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1. Força e Esforço
Força e Esforço são duas grandezas importantes para o estudo da Geologia Estrutural. Os
materiais geológicos são considerados contínuos para fins de simplificação na previsão dos
comportamentos sob deformação.
A força muda a velocidade de um objeto. De acordo com a primeira Lei de Newton, na
ausência de uma força um objeto se move em velocidade constante, ou, um corpo livre se move sem
aceleração. A mudança na velocidade é chamada de aceleração, definida como velocidade dividida
pelo tempo. A força (F), de acordo com a Segunda Lei de Newton, será a massa multiplicada pela
aceleração, e sua unidade será kg.m.s-2.
A força pode ser classificada em dois tipos: a força de corpo, que atua no volume de um
corpo (como a gravidade); e a força de superfície, que atua somente sobre a área superficial de um
corpo (como a expansão de um pistão).
O esforço (stress) é a força por unidade de área, σ = F/A. Ou seja, o esforço é a intensidade
da força, ou uma medida de quão concentrada uma força é. Sua unidade é kg.m-1.s-2 ou N.m-2
(Pascal). Outra unidade comum é o bar, que equivale a aproximadamente 1 atm:
A força aplicada em uma área pode ser decomposta em uma força normal (Fn), resultando
em um esforço normal, e paralela a superfície (Fs), resultando em um esforço cisalhante. Para
observar a relação da força (F) e esforço (σ) em
um plano, temos a aplicação de uma força
através de um cubo com face ABCD e
comprimento da aresta AB. A força é
decomposta em Fs (força cisalhante - paralela a
superfície) e Fn (força normal - perpendicular a
superfície) em relação a um plano EF que faz
ângulo θ com a superfície superior e inferior.
(Figura a):
σ = F/AB
Fn = F cos θ = σ AB cos θ = σ EF cos2 θ
(AB = EF cos θ)
Fs = F sin θ = σ AB sin θ = σ EF sin θ cos θ
= σ EF 1/2 (sin 2θ)
Obs: O sinal positivo é utilizado para esforços compressivos e negativo para esforços extensionais.
2. Deformação
As setas em (A) são os vetores de deslocamento que conectam as posições inicial e final das
partículas. Em (B, C) Componentes de translação e rotação da deformação mostrada em (A). (D) O
componente de deformação interna (strain); um novo sistema de coordenadas (x', y') é introduzido.
(E) O novo sistema elimina a translação e rotação (B, C) e a deformação interna ocorre por
cisalhamento simples.
Falhas normais em dominó, que foram rotacionadas para acomodar a deformação em um sistema
extensional.
Outros exemplos de deformações causadas por rotação: falhas lístricas, rotação de ripple marks,
porfiroblastos, etc.
- Deformação Homogênea:
a) Linhas originalmente retas permanecem retas;
b) Linhas originalmente paralelas permanecem
paralelas;
c) Círculos se transformam em elipses (ou
elipsoide em 3D);
d) Deformação interna e mudança de volume/
área são constantes em todo o volume de
rocha considerado.
Obs.: Uma deformação homogênea em uma
escala pode ser considerada heterogênea em
outra. Ex.: Um volume de rocha cortado por
falhas; em larga escala, a deformação pode ser
considerada homogênea; em escala menor, as
descontinuidade tornam-se aparentes e a
deformação pode ser considerada heterogênea.
- Deformação Heterogênea:
Quando qualquer uma das restrições de Deformação Homogênea não se aplica.
Na figura abaixo, em (a) estado sem deformação, em (b) deformação homogênea e, em (c)
deformação heterogênea.
- Linhas materiais conecta elementos (como uma matriz de grãos) que são reconhecíveis ao
longo de uma história de deformação, se comportam como marcadores passivos;
- Em um corpo homogeneamente deformado bidimensional, haverá pelo menos 2 linhas materiais
que não rotacionarão uma em relação à outra;
- Essas duas linhas são os eixos da elipse de
deformação;
- Em um corpo homogeneamente deformado
tridimensional, haverá pelo menos 3 linhas
materiais que não rotacionarão uma em relação
à outra;
- Essas três linhas são os eixos do elipsoide de
deformação (X >Y >Z).
2.3 Deformação finita, incremental e instantânea
- Todas as linhas materiais, exceto aquelas que permanecem perpendiculares antes e depois do
incremento da de formação (isto é, seus eixos principais) rotacional uma em relação à outra;
- No caso geral para a deformação interna, os eixos principais de incremento de deformação não
necessariamente permanecem o mesmo ao longo de toda a história. Ou seja, os eixos principais
de incremento de deformação interna rotacionam em direção aos eixos de deformação interna
finita, esse cenário é chamado de acúmulo não-coaxial;
- O caso em que as mesmas linhas materiais permanecem os eixos de deformação a cada
incremento é chamado de acúmulo coaxial.
Deformação não-coaxial (a) e coaxial (b). Os eixos de deformação incremental são diferentes e
sofrem rotação em relação ao estágio final durante a deformação não-coaxial. Na deformação
coaxial, os eixos de deformação incremental são paralelos às mesmas linhas materiais.
2.5 Deformação interna
PARÂMETROS QUANTITATIVOS
- (a) Deformação geral (X> Y> Z), (b) extensão atualmente simétrica (X> Y = Z), (c)
encurtamento axialmente simétrico (X = Y> Z), (d) deformação plana (X> 1> Z), e (e)
encurtamento simples (1> Z).
2.10 Diagrama de Flinn
Trajetórias de partículas (em verde) e apófises de fluxo (em azul) de deformações planas. As duas
apófises de fluxo, que descrevem o padrão de fluxo, são ortogonais no cisalhamento puro, oblíquas
no cisalhamento sub-simples e coincidentes no cisalhamento simples. O α refere-se ao ângulo entre
as apófises e Wk é o número de vorticidade cinemática (Wk = cos α).
Na deformação em estado constante (sob fluxo e esforço constante), os ISA e as apófises de fluxo
conservam suas orientações iniciais durante toda a história da deformação, e Wk é constante.
- O eixo de cisalhamento principal maior (X) não rotacional e é sempre paralelo ao ISA1;
- As linhas que são paralelas ao ISA não rotacionam durante a deformação;
- Qualquer outra linha rotaciona em direção a X e ISA1;
- As linhas rotacionam no sentido horário e anti-horário em um padrão simétrico em relação ao
ISA;
- As linhas podem rotacionar do campo de encurtamento para o de estiramento, mas nunca no
sentido contrário.
2.15 Deformação simples progressiva
Comportamento rúptil
Rocha perde a continuidade (coesão)
Comportamento dúctil
Mesoscopicamente o material flui como um fluido viscoso
Comportamento plástico
Excede o limite de elasticidade desenvolvendo deformação sem perda de continuidade
Comportamento elástico
Ex: ondas sísmicas
Comportamento visco-elastico
Um material se comporta de maneira elastica e outro de maneira viscosa
Comportamento elastico-viscosa
Ex: Manto
Curva de fluência
Pressão confinante
Esforço contrário em todos os lados
Com o aumento da pressão confinante + deformação finita acumula de uma forma viscosa
antes de fraturar ou mais resistência da rocha a se fraturar
Quanto maior a pressão confinante mais ductilmente o material se comporta
Folhelho, calcário e arenito, mais variam o comportamento com o aumento da pressão
confinante
Temperatura
Quanto maior a temperatura maior a deformação que os materiais acumulam de maneira
viscosa antes de romper
Deformação acentuada por pressões confinantes maiores
Estruturas Rúpteis
1. Deformação rúptil
A deformação rúptil é caracterizada por um processo não reversível, onde a mesma gera
um rompimento instantâneo das ligações cristalinas de forma rápida e localizada, sendo
representada através de uma descontinuidade na rocha. Pode ser evidenciada pelo crescimento
de fraturas na rocha e/ ou pelo movimento sobre essas fraturas já formadas. É característica da
deformação na crosta superior, ocorrendo quando os esforços se acumulam e excedem o limite
local de resistência à ruptura da rocha.
3. Critérios de ruptura
A envoltória de Mohr-Coulomb, diz que a reta envoltória é traçada na tangente do
círculo de Mohr, a partir dos valores de σ1 e σ3 (tensões mínima e máxima) no momento de
ruptura, onde o ângulo que σ3 faz com o plano de tensão normal, indicando as tensões
cisalhante e a normal no momento de ruptura. É importante evidenciar que é considerado que
o plano de fratura sempre contém σ2.
Para que seja possível abranger todas as faixas de esforços é necessário utilizar vários
critérios de ruptura, como por o de Griffith para fraturas extensionais, o de Coulomb para
fraturas de cisalhamento e o de Von Mises para deformação plástica.
Geologia Estrutural II
Resumo módulo I
A atitude de uma dobra é descrita pela atitude de sua superfície axial e de sua linha de
charneira. Esses dois parâmetros podem ser lançados em um diagrama de classificação
de dobras, observado abaixo:
Mergulho da superfície axial x Caimento da linha de charneira
Simetria e ordem:
- Dobras simétricas (ortorrômbicas): superfície axial bissecta o ângulo interlimbos e é
perpendicular à superfície envoltória.
- Dobras assimétricas (monoclínicas): superfície axial não bissecta o ângulo interlimbos
e é oblíqua a superfície envoltória.
- Vergência: direção horizontal contida no plano do perfil da dobra, no qual o flanco
superior e mais longo da dobra assimétrica aparenta ter-se movido causando a rotação do
flanco mais curto. É contrária a direção de mergulho do plano axial.