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Sistemas Políticos Comparados da Ásia Contemporânea

1º Teste

aula de 13-09

Conceitos
- Sistemas Políticos

Política: atividade relacionada com a tomada de decisões e com a criação de leis, a nível coletivo com
efeito vinculativo

Estado e as suas definições


. o autor Jelunek enumerou os elementos necessários para existir um Estado - entidade que controla um
território, uma população e que tem poder político

. por sua vez Max Weber, que foi um sociólogo alemão e que escreveu bastante sobre a sociedade e
sobre o Estado, definiu que um Estado é uma entidade que alega (com sucesso) deter o monopólio do uso
legítimo da força sobre determinado território

Questão do Estado Islâmico


. a expressão "Estado Islâmico" foi evitado pela comunidade internacional pois legitimava a força e o poder
deste grupo radical
. embora, perante as definições dadas por Weber e por Jelunek, o Estado Islâmico pudesse ser de facto
considerado um Estado, pois preenchia todos os requisitos, este impos a sua força e detinha o monopólio
da violência levantando outra questão relacionada com a legitimidade do seu poder pois não é fácil definir
quem define o que é legítimo ou não

Sistemas Políticos
. se a política trata da atividade de tomada de decisão a nível coletivo então o estudo da política, numa
primeira fase, envolvia o estudo das instituições políticas

Instituições Políticas
- Governo e todo o conjunto de entidades que tomam decisões a nível coletivo e que são vinculativas - ex:
tribunais - tomam decisões pois aplicam a lei, que é geral e abstrata, ao caso concreto
- Instituições: administração mais "baixa"

Questão da Birmânia
. tornou-se independente do Reino Unido e por isso tinham instituições semelhantes e eram os senhores
locais que governavam essas instituições mas a aplicação prática das decisões era diferente

. devido ao contexto social das instituições em 1960-1970 - contexto de descolonizações, instituições


democráticas fracas, explicações sociais - passaram a olhar para a sociedade de uma forma mais
genérica pois quem permite que essas instituições tenham de facto poder são as pessoas pois podem
haver agentes que não são formalmente reconhecidos mas que tomavam decisões na mesma
. por isso o estudo da política passou a olhar para a sociedade como um todo em vez de olhar só para as
instituições pois, seguindo o exemplo da Birmânia, as instituições são as mesmas mas há aspetos
culturais e de poder que fazem com que na prática a tomada de decisões seja diferente - ao há a mesma
efetividade nem o mesmo grau de vinculação dentro da sociedade

. daqui surge a expressão "sistemas políticos" com David Easton - escreveu 2 monografias e apresenta
este termo:
-Sistema Político: "um complexo de interações retiradas da totalidade de comportamento social, através
das quais são consignados, com autoridade, valores para uma sociedade"
- ou seja, existe uma sociedade base que tem determinadas regras e as instituições são o reflexo da
própria sociedade pois esta irá acatar essas decisões de acordo com os seus interesses
. fez com que o estudo da política se alterasse pois passaram a olhar para a sociedade como um todo em
vez de olhar só para as instituições pois há aspetos culturais que alteram a tomada de decisões na prática

Participação Política
. quem toma as decisões
- em contexto democrático existe uma participação geral - há quem tome as decisões mas a população
elege o seus representantes tendo assim a sua cota de participação
- numa autocracia uma pessoa decide por toda a gente

Regime Político
. distingue as situações com maior ou menor participação política
- exemplos: democracias (todos participam politicamente) e autocracias (apenas alguns participam)

Formas de Estado
. maneira como o Estado está organizado:
- há 2 tipos de organização : Estados Federais (EUA) ou Estado Unitário (Portugal)

Formas de Governo
. há casos em que o poder político é exercíciodo por um critério de hereditariedade - monarquia

Sistema de Governo
. estudo da distribuição das funções do governo
- existem 2 tipos de sistemas:
presidencialistas - em que está centrado numa figura (presidente)
parlamentares - em que a tomada de decisões está nas mãos de um parlamento

Constituições
- constituição não escrita - aquilo que define o sistema político é o costume e leis avulso - constituição não
codificada (expressão correta) - exemplo: Reino Unido e Nova Zelândia
- casos asiáticos:
- Arabia Saudita - existe um documento chamado "Lei Básica" que refere que o Corão e a Suna são a
constituição
- Omã - existe o Estatuto Básico de Estado
- Butão - até 2008 não existia uma constituição, existiam várias leis mas em 2008 o rei decidiu limitar o
seus poderes criando uma constituição
- Israel - questões no que toca ao tipo de estado (secular ou judaico) dividia as pessoas então não era
possível criar uma constituição- existiam leis avulsas mas em 1950 foi criada a Resolução de Harari que
estabeleceu que até se criar uma constituição existia apenas leis básicas
> surgiu uma lei básica sobre a dignidade e liberdade humana em 1992
até aqui todas as leis de Israel tinham o mm valor mas nesta lei básica era referido que esta lei não podia
ser violada por nenhuma outra lei que não cumprisse com determinadas características criando assim uma
hierarquia

aula de 15-09

Regimes Políticos

. Aristóteles escreveu um livro que denominou de "Política" e nele referiu diversos tipos de regimes
. aquilo que atualmente nós denominamos de regime, ele denominava de Politeia
. ele entendia que existiam 6 tipo de politeia:
- a governação poderia ser feita por uma só pessoa, por poucas pessoas ou por muitas pessoas
- haviam versões dessa governação que podia ser genuína/verdadeira ou então podia ser pervertida
. o termo que Aristóteles usava para denominar a governação genuína feita por muitas pessoas também
era Politeia
> ou seja, o termo Politeia significa regime, que abrange as 6 alternativas e significa também uma
governação genuína feita por muitos
. Aristóteles tinha uma visão negativa da democracia pois ele considerava que esta é uma forma pervertida
de governação uma vez que na democracia é a vontade da maioria que prevalece e esta vontade é
imposta às minorias
. existe uma tensão entre o que é o interesse de todos e o interesse da maioria - o interesse das maiorias
teria de ser complementado com a proteção das minorias pois, caso isso não se verificasse, tornar-se-ia
um ataque às minorias

- exemplo: Argélia
. nos anos 90 ocorreram eleições onde venceu o partido islâmico e houve um golpe de Estado para
impedir que o partido islâmico chegasse ao poder pois a minoria considerava que o partido islâmico
poderia por em causa os seus direitos
. por vezes são usadas noções de democracia mais amplas para justificar a falta de democracia num
sentido mais restrito

Democracia

- democracia direta: todos participam na tomada de decisões políticas, decisões essas que são de carácter
vinculativo para toda a comunidade
> ex: Suíça - são feitos referendos para que toda a população se possa manifestar em relação a decisões
que podem vir a ser tomadas
> exemplo no contexto asiático: Iraque - foi feito um referendo antes da constituição ser aprovada
> caso histórico - Atenas: a população ateniense reunia-se em Ekklesias e tomavam as decisões em
conjunto (apenas os homens livre com cidadania ateniense podia participar - escravos, mulheres e
crianças ficavam de fora)
> Boule - era uma assembleia restrita, onde os lugares eram tirados à sorte entre todos, a cada sorteio
eram escolhidos 500 nomes e essas 500 pessoas tomavam as decisões a nível político e qualquer
indivíduo, que correspondesse aos parâmetros obrigatórios, poderia ser selecionado, levando a todos os
cidadãos participassem pelo menos 1 vez na vida

- a democracia direta não é viável hoje em dia, principalmente em Estados mais amplos
- Democracia indireta/ representativa: funciona através de representantes que vão tomar decisões no lugar
daqueles que os elegeram

> características da democracia: exigia eleições regulares, honestas (não fraudulentas), livres (qualquer
pessoa podia ser eleita/votada), com base em sufrágio universal (ou quase-universal)

. opinião de Mao Zedong - entendia que os líderes tomariam as suas decisões com base nas massas -ele
acreditava que a liderança devia recorrer às ideias das massas para depois sistematizar tudo o que tinha
recolhido e, de seguida, voltar para junto das passas onde vai propagar e explicar essas ideias até que as
massas adiram a elas como sendo próprias - Mao acreditava que este era o melhor modelo de democracia
> isto não é um exemplo de democracia indireta pois, neste processo, os líderes poderiam distorcer as
ideias que eram originalmente das massas e passá-las como sendo deles próprios

- existem 2 tipos de democracia indireta:


. democracia liberal - proteção das liberdades (de expressão, de liberdade, ...)
. democracia não liberal - ex: Singapura e Malásia, principalmente em Singapura pois, embora não haja
registo de fraude, desde a independência que é sempre o mesmo partido a estar no poder - a propaganda
do partido que está no governo é muito mais veiculada que as dos partidos contrários
- também existem casos de eleições em autocracias mas não preenchem os requisitos de uma
democracia indireta
ex: Irão - há eleições mas ocorrem com base em processos fraudulentos - caso do 2º mandato de
Ahmadinejad
. também no Irão as eleições não são livres - existe um Conselho de Guardiões que garante que a
Constituição seja cumprida e eles podem vetar a candidatura de alguns candidatos ao governo se
considerarem que eles não conseguiriam salvaguardar a constituição ou que não seguem a religião "de
forma correta"

. porque fazer eleições se não são livres?


- para passar uma imagem ao exterior - efeitos internacionais
- endoutrinação (processo pelo qual se procura levar (grupo ou indivíduo) a aceitar determinada doutrina
de forma acrítica)
- escolha limitada (dos melhores, preferidos)

Autocracia/ Autoritarismo

Base da autocracia: uma componente ideológica


. ideologia fascista
. ideologia comunista - República Popular da China, Vietname, Laos
. teocracia - Irão
- teocracia - a governação é divina, ou seja, o líder (que hoje em dia é Khamene) tem o poder mas é
de origem divina
. monarquia - Arabia Saudita, Omã, Qatar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Bahrain, Brunei
. indivíduo - Ásia Central (Turquemenistão)
- Individuo - construção de uma imagem de um líder que justifica o poder estar na mão de uma pessoa
em específico
. junta militar/ governo apoiado por militares - Birmânia
- em 1962 o general Ne Win governou e manteve uma junta militar até 2010; desde 2010 que o governo
civil manteve-se mas apoiado pelos militares até 2021 onde ocorreu um golpe de estado
. partido - Iraque, Síria
. totalitarismo - semelhante ao autoritarismo mas neste caso a governação atinge de forma total e
completa a vida das pessoas
> Carl Friedrich e Zbigniew Brzezinski sugere o “síndroma totalitário” que segue um padrão de
características relacionadas:
- ideologia oficial com fim de produção de um novo estado da humanidade
- partido único liderado por um homem
- controlo pela política, na base do terror
- monopólio das comunicações
- monopólio das armas
- economia centralizada
- ex: China nos anos 50 - revolução cultural/ o Grande Salto em Frente, Kampuchea Democrática (1975-
1979), coreia do norte (Kim il-sung)
. penetração da sociedade, fim de total transformação, mobilização

aula de 20-09

- Estado Totalitário: são sempre autoritários mas um estado autoritário pode ser não totalitário; são
autocracias; querem que as pessoas tomem posições a favor do estado
. o conceito de autoritário pode ser: autoritário não totalitário ou totalitário
. características de um Estado totalitário que não se encontram em regimes autoritários: a penetração na
sociedade; ação contínua na população; a esfera privada do indivíduo praticamente desaparece; temos
uma grande ingerência do estado na vida das pessoas e isso é visível em casos onde há uma tentativa de
mudança da sociedade e onde se quer a participação de todos
- ex: China - grande salto em frente, na Revolução Cultural: todos participavam e todos eram mobilizados
para participar ativamente

. na generalidade dos regimes autoritários o Estado quer que as pessoas não façam nada, que sejam
inertes, que não reajam ao domínio político

. diferença entre um Estado Totalitário e um Estado Autoritário: no totalitário há desejo de mudança e há a


mobilização das pessoas a favor do estado; no autoritário querem que as pessoas sejam passiva, só
aceitem aquilo que lhes é imposto

. o conceito de totalitário é um pouco variável: totalitário significa que interfere na esfera total da vida das
pessoas
ex: Coreia do Norte - atualmente entende-se que tem um regime pós-totalitário pois entende-se que o
grande esforço de mobilização existiu durante o tempo do primeiro líder, onde as pessoas estavam
constantemente a serem chamadas a intervir para mudar a sociedade mas com a passagem de
testemunho isso abrandou, o esforço de mobilização deixou de existir, as pessoas já não são convocadas
a todo o momento para a construção de uma nova sociedade
- pode levantar algumas questões pois embora as pessoas já não sejam convocadas para mudar
sociedade, a vida delas continua a ser completamente dominada pelo regime então, hoje em dia, é
totalitário em outro sentido.
- um exemplo disso é que em casa as pessoas deveriam ter imagens dos líderes
. este é um exemplo de como o termo "totalitário" é fluido mas as vezes restringe-se este termo a quando
há mobilização das massas

Democracia não liberal


. não existe uma competição justa e também não há a garantia de certas liberdades (de expressão, de
manifestação, ...)
- as eleições normalmente são exemplares, decorrem de forma totalmente correta mas não há uma
verdadeira partilha dos vários pontos de vista políticos que existem

. podem ser designadas por:


- regimes híbridos; pseudo-democracia; democracias eleitorais (a democracia só se sente no momento
das eleições)
. Steven Levitsky entendia que nas democracias não liberais haveria um autoritarismo competitivo pois
existia competição - havia eleições competitivas mas o quadro será de autoritarismo, onde nem todos se
puderam expressar da mesma forma

Democracia Delegativa
. foi um autor argentino, Guillermo O'Donnell, que usou este termo pela 1ª vez e mais tarde, em 1994,
Kubiek veio complementar
. este ator estudou casos de democracia na américa latina - em determinados casos, os líderes eram
votados de forma justa e democrática mas, após serem de facto eleitos, abusavam do seu poder - o termo
delegativo é usado no sentido de que alguém é eleito e essa pessoa entende que é um delegado do povo
e pode fazer tudo aquilo que quiser sem limites constitucionais
- todos os órgãos políticos tem limites para o seu poder mas nestes casos isso não era respeitado
- ex: Coreia do Sul - em várias situações, já dentro do regime democrático, os presidentes, que era
também líderes de partidos e de coligações no parlamento, abusavam do seu poder como presidentes e
impediam que houvesse oposição ao seu partido
. os líderes não sentem que têm a responsabilidade de limitar o seu poder e respeitar regras - o presidente
atua como se fosse o próprio parlamento

. um autor, Wolfgang Merlek, veio a apresentar 2 categorias de democracias: democracias enraizadas e


defeituosas
- democracia exclusiva - existe democracia mas só alguns podem participar no ato eleitoral, o ato eleitoral
existe sem o elemento fraudulento mas nem todos podem participar (vs. regime eleitoral, direitos políticos
de participação)
- democracia não liberal (vs. direitos civis)
- democracia delegativa - não há cumprimento de responsabilidade (vs. responsabilidade - não ir para
além das suas funções)
- democracia tutelada - existem atores por fora do sistema reconhecido e são esses quem
verdadeiramente governam (vs. poder efetivo de governação)
- na aparência é uma democracia, o ato eleitoral é exemplar e existe liberdade de expressão e de ideias
mas há pessoas por trás que são os efetivos responsáveis pela tomada de decisões
- ex: vários casos na Ásia são os militares quem governa (Paquistão, Indonésia, Filipinas,...) temos outras
instituições que estão por cima das que eram suposto estarem a governar

Democratização
. evolução no sentido do estabelecimento das democracias
. Samuel Huntington, escreveu um livro que teve um grande impacto, “The Third Wave: Democratization in
the late Twentieth Century” em 1991
. foi escrito na altura em que tinha havido a queda do muro de Berlim, final da guerra fria, surgimento de
novos estados e, em alguns casos, com características democráticas
. mais tarde escreveu outro livro chamado de "O Conflito de Civilizações" - ele entendeu que se estava à
beira do surgimento de conflitos entre as várias civilizações que tinham estado até aí estancados por
questões ideológicas e pela divisão do mundo mas, com o fim da guerra fria iriam ressurgir as diferenças
civilizacionais
- refere a existência de 3 vagas de democratização - 3 vezes em que, no mundo, o fenômeno democrático
se estendeu
.1ª vaga: 1828 - 1922/1926
- em 1828 o presidente americano aumentou o sufrágio universal masculino e começa a 1ª vaga de
democratização
º no século 19, quando ocorriam processos democráticos, a participação nos atos eleitorais tava limitada por critérios
que estavam associados à propriedade, ou seja, entendia-se que pessoas que tivessem menos bens poderiam ser menos
esclarecidas e, por isso, menos capazes de votar com menos consciência
º em 1828, este presidente tirou esses requisitos de propriedade como requisito para se poder votar
- em 1922 ocorre o estabelecimento da Itália fascista de Mussolini
- para finalizar esta primeira vaga, é o caso português que se destaca em 1926
- casos na Ásia: Japão - o processo democrático foi estabelecido durante o período Meiji, na parte final do
século 19

. 2ª vaga: 1943- 1962


- em 1943 é o ano que marca o fim do regime de Mussolini
- o fim desta segunda vaga ocorre em 1962 devido a vários casos, na américa latina, onde democracias se
tornam autocracias, com o estabelecimento de regimes militares
- exemplos na Ásia: Birmânia - em 1948 tornou-se independente e adota a democracia mas, em 1962, um
general faz um golpe de estado e a Birmânia passa a ter um regime autocrático
Coreia do Sul - depois da 2ª guerra mundial, em 1961, a Coreia do sul sofre um golpe
de Estado e passa de uma democracia a um regime autoritário
Indonésia - em 1959, Suharto acha que deve guiar a democracia

. 3ª vaga: 1974 - ...


- o caso português - voltamos a ser uma democracia
. ocorre o estabelecimento de democracias na Ásia a partir dos anos 80
- exemplos na Ásia: Filipinas - em 1986, houve um movimento que se denominou de People Power, que
derrubou a ditadura de Marcos
º A Primavera Árabe - começou na Tunísia, que passou a ser um regime democrático e
começou a espalhar se para os restante países árabes mas houveram reações contra esse movimento
que, no fim, ficou limitado apenas à Tunísia - o regime passou de parlamentar a presidencialista

Fatores de Democratização na Ásia


. Aurel Croissant escreveu um artigo em 2004 (“From Transition to defective democracy: mapping asian
democratization”) sobre a democratização na Ásia
. vai tentar ver quais os elementos que levam à democratização
> desenvolvimento econômico afeta o estabelecimento da democracia?
- regra geral, quanto melhor e mais desenvolvida a economia maior a tendência a que surja uma
democracia mas existem casos, por exemplo os países do Golfo Pérsico, onde o nível de vida é bastante
alto e o pensamento das pessoas é "se eu estou bem, para que mudar?", como já tem um bom nível de
vida não sentem necessidade de aderir à democracia
> valores asiáticos/experiência colonial? (valores asiáticos como valores autocráticos)

aula de 22-09

- podemos assumir que, casos de países onde o desenvolvimento econômico é maior teriam maior
predisposição para adotarem o regime democrático mas nem sempre isto se verifica - encontramos casos
de Democracias Desviantes, exemplo da Índia e da Mongólia, da Costa Rica na América Latina - são
exemplos onde o desenvolvimento não é assim tão visível mas em que a democracia se estabeleceu
mesmo assim; existem também casos onde os países são extremamente ricos mas não há interesse na
democracia e não de deu essa evolução
* países ricos entende-se por países onde o bem estar das pessoas é elevado

. países que tiveram experiência colonial estariam predispostos a adotar a democracia e países que
tinham valores asiáticos tinham tendência a adotar outros regimes?
-

. quando há um estado fraco e ao mesmo tempo há forças concorrentes relativamente às instituições


políticas do Estado a tendência será para não haver democracia mas se o Estado for forte então sim
haveria uma democracia?
- o autor refere que há casos de Estados forte e eficazes, como o de Singapura e Malásia, que são
democracias, embora não liberais
. sistema de governo, que está relacionado com a separação de poderes: países onde o sistema seja
parlamentar tem tendência a tornar-se democracias e países que tenham sistemas presidencialista/ semi-
presidencialista tem tendência a tornar-se autocracias?
- o facto do poder estar nas mãos de um conjunto de pessoas estimula a democracia embora hajam
exceções

. esta tentativa de encontrar regras absolutas é posta em causa neste artigo

Modelos de Democracia
. Arend Lijphart, de origem holandesa mas que leciona nos Estados Unidos, escreveu um livro chamado
"Patterns of Democracy" em 1999 e este tem tido grande impacto - ele olha para a democracia seguindo 2
modelos distintos
. quando se fala de democracias efetivas podemos ter:
- Modelo de Maioria: prevalece a vontade da maioria e ocorre a concentração do poder num grupo
maioritário através de 2 regras relativamente ao estabelecimento de quem controla o poder por maioria
- há contextos nos quais se considera que tem poder uma maioria absoluta (50%+ 1) e noutros é
através de maioria relativa (= pluralidade; 'first past the post')
- tendência a encontrar em :
1. sistemas eleitorais maioritários (objetivo de estabilidade)
2. costuma estar presente em Estados Unitários (não há vários pontos de vista por isso não é preciso
negociar com ninguém)
- ex: Reino Unido - regra de governos com um único partido maioritário - Modelo de Westminister - outro
significado: modelo constituído pelas características das instituições parlamentar e governamental
britânicas

- Modelo de Consenso: tenta-se encontrar um modelo de compromisso e de negociação para que um


maior número de pessoas possível possa concordar com as decisões que são tomadas - inclusão no
poder de grupos distintos - negociação, compromisso, "democracia negociada"
- Aristóteles entendia que, na política, os casos de regimes políticos pervertidos só davam importância a
um determinado grupo e ignoravam as minorias
- tendência a encontrar em:
1. sistemas eleitorais proporcionais (objetivo de maximização da maioria)
2. estados federais (Bélgica, Suíça,...)

Sistemas de Governo
. há vários conceitos de governo mas no fundo é a tomada de decisões
. num sentido amplo, governo abrange todos os órgãos que tomam decisões
- poderes executivo, legislativo e judicial
- sistemas presidencialistas e parlamentar, existe também semi-presidencialista e ocorreu um caso de
semi-parlamentarismo (Israel)

. parlamentos são órgãos colegiais (tem várias pessoas) e pode ter várias designações (assembleia,
congresso, câmara, dieta- caso japonês, duma- caso russo, knesset- caso israelita com origem religiosa)

Sistema Presidencialistas
. características (segundo o modelo prático dos Estados Unidos):
- Presidente : poder executivo e representa o Estado
- Parlamento: poder legislativo
. separação das instituições e impossibilidade de afastamento - não é possível fazer que o outro lado do
poder deixe de tomar decisões
. existem, no entanto, determinados contextos onde isto é possível mas não nos Estados Unidos - o
congresso não pode afastar o presidente por ele ter tomado alguma decisão
. alguns países contam com 2 câmaras: Índia, Reino Unido, Japão, Estados Unidos da América

. o Abade Sieyes questionou o interesse em ter 2 câmaras no parlamento, se uma funciona bem sozinha
porque ter duas?
- o caso dos Estados Unidos e da Índia são semelhantes (ambos são estados federados) - tem um
congresso que se divide em 2 câmaras: o senado e câmara dos representantes
a câmara dos representantes tem mais de 400 elementos que são escolhidos pelas pessoas já no senado
tem apenas 2 representantes por estado - o senado serve para que as vontades das maiorias,
representadas na câmara dos representantes, não se sobreponham às vontades das minorias
- caso asiático: Myanmar - não é um estado federal, é um Estado Unitário, mas existe uma segunda
câmara; até ao ano passado tinham um sistema em que a existência da 2ª camara garantia a
representação das nacionalidades para que fosse possível regular os interesses das minorias

aula de 27-09

. no sistema Presidencialista vota-se tanto para o parlamento quanto para o presidente, sendo que o
Parlamento pode ter 2 câmaras - ambos têm legitimidade popular
- ocorrem eleições para os 2 órgãos - o Presidente e o Parlamento
- em situações excecionais a forma como o Presidente atua pode ser penalizada e censurada, não devido
a alguma decisão tomada mas sim por atos gerais que se possam considerar crime - Impeachment, onde
o parlamento pode demitir o presidente

Sistema Parlamentar
. temos o voto popular para o parlamento
. o poder executivo vai ser constituído a partir dos resultados da votação do parlamento (retira a sua
legitimidade das eleições para o parlamento)
- ex: Reino Unido - há um voto para o parlamento e o poder executivo - o Governo - vai sair dos resultados
das eleições para o parlamento
. o caso português não é parlamentar mas esta entre o parlamentar e o presidencial - temos eleições para
o parlamento e o resultado dessas eleições vai decidir o governo - há o voto popular para o parlamento e
deste voto popular resulta a constituição do governo, do poder executivo
. a legitimidade democrática está no parlamento mas isto tem consequências - se o governo existe com
base nos resultados das eleições para o parlamento isto significa que não se pode constituir um governo
para este depois fazer tudo o que lhe apetece mantendo-se à margem das considerações do parlamento,
ou seja, o poder executivo retira a sua legitimidade das eleições para o parlamento, para o poder
legislativo, tornando o governo responsável perante o parlamento - tem de agir segundo as orientações do
parlamento
. essa responsabilidade, perante o parlamento, pode ser definida de formas diferentes:
- ex: sistemas em que há 2 câmaras:
- Índia - o governo é responsável perante o parlamento mas não do parlamento todo, apenas a câmara
baixa, do povo - Lok Sabha - que constitui a entidade perante a qual executivo é responsável
- Japão - tem a câmara dos representantes e a dos conselheiros mas a constituição diz que há uma
responsabilidade do executivo perante a Dieta, que é o parlamento, mas ao mesmo tempo a própria
constituição diz que no fundo esta responsabilidade é apenas perante a câmara baixa, a dos
representantes - o poder executivo não é independente - tem de agir segundo as indicações do
parlamento

. Moção de Censura/ Moção de Não Confiança - processo no parlamento que, com um determinado nº de
votos (a maioria) a favor da censura, o governo cai - o parlamento pode tirar o governo o seu lugar
. Moção de Confiança - o parlamento tem de mostrar que confia no governo- pode ser rejeitada
- ocorre sempre na câmara baixa (lok sabha na Índia; câmara dos representantes no Japão)
. o poder executivo - o governo - tem outro poder que é o de dissolução do parlamento

. instabilidade - o governo e o parlamento são constituídos pelas mesmas pessoas, do mesmo partido,
com o mesmo objetivo e projetos e querem manter-se o poder - isto faz com que não haja tanta
instabilidade
- caso do Reino Unido - membros do governo aparecem, logo a 1ª fila, na câmara dos comuns

Poder Executivo
. a forma como o governo é composto - é composto através de um gabinete ou um conselho de ministros -
entende-se que o governo num contexto parlamentar tem liderança colegial - todos têm direito a opinar em
relação à tomada de decisões
- o sistema privilegia que todos manifestem as suas posições em vez de haver um PM que dite o que os
ministros devem fazer
. o PM, que também pode ser chamada do chanceler, é visto como um primeiro entre iguais - no sistema
parlamentar, tradicionalmente, temos um governo em que todos são iguais entre si e o PM é apenas o
primeiro a falar mas aquilo que se acentua é o facto de que todos podem deliberar e tomar decisões em
conjunto da forma o mais livre possível
. ao longo do tempo ocorre o 'fenômeno de presidencialização': o PM tem acabado por, na prática, ser
uma figura muito proeminente que em muitos casos toma decisões sem que consulte os outros membros
do governo - há a tendência de tornar o PM numa figura que afinal não debate todas as questões com os
membros do governo apenas toma decisões como se fosse o presidente, decisões essas que os restantes
membros do gabinete se tem de sujeitar

. no sistema parlamentar há um órgão que tem uma função de representação do estado - Chefe de Estado
- tem poderes muito diminutos - poderes formais (pode aprovar o poder executivo - o poder executivo é o
resultado das eleições para o parlamento e depois o Chefe de Estado apenas aprova)
. a forma como o Chefe de Estado é escolhido: é hereditário numa monarquia; o parlamento vota e
escolhe alguém ou então através de voto popular
- ex: Irlanda - há o voto de popular, que dá legitimidade ao eleito mas é para um cargo onde os poderes
são muito limitados
Israel, Índia - eleição no parlamento
Japão - monarquia - neste caso o imperador é o representante do Estado com um poder
extremamente limitado

Sistema Semi-Presidencialista
. voto popular elege tanto para o paramento quanto para o presidente - característica que também se
verifica no Sistema Presidencialista
. o poder executivo é repartido tanto pelo Presidente quanto pela Governo (PM)
. o poder de dissolução também é partilhado tanto pelo presidente quanto pelo Governo (PM)
- esta situação de divisão do poder executivo foi constituída em França: a frança é o caso prático de Semi-
Presidencialismo
- de 1946 a 1958 a França teve um sistema parlamentar - a 4ª República - durante este período de
12 anos houveram 21 governos pois estes estava constantemente a cair devido ao facto de que existia
uma divisão política muito forte entre vários partidos e a 4ª República também foi caracterizada pela
Guerra na Argélia, guerra essa era um dos motivos para esta divisão de opiniões; aquando das eleições
os partidos faziam coligações e o governo era também de coligação e as decisões tomadas por vezes não
agradavam a todos os partidos dessa coligação, ocorria uma moção de censura e o governo caia
- chegaram à conclusão que era necessário um órgão que tivesse o poder executivo e que não
dependesse do parlamento para que se pudesse governar de forma duradoura
- criaram um novo sistema, com este objetivo de fazer o governo durar, e então na 5ª República, que
se iniciou em 1958 e que dura até os dias de hoje - temos o caso em que há um presidente e um PM que
partilham o poder executivo e o presidente não está dependente do parlamento - o politólogo Giovanni
Sartori chamou a esta partilha de "estrutura de autoridade dual"
> se há 2 órgãos com o mesmo poder, como é que as coisas funcionam?
- existe uma separação dos poderes executivos em que o presidente de França tem poderes ao nível
da política externa enquanto o PM tem poderes ao nível da política interna
- há um conselho de ministro em que o presidente preside sobre este conselho, que serve para
tentarem coordenar as políticas executivas
. o termo semi-preisdencialismo foi adotado por Maurice Duverger - escreveu "Échec au Roi" a propósito
deste sistema de divisão de poderes
- tentou definir o que era um sistema semi-presidencialista - tinham de haver poderes consideráveis para o
presidente, algo que era bastante difícil de definir
- os sistemas presidencialista e parlamentar, ou seja, casos em que o poder esteja muito concentrado de
um lado ou do outro são fáceis de definir mas no caso semi-presidencialista sugere a ideia de poderes
consideráveis para o presidente e não há um consenso sobre o que é ter "poderes consideráveis", é um
critério subjetivo
- isto chamou a atenção de um politólogo, Robert Elgie que tentou arranjar um critério objetivo: único
aspeto característico do Presidente no sistema semi presidencialista é a eleição por voto popular

- com base neste critério surgiram várias polêmicas, principalmente devido ao caso irlandês pois é um
sistema semi-preisdencialista só porque há voto popular mas o presidente não tem quase poderes
nenhum logo não faz sentido estar a colocá-lo no mesmo nível que o presidente francês - há muitas
diferenças entre os casos de semi-presidencialismo
. característica do sistema semi-presidencialista: o facto de haver o voto popular para o parlamento e para
o presidente, de haver um governo que resulta do parlamento e de haver uma divisão do poder executivo
em que o presidente tenha poderes amplos
> considera-se que "poderes consideráveis" não se limita apenas a poderes formais e de
representação
. exemplos:
- caso português: o presidente tem muitos menos poderes em comparação com o caso francês - o
presidente pode questionar e anular determinadas decisões dos outros órgãos além de poder dissolver o
parlamento
- a constituição portuguesa refere que o governo é nomeado pelo presidente mas tem de ter sempre em
consideração os resultados das eleições para o parlamento
VS.
- o caso francês - o presidente nomeia o PM, ou seja, nomeia o governo, independentemente de tudo mas
o governo é responsável perante o parlamento mas não resulta das eleições para o parlamento; mesmo
assim tem de ter cuidado na escolha do PM pois este vai ter de agir em conjunto com o parlamento

- o caso do Sri Lanka - o presidente nomeia o governo mas depois o governo é responsável pelo
presidente - o presidente pode demitir o governo, ou seja, o governo pode ser demitido por 2 - pelo
parlamento e pelo presidente

Sistema Semi-Parlamentar
. este sistema já não existe nos dias de hoje
. Maurice Duverger - reserva o termo semi-parlamentar para um caso específico - o caso de Israel
. características deste sistema:
- do resultado para as eleições do parlamento (Knesset) são elegidos os ministros do governo
- o primeiro ministro é eleito por voto popular - há a chance de que o PM e os restantes membros do
governo e do parlamento tenham ideologias diferentes
. o parlamento elege também o presidente
. Lei Básica - adotada em 1992 era sobre o Governo - aplicada pela 1ª vez nas eleições em 1996 - o PM
seria o primeiro entre desiguais (ele é mais forte que os outros) - o PM tem o poder de alteração de
poderes e funções dos ministros
- é constituído um conjunto de ministros a partir do parlamento então PM vai atribuir poder consoante
lhe convém
- em relação ao sistema presidencialista o PM tem poderes limitados

. por que é este sistema foi adotado em Israel?


- anteriormente havia um sistema parlamentar particularmente instável
- eles defendem o sentido de proporcionalidade, ou seja, os cargos no Knesset são distribuídos pelas
diferentes forças partidárias - há 120 lugares que são distribuídos pelos vários partidos existentes de igual
forma e há também muitos partidos, ou seja, há uma enorme fragmentação política
- nas últimas décadas, o governo tem sido de coligação
- os pequenos partidos fazem chantagem aos grandes partidos pois sabem que os partidos grandes não
conseguem governar por si só e depois fazem todos os pedidos que querem que acabam por ser aceites
mas como estes pedidos vem muitas vezes relacionados a partidos religiosos, a certa altura esses pedidos
ficam insustentáveis e a coligação cai
- nos anos 90 perceberam esta chantagem por parte dos partidos pequenos então para alterar esta
situação mantinha-se o voto popular para o parlamento e há ministros que resultam do parlamento e por
isso estão sempre em coligação mas o PM seria à parte, seria intocado - manteria a sua legitimidade
popular mas seria intocado por estes pequenos partidos pois para ser PM, à partida, pertence a um grande
partido e as coligações com os partidos pequenos, colocaria o ministro desse partido pequeno com
poderes menos significativos
> este sistema serviu para que os pequenos partidos vissem os seus poderes diminuídos e
parassem de chantagear os grandes sem alterar a regra da proporcionalidade
. argumentos que sustentavam este novo modelo:
1. por associação haveriam mais votos para os grandes partidos para o Knesset - as pessoas
iriam começar a votar para o PM, que tem de ser de um partido grande, e isso ajudaria para que a sua
votação para o Knesset também fosse mais direcionada para este tipo de partidos
2. agora teriam um PM com grande autoridade e por isso seria mais fácil fazer face a um
parlamento dividido, sendo que mantinha na mesma a legitimidade popular
3. os partidos pequenos teriam menos poder em governos de coligação pois o PM iria dar os
poderes menos importantes a esses partidos e não conseguiram interferir muito na governação
. na prática isto teve um efeito contrário: as pessoas passaram a seguir um voto tático para PM, ou seja,
não votavam no partido que queriam mas sim para os grandes candidatos (voto útil) mas, como já faziam
voto útil para PM, quando tinham de voltar para o Knesset, expressavam a sua verdadeira vontade - isto
fez com que os partidos grandes descessem no parlamento
. é adotada uma nova Lei Básica para o governo em 2001 e foi restaurada a Lei Básica anterior (de 1968,
com algumas alterações) que era uma Lei Básica parlamentar

aula de 29-09

. Portugal segue o modelo semi-presidencialista pois não queriam adotar um sistema presidencialista para
não colocar os poderes todos numa pessoa só, algo que tinha ocorrido durante o Estado Novo, e não
queriam adotar o sistema parlamentar para não criar uma instabilidade semelhante aquela que se viu na 1ª
república

Formas de Estado
. o Estado pode ter 2 formas: Federal e Unitário
. os Estados Unitários opõem-se aos Estados Compostos e estes, por sua vez, podem chamar-se:
Federação ou Estado Federal
. o Estado Federal é composto por Estados Federados e pelo Estado Federal
> Estado Federal significa 2 coisas: ou significa uma federação, por oposição ao Estado Unitário, ou
significa um elemento dessa federação que é o Estado Federal (ex: nos EUA, Washington é o Estado
Federal mas a Califórnia, o Havaí, etc, são estados federados)
. no caso da Índia, utiliza-se a expressão União mas na verdade é um Estado Federal
. características desses Estados Federais/ Federações:
- soberania: º é algo que é partilhado entre o Estado Federal e os Estados federados
º ambos dispõem de poder político supremo e independente, ou seja, são as instâncias de
decisão ao mais alto nível, isto significa que no caso das federações temos a soberania repartida entre o
Estado Federal e os Federados
º há um poder constituinte que existe junto de ambos, existem constituições federais e
constituições dos estados federados (seguindo o caso americano: existe uma constituição geral, do Estado
Federal, e cada um dos 50 estados tem uma constituição própria)

. o que é que distingue um Estado Federado de Regiões Autónomas?


- a soberania: isto significa ter o poder mais elevado e ninguém tem legitimidade para agir sobre esse
poder
- caso dos EUA: há determinadas matérias que o Estado Central não se pode meter, ou seja, os
Estados Federados têm soberania (como se fossem 50 países diferentes)
- todos tem esse poder que é inalienável e que não pode deixar de existir e isto significa que o
estado federal não pode decidir por si só que ia acabar com os estados federados - o estado federal não
pode, unilateralmente, alterar os poderes e capacidades assim como não pode acabar com os Estados
Federados assim como os Estados Federados não podem acabar com o Estado Federal - sem que haja
um acordo dos 2 lados
VS.
- regiões autónomas no caso portugues: no que diz respeito às regiões autónomas, o Estado pode tirar as
regiões autónomas do seu poder pois a soberania, o poder último, pertence ao Estado Português

Confederação
. é uma organização de Estados em que estes têm soberania completa e podem dar algumas capacidades
a um Estado central mas podem retirar esses poderes unilateralmente
- caso da Suíça: º este país tem um outro nome - Confederação Helvética - mas apenas por tradição
º foi uma confederação de 1291 até 1848 - ou seja, haviam instituições criadas no centro
mas estas eram fracas e os Estados acabavam por fazer o que queriam com alguns limites apenas
º em 1848 passou a ser um Estado Federado

- caso dos EUA: º foram uma confederação de 1781 até 1789, onde reuniram instituições no centro mas
perceberam que o mecanismo era fraco acabando por encontrar um mecanismo para tornar este modelo
mais forte e permanente, sem que houvesse uma ameaça de alteração do centro por parte dos Estados
Federados
º passam a ser uma Federação com uma Constituição Central

. criaram-se algumas regras para conjugar estas soberanas distintas:


- separação/ sobreposição:
º no caso das federações há competências que são distribuídas para ambos os lados mas existem
materiais são concorrentes e em que todos podem agir
- como é que estes poderes são separados?
º existem 2 modelos:
_ Modelo de Federalismo Dual: separar muito claramente as matérias de atuação de um
e as do outro - os EUA seguem este modelo
_ Modelo Cooperativo: pretende-se a cooperação entre o Estado Federal e os Estados
Federados - privilegiar uma integração de um esforço de ambos os lados, ou seja, a divisão que existe não
é uma divisão por matérias mas sim por reserva das grandes orientações para o Estado Federal e os
Estados Federados podem colocar em prática como quiserem - existe uma maior cooperação e
comunicação para se conseguirem organizar
º há, no entanto, materiais concorrentes, nessas situações e para prevenir legislarem
um contra o outro, obriga-se a que os estados federados reconhecem a supremacia da união (Estado
Federal) e aquilo que o Estado Federal decidir tem de ser obedecido
* modelo encontrado na Alemanha e a Áustria
. há uma supremacia da união no facto de existirem várias constituições - a constituição federal é algo
mais genérico pois impõe um conjunto de princípios que as constituições dos estados federados não
podem violar (imposição dos princípios básicos da constituição federal)

. os Estados Federados participam, ao nível da união, de 2 maneiras:


- através do seu contributo para a constituição federal - quando a constituição é criada, aprovada e, mais
tarde, alterada, todos os estados participam
- participam na União através das Câmaras Altas do paramento- exemplo dos EUA: a câmara alta
americana chama-se Senado e cada estado federado tem 2 senadores, sendo que são 50 estados,
existem 100 senadores e todos têm o mesmo valor e, desta forma, conseguem orientar a política da união
através do seu voto

Estado: Distribuição territorial do poder


. tanto em estados unitários quanto nas federações existe uma distribuição territorial dos poderes - existem
vários órgãos que tem vários poderes que são distribuídos por todo o território
. desconcentração: distribuir instituições de nível nacional pelos diferentes espaços geográficos (ex:
repartição das finanças e segurança social) - um mesmo organismo divide-se e espalha- se por diversos
pontos no território
. descentralização (administrativa): um conjunto de instituições de carácter sub-nacional - só existe para
um espaço concreto e específico (ex: câmara municipal)
- em ambos os casos, há poderes administrativos
. devolução/ descentralização política: as instituições de carácter sub-nacional tem, além de poderes
administrativos tem também poderes legislativos (ex: regiões autónomas) - estas instituições não tem
soberania, não têm poder constituinte, logo, não podem participar/alterar a constituição
- ao contrário do que acontece na elaboração e alteração das constituições federais
> existe então a possibilidade de o estado, unilateralmente, alterar as competência e eventualmente
eliminar estas regiões autónomas - Enoch Powell: 'poder devolvido é poder retido'

. a constituição portuguesa tem uma norma - o artigo 288 - refere que há um limite constitucional, ou seja,
o Estado Português não pode alterar a constituição em que seja eliminada a autonomia político-
administrativa dos Açores e da Madeira e foi o próprio estado português que decidiu imitar esse poder mas
sem consultar as regiões autónomas

. casos asiáticos de Estados Federais:


- Índia, Paquistão, Iraque, Nepal, Emirados Árabes Unidos, Malásia
. motivo para adotarem o Federalismo: muitas etnias dentro de um só país para que se possa garantir a
soberania das várias etnias em determinadas matérias

. Histórico Federalista:
- China (1917-1928): queriam tornar a China num estado Federal e foi lançado um projeto para isso - entre
1917 e 1928 a China vai estar dividida por vários senhores da guerra que controlam diferentes parcela do
poder e, durante esse período, foi sugerido por um político que dominava a zona de Cantão (sul da China),
Chen Jiongming, defendeu que a China que embora tivesse um Estado Central e tivesse um governo,
estava toda partida e o governo não tinha capacidade de atuação fora da capital (Pequim) e eram o
senhores da guerra que exerciam o seu poder demonização então a solução para unificar a China,
proposta por Chen Jiongming, foi tornar a China num Estado Federal mas esta ideia não foi bem recebida
por acreditava que adotar esse sistema seria igual a tornar permanente uma situação que queriam que
fosse temporária - Chen Jiongming já tinha poder e controlava uma zona importante e queria continuar
com esse poder
. houve um conflito entre Sun Yat-Sen (figura central do movimento revolucionário na China) e Chen
Jiongming pois o 1º queria uma china unificada
. este conflito fez com que Chen Jiongming viesse a ser demonizado
- Indonésia
. em 1949 a Indonésia torna-se independente
. havia um projeto por parte do ultimo governador holandês da Indonésia, o senhor Van Mook - esse
projeto tinha o objetivo de tornar a Indonésia num Estado Federal pois os holandeses achavam que dar
autonomia, relativamente ao centro, para as diferentes partes do país iria ser bastante benéfico para os
seus interesses pois manterem contacto com os países baixos
. este projeto foi aceite também pelo facto de que os indonésios queriam a independência, tornando-se
logo num Estado Federal mas rapidamente se afastou deste cenário
. em 1950 este país tornou-se na República dos Estados Unidos da Indonésia

- Birmânia
. foi uma democracia de 1948 a 1962 e nesse período era um Estado Federal e deixou de o ser quando foi
estabelecido um Governo Militar autoritário e unitário

-Sri Lanka
. é uma ilha que a norte fala, predominantemente, o Tâmil e segue o Hinduísmo e no centro e sul é
predominante o Cingalês e o Budismo
. começaram a haver negociações, em 1997, entre o governo e um conjunto de rebeldes separatistas - os
Tigres Tâmil - para fazer com que fosse criado um estado federal mas, entretanto, houve uma intervenção
por parte do governo que eliminou os poucos resistentes tâmil que ainda existiam
. nos dias de hoje é um Estado Unitário e segue o sistema democrático

- Índia e o Paquistão
. havia um projeto - Government of India Act, 1935 - para tornar a Índia um Estado Federal quando se
torna-se independente - neste caso seria a Índia e o Paquistão juntos, e seriam um estado federal mas
separaram-se e acabaram por se formar 2 Estados Federais - o da Índia e o do Paquistão

- Singapura
. fazia parte de um país que seguia o modelo federalista - a Malaia - mas tornou-se independente por ter
uma população predominantemente chinesa

- Iraque
. é um estado federal ao abrigo da constituição que foi criada e aprovada em 2005 por referendo
. manteve a estrutura de divisão por provinciais que tinha existido no regime anterior - mantêm-se as 18
que já existiam mas há quem sugira um divisão que seja mais correspondente às categorias étnicas
. a própria constituição estabelece que há uma região que é um Estado Federado - o Curdistão (é uma
zona com características culturais próprias e em que se fala a sua própria língua)
. a constituição também refere que é possível criar novas regiões federais (aka Estados Federados) por
organização de uma ou mais províncias mas é preciso que 1/3 dos membros do Conselho dos
Representantes faça este pedido ou se 10% da população destas províncias queira essa mudança, o
pedido vai a referendo e tem de ser aceite
* Conselho dos Representante - órgão legislativo
. em 2011 houve uma província de declarou que tinha um estatuto de região federal mas isto ia contra as
normas de criação de uma região federal e então não foi reconhecida
. há uma constituição que vai dividir os poder: há materiais que são reservadas ao estado federal e outras
matérias que são da partilha da competência das regiões federais e das províncias
. o estado federal não pode tirar o estatuto de estado federado
. as províncias têm poderes administrativos e financeiros
. prevê-se o estabelecimento de um Conselho Federal com representantes das regiões federais e das
províncias: é necessário uma regulamentação, que nunca foi criada, mas funcionaria como uma câmara
alta dos Estados Federados e das Províncias
- Emirados Árabes Unidos
. anteriormente chamava-se o Estado da Trégua
. faziam parte do império britânico
. em 1971 foi adotada uma Constituição, que terminou com que o tratado que eles tinham com o Reino
Unido o que levou à sua independência
. estabeleceu-se que seria um Estado Federal e, no ano seguinte, deu-se a adesão de Ra's al-Khaimah
. na constituição consta que a União tem um conjunto de matérias reservadas (nas relações internacionais,
aspetos da legislação penal e cívica, ...) e que os Emirados têm todos os poderes que não estão
destinados à união pela constituição - tudo o que não é referido pertence aos Emirados (Estados
Federados)
* semelhanças com o Iraque
. Emirado: um Amir é um chefe militar e esse é um termo que se refere ao poder, militar e político, e está
na base desta designação
. a União tem um órgão chamado Conselho Supremo da Federação e é constituído por 7 Emires, cada um
está à frente de um território, e eles juntam-se e formulam a política geral e depois, esse mesmo Conselho
elege um presidente e um PM da União
- quem pode concorrer - na teoria todos os emires podem mas na prática o presidente e sempre o emir de
Abu Dhabi e o PM o emir do Dubai

aula de 04-10

Os Emirados Árabes Unidos são uma república ou uma monarquia?


. eles não são uma república mas, no entanto, utilizam o termo Presidente para o Líder da Federação e
são escolhidos por eleição entre os emires
. no caso dos EAU o "presidente" é sempre o emir de Abu Dhabi
. o termo presidente serviu para haver uma aproximação com as repúblicas mas no fundo é um quadro de
monarquia
* também se verifica na Malásia - também há um conjunto de reis mas depois há uma figura
superior que é o Rei da Malásia que é eleito (monarquia)

. ao nível da federação existe o Conselho Supremo da Federação que formula a política geral, existe um
Presidente, um PM e uma Assembleia Nacional Federal:
. Assembleia Nacional Federal - apenas metade dos elementos desta Assembleia são eleitos (semi-
democracia) e a outra metade são nomeados; há representantes de cada emirado
- tem o poder de apreciação das leis mas não tem a palavra final, ou seja, quem tem a decisão última é o
presidente e conselho suprema da federação
. todos os poderes que não estão consagrados à união pela constituição são poderes dos emirados

Nepal
. adotou uma constituição que era suposto ser progressista mas o sistema político foi alterado quando os
Maoistas chegaram ao poder
. em 2007 fizeram uma constituição provisória - reestruturação progressiva do Estado: por fim à
discriminação por motivos de classe, casta, língua, gênero, cultura, religião e região eliminando a forma de
estado centralizada e unitária - passam a ter um sistema federal democrático e progressista
. o principal motivo pelo qual são estabelecidas federações está relacionado com a maior representação
das minorias- tentaram dar algum poder às minorias
. contra poder do centro (domínio pelas autoridades centrais) - vale de Katmandu onde se encontra o
grupo newari - para proteção de minorias étnicas
. no entanto há minorias étnicas em todas as partes do território
. neste caso o federalismo é relevante? talvez não
. em 2015 adotaram então uma constituição e dividiram o território em 7 provinciais
. esta constituição consagra materiais concorrentes e matérias reservadas mas se há matérias não
referidas cabe à federação, ao poder central
India
. antes da separação da índia e do Paquistão existiam certas zonas que eram governadas pelo reino unido
e liderada pelo imperador - o rei de Inglaterra - mas algumas zonas eram governadas por príncipes -
Estados Principescos da Índia
. no contexto da colonização britânica foi pensado que, no futuro, quando a Índia se torna-se
independente, ela iria se tornar num Estado Federal - as próprias autoridades britânicas previram isso e
emitiram um projeto daquilo queria a situação logo após a independência e em 1935 criaram o documento
- Government of India Act - em que se previa a estrutura de um Estado Independente da índia e seguia
uma estrutura federal e incluiria todos os territórios que estavam sob o governo do Reino Unido e os
Estados Principescos iam entrando, de forma voluntária, nesta Federação
. Congresso Nacional Indiano pensava da mesma maneira, de tornar a Índia num Estado Federal - este foi
criado no início do século 19 e reunia indivíduos com grande formação que, ao início manifestavam ideias
de afirmação dos interesses e dos direitos dos indianos num contexto britânico mas, aos poucos este
congresso torna-se um fórum de nacionalistas que queriam a independência
. a Liga Muçulmana é uma outra instituição que é criada por parte de muçulmanos que estão preocupados
com a defesa dos seus interesses no contexto de uma Índia que é maioritariamente Hindu e também era
favorável ao federalismo
- os muçulmanos na Índia tinham uma relação privilegiada com os britânicos pois sentiam que eles eram
um elemento de proteção contra a maioria hindu pois a nível religioso eram neutros
. havia uma diferença entre o Congresso Nacional Indiano e a Liga Muçulmana na medida em que o
congresso entendia que era necessário seguir um processo de decisão em que a vontade da maioria
prevalecesse mas a Liga tinha a ideia de aplicar o consociativismo pois acreditavam que os muçulmanos
deviam ter sempre direito expressar a sua opinião e que deviam ser sempre integrados nas decisões
tomadas
. o congresso pensa num modelo federalista através do qual fosse dividir a Índia por línguas minoritárias
faladas em cada espaço

. segundo a teoria de Lijphart, criador dos modelos de democracia - modelo de maioria (prevalece a
vontade da maioria e poder está concentrado num grupo maioritários) e o modelo de consenso (grupos
distintos no poder, ou seja, várias pessoas de diferentes lados políticos têm agir em conjunto e existem
elementos de negociação e compromisso) - o congresso queria que na Índia se seguisse um modelo de
maioria mas a liga muçulmana queria que fosse seguido o modelo de concessão e a regra que eles
defendiam era a de consociativismo
. consociativismo - todos são chamados para decidir, em junto e há a procura de consenso; encontrado em
situações onde há comunidades diferentes
. há regras dentro do consociativismo, para garantir que grupos com características diferentes possam
exprimir a sua posição - há casos de confessionalismo: os grupos diferentes, tendo em conta que todos
têm de participar, são todos de religiões diferentes
. a Liga Muçulmana aceitou adotar um Estado Federal mas teria de haver um processo através do qual os
muçulmanos estariam sempre representados e no processo de decisão teria de haver um consenso que
inclua os muçulmanos

. o Líbano é um caso onde toda a organização do Estado segue as regras do confessionalismo, ou seja,
as pessoas que pertencem a diferentes grupos religiosos tem poderes de decisão
- existem 3 comunidades religiosas que têm representação no poder - os cristãos, os xiitas e os sunitas - o
Presidente é cristão, o PM é sunita e o Presidente do Parlamento é xiita - toda a sociedade está
organizada com cotas dentro da administração pública para os diferentes grupos

. a Índia torna-se independente em 1947 e surgem 2 estados com a divisão da Índia e do Paquistão
- a inspiração para a Constituição indiana foi o 'Government of India Act' de 1935
- em 1950 foi aprovada uma constituição que consagrou a Índia como uma União de Estados
- quando a estrutura federal foi aprovada houve um afastamento da proposta que o Congresso Nacional
Indiano tinha proposto - este queria que os estados federados fossem estabelecidos de acordo com as
maiorias linguísticas em cada contexto no entanto, perceberam que essa divisão não seria o melhor
devido ao "trauma" da repartição da Índia
* a Índia foi dividida em 2 partes: uma de maioria muçulmana (Paquistão) e outra de maioria hindu
(Índia)
- tinham receio também de que se seguissem esse critério linguístico, mais tarde, outras parcelas da Índia
se decidiram tornar estados independentes
- aquando da divisão Índia/ Paquistão tinha sido o critério religioso que os tinha separado mas agora
poderia ser um critério cultural, mais especificamente o linguístico, que levaria a mais divisões, logo esse
critério foi abandonado
- acreditavam que um Estado moderno não deveria dar tanta importância aos regionalismos mas não
abandonaram a ideia de federalismo no entanto agora tentaram acentuar o elemento da nação, da união
. por fim decidiram manter as divisões que existiam na época do colonialismo britânico
. Estados Parte A: províncias da índia britânica que teriam um governador eleito
. Estados Parte B: províncias dos grandes Estados Principescos, onde o governador era denominado
de Raj Pramukh mas eram nomeados pelo presidente
. Estados Parte C: pequenos Estados Principescos e os comissários eram nomeados pelo presidente
- este sistema durou até 1955 pois acabaram os Raj Pramukh, os príncipes deixaram de ter funções
. o Estado de Madras era uma província que tinha sido um dos entrepostos mais importantes dos
britânicos mas as diferenças entre o sul e o norte desta província levou a conflitos pois o sul e o norte
falam línguas diferentes (tâmil e telugu respetivamente) - ambas as línguas pertencem à mesma família
linguística (línguas dravidianas) mas nem são compreendidas entre si - isto levou a que toda a zona norte
não quisesse estar integrada onde havia esta maioria tâmil e em 1953 separam-se em 2 zonas - Tâmil
Nadu ao sul e Andhra Pradesh a norte
. os estados federados foram se adaptando e alterando para corresponder a esta variedade de
características culturais
. há uma divisão em Estados Federados mas há também territórios da União - há um conjunto de
territórios que não são Estados Federados
- um exemplo disso é Nova Delhi - é a capital e o centro do poder mas o centro do poder não devia ser
governado como uma parcela que tem uma identidade própria - como centro do poder federal não podia
estar sujeita às vontades regionais que lá existam pois isso é governada pelo Estado Federal e não pelo
Estado Federado
. já foram estabelecidos novos estados pois há um critério que foi instituído e este dava a possibilidade de
desenvolvimento- em casos de Estados com zonas rurais significativas que pudessem ter interesses muito
diferentes dos da zona urbana do estado esses poderiam separar-se para promover os seus interesses
. o Parlamento da União/ da Federação pode:
1. formação de um novo Estado por separação do território de um Estado ou por união de 2 ou mais
Estados ou partes de Estados ou pela união de um território a uma parte de um Estado
2. aumento, diminuição da área de um estado
3. alteração das fronteiras de um Estado
4. alteração do nome
- é um Estado Federal com elementos Unitários
- é uma federação centralizadora
- elemento de intervenção nacional na governação dos estados federados por parte do Estado central - o
estado central pode governar os estados federados
. existem competências que estão consagradas na Constituição:
Lista 1: Lista da União - defesa, negócios estrangeiros,...
Lista 2: Lista dos Estados - ordem pública, saúde pública, agricultura,...
Lista 3: Lista concorrente - lei penal, casamento, divorcio, sucessão, transferência de propriedade,...
- esta 3ª lista abrange uma área bastante ampla onde, ocorre um desentendimento entre os lados,
prevalece a lei da união
. President's Rule: se houver uma situação que implique a impossibilidade de governação do Estado em
conformidade com a Constituição (rebelião, insurreição, rutura de coligação), o Presidente da Índia pode
emitir uma declaração de Estado de Emergência para esse estado em específico e, entre o parlamento e o
presidente, são assumidas todas ou algumas das funções do Governo e Parlamento do Estado
. o presidente começou a usar muito este poder de decretar estado de emergência e ficar com os poderes
de governação de alguns estados
- Kerala, eleição do partido comunista entre 1957 e 1959
- Ayodhya, conflito religioso após a destruição da mesquita Babri em 1992

aula de 06-10

President's Rule
. quando a governação do estado federado era liderada por um partido com ideias diferentes às que o
Presidente e o Estado Federal tinham, ou seja, feita por um partido diferente, aplicavam o President's Rule
- abuso desta ferramenta e de poder

Federalismo Assimétrico
. há determinados estados federados que tem mais poderes que outros
. usado em situações onde há diferentes culturas e onde surgiram movimentos independentistas, então
tiveram de atribuir mais poder a essas zonas e funciona como uma garantia de que as várias culturas vão
ser preservadas
. o federalismo surge como um intermédio entre a independência total e a participação sem o
reconhecimento de características culturais próprias de União
. o parlamento da união pode criar novas leis relativas a práticas sociais e religiosas, regras de costume,
propriedade, etc, mas para essas leis serem aprovadas nos estados onde as comunidades Nagas e Mizos
estão tem de ter a aprovação e concordância da assembleia do estado
. o parlamento da união tem a capacidade legislativa relativamente ao estado de Januu e Kashmir
necessita da concordância do Governo do Estado (exceto em determinadas matérias como a defesa,
negócios estrangeiros)
- este estado é o único que tem maioria muçulmana dentro da Índia pois por ser um Estado Principesco
(tratavam-se de protetorados, ou seja, a governação estava nas mãos dos príncipes mas não podiam
haver ligações entre os vários estados, nem celebrar acordos, etc - as relações externas eram controladas
pelo império britânico), aquando da independência indiana, podiam escolher se se juntariam à Índia ou ao
Paquistão e quase todos concordaram em fazer parte da Índia, com apenas algumas poucas exceções,
que foram rapidamente resolvidas. No entanto, o sultão de Kashmir tinha pensado em não se integrar em
nenhum dos países e assumir-se como um Estado Independente, adiou a decisão de se juntar a um dos
lados e por esse motivo foi invadido por milícias paquistanesas, o que o levou a juntar-se à Índia - é o
único estado de maioria muçulmana na Índia
. em 2019, em parlamento foi alterado o artigo 370, que é relativo a Kashmir, e estabeleceu-se que este
estado federado seria repartido em 2 territórios da união logo passaria a pertencer ao governo central e a
ser administrado pelo governo central
- isto aconteceu pois, desde 2014, o partido BJP (partido nacionalista muito associado ao hinduísmo) esta
à frente do governo e, uma das suas propostas eleitorais em 2019 era a eliminação desta situação
especial do estado de Kashmir - não só acabar com a situação especial como acabar com o estado
federado mas isso não é possível de forma unilateral então propôs esse acordo ao estado e acabou por
ser aceite pois, em Kashimir não havia um governo estável desde 2018 e por isso a President’s Rule foi
aplicada e os poderes passaram para o parlamento e o acordo foi aceite

. o federalismo na Índia poderia ter levado/ influenciado à democracia?


- a consciência de que era possível não haver só um único partido no poder poderá ter consolidado a ideia
de democracia pois a alternância democrática existia

Outros casos de estados federais na Ásia:


Paquistão
. não houve consenso imediato no que toca às regras que tinham de ser incluídas na constituição - levou
quase 10 anos para aprovar uma constituição pois haviam muitas opiniões, muitas delas divergentes,
sobre a estrutura deste estado, principalmente entre secularistas e religiosos
. em 1956 é finalmente aprovada uma constituição que consagra o Federalismo com províncias que teriam
o estatuto de Estados Federados
. antes da aprovação da constituição tinha sido adotada uma regra por parte do estado - a regra da Uma
Unidade - adotada em 1954
- o Paquistão herdou as estruturas deixadas pelo governo britânico
- haviam 4 províncias na zona ocidental e 1 na zona oriental mas esta província era muito mais importante
em termos de população que qualquer uma das outras 4 províncias logo, havia a consciência de que um
Paquistão independente seria um estado muito dominado por esta província do Paquistão oriental mas,
mesmo assim, o estado foi constituído tendo a sua capital no lado ocidental do país e grande parte da elite
governativa era do lado ocidental, precisamente para haver uma grande pressão do lado ocidental contra
uma influência muito significativa da província oriental
- a estratégia adotada passou por transformar as 4 províncias numa só - a partir do momento em que
aparecia como 1 só província podiam aparecer como iguais, relativamente à província do lado oriental -
eliminar o desnível entre o lado oriental e o lado ocidental - queriam fazer diminuir a influência do
Paquistão oriental
- no final seriam apenas 2 províncias
- a partir deste momento o fator étnico é completamente desvalorizado e apenas havia uma distinção a
nível de localização geográfica
. o Parlamento tinha apenas 1 câmara e a constituição atribuía um conjunto de poderes às províncias -
tudo aquilo que não estivesse regulamentado pertencia às províncias
* semelhante com os EAU e com o Iraque
. na lista de todas as competência do centro - do Estado Federal - competência do parlamento em todos
os assuntos que, nos termos da constituição, estejam no âmbito da sua competência e em todas as
questões incidentais - Lista Federal - ou seja, tudo aquilo que possa estar associado a esses poderes, cai
na esfera da União
. na Lista Concorrente: área ampla, com prevalência da lei do parlamento
. a constituição foi aprovada em 1956 mas sem perde o efeito quando, em 1958, chega ao poder um
general, o General Ayub Khan
- aplica a Lei Marcial desde 1958 até 1962
- ele vai estabelecer uma nova constituição em 1962 que é uma constituição que consagra um regime
autoritário
- em 1969, chega outro general ao poder e estabelece outra Lei Marcial e entretanto criam-se as
condições para regressarem à democracia
- neste contexto o Paquistão oriental vai reivindicar o fim da política da Uma Unidade e de facto é retirada,
voltando a existir 4 províncias do lado ocidental
. ao haver uma transição para a democracia, é necessário que haja eleições, que ocorreram no fim de
1970
- nestas eleições venceu a Liga Awami, um partido ligado à cultura Bengali
- o partido popular do Paquistão perdeu as eleições e quem o apoiava era sobretudo a população do lado
ocidental
- ganhou a Liga Awami e não houve o reconhecimento dos resultados eleitorais
- esta situação está na base da independência do Bangladesh, ou seja, o Bangladesh torna-se
independente e o Paquistão fica limitado à zona ocidental - isto ocorre em 1971
. em 1973 é aprovada uma nova constituição e volta a ser uma república federal
. mantém-se dividido em 4 províncias e é estabelecida uma capital - Islamabad - que é administrado pela
União e as 4 províncias funcionam como estados federados
. existe uma zona tribal que é administrada pela União mas mantém um grau de autonomia que está
consagrada na constituição
- está referido que a federação teria autoridade executiva, ou seja, o governo administra toda esta zona
mas a lei do parlamento não é aplicada, mantém em vigor as leis tribais; em contrapartida o presidente
pode acabar com essa autonomia a qualquer altura
- em 2018 a situação alterou-se pois a constituição foi alterada também: este território administrado pela
união foi integrado numa província e deixou de ter um estatuto de autonomia
. uma parte do estado de Kashmir na Índia foi invadida por militares paquistanesas e esse território
invadido foi anexado ao Paquistão
. dentro de Jammu e Kashmir existem 2 territórios que fazem parte do Paquistão - no sul existe Jammu e
Kashmir Azad, que é uma zona de maioria sunita, e há uma outra zona maior em extensão mas com
pouca população que é de maioria xiita
- perante isto, os paquistaneses acreditavam que, tendo em conta que a divisão dos territórios entre eles e
a Índia era o fator religioso, o território de Jammu e Kashmir não deveria pertencer à Índia
- a constituição paquistanesa consagrou que quando o povo de Jammu e Kashmir decidir aceder ao
Paquistão (eles acham que no futura, se haver um referendo, a população de Kashmir, tendo em conta
que é muçulmana, vai querer pertencer ao Paquistão) a relação entre o Paquistão e o estado será
determinada segundo a vontade do povo desse estado - já há artigos que consagram as possíveis futuras
vontades do povo de Kashmir
- relativamente a este território, em 2009, o presidente do Paquistão decidiu promulgar uma lei que deva
alguma autonomia e alguns poderes a esta região
- no início houve a política da Uma Unidade, mas quando esta acabou mantiveram-se 4 províncias
limitadas por critérios éticos, adotou-se o Federalismo multinacional - cada uma destas províncias têm
uma existência autonomia com base nas suas características étnicas
. estruturas governativas do Paquistão:
- Parlamento Bicameral: uma câmara baixa e o Senado - modelo federal
- estabeleceu se que haveria um Senado com eleições por membros dos órgãos territoriais, ou seja, cada
província teria o mesmo nº de representantes (14 a início, 23 mais tarde) e o território da capital também
teria um conjunto de representantes
- para a Assembleia Nacional (Câmara Baixa) estabeleceu-se que o nº de deputados seria consoante a
população (censos)
- na Assembleia há uma situação de consociativismo - há uma distribuição por grupos e estes grupos têm
os seus representantes e serve para garantir que todos sejam ouvidos - tem 342 deputados, dos quais 70
eram mulheres e minorias
- o Pujam é a região mais populosa e por isso tem mais de metade dos assentos na assembleia nacional e
os seus interesses acabam sempre por serem satisfeitos e acabam por se sobrepor as vontades os
restantes, este domínio sobre o exército e sobre a burocracia (não proporcional) leva a tensões
- existe uma estratégia para tornar esta situação menos desproporcional - criar cotas para cada província -
consociativismo

diferença entre território da união e estado federado?


- os territórios da união são parcelas do território que não são governadas através duma estrutura especial
geográfica mas sim através do centro - através da união

Malásia
. em 1957 foi estabelecida uma constituição devido à independência - forma-se a Federação Malaia
. em 1963 surge a Malásia - integração na federação de alguns territórios do norte do Bornéu e Singapura,
que saiu em 1965
. estrutura federal, que é constituída por Estados Federados (Sarawak e Sabah) e Territórios Federais
(Penang e Malaca)
. as 2 capitais - Kuala Lumpur e Puhtrajaya - são territórios governados por um ministério do centro, ou
seja, do Estado Federal - há 2 capitais para descongestionar Kuala Lumpur (o Governo e os tribunais
estão estabelecidos em Puhtrajaya e o Parlamento e o Rei estão em Kuala Lumpur)
. Sarawak e Sabah tiveram uma história diferente dos territórios da Península Malaia:
- Sabah - os britânicos chegaram aos territórios, e este território era controlado por uma empresa para
efeitos de exploração de recursos existentes, empresa está ligada ao Império Britânico - existiam então
culturas diferentes nesta zona
- Sarawak - foi governado por um britânico aventureiro - James Brooke - ele ofereceu os seus préstimos
ao sultão do Brunei e, em troca, recebeu vários territórios que, na altura, eram pouco importantes
- no século 19 foi constituído um governo britânico, sem a coroa, que pertencia à família de
James e eles exerceram o seu poder neste território de forma monárquica
. estabeleceu se uma regra de federalismo assimétrico relativamente a estes territórios do norte do Bruneu
- o estado de Sarawak e de Sabah tem mais poderes que o restantes Estados pois, para poderem
integrar-se na Malásia foram-lhes dadas garantias de que haveria alguma autonomia, nomeadamente na
entrada de pessoas, o controlo de terras, de língua e de religião
. modelo estabelecido: semelhante à Índia
- o Government of India Act tinha listas que estabeleciam o poder dos estados e serviu de base para a
constituição malaia
- o Nepal também seguia este modelo
. Federalismo Minimalista: os Estados Federados têm muito pouco poder fazendo com que o centro tenha
muitos poderes (segurança interna, justiça, educação, saúde)
- o governo central tem o monopólio da tributação direta e grande parte da tributação indireta
- estados federados são financeiramente dependentes do governo central e de rendimentos de terras,
minas, florestas

aula de 11-10

Monarquias na Ásia
. existem 2 vertentes da monarquia: monarquias absolutas ou monarquias cerimoniais (ex. Japão)

Japão
. a constituição de 1947 é muito explícita no que toca ao papel imperial, ao papel cerimonial do imperador -
este seria o símbolo do Estado e da unidade do povo, sendo que a legitimidade do seu poder vem das
pessoas - o povo tem o poder soberano; o imperador não tem poderes de governação
. os outros órgãos do Estado é que tem poder de governação
. ao analisar todos os períodos da história japonesa, vemos que não é a 1ª vez que o imperador não tem
poder de governação:
- até 1185 o poder era do imperador
- de 1185 até 1868 o poder esteve na mão do Shogunato - o imperador com poder cerimonial
- de 1868 até 1945 o poder volta ao imperador - período Meiji
- a partir de 1945, após a 2ª guerra mundial o panorama altera-se completamente, a constituição de 1947
consagra o papel cerimonial do Imperador
. neste momento existe uma monarquia simbólica

. existem vários exemplos de monarquias absolutas na zona do Golfo Pérsico: Arabia Saudita, Qatar,
Omã, Brunei, Emirados Árabes Unidos
- caso dos Emirados Árabes Unidos: existe uma assembleia eleita mas não é ela quem toma a última
decisão
- caso do Butão: era uma monarquia absoluta até 2008, nessa altura foi estabelecida uma constituição que
consagrava o Rei como o Chefe de Estado com poderes cerimoniais

. casos onde existe um rei com muitos poderes, próximo a uma monarquia absoluta, mas existem outros
órgãos que têm um poder político relevante
- caso do Bahrain: o rei nomeia o PM e governam os 2 em conjunto mas, no fundo, o PM segue as
orientações do rei
- caso do Kuwait: de acordo com a constituição o monarca nomeia o PM, o exercício dos poderes é
exercido pelos ministros mas o governo é responsável perante o monarca - dependência muito forte
relativamente ao Emir (rei)
- caso da Jordânia: o rei nomeia o PM mas quem verdadeiramente governa, quem tem o poder executivo,
é o rei
> desde 2013 o rei precisa de consultar o parlamento para nomear o PM - está limitado pela
constituição
> isto começou em 2013 pois em 2011 iniciou-se a Primavera Árabe - é um fenômeno da
criação de democracias que se espalhou pelos países árabes

Indonésia
. A Indonésia possui um caso de uma monarquia dentro de um estado republicano. Há uma figura
monárquica (sultão) na Região Especial de Yogyakarta
- esta situação híbrida está regulada na constituição de Independência do país
. a Indonésia era uma colonia holandesa mas foi invadida pelos japoneses durante a 2ª guerra mundial e,
na sequencia da partida dos japoneses, o movimento nacionalista indonésio declarou o Estado da
Indonésia mas os holandeses não queriam partir e reassumiram o poder
- de 1945 ate 1949 há um movimento nacionalista que entende que a Indonésia já é independente mas
esta só é reconhecida pelos holandeses em 1949
- durante estes anos, o sultão de Yogyakarta vai ser uma figura fundamental do movimento nacionalista
* Sultão - este termo não é associado ao Islão mas vem do árabe e significa força
- pelo papel que este sultão assumiu sempre na independência da Indonésia, na altura em que é
proclamada a independência vem a ser reconhecido o sultão de Yogyakarta
- hoje em dia existe uma região especial - Região de Yogyakarta - onde existe um sistema hereditário -
quem está à frente desta região é sempre o sultão e o poder do sultão passa de pai para filho
. em 1945 houve uma troca de cartas entre o sultão de Yogyakarta e Sukarno, que seria o 1º presidente
da Indonésia - o sultão de Yogyakarta apresentou a ideia de que este território seria um reino com uma
Região Especial da Republica da Indonésia e o 1º presidente (Sukarno) reconheceu o papel que este
sultão tinha tido dentro do movimento nacionalista e por isso confirmou a posição do sultão na crença de
que este agiria em prol do bem estar desta região
. em 1950 saíram 2 leis que iriam complementar a constituição e veio a consagrar-se que o sultão de
Yogyakarta seria o governador da região especial e que haveria uma figura abaixo dele - Paku Alam - um
vice-governador
* este cargo também é hereditário
- os britânicos estiveram um pequeno período na Indonésia, no início do século 19, e houve alguns
conflitos com Yogyakarta e uma figura local conseguiu pacificar a região eu foi lhe dado um nome - Paku
Alam - e este título ficou mesmo depois da saída dos britânicos
. esta é uma situação irregular e há quem entenda que o sultão deveria deixar de ter este papel tendo em
conta o contexto democrático, no entanto, para grande parte da população javanesa e indonésia, ele é um
símbolo da cultura tradicional
. em 2010 foi proposto que o governador desta província deixa-se de ser atribuído de forma hierárquica
mas sim por eleição mas isto não foi aceite
. em 2012 foi lançada uma lei que, explicitamente, veio consagrar que a sucessão teria de ser hereditária
para que esta questão da eliminação do elemento hereditário não surgisse de novo
. em 2014 acreditavam que o sultão de Yogyakarta iria concorrer para presidente do país - não se tornaria
uma monarquia mas haveria um monarca como presidente
- pensaram num conjunto de pessoas que poderiam ser presidentes - uma das pessoas seria Megawati
Sukarnoputri - filha do 1º presidente da Indonésia
- para estas eleições de 2014, o partido Golkar esta muito ligado aos militares e é um partido nacionalista
e dominava o pais na altura em que este era uma ditadura militar - uma parte dele começou a colocar
cartazes, na altura das presidenciais, que apresentavam uma hipótese de que o sultão seria vice
presidente mas as pessoas não aderiram
. em 2014 foi eleito Joko Widodo e reeleito em 2019
. no passado o pai do atual sultão já foi vice presidente

Malásia
. há um conjunto de 13 Estados Federados e territórios governados pelo centro, pelo Estado Federal
. há uma mistura de república com monarquia - os Estados Federados não seguem todos o mesmo
modelo: uns são monárquicos e outros são repúblicas
. há também um rei do país
- o caso de Negeri Sambilian: este estado federado era composto por 9 partes
- havia um rei que governava a partir de uma zona central com 4 estados
à sua volta e mais outros 4 estados mais distantes - 9 partes
- haviam chefes hereditários que controlavam cada uma dessas partes
* este modelo pode ser encontrado no Sueste Asiático, em estado tradicionais na Birmânia, em java, na
Tailândia, etc - havia um centro de poder e zonas à sua volta, cada vez mais distantes, e estavam
organizados segundos pontos cardeais
. S. J. Tambiah é um estudioso da história do Sueste Asiático que veio a olhar para a organização política
destes países e percebeu que a grande maioria seguia um modelo que ele chamou de "galactic polity" -
modelo inspirado na Mandala, que normalmente tem uma forma circular (no budismo a mandala é uma
representação do universo em que muitas vezes buda aparece no centro) - a mandala podia ter sido uma
inspiração para o governante, por ser visto como uma espécie de buda, que se encontrava no centro;
semelhança com a organização e órbita dos planetas (ideia galáctica e cosmológica); acreditava que a
capital também estaria organizada como uma mandala e seguiria os pontos cardeais

. estabeleceu-se que o rei de negeri sambilian seria eleito pelos líderes dos 4 territórios mais próximos do
centro e os líderes destas regiões tem 2 nomes diferentes: penghulu (líder) ou undang (lei)
- em Malaio, o plural é formado através da repetição da palavra (ex: penghulu-penghulu = líderes)
. em conjunto estes 4 líderes elegem uma figura chamada de Yang di-Pertuan Besar (aquele que é feito
grande) - nome atribuído ao Rei
.Negeri Sambilian tem um monarca que se chama Yang di-Pertuan Besan mas os estados que rodeiam o
centro também são comandados por monarcas - há 7 estados federados com monarcas que se chamam
sultões - mas há um caso especial onde o rei se chama Raja

. com a chegadas dos portugueses a Malaca expulsaram o rei do poder


. com a chegada dos britânicos à Malásia deixaram os monarcas a governar mas com grande interferência
e governava algumas parcelas desta zona (ex. Singapura e Pinang)
. Sarawak e Sabah - lider chamado de Yang di-Pertua Negeri (aquele que é feito estado/ representante de
estado)
. na constituição de 1957 foi estabelecido um conselho de governantes (Majlis Raja-Raja - uma espécie de
parlamento) temos os todos os líderes de todas as províncias (raja-raja (líderes hereditários) + Yang di-
Pertua-Yang di-Pertua Negeri) e aqui elegem o rei da Malasia (Yang di-Pertuan Agong) mas apenas os
raja-raja podem votar para a eleição
. em 2016 foi eleito o Yang di-Pertuan Agong, que era o sultão de Kelantan que se envolveu num
escândalo e abdicou do cargo
. em 2019 elegeram o sultão de Pahang

Camboja
. é uma monarquia que teve um rei com características especiais - Norodon Sihanouk
. o rei Norodom Sihanouk foi eleito em 1941
. em 1955 ele decide abdicar em favor do pai e torna-se PM e tenta alterar a constituição para que o PM
tivesse mais poderes que o rei
- ele abdicou de ser rei para ser PM pois este ovo cargo dava um ar de modernidade e porque houveram
eleições, logo o seu cargo era mais legítimo
. em 1960 o pai dele morre e nesta altura tiveram de encontrar um sucessor para assumir o papel de rei -
ele enquanto PM alterou a constituição e adicionou uma norma que dizia que no caso de haver dificuldade
em encontrar um sucessor era realizado um referendo para escolher um chefe de estado e este cargo era
vitalício
. ele torna-se chefe de estado mas é deposto em 1970 pelo governo de Lon Nol
. os comunistas (Khmers Vermelhos) chegam ao poder e ele volta a ser chefe de estado entre 1975 a
1979
- foi chamado pois era rei, tinha sido escolhido pelo povo anteriormente logo tinha toda a legitimidade
necessária - cultura do poder em que o rei é uma figura venerada
. entretanto as coisas mudam, as nações unidas intervém e aprovam uma nova constituição e ele passa a
ser o rei do Camboja
. em 2004 abdica em favor do filho
. ele foi votado como PM e como chefe de estado, foi chamado pelos Khmers, viu a vontade da população
de restabelecer a figura do rei - isto demonstra que o rei é visto como uma entidade sobrenatural, como
alguém que tem poderes divinos, era visto como Deus
- há um conjunto de inscrições, no templo de Ancora (antiga civilização com uma cidade muito complexa
no Camboja), que falam de um culto a Devaraja - um culto ao fundador do reino de Ancora - há várias
opiniões sobre o que Devaraja significa de facto - esse rei inicial de Ancora teria estabelecido um culto a
Deva só que a expressão dá a entender que havia um culto ao rei que era deus (o rei era entendido como
deus)
- outros acreditam que estas inscrições significava que o culto ao Devaraja seria um culto ao rei dos
deuses, que não era o rei como deus mas sim ao rei dos deuses, que era Shiva
- mais tarde encontram-se outro imperador - Jayavarman VII - que criou um culto ao Buddha Raja, é uma
continuação do culto a Devaraja mas o deus seria Buda
- perceberam que de facto no início era um culto a Shiva - o reino de Ancora era hindu e Shiva era o rei
dos deuses - e mais tarde tornou-se num culto ao Buda em vez de ser um culto ao rei que seria um deus

aula de 13-10

O Papel do Rei
. tanto no Camboja como na Tailândia (Sião): o rei assume um papel muito forte
- a cultura de corte no Sião foi muito decalcada da cultura que existir no Camboja, no reino de Ancora
- a grande importância do rei nestes países advém de uma tradição em que o rei seria associado a uma
figura divina e isto foi justificado com gravuras em Ancora do tempo do fundador do estado

Tailândia
. existe uma referência muito forte ao rei da Tailândia
- o rei atual (Vajiralongkorn) não é tao preferido quando o rei anterior (Bhumibol - morreu em 2016) pois:
- está envolvido em várias polémicas
- existem leis sobre aquilo que se pode dizer sobre o rei e a sua família
- à mais de 10 anos que há muitas tensões
- há 2 campos: os camisas vermelhas (mais à esquerda) e os camisas amarelas (tradicionalistas)
- a constituição de 2017 refere que o rei será entronizado numa posição de adoração reverencial e não
será posto em causa
- o código penal refere que quem difamar a família real pode ser preso de 3 a 15 anos - esta lei tem sido
de facto aplicada
- tudo o que possa ser uma ameaça à situação do rei é bloqueado
. o rei da Tailândia tem um poder que não ta definido na constituição - tem um raio de ação significativo e é
alguém que participa de forma ativa no processo político mas aquilo que a constituição consagra não
equivale a esses poderes
. é uma figura que concentra bastante consenso da população tailandesa e por isso usa a sua posição
para dar orientações aos políticos
. houve uma ditadura militar por parte do general Sait - governou de 1958 até 1963 - enfatizou a figura do
rei para legitimar a sua própria autoridade
- em 1932 há um golpe de Estado na Tailândia e deixa de ser uma monarquia absoluta como tinha sido
até aí e o papel do rei passou a ser simbólico e cerimonial até à altura em que este general chega ao
poder e apoia-se muito no papel do rei
- existia uma nostalgia por parte da população em relação ao rei e à monarquia absoluta
. papel do rei:
- arbitragem entre forças políticas
- influência indireta nos programas eleitorais nacionais
º no seu aniversário ele faz um discurso à nação onde dita como deve ser a política durante o ano
seguinte
- ele atua através de uma rede de contactos (não formal) - ele vai conseguir nomear figuras para cargos
influentes
- o rei é próximo do setores conservadores, dos militares e das figuras do ministério do interior e
por isso vai conseguindo fazer com que, na altura em que é necessário nomear alguém para um
determinado cargo, essa figura seja do seu agrado
- o PM Prem Tinsunalond enfatizou esta rede de contactos e fortaleceu o poder do rei
- recentemente ocorreram 2 golpes de estados militares e uma das preocupações foi proteger o papel do
rei

Repúblicas Dinásticas
. repúblicas em que o exercício do poder vai passando entre membros de uma mesma família
- caso das Filipinas, da Síria e Coreia do Norte, Indonésia
. há uma tendência para que pessoas da mesma família e que já estejam envolvidas na política sigam
ideologias semelhantes
. o dinamismo "funciona" nos sistemas políticos modernos, porque apela para noções de carisma herdado
que ajudam a legitimar a sucessão da liderança e a minimizar a divisão organizacional
- foi instituído como parte de uma estratégia política consciente para obter ou consolidar o controlo político.
(Thompson)
. as dinastias políticas na Ásia são híbridos modernos em que os objetivos políticos da elite estão ligados a
normas populares de legitimidade carismática
- a sucessão familiar foi utilizada em regimes, partidos políticos e movimentos sociais
- as dinastias oferecem vantagens importantes quando as instituições fracas ou encontram-se em
decadência institucional
- o dinamismo também pode aumentar a legitimidade e a aposentadoria, a morte ou o assassinato de
líderes pode provocar uma luta de sucessão criando um vácuo ideológico. (Thompson).
. no contexto asiático, o carisma hereditário, tem sido referido como 'filia-', que é “a crença de que,
juntamente com as características físicas, qualidades pessoais como coragem, assertividade e astúcia são
transmitidas de geração em geração, em vez de morrer com os indivíduos que os manifestam num
determinado momento” (Thompson)
. Thompson distingue dinastias não democráticas de dinastias eleitorais.

India
. houve uma sucessão de figuras no poder da família Nehru-Gandhi
. a PM Indira Gandhi e o seu filho também PM foram assassinados e isso influenciou para que a família se
mantenha em cargos políticos de relevância

Paquistão
. Zulfikar Ali Bhutto criou o Partido Popular do Paquistão que veio a ser um dos partidos mais importantes
do país
. foi um partido criado num período de ditadura militar e que depois chegou ao poder
. Bhutto foi presidente e depois PM, e mais tarde veio a ser assassinado
. a sua filha Benazir Bhutto tornou-se mais tarde PM e foi também assassinada
. Bilawal Bhutto, o filho de Benazir, é o presidente do PPP, mas não está no poder
Bangladesh
. torna-se independente em 1971 - o PM e o presidente era da Liga Awami
. tem sido uma democracia mas teve uma fase de ditadura militar

Birmânia
. o herói o movimento nacionalista - Aung San - foi assassinado
. a sua filha Aung San Suv Kyi tentou assumir o poder mas os militares não aceitaram o resultado das
eleições - foi presa

aula de 18-10

Islão e Democracia
. existem várias correntes que entendem que existe uma incompatibilidade entre o Islão e a democracia:
- principalmente de autores ocidentais
- de salafitas/ salafistas: são as pessoas que dentro do Islão defendem o retorno a uma pureza original -
entendem que o Islão, como é praticado nos dias de hoje, sofreu várias alterações e isso fez com que
saísse da sua base original

. diferença entre Islão e islamismo:


- islamismo é uma ideologia que transforma o Islão num sistema totalizante, ou seja, a vida da pessoa vai
ser regulada pelo Islão (domínios políticos, social, pessoal) logo existe sim uma incompatibilidade entre o
Islamismo e a democracia liberal
- não está necessariamente relacionado com a religião

. Jamãl ad-Din al-Afghani (1838-1897) é um autor que esteve à frente de um movimento reformista durante
o século 19 - escreveu sobre Governos Despóticos, em 1879
- países orientais (muçulmanos):
º existe uma atual falta de preparação para sistemas de governo ocidentais em virtude da
longa experiência de despotismo
º segue a superstição em vez da razão
º ignorância das verdadeiras ciências e oposição a elas
- ou seja, nos países muçulmanos não é a religião em si que está por trás da falta de democracia
. no momento atual, a melhor possibilidade que pode haver é um despotismo benevolente, esclarecido e
paternalista
º despotismo benevolente: despotismo = autoritarismo (não há democracia, existe uma governação
por parte de alguém e não está ao alcance de todos); benevolente = preocupa-se com o bem estar da sua
população

. Fatema Mernissi, "Islão e Democracia", 2002


. apresentou 2 ideias para a falta de democracia no contexto dos países árabes:
- falta de acesso a desenvolvimento
- vivência de movimentos nacionalistas contra as potências colonizadoras - houve muita ênfase dentro dos
movimentos revolucionários no conceito de unidade contra a potência colonizadora e isso impediu que
aparece diferentes correntes e tradições divergentes logo, não se fomentou uma cultura democrática com
vários pontos de vista - havia apenas um, anti colonial

. há, no entanto, outros elementos, que levam a querer que pode haver compatibilidade de noções
democráticas em sociedades maioritariamente islâmicas:
- população maioritariamente muçulmana em convivência com a democracia: Turquia, Paquistão,
Indonésia, Bangladesh, Malásia, Tunísia
- são feitos referendos sobre vários temas, sendo um deles a opinião sobre o sistema político - notou-se
que grande parte das populações dos países árabes que são ditaduras, apoiam a democracia
. há uma ideia que é apresentada por um teólogo e político, Abu al-A'la Mawdudi, que fundou um partido
na Índia britânica, Jamaat-e Islami, em 1941
- era um partido islâmico
- apresentou a ideia de compatibilidade do Islão com a Democracia, era uma democracia diferente - uma
teo-democracia
- em oposição às democracias ocidentais(a política e a religião estão separadas)
- ele era contra a democracia secular, usada no ocidente, na medida em que nesses casos a soberania de
Deus era substituída pela soberania dos Homens e isto tinha um problema - os Homens podiam adotar
regras que fossem contrárias ao princípio da religião
- nesta versão especial de democracia – teo-democracia - a vontade divina iria ser preservada, em que
não houvesse apenas o desenvolvimento da vontade humana
- era uma democracia por isso a vontade dos homens não seria esquecida mas nunca se poderiam
esquecer da vontade de Deus
. ele argumenta para defender esta ideia:
- Tawhid - regra que dita que há apenas uma divindade - Allah - logo todos estão sujeitos a essa divindade
- consequência: apenas uma entidade soberana e todos os outros têm de sujeitar a deus logo todos os
Homens estão em pé de igualdade, não há uma hierarquia entre nós, onde apenas deus está acima

. Khilafa - é o sucessor do profeta - sistema político sob governação de Califa, representante de Deus na
terra - está a agir de acordo com as orientações de deus
- Umma - comunidade de crentes também representa deus e delega a sua autoridade num governante
individual
. lei islâmica: democracia e teocracia - cada muçulmano é capaz e qualificado para dar uma opinião
fundamentada em mateira de lei islâmica, tendo o direito de interpretar a lei de deus quando tal
interpretação é justificada no entanto ninguém tem o direito de mudar uma ordem explícita de deus
* isto é a ideia de um autor específico*

. há conceitos islâmicos que são usados como base da democracia:


. Maslaha - bem público, interesse público - conceito usado na tradição islâmica para aferimento de regras
de proibição ou de permissão de determinados tipos de conduta
- se há uma preocupação, dentro do Islão, para o bem comum então há um contexto cultural em que se
pensa no bem público, algo que é favorável à democracia

. Khilaf - diferença de opinião em matéria de interpretação religiosa, aceite e geradora do desenvolvimento


de diferentes escolas de direito islâmico
- invocação para a pluralidade de partidos políticos
- se há este conceito dentro da tradição islâmica então temos condições favoráveis à coexistência de
diferentes opiniões por diferentes grupos políticos - característica democrática

. Ijma - consenso
- Umma é a comunidade de crentes e dentro desta comunidade existem os Ulama (sábios religiosos) e
estes tentam encontrar uma interpretação comum, que agrade a todos
- invocação para regra de decisão por maioria

. Fitna - atuação exterior à comunidade islâmica, de oposição ao Islão - qualquer atuação de desordem,
distúrbios, implicando a adoção de atitudes contrárias à fé islâmica
. relação com a democracia:
- podemos usar o conceito de Fitna para justificar a oposição a governantes déspotas
- favorável à democracia

. Shura - significa consulta - consultar outras pessoas antes de tomar decisões


- acaba por ter uma base democrática pois há espaço para a discussão de ideias mesmo que estas sejam
divergentes
- conceito no contexto da noção de khilafah - decisão por consulta mútua; vai pedir a opinião dos outros
pois o poder foi atribuído a ele pela Umma então quando o Califa toma as suas decisões está a falar pela
Umma também
- Umma, delegação de autoridade num governante - governante, consulta da vontade da Umma

. para alguns o conceito de Shura é útil para a democracia com uma origem cultural interna: movimento
reformista
. para outros (salafitas), a Shura e a democracia não tem nada a ver um com o outro pois a democracia
serve a tirania dos homens, não respeita os valores, transferência de soberania de deus para os Homens
- a Shura seria um ponto de partida para a adoção de democracia ocidental liberais
. Shura usada para legitimação democrática - vários países islâmicos têm criado órgãos que chamam de
Shura para mostrarem que são democráticos
- isto tem vantagens pois por uma lado incorporam algo que é tipicamente islâmico, por outro lado podem
apresentar-se no plano internacional como defensores da democracia
- Arabia Saudita, Bahrain, Omã (Conselhos de Shura não vinculativos, sem capacidade de veto)
- Qatar criou um conselho de Shura: em 1962 foi previsto que seria constituído por membros, nomeados
pelo Emir, mas não tinha poder efetivo
- na constituição de 2003, este conselho sofreu alterações e passaram a eleger 30 a 40 membros (2/3),
que iriam permitir que o Emir tomasse uma decisão ou vetá-la mas era preciso que todos votassem contra
(maioria)
- 1/3 dos membros eram nomeados pelo Emir então a chance de estarem a favor dele é muito maior

aula de 20-10

Valores Asiáticos
. a expressão "Valores Asiáticos" veio a ser usada num discurso de análise às sociedades asiáticas
. a 1ª pessoa a falar sobre isto foi o PM de Singapura - Lee Kuan Yew
. Lee Kuan Yew foi PM entre 1959 (ano da independência) e 1990 (foi retirado do cargo)
- faleceu em 2015
- foi ele quem começou a falar de valores asiáticos numa conferencia que ele organizou - "valores
asiáticos e modernização" - em 1977
- Singapura estava a modernizar-se muito fortemente e ele acreditava que era necessário continuar a
defender as tradições e manter valores que eram específicos das sociedades asiáticas
- a modernização implicava a adoção de muitos elementos vindos do ocidente, um desses elementos era o
uso da língua inglesa:
º já havia 4 línguas oficiais em Singapura mas mesmo assim promoveu a língua inglesa
com o objetivo de trazer a modernidade ao território, no entanto, como trazer a modernidade era sinônimo
de ocidentalizar, era necessário promover a preservação da cultura local
- o problema das sociedades ocidentais era que dava demasiada importância ao indivíduo em oposição às
sociedades asiáticas que davam mais importância a integrar o indivíduo na sociedade
- ele tinha medo que a modernização levasse ao desaparecimento desta ênfase colocada na família e no
coletivo
º isto relaciona-se com a democracia na medida em que ele entendia que o contexto em
que se tinha desenvolvido a democracia no ocidente era um contexto em que havia uma manifestação da
vontade individual e era necessário equilibrar esta vontade individual, manifestada no voto, com outras
preocupações que seriam de ordem familiar e social
º ele defendia que se seguisse o modelo democrático mas acreditava que a vontade
individual não deveria se sobrepor à vontade do coletivo
- numa entrevista entre Fareed Zakaria com Lee Kuan Yew ele fala sobre isto e
explicou que achava que o modelo ideal para Singapura seria o modelo que os indivíduos casados, com
40 ou mais anos, com filhos, teriam 2 votos em vez de 1 - eram pessoas que se importavam com a família
e com a sociedade
- valores a preservar: principalmente os valores confucionistas e chineses
. Mahathir bin Mohamad, PM da Malásia entre os anos de 1951 até 2003, também falou dos valores
asiáticos
- ênfase nos valores familiares malaios e islâmicos
- ele considerava que era necessário defender esses valores contra aquilo que ele entendia ser uma
"decadência ocidental" - decadência moral e da preocupação com a sociedade em geral por haver um
modelo individualista muito forte
. porque na Malásia e Singapura?
- ambos são democracias mas democracias não liberais - não há determinadas liberdades
- devido à experiência colonial
º os discursos sobre os valores asiáticos podem justificar a falta de determinadas liberdades

. países com uma forte tradição confucionista


- República Popular da China, Mongólia, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong, Macau,
Singapura, Vietnam
- alguns destes países são democrático (Coreia do Sul, Taiwan, Mongólia,...) mas, ao longo da história,
tiveram muitas dificuldades a nível político

. argumentos que justificam o porquê de o confucionismo cria um ambiente desfavorável à democracia:


- a adoção relativamente tardia ou limitadas de elementos democráticos - Singapura (limitada) e Coreia do
Sul (tardia)
- democracia mais antiga - Japão, democratizou-se na era Meiji no século 19 - adoção de uma constituição
º tinham um parlamento eleito mas este tinha pouco poder e era o Imperador que controlava
º o governo não era derivado do parlamento e era constituído por um grupo de anciãos que eram
escolhidos pelo Imperador
º mas mesmo assim já existia um elemento democrático - as eleições
- permanência de sistemas políticos com componentes autoritárias predominantes ou significativos
º democracia delegativa: abuso de poder por parte dos líderes que, por serem eleitos e terem um
poder legitimado pelo povo, faziam o que queriam com o poder que tinham
- rotatividade política inexistente ou fraca em países com eleições livres
ex. em Singapura o partido PAP tem estado desde sempre; no Japão também era sempre o mesmo
partido que tava no poder durante décadas
. conclui-se que o confucionismo foi uma componente que afetava negativamente a democracia

Confucionismo contra a democracia?


. é uma ideologia que está baseada num conjunto de noções:
1 - harmonia social
2 - subordinação do governador ao governante
3 - meritocracia

. estes argumentos podem ser usados para justificar que o confucionismo é contrário à democracia
. estes aspetos são invocados nos Analectos de Confúcio : coletânea de conclusões de Confúcio e
conversas relacionadas com ele (direta e indiretamente) sobre organização social e política

. o Duque Jing de Qi perguntou a Confúcio como governar um território sobre o qual não tinha legitimidade
para governar
- Confúcio respondeu que "o soberano procede como soberano, o súbdito como súbdito, o pai como pai, o
filho como filho"
- ou seja, cada um devia estar no seu lugar e os súditos deviam obedecer ao governante e se havia
alguém acima do governante, este também tinha de mostrar-se súbdito perante essa figura superior
. o mestre Ji Kang perguntou acerca da governação e de como o fazer, Confúcio respondeu "a virtude do
homem superior é como o vento, a virtude do homem inferior é como a erva, soprando o vento sobre a
erva, esta tem de se curvar "
- o homem superior seria o rei, governa com mérito então os outros têm de obedecer

. há uma outra passagem nos Analectos diz "quem governa pela virtude é como a estrela polar, imutável
ao seu eixo, enquanto as outras estrelas se movem à sua volta"
- mais uma vez, uma referência à subordinação das pessoas para com o seu governante virtuoso

. no entanto, há outros conceitos que estão na base do Confucionismo e servem de argumento favorável à
democracia:
1 - igualdade de oportunidades
º ideia encontrada nos Analectos quando refere que os homens próximos uns dos outros, pela sua
natureza
º um mestre disse "há ensino, não há categorias" - o ensino não é algo exclusivo para alguns
2 - o povo como raiz ou baseado na nação e portanto como orientação para a governança
3 - atribuição pelo povo aos seus governantes do seu mandato

. o Confucionismo foi uma tradição igualitária - defendeu que todos os indivíduos pudessem candidatar-se
a exames de Mandarinato para poderem trabalhar na função pública
- este sistema foi constituído em 136 a.C., durante a dinastia Han e foi sempre usado ao longo do tempo

Mêncio
. nasce depois de 100 anos após a morte de Confúcio mas foi um defensor do seu pensamento
. "o povo é da maior importância, os altares aos deuses da terra e do ..., vem a seguir, por fim vem o
governante" - o povo é o critério da governação
. "aquele que merecer a confiança do povo será o rei" - o rei merece a confiança das pessoas

. esta discussão da influência do Confucionismo na Democracia nos dias de hoje é sensível pois não se
sabe até que ponto as sociedades são confucionistas - há elementos culturais do passado que continuam
até hoje mas também houve muita rejeição e modernização

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Casos Concretos

Arabia Saudita
. o rei tem o poder absoluto - ele nomeia os ministros e é chefe do conselho de ministros
- existiram 3 estados sauditas ao longo do tempo e o 3º foi criado em 1932 e era governado pelo Rei Ibn
Saucud - este rei era uma figura consensual e governava só por si
. o papel da Família Real no contexto da Arabia Saudita é importante
- cargos políticos são ocupados por membros da família real
- com a morte de Rei Ibn Saucud em 1953, a figura do rei deixou de ser tão carismática e as grandes
decisões eram tomadas por consenso entre os membros mais influentes da família
- rei Salam está no poder desde 2015 - monarca mais velho no mundo
- príncipe herdeiro bin Salman desde 2017

. foi criado um Conselho de Shura - Majlis ash-Shura - criado no reino do Hijaz, reino que antecedeu o 3º
Estado Saudita, de 1916 até 1925
- eleito por notáveis e mercadores
- poderes efetivos - limitavam o poder do rei
. Lei Básica de 1992 estabeleceu que Shura era usado como princípio de governação
- membros nomeados pelo rei
- poderes de iniciativa legislativa, consultivos

Ulama
- os sábios em matéria religiosa
. há uma família, a do al ash-Shaykh, que tem sido proeminente na história da Arabia Saudita
- houve um 1º estado saudita, neste momento vive-se o 3º
- o 1º governou quase um século
- foi fundado por um acordo entre Abd al-Wahhab, que era um religioso, e Sahut, que era um político -
acordo entre o poder religioso e o poder secular e cada um teria a sua função
. há 2 famílias que herdaram estes poderes
. distribuição de poder: Ulama (membros da família de Wahhab) / Umara (plural de emir)
. a família de Wahhab aos poucos vai perdendo o poder
. incorporação dos Ulama no Estado:
- os ulama passam a fazer parte do estado e passaram a ser controlados por ele
. seria isto uma teocracia? não pois quem governa não o está a fazer em nome de deus
- papel político secundário dos Ulama: emitem as sua opiniões (fatwa) sobre determinadas orientações
que são dadas mas estas não têm de ser seguidas, no entanto, o estado adota-as na mesma e torna-as
leis

. teo-monarquia: o centro do poder está na monarquia mas aquilo que são as orientações do poder político
são de origem religiosa

. foi iniciado um processo de eleições a nível municipal


- ocorreram já em 2055, 2011 e 2015
- candidatos 2/3 são eleitos e 1/3 é propostos
- passa a haver participação feminina
- não há partidos mas sim listas de nomes - são feitas listas com nomes de pessoas que poderiam
governar
- os Ulama influenciam na escolha destas listas - listas douradas - nomes que eles aconselham para
serem votadas

aula de 25-10

Irão
. um dos sistemas mais complexos
. em 1968 o Irão tornou-se uma República Islâmica
. através do voto popular, escolhe-se o Parlamento (majles-e shura-ye islami) e o presidente
. o Presidente nomeia depois um Conselho de Ministros
- quando o Presidente nomeia o Conselho de Ministros, as pessoas que ele escolhe são sujeitas a uma
Moção de Confiança por parte do Parlamento e este decide se os Ministros são ou não aceites
. o Conselho de Ministros pode cair se houver uma Moção de Censura ou se a Moção de Confiança for
negada
- o Presidente tem funções executivas e faz parte do governo, assim como o Conselho de Ministros

. de 1979 até 1989 (ano da morte de Khomeini) o Presidente coexistiu com o PM


- ambos tinham poder executivo - sistema Semi Presidencialista
- influência francesa - Khomeini tinha estado refugiado lá
- a figura do PM acabou por desaparecer ao longo do tempo

. Assembleia de Peritos
- são eleitos através do voto popular
- os candidatos têm de ter uma função religiosa
- eles elegem o Líder do Irão - órgão central dentro do sistema político
- Fakih - é o líder e este termo significa jurista que é perito em direito islâmico
- representa deus e a vontade divina - teocracia - é este Líder quem realmente governa - atualmente é
Khamenei

. competências do Líder:
- a constituição refere que o Líder tem o cargo mais elevado no país - mais elevado que o próprio
Presidente
- definição das políticas gerais - ele dita como se deve governar, quais os limites e orientações a seguir
- supervisiona a execução das políticas gerais do sistema
. a Assembleia de Peritos podem demitir o Líder
- em casos muito específicos apenas (ex: se o Líder não estiver mentalmente capacitado para cumprir com
o seu cargo)
- o Presidente é responsável perante o povo, o Parlamento e o Líder
- o Parlamento e o Líder podem demitir o Parlamento

. o Juiz Supremo e os Líderes das Forças Armadas (EGRI) são nomeadas pelo Líder
- o Líder nomeia quem está à frente da rádio e da tv
º a República Islâmica surgiu de um confronto com o regime anterior, que era o regime do Xá, que
tinha um grande apoio por parte do exército
º quando a Revolução Islâmica ocorreu, os defensores desta revolução tinham muitas dúvidas
quanto àquilo que seria a atuação do exército daí em diante
º como eram apoiantes do Xá, eram completamente contrário ao novo regime
º criaram, por isso, um segundo exército dentro do Irão - o Exército dos Guardas da Revolução
Islâmica - constituído por pessoas que iriam defender a Revolução contra qualquer ameaça

. o Líder também nomeia o Conselho de Guardiões


- 6 dos membros são nomeados pelo Líder
- 6 outros membros são nomeados pelo Parlamento mas não é uma eleição livre pois o Juiz Supremo vai
apresentar uma lista de pessoas e o parlamento vai escolher entre esses nomes

. função do Conselho de Guardiães:


- verificar se as leis que o Parlamento aprova estão de acordo com o Islão e com a constituição
º esta função vem a ser comparada com uma Segunda Camara - teoria analisada por Mandana Naini
º o Conselho de Guardiães parece um Tribunal Constitucional mas estes tribunais só funcionam se houver
necessidade
º no caso do Irão todas as leis são analisadas - funções semelhante às das Câmaras Altas (2a câmara)
- supervisão das eleições
º limita as candidaturas aos cargos que são eleitos pelo povo

. há lugares reservados para as minorias

. o Líder também nomeia um outro órgão: Conselho do Discernimento da Conveniência para o Sistema
- este é um Conselho que vai determinar o que é útil para o sistema político
. o Conselho de Guardiães tava sempre a meter em causa as leis que saiam do parlamento e foi criado um
órgão exterior para ver se as decisões do Conselho de Guardiães eram realmente justificáveis
- funciona como uma 3ª câmara
- este órgão está previsto na constituição de 1989

. este sistema foi constituído por Ayatollah Khomeini


- teve exilado em França e no Iraque
- em 1970, participou em varias conferencias no Iraque
- sugeriu a ideia de que a governação deveria ser feita pelo Fakih (Líder)
- sugeriu que os religiosos deviam ter um papel político
- ele acreditava que era necessário uma governação por parte de um Fakih, que seria um representante
de Deus na Terra
º relação com os Califas:
- ambos representam Deus na Terra
. dentro do Islão há 2 correntes: sunita e xiita
- na tradição sunita há 2 representantes:
º Maomé - que vai governar a Umma à sua volta
- com a sua morte, o poder que ele tinha vai passar para 4 Califas sucessivamente
º Rashidum - nome dado a estes 4 Califas
- o 4º Califa é Ali - que era genro de Maomé
. na visão dos xiitas não deviriam ter existido os 3 primeiros Califas, Maomé deveria ter entregue
automaticamente o poder ao 4º Califa e o 1º Imã - Ali
- na tradição Xiita, os Imãs são figuras que sucederam a Maomé
- dentro do Islão, é a corrente sunita que prevalece e os xiitas vão ter muita dificuldade em continuarem a
passar a sua mensagem, mesmo os xiitas serem a maioria religiosa
- para os xiitas, o 12º Imã decidiu ocultar-se e não ser visível e diz-se que um dia ele vai voltar
- Ayatollah Khomeini defendia que, enquanto não chegasse o 12º Imã, era necessário que houvesse uma
governação por alguém que representasse o poder de Deus na Terra
º a constituição define que o líder tinha de ser alguém que era uma fonte de exemplo a seguir
- muitos religiosos não concordavam com esta ideia
- o Presidente foi uma das figuras que contestou esta ideia e isso levou-o ao exílio
- os Grandes Ayatollahs não concordavam com esta visão
- o motivo que levou a muitas pessoas não concordassem foi o facto de que Khomeini entendia que um
religioso deveria ocupar esse lugar sem que uma investidura pública
. quando se torna necessário escolher o próximo Líder, o sucessor de Khomeini, surge um problema pois a
maior parte dos Ayatollahs achavam que uma governação que representasse Deus na Terra seria a
governação pelos Imãs e não pelos Fakih

. o Ayatollah Montazeri começou a ser apontado como sucessor de Khomeini e ele não concordava com
muito daquilo Khomeini dizia
- além disso, ele concordava que deveria haver uma eleição pública - o povo tinha de concordar com o
Ayatollah
. Montazeri tinha visões diferentes em comparação com Khomeini: era muito mais favorável aos direitos
humanos, era muito preocupado com a forma como a governação tinha de ser conduzida
- em oposição a Khomeini que acreditava que a revolução tinha de ser protegida a todo o custo
. Montazeri tinha uma visão diferente e acaba por ser afastado do cargo

. durante quase 10 anos após a guerra entre o Irão e o Iraque, as mesmas pessoas mantiveram-se nos
cargos políticos mais elevados
- Mousavi - PM - 1981-1989
- Khamenei - Presidente - 1981-1989
- Rafsanjani - Presidente da Assembleia Consultiva Islâmica - 1980-1989

. houve uma revisão da constituição e já não era necessário que o Líder fosse um grande Ayatollah,
bastava ter um cargo religioso e ser perito na lei islâmica
. Khamenei era Presidente, era uma figura religiosa de pequena categoria e era uma autoridade sobre o
Islão mas mesmo assim tornou-se o substituto de Khomeini - é ele o Líder
. ele não tinha o mesmo carisma que Khomeini e muitos não aceitavam que ele tivesse um papel especial
- acabou por ter poderes muito reduzidos pois a população e os políticos não davam muita relevância a
esta figura
. na prática quem tinha o papel de Líder era uma figura menor - Khamenei - mas na verdade quem
verdadeiramente governava o Irão era Rafsanjani - acabou por se tornar presidente e Khamenei viu o seu
poder limitado

. em 1978, antes da Revolução, apareceram Comitês de Bairro, de oposição de Xá - viriam a chamar-se


Comitês Revolucionários
- já na República Islâmica este comitês prestavam serviços de segurança e polícia
- Exército dos Guardas da Revolução Islâmica (EGRI) (pasdaran)
º era um ramo do exército para prevenir que houvessem golpes de Estado contra a república
- Basij (mobilização dos oprimidos)

Irão (continuação)
. existe um conjunto de forças para além do exército convencional - Pasdaran (EGRI) e a milícia Basij
- participaram na guerra entre Irão e Iraque
. Basij - são uma milícia, é um organismo que ultrapassa as estruturas do Estado
. depois da guerra, a partir de 1991, o Basij vai concentrar-se na segurança interna
. os comitês revolucionários acabaram por ter um papel muito secundário durante a guerra entre o Irão e o
Iraque por isso acabaram por ser desmantelados em 1991

. depois da guerra o Basij vai focar-se na questão da segurança interna a partir de 1989
- vai impor o controlo da moralidade a partir de 1991
º em 1992 vai ser uma lei que determinava que o Basij é um conjunto de agentes que vão impor a ordem a
par da polícia
º uma das suas funções vai ser a supressão de grupos pró-reforma, desde 1997 até aos dias de hoje

.existe ainda uma outra instituição - Gasht-e Ershad


- criado em 2005
- tem a função de controlar vestuário, tanto para os homens quanto para as mulheres

. depois da guerra (1980-1988)


- há grande desilusão generalizada para com o sistema - ideia de que a revolução apenas levou a um
situação de guerra durante quase 10 anos
. é neste contexto que surgem vários reformadores
. vão conseguir chegar ao poder através de eleições e vão passar a controlar o poder executivo e
legislativo
. Khatami foi um reformador que chegou ao cargo de Presidente em 1997
. foi criada uma Assembleia Consultiva Islâmica - em 2000 vai ser dominada por figuras reformadoras
- perceção de que o regime estava a mudar

. durante 10 anos, desde a morte de Khomeini em 1989 até a altura em que os reformadores começam a
chegar ao poder, tiveram um Líder - Khamenei - muito fraco a nível religioso pois ele não era um Grande
Ayatollah
- durante este tempo quem verdadeiramente governava era Rafsanjani
. quando os reformadores chegam ao poder, as forças conservadoras dentro do Irão vai passar a apoiar
fortemente Khamenei pois ele era um representante das forças conservadoras
. os conservadores vão tentar afastar os reformadores do poder
. os conservadores vão recorrer ao conselho de guardiães, os tribunais e as forças para militares e usá-los
a seu favor

. em 2005 Ahmadinejad é eleito Presidente


- era ex-comandante do EGRI e instrutor Basij e, com estes seus contatos, conseguiu fazer com que as
pessoas votassem nele - mobilização de voto
. Autoritarismo Convencional
- pela 1ª vez o Presidente não era um religioso
- parecia um autoritarismo comum, igual ao que era visto em outros países que seguiam este tipo de
regime
- está ligado à EGRI e ao Basij e isto contribuiu para a expansão destas instituições
- vai formar um governo - Conselho de Ministros - composto por figuras da EGRI, das forças de segurança
- só haviam 2 religiosos com carreira nos serviços secretos
- Burocracia: substituição por figura de nova elite
- retórica populista contra a corrupção (contra Rafsanjani que era um religioso e o presidente do Conselho
do Discernimento da Convivência para o Sistema desde 2002)

. há uma reação por parte dos conservadores ao poder dos reformistas


. o próprio Líder vai dar poderes ao Conselho de Discernimento da Conveniência para o Sistema para
supervisionar o Governo

. mais tarde, ocorrem eleições onde Ahmadinejad vai ser apoiado também pelos conservadores devido ao
Movimento Verde - reformadores que querem eleições relativamente livres

. há tantos conflitos que Khamenei sugere a alteração do sistema político, eliminando a figura do
Presidente

. em 2013 ocorreram novas eleições para a presidência - ocorrem de 4 em 4 anos


. novamente é um religioso que se candidata, passa pela censura e, quando chega ao poder revela-se
mais reformador do que conservador
- mantem-se no poder até 2021
. atualmente é Raisi, outro religioso, que está no cargo de Presidente

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