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3.1 Introdução
O solo funciona, portanto, como um meio poroso com capacidade de armazenar água
em seus poros. Dependendo da quantidade de água armazenada no solo, ele poderá
apresentar três níveis distintos que são:
Seco - Quando todos os poros do solo estiverem preenchidos apenas por ar;
Saturado- quando todos os seus poros estiverem preenchidos apenas com água,
significando que ele não mais conseguirá reter água.
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Fig1 Variação das forças associadas a consistência com a variação da humidade dos solos
Parte da água que infiltrou através da superfície do solo será evapotranspiração para
atmosfera e outra parte será gradativamente armazenada no perfil de solo.
Dependendo da humidade inicial, da intensidade e duração dessa chuva, em um
determinado momento, a capacidade de armazenamento de água do solo poderá ser
esgotada, ou seja, ele ficará saturado. A partir desse momento, devido à acção da
gravidade, o excesso de água que infiltrar directamente será drenado para as
camadas mais profundas do solo, indo abastecer os reservatórios subterrâneos. Esse
movimento descendente da água no interior do solo, de cima para baixo, é chamado
de percolação.
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A parte da água que percolou, agora chamada de água subterrânea, poderá voltar à
superfície da terra, através das nascentes, formando-se às águas superficiais que
poderá evaporar, transformar-se em nuvens e, voltar à superfície através da
precipitação: fechando o ciclo hidrológico.
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3.3 Fenómenos de capilaridade
Nos solos, por capilaridade, a água se eleva por entre os interstícios de pequenas
dimensões deixados pelas partículas sólidas, além do nível do lençol freático. A altura
alcançada depende da natureza do solo.
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Figura 3 – Distribuição de humidade no solo
O estudo de fluxo de água nos solos é de vital importância para o engenheiro, pois a
água ao se mover no interior de um maciço de solo exerce em suas partículas sólidas
forças que influenciam o estado de tensão do maciço. Os valores de pressão neutra e
com isso os valores de tensão efectiva em cada ponto do maciço são alterados em
decorrência de alterações de regime de fluxo. De uma forma geral, os conceitos de
fluxo de água nos solos são aplicados nos seguintes problemas:
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Análise da possibilidade da água de infiltração produzir erosão, arraste de
material sólido no interior do maciço, “piping”, etc.
conservação da massa.
a) Conservação de energia
A água ocupa a maior parte ou a totalidade dos vazios do solo e quando submetidas a
diferenças de potenciais, ela se desloca no seu interior. A água pode actuar sobre
elementos de contenção, obras de terra, estruturas hidráulicas e pavimentos, gerando
condições desfavoráveis à segurança e à performance destes elementos.
Onde:
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Para a maioria dos problemas envolvendo fluxo de água nos solos, a parcela referente
à energia cinética pode ser desprezada. Logo a equação toma a seguinte forma:
Para que haja fluxo de água entre dois pontos é necessário que a energia total em
cada ponto seja diferente. A água fluirá sempre de um ponto de maior energia para o
ponto de menor energia total.
b) Lei de Darcy
Grau com que isto ocorre é Expressa por um coeficiente “k” maior ou menor.
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Figura 4 – Esquema do experimento realizado por Darcy
Este experimento deu origem a uma lei que correlaciona a taxa de perda de energia
da água (gradiente hidráulico) no solo com a sua velocidade de escoamento (Lei de
Darcy).
A vazão (q) dividida pela área transversal do corpo-de-prova (A) indica a velocidade
com que a água percola pelo solo. O valor da velocidade de fluxo da água no solo
(v) é dado por:
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Chama-se de velocidade de percolação (vp), a velocidade com que a água escoa nos vazios
do solo. Considera-se a área efetiva de escoamento ou área de vazios (Av).
A lei de Darcy é válida para um escoamento “laminar”, tal como é possível e deve
ser considerado o escoamento na maioria dos solos naturais.
K Material Características
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Cm/seg m/dia do escoamento
10-7 10 -7
a 10 -3 8.64 x 10-5 a 0,86 Areias muito finas, siltes, misturas de Aquíferos pobres
areias, silte e argila, argilas
estratificadas
10-9 10 -9
a 10 -7 8.64 x 10 -7
a Argilas não alteradas Impermeáveis
8.64 x 10-5
É interessante notar que os solos finos, embora possuam índices de vazios geralmente
superiores que alcançados pelos solos grossos, apresentam valores de coeficientes de
permeabilidade bastante inferiores a estes.
1) Índice de vazios
K= 1.4 .K e2
0.85 .
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Sendo K 0.85 = Coeficiente de permeabilidade quando e = 0.85
2) Temperatura
Por isso, os valores de k são referidos à temperatura de 200C, o que se faz pela
seguinte relação:
Onde:
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Figura 6 – Exemplo de resultado de ensaio de permeabilidade (Solo argilo-arenoso)
3) Estrutura do solo
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4) Grau de saturação
5) Estratificação do terreno
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Para camadas de mesma permeabilidade, k1 = k2 = ...= kn, obtém-se pela aplicação
dessas fórmulas: kh = kv.
A determinação de k pode ser feita: por meio de fórmulas que o relacionam com a
granulometria (por exemplo, a fórmula de Hazen), no laboratório utilizando-se os
“permeâmetros” (de nível constante ou de nível variável) e in loco pelo chamado
“ensaio de bombeamento” ou pelo ensaio de “tubo aberto”; para as argilas, a
permeabilidade se determina a partir do “ensaio de adensamento”.
É utilizado para medir a permeabilidade dos solos granulares (solos com razoável
quantidade de areia e/ou pedregulho), os quais apresentam valores de
permeabilidade elevados.
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Este ensaio consta de dois reservatórios onde os níveis de água são mantidos
constantes, como mostra a Figura 9, Mantida a carga h, durante um certo tempo, a
água percolada é colhida e o seu volume é medido. Conhecidas a vazão e as
dimensões do corpo de prova (comprimento L e a área da seção transversal A),
calcula-se o valor da permeabilidade, k, através da equação:
Onde:
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O permeâmetro de nível variável é considerado mais vantajoso que o anterior, sendo
preferencialmente usado para solos finos, nos quais o volume de água que percola
através da amostra é pequeno. Quando o coeficiente de permeabilidade é muito baixo,
a determinação pelo permeâmetro de carga constante é pouco precisa.
Neste ensaio medem-se os valores h obtidos para diversos valores de tempo decorrido
desde o início do ensaio, como mostra a Figura 10. São anotados os valores da
temperatura quando da efectuação de cada medida. O coeficiente de permeabilidade
dos solos é então calculado fazendo-se uso da lei de Darcy:
E levando-se em conta que a vazão de água passando pelo solo é igual à vazão da
água que passa pela bureta, que pode ser expressa como:
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Conduz a:
Explicitando-se o valor de k:
Onde:
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Onde:
kj – permeabilidade na direção j
S – grau de saturação
e – índice de vazios
t – tempo
b) e é variável e S é constante:
i. e decrescente – adensamento
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c) e é constante e S é variável:
i. S decrescente – drenagem
Nota: Os casos (b), (c) e (d) são denominados fluxo transiente (quantidade de água
que percola varia com o tempo).
Fluxo é estacionário;
Solo saturado;
Solo homogéneo;
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A solução geral que satisfizer a condição de contorno de um problema particular de
fluxo constituirá a solução da equação para este problema específico. É importante
observar que a permeabilidade do solo não interfere na equação de Laplace.
Em uma região de fluxo as duas famílias de curvas constitui o que se denomina rede
ou linhas de fluxo.
A equação de Laplace tem como solução duas famílias de curvas que se interceptam
normalmente. A representação gráfica destas famílias constitui a chamada rede de
escoamento ou rede de fluxo (“flow net”).
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Figura 11 – Destaque do traçado de uma rede de fluxo
Este método foi proposto pelo físico alemão Forchheimer. Consiste em traçar, a mão
livre, diversas linhas de escoamento e equipotenciais, respeitando-se as condições de
que elas se interceptem ortogonalmente e que formem figuras “quadradas”. Há que se
atender também às “condições limites”, isto é, às condições de carga e de fluxo que,
em cada caso, limitam a rede de percolação.
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Figura 14 – Representação das condições limites
Para este caso, a rede de fluxo tem a configuração mostrada na Figura 15. Numerosas
linhas de fluxo e linhas equipotenciais poderiam ser traçadas, como as do exemplo;
em que se obtém Nd = 12 quedas de potencial e Nf = 5 canais de fluxo.
Uma coluna de água de altura h faz em uma área unitária 1 × 1 uma pressão “u”:
Peso = vol . γa = 1 x 1 x γa x h
Peso = γa x h
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Neste caso, observa-se que a água percola da esquerda para a direita em função da
diferença de carga total existente. Observa-se que as 11 linhas equipotenciais são
perpendiculares às 4 linhas de fluxo, formando elementos aproximadamente
quadrados. A rede é formada por 5 canais de fluxo (n f = 5) e por 12 quedas
equipotenciais (nq = 12).
Nota-se que os canais de fluxo possuem espessuras variáveis, pois a secção disponível
para passagem de água por baixo da estaca prancha é menor do que a secção pela
qual a água penetra no terreno. Logo, a velocidade será variável ao longo do canal de
fluxo. Quando o canal se estreita, sendo constante a vazão, a velocidade será maior,
gerando um gradiente hidráulico maior (Lei de Darcy). Consequentemente, sendo
constante a perda de potencial de uma linha equipotencial para outra, o espaçamento
entre as equipotenciais deve diminuir. Sendo assim, a relação entre as linhas de
fluxo e equipotenciais se mantém constante.
Isolando um elemento da rede de fluxo, como aquele mostrado na Figura 16, o qual é
formado por linhas de fluxo distanciadas entre si por “b” no plano do desenho e de
uma unidade de comprimento no sentido normal do papel.
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A área no elemento é igual a: A = b.l. Portanto:
A carga total disponível (h) é dissipada através das linhas equipotenciais (nq), de
forma que entre duas equipotenciais consecutivas temos:
A vazão total do sistema de percolação (Q), por unidade de comprimento, é dada pela
vazão do canal (q) vezes o número de canais de fluxo (n f). Portanto:
Onde:
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Propriedades básicas de uma rede de fluxo
Figura 17 – Rede de fluxo através de uma fundação permeável de uma cortina de estacas–
prancha
Exemplo
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Resolução:
a)
Temos q= K.i.A
Q = 272m3/mês
b)
ua = γa. h
(altimétrica) (piezométrica)
(6,25 + 25) x γa
Ua= 31,2t/m2
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