a l: dobra com convexidade para cima, quando
conhecidas suas relações estratigráficas, ou seja, rochas mais
antigas encontram-se no seu núcleo.
Si d e li n g H ill. F o t o : P a m e l a G o r e ( 1 9 9 9 ) N a v a r r a , Piri n e u s – Esp a n h a . F o t o : Jo r g e G a r ri d o

• Quando as relações estratigráficas de suas rochas são desconhecidas


entre si são denominadas de:

( a ) Si n f o r m a s: dobra que converge ou se fecha para baixo.

( b ) A n t if o r m a s: dobra que converge ou que se fecha para cima.


Obs: quando há inversão de camadas (sequência estratigráfica invertida) os
termos anticlinal sinfórmico e sinclinal antifórmico podem ser empregados
• Quando apresentadas em grande escala, recebem os nomes de:

A n t icli n ó rio

Um anticlíneo ou antiforma de grande escala, que atravessa


quilômetros de extensão, contendo pequenos sinclíneos e anticlíneos
de menor escala (segunda ordem, terceira ordem e sucessivamente
de ordem menores).

Si n cli n ó rio

Um sinclíneo ou sinforma de grande escala, que atravessa


quilômetros de extensão, contendo pequenos sinclíneos e anticlíneos
de menor escala (segunda ordem, terceira ordem e sucessivamente).
Dobras podem são observadas
em qualquer escala.

( a ) C r e n u l a ç ã o e m x is t os d o C o m p l e x o S e t u v a ; ( b ) d o b r a r e cli n a d a e m m e t a c a lc á rios d o G r u p o
A ç u n g u i – V a l e d o Ri b e ir a ; ( c ) d o b r a s p a r a si t a s e m m á r m o r e d o G r u p o A ç u n g u i ( F o t os a , b e c : E.
S a l a m u n i) ; ( d ) Millo o k H a v e n - C o r n w e ll - R e i n o U n i d o ( F o t o : a u t o ri a d e sc o n h e ci d a )
...e necessitam de referências estratigráficas ou bandamento diferencial
para a definição geométrica e/ou de estilo da dobra.

Estratos dobrados, sotopostos a um bandamento


sedimentar mais recente, ambas em contato por
discordância angular, Portogallo-Praia do Telheiro-
Bandamento (So) dobrado em Alentejo - Portugal. Foto: autoria desconhecida
quartzitos das Montanhas Maria –
California (USA). Foto: Warren B.
Hamilton (USGS)
ELE M E N T O S D E D O B R A S
O estilo de uma dobra é caracterizada por geometria específica dos vários
elementos que a descrevem. As mudanças possíveis na geometria podem
mudar no seu estilo. Estes elementos são descritos abaixo:
• P o n t o d e c h a r n e ir a : onde a dobra atinge sua máxima curvatura
• Li n h a d e c h a r n e ir a : união dos diversos pontos de charneira
• P o n t o d e cris t a : ponto mais alto da dobra em relação a uma
superfície horizontal (linha de crista: união dos diversos pontos de
crista)
• P o n t o d e c a l h a : ponto mais baixo da dobra em relação a uma
superfície horizontal
• Ei x o : linha geratriz da dobra, quando movimentada paralelamente à
linha de charneira, no espaço de si mesma.
• Pl a n o o u S u p e rfíci e A x i a l: a superfície que une os pontos de
charneira das dobras.
• P o n t o d e I n fl e x ã o : separa as
duas charneiras de sentidos
opostos, isto é, onde o ponto de
curvatura é mínimo numa dobra.
Os pontos de inflexões são os
limites das dobras individuais.

• S u p e rfíci e E n v ol t ó ri a : plano
que oscila entre duas superfícies
limítrofes.

• S u p e rfíci e m e d i a n a : superfície
que une as sucessivas linhas de
inflexão.
• Z o n a d e C h a r n e ir a : parte da dobra próxima à charneira (não é definida de
forma rigorosa).
• F l a n c os ( o u li m b os) : correspondem às partes que se situam entre duas
charneiras adjacentes e que contém os pontos de inflexão.
• Â n g u lo I n t e r - F l a n cos: ângulo formado por linhas contínuas tangentes
imaginárias a partir dos flancos da dobra, que se cruzam acima da zona de
charneira.

ZC F l a n cos ( o u
li m b os)
AI
Sequência de dobras
(antiforma e sinforma),
podem representar
morfoestruturas
facilmente
reconhecíveis em
zonas orogênicas.

S e q u ê n ci a a n t icli n a l-si n cli n a l e m A n t icli n a l d a M o n t a n h a d e Z a g r os – I r ã


M a n g a r a t i b a - RJ. F o t o : C a m ill a C a r b i n a t t i ( F o t os: J.T. D a n i e ls)
A geometria geral das dobras pode ser subdividida em

• Cilí n d ric a s: geratriz (reta)


que se desloca paralela a si
mesma. Fonte: Dep El
Mergib University - Libia

• C ô n ic a s: possuem linha de
charneira mas não possuem eixo
de dobra e se dispõem como
parte de um cone (Cordilheira de
Zagros – Irã/Iraque. Foto: autoria
desconhecida.
A T I T U D E D O E I X O E D A S U P E R F Í C I E A X I AL D A S
D O BRAS

• Para uma visão tridimensional da dobra é necessário se conhecer as atitudes


de seu eixo e de sua superfície axial. A atitude do eixo é determinada por
dois parâmetros:
• a . D ir e ç ã o de sua projeção horizontal no plano (direção do traço axial),
situada no plano axial;
• b . M e r g u l h o ou ângulo entre o eixo e sua projeção horizontal
• Além desses parâmetros, ocorrem ainda outros de quantificação, tais como
a
• c. Obliqüidade (ou rake): em dobras, é o ângulo entre o eixo da dobra e
uma horizontal pertencente à superfície axial
• d . Atitude do plano axial onde o plano axial pode possuir atitudes variadas;
que são definidas por sua direção e mergulho.
• O eixo de uma dobra pode ser determinado por meio das atitudes do eixo e
da obliquidade de seção transversal ao plano axial.
A t i t u d e s d o e i x o (direção e mergulho) em relação ao plano horizontal
O b li q u i d a d e d e s e ç ã o t r a n s v e rs a l ao plano axial fornece uma falsa
geometria da dobra
E X T E N S Ã O D A S D O B R A S E D I M E N S Õ ES
• Dobras sempre têm extensões finitas, possuindo largura e comprimento
variáveis. O comprimento geralmente é bastante maior que a largura.
Quando o comprimento da dobra é apenas ligeiramente maior que a largura
e há inflexão do eixo, são utilizados os termos braquianticlinal e
branquisinclinal.
• O eixo de uma dobra normalmente não é retilíneo nem horizontal. A
inclinação (ou mergulho) com relação à linha horizontal é denominada de
pitch ou plunge. Nas dobras é possível distinguir um segmento cilíndrico e
duas extremidades cônicas: são os narizes das dobras.
• Quando a forma de uma dobra se
repete periodicamente suas
dimensões são caracterizadas em
função do seu c o m p ri m e n t o d e
o n d a e a m p li t u d e .

G r u p o L a j e a d o, Ri b e ir a (SP ), G r u p o L a j e a d o, Ri b e ir a (SP ), x is t o m ilo n í t ic o


x is t o m ilo n í t ic o F o t o : E d u a r d o F o t o : a u t o ri a d e sc o n h e ci d a
Sala m uni
CLA SS I F I C A Ç Õ ES D A S D O B R A S

CL A SS I F I C A Ç Ã O G E O M É T R I C A
• A classificação da geometria das dobras depende da arquitetura
inerente à própria dobra. Assim, é necessário que sejam levadas
em conta as seguintes características:

( a ) Â n g u lo i n t e r - fl a n cos
Dobras suaves ângulo entre 120 º e 180 º
Dobra abertas ângulo entre 70 º e 120 º
Dobra fechadas ângulo entre 30 º e 70 º
Dobra cerradas ângulo entre 0 º e 30 º
Dobra isoclinal ângulo de 0 º
Dobra elástica ângulos negativos
Dobras com variados ângulos de abertura em
muscovita-quartzo-xisto do Complexo Setuva,
Vale do Ribeira (PR). Foto: E. Salamuni

Isoclinal em gnaisse do Complexo Setuva, Vale


do Ribeira (PR). Foto: E. Salamuni
CLA SS I F I C A Ç Ã O B A SE A D A N A A T I T U D E D A D O B R A E
N A S U P E R F Í C I E A X I AL E L I N H A D E C H A R N E I R A

• A direção da superfície axial e o mergulho do eixo (ou linha de


charneira), os quais podem ser perpendicular, oblíqüos e paralelos, são
utilizados também para classificar as dobras.
• Cl a ssific a ç ã o d e F l e u t y : em diagrama mostra as possibilidades de
classificar as dobras relativamente ao mergulho do eixo (ou da linha de
charneira) e do mergulho da superfície axial.
Classificações de Rickard (1971) e Ragan (1985),
com base na classificação de Fleuty (1964)
Si m e t ri a d os F l a n cos e m R e l a ç ã o a o Pl a n o A x i a l
• Simétrica flancos iguais entre si ( = distância dos pontos de
inflexão)
• Assimétrica um flanco diferente do outro com relação ao plano axial
Si m é t ric a

Assi m é t ric a

Biotita-quartzo-xisto do Complexo Setuva, Vale do Ribeira (PR). Foto: E. Salamuni


Dobra Normal (eixo entre 0 e 10 º / plano axial entre 80 e 90 º )

Folhelho pirobetuminoso da Formação Irati, Irati (PR). Foto: E. Salamuni


Dobra levemente inclinada (eixo entre 0 e 10 º
/plano axial entre 10 e 80 º )

Sinforma da Formação Apiaí. Mármore calcítico. http: / /earth.leeds.ac.uk/folds


Foto: Eduardo Salamuni
Dobra vertical (eixo e plano axial entre 80 º a 90 º ) a reclinada (eixo
entre 10 º e 80 º / plano axial entre 10 º e 80 º )

Filito na Zona de Cisalhamento Curitiba, com veio dobrado de


quartzo, com eixo e plano axial fortemente inclinado. Foto: E.
Salamuni
Dobra recumbente (eixo entre 0 e 10 º / plano axial entre 0 e 10 º )

Millook Haven - Cornwell - Reino Unido

Supergrupo Espinhaço, metapsefitos Millook Haven - Cornwell - Reino


(MG). Foto: E. Salamuni Unido
CLA SS I F I C A Ç Ã O B A SE A D A N O EST I L O
O e s t ilo é observado sempre no perfil do dobra, e por intermédio do qual é
possível diferenciar padrões de dobramento, que são detalhados a seguir.

( a ) Isoclinal: flancos mergulham


no mesmo sentido e com mesmo
valor angular.

Isoclinal em mármore da Formação


( b ) Dobra em leque: são dois Apiaí – Apiaí (SP)

flancos invertidos e com mergulhos


convergentes. Há polaridade
estratigráfica normal somente na
zona de crista.
Dobra em leque em Ingeborgfjellet, Van Mienfjorden,
Spitsbergen. Foto: autoria desconhecida
( c ) Homoclinal: flancos mergulhando
no mesmo sentido mas sem inversão
das camadas.

h t t p : / / e a r t h .l e e d s. a c. u k / f ol ds
( d ) Terraço Estrutural: Camadas
Mergulham uniformemente no mesmo
sentido e com mesmo valor angular.

( e ) Monoclinal ou Flexão Monoclinal:


corresponde a uma flexão em forma
de degraus, passando de suaves
mergulhos a mergulhos fortes.
M e x ic a n h a t – U t a h
h t t p : / / w w w . g e osci. u n c. e d u / f a c u l t y / gl a z n e r
( f ) Dobras em cúspide: flancos
suavemente em forma de arco
cujas zonas de charneiras
são pequenas e agudas.

http: / /earth.leeds.ac.uk/folds
( g) Dobras " en chevron " : os ápices
são terminados em ângulo, parecendo
quebrados (flancos mantém a mesma
espessura).

( h ) Dobras em Caixa : traços isoclinais


incluídos uns em relação aos outros.
Dobras em kinks. Formação Votuverava,
Grupo Açungui. Foto: E. Salamuni
( i) Dobras em " kink band " ou " kinkys" :
semelhantes às monoclinais, raio de
curvatura nulo, com flancos retos,
normalmente um longo e outro curto.
( j ) Dobras intrafoliares ou "rootless fold " : são
dobras sem raiz geradas por cisalhamento
ou transposição de estratos (shear-folds).

Embasamento, Província
Mantiqueira. Rio de Janeiro.
Foto: E. Salamuni

( k ) Dobras ptigmáticas: formam-se sob


altas condições de elasticidade (são
comuns em zonas migmatíticas).

Complexo Atuba - Curitiba (PR). Foto: E.


Salamuni
( l) Dobras de arrasto e/ou parasitas: São pequenas dobras que se
desenvolvem nos flancos de uma dobra maior. Correspondem à
orientação da dobra maior e são denominadas de d o b r a s p a r a si t a s
na forma de Z, M ou S, ou seja, possuem similar orientação dos eixos
e dos planos axiais das dobras maiores. Também podem ser geradas
em regimes de cisalhamento simples.
Vergência estrutural em dobras parasitas (S, Z e M)

Formação Apiaí, mármore calcítico Foto: Eduardo Salamuni


( m ) Dobras harmônicas: guardam
proporções entre flancos e os
pontos de charneira estão
alinhados

G n a iss e d o e m b a s a m e n t o d a B a ci a d o P a r n a í b a ,
T o c a n t i n s. F o t o : E. S a l a m u n i

( n ) Dobras desarmônicas: não


guardam proporções entre os
flancos e os pontos de charneira
estão desalinhadas entre si.

G n a iss e d o C o m p l e x o S e t u v a , V a l e d o Ri b e ir a ( P R ).
F o t o : E. S a l a m u n i
CLA SS I F I C A Ç Ã O B A SE A D A N A R ELA Ç Ã O E N T R E
A S S U P E R F Í C I ES S U C ESS I V A S D O B R A D A S

• Classificação de V a n H is e ( 1 8 9 4 ) : dois tipos fundamentais de


relações entre as superfícies dobradas:

( a ) Dobras paralelas (concêntricas ou flexurais): dobras isópacas


que possuem espessura ortogonal constante, enquanto que a
espessura paralela ao plano axial aumenta ao se distanciar da
charneira. A dimensão das dobras isópacas é controlada pela
espessura do leito mais competente.

( b ) Dobras similares: onde a espessura ortogonal varia,


decrescendo à medida que se afasta da charneira
• Classificação de R a m s a y ( 1 9 6 7 ) : descritiva das formas
geométricas, a partir da qual chega-se às características genéticas
da dobra. Para a utilização da classificação leva-se em conta as
linhas de igual inclinação da camada chamadas isó g o n a s d e
m e r g u l h o.

• É baseada no grau de curvatura interno e externo da dobra

( a ) Depende da forma em perfil da dobra. Trata-se de uma camada


individual, limitada por duas superfícies dobradas e, em particular,
nas mudanças na inclinação das duas superfícies.

( b ) O método ressalta uma propriedade importante das dobras:


não afetam um número ilimitado de estratos sem que haja alteração
da sua forma.
Cl a ss e 1 a

• Espessura do perfil charneira < espessura do limbo

Classe 1b

• Espessura do perfil da charneira = espessura do limbo


(dobra concêntrica)

Cl a ss e 1 c

• Espessura da área da charneira > espessura do limbo

Cl a ss e 1 a Cl a ss e 1 b Cl a ss e 1 c
• Cl a ss e 2

Curvatura do arco interno = curvatura (dobra similar)

• Classe 3:

Curvatura interna < Curvatura do arco externo

Cl a ss e 2 Cl a ss e 3
COMPETÊNC I A E I NCOMPETÊNC I A EM UMA D O BRA

• As camadas sucessivas em sequências dobradas assumem morfologia


e atitudes relativas, sendo condicionadas pelas características físicas
das rochas envolvidas e pela mecânica do dobramento.

• Rochas competentes: reagem de maneira rígida diante da


deformação, podendo resultar em dobra mas com cataclase no
material dobrado e/ou na encaixante (ex: quartzitos, silexitos,
calcários)

• Rochas incompetentes: comportam-se plasticamente diante da


deformação, dobrando-se mais intensamente.

• Esses termos são relativos e implicam em maior ou menor rigidez,


mobilidade ou plasticidade. Dobras de maior amplitude caracterizam
litotipos mais competentes.
Maior plasticidade (menor competência) gera dobras com charneiras
arredondadas enquanto maior competência gera charneiras mais
angulosas.
M E C A N I SM O S D E D O B R A M E N T O S

• As forças que atuam em um corpo são denominadas de s t r e ss,


causando deformações elásticas denominadas de s t r a i n . No caso de
dobramentos o strain é materializado das seguintes maneiras.

• Fle x ão
Quando há um encurtamento no interior da camada competente, os
esforços produzem uma instabilidade que dá lugar a uma fl a m b a g e m
( b u c k li n g ). A flambagem do banco é a ação elástica responsável por
uma ondulação do banco competente, gerando uma dobra paralela
(isópaca ou flexural). Os estratos podem apresentar-se desarmônicos
pois as dobras isópacas tendem a ser concêntricas
As dobras por fl a m b a g e m podem gerar fraturas de tensão no arco
externo que são preenchidos por minerais, boudins, dobras de arrasto,
estrias de atrito, microdobras e falhas (inversas no núcleo da dobra) e
xistosidade.
Maneira com que se formam dobras por flambagem: a tensão
1 é lateral.
• Cis a l h a m e n t o (s h e a r f ol ds, d o b r a s p a ssi v a s, sli p f ol ds)
Podem ser chamadas de dobras similares (Classe 2 de Ramsay).
Formam-se em zonas profundas da crosta, onde as rochas estão em
estado dúctil ou dúctil-rúptil. Podem se formar por meio de processos
de cisalhamento simples, cuja deformação é progressiva, heterogênea
ou homogênea. A superfície ou o plano axial é sempre paralelo ao
plano de cisalhamento.
Dobras geradas por cisalhamento

h t t p : / / e a r t h .l e e ds. a c. u k / f ol ds M e t a ss e si m e n t o d a F o r m a ç ã o B e t a r a –
I t a p e r u ç u ( P R ). F o t o E. S a l a m u n i

F ili t o G r u p o A ç u n g u i – F a i x a I t a i a c o c a ( P R ). F ili t o d a F o r m a ç ã o V o t u v e r a v a – a d j a c ê n ci a s
F o t o E. S a l a m u n i d o N ú cl e o B e t a r a ( P R ). F o t o E. S a l a m u n i
• A c h a t a m e n t o ( fl a t t e n i n g )
Teoricamente uma barra pode dobrar até 36% pelo processo de
flambagem. Após atingir esse valor ocorre a c h a t a m e n t o, no qual há
adelgaçamento nos flancos da dobra e espessamento na zona apical,
ou seja, há um fluxo plástico do material dos flancos da dobra para o
ápice da mesma.
• Flu xo:
Ocorre em condições de metamorfismo muito elevado, estando a rocha
num estado extremamente plástico (quase fusão). Esse processo
normalmente causa dobras muito irregulares com as seguintes
características: (a) inconstância do eixo; (b) padrão geométrico
extremamente irregular e (c) características típicas de alto grau
metamórfico.

D o b r a s d e fl u x o e m
mig m a tito do
e m b a s a m e n t o d o Rio d e
J a n e ir o. P r o v í n ci a
M a n t i q u e ir a N o r t e . F o t o : E.
Sala m uni
Observação: Qualquer que seja o tipo de dobra, os estratos deslizam uns
sobre os outros. Esses deslizamentos produzem estrias nas superfícies
superiores dos bancos (sulcos de fricção), mostrando um típico produto
de cisalhamento simples em escala local.
D o b r a s r e l a cio n a d a s a f a l h a s i n v e rs a s

D o b r a s d e c a v a l g a m e n t o e m p a r a g n a iss e s d a F o r m a ç ã o
B e t a r a ( P a r a n á ). F o t o : E. S a l a m u n i
D o b r a s r e l a cio n a d a s a f a l h a s n o r m a is:

São dobras tipicamente de arrasto


e com frequência são confundidas
com dobras geradas em zonas de
cavalgamento. A maneira para de
distinção é entender que aquela
estrutura não está inserida em
uma região com processo de
compressão, mas sim em uma
região com tectônica distensional.
RECO N H EC I ME N T O DE D O BRAS E VERGÊ N C I A
EST R U T U R AL

• Dobras métricas ou menores podem ser visíveis diretamente em


afloramentos ou exposições. Quando são maiores podem ser
reconhecidas devido às variações de atitudes das camadas, utilizando-
se os estereogramas estruturais (Schmidt-Lambert ou Wulff). Estas
variações de atitude são características fundamentais que devem
sempre ser analisadas comparativamente. Havendo assimetria de
atitudes há possibilidade de se determinar a v e r g ê n ci a e s t r u t u r a l
do plano axial. Por exemplo, em dobras reclinadas ou quase
recumbentes, a vergência está no sentido oposto ao sentido de
mergulho dos planos axiais.
Qualquer que seja a escala de observação, uma estrutura só pode ser
interpretada a partir do da indicação de sua v e r g ê n ci a , isto é, o
mergulho geral dos planos axiais de dobras de uma mesma fase de
dobramento são conhecidos no âmbito de um sítio tectônico unitário
ou individualizável.

A v e r g ê n ci a indica o sentido de movimento geral das massas


rochosas ao longo de um ciclo tectônico. É importante observar que a
v e r g ê n ci a em uma cadeia de montanhas, ou em uma zona dobrada
é, por definição, o movimento de massas rochosas das zonas internas
(da placa superior) em direção às zonas externas (placa inferior ou
subductante), ou seja são controlados pelos processos de subducção
nas zonas externas.
G n a iss e d a P r é - C o r d il h e ir a a n d i n a . S a n t a - F é ( A R ).
F o t o E. S a l a m u n i
D O B R A S S U P E R P O ST A S ( O U R E D O B R A M E N T O S )

• Podem ocorrer devido à orogênese superposta, fases de deformação


progressiva com geração de dobras sucessivas ou em fases de
deformação sucessivas num mesmo ciclo.

• Ramsay (1967) caracterizou alguns tipos fundamentais de produtos


de sobreposição. Classificou-os em figuras de interferência 1, 2 e 3,
respectivamente: padrão c a i x a d e o v os (Tipo 1) ou d o m os e
b a ci a s; padrão em m e i a l u a (Tipo 2) e padrão em l a ço ou em
c h a m a (Tipo 3).
Os padrões de interferência dependem exclusivamente dos mergulhos do
eixo e do plano axial de ambas as dobras.
O padrão de interferência do Ti p o 1 é caracterizado por uma geometria
do tipo “d o m os e b a ci a s” ou “c a i x a d e o v os”. Olhando abaixo na
superfície do afloramento, o padrão deriva de dois dobramentos
verticais: um com tendência longitudinal à figura da tela e a outro
vertical. Afloramento clássico no Lago Monar, Escócia.

h t t p : / / e a r t h .l e e ds. a c. u k / f ol ds
O padrão de interferência do Ti p o 2 , mostra formas geométricas com
formas em “ m e i a -l u a ” ou “ a s a s d e b o r b ol e t a “. A foto do afloramento
é o resultado de uma primeira fase de dobramento reclinada seguido
por dobras vertical. Braço de Mar Monar, Escócia.

h t t p : / / e a r t h .l e e ds. a c. u k / f o l ds
O padrão de interferência do Ti p o 3 gera geometria com formas em
“c h a m a s” ou “lí n g u a s”. Estas formas da superfície axial quase
recumbentes estão redobradas por dobra vertical, mas com eixo quase
paralelo ao primeiro dobramento.

h t t p : / / e a r t h .l e e ds. a c. u k / f ol ds
Figuras de interferência em redobramentos (mapa ou perfil)
D ESE N V O LV I M E N T O D E F O L I A Ç Ã O E L I N E A Ç Ã O E M D O B R A S

Em uma superfície dobrada, em função da deformação e das


características reológicas locais, principalmente na zona apical ou de
charneira, há geração de estruturas de natureza dúctil (foliação) ou de
estruturas de natureza rúptil (clivagem ou fraturas).

Tais estruturas são referidas como foliação ou clivagem plano axial.

h t t p : / / w e b . u s a l. e s / ~ g a b i / A P U N T ES / T E M A 6 .P D F
Possíveis padrões geométricos de clivagens plano-axiais em dobras

M o d ific a d o d e : h t t p : / / w e b . u s a l. e s / ~ g a b i
Uma das estruturas mais comuns em zonas de charneira são as clivagens
e/ou foliações que criam uma geometria particular em forma de
crenulações (ou micro-dobras). Tais estruturas sinalizam, em geral, para
uma segunda fase de deformação.

M o d ific a d o d e : h t t p : / / w e b . u s a l. e s / ~ g a b i / A P U N T E S
R EL A Ç Õ ES EST R A T I G R Á F I C A S E M D O B R A S

Dobras podem provocar a duplicação de camadas, mascarando a relação


estratigráfica original ou então criando uma “falsa relação estratigráfica”.

Em geral esses processos estão associados a falhas inversas ou falhas


transpressionais, onde inclusive se verifica a geração de duplex.

Honey Moon Cove


B e a c h – B a h a m a s. F o t o :
F a b i a n a D o m i n g os
Clivagens ou foliações plano-axiais em dobras podem revelar relações
estratigráficas e geométricas relativas à vergência estrutural.

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