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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

UNIDADE II

MECÂNICA DOS SOLOS II

RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS


SOLOS

Prof. Me. Salatiel Dias

João Pessoa, 2019.


INTRODUÇÃO

Qualquer obra de engenharia que envolve conhecimentos geotécnicos deve necessariamente


responder a pergunta: Pode ocorrer a ruptura? Para respondê-la, deve-se equacionar diversas
solicitações envolvidas na obra e verificar se o solo resiste a estas solicitações, determinando-
se a resistência ao cisalhamento mobilizada pelo solo.

Portanto, qualquer ponto no interior de uma massa de solo é solicitado por forças devido ao
peso próprio do solo e as forças externas aplicadas. Os esforços resistentes do solo são
chamados de tensões, cuja intensidade é medida pela força por unidade de área.

A ruptura de um solo, representada de maneira ideal, se produz por cisalhamento ao longo de


uma superfície de ruptura, ocorre o deslizamento de uma parte do maciço sobre uma zona de
apoio que permanece fixa. A lei de cisalhamento é a relação que une, no momento da ruptura
e ao longo da superfícies de ruptura a tensão normal ou tensão de compressão (σ) e a tensão
tangencial ou tensão de cisalhamento (τ), conforme esta representado na Figura a seguir.
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO

A resistência ao cisalhamento de um solo em qualquer direção é a tensão de cisalhamento


máxima que pode ser aplicada à estrutura do solo naquela direção. Quando este máximo é
atingido, diz-se que o solo rompeu, tendo sido totalmente mobilizada a resistência do solo.

Os problemas de resistência dos solos são usualmente analisados empregando-se os conceitos


do "equilíbrio limite", o que implica considerar o instante de ruptura, quando as tensões
atuantes igualam a resistência do solo, sem atentar para as deformações.
Exemplos típicos onde a determinação da resistência ao cisalhamento do solo é que
condiciona o projeto, são as análises de estabilidade de taludes (aterros e cortes), empuxos
sobre muros de arrimo ou qualquer estrutura de contenção, capacidade de carga de sapatas e
estacas. Na figura anterior, estão representados de forma esquemática estas solicitações citadas
acima. O fator de segurança (F) contra a ruptura é calculado como a razão entre as forças
estabilizadoras e as forças instabilizadoras:
TENSÕES NOS SOLOS

Conceito de Tensão em um Ponto


Em qualquer ponto da massa do solo existem três planos ortogonais onde as tensões
cisalhantes são nulas. Estes planos são chamados “planos principais de tensões”. Portanto, as
tensões normais recebem o nome de tensões principais, onde a maior das tensões atuantes é
chamada tensão principal maior (σ1), a menor é chamada tensão principal menor (σ3), e a
terceira é chamada tensão principal intermediária (σ2).
Em Mecânica dos Solos, normalmente, despreza-se a tensão principal intermediária (σ2).
Embora “σ2” influencie na resistência ao cisalhamento dos solos, seus efeitos não são
perfeitamente compreendidos.

Tensões normais de compressão são positivas


Tensões cisalhantes no sentido anti- horário são positivas
TENSÕES NOS SOLOS

A maior parte dos problemas de Mecânica dos Solos permitem soluções considerando um
estado de tensões no plano, isto é, trabalha-se com um estado plano de tensões ou estado
duplo de tensões. Admitindo-se esta simplificação, trabalha-se somente com as tensões
atuantes em duas dimensões. Mais especificamente procura-se o estado de tensões no plano
que contêm as tensões principais σ1 e σ3.
Conhecida a magnitude e direção de σ1 e σ3 é possível encontrar as tensões normal e
cisalhante em qualquer outra direção, conforme as equações desenvolvidas a seguir, como
mostra a figura a seguir.
TENSÕES NOS SOLOS

Σ Forças na direção de “τα” (tangencial ao plano bb)


τα . A = σ1 . A . cos α . sen α - σ3 . A . sen α . cos α
τα = (σ1 - σ3 ) . cos α . sen α I.T. → 2.cos α . sen α = sen 2.α

Σ Forças na direção de “σα” (normal ao plano bb)

σα . A = σ1 . A . cos α . cos α + σ3 . A . sen α . sen α


σα = σ1 . cos2 α + σ3 . sen2 α
CÍRCULO DE MOHR
O estado de tensões em todos os planos passando por um ponto podem ser representados
graficamente em um sistema de coordenadas em que as abcissas são as tensões normais (σ) e
as ordenadas são as tensões de cisalhamento (τ), conforme a figura a seguir.
O círculo de Mohr tem seu centro no eixo das abcissas. Desta forma, ele pode ser construído
quando se conhecerem as duas tensões principais, ou as tensões normais e de cisalhamento em
dois planos quaisquer.
Conhecendo-se σ1 e σ3 traça-se o círculo de Mohr. A inclinação (α) do plano principal maior
(PPM), permite determinar o ponto P (pólo), traçando-se por σ1 uma reta com esta
inclinação.

Representação do estado de tensões através do diagrama de Mohr.


CÍRCULO DE MOHR

Procedimento idêntico pode ser utilizado traçando-se por σ3 uma paralela ao plano principal
menor (ppm). A figura a seguir mostra como determinar o pólo e as tensões na ruptura.
Qualquer linha reta traçado através do pólo ou origem dos planos (ponto P) intersecionará o
circulo em um ponto que representa as tensões sobre um plano inclinado de mesma direção
desta linha.

Determinação do pólo e das tensões na ruptura através do círculo de Mohr.


EXERCÍCIOS

Exemplo 1: Dado o estado de tensões apresentado abaixo, determine as tensões que atuam
no plano bb.
EXERCÍCIOS

Resolução:
EXERCÍCIOS

Exemplo 2: Dado o estado de tensões da figura abaixo, determine as tensões no plano


horizontal “dd”.
EXERCÍCIOS

Resolução:
TENSÕES TOTAIS, EFETIVAS E NEUTRAS

O principio básico introduzido por Terzaghi que em solos saturados a tensão efetiva é igual a
diferença entre a tensão total e a tensão neutra : σ' = σ - u .
As tensões de cisalhamento em qualquer plano são independentes da poro-pressão, pois a água
não transmite esforços de cisalhamento. As tensões de cisalhamento são devidas somente à
diferença entre as tensões normais principais e esta diferença é a mesma, tanto quanto se
consideram as tensões efetivas como as tensões totais, como se verifica pela fórmula proposta
por Terzaghi. Os círculos de Mohr para os dois tipos de tensão tem, portanto, o mesmo
diâmetro. Na figura a seguir está representado o efeito da poro-pressão no círculo de Mohr.

Efeito da tensão neutra ou poro-pressão no círculo de Mohr.


RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

Define-se como resistência ao cisalhamento do solo como a máxima tensão de cisalhamento


que o solo pode suportar sem sofrer ruptura, ou a tensão de cisalhamento do solo no plano
em que a ruptura ocorre no momento da ruptura. Em Mecânica dos Solos, a resistência ao
cisalhamento envolve duas componentes: atrito e coesão.
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 ATRITO
O atrito é função da interação entre duas superfícies na região de contato. A parcela da resistência devido
ao atrito pode ser simplificadamente demonstrada pela analogia com o problema de deslizamento de um
corpo sobre uma superfície plana horizontal.

Atrito entre dois corpos no instante do deslizamento.

A resistência ao deslizamento (τ) é proporcional à força normal aplicada (N), segundo a relação:
T=N.f
onde “f ” é o coeficiente de atrito entre os dois materiais. Para solos, esta relação é escrita na forma:
τ = σ . tg φ
onde “φ” é o ângulo de atrito interno do solo, “σ” é a tensão normal e “τ” a tensão de cisalhamento.
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 ATRITO
Nos materiais granulares (areias), constituídas de grãos isolados e independentes, o atrito é um misto de
escorregamento (deslizamento) e de rolamento, afetado fundamentalmente pelo entrosamento ou
embricamento dos grãos. Tal fato não invalida a aplicação da equação anterior a materiais granulares. A
figura a seguir mostra os tipos de movimentos de materiais granulares quanto submetidos a esforços
cortantes.
Enquanto no atrito simples de escorregamento entre os sólidos o ângulo de atrito “φ” é praticamente
constante, o mesmo não ocorre com os materiais granulares, em que as forças atuantes, modificando sua
compacidade e portanto, acarretam variação do ângulo de atrito “φ”, num mesmo solo. Portanto, o
ângulo de atrito interno do solo depende do tipo de material, e para um mesmo material, depende de
diversos fatores (densidade, rugosidade, forma, etc.). Por exemplo, para uma mesma areia o ângulo de
atrito desta areia no estado compacto é maior do que no estado fofo (φ densa > φ fofa).
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 COESÃO

A resistência ao cisalhamento do solos é essencialmente devido ao atrito. Entretanto, a atração química


entre partículas (potencial atrativo de natureza molecular e coloidal), principalmente, no caso de
estruturas floculadas, e a cimentação de partículas (cimento natural, óxidos, hidróxidos e argilas) podem
provocar a existência de uma coesão real.

Segundo Vargas (1977), de uma forma intuitiva, a coesão é aquela resistência que a fração argilosa
empresta ao solo, pelo qual ele se torna capaz de se manter coeso em forma de torrões ou blocos, ou
pode ser cortado em formas diversas e manter esta forma. Os solos que têm essa propriedade chamam-
se coesivos. Os solos não-coesivos, que são areias puras e pedregulhos, esborroam-se facilmente ao
serem cortados ou escavados.
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 COESÃO

Suponha que a superfície de contato entre os corpos, na Figura abaixo esteja colada. Na situação quando
N = 0, existe uma parcela da resistência ao cisalhamento entre as partículas que é independente da força
normal aplicada. Esta parcela é definida como coesão verdadeira.

 A coesão é uma característica típica de solos muito finos. A coesão aumenta com: a quantidade de
argila; relação de pré-adensamento; diminuição da umidade ou aumento da sucção.
 A coesão verdadeira ou real definida anteriormente deve ser distinguida de coesão aparente.
 Esta última é a parcela da resistência ao cisalhamento de solos úmidos (parcialmente saturados),
devido à sucção, que atrai as partículas. No caso da saturação do solo a coesão tende a zero.
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 RESISTÊNCIA DOS SOLOS


Nos solos estão presentes os fenômenos de atrito e coesão, portanto, determina-se a resistência ao
cisalhamento dos solos (τ), segundo a expresssão:

τ = c + σ . tg φ ou S = c + σ . tg φ

onde “τ” é a resistência ao cisalhamento do solo, "c" a coesão ou intercepto de coesão, "σ" a tensão
normal vertical e "φ" o ângulo de atrito interno do solo.

Como princípio geral, deve ser fixado que o fenômeno de cisalhamento é basicamente um fenômeno de
atrito e que, portanto, a resistência ao cisalhamento dos solos depende, predominantemente, da tensão
normal ao plano de cisalhamento.
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 CRITÉRIOS DE RUPTURA DE MOHR - COULOMB


O diagrama de Mohr, apresenta o estado de tensões em torno de um ponto da massa de solo. A
resistência ao cisalhamento do solo (τ), é determinada realizando ensaios com diferentes valores de σ3,
levando-se σ1 até a ruptura.
Cada círculo de Mohr representa o estado de tensões na ruptura de cada ensaio. A linha que tangência
estes círculos é definida como envoltória de ruptura de Mohr. A envoltória de Mohr é geralmente curva,
embora com freqüência ela seja associada a uma reta. Esta simplificação deve-se a Coulomb, e permite o
cálculo da resistência ao cisalhamento do solo conforme a expressão já definida anteriormente:
τ = c + σ . tg φ
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 CRITÉRIOS DE RUPTURA DE MOHR - COULOMB


Para melhor compreensão do conceito de envoltória de ruptura, apresentam-se quatro estados de
tensões associados a um ponto.
Estado 1 - A amostra de solo está submetida a uma pressão hidrostática (igual em todos as direções). O
estado de tensão deste solo é representado pelo ponto σ3 e a tensão cisalhante é nula.
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 CRITÉRIOS DE RUPTURA DE MOHR - COULOMB

Estado 2 - O circulo de Mohr está inteiramente abaixo da envoltória. A tensão cisalhante (τα) no plano
de ruptura é menor que a resistência ao cisalhamento do solo (τ) para a mesma tensão normal. Não
ocorre ruptura.
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 CRITÉRIOS DE RUPTURA DE MOHR - COULOMB

Estado 3 - O círculo de Mohr tangência a envoltória de ruptura. Neste caso atingiu-se, em algum plano,
a resistência ao cisalhamento do solo e ocorre a ruptura. Esta condição ocorre em um plano inclinado a
um ângulo "α critico" com o plano onde atua a tensão principal maior.
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 CRITÉRIOS DE RUPTURA DE MOHR - COULOMB

Estado 4 - Este círculo de Mohr é impossível de ser obtido, pois antes de atingir-se este estado de
tensões já estaria ocorrendo ruptura em vários planos, isto é, existiria planos onde as tensões cisalhantes
seriam superiores à resistência ao cisalhamento do solo.
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 CRITÉRIOS DE RUPTURA DE MOHR - COULOMB

O plano de ruptura forma o ângulo α com o plano principal maior. Do centro do círculo de Mohr
(ponto D), ao se traçar uma paralela à envoltória de resistência, encontra-se que o ângulo 2α é igual ao
ângulo φ mais 90º.
ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 Cisalhamento direto

 O ensaio de cisalhamento direto é o ensaio mais comum de determinação da resistência ao


cisalhamento de solos. O ensaio consiste na imposição de um plano de ruptura em uma
amostra prismática, podendo representar a condição de campo mostrada na Figura.
ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 Cisalhamento direto
 A amostra é colocada numa caixa metálica bipartida
 Carga vertical P mantida constante
 Carga horizontal F crescente até a ruptura
 O ensaio é repetido para três ou mais corpos de prova idênticos, utilizando valores diferentes de P
ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS
ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 Cálculos
Fase de preparação da amostra
 Nesta fase, são determinados alguns índices físicos: teor de umidade, peso específico total e
densidade dos grãos.
 Em seguida, determina-se o índice de vazios.

Fase de consolidação
 Aplica-se a força normal e aguarda-se o processo de consolidação. Ao final deste, o novo
índice de vazios é calculado por:
ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 Cálculos
Fase de cisalhamento
 São seguidas as seguintes etapas:

i) Desatarraxam-se os parafusos da parte superior da caixa;


ii) Escolhe-se uma velocidade ideal para o ensaio, e liga-se a máquina;
iii) O corpo de prova é comprimido por uma força normal (N) ao plano de cisalhamento;
iv) No quadro metálico que suporta a pedra porosa superior e a parte superior da amostra,
é aplicada uma força (T) que cisalha a amostra ao longo da superfície horizontal.
ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 Cisalhamento direto – Resultados

A envoltória de resistência é dada pela reta que mais se aproxima dos pontos de ruptura dos ensaios
ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 Cisalhamento direto – Estado de Tensões na Ruptura


ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 Cisalhamento direto – Vantagens e Limitações

VANTAGENS:

 Ensaio simples, rápido;


 Plano de ruptura fixo.

LIMITAÇÕES:

 Plano de ruptura fixo;


 Ocorre ruptura progressiva;
 Planos principais sofrem rotação durante o ensaio;
 Estado de tensão só é conhecido na ruptura;
 Controle de drenagem difícil.
ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

Curvas tensão cisalhante por deformação, (b) curvas variação de volume por deformação, (c )
envoltória de resistência.
ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 Cisalhamento direto

O ensaio de cisalhamento direto pode, em principio, ser do tipo: ensaio rápido, ensaio adensado
rápido e ensaio lento.
 Ensaio de cisalhamento direto rápido - esse se caracteriza pela aplicação simultânea
inicial da tensão normal (σ) constante e cisalhante (τ) que deverá aumentar gradativamente
até a ruptura do corpo de prova.
 Ensaio de cisalhamento direto adensado rápido - aplica-se a tensão normal (σ) e após
a estabilização das deformações verticais devido à essa tensão que será mantida constante
sobre o corpo de prova, aplica-se a tensão cisalhante (τ), crescente até a ruptura.
 Ensaio de cisalhamento direto lento - a tensão normal (σ) é aplicada e, após o
adensamento da amostra, a tensão cisalhante (τ) é aplicada, gradativamente, até a ruptura
(permitindo dissipação das pressões neutras), com uma diferença fundamental dos ensaios
rápido e adensado rápido, a velocidade de aplicação da tensão cisalhante (τ) e/ou a velocidade
de deformação do corpo de prova devem ser mínimas, da ordem de 10 mm/min.
ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 Compressão Triaxial

 Corpo de prova cilíndrico numa câmara fechada


 Câmara preenchida com água sob pressão σc constante
 Membrana de borracha impede que a água penetre no
solo
 Pistão transfere a carga F para o topo do CP
 Carga F aumenta até a ruptura do solo
 O ensaio é repetido para σ3 ou mais CPs idênticos,
usando valores diferentes de c
 σ3 = σc ; σ1 = σc + F/A
ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 Compressão Triaxial – Resultados

A envoltória de resistência é dada pela reta que mais se aproxima da tangente aos círculos de Mohr de
ruptura.
ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 Compressão Triaxial– Estado de Tensões na Ruptura


ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 Compressão Triaxial – Vantagens e Limitações


VANTAGENS: LIMITAÇÕES:
 Plano de ruptura não é imposto;
 Ensaio mais complexo e demorado;
 Não ocorre ruptura progressiva;
 Presença da membrana de borracha;
 Planos principais fixos;
 Atrito entre o pistão e a câmara;
 Estado de tensão conhecido durante
 Atrito nas extremidades do corpo de prova.
todo o ensaio;
 Controle de drenagem.

 Outras formas de Triaxial

 Ensaio de tração
 Ensaio a volume constante
 Ensaio de K0
 Ensaio com trajetória de tensões controlada
ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 Tipos de ensaio quanto à drenagem

Os ensaios de resistência ao cisalhamento possuem duas fases:


1. Fase de confinamento: ocorre quando a tensão confinante é aplicada à amostra
2. Fase de cisalhamento: ocorre quando a tensão de cisalhamento é aplicada de forma
crescente ao corpo de prova até atingir a ruptura
Conforme a drenagem da água presente nos vazios do solo permitida ou impedida nessas
duas fases, os ensaio são divididos em:

 Ensaio rápido ou ensaio não-adensado-não drenado (Q ou UU - Unconsolidated Undrained):


 Não é permitida a drenagem em nenhuma das duas fases.
 A envoltória obtida com esse ensaio é denominada envoltória rápida ou envoltória não drenada
su.
 Simula a situação de curto prazo no campo, logo após a aplicação da carga, antes que a pressão
neutra formada possa dissipar-se
ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 Ensaio lento ou ensaio adensado-drenado (S ou CD - Consolidated Drained):


 Na primeira fase é permitida a drenagem da amostra e aguarda-se que toda a pressão neutra
causada pela pressão confinante dissipe-se antes de iniciar o cisalhamento.
 Na aplicação do cisalhamento é também permitida a drenagem, a velocidade empregada no
carregamento é baixa o suficiente para que qualquer pressão neutra formada tenha tempo para
dissipar-se.
 Simula a situação de longo prazo no campo.
 A envoltória obtida é chamada de envoltória efetiva s′.

 Ensaio adensado-rápido ou ensaio adensado-não-drenado (R ou CU - Consolidated Undrained):


 A primeira fase é executada como no ensaio CD (com drenagem).
 Ao iniciar a segunda fase a drenagem é interrompida e o carregamento cisalhante é executado
como no ensaio UU.
 A envoltória obtida é chamada de envoltória aparente sap.
 A envoltória efetiva pode também ser obtida se a pressão neutra for medida durante a segunda
fase.
 Esse ensaio é usado para obter a envoltória efetiva mais rapidamente e também para simular
uma ruptura não drenada de um solo submetido no campo a um confinamento inicial.
ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

Curvas típicas do ensaio adensado, drenado.


ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

A seguir apresenta-se esquematicamente a distribuição de tensões nos ensaios triaxiais:

(a) ensaio adensado, drenado (CD) - lento (S)


ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

A seguir apresenta-se esquematicamente a distribuição de tensões nos ensaios triaxiais:

(b) ensaio adensado, não-drenado (CU) - rápido pré-adensado (R)


ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

A seguir apresenta-se esquematicamente a distribuição de tensões nos ensaios triaxiais:

(c) ensaio não-adensado, não-drenado (UU) - rápido (Q)


ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 Compressão Simples

 Corresponde ao ensaio de compressão triaxial com σc = 0


 O equipamento é muito mais simples que o do triaxial
 Só é obtido um estado de tensão de ruptura
 O ensaio de compressão simples é considerado um ensaio do tipo UU
 É utilizado para estimar a coesão não drenada de solos argilosos. Para
isso assume-se φ = 0
ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 Compressão Simples

 Terzaghi e Peck (1948), correlacionaram o número de golpes obtido no ensaio SPT (ensaio de
penetração estática) com a resistência à compressão simples de argilas saturadas. Os resultados
estão indicados na Tabela a seguir.

 Através do ensaio de compressão simples em argilas pode-se definir a sua sensibilidade, isto é, a
maior ou menor perda de resistência de uma argila, que ocorre pelo amolgamento (perda da
estrutura). A sensibilidade (St) é definida como a relação entre a resistência à compressão simples
no estado indeformado e a resistência à compressão simples no estado amolgado
ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 Ensaio de palheta ou vane test


 Com este ensaio determina-se a resistência ao cisalhamento não drenada (Su ou Cu) de argilas "in
situ". O ensaio consiste na cravação de uma palheta, e em medir o torque necessário para cisalhar
o solo, segundo uma superfície cilíndrica de ruptura, que se desenvolve ao redor da palheta,
quando se aplica ao aparelho uma velocidade constante e igual a 6 graus por minuto. A figura a
seguir mostra o aparelho de vane test. O momento resistente máximo gerado, se deve a área
lateral e as áreas da base, como se apresenta a seguir:

 É frequente que h = 2d = 4r, o que conduz:


ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 Ensaio de palheta ou vane test


ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

 Ensaio de palheta ou vane test


 Algumas hipóteses devem ser feitas, a fim de que o valor medido possa representar a resistência ao
cisalhamento rápida não drenada do solo (Su):
 drenagem impedida;
 ausência de amolgamento do solo, quando da operação de cravação do equipamento;
 coincidência da superfície de ruptura com a geratriz do cilindro, formado pela rotação da palheta;
 uniformidade da distribuição de tensão, ao longo de toda a superfície de ruptura, quando o torque atingir o
seu valor máximo;
 isotropia do solo.
 O ensaio de palheta in situ pode ser realizado em poços de investigação e em sondagens, ou pode ser
cravado diretamente no solo até a profundidade a ser ensaiada.
 O vane test fornece resultados bem próximos dos reais, mas em argilas médias e duras ocorre
perturbação causada pela cravação do aparelho afetando a estrutura do solo e fornecendo resultados
não confiáveis. E um ensaio típico para argilas moles.

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