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Manual de Curso de Licenciatura em Ensino de História

HO210 – HISTÓRIA DAS


INSTITUIÇÕES
POLÍTICAS III
...

Universidade Católica de Moçambique


Centro de Ensino à Distância
CED
Direitos de autor (copyright)
Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à Distância
(CED) e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste manual, no
seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico,
gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade Católica de
Moçambique  Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento desta advertência é passível a
processos judiciais.

Elaborado Por: dr. Elton Berth Beirão,

dra. Albertina Carlos Franco

e dra Augusta Filomena Assumane

Licenciados em Ensino de História pela UP.

Universidade Católica de Moçambique


Centro de Ensino à Distância-CED
Rua Correira de Brito No 613-Ponta-Gêa·
Moçambique-Beira
Telefone: 23 32 64 05
Cel: 82 50 18 44 0

Fax: 23 32 64 06
E-mail: ced @ ucm.ac.mz
Website: www. ucm.ac.mz
Agradecimentos
A Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino à Distância e os autores do presente
manual, dr. Elton Berth Beirão, dra. Albertina Carlos Franco e dra. Augusta Filomena Assumane,
gostariam de agradecer a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste
manual:

Pela maquetização dra. Augusta Filomena Assumane

Pela Revisão Final dr. Edmar Barreto

Pela Coordenação e Edição dra. Georgina Nicolau


HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... i

Índice
Visão geral 1
Benvindo a História das Instituições Políticas III. .......................................................... 1
Objectivos da cadeira .................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................ 1
Como está estruturado este módulo................................................................................ 2
Ícones de actividade ...................................................................................................... 2
Habilidades de estudo .................................................................................................... 3
Precisa de apoio? ........................................................................................................... 4
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) .............................................................................. 5
Avaliação ...................................................................................................................... 5

Unidade I 7
As Instituições Políticas Pré-coloniais ...................................................................... 7
Introdução ............................................................................................................ 7
1.1. Sistemas Políticos não Centralizados .......................................................... 7
1.2. Evolução dos sistemas não centralizados para os sistemas centralizados ........ 9
1.3. Sistemas Políticos Pré-industriais centralizados .......................................... 10
1.4. Alguns Conceitos Políticos ......................................................................... 11
1.4.1. O Estado e a Nação ................................................................................... 11
Sumário ....................................................................................................................... 12
Exercícios.................................................................................................................... 13

Unidade II 14
Enquadramento da tipologia do poder .......................................................................... 14
Introdução .......................................................................................................... 14
2.1. O Poder ....................................................................................................... 15
2.2. A Dominação e Autoridade......................................................................... 16
2.3. O Campo Político e a Desigualdade Social .................................................. 16
2.4. Tipos de Dominação .................................................................................... 17
2.4.1. Dominação Tradicional ............................................................................. 17
2.4.2. Dominação Carismática ............................................................................ 18
2.4.3. Dominação Legal, Racional ou Burocrática .............................................. 18
Sumário ....................................................................................................................... 19
Exercícios.................................................................................................................... 19

Unidade III 21
Tipologias de Estados antigos em Moçambique ........................................................... 21
Introdução .......................................................................................................... 21
3.1. Estado descentralizado................................................................................. 21
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... ii

Sumário ....................................................................................................................... 24
Exercícios.................................................................................................................... 25

Unidade IV 26
A Partilha de Africa ..................................................................................................... 26
Introdução .......................................................................................................... 26
4.1. A Conferência de Congo-Berlim .................................................................. 26
Sumário ....................................................................................................................... 33
Exercícios.................................................................................................................... 34

Unidade V 35
Instalação do Britânicos em África .............................................................................. 35
Introdução .......................................................................................................... 35
5.1. Império Britânico......................................................................................... 35
5.2 Fases do imperialismo Britânico ................................................................... 36
5.2.1 Fase solitária.............................................................................................. 36
5.2.2. A Fase das Rivalidades ............................................................................. 39
Sumário ....................................................................................................................... 40
Exercícios.................................................................................................................... 41

Unidade VI 42
A Instalação dos Fraceses em África ........................................................................... 42
Introdução .......................................................................................................... 42
Sumário ....................................................................................................................... 45
Exercícios.................................................................................................................... 46

Unidade VII 47
Resistencias Africanas ................................................................................................. 47
Introdução .......................................................................................................... 47
7.1. As Resistências Africanas ............................................................................ 47
. A Ideologia da Resistência ...................................................... 49
Sumário ....................................................................................................................... 50
Exercícios.................................................................................................................... 50

Unidade VIII 52
A Resistência no BaKongo .......................................................................................... 52
Introdução .......................................................................................................... 52
8.1. A Resistência no BaKongo .......................................................................... 52
Sumário ....................................................................................................................... 54
Exercícios.................................................................................................................... 54

Unidade IX 56
A Resistência na Namíbia ............................................................................................ 56
Introdução .......................................................................................................... 56
9.2. Os Namas .................................................................................................... 57
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... iii

Sumário ....................................................................................................................... 58
Exercícios.................................................................................................................... 58

Unidade X 60
Resistência na África do Sul ........................................................................................ 60
Introdução .......................................................................................................... 60
10.1. A resistencia na Africa do Sul .................................................................... 60
10.2. Zulus e Tshosas ......................................................................................... 61
Sumário ....................................................................................................................... 65
Exercícios.................................................................................................................... 65

Unidade XI 67
Resistência em Moçambique: O Estado de Barue ........................................................ 67
Introdução .......................................................................................................... 67
11.1. Estado de Barue ......................................................................................... 67
11.2. Crise de sucessões no Barue entre 1892 à 1901 .......................................... 69
11.3. Preparação para a rebelião ......................................................................... 69
Sumário ....................................................................................................................... 70
Exercícios.................................................................................................................... 71

Unidade XII 72
Resistência em Moçambique: O Estado de Gaza.......................................................... 72
Introdução .......................................................................................................... 72
12.1. O Estado de Gaza ...................................................................................... 72
Sumário ....................................................................................................................... 73
Exercícios.................................................................................................................... 73

Unidade XIII 75
A Colonização Europeia em África.............................................................................. 75
Introdução .......................................................................................................... 75
13.1. Os Sistemas coloniais Europeus: Situação colonial ................................... 75
Sumário ....................................................................................................................... 77
Exercícios.................................................................................................................... 77

Unidade XIV 78
Administração Colonial ............................................................................................... 78
Introdução .......................................................................................................... 78
14.1. A Administração colonial .......................................................................... 78
Sumário ....................................................................................................................... 80
Exercícios.................................................................................................................... 81

Unidade XV 82
O Processo de Descolonização .................................................................................... 82
Introdução .......................................................................................................... 82
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... iv

15.1. Os sistemas coloniais e o processo de descolonização: Impérios coloniais,


declínio .............................................................................................................. 82
Sumário ....................................................................................................................... 84
Exercícios.................................................................................................................... 84
África e a Democracia ................................................................................................. 86
Introdução .......................................................................................................... 86
16.1. Estabilidade politica em alguns paises africanos ........................................ 86
Sumário ....................................................................................................................... 92
Exercícios.................................................................................................................... 92

Unidade XVII 93
Problemas da Democracia em África ........................................................................... 93
Introdução .......................................................................................................... 93
17.1. O Fracasso da democratização nalguns paises africanos ............................. 93
Sumário ....................................................................................................................... 94
Exercícios.................................................................................................................... 94
A Primeira Guerra Mundial ......................................................................................... 95
Introdução .......................................................................................................... 95
18.1. A Exercerbação politica nos primodios do século XX e 1ª Guerra Mundial 95
Sumário ..................................................................................................................... 101
Exercícios.................................................................................................................. 101

Unidade XIX 103


O Papel da SDN nas relações..................................................................................... 103
Introdução ........................................................................................................ 103
19.1. A Conferencia de paz............................................................................... 103
Sumário ..................................................................................................................... 106
Exercícios.................................................................................................................. 107

Unidade XX 108
A Segunda Guerra Mundial ....................................................................................... 108
Introdução ........................................................................................................ 108
20.1. Segunda Guerra Mundial ......................................................................... 108
20.2. Causas da segunda Guerra Mundial ......................................................... 109
20.3. A Derrota do Eixo.................................................................................... 111
20.4. O Fim da Guerra: Hirochima e Nagasaki ................................................. 113
Sumário ..................................................................................................................... 113
Exercícios.................................................................................................................. 114

Unidade XXI 115


Os planos de recuperação economica para europa ...................................................... 115
Introdução ........................................................................................................ 115
21.1. Plano Marshal .......................................................................................... 115
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... v

Sumário ..................................................................................................................... 116


Exercícios.................................................................................................................. 117

Unidade XXII 118


Os planos de recuperação do pôs guerra na Asia ....................................................... 118
Introdução ........................................................................................................ 118
22.1. A recuperação pôs segunda guerra mundial na Asia: Japao. ..................... 119
Sumário ..................................................................................................................... 123
Exercícios.................................................................................................................. 124

Unidade XXIII 125


Impacto da II Guerra em Africa. ............................................................................ 125
Introdução ........................................................................................................ 125
23.1 Cenario dos paises africanos pos segunda guerra mundial ......................... 125
Sumário ..................................................................................................................... 130
Exercícios.................................................................................................................. 131
Referências Bibliográficas ......................................................................................... 132
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 1

Visão geral
Benvindo a História das
Instituições Políticas III.

Objectivos da cadeira
Quando terminar o estudo da História das Instituições Políticas III; o
cursante será capaz de:

 Compremder as Instituições Políticas Pré-coloniais;

 Conhecer as Instituições políticas da viragem do século XIX até a


Objectivos primeira metade do século XX;

 Caracterizar o Monopartidarismo;

 Caracterizar o Multipartidarismo;

 Descrever os Sistemas de Governo;

 Descrever os grandes conflitos mundiais.

Quem deveria estudar este


módulo
Este Módulo foi concebido para todos aqueles estudantes que queiram ser
professores da disciplina de História, que estão a frequentar o curso de
Licenciatura em Ensino de História, do Centro de Ensino a Distancia.
Estendese a todos que queiram consolidar os seus conhecimentos sobre
a História das sociedades.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 2

Como está estruturado este


módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos por Universidade Católica de
Moçambique - Centro de Ensino a Distância encontram-se estruturados
da seguinte maneira:

Páginas introdutórias
 Um índice completo.
 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os
aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.

Conteúdo do curso / módulo


O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma
introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um summary da unidade e uma ou mais
actividades para auto-avaliação.

Outros recursos
Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista
de recursos adicionais para você explorer. Estes recursos podem incluir
livros, artigos ou sites na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação


Tarefas de avaliação para este módulo encontram-seno final de cada
unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do modulo.

Comentários e sugestões
Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários
sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / modulo.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 3

Habilidades de estudo
Durante a formação, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores
resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os
bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficazes e por isso é
importante saber como estudar. Apresento algumas sugestões para que
possa maximizar o tempo dedicado aos estudos:

Antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente


de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em
casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de
tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor com
música/num sítio sossegado/num sítio barulhento? Preciso de um intervalo
de 30 em 30 minutos/de hora a hora/de duas em duas horas/sem
interrupção?

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da
matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já
domina bem o anterior. É preferível saber bem algumas partes da matéria
do que saber pouco sobre muitas partes.

Deve evitar-se estudar muitas horas seguidas antes das avaliações, porque,
devido à falta de tempo e consequentes ansiedade e insegurança, começa a
ter-se dificuldades de concentração e de memorização para organizar toda
a informação estudada. Para isso torna-se necessário que: Organize na sua
agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar
durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o
utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e
a outras actividades.

É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma


necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 4

colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de


modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode
escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode
também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados
com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a
seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
desconhece;

Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra situação, o
material impresso, lhe pode suscitar alguma dúvida (falta de clareza,
alguns erros de natureza frásica, prováveis erros ortográficos, falta de
clareza conteudística, etc). Nestes casos, contacte o tutor, via telefone,
escreva uma carta participando a situação e se estiver próximo do tutor,
contacteo pessoalmente.

Os tutores tem por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o


estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor,
usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.

Todos os tutores tem por obrigação facilitar a interacção, em caso de


problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa fase
posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for de natureza
geral. Contacte a direcção do CED, pelo número 825018440.

Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas normais de


expediente.

As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem


a oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste período pode
apresentar duvidas, tratar questões administrativas, entre outras.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 5

O estudo em grupo, com os colegas é uma forma a ter em conta, busque


apoio com os colegas, discutam juntos, apoiemse mutuamente, reflictam
sobre estratégias de superação, mas produza de forma independente o seu
próprio saber e desenvolva suas competências.

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação)
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e
autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues antes do
período presencial.

Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não


cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante. Os trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem
ser dirigidos ao tutor\docentes. Podem ser utilizadas diferentes fontes e
materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente
referenciados, respeitando os direitos do autor.

O plagiarismo deve ser evitado, a transcrição fiel de mais de 8 (oito)


palavras de um autor, sem o citar é considerado plagio. A honestidade,
humildade científica e o respeito pelos direitos autoriais devem marcar a
realização dos trabalhos.

Avaliação
Você será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o
período presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com
base no chamado regulamento de avaliação. Os trabalhos de campo por ti
desenvolvidos, durante o estudo individual, concorrem para os 25% do
cálculo da média de frequência da cadeira.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 6

Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões


presenciais, eles representam 60%, o que adicionado aos 40% da média de
frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a
cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da
cadeira. Nesta cadeira o estudante deverá realizar 3 (três) trabalhos, 2
(dois) teste e 1 (um) exame. Não estão previstas quaisquer avaliação oral.

Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizadas como


ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações,
os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência
textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referências utilizadas, o respeito pelos
direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação estão
indicados no manual. Consulte-os.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 7

Unidade I
As Instituições Políticas
Pré-coloniais

Introdução
A antropologia moderna reconhece que a política é um fenómeno
universal. Não há sociedades humanas em que não se dê a organização e
distribuição do poder em ordens ao funcionamento da comunidade. A
política não só se limita aos povos que tem uma determinada fórmula de
governo com poder central. Existem povos onde não se encontra uma
autoridade central e a coisa política é bem conduzido.

Nesta unidade, além de o cursista ter uma visão geral sobre as instituições
políticas. Irá familiarizar-se com os conceitos gerais da ciência política.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de :

 Explicar o significado de Instituições Politicas;

 Descrever o contexto das Instituições pré-coloniais em África;


Objectivos
 Caracterizar o sistema centralizado e nao centralizado do poder;

 Definir conceitos relacionados com ciência politica.

1.1. Sistemas Políticos não Centralizados


Admite-se que, originalmente, os homens viveram durante muito
tempo em pequenos grupos nómadas e pequenas aldeias e que
pouco a pouco, os grupos começaram a ligar-se entre si para
constituir tribos, depois federações tribais e, em algumas
localidades, reinos e Impérios fortemente centralizados. Na medida
em que o tempo foi passando houve a necessidade dos povos
montar um aparelho administrativo, que se caracteriza-se com a
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 8

ideologia politica da sociedade em causa, sendo este conjunto de


situações que vão gerar os diferentes sistemas políticos vigentes.

Segundo dicionario da lingua portuguesa (1999:1186), “politica


são princípios que orientam a atitude administrativa de um
governo”.
A organização política aparece em todas as sociedades e nelas são
organizadas as relações entre os grupos que se integram e entre
sociedades diferentes, partilham o mesmo valor, os padrões de
comportamento e os objectivos comunitários numa cultura com e tem os
mecanismos necessários para que a sociedade funcione e consiga os
seus interesses comuns da sociedade constituem os interesses políticos.
Existem sociedades se Estado. Aqui não existe uma autoridade central
que exerce autoridade sobre a sociedade. (MARTINEZ, 1999: 124)
Sendo assim os sistemas políticos seriam os tipos de administração
que cada território possui tendo em conta as suas convecções
políticas.
Desta feita no que tange aos sistemas políticos é preciso referenciar
que estes vão variar de sociedade por sociedade onde o sistema
politico não centralizado como o próprio nome já diz será a
discetralização do poder a nível central.
Na governação existem também organizações não directamente
políticas, mas de alguma maneira tem responsabilidade no exercício do
poder, na governação da sociedade. Estas organizações exercem papéis
importantes e podem determinar uma certa solução das questões
políticas. Este tipo de organizações existem tanto nas sociedades de
pequena escala como nas sociedades de grande escala, tanto nos tempos
antigos como na actualidade. (Idem, 127)
Entre os contributos mais significativos da Antropologia no
domínio da ciência política, cite-se o conhecimento das sociedades
sem Estado, também chamadas acéfalas, ou não centralizadas, ou
ainda anarquias ordenadas. Em África, sobretudo nas sociedades
sem Estados, os sistemas mais característicos pré-industriais foram:
a) O bando ou horda – ordenamento político próprio dos
caçadores e recolectores (Namíbia e algumas regiões do
Congo) com campos de acção bem determinado com
fronteiras conhecidas por interessados.
Todos os membros têm o direito de exprimir a sua opinião nos
conselhos e nas assembleias comuns. Mas há personalidades com
grau de chefe que toma a última decisão, nomeadamente sobre a
mudança do território. A sua autoridade vem da eficácia das suas
acções.
b) Outros sistemas políticos são os de linhagem fundados na
organização do parentesco 1. O exemplo encontra-se em

1
PARENTESCO é o “ vínculo que une duas pessoas, em consequência
de uma delas descender da outra ou de ambas procederem de um
mesmo progenitor. O seu sistema está intimamente ligado às relações
económicas, religiosas e políticas. O termo parentesco pode significar
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 9

muitos países africanos se não todos. O território também é


limitado e coincide com a etnia ou tribo.
c) Sistemas das classes etárias. (BERNARDI, 1989:102).

1.2. Evolução dos sistemas não centralizados para os sistemas


centralizados
O homem é por natureza um ser gregário. Desde os primórdios da
história que se anexou ao seu semelhante para a satisfação de
interesses comuns. Estabeleceu por diversos vínculos sociais,
através da convivência com os homens, primeiro, os vínculos de
parentesco e de residência, depois, vínculos de afinidade religiosa,
de profissão e política. Estes vínculos sociais deram origem a
diversas formas de sociedades: a família, a comunidade de
residência (aldeia, vila, cidade), a igreja, as associações
profissionais, a sociedade política ou o Estado. (Fernandes,
1995:75).
Estas formas aparecem em diferentes graus da vida social. O
parentesco, a vizinhança, resultam de elementos de sociabilidade.
São, por isso, consideradas sociedades primárias2 pois integram
grupos restritos de fins determinados e tendências exclusivistas. As
regras disciplinares que nelas se formam aplicam-se
exclusivamente aos seus membros, e poder social que suporta e
mantêm essas regras é um poder particularista, preocupado apenas
com os interesses restritos que o grupo prossegue.
Todavia, os interesses de uma família, de uma comunidade de
resistência e de uma associação profissional opunham-se aos
interesses de outras sociedades do mesmo género e, muitas vezes,
tornaram-se rivais, sendo fontes de conflitos de interesses
permanentes.
A necessidade de superar os conflitos de interesses levou os
homens a conceberem sociedades mais complexas, que englobam
as sociedades primárias e criam entre elas possibilidades de
colaboração pela subordinação obrigatória e deveres comuns e pelo
reconhecimento de direitos recíprocos, garantidos por autoridades
dotadas de poder coercivo.

relações de sangue ou laço de afinidade ou casamento. Existem três


laços de parentesco: laços de sangue ou descendência, laços de
afinidade ou casamento e laço fictícios – adopção.
2
Nas sociedades simples ou de pequenas escalas a organização política
é feita com base em idade social, sabedoria, experiência em que os
velhos merecem maior respeito, por estarem mais próximos de Deus e
dos antepassados. A passagem de uma idade para outra faz-se
submetendo a um ritual cultural. Todo o sistema está intimamente ligado
as relações económicas, religiosas e políticas.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 10

A esta sociedade complexa, que permite a convivência social e


política entre os membros de muitas sociedades primárias e coloca
o interesse geral acima dos interesses particulares ou restritos dos
grupos sociais primários, chama-se sociedade política ou Estado.
(Fernandes, 1995: 75).

1.3. Sistemas Políticos Pré-industriais centralizados


A questão de saber quando, porquê e como apareceu o sistema
centralizado enquanto instituição política levanta ainda uma certa
controvérsia. As diferentes posições teóricas e ideológicas relativas
à origem e formação dos sistemas centralizados, embora bem
fundamentadas, não oferecem uma base explicativa segura, na
medida em que são mais contraditórias do que complementares. A
discussão que ao longo do tempo se tem travado sobre a origem dos
sistemas centralizados, permitiu distinguir dois processos da sua
formação: um exógeno à sociedade, o outro endógeno.
O processo exógeno assenta nos fenómenos de conquista de uma
sociedade por outra e na instauração de uma dominação estável das
populações conquistadas. O processo endógeno concerne à instituição
progressiva de formas de dominação de uma parte da sociedade pelo
resto dos seus membros. (Fernandes, 1995:75).
Contudo, nem o processo exógeno, nem o endógeno é interpretado
de uma forma linear para justificar o aparecimento de sociedades
centralizadas. A anarquia primitiva não deu subitamente ao
aparecimento ao aparecimento do sistema centralizado que
reivindica uma soberania absoluta sobre o seu próprio território e
exerce numerosas funções destinadas a realizar os interesses
comuns da colectividade.
Os trabalhos realizados durante a primeira metade do século XX no
domínio da Antropologia política permitiram estudar
cientificamente as condições históricas, ou antes, pré-históricas,
que presidiram à formação do sistema centralizado, e nos quais os
sociólogos e politicólogos baseiam as suas teses sobre a origem do
sistema centralizado.
A presença de dois ou mais partidos dá lugar a tensões e a conflitos a
nível de grupo transformando a actividade política numa espécie da luta
e de competição com estratégias e tácticas, genericamente expressas
pelos programas e pelos estatutos. Os políticos apoiam-se em dois tipos
de comportamento, um público e outro privado. Não há homem político
que não afirme agir com honestidade e o de bem comum.
(BERNARDINI, 198:115).
Contudo nas sociedades centralizadas o poder acenta-se nas
massas, isto é, são sociedades em que o governo é o povo. Onde o
seu sistema politico acenta-se nos partidos únicos, não havendo
desta forma espaço para uma possível oposição, nestas sociedades
apesar da sua bandeira constar o governo do povo é de constatar
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 11

que não existe liberdade de expressão, o povo apenas compre


segamente as linhas de orientação do poder central.

1.4. Alguns Conceitos Políticos


1.4.1. O Estado e a Nação
As teorias filosóficas sobre a origem do Estado consideram que ele
nasceu da ampliação familiar (teoria da origem familiar); que o
estado surgiu do contrato convencional entre os membros da
sociedade humana (teoria da origem contratual); que o estado
nasceu da violência e da força dos mais fortes na luta pela vida, a
sobrevivência dos mais aptos (teoria da origem violenta) e que o
estado como conjunto de três elementos que o compõem: território,
população e governo – é uma necessidade útil que se forma
naturalmente (origem natural do Estado).

Por outro lado há teorias históricas da origem do Estado que em geral


consideram importantes e determinantes as condições e circunstâncias
que lhes rodeiam o nascimento, resumindo-se em três: modos
originários em que a formação é nova sem derivar de um estado
preexistente; modos secundários, quando vários estados se unem para
formar um novo ou quando se dividem para formar novos e modos
derivados quando a formação se produz por influências exteriores.
(AZAMBUJA, 2005:101).
Quando uma comunidade humana é caracterizada pela posse
exclusiva de um território, pela intensidade dos vínculos de
solidariedade, de facto e de direito, que unem os seus membros e
pela existência no seu seio de uma diferenciação entre governantes
e governados, pode dizer-se que estão reunidas as condições
essenciais que permitem afirmar a existência de um estado.
Todavia existem numerosas definições, algumas das quais se
prestam a grandes equívocos.
Para alguns autores, o Estado é o conjunto dos órgãos que, numa
sociedade, aparecem a exercer o poder político. Mas esse conceito
confunde o governo com o próprio Estado. Referir que nem sempre
que se adquire o poder governamental se adquire o poder do
Estado.
Segundo o dicionário de língua portuguesa (1999:789), “governo é
o poder executivo ou o conjunto de indivíduos que administram
superiormente um estado”.
O Estado é uma instituição social equipada e destinada a manter a
organização política de um povo, interna e externamente. Garante,
contra os perigos internos e externos, a sua própria segurança, bem
como a dos seus súbditos. Segundo os marxistas, o Estado é uma
instituição comunitária onde existe uma diferenciação entre os fortes e
fracos (exploradores e explorados) de modo que os primeiros mandam e
os outros obedecem. O estado destina-se deste modo a preservar a
exploração dos ricos pelos pobres. (Fernandes, 1995:71).
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 12

De acordo com com as citações supracitadas existe uma relação de


interdependência entre o governo e o estado na medida em que a
existência de um pressupõe a existência do outro.

Nação
O conceito de nação aplica-se em princípio, ao menos a três categorias
de grupos humanos; em primeiro lugar, ele pode aplicar-se a uma
comunidade estável e historicamente evoluída de pessoas tendo em
comum um território, uma vida económica, uma cultura que os
distingue e uma língua. Em segundo lugar ele pode designar as pessoas,
habitantes de um território unificado sob a autoridade de um governo
único, um pais e ainda um estado. Em terceiro lugar pode ser um povo
ou uma tribo. GURALNIR (2010:946), citada pela História Geral de
África, Volume VIII

É uma forma de sociedade caracterizada por um passado comum, um


desejo de viver em comum e aquelas aspirações comuns. Não é apenas
o presente mas também as gerações passadas e vindouras, uma corrente
ininterrupta que une os destinos cumpridos aos destinos a cumprir.
FERNANDES (1995:84).

O processo decorre porque a entrada de um sistema político elimina


certas exigências e deixa penetrar outras. O numero e a diversidade dos
membros da sociedade global que desempenham o papel de filtragem
varia segundo os sistemas. A resistência dos sistemas políticos em não
permitir que todas as exigências que não foram afastadas pela filtragem
inicial prossigam até ao órgão de decisão reduz as exigências põe meio
de três operações: selecção, classificação, e combinação sintética.
FERNANDES (1995:171)
De acordo com os conceitos acima apresentados, conclui-se que a nação
caracteriza-se pela existência de uma sociedade que comungam a mesma
cultura dentro de um espaço geográfico delimitado, isto é, a existência de
nação pressupõe existência de fronteiras.

A diferença que pode-se estabelecer entre o estado e a nação é seguinte


enquanto que a crise da nação consiste na queda de uma identidade
coletiva insuficiente. A crise do Estado diz respeito a instabilidade
da autoridade.

Sumário
São muitas e variadas formas de Estado que encontramos em África nas
diversas épocas pre-coloniais. Antes da presença europeia. Estados eram
as sociedades em que se podia fazer uma clara distinção de funções e em
havia uma autoridade centralizada. De onde a presença de chefes
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 13

traduzidos em reis. Imperadores. Soberanos. Califas e outros que


exerciam autoridade política mesmo ao nível de linhagens ou clãs eram
indispensáveis. Com sistemas administrativos e instituições que
aplicavam uma justiça consuetudinária formalizada.

Exercícios
1. Leia a unidade e GENTILI.1998. 8-22 e resumo as paginas lidas

2. O que significa para si Instituições politica? Dê dois exemplos


concretos.

3. Será que a política em África é um fenómeno trazido pela


colonialização? Justifique a sua resposta.

4. Diferencie sistema centralizado e não centralizado do poder

5. Define os seguintes conceitos: Etnia, Tribo, Nação, poder,


Autoridade, Estado, governo.
Entregar 1

São muitas e variadas formas de Estado que encontramos em


África nas diversas épocas pre-coloniais. Antes da presença
Auto-avaliação europeia. Estados eram as sociedades em que se podia fazer uma
clara distinção de funções e em havia uma autoridade
centralizada. De onde a presença de chefes traduzidos em reis.
Imperadores. Soberanos. Califas e outros que exerciam
autoridade política mesmo ao nível de linhagens ou clãs eram
indispensáveis. Com sistemas administrativos e instituições que
aplicavam uma justiça consuetudinária formalizada.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 14

Unidade II
Enquadramento da tipologia do
poder

Introdução
Muita das vezes dicute-se a questão do poder, autoridade e dominacao,
nesta unidade pretende-se desenvolver essa questão, principalmente a
questão das tipologias dedominacao sem perder de vista a questão do
campo político e a desigualidade social.

O poder não é mais do que o excesso de poderio de um homem


sobre outro homem. A manipulação da dependência que mantém os
homens sob o controlo de um poder político impedindo de
desenvolvimento do seu poderio é levada ao extremo pelas tiranas,
isto é, ter possibilidade influência ou força.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conceitualizar o poder;

 Diferenciar a dominaçãao e autoridade;

Objectivos  Descrever o campo político e a desigualidade social.

 Conhecer os diferentes tipos de dominacao;

 Diferenciar a dominacao tradicional, carismática, legal, Racional


ou burocrática.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 15

2.1. O Poder

Desde os tempos remotos existe grandes discuções acerca do poder tendo


como exemplo de a questão levantada por Xenofonte não é tanto a de
autoridade em si como a do chefe, pois que o poder é o modo dos
mais capazes. Nem todo aquele que governa é necessariamente um
chefe. “Os chefes” diz ele - “não são o que usam ceptro, nem os
que foram escolhidos pela multidão, nem os que são designados a
sorte, nem os que se apoderaram poder por meio de violência ou
astúcia. Os chefes são os que sabem mandar”. Por conseguinte, é
chefe, seja qual for a sua situação de direito, aquele que possui
superioridade.
Nas democracias o poder é a vontade da maioria para realizar o
bem público. Nas democracias clássicas essa vontade é a que os
governantes, escolhidos pelo povo, realizam, de acordo com a
constituição o que eles próprios entendem por bem público. Nas
democracias contemporâneas é a de que os governantes, eleitos
pelo povo, realizam o que o próprio povo entende ser o bem
público e, finalmente, nas monocracias ou ditaduras é a vontade
dos governantes, sem a obtenção de qualquer constituição ou lei
elaborada pelo povo através dos seus representantes. O poder ser
difuso e instituído.
Por poder difuso se entende que nas sociedades há sempre uma
pressão externa sobre o indivíduo, e que se manifesta sob vários
aspectos, desde a força material até a persuasão psicológica. Esta
pressão, nas chamadas comunidades primitivas é que constitui
poder e, em geral, não há nenhum órgão especializado para exerce-
la. É a tradição.

O poder é uma força a serviço de uma ideia. É uma nascida da


vontade social, destinada a conduzir o povo na obtenção do
bem comum, e capaz, sendo necessário, de impor aos
indivíduos atitude que ela determinar. (AZAMBUJA,
2005:47/8).
O poder é”um fenómeno, relação desigual relativamente
estabelecida em que termo na relação mais elevada comanda.
Nele, o significado de força esta desviada a fim de incluir na
definição formas muito diferentes de poder. É a capacidade de
um ser (individuo, instituição) produzir um efeito. É muitas
vezes proporcional á força empregue, a uma quantidade de
energia. (COLAS, 1978:104)
O indivíduo quase não existe e é uma simples célula do tecido
social: seus pensamentos, seus sentimentos, suas crenças, seu
conhecimento, não são dele mas da sociedade que o observam
inteiramente. O poder é fundado nos costumes e na tradição.
Os homens adultos são um grupo dominante pois se carregam
dos alimentos e da defesa contra os inimigos, deixando de lado
as crianças, as mulheres e os velhos inválidos. (AZAMBUJA,
2005:52/8).
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 16

De acordo com as citações acima mencionadas o poder não é mais


do que o excesso de poderio de um homem sobre outro homem. A
manipulação da dependência que mantém os homens sob o
controlo de um poder político impedindo de desenvolvimento do
seu poderio é levada ao extremo pelas tiranas, isto é, ter
possibilidade influência ou força.

2.2. A Dominação e Autoridade


Os conceitos de dominação e autoridade estão intimamntes ligados
ao poder. A dominação produz e alimenta-se numa submissão
imediata e pré-reflexiva dos corpos socializados. O mundo social
imprime ao corpo um programa que funciona como a natureza com
violência imperiosa e cega do instinto. O princípio de dominação é
o que a lei arbitrária funciona como uma natureza, por adição das
relações sociais de dominação, manifestando-se nos hábitos,
conduta incorporada e naturalizada. O inconsciente dos dominados
está estruturado em conformidade com as relações de dominação.
Como resultado, o corpo biológico socialmente talhado transforma-
se em corpo politizado o que implica que a experiência da
sexualidade possa ser ela própria orientada politicamente.
Onde segundo o dicionário de língua portuguesa (1999:545),
“dominação é a soberania que um determinado individuo possui”.
Segundo o dicionário de língua portuguesa (1999:185), “autoridade
é o poder legal, isto é, autoridade é o poder reconhecido”.
Pierre Bourdieu acentua a legitimação da dominação no seio das
sociedades divididas em classes. A dominação é eficaz e dissimula,
porque uma vez conseguida para no silêncio. A legitimação produz
obediência onde as ordens não foram editadas e onde não provocam
protesto. As relações de ordem interpretam as desigualdades sociais e os
mecanismo de dominação nunca resultam tão bem como quando opera
sem que os dominantes e os dominados tenham que se comportar de
modo que faça aparecer a relação de dominação. Esta define menos
estrutura de obediência. (COLAS, 1978:137).
Deta feita é de constatar que existe uma relação bastante complexa
entre os conceitos de poder, dominação e autoridade. Na medida
em que o poder é a influência ou força que um individo possui a
dominação será a soberania e autoriadade será o reconhecimento
desta soberania tanto como deste poder.

2.3. O Campo Político e a Desigualdade Social


Segundo COLAS (1978;144), “Um campo é um espaço
caracterizado por um tipo de jogo que funciona como um mercado
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 17

onde os indivíduos e ou grupos estão em competição e cada um de


entre eles produz efeitos específicos de desconhecimento”.
Desta feita é de referenciar que o campo politico é composto por
todas camadas da sociedade porque directa ou indirectamente elas
influência para aquelas que seram as decisões politicas, visto que
estas decisões em muitos dos casos tem haver com a própria
população.
Segundo Weber, a qualidade de dominante é menos a do senhor
cuja ordem tem uma oportunidade de ser obedecida, do que a posse
de uma posição social mais elevada. O sistema de posições que os
indivíduos tomam em face da política constitui campo político.
Existe, um problema de energia social, da sua natural e da sua
distribuição. Os quadros do sector público têm um capital
equivalente ao dos artesãos mas a composição desse capital é
diferente porque eles têm um património menos elevado mas um
nível de diplomas mais elevado. Os professores primários têm um
nível de rendimento que se situa nas mesmas zonas que o do
operário, mas dispõem de um capital cultural mais elevado. Assim,
é preciso compreender os grupos uns a partir dos outros, em função
da sua distribuição.
A dominação não é apenas política, mas se estende a outras esferas da
vida social. Entre as sociedades ou mesmo dentro de uma existe a ideia
de desigualdade social. São vítimas dessas desigualdades os pobres, as
mulheres, colonizados, etnias estigmatizadas. Há um mal que precipita a
humanidade no desejo de dominar. A origem da violência está no
Homem social. O dominado não pode deixar de concordar com o
dominante quando só dispõe de instrumentos de conhecimento que tem
em comum entre ambos e que não são mais do que a forma incorporada
de dominação. (Ibidem, p. 146)
De acordo a citação supracitada é de referir que a dominação em
muitos casos é que origina a disigualdade social visto que os
indivíduos que tem domínio geralmente encontran-se nas classes
dominantes, gerando assim a disigualdade social.

2.4. Tipos de Dominação


O Estado só existe se os dominados se submetem à autoridade
reivindicada pelos dominadores. Para Weber há três tipos de
dominação que correspondem a legitimidade: tradicional,
carismática e burocrática. (COLAS, 1978:110).

2.4.1. Dominação Tradicional


Quando os subordinados aceitam as ordens dos superiores como
justificadas, porque essa sempre foi a maneira pela qual as coisas
foram feitas. O domínio patriarcal do pai da família, do chefe do
clã e o despotismo real representam apenas o tipo mais puro de
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 18

dominação tradicional. A dominação tradicional repousa na crença


quotidiana na santidade das tradições válidas desde sempre e na
crença na legitimidade daqueles que são chamados e exercer a
autoridade pelos seus meios. (COLAS, 1978:111).
O poder tradicional pode ser transmitido por herança e é
extremamente conservador. Toda mudança social implica
rompimento mais ou menos violento das tradições. A legitimação
do poder na dominação tradicional provém da crença no passado
eterno, na justiça e na maneira tradicional de agir. O líder
tradicional é o senhor que comanda em virtude do seu Status de
herdeiro ou sucessor. Suas ordens são pessoais e arbitrárias, seus
limites são fixados pelos costumes e hábitos e os seus súbitos
obedecem-no o respeito ao seu status tradicional.

2.4.2. Dominação Carismática


É quando os subordinados aceitam as ordens do superior como
justificadas por causa da influência da personalidade e da liderança
do superior com o qual se identificam. Carisma é um termo usado
anteriormente com sentido religioso significando o dom gratuito de
Deus, Weber e outros usaram termo com o sentido de uma
qualidade extraordinária e indefinível de uma pessoa. É aplicável a
líderes políticos como Gandhi, Stalin, Kennedy e mais, capitão da
indústra.
Contudo, o poder carismático é um poder sem base racional, é instável e
facilmente adquire características revolucionárias. Não pode ser
delegado nem recebido em herança, como o tradicional. Tudo repousa
na submissão extraordinária, na virtude heróica ou exemplar de uma
pessoa ou em ordens reveladas ou emitidas por ela. (COLAS,
1978:113).
A legitimação de dominação carismática provém das características
pessoais carismáticas do líder e da devolução e arrebatamento que
impõe os seguidores.

2.4.3. Dominação Legal, Racional ou Burocrática


Quando os subordinados aceitam as ordens dos superiores como
justificadas, porque concordam com um conjunto de preceitos ou
normas que consideram legítimos e dos quais deriva o comando. É
o tipo de dominação técnica, meritocrática e administrada. Baseia-
se na promulgação.
A dominação racional repousa na crença na legalidade das regras
decretadas e no direito que aqueles que são chamados a exercer a
dominação através desses meios têm de dar directivas. A figura típica
disso é o funcionamento, um agente que obedece a uma regra porque ela
é uma legal e que procura faze-la aplicar. (Ibidem, p. 123)
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 19

A ideia básica fundamenta-se no facto de que as leis podem ser


promulgadas e regulamentadas livremente por procedimentos
formais e correctos. O conjunto governante é eleito e exerce o
comando de autoridade sobre seus comandos, seguindo certas
normas e leis. A legitimidade do poder racional e legal se baseia
em normas legais racionalmente definidas. Na dominação legal, a
crença na justiça da lei é o sustentáculo da legitimação. O povo
obedece às leis porque acredita que elas são decretadas por um
procedimento escolhido pelos governados e pelos governantes.
A constituição ou os estatutos de um partido político são regras,
mesmo que não tenham o mesmo valor jurídico nem a mesma
função que as da administração pública. Enquanto que a repartição
é a instituição chefe da dominação legal que se pode chamar de
burocrática. A burocracia é a organização típica da sociedade
moderna democrática e das grandes empresas e existe na moderna
estrutura do estado, nas organizações não estatais e nas grandes
empresas.

Sumário
o poder não é mais do que o excesso de poderio de um homem
sobre outro homem. A manipulação da dependência que mantém os
homens sob o controlo de um poder político impedindo de
desenvolvimento do seu poderio é levada ao extremo pelas tiranas,
isto é, ter possibilidade influência ou força.
Os conceitos de dominação e autoridade estão intimamntes ligados
ao poder. A dominação produz e alimenta-se numa submissão
imediata e pré-reflexiva dos corpos socializados
Existem 4 tipos de dominacao que são: dominacao tradicional
carismática, legal, racional ou burocratica

Exercícios
1. Leia a unidade e resuma em poucas palavras as páginas lidas.
2. Que relacao existe entre poder, autoridade e dominacao?
3. Qual a diferença entre a dominacao tradicional e carismatica
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 20

fazer em tres paginas um brecve resumo da unidade em estudo


Entregar os exercicios 2 e 3

Auto-avaliação
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 21

Unidade III
Tipologias de Estados antigos em
Moçambique

Introdução
A historia de estado em moçambique tem-se divido em estados pré-
coloniais, estsdo colonial e estado pos colonial. Importa nesta unidade
estudar as tipologias de estados existentes na era pré-colonial os tidos
como estados antigos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Descrever os Estados descentralizados em Moçambique;

 Caracterizar os grupos étnicos.


Objectivos

3.1. Estado descentralizado


É portanto, necessário reflectir sobre as representações de
populações que foram constantemente marcadas pela diversidade
racial e, no aspecto da sua organização política, definidas como
etnias tribais e nas quais a forma nação foi considerado como não
sendo uma construção endógena mas sim uma imitação de formas e
ideologias importadas do exterior através de imposições de formas
de estado coloniais. Na divulgação sobre Moçambique, tanto pré-
colonial, como colonial ou contemporâneo, a questão étnica nos
sistemas de estados é parte essencial das análises das sociedades. A
partir do século XIX e paralelamente ao desenvolvimento da nova
fase de conquista colonial em Moçambique, os termos etnia e tribo,
usados para definir e classificar os povos que, conforme se afirma,
não tinham elaborado formas de civilização política avançadas.
No sul de Moçambique, a identidade étnica primária passou a ser a
do grupo político a que pertenciam os moçambicanos: se não se
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 22

pode falar de nação zulu, pode-se certamente sublinhar que o


sucesso das guerras de conquista do clã zulu que culminou com a
criação de Estado de Gaza nos anos vinte do século XIX,
desencadeou um processo de absorção de diferentes entidades
sociais e políticas na identidade moçambicana, numa época
identificável e que continua a ser importante.
São várias as formas de Estado que encontramos no espaço que
hoje constitui Moçambique. Nem todas as tribos identificadas
genericamente como tal por viajantes, missionários ou, mais tarde,
administrador colonial, são traduzíveis em Estados pois, em muitos
caso, não eram dotados de sistemas centralizados e o poder
permanecia segmentário dos sistemas de descendência de cada um
dos sistemas que as compunha.
Grande parte da história de regiões moçambicanas, é a história da
formação dissolução de estados e principados, mesmo sendo notável o
número e a extensão das populações, às vezes com uma importância
económica e demográfica de realce, que atravessaram séculos, sem que
tenham tido organizações de Estado ou sido incorporadas em estruturas
baseadas no pagamento do tributo. Assim, no norte de Moçambique,
encontramos diversos estados que por convenção europeia se dizem
“sem estado” ou acéfalas, descentralizadas, em que o poder e autoridade
são geridos por sistemas de descendência ou de alianças territoriais.
(GENTILI, 1998:10)
Para muitas formações em que o poder se encontrava
prevalescentemente nas mãos de um soberano seja por herança,
chefe de um aparelho de governo e administrativo articulado e
importante, cuja autoridade podia ser exercida sobre sociedade de
dimensões muito diferentes que tinham desde poucas e muitos
milhares de indivíduos, podemos distinguir algumas vastas regiões
de difusão cultural.
No seio de cada zona cultural, as instituições políticas apresentam
elementos de um padrão comum, nos rituais de realeza, nos
sistemas dos títulos nobiliárquicos e religiosos. Existia a
constituição e consolidação de um núcleo central do qual parte a
expansão ou a conquista sobre populações, principados ou estados
vizinhos, com uma adaptação das formas de governo e mesmo das
expressões, culturais homogéneas às populações que eram
submetidas.

3.2. Grupos étnicos Moçambicanos


As unidades e atribuições étnicas que conhecemos hoje são
resultados de um longo processo de transformações e assimilações
que foram se observando desde os primeiros Bantu que emigram no
nosso território.
Bem antes do século XIX, o vale do Zambeze e as regiões vizinhas
conheceram uma grande revolução política. Por ondas sucessivas,
grupos de imigrados Shona e Lunda tinham estabelecido sua
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 23

preeminência sobre a maior parte do território, anteriormente


ocupado por sociedades rurais de dimensões relativamente
reduzidas. Enquanto, em zonas periféricas, os Tonga, no Sul de
Moçambique, ou os Tumbuka e os Tonga ribeirinhos do Lago
Niassa (actual Lago Malaui) tinham conseguido manter sua
autonomia, a maioria das sociedades autóctones haviam caído sob a
influência dos Estados Shona ou Lunda. É provável que a formação
dos primeiros Estados tenha se iniciado na região situada no Sul do
Zambeze. No início do século XVI, os imigrados de línguas Shona
vindos do atual Zimbábue impuseram sua dominação sobre a
regiao que se estendia rumo ao Sul, das margens do Zambeze até o
Rio Sabi. A frente deste poderoso reino encontrava-se o Mwene
Mutapa (Monomotapa); dele o Império dos Shona extraiu o seu
nome. Ainda que as guerras civis que se seguiram tenham reduzido
o poder do Mwene Mutapa e oferecido a vários chefes provinciais a
possibilidade de fazer secessao e de criar reinos autónomos, a
hegemonia Shona se manteve em toda a região. Os mais potentes
desses Estados Shona independentes – Bárue, Manica, Uteve e
Changamire. Continuaram a dominar efectivamente a parte
meridional do Moçambique Central, até o século XIX.

No interior dessa zona, a única incursao estrangeira se produziu na


margem sul do Zambeze, onde os portugueses, bem como colonos
e mercadores de Goa, estabeleceram os prazos da coroa (domínios
garantidos para a coroa) que foram nominalmente ligados ao
império colonial de Lisboa.
A expansao dos povos do Catanga, parentes dos lunda, começou um
pouco mais tarde e, nos primeiros decenios do século XIX, ainda nao se
tinha findado. Dois séculos mais cedo, os lozi, primeiros emigrados
lunda, tinham se estabelecido nas férteis planícies de inundaçao do
Zambeze. Depois deles, logo se instalaram colonos que criaram os
reinos de Kalonga e de Undi, situados no atual Malaui e, a Oeste, os
ancestrais dos Estados Fala, Senga e Bemba. Por volta de 1740, os
últimos dos principais imigrantes lunda, os mwata kazembe, fixaram-se
na regiao do Luapula. Durante o resto do século, os lunda consolidaram
sua autoridade sobre os territórios adquiridos e estenderam suas
fronteiras, graças as suas atividades diplomáticas e militares.
Aproximadamente em 1800, alguns Estados ligados aos lunda, como
Undi, Kalonga e Lozi, tinham atingido o apogeu, ao passo que outros,
como o Bemba, ainda se encontravam em curso de expansão. Com
algumas pequenas diferenças, a estrutura dos Estados shona e lunda
estava fundada em princípios similares. No cume, encontrava-se um rei,
tido como possuidor de qualidades sagradas, sejam inerentes a realeza,
sejam adquiridas pelos ritos de investidura. AJAYI (1880:211)

A estreita relação mantida pelo soberano com o sobrenatural,


santificada pelos sacerdotes do culto e pelos médiuns, assegurava a
saúde e o bem-estar dos seus súditos, bem como a fertilidade da
terra. A inter-relaçao entre a instituiçao real e a fertilidade
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 24

reforçava a posiçao do soberano como proprietário simbólico e


guardiao espiritual da terra. Portanto, o direito de distribuir a terra
cabia somente a ele, direito que constituía o fundamento da
autoridade exercida pelo rei sobre seus vassalos e seus outros
súditos, sustentando, assim, um ciclo de trocas recíprocas. Para
cumprir as obrigaçoes para com o rei, resultantes da dívida
contraída por eles ao utilizarem sua terra, e para poder aproveitar
de suas qualidades reais, os súditos deviam fornecer certos
impostos, bem como serviços e tributos fixados anteriormente, os
quais variavam de um reino ao outro. Ademais, nos dois reinos, a
maior presa de um elefante morto ia sistematicamente para o
monarca, na qualidade de proprietário da terra. Em algumas
sociedades, como as de Manica, dos lunda de Kazembe e de Undi,
ao monarca se reservava também, em princípio, o monopólio do
comércio, ao passo que, no reino de Changamire, em última
instância, ele era o proprietário de quase todo o gado5. Estes
tributos e diversas ordenaçoes alicerçavam o poder e a riqueza do
monarca, que redistribuía uma parte dessa última com seus
principais tenentes, a fim de garantir a lealdade deles. Nesse
sentido, os Estados pré-coloniais da África Central organizavam a
circulaçao dos magros recursos existentes, os quais passavam das
classes dominadas a classe dominante.

Apesar destes rituais e destas instituições unificadoras, um certo


número de factores opôs-se ao desenvolvimento de reinos muito
centralizados. Dentre os principais factores de instabilidade
figuraram as crises de sucessao crônicas na capital real; a
repugnância dos dignitários distanciados da capital para subordinar
seus interesses económicos e políticos aos da autoridade central; as
revoltas contra chefes opressores que violavam “o reinado da lei”; a
falta de homogeneidade étnica e cultural e a ausência de um
exército permanente para controlar as vastas extensões do reino.
Tal situaçao caracterizou-se por conflitos e sucessões de carácter ao
mesmo tempo irregular e crónico. Assim, os Estados Shona de
Bárue, Manica, Uteve e Changamire apenas afirmaram sua
independencia frente ao Mwene Mutapa para experimentar os
mesmos problemas em seus próprios territórios.

Sumário
As unidades e atribuições étnicas que conhecemos hoje são
resultados de um longo processo de transformações e assimilações
que foram se observando desde os primeiros Bantu que emigram no
nosso território.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 25

Os rituais eram o factores de coesão social e politica nestas


unidades politicas.
Apesar destes rituais e destas instituições unificadoras, um certo
número de factores opôs-se ao desenvolvimento de reinos muito
centralizados. Dentre os principais factores de instabilidade
figuraram as crises de sucessao crônicas na capital real; a
repugnância dos dignitários distanciados da capital para subordinar
seus interesses económicos e políticos aos da autoridade central; as
revoltas contra chefes opressores que violavam “o reinado da lei”; a
falta de homogeneidade étnica e cultural e a ausência de um
exército permanente para controlar as vastas extensões do reino.
Tal situaçao caracterizou-se por conflitos e sucessões de carácter ao
mesmo tempo irregular e crónico. Assim, os Estados Shona de
Bárue, Manica, Uteve e Changamire apenas afirmaram sua
independencia frente ao Mwene Mutapa para experimentar os
mesmos problemas em seus próprios territórios

Exercícios
1. Caracterize os estados antigos em Moçambique?
2. Identifique os grupos étnicos existentes em
Moçambique?

Fazer um resumo de duas paginas sobre a unidade em estudo

Auto-avaliação
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 26

Unidade IV
A Partilha de Africa

Introdução
No final do terceiro quartel do século XIX. As potências francesas.
Inglesa, portuguesa e Alemanha exerciam considerável influência, bem
como detinham os interesses comerciais em diferentes regiões de África,
mas o seu controle político era muito reduzido. A Alemanha e sobretudo
o Reino unido exerciam sua influência como queriam, sem
necessariamente ter que anexar formalmente o território, podendo extrair
as mesma vantagens num controle indirecto Nessa altura as potências
europeias não pretendiam anexar os seus territórios de influência
formalmente, o que não significaria dizer que não exerciam o domínio.
Essa conduta porém, começa a mudar depois de três acontecimentos
importantes verificarem-se entre 1876 e 1880.
Nesta unidade pretende-se que o estudante esteja em condições de
compreender a partilha de África como uma componente política que
desenhou os actuais estados africanos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Descrever o processo de partilha de África;

 Mencionar as potências europeias que estiveram na corrida para


Objectivos
África;

 Explicar as motivações políticas que estiveram na base da


partilha de África.

4.1. A Conferência de Congo-Berlim


Antecedentes

Antes frisar que são apresentados várias versões sobre à


periodização do colonialismo. Alguns autores propuseram 1870
como data do iniciou do colonialismo em África enquanto outros
propõem a década de 1880, pela intensificação das viagens de
exploração como veremos. O colonialismo trouxe uma nova
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 27

relação na qual os africanos viam as suas terras apropriadas a favor


de estranhos europeus. A dominação levaria perto de um século, ate
a derrocada do colonialismo, nas décadas de 1960 e 1970.
BOAHEN (1985:39-40).

Três são os períodos proposto do colonialismo em África a saber:


1880 – 1919 (conquista e ocupação) em que os africanos defendiam
a soberania e independência pela estratégia de confronto, aliança ou
submissão temporária; 1919 – 1935 (período de adaptação) em que
os africanos protestavam e resistiam; 1935 em diante, período de
movimentos de independência (idem:40).

Assim no decorrer do período de 1880-1914 assistiu-se em África,


um continente com cerca de 30 milhões da km² se viu retalhada,
subjugada efectivamente ocupada pelas nações industrializadas da
Europa. O que é mais interessante neste assunto é a facilidade e
rapidez com que as nações europeias uma Vaz unidas,
conquistaram e submeteram um continente. Para explicar o facto,
os europeus formularam teorias e posturas resumidas em:

 Teorias económicas;
 Teorias psicológicas;
 Teorias diplomáticas;
 Teorias da dimensão africana. (Idem:43)

Teorias económicas – defende que a África foi ocupada por razoes


económicas, pois, devia servir de alimento industrial da Europa em
desenvolvimento uma vez que existia o impulso profundo que
conduz todos os capitalistas a uma política de pilhagem, a qual leva
o capitalismo europeu e o americano a instalarem-se no mundo
inteiro.

As teorias psicológicas – estas teorias comummente se classificam


como darwinismo social, cristianismo Evangélico e Atavismo
social, porque seus adeptos acreditam na supremacia da raça
branca.

Darwinismo social os darwinismos iam justificar a conquista dos


que eles chamam de raças sujeitas ou raças não evoluídas, pela raça
superior, invocando o processo inelutável da selecção natural em
que, na luta pela existência, o forte domina o fraco. Pregando que a
forca prima sobre o direito, eles achavam que a partilha de África
punha em relevo esse processo natural e inevitável.

Cristianismo evangélico as conotações raciais do cristianismo


evangélico, eram moderados, todavia, por uma boa dose de zelo
humanitário e filantrópico sentimento muito dissimulado entre os
estadistas europeus durante a conquista de África e que, em certas
regiões, dela participaram activamente esse factor, pois, so não se
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 28

sustenta como uma teoria geral do imperialismo em razão do seu


carácter limitado.

Atavismo social – foi Josephy Schumpeter, explicou que


imperialismo seria a consequência de certos elementos psicológicos
imponderáveis e não de pressão económica. Seu raciocínio funda-
se no que ele considera ser um desejo natural do homem: dominar o
próximo pelo prazer de dominar. O imperialismo seria um egoísmo
nacional colectivo: a disposição, desprovida de objectivos, que um
estado manifesta de expandir-se ilimitadamente pela forca. Novo
imperialismo seria primitivismo de carácter atávico, quer dizer,
manifestaria uma agressão dos instintos políticos e sociais
primitivos do homem, que talvez justificassem em tempos antigos
mais certamente e não no mundo moderno.

4.4.1. Teorias diplomáticas


a) Prestígio nacional

O autor Karlton Hayes defendia a tese que diz que o novo


imperialismo era um fenómeno nacionalista reflectindo uma sede
ardente de prestígio nacional. Os dirigentes europeus eram
compelidos por uma forca obscura atávica que se exprima por uma
reacção psicológica, um desejo ardente de restaurar o prestígio
nacional.

Põe exemplo, a França, com a partilha procurava uma


compensação nas suas perdas na Europa (Arsalsia e Lorena) a favor
da Alemanha, adquirindo ganhos no ultramar e, o Reino unido
aspirava compensar o seu isolamento na Europa (por ser uma ilha)
engrandecendo e exaltando o império britânico, a Rússia bloqueada
nos Balcãs procurava uma compensação na Ásia, a Alemanha e a
Itália recentemente unificada (1879 -1871) queriam mostrar ao
mundo que tinham direito mais pequenas que não tivessem
qualquer prestigio a defender podiam muito bem continuar a viver
sem se lançarem na aventura imperialista. Portanto, a partilha de
África não foi um fenómeno económico.

b) Equilíbrio de força

F.H. Hisley disse que a causa principal da partilha de África foi o


desejo de paz de estabilidade dos países europeus. Segundo o autor
a data mais apropriada e decisiva a era extra europeu foi o ano de
1878 porque, foi a partir dai que no congresso de Berlim a
rivalidade russo – britânico no Balcãs e no império otomano havia
levado a expansão europeia a um conflito generalizado pelo que os
estadistas europeus souberam evitar esta crise através da sua
corrida para África.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 29

Quando os conflitos de interesse de África ameaçava a paz na


Europa, as potências europeias não tiveram outra opção senão
retalhar a África. Era o preço para salvaguardar o equilíbrio
diplomático europeu estabilizado nos anos de 1880.

c) Estratégia global

Tem como precursores seguintes: Ronald Robson e Jonh Gallegher.


Afirmam que a partilha de África é o fruto de movimentos atávicos
proto-nacionalista de África que ameaçaram os interesses
estratégicos globais das nações europeias.

As lutas levadas a cabo pelos africanos teriam compelidos os


estadistasd europeus, ate então satisfeitos com o exercício de uma
discreta hegemonia, a partilha e conquista de África contra a
vontade. Não tinham sido as riquezas materiais de África que
levaram a ocupação pois ate então ela não tinha qualquer valor do
ponto de vista económico mas porque ela ameaça os interesses dos
europeus noutros lugares.

Teoria de dimensão africana – embora notável de patition of


África, assinalava com muita argúcia que a corrida dos anos de
1880 foi consequência lógica da roedura progressiva do continente,
iniciada há 300 anos antes. Admitia, de passagem, os motivos
económicos da partilha, mas que eles não eram francesa mostrou a
importância dos factores africanos locais da partilha, tratando a
África como uma unidade histórica. Keltie, afirmava que embora a
causa imediata da partilha fossem as rivalidades determinante na
relação de longa data entre a Europa e África. Hardy julgava que a
resistência africana ã crescente influencia europeia, precipitou a
conquista efectiva tal como as rivalidades comerciais cada vez mais
exacerbadas das nações industrializadas levaram à partilha.

No final do terceiro quartel do século XIX, as potências francesa,


inglesa, portuguesa e alemã possuíam interesses comerciais em
diferentes regiões de África, mas o seu controle político directo era
muito reduzido. A Alemanha e, sobretudo o reino unido exerciam
sua influência como queriam, e nenhum estadista em sua
consciência optaria espontaneamente por incorrer em gastos e se
expor aos riscos imprevistos de anexar o formal, podendo extrair as
mesmas vantagens de um controle indirecto.

Essa conduta começa mudar depois de três importantes


acontecimentos verificados entre 1876 e 1880.

O primeiro foi o novo interesse do duque de barbante, coroado rei


dos belgas em 1865 (sob o nome de Leopoldo I), demonstrava pela
África, o que se expressou na chamada geográfica de Bruxelas, põe
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 30

ele convocada em 1876, a qual redundou na criação de associação


internacional africana e no recrutamento de Henry Morton Stanley
em 1879, para explorar o Congo, cujo reconhecimento por todas
nações europeias Leopoldo, obteve antes do término das
deliberações da conferência de Berlim sobre a África ocidental.

Causas da Conferencia de Berlim

As razoes que subentendem a partilha colonial e a razão pelo qual


ocorre tão rapidamente são objecto de um intenso debate
historiográfico. São várias as posições que se tomam sobre o
assunto, entre as quais podemos destacar os extremos que opõem
historiadores europeus e africanos. Para os europeus trata-se de
uma tentativa de manter uma superioridade fictícia defendida por
opiniões racistas de historiadores como Hegel, para os africanos
trata-se de uma tentativa de resgatar uma identidade negada ao
longo dos tempos. Apontamos como causa da conferência:

 A disputa pela bacia do Congo.

A questão de Congo teve um papel crucial na determinação das


modalidades dos tempos da partilha. a expansão francesa não era
perigosa só na África ocidental mas tinha-se estendido a área
congolesa a partir de 1875 com missões de exploração diplomática
de Pierre Savorgnan de Brazza, que tinham produzido os tratados
de Makoko de 1880,pelos quais franca podia reivindicar a posse de
vastos territórios na parte setentrional das margens do Congo. Um
outro rival tinha, entretanto chegado a área congolesa o rei
Leopoldo II da Bélgica, por conta de quem um explorador
jornalista, Stanley, tinha feito tratados com mais de 400 chefes ao
longo de varias expedições entre 1879 e 1884. Tinha-se em torno
do rei da Bélgica uma vasta rede de amigos financeiros na
associação internacional do Congo, que, usando uma ideologia
mascarada de vontade humanitária e seguradora não escondia os
objectivos monopolísticos a riquíssima região.

O rumor causado sobre toda imprensa internacional pelas


expedições de Stanley e o realce dado às informações sobre as
oportunidades da exploração económica da bacia do Congo
contribuíram para colocar no centro das atenções a questão da
liberdade do comércio e da navegação de uma tão importante via
de penetração para o interior de África. No entanto foi a aliança
entre os alemães e os franceses que provocou a reacção britânica
concretizada num tratado que garantia protecção aos interesses de
Portugal na região.

Leopoldo da Bélgica, em resposta à jogada britânica, pediu que


fosse reconhecida a soberania do estado à associação que obteve
um semi-reconhecimento diplomático por parte dos EUA que nela
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 31

tinham aplicado bastante capital. O imperador alemão reconheceu o


estado livre do Congo em 1884 depois de ter negociado com
Leopoldo um tratado que garantia aos comerciantes alemães não só
a liberdade do comércio como também direitos iguais aos cidadãos
alemães e aos membros da associação.

 Luta de interesses entre as potências europeias.

A razão profunda desta agitação era de ordem económica. Ia nesse


momento já avançada a industrialização de numerosos países
europeus que tinham de resto de se defender de poderio agrícola ou
industrial de países como EUA e Rússia, cujos produtos graças a
melhoria dos transportes por terra e por mar chegavam a fazer
concorrência na Europa aos próprios produtos europeus,
levantaram-se barreiras aduaneiras.

A Grã-Bretanha, a defensora da liberdade do comércio que


convinha a sua supremacia industrial e naval começa a mudar de
ideias. São tomadas medidas proteccionistas, sobre tudo em Franca,
mas também na Alemanha e na Inglaterra. É necessária assegurar o
monopólio em regiões produtoras de matérias-primas, assim como
mercados para os produtos manufacturados. A escassez do algodão
americano a quando da guerra de secessão, felizmente suprimida
pelo Egipto, havia, do resto mostrado o valor da África como
garantia económica sem contarem com as perspectivas de
descobertas mineiras que as massas de diamantes e de ouro sul-
africanas pareciam prometer. (Joseph-Kizerbo, vol II p.76).

 A chegada tardia de algumas potências coloniais em África

A chegada tardia da Alemanha e Itália, na corrida para África gerou


conflitos entre estes e outros países que já a muito exploravam em
África, conflitos esses que precisavam de arbitro. Nos anos 70,
termina o aumento do volume e a queda dos produtos
manufacturados.

O aumento desta concorrência entre sistemas económicos


avançados e em vias de restauração industrial impulsionou a
procura de novos mercados de fontes de aprovisionamento de
matérias-primas minerais e agrícolas e as politicas proteccionistas.

As tarifas proteccionistas foram introduzidas em 1881 em Franca,


em 1879 na Alemanha em 1880 em Portugal. A Grã-Bretanha
assumiu assim cada vez mais uma posição de defesa das suas áreas
de influência. (Anna Maria Gentille, pp 136-142)

 A necessidade de passar do colonialismo informal ao


colonialismo formal
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 32

A passagem do colonialismo informal a partilha que abriu a fase


imperialista foi mais estudada no contexto das transformações do
sistema dos estados europeus em função da já madura crise do
imperialismo e da emergência dos nacionalismos. O discurso
nacionalista colocava em primeiro plano as motivações de
prestígios ditadas por um complexo de razoes políticas,
económicas, estratégias e finalmente ate filantrópicas, conforme os
grupos que as sustentava.

Os nacionalistas dos novos estados como Alemanha e Itália não,


paravam de excitar os seus governos no sentido de conquistas
coloniais, que consideram essenciais para adquirir influências. Nos
negócios internacionais. O amadurecimento de uma consciência
imperialista em Itália fundou-se na ideologia nacionalista que
criticava o expansionismo pacífico e propunha conquistas
territórios fundadas na acção militar.

 A acção civilizadora dos missionários

Embora altamente contestada pelos historiadores africanistas a


questão religiosa é uma das apontadas como razão da conferência.
A obra de evangelização de diferentes denominações missionárias
assim como os fortes estímulos filantrópicos que se organizaram
em acção no terreno, principalmente em ambiente anglo-saxónica
encorajaram por todo lado o estabelecimento do controlo europeu
em África dado que a situação de grave deterioração política social
das populações africanas, persistência de pragas como trafico e a
escravatura e a expansão do islão, levavam a considerar a presença
europeia um dever moral e cristão de suporte à evolução e ao
melhoramento da vida das populações marginalizadas da história
da civilização.

 Interesses específicos da Alemanha

A Alemanha de Bismarck, de acordo com tese de Taylor, tornou-


se protagonista do primeiro plano da partilha, na tentativa de
oferecer aproximação a França em função anti-britânica, de
maneira a desviar as rivalidades europeias para um campo de
confronto periférico. Este resolveu interferir na África contra as
possíveis consequências de não participação da partilha colonial,
pois a crise do comércio livre teria não só impedido que a
Alemanha protegesse os interesses das suas trocas comerciais como
também o seu acesso a matérias-primas estratégicas para o
desenvolvimento industrial.

Assim Bismarck convida as potências europeias a participarem de


um a conferência internacional a realizar-se em Berlim. Ela trataria
os seguintes assuntos:
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 33

 Garantir a liberdade do comércio e estuário do Congo;

 Liberdade de navegação no Congo e no Níger apoiados nos


mesmos princípios a dotados para o Danúbio;

 Definição de formalidades a serem cumpridas ao se tomar


posse de um novo território na costa africana;

 Disciplinar a luta de interesses entre as potências;

 Assegurar o monopólio em regiões produtoras de matérias-


primas, assim como mercados para os produtos
manufacturados;

As reacções foram favoráveis. Agora se podia também convidar


outros países começando com os que tinham interesse nas
respectivas regiões. Esses países incluíam para além dos já
conhecidos (Grã-Bretanha, França, Alemanha, Portugal) também
foram convidados a Holanda, Bélgica, a Espanha e os EUA. Os
restantes foram convidados apenas o espectáculo, u como diziam
mais elegantemente a carta convite para garantir a aprovação geral
das resoluções da conferência, entre estes estavam a Austria-
Hungria, Suécia-Noruega, Dinamarca, Itália e Rússia.

Da conferência resultou o seguinte: cabia as potências levar a


África os benefícios da civilização geral e do comércio em
particular, definiu-se normas para ocupação de novos territórios na
costa africana pela causa da paz e da humanidade. Também trouxe
alguns outros assuntos, de entre eles obrigações humanitária com a
população africana tais como: abolição da escravatura, bem como a
venda de bebidas alcoólicas aos nativos e definiu-se a ocupação
efectiva do continente africano pela potencias europeias.

Sumário
No final do terceiro quartel do século XIX, as potências francesa, inglesa,
portuguesa e alemã possuíam interesses comerciais em diferentes regiões
de África, mas o seu controle político directo era muito reduzido. A
Alemanha e, sobretudo o reino unido exerciam sua influência como
queriam, e nenhum estadista em sua consciência optaria espontaneamente
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por incorrer em gastos e se expor aos riscos imprevistos de anexar o


formal, podendo extrair as mesmas vantagens de um controle indirecto.

Exercícios
1. Quem foram os protagonista da partilha de África?
2. Qual foi a posição dos africanos no processo de partilha de África?
3. Fale dos acordos bilaterais na partilha de África.
4. Porque é que a África não foi convidada para a Conferência de
Berlim?

Em meados dos anos de 1870, as vias de penetração para o


Auto-avaliação interior de África já eram conhecidas. Cada vez maior
conhecimento cartográfico de África, para o que contribuíram as
observações dos comerciantes, exploradores, missionários, tinha
sido acompanhado por importantes desenvolvimentos de novas
tecnologias de comunicações. Já desde os anos sessenta que a
tecnologia militar permitira que os europeus conseguissem uma
superioridade inatingível aos indígenas, cujos exércitos
utilizavam armas tradicionais ou velhas espingardas com pouco
poder de fogo. Duas décadas mais tarde chegavam armas
automáticas e as metralhadoras, autênticos instrumentos de
expansão, no sentido em que contribuíram fundamentalmente
para alterar equilíbrio do poder entre os europeus e populações
africanas, por mas que estivessem organizadas.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 35

Unidade V
Instalação do Britânicos em África

Introdução
Depois da queda de Napoleão Bonaparte foi restaurada a monarquia dos
Bourbons através da figura de Luís XVIII que governou a França de
1815-1824. O governo de Luís XVIII foi marcado pelo terror que
consistiu na violência, repressão contra grupos bonapartistas e grupos
liberais.
Sectores ultra realista desejavam a implatação de uma monarquia
absolutista do direito divino.
Entretanto, Luís XVII procurou encontrar um ponto de equilíbrio entre o
liberalismo burguês e as forças aristocráticas tradicionais. Nesta Unidade
o cursista irá ter noções da formação dos Estados inglês e francês.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar a consolidação dos estados ingleses;

 Caracterizar as fazes do imperialismo britânico.


Objectivos

5.1. Império Britânico


O império britânico foi um conjunto das colónias que os
exploradores ao serviço dos reis da Grã-Bretanha foram ocupando
em praticamente todo o mundo, a partir do século XVI. Em
1921,com a assinatura do tratado de Versalhes, que terminou
oficialmente a Primeira guerra mundial, o Reino unido obteve o
mandato de administras algumas das antigas colónias alemãs.
Chegou desse modo a estender o seu domínio a uma área de cerca
de 36 milhões de km² e uma população de cerca de 500 milhões de
pessoas, na América do norte (o canada), na África (toda a África
oriental e parte da ocidental), na Ásia (parte do médio oriente e do
subcontinente indiano) e ainda a Austrália e partes da Oceânia.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 36

5.2 Fases do imperialismo Britânico


São duas as fazes do imperialismo britanico, numa primeira fase
denomina-se de solitaria, e a segundo ao que os historiadores chamam de
fase das rivalidades, a seguir faz a caracterizacao de cada uma das fazes

5.2.1 Fase solitária


Os ingleses lançaram-se à conquista do mundo durante o reinado de
Henrique VII (1485-1509), que promoveu a indústria naval, como
forma de expandir para além das ilhas Britânicas. Mas as primeiras
colónias Britânicas so foram fundadas durante o reinado de Isabel
I, QUANDO Sir Francis Drake circumanavegou o globo nos anos
1577 a 1580 (Fernão Magalhães já a tinha realizado em 1522). EM
1579, Drake chegou a Califórnia e proclamou aquela região colónia
da coroa, chamando-lhe Nova Albion (Nova Inglaterra), mas não
promoveu sua ocupação.

Humphrey Gilbert chegou a terra Nova em 1583 e declarou-a colónia


inglesa, enquanto Sir Walter Raleigh organizou a colónia da Virgínia
em 1587, mas ambas estas colónias tiveram pouco tempo de vida e
tiveram de ser abandonadas, por falta de cómoda e encontros hostis com
as tribos indígenas do continente americano. (Martin, 1997:14).

Foi apenas no século seguinte, durante o reinado de Jaime I da


Inglaterra, depois da derrota da Armada Invencível de Espanha,
que foi assinado o Tratado de Londres, permitindo o
estabelecimento da colónia da Virgínia em 1607. Durante os três
séculos seguintes, os ingleses expandiram o seu império a
praticamente todo o mundo, incluindo grande parte da África,
quase toda América do norte, a índia e regiões vizinhas e varias
ilhas ao redor do mundo. Assim, em 1670 já existiam colónias
inglesas estáveis na América do norte (nova Inglaterra, Virgínia,
carolina) e em antiga, barbados, Belize e Jamaica, bem como uma
penetração comercial na índia desde 1600, graças à companhia das
índias orientais. Fundada desde 1660, em África, entrepostos de
capitação de escravos para as plantações americanas, apossando-se,
no século seguinte em 1787, de inúmeros territórios entre o rio
Gâmbia (encravado no Senegal francês) e a Nigéria, abarcando a
famosa costa do ouro., o actual Gana. O século XVIII é, deste
modo, o período de afirmação e maturação colonial britânico.
O seu único revés neste período, forte alias, será a independência dos
EUA, em 1776. Esta perda será compensada com o inicio da
colonização da Austrália em1783 e mais tarde de nova Zelândia a partir
de 1840, para onde envia inicialmente deportados. A sua armada
mantêm-se superior às demais com a batalha de Trafalgar em 1805,
impondo uma vez mais uma pesada derrota a um adversário. O domínio
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 37

de novas colónias e constante nesta altura Malaca, desde 1795, Ceilão,


trindade e tobago, em 1802, malta, santa Lúcia e Maurícias, em 1815,
depois da derrota napoleónica e do seu bloqueio continental. (Martin,
1997:19).

Singapura e fundada por Thomas Raffles em 1819. N Canada


regista-se o avanço para oeste, abrindo novas frentes de
colonização, o mesmo sucedendo na índia, com a exploração do
interior do Decão e de Assam, Bengala, etc.

Os debates sobre o imperialismo começaram na ciência económica


burguesa nas décadas de 1880-90. Foi já no debate do século XX
que apareceram as obras fundamentais do inglês J.A. Hobson e dos
autro-marxistas Otto Bauer e Rudolf Hilferding. Seriam porem,
como se sabe, Rosa Luxemburgo, Lenine e Bukarine a resgatar
definitivamente este tópico fundamental para a teoria
revolucionária.

Vivia-se no rescaldo das guerras anglo-boer, hispano-


estadunidense, depois russo-japonesa, sem falar já das ameaças que
pesavam sobre o coração da Europa em virtude das rivalidades
coloniais das grandes potências. Algumas boas almas sociais-
reformistas propugnavam então um capitalismo pacifista e
humanitário, que renunciasse voluntariamente a volúpia da pólvora,
da conquista ultramarina e do afrontamento inter-imperialista. Foi
neste âmbito que avultou a teoria de Kautsky (retomando no
essencial de Bernstein) sobre o advento de um ultra imperialismo.
Tratava-se da previsão mais ou menos apologética da formação de
uma espécie de associação voluntaria e cooperante das nações
imperialistas, que regularia pacificamente os seus conflitos de
interesse, marcando o compasso ao processo económico mundial.

Lenine verberou com enorme violência mais esta tese Kautskiana,


que percebeu claramente como sendo politicamente nefasta, para
afinal reconhecer que, em pura teoria, ela era perfeitamente
concebível: não há duvida de que a Evolução à constituição de um
TRUST único, mundial, englobando todas as empresas e todos os
estados, sem excepção. Mas ela processa-se em tais condições, a
um ritmo tal e através de tais antagonismo não somente
económicos, como políticos, nacionais, etc. que , antes de chegar a
criação de um trust mundial, antes da fusão super-imperialista
universal dos capitais financeiros nacionais, o imperialismo
soçobrara fatalmente e o capitalismo transformasse-a na sua
antítese.

A expansão ultramarina da Grã-Bretanha foi um caso especial. Não


foi apenas política, como a da Franca, nem apenas económica,
como a da Alemanha, mas envolveu amplamente a sociedade. Isso
explica porque não houve a princípio nenhuma necessidade de
expansão política. Aqueles que seguravam o chicote quase não
precisavam o estalar. Tudo isso tornava o império e o imperialismo
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 38

britânicos ímpares, e causava muita confusão. Quem quer que


estude o imperialismo ira naturalmente dedicar-se primeiro ao
exemplo mais bem sucedido, e este foi o da Grã-Bretanha. Mas
exactamente por ser um caso exemplar, a Grã-Bretanha era típica.
Outros países com a franca e Alemanha seguiram-no ao longo do
caminho colonial mas, por serem sucessoras seu imperialismo tinha de
ser diferente: inspirados no modelo britânico, mas aplicado num
diferente contexto nacional e internacional. E como o imperialismo
britânico teve sucessores, isto é, competidores, seu próprio carácter
também mudou. Imperialismo em meio a outros imperialismo e
necessariamente diferente que foi uma aventura solitária. (Wesseling,
1985:430).

Na verdade a Grã-Bretanha do século XIX não passou por um


período essencialmente anti-imperialista. Todo o século foi um
século de expansão, um século imperial. A sociedade britânica foi a
mais dinâmica de todas no século XIX, ou pelo menos ate o último
quarto do século. (Wesseling, 1985:44).

A expansão ultramarina foi uma consequência lógica. Essa


expansão assumiu variadas formas emigração e colonização,
comercio e investimentos alem mares, transferência de cultura e
religião e estabelecimento de bases navais. O imperialismo na
forma de autoridade sobre povos foi apenas um e não o mais
importante ou duradouro, aspecto desse processo.

O motivo pelo qual se escolheu com mais frequência essa forma


em fins do século XIX do que antes não foi uma mudança na
politica britânica, mas consequência da transformação da situação
internacional. Portanto, a divisão numa a se anterior anticolonial e
uma fase imperialista posterior de fins da era vitoriana não mais se
sustenta. Não significa que não houve mudanças no método ou
atitude. no passado, as colónias tinham sido descritas como pesados
fardos em volta dos pescoços dos ingleses.

O século XIX marca o auge do império colonial Britânico, cuja


expansão económica e humana è favorecida pelo desenvolvimento
do capitalismo financeiro e industrial, bem como pela pressão
demográfica elevada. Por outro lado, marca uma nova
administração e gestão da realidade colonial. Exemplo disso é o
governo directo da coroa na índia. Ai, porem, despoletara a
primeira grande revolta contra o domínio colónia britânico: a
revolta dos sipais, em 1858, que ditara o fim da companhia das
índias orientais. Em 1877, a rainha vitoria – num gesto de coesão
face as autonomias ou aspira coes mais radicais proclama-se
imperatriz da índia, que compreendia em extenso território entre a
fronteira irano-paquiatanesa e a Birmânia e entre o oceano indico e
o Tibete. Na China, estabelecem-se em Xangai.

Por isso e que podemos diferenciar duas fases no que foi, sob outro
prisma, um continuo processo de expansão britânica: a solitária
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 39

fase imperialista de meados da era vitoriana e a fase de


imperialismo rivais de fins do século XIX. (idem, p. 44).

5.2.2. A Fase das Rivalidades


Lord Salisbury notou uma mudança completa de perspectiva nos
assuntos externos da Grã-Bretanha. Quando deixou o Ministério
das Relações exteriores em 1880, ninguém se quer havia pensado
na África. Quando o assumiu em 1885, as nações da Europa quase
se rivalizavam umas com as outras em torno das várias porções de
África que podiam obter.

Na Grã-Bretanha também surgiu movimento colonial e uma


ideologia imperial. Em 1886, existia um louvor em torno da raça
anglo-saxónica. Apelava-se uma maior unidade em torno do
projecto imperial, considerada importante e necessária em tempos
de impérios cada Vaz maiores. (wesseling, 1985:44).

Foi na mesma altura que se debatia sobre a existência de


comunidade de nações independentes britânicas. Assim, os anos de
1880 trouxeram grandes mudanças e uma nova visão imperial e a
Intervenção britânica no Egipto foi um exemplo marcante. O
Egipto era o primeiro premio na lotaria africana. Desde que
Napoleão, em 1798, travara uma batalha ao lado das pirâmides, a
Franca sentiu uma vocação especial para disseminar civilização no
antigo império dos faraós.

Para a Grã-Bretanha, o Egipto fora um dos países mais importantes


elos na corrente imperial, desde a abertura do canal de Suez em
1869.a Franca pode ter dado os passos mais importantes na questão
egípcia, mas foram os britânicos que acabaram se apoderando do
Egipto. O imperialismo britânico demonstrou ser mais forte que a
variedade francesa.

Na África, alimentava-se cada vez mais o sonho de construir um


império inglês entre o cairo, no Egipto, e a cidade do cabo, na
África, o que é conseguido depois da conferência de Berlim (1884-
1885), que legitima anexao de todos os territórios ao longo desse
corredor africano (Egipto, Sudão, Quénia, Rodésia, Transval, etc.).
Neste ultimo, entre 1899 e 1902, travara a primeira guerra do
império, contra os bóeres, que se tornaram autónomos em 1910
(União Sul Africana). Este conflito demonstra o desaparecimento
gradual dos últimos obstáculos para a pena soberania das colónias
de maioria de população europeia, como o a nada, a Austrália, a
nova Zelândia e as regiões da África do sul (Orange, natal, e
Transval), que ganham um estatuto de domínios (soberania quais
total, mas leais à coroa britânica), respectivamente, em 1867, 1901,
1907 e 1910. Alias, já só dependiam da metrópole, ate essa data,
para assuntos e de defesa.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 40

Estes domínios participaram ao lado da Inglaterra na primeira


guerra mundial, o que origina uma nova organização do império,
cada vez mais diminuto devido à independência daqueles domínios
de população maioritariamente europeia, embora associados a
Inglaterra através da Commonwealth estatuto de Westminster,
1931). Irlanda, canada e África do sul aceitam o estatuto nessa data,
fazendo-o mais tarde a Austrália em 1942 e a nova Zelândia em
1947: perdem assim o vínculo ao Reino Unido, apesar de
reconhecerem a soberania simbólica da coroa britânica.

As décadas seguintes serão o cenário histórico da desagregação do


império, nomeadamente em África. Actualmente depois da
devolução de Hong Kong, em 1997, à China, o império colonial
britânico resume-se a Gilbratar, à ilha de Man e às ilhas do canal da
Mancha, na Europa, o território britânico do oceano indico, Pitcairn
e dependências no pacífico, ilhas Malvinas, Anguilla, Bermudas,
Geórgia do sul, as ilhas Caimão, Turks e Caicos, Montserrat, ilhas
virgens britânicas e Santa helena e dependência Tristão da Cunha e
Ascensão no atlântico

Sumário
O império britânico foi um conjunto das colónias que os exploradores ao
serviço dos reis da Grã-Bretanha foram ocupando em praticamente todo o
mundo, a partir do século XVI. Em 1921,com a assinatura do tratado de
Versalhes, que terminou oficialmente a Primeira guerra mundial, o Reino
unido obteve o mandato de administras algumas das antigas colónias
alemãs. Chegou desse modo a estender o seu domínio a uma área de
cerca de 36 milhões de km² e uma população de cerca de 500 milhões de
pessoas, na América do norte (o canada), na África (toda a África oriental
e parte da ocidental), na Ásia (parte do médio oriente e do subcontinente
indiano) e ainda a Austrália e partes da Oceânia.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 41

Exercícios
1. Mencione as fazes do imperialismo britanico .

Analisar as condições de istalação do império britânico.

Auto-avaliação
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 42

Unidade VI
A Instalação dos Fraceses em
África

Introdução
A colonizacao francesa pode ser estudada em dois momentos, apos a
conferencia de Berlim, bem como apos a I gerra Mundial, pois com a
derrota da alemanah cetros territorios que encontravam-se nas mãos dos
alemães foram repartididos pelos vencedores e a Franca foi uma das
potencias que benificiou-se desta partilha.
O sistema de administracao implementada nas colonias vários de acordo
com os interesses e benificios que cada colonia podia oferecer.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar as coloniais francesas.

 Caracterizar a istalacao francesa em Africa.


Objectivos
 Descrever o processo de instalacao dos franceses em África.

6.1. A Politica Colonial da França


Durante o período considerado, as possessões francesas estavam
reunidas em duas federações de colónias e em territórios sob
mandato. A África Ocidental Francesa (AOF), de superfície
correspondente a 4.633.985 km2, compreendia o Senegal, o Sudão
francês (actual Mali), a Guine francesa, o Alto volta (actual
Burquina Fasso), a Costa do Marfim, o Daome (actual Benin), o
Níger e a Mauritânia e tinha como capital federal a cidade de
Dakar. A África Equatorial francesa (AEF), cuja extensão era de
2.510.000 km2 e a capital Brazzaville, reunia as colónias do Congo
Médio (actual Congo), do Chade, de Oubangui Chari (actual
Republica Centro-Africana) e do Gabão. Os dois territórios sob
mandato eram Camarões (432.000 km2) e Togo (57.000 km2),
possessões tomadas da Alemanha logo após a Primeira Guerra
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 43

Mundial, partilhadas entre a Grã-Bretanha e a Franca, e postas sob


mandato da Sociedade das Nações (SDN). O sistema colonial
francês estava fundado em uma administração centralizada e
directa; um governador-geral, representante do ministro das
colónias, estava na direcção de cada agrupamento de territórios; os
territórios sob mandato eram administrados por um alto-comissário
da Republica. Diferentemente das colónias, nestes territórios sob
mandato não havia alistamento militar e a Franca cabia apresentar a
SDN um relatório anual da sua administração.

Durante boa parte da década, os governadores-gerais e os alto


comissários governariam por decreto, tomados por sua conta
próprias ou procedentes dos decretos de autoridades
governamentais francesas; eles eram assistidos por um Conselho de
Governo de papel puramente consultivo. Alem disso, este Conselho
era formado por alto funcionários directamente subordinados ao
governador-geral ou ao alto-comissário, dos quais eles eram
colaboradores próximos, tais como: o secretário-geral que podia
assegurar o ínterim na ausência do governador-geral; o comandante
superior das tropas coloniais; o procurador-geral; e os directores-
gerais dos serviços federais (finanças, saúde e educação). O
governador-geral detinha poderes muito amplos: “Nenhuma lei,
nenhum decreto, mesmo que especialmente tomados para o grupo
de colónias considerado, não são aplicáveis antes de terem
sidopromulgados pelo governador-geral por decreto2.” Ele possuía
não somente a autoridade sobre a administração mas também
dispunha de uma forca armada. Ele nomeava e revogava a seu belo
prazer. Tratava-se verdadeiramente de um procônsul.

A África tropical e a África equatorial sob domínio francês,


espanhol e português. Em Dakar, Brazzaville, Lome e Yaounde, os
governadores-gerais e os alto-comissários eram assistidos por
repartições que asseguravam serviços gerais. As mais importantes
eram as direcções de assuntos políticos, de finanças, de trabalhos
públicos, de educação, dos assuntos económicos e da saúde.

Graças a estes serviços, o governador-geral acompanhava


regularmente a vida administrativa das colónias. A Africa-
Equatorial, reagrupando somente quatro territórios e dispondo de
parcos meios de comunicação, era tendencialmente considerada
como uma colónia única. Muito frequentemente, o governador-
geral assegurava também as funções do governador do Congo-
Médio; ele nomeava delegados ou comandantes superiores no
Gabão, no Chade e em Oubangui Chari. Na direcção de cada
colónia encontrava-se um tenente-governador colocado sob as
ordens do governador-geral. Ele contava em seu entorno com um
conselho administrativo similar ao Conselho de Governo. Ele era o
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 44

chefe administrativo da colónia, dirigente dos serviços


especializados correspondentes aos serviços federais. No interior
do pais, ele era representado por administradores das colónias,
denominados comandantes de círculo, pois cada colónia estava
dividida em um número variável de unidades territoriais, chamadas
circunscrições ou círculos; a África Ocidental contava com uma
centena e a Africa-Equatorial com por volta de cinquenta destas
unidades. No Camarões e no Togo, o território era dividido em
circunscrições – de 60 a 70 para o primeiro e uma dezena para o
segundo3. A administração era garantida, na base da sua estrutura,
por chefes de Cantão e chefes de comunidade. Em principio, as
antigas famílias reinantes garantiam estas funções mas, na
realidade, estes chefes eram somente auxiliares cujo papel
consistia, essencialmente, em executar as ordens recebidas do
comandante de circulo; eles podiam igualmente ser escolhidos no
exterior das famílias reinantes. Antes de 1914, os teóricos da
colonização pensavam em estabelecer uma rede de funcionários
com autoridade, em todos os níveis, suprimindo assim toda
intermediação de autóctones. Este projecto foi abandonado no
momento da supressão de numerosos postos durante a guerra. A
burocracia absorvia a maioria dos administradores coloniais: em
lugar de servir in loco, eles lotavam os escritórios das capitais
cantonais.

Em 1937, computavam‑se 385 administradores dos quais metade


estava em actividade nas capitais cantonais. Esta burocratização
afectava ate mesmo os círculos em que, A denominação “círculos”
prevaleceu na AOF‑Togo, ao passo que em 1934, as 49
circunscrições da AEF foram reduzidas a 20 e baptizadas
“departamentos”; no Camarões, o território foi recortado em
regiões, entre 15 e 20, compreendendo de 60 a 70 subdivisões.
Invés de efectuar viagens de controlo, os administradores passavam
o seu tempo a redigir relatórios. Se os primeiros administradores se
dedicavam a conhecer o “seu” pais e ate mesmo escrever livros a
respeito, após a Primeira Guerra Mundial, os administradores
formados na Escola Colonial possuíam sobre o lugar apenas uma
formação teórica. Em razão disso, havia cada vez menos
especialistas e cada vez mais burocratas intercambiáveis,
“aplicando os mesmos princípios e os mesmos métodos, tanto em
Agades quanto em Sassandra”, em nada preocupados com as
realidades locais.

O comandante de círculo era o principal representante do poder


colonial conhecido pelos africanos. Tratava-se de um déspota local
em um sistema despótico. Ele era, simultaneamente, chefe político,
chefe administrativo, chefe da polícia, procurador-geral e
presidente do “tribunal indígena”. Ele prescrevia o imposto de
capitação, controlava o recebimento das taxas, exigia o trabalho
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 45

forcado, confiscava as culturas de exportação, mobilizava o


trabalho obrigatório e impunha o serviço militar. Ele era julgado
em função dos benefícios obtidos para a Franca e não, em
contrário, pelos serviços que ele viesse a oferecer aos africanos. A
sua preocupação não era atender as necessidades dos autóctones
mas, em oposição, tratava-se de zelar pelos interesses das câmaras
de comércio e das grandes empresas, capazes de impor métodos
pouco ortodoxos aos governadores e administradores.

Uma administração que não levasse em conta os interesses da


população, quase inexoravelmente, desembocaria na opressão
política. O comandante de círculo e o chefe de Cantão provocaram
profundos traumatismos no meio rural. A cobrança do imposto de
capitação, o recrutamento de soldados ou o trabalho forcado,
esgotaram o meio rural. Os chefes de comunidade constituir-se-iam
em simples fantoches e posteriormente em agentes implacáveis da
exploração. Se o imposto não fosse arrecadado, eles eram
destituídos e encarcerados. Por outra parte, se eles obtivessem
“êxito”, aos olhos de seus mestres coloniais, seriam detestados
pelos seus – os camponeses. O advento do governo da Frente
Popular na Franca, em Junho de 1936, não trouxera relevantes
mudanças ao sistema colonial. Diante da necessidade de enfrentar,
por toda parte, fortes tendências de direita, o governo socialista
proclama a necessidade “de extrair do sistema colonial o máximo
de justiça social e de potencial humano”.

A estrutura fundamentalmente dirigista da administração colonial


se combina com um sistema de consulta em que as aparências
democráticas se prestavam, sobretudo, a mascarar o autoritarismo.
O sistema democrático das comunas mistas, das comunas
“indígenas”, dos conselhos de notáveis e das quatro comunas
urbanas do Senegal, formava um conjunto de relações
sistematicamente manipulado pela administração. Com efeito,
somente uma ínfima minoria da população participava das
consultas. O número de eleitores nas comunas do Senegal (Saint-
Louis, Dakar, Goree e Rufisque) não ultrapassava em hipótese
alguma 10.000 indivíduos. Nas regiões rurais, o conselho de
notáveis preparava as pesquisas de recenseamento e colectava o
imposto de capitação, ele o fazia por ordem do governo

Sumário
Durante o período considerado, as possessões francesas estavam
reunidas em duas federações de colónias e em territórios sob
mandato. A África Ocidental Francesa (AOF), de superfície
correspondente a 4.633.985 km2, compreendia o Senegal, o Sudão
francês (actual Mali), a Guine francesa, o Alto volta (actual
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 46

Burquina Fasso), a Costa do Marfim, o Daome (actual Benin), o


Níger e a Mauritânia e tinha como capital federal a cidade de
Dakar. A África Equatorial francesa (AEF), cuja extensão era de
2.510.000 km2 e a capital Brazzaville, reunia as colónias do Congo
Médio (actual Congo), do Chade, de Oubangui Chari (actual
Republica Centro-Africana) e do Gabão. Os dois territórios sob
mandato eram Camarões (432.000 km2) e Togo (57.000 km2),
possessões tomadas da Alemanha logo após a Primeira Guerra
Mundial, partilhadas entre a Grã-Bretanha e a Franca, e postas sob
mandato da Sociedade das Nações (SDN). O sistema colonial
francês estava fundado em uma administração centralizada e
directa; um governador-geral, representante do ministro das
colónias, estava na direcção de cada agrupamento de territórios; os
territórios sob mandato eram administrados por um alto-comissário
da Republica. Diferentemente das colónias, nestes territórios sob
mandato não havia alistamento militar e a Franca cabia apresentar a
SDN um relatório anual da sua administração.

Exercícios
1. Identifica as colonias ocupadas pela africa em africa?
2. Caracteriza a instalacao francesa em Africa
3. Identifique as formas de colonizaçao que a frança utilizou em
áfrica.

Analisar as condições de istalação do império fraces.

Auto-avaliação
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 47

Unidade VII
Resistencias Africanas

Introdução
Praticamente todos os tipos de sociedade africana resistiram, Desde que
foi iniciado o processo de ocupação colonial, os nossos antepassados
impuseram uma forte resistência que assumiu as seguintes formas:
 Confronto militar directo;
 Recusa de cooperação;
 Aliança diplomática.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar factores políticos que levaram os africanos a resistir;

 Mencionar alguns exemplos da resistência africana;

Objectivos  Analisar as razões políticas do fracasso das resistências africanas.


7.1. As Resistências Africanas


Entre 1880 e 1900, a África tropical apresentava um estranho e
brutal paradoxo. Se o processo da conquista e da ocupação pelos e
europeus era claramente irreversível, também era altamente
resistível.

Reversível por causa da revolução tecnológica – pela primeira vez,


os brancos tinham uma vantagem decisiva nas armas, e também,
pela primeira vez as ferrovias, a telegrafia e o navio a vapor
permitam-lhes oferecer resposta ao problema das comunicações no
interior da África e entre a África e a Europa.

Resistível devido a forca das populações africanas e porque na


ocasião a Europa não empregou na batalha recursos muito
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 48

abundantes nem homens nem em tecnologia. (Terence O. Ranger in


Historia geral da África vol. VII 1991:69)

Ranger (1991:69) diz que por falta de homem, os europeus


recrutavam africanos para o auxiliar. Não tendo muitos
conhecimentos sobre os negros, os europeus muitas vezes sabiam
menos das coisas em relação aos dirigentes africanos visto que a
implementação da estratégia de penetração foi muito desordenada e
inábil.

Os europeus enfrentaram grandes movimentos de resistência que


provocaram e até inventaram por ignorância e medo. O principal
objectivo dos europeus era obter a vitória final, e, uma vez obtida,
iriam pôr em ordem o conturbado processo. Escreveram livros
sobre ao que chamavam de pacificação, cuja impressão era de que
os africanos havia aceitem com reconhecimento a penetração
europeia, omitindo-se todos os factos da resistência africana. Mas a
vitoria dos europeus não significa que a resistência africana não
tenha tido importância no seu tempo.

Trabalhos de pesquisa e análise demonstram três postulados


doutrinários dos movimentos de resistência:

Em primeiro lugar, afirmou-se que a resistência africana era


importante, já que provava que os africanos nunca se haviam
resignado à pacificação europeia. Em segundo lugar, sugeriu-se
que, longe de ser desesperada ou ilógica, essa resistência era muitas
vezes movida por ideologias racionais inovadoras.

Por fim, em terceiro, argumentou-se que os movimentos de


resistência não eram significantes; pelo contrário, tiveram
consequências importantes em seu tempo, e tem, ainda hoje,
notável ressonância. (ibid, 69-70).

A implementação da estratégia de penetração foi muito


desordenada e inábil. Os europeus enfrentaram uma enormidade de
movimentos de resistência que provocaram e ate inventaram por
ignorância no seu tempo.

Alguns autores dizem que a resistência africana foi insignificante; e


pelo contrário, tiveram consequências importantes em seu tempo e
tem ainda hoje, notável ressonância.

É preciso ter muita atenção com a historiografia tradicional


europeia quando se fala ou se trata da resistência africana face a
ocupação. A historiografia tradicional europeia afirma que aos
povos africanos viram na chegada dos colonialistas um feliz acaso,
que os libertava das guerras fratricidas, da tirania das tribos
vizinhas, das epidemias e das fomes periódicas.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 49

De acordo com essa tradição, os povos que não mostraram


resistência foram considerados pacíficos, e os que resistiram,
sedentos de sangue. Para Davison (1968:181/3) os defensores da
dominação colonial recusavam-se a considerar as rebeliões
fenómenos organizados.

Referiam-nas como reacções primitivas e irracionais. Os europeus


recusavam-se a admitir uma única interpretação correcta: que se
tratava de guerras justas de libertação, motivo pelo qual recebiam o
apoio da imensa maioria dos africanos. A ideia de soberania
proporcionou evidentemente a base da ideologia da resistência. Os
dirigentes nem sempre foram a guardião da soberania do povo.

Generalizado, praticamente todos os tipos de sociedade africana


resistiram. Desde que foi iniciado o processo de ocupação colonial,
os nossos antepassados impuseram um forte resistência que
assumiu as seguintes formas:

 Confronto militar direito;

 Recusa de cooperação;

 Aliança diplomática.

O confronto militar foi feito em diferentes regiões de África nos


finais do século XIX e princípios do século XX.

A ideologia da resistência mostra que os apologistas do


colonialismo deram ênfase ao carácter irracional e desesperado da
resistência armada, tendo apresentado como resultado frequente a
superstição, dizendo que as populações foram trabalhadoras por
feiticeiros-curandeiros.

Vários críticos europeus do colonialismo, favoráveis à oposição


africana, também admitiam, no entanto, que os africanos não
tinham muita coisa no seu modo de pensar tradicional que pudesse
ajuda-los a reagir afectiva ou concretamente as agressões ao seu
modo de vida. As ideologias da revolta foram consideradas magia
do desespero, votadas ao malogro, sem perspectiva do futuro.
Dessa opti, os movimentos de resistência, por mais heróicos que
fossem, constituíam impasses fatais. (ibid, 1991:71-72).

. A Ideologia da Resistência
Segundo ranger (1991:71) a ideologia da resistência mostra que os
apologistas do colonialismo deram ênfase ao carácter irracional e
desesperado da resistência armada, tendo apresentado como
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 50

resultado frequente a superstição, dizendo que as populações foram


trabalhadas por feiteceiros-curandeiros.

Segundo papel das ideias religiosas, foi descoberto que as doutrinas


e os símbolos religiosos, apoiavam-se directamente nas questões da
soberania e da legitimidade dos dirigentes era consagrada por uma
investidura ritual e, quando um dirigente e seu povo decidiam
defender sua soberania, apoiavam-se muito naturalmente nos
símbolos e conceitos religiosos.

Dessas crises de legitimidade nasceram grandes movimentos para


tentar redefinir a soberania. De modo quase invariável, tais
movimentos tinham, a seu favor, chefes espirituais para exprimir a
mensagem de uma unidade mais ampla.

Sumário
Em primeiro lugar, afirmou-se que a resistência africana era importante,
já que provava que os africanos nunca se haviam resignado à pacificação
europeia. Em segundo lugar, sugeriu-se que, longe de ser desesperada ou
ilógica, essa resistência era muitas vezes movida por ideologias racionais
inovadoras.

Por fim, em terceiro, argumentou-se que os movimentos de resistência


não eram significantes; pelo contrario, tiveram consequências
importantes em seu tempo, e tem, ainda hoje, notável ressonância.

Exercícios
1. Quais são factores políticos que levaram os africanos a resistir?
2. Menciona alguns exemplos de resistência africana.
3. Como é que falta a organização política constitui um dos factores
do fracasso das resistências africanas?
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 51

Por falta de homens, os europeus recrutaram africanos para o


Auto-avaliação auxiliar. Não tendo muito conhecimento sobre os negros, os
europeus muitas vezes sabiam menos das coisas em relação aos
dirigentes africano visto que a implementação da estratégia de
penetração foi muito desordenada e inábil, Os europeus
enfrentaram grandes movimentos de resistência que provocaram
e até inventaram por ignorância e modo.

Qual era o principal objectivos dos europeus ao escreverem livros


sobre a epopeia da pacificação?

Será que a resistência africana teve importância no seu tempo?


Justifique.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 52

Unidade VIII
A Resistência no BaKongo

Introdução
Os defensores da dominação colonial recusavam-se a considerar as
rebeliões como fenómenos organizados. Referiam-na como
reacções “primitiva e irracionais”, ou atribuíam-na à agitação da
minoria “sedenta de sangue”. “ recusavam-se a admitir a única
interpretação correcta – que se tratava de guerras justas de
libertação. Nesta unidade o cursista vai estudar como é que o
envolvimento de várias etnias angolanas na luta anticolonial
constituiu um obstáculo ao processo de luta.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Analisar o processo de luta anticolonial em Angola;

Objectivos  Avaliar o impacto das lutas étnicas no desenvolvimento de


luta contra o domínio colonial;
 Avaliar o papel das diferentes tribos na luta anticolonial em
Angola.

8.1. A Resistência no BaKongo

Segundo os teóricos da Historia de África, existem diferentes


teorias sobre as resistências africanas. No caso concreto da África
meridional, onde se circunscreve o território angolano, Chanaiwa
(1985:211-231) considera que existem três tipos de iniciativas de
reacções:

- Conflito armado;

- Alianças que foi caracterizada pequenas comunidades e tributarias


vítimas de assaltos, vivendo como refugiados. Esta opção foi
bastante usada pelas tribos angolanas.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 53

- Protectorado ou tutela (escolha feita pelos reinos e estados do


extremo sul do continente). Possuíam estados não tributários,
independentes, queriam protectorados conta os Boers e Ngunes.

Na África acidental, os teóricos defendem que todos os africanos


tiveram o mesmo objectivos salvaguardar a independência e o se
estilo tradicional de vida. Para conseguir isso, tiveram três opções
possíveis:

- o confronto;

- a aliança;

- a submissão.

A estratégia de conforto consistia em guerra aberta, cercos,


cooperação de guerrilha, politica de guerra queimada, assim como
o recurso a diplomacia. A tradição de confronto e resistência
coexistiu com a tradição de colaboração. Pellissier (1969:67) citado
por Issacman e Vansina, afirma que:

“Os estados africanos reagiram com violência contra as primeiras


incursões europeias, apesar da esmagadora superioridade militar do
inimigo. Os Boé de Angola organizaram mais ou menos e, 1896 e
uma emboscada contra um destacamento colonial encarregado de
estabelecer posto no interior…os Humbe, mais ao sul, atacaram
uma coluna portuguesa…”

A diversidade das reacções, as diferenças no que diz respeito a


actuação das diferentes regiões e o egoísmo entre as etnias eram
aspectos mais imutáveis nas sociedades africanas. Alguns grupos
étnicos tentavam resistir ao ocupante sem estabelecimento de
alianças entre etnias vizinhas o que de certo modo contribuiu para o
fracasso dessa iniciativa. O exemplo concreto desta atitude foi
demonstrado pelos Bié, Humbi e Gauguela de Angola que
enfrentavam o ocupante sem apoio de outras etnias.

Para alem da resistência directa, através da confrontação, a fuga


para territórios vizinhos; a sabotagem de equipamento agrícola,
incêndio de entreposto, a pilhagem de armazéns das companhias
concessionárias, a destruição dos meios de transporte, era aspectos
complementares dessa luta. Uma outra forma de manifestação de
descontentamento era a travessia constante das fronteiras. A
identidade ou o parentesco étnico dos grupos vivendo de um lado e
do outro da fronteira, facilitou os Ovambo e os Bacongo a deixar
Angola.

Como forma de insubmissão, constituíam comunidades de


refugiados nas zonas desabitadas e enclaves autónomos como é o
caso do sul de Angola, na região de Gambo. Os fugitivos
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 54

adoptavam atitudes hostis para com os invasores, atacando os


sombos de opressão rural como é o caso de plantações. Os
africanos ao serviço dos opressores também revoltavam-se em
protesto contra os abusos coloniais.

Sumário
A diversidade das reacções, as diferenças no que diz respeito a
actuação das diferentes regiões e o egoísmo entre as etnias eram
aspectos mais imutáveis nas sociedades africanas. Alguns grupos
étnicos tentavam resistir ao ocupante sem estabelecimento de
alianças entre etnias vizinhas o que de certo modo contribuiu para o
fracasso dessa iniciativa. O exemplo concreto desta atitude foi
demonstrado pelos Bié, Humbi e Gauguela de Angola que
enfrentavam o ocupante sem apoio de outras etnias

Exercícios
1. Faça um resumo desta unidade.
2. Explique o objectivo geral das lutas anticolonial em Angola que
é comum a todas as outras lutas africanas.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 55

Os Estados africanos reagiram com violência contra as


Auto-avaliação primeiras incursões europeias, apesar da esmagadora
superioridade militar do inimigo. Os Boé de Angola
organizam mais ou menos e, 1896 e uma emboscada contra
um destacamento colonial encarregado de estabelecer posto
no interior… os Humbem, mais ao sul, atacaram uma
coluna portuguesa…

1. Explica o que esteve na razão do fracasso da


resistência angolana.

2. Porque é que algumas etnias se aliavam aos colonos


europeus?
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 56

Unidade IX
A Resistência na Namíbia

Introdução
“ Os Hereros já não são subordinados dos alemães, eles
assassinaram e pilharam (…) os hereros devem deixar o País. se
não o fizerem serão forçados (…). No território pertencente aos
alemães todo o Herero independentemente de estar armado ou não
será morto. Nenhuma mulher ou criança será permitida a entrar no
território (…). Eles serão mortos”
Nesta Unidade o estudante irá analisar o processo de resistência na
Namíbia, tendo em conta o papel dos dois grupos étnicos: os namas
e os Herero.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar as figuras de resistência namibiana;

Objectivos  Analisar o papel dos Maherero na luta anticolonial na


Namíbia;
 Identificar factores do fracasso das resistências namibianas.

9.1. A Resistência na Namíbia


Na região da África austral, a Grã-bretanha não era a única
potencia imperialista. Houve outras potencias que se
entusiasmaram pela sua ocupacao, enfrentando também resistência
dos povos africanos.
O sudoeste africano (Namibia), sofreu, a partir de 1880 o domínio
colonial alemão, que enfreteu resistências de varias tribus legais: os
Hereros, os ovambos e os Namas. A seguir desenvolvemos a
resistência dos Namas.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 57

9.2. Os Namas

Por volta de 1893 e 1894, a primeira rebelião hotentote dos namas


e seu líder legendário Hendrik Witbooi ocorreu. No Outono de
1904, os nama entraram na peleja contra o poder colonial sob o
comando de seus líderes Hendrik Witbooi e Jakob Morenga, este
ultimo referido como o Napoleão Negro. Esta revolta foi
finalmente reprimida durante 1907-1908. Hendrik Witbooi foi um
dos grandes chefes dos Nama que marcou a resistência à ocupação
colonial e opunha-se a assinatura a tratados de protecção tanto com
os alemães como a com a colónia do cabo e morreu em combate
em Outubro de 1965. Com a morte de Witbooi, os namas
continuaram a resistência liderados por Jacob Murranga que seria
morto em 1907 e assim os alemães, eliminariam o último foco da
resistência no sudoeste africano e tomaram o controlo do gado e
das terras.

Os sobreviventes destas guerras, subordinaram-se aos alemães,


pagavam-lhes imposto, serviam-lhes de mão-de-obra nas
plantações e nas minas, porem o extermínio massivo de hereros e
Namas fez com que a mão- de- obra fosse suficiente obrigando os
alemães a recorrerem a mão-de-obra dos Guambo, a norte. Os que
conseguiram refugiaram-se noutros territórios apoiaram a invasão
sul africana levada a cabo durante a primeira guerra mundial (ibid).
No total, entre 25.000 e 100.000 hereros, mais de 10.000 namas e
1.749 alemães morreram no conflito (ibid). Embora os mandatos
surjam como uma resposta a um problema concreto e imediato que
o fim da guerra provocara, eles podem ser enquadrados no conjunto
muito mais vasto da política colonial por parte das potências
colonizadoras. O mandato é um instituto novo quer termos de
direito internacional, quer em termos de politica colonial. A sua
finalidade foi:

 Assegurar a fiscalização da acção civilizadora dos


territórios coloniais no interesse dos indígenas;

 Garantir a manutenção da porta aberta e da liberdade


económica no interesse de todas as nações.

A utilidade do mandato é assegurar a fiscalização da acção


civilizadora dos territórios coloniais no interesse dos indígenas, em
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 58

primeiro lugar mas, ainda, a manutenção da porta aberta e da


liberdade económica no interesse de todas as nações.

Para garantir o funcionamento do sistema de mandatos, o Estado


mandatário recebia uma carta de mandato, onde vinha definida a
politica a aplicar no seu território de mandato. A Namíbia coube à
união Sul africana depois da extinção da Sociedade das Nações e a
criação da ONU, na sua carta prevê que s territórios dos mandatos
deviam ser tutelados até atingirem uma capacidade jurídica para o
exercício do seu poder público, em direcção a independência e
autodeterminação.

Sumário
Os namas atraves de seus líderes Hendrik Witbooi e Jakob Morenga, este
ultimo referido como o Napoleão Negro. Esta revolta foi finalmente
reprimida durante 1907-1908. Hendrik Witbooi foi um dos grandes
chefes dos Nama que marcou a resistência à ocupação colonial e opunha-
se a assinatura a tratados de protecção tanto com os alemães como a com
a colónia do cabo e morreu em combate em Outubro de 1965. Com a
morte de Witbooi, os namas continuaram a resistência liderados por
Jacob Murranga que seria morto em 1907 e assim os alemães,
eliminariam o último foco da resistência no sudoeste africano e tomaram
o controlo do gado e das terras.

Exercícios
1. Identifique as figuras de resistência que mais se destacaram
na Namíbia.
2. Dos dois grupos étnicos estudados, qual deles teve mais
desempenho no processo de luta.
3. Explique as razões do fracasso da resistência namibiana?
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 59

Com a derrota da Alemanha nesse grande conflito, a


Auto-avaliação Namíbia passou a ser administrada pela SOCIEDADE das
NAÇÕES, “um organismo internacional novo que, a partir
deste momento, vai configurar novas relações entre as
Nações”. Foi nestes termos que a sociedade das Nações
instituiu o Regime internacional dos Mandatos.

1. O que entende por mandato?

2. Como é que a Primeira Guerra Mundial interveio nos


acontecimentos políticos namibianos?
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 60

Unidade X
Resistência na África do Sul

Introdução
Se as fontes de que dispomos sobre o processo de centralização dos
Nguni do norte não permitem identificar a natureza exacta das
forças que impulsionaram os processos de centralização, é certo
que estes accionaram mudanças políticas de grande alcance,
particularmente a transformação funcional das instituições que
socializavam os jovens. Nesta unidade o cursista estudará como é
que os zulus se organizaram politicamente e as mudanças que
operaram como forma de resistência ao domínio colonial, assim
como a força dos Tshosas.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Descrever o processo de partilha de África;

 Identificar as figuras de resistências sul – africana;

Objectivos  Caracterizar as formas de resistência na república da África


do sul;
 Analisar os resultados da resistência na África do sul;
 Determinar os elementos políticos na organização das
resistências.

10.1. A resistencia na Africa do Sul


Tal como em toda parte de africa, africa do sul tambem foi alvo do
sistema colonial ainda mais este pelo seu potencial agrario e
mininerio. Com a descoberta de importantes minas de diamantes
em Kimberley, as colonias britanicas passaram a interessar-se pela
zona. O facto desta regiao dispertar atencao aos Britanicos, vai se
natar que o povo nativo não vai deixar por isso mesmo vai impor
resistencia contra a ocupacao colonial
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 61

10.2. Zulus e Tshosas

Zulus, povos de língua banto do sul da África, ligados aos suazis e


xhosas. Guerreiros, os zulus resistiram corajosamente à dominação
dos holandeses e ingleses e só foram derrotados, em uma sangrenta
batalha que dizimou a tribo, devido à superioridade tecnológica dos
armamentos de seus inimigos.

Com uma população que supera 2 milhões e pessoas, os zulus


vivem principalmente em Zululândia, república da África do sul.
Tradicionalmente ligados a agricultura e a pecuária, os zulus
obrigados a entregar suas terras aos colonizadores, no século XIX.
Actualmente, muitos têm migrado para as grandes cidades ou são
assalariados em fazendas ou minas de propriedades de sul-africanos
brancos.

No fim do século XVIII, Ntetwa e Ndwandwe eram os principados


em que o processo de expansão centralização e estratificação, com
uma distinção nítida entre o grupo dominante e as classes
dominadas se encontravam mais adiantados.

Os conflitos pelo controlo das terras de pasto e de gado


intensificaram-se nos últimos anos do século XXVIII por causa do
declínio do comercio de marfim e da intensificação da procura de
gado causada pela presença de navios de caca a baleia americanos e
ingleses na Baía de Maputo e, no inicio do século XIX pelos,
efeitos devastadores da seca, recordada ainda com horror cem anos
mais tarde.

A vitória de Ndwandwe em 1817 abriu o caminho em 1819, para o


poderoso exército criado por Tchaka Senzangakhona, filho
ilegítimo do chefe principal dos zulus, cujo acesso ao trono só fora
possível graças a sua capacidade como estratega militar. A partir
dessa data, os zulu tornaram-se o poder predominante na região
entre o phongolo e o Tugela, uma região muito mais vasta e
populosa do que qualquer outra que alguma vez fora submetida à
autoridade de um só soberano em toda a historia da África austral.
(Gentili, 1998:108).

A vitória de Tchaka tornou-se possível pela organização do seu


exército e pelas suas capacidades de estratega, mas a capacidade de
manter o controlo sobre as populações conquistadas derivou do
reforço de um sistema de governo e de estado fundado numa
disciplina rigorosa exercida por meio de uma definição e uma
estratificação hierárquica das competências e responsabilidades. O
sistema das amabutho tornou-se um instrumento de controlo social
eterno e um meio de defesa e ataque ao exterior.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 62

Depois da conquista do principado de Ndwandwe, Tchaka estendeu


o seu sistema de amabutho aos principados subordinados, de
maneira que jovens em idade militar, absolutamente proibidos de
casar, eram recrutados para o serviço do seu soberano e subtraídos
a dependência e influência das suas famílias e do grupo de
descendência.

O rei zulu tornou-se o chefe ritual e efectivo dos jovens, fosse qual
fosse a sua origem, e a fonte principal do seu bem-estar e da sua
posição na sociedade. Foram criadas formas de controlo das
mulheres com amabutho femininas e a instituição do izgodolo, um
sistema pelo qual as mulheres concedidas ou pretendidas como
tributo ao rei eram assimiladas e passavam a ser irmãs ou filhas da
linhagem real e podiam assim ser objecto de trocas matrimoniais
com homens de casas aristocráticas do reino ou estrangeiras.

A instituição do izigodolo permitiu ao soberano zulu o usufruto de


um parentesco feminino alargado e funcional para criar alianças
matrimoniais importantes e estratégias com aristocracia interna e
com outras populações. No período do reino de Tchaka surgiu um
sistema politicamente muito centralizado e uma ordem social
rigidamente hierarquizada e estratificada, dominada pela
aristocracia zulu que utilizava o sistema das amabutho para manter,
alargar e legitimar o seu domínio sobre uma sociedade heterogénea.
A força do sistema encontrava-se na redistribuição da riqueza,
constituída principalmente por gado, por guerreiros e funcionários.

A sua fraqueza, residia nos conflitos que existiam quando


escasseavam os recursos. O estado Zulu esteve constantemente em
guerra porque o recurso para reforçar os poderes do soberano
tinham de ser conseguidos pela guerra e pela razia e, assim,
principalmente a custa das sociedades vizinhas. A partir de 1819,
os zulus lançaram-se a conquista de terras para além do seu
território para estender sua hegemonia aos principados que eram
anteriormente tributários de Ndwandwe, de Mabudu ou de
principados Ronga (Moçambique), este ultimo para controlar as
rotas comerciais que se dirigiam à Baia Maputo.

Durante a expedição reforçou-se o sistema de estratificação


hierárquica da sociedade zulu: o rei detinha o poder absoluto,
privilégios específicos eram apanágio da aristocracia zulu e das
famílias originárias do território zulu de origem; os chefes e
notáveis dos principados conquistados eram empurrados ou
forçados a assimilar-se à cultura zulu através do sistema das
amabutho. O estado zulu conseguiu, em poucas gerações, criar um
sentimento de identidade étnica comum, entre estes grupos e
categorias, que fez esquecer a heterogeneidade das suas origens. As
populações da periferia do sistema de domínio zulu ficaram
excluídas desse processo de assimilação e eram tratadas como
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 63

culturalmente inferiores, portanto, consideradas com capacidade


para apenas fornecer força de trabalho servil.

A criação de um forte sentido de identidade étnica foi


acompanhado pela discriminação para com aqueles que não
pertenciam a não zulu. Guerreiro e alimentado por guerras, o estado
zulu consolidaram se e expandiu-se, apesar das contínuas
conspirações e massacres que culminam com o assassinato de
Tchaka em 1828, pela mão de dois meios-irmãos seus. Um desses,
dingane, sucedeu-lhe no trono, que teve de enfrentar várias revoltas
internas e, principalmente, a importância crescente da presença
comercial, politica e territorial e de três comunidades brancas: os
portugueses na baia de Maputo, os comerciantes ingleses em port
Natal, os missionários a partir 1837,os colonos bóeres instalados e
tugela.

Em 1828,os zulu atacaram os acampamentos dos bóeres no natal


mas o conflito que se seguiu foi sangrento e derrotou os zulus
quando os bóeres se reorganizaram sob a liderança de andries
pretorius (patrono da pretoria). A derrota de dingane significou a
concessão do território do território sul de tugela aos bóeres que ai
proclamara a republica de Natália em 1838. a tensão continuo com
a intervenção dos bóeres no conflito dinástico dos zulu, a favor do
meio irmão mpande que ficou rei em 1840.

Mpande retomou, se o conseguir, as tentativas de dingane, para se


apoderar das terras dos swazi, também por causa da o posição
inglesa, de enfrentar a ira dos ingleses por ter cedido o distrito do
rio klip aos bóeres que ai instituíram uma republica independente
de Natália em 1847 9anos da independência da libéria ); mpande
reafirmou o poder zulu sobre as populações longa de Moçambique.

Em 1856, quando começou o longo conflito dinástico


protagonizador por dois filhos mpande, apesar de cercado e
ameaçado, o reino zulu continuou sólido ao ataque. Mpande
morreu 1872 e cetswayo, seu filho, cuja posição politica já estava
consolidada desde 1857 ficou rei. Nessa altura a situação tinha
mudado muito: a integração cada vez maior da economia no reino
provou as transformações radicais: migração e fuga de grupos que
não aceitavam a subordinação aos zulu.

O reino zulu considerando pelos ingleses um baluarte controle bóer


no Transval ate aos anos setenta do século XIX, passou a ser um
obstáculo aos objectivos hegemónicos da potencia colonial que se
orientavam para a constituição de confederação sob domínio inglês
onde não se reconhecia nenhum espaço automico para o estados
autóctones históricos.

Os xhosas, membros dos povos de língua banto da África do sul.


Há cerca de 5 milhões de xhosas que ao dos thembus , mpondos e
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 64

bomvanas , foram as tribos ngunis. Essas tribos vivem entre


Natália o leste da cidade do cabo.

A cultura Xhosa tem um rico folclore e sua religião, profundas


raízes nos cultos ancestrais. Pastores nómadas, a economia e o
sistema social dos Xhosas dependiam da pecuária por meio da qual
obtinham o dinheiro necessário para lobola (dotes) e para
proporcionar maior prestígio aos chefes. Como se tratava de uma
sociedade patrilinear – ou seja, a sucessão era feita através da linha
paterna, tornou se comum que os filhos do monarca se desligassem
da tribo e formassem novas aldeias, levando seus seguidores à
procura de novos pastos para os rebanhos. Por causa dessa procura,
tornou-se inevitável o conflito entre os Xhosas e colonizadores
ingleses e hondeses. Esses conflitos resultam nas novas guerras da
fronteira do cabo. (1778-1878).

Já desde o inicio do século XVIII que a região dos Xhosas


mantinha contactos comerciais consistentes com o cabo através de
redes de intermediação em que participavam outras populações. A
expansão dos bóeres para as terras para alem do rio Sundays foi
confortada com guerras continuas que, desde a primeira, em 1779,
ocorreram ao longo de cem anos. O território xhosa já conquistado
pelas tropas inglesas em 1835 como que em Adelaide province,
mais tarde restituído, foi anexado a coroa britânica como colónia
separada, como o nome de Britsh Keffaria, em 1847. Seguiu-se
uma guerra de guerrilha que piorou os efeitos da seca e provocou a
difusão de doenças, entre s quais a peste bovina que dizimou as
manadas, principal recurso da população.

Humilhados pela perda contínua de terras, reduzidos a viver em


territórios tornados precários pela pressão contínua das tropas
inglesas e dos colonos brancos, com a moral destruída pelas
epidemias que vinham destruindo o principal recurso da população,
o gado, muitos grupos xhosas foram conquistados pelas profecias
de salvação e purificação difundidas por uma jovem profetisa que
exigiam o sacrifício do gado como forma de se libertarem dos
brancos. (Gentili, 1998:11).

Em 1857, a maior parte do gado que sobrava aos xhosas depois das
epidemias, cerca de 200.000 cabeças, foi exterminada para
obedecer os ditos da profetisa. Não se conseguiu a libertação em
relação aos brancos mas a fome e a pobreza que se tornaram
irreversíveis: mais de 20.000 pessoas morreram, 30.000 entraram
na colónia a procura do trabalho, só em 1857, o episodio marcou o
fim da resistência xhosa e o inicio da sua subordinação.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 65

Sumário
Os Zulus, povos de língua banto do sul da África, ligados aos
suazis e xhosas. Guerreiros, os zulus resistiram corajosamente à
dominação dos holandeses e ingleses e só foram derrotados, em
uma sangrenta batalha que dizimou a tribo, devido à
superioridade tecnológica dos armamentos de seus inimigos.

Exercícios
1. faça um resumo da unidade em estudo.

2. Como é que as lutas dinásticas contribuíram para o fracasso


da resistência do zulu?

3. Enaltece o papel de Tchaka na consolidação da identidade


zulu.

4. Como é que os Xhosas resistiram ao domínio colonial?

5. Fale do fim do sonho da resistência Xhosa


HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 66

A vitória de Tchaka tornou-se possível pela organização do


Auto-avaliação seu exército e pelas suas capacidades de estratégia, mas a
capacidade de manter o controlo sobre as populações
conquistadas derivou do reforço de um sistema de governo
e de estado fundado numa disciplina rigorosa.

1. Em que era exercida esta disciplina


2. O rei zulu tornou-se o chefe ritual e efectivo dos jovens,
fosse qual fosse a sua origem, e a fonte principal do seu
bem-estar e da sua posição na sociedade.
3. Quais eram as formas de controlo das mulheres e o que elas
significaram para p poder politico.
4. Enalteça o papel da instituição do Izigodolo.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 67

Unidade XI
Resistência em Moçambique: O
Estado de Barue

Introdução
“Cado e Mulima perguntaram aos outros chefes se estavam
satisfeitos com o governo do comandante Costa, eles responderam
unanimemente que não estavam contentes e que para além de
serem mal tratados não queriam ser governados pelos brancos. Os
três representantes continuavam os seus interrogatórios
perguntando-lhes se estavam preparados para uma guerra contra os
brancos. Em uníssono responderam que sim, que esse era o desejo.
Então Catolene disse-lhes que informaria o grande mambo
Makombe do seu parecer”
Nesta unidade tratamos do Estado Barue para que o cursista tenha
bases sólidas do processo politico que o estado conheceu.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar a origem do Estado de Barue;


 Caracterizar a organização política do Estado de Barue;
Objectivos  Identificar as figuras de destaque no Estado de Barue;
 Identificar a fonte de poder no Estado de Barue;
 Analisar o papel da mulher na vida politica do Estado de
Barue.

11.1. Estado de Barue


Segundo Newitt (1995:56) “Barue era uma zona montanhosa e
inóspita que se estendia para o interior a partir do desfiladeiro de
luporta. Conseguiu-se manter-se independente face ao domínio
afro-portugues. Barue c ontrolava as estradas que partiam do
Zambeze a Manica fora da posse dos portugueses. Na década de
1840, por influencia dos ngunis, Barue e Manica haviam sido
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 68

forcados a reconhecer a soberanhia do rei de Gaza”. Os Barues são


produtos de desagregação do estado de monomutapa. Era um reino
bastante poderoso que conseguiu resistir contra os nguni e outros
estados militares vizinhos. Resistiu contra os portugueses ate 1917
que marca o fim das resistências primárias.
A derrota dos estados deixou a nação Barue como o único grande
estado zambeziano fora do controlo dos portugueses. O Barue
manteve este estatuto, apesar da contínua fragmentação no seio da
família real e dos repetidos esforços de Lisboa que pretendia a
ocupação e exploração da terra natal do Barue como factor
essencial para a prosperidade da colónia.
O facto do reino se manter independente e se ter tornado no maior
centro de actividade anti-colonial, testemunha a tenacidade do povo
Barue e a forca das suas instituições políticos religiosas. A sua
atitude garantia também a inevitabilidade de guerra com Portugal.
Neste contexto a anexação por Gouveia, nos anos 1860, de
chefaturas de Sena e tonga, das quais tinha sido súbditos de Barue
aumenta a preocupação de Makombe chipapata, monarca reinante
do Barue.
Além disso, o estado de Gorongosa constituía um serio problema
estratégico para o Barue. Para contrair as ambições imperiais de
Gouveia, Chipapata fez uma aliança com Bonga de massangano,
inimigo fidadal de Gouveia. Em 1868 um a forca combinada dos
exércitos de barue e Mssangano travaram o avanço de Gorongosa
sem sucesso. Este insucesso levou chipapata a modificar a política
de Barue. Em 1869 o rei estabeleceu um mudus vevendi com o
líder de Gorongoza cuja ajuda militar subsequente permitiu a barue
eliminar a ameaça nguni pela primeira vez em 35 anos.
Entre 1870-1892, quando Barue esteve sob controlo de Gouveia
através de casamento com Adriana, filha mais velha de Chipapata,
usurpou o poder exigido a submissão de Chipapata. Para garantir o
controlo, Goyveia mandou construir um complexo militar de 9
aringas, e instalando uma forca de chicunda. Como forma de
conquistar a legitimidade local, seleccionou as suas principais
esposas para residirem as aringas mais importantes, donde o
informavam sobre a situação. Entretanto a prisão de Gouveia
juntamente com Paiva de Andrade, pala polícia de BSAC em 1890,
permitiu ao Makombe panga, após a morte do seu pai chipapata,
reagrupar suas forcas e restaurar a independência do reino.
Libertado Gouveia e um oficial português de nome João de
Azevedo Coutinho apoiado por um exército de achicunda e de
missionários, num total de 4000 soldados, invadiram Barue tendo
sofrido porem, uma das mais pesadas derrotas infligidas a um
exército colonial. Desde então, o prestígio de Barue aumentou
consideravelmente como o principal foco de resistência na região.
Compreendendo o perigo que barue representava, a coroa
portuguesa reclamou sem qualquer sucesso a companhia que
pacificasse a região.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 69

11.2. Crise de sucessões no Barue entre 1892 à 1901


A derrota de Gouveia e o seu aliado Coutinho, a nação Barue
reconquistou a sua independência, mas no momento da vitória
mergulhou numa crise de sucesso entre vários rivais da família real
em competição para o trono que se encontrava vago após a morte
de chipapata em 1887. Estes conflitos internos forneceram
oportunidade a subversão europeia para tentar mais uma vez
incorporar Barue no seu império informal.
O conflito inicial pelo poder ocorreu entre samaconde e Hanga,
tendo o ramo Chibudu da família real sido inicialmente
desacreditada por causa de relações íntimas com Gouveia. Durante
este processo de luta pelo poder verificaram-se várias e sucessivas
guerras de sucessões entre os principais herdeiros chipapata e
chibudu.
Principais Herdeiros, 1892

Ramo Chibudu Ramo Chipapata


Chibudu Chipapata
Chipitura
Cavunda Cassicha samaconde Hanga Inhamisinga Nongué Toninhana
Fonte: João de Azavedo Coutinho, a companhia do Barue em
1902-Lisboa, 1904, pg.17.

11.3. Preparação para a rebelião


Uma vez empenhado na insurreição armada, Nongue-Nongué
esforçou-se por criar uma coligação anti-portugusa de povos
zambezianos. Planeava uma aliança de grupos residentes em ambas
margens da Zambeze, sem olhar apartidarismo passado, filiação
étnica e composição racial, todos unidos pela restauração da
dignidade africana.
A presença de importantes mambos Tonga reforçou a sua relação
especial, assim como as alianças matrimoniais entre a família real
Barue e os mambos Dongobva e Gudo. Um sentimento de opressão
compartilhada tornou mais estreitos os laços entre os dois aliados.
O recrutamento de um grande número de camponeses tonga para
trabalhar ao lado dos Barues na estrada de Tete-Massequesse,
assim como o alistamento forcado de Tonga par luta, demonstrou
que os seus problemas eram idênticos.
O casamento de Makosa com a filha mambo Kanda, reforçou a
rede de parentesco que historicamente os dois grupos (Barue e
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 70

Gorongosa) asseguraram uma calorosa recepção aos delegados


Barue um conjunto de relacoes de portugueses e políticos
mutuamente reforçados, fortaleceram o esforço de Nongue-Nongue
para conquistar o apoio dos Tawara, a aliança, entre o monomotapa
Chioco e Makombe Hanga e a cooperacao nas guerras de 1902 e
1904, demonstrou este sentimento de solidariedade. O mambo
Tawara Gosa, conseguiu convencer Mpangula, um velho chefe
Nsenga, de que a única maneira de acabar com os abusos
portugueses era de expulsar os brancos.
A conversão de Mpangula incitou muitos dos principados chefes a-
chicunda e Nsanga residente em Moçambique a juntarem-se a
rebelião. Os barue recrutaram alguns mestiços, incluindo o
secretário do administrador Massanga e mesmo um pequeno
número de europeus. Entre os convidados destacam-se os filhos de
Gouveia e de Luís de Gorongoza. Simultaneamente chefia Bare
desenvolveram negociações com os ingleses na tentativa de isolar
os portugueses.
Quanto o fracasso de Barue atribue-se alguns erros tácticos, e
deserções. Ainda para a vitoria dos portugueses adiciona-se o
reforço do seu exercito, de soldados Nguni e do apoio recebido da
Rodésia e Niassalandia. Ainda torna-se relevante explicar que as
acções militares, o jogo diplomático junto de alguns chefes
africanos, jogou um papel importante na vitoria dos portugueses.

Sumário
Barue era uma zona montanhosa e inóspita que se estendia para o interior
a partir do desfiladeiro de luporta. Conseguiu-se manter-se independente
face ao domínio afro-portugues. Barue c ontrolava as estradas que
partiam do Zambeze a Manica fora da posse dos portugueses. Na década
de 1840, por influencia dos ngunis, Barue e Manica haviam sido
forcados a reconhecer a soberanhia do rei de Gaza”. Os Barues são
produtos de desagregação do estado de monomutapa. Era um reino
bastante poderoso que conseguiu resistir contra os nguni e outros estados
militares vizinhos. Resistiu contra os portugueses ate 1917 que marca o
fim das resistências primárias
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 71

Exercícios
1. Fale da crise de sucessão em Barue.
2. Caracterize a organização politica do Estado de Barue.
3. Qual era a fonte do poder do Estado de Barue?
4. Analise o papel da mulher na vida politica do Estado de
Barue.

Além de Bárue resistir para a defesa das suas fronteiras


Auto-avaliação contra a ocupação colonial, serviu de ponto de refúgio para
outros Estados visinhos. Como exemplo, estado Cambuenba
e os seus aliados (Gizi e Luis de Gorongosa) que depois de
derrotados pelas forças invasoras, foram obrigados a
refugiarem-se em Bárue, donde planearam novas acções
contra a ocupação colonial. Tempo depois, eles adoptaram
uma estratégia de guerrilha.

a) Qual foi o elemento natural que contribuiu para que


Bárue fosse caracterizado pela resistência anti-colonial?
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 72

Unidade XII
Resistência em Moçambique: O
Estado de Gaza

Introdução
A derrota de Ndwandwe em 1819 as mãos do zulu provocou a fuga de
outros grupos para norte, que viriam depois de ser conhecidos por Ngoni
nas regiões a que chegaram, e se reorganizaram em regimento militares
para raziar o território dos Tongas e dos Chopes, populações do Sul de
Moçambique, até então organizados em pequenos principados, durante
vários anos. Nesta unidade o cursista irá estudar as consequências da
expansão Ngoni para território moçambicano.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Analisar o processo de formação do estado de Gaza;

 Mencionar as figuras de destaque na formação do Estado de


Objectivos
Gaza;

 Definir o significado de assimilação no sentido Ngoni;

 Descrever apolítica aplicada pelos nguni no processo de


conquista.

12.1. O Estado de Gaza


Zwanguendaba e seus seguidores operaram no sul de Moçambique entre
1821 e 1825 em colaboracao com a faccao de sochangane, deslocando-se
depois para norte onde derrotaram um outro grupo Nguni comandado por
ngwane, deslocando-se depois para norte onde derrotaqram um outro
grupo Ngoni comando por Ngwanw maseko, e foram obrigados a fugir
quando o Nsani, chefe de uma outra faccao, de juntou a este grupo.
Os grupos ngoni dirigiram-se para oeste, ao longo do rio save e, depois de
anos de razias devastadoras, atravessoaram o Zambeze. Dividiram-se
então em duas faccoes, uma sob a direccao de Mpezeni, estabeleceu-se na
Zâmbia, a outra, sob a direccao de mwambela, ficou no Malwi. Outros
ngoni chegaram ao Malawi e mais ao norte, ate a região de songeia, no
tanganhica ocidental.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 73

Sochangana era o chefe de um grupo Ngoni cuja principal componente,


os Gaza, ditou depois o nome do estado que foi construído a sul do
Zambeze. A maioria parte do território controlado por Gaza encontrava-
se entre a baia de Maputo e o rio Zambeze. Estado fundamentalmente
guerreiro, o Gaza estava organizado de acordo com uma hierarquia rígida
dependente da descendência.
As famílias originarias de ndwandwe que constituíam a classe dirigente,
consideravam-se uma aristocracia etnicamente distinta das populacoes
submetidas. Alguns grupos de entre as populacoes submetidas. Alguns
grupos de entre as populacoes submetidas etnicamente a longa associacao
ao estado de Gaza, gozavam de um estatuto especial. Eram as populacoes
do vale do limpopo e os Khosa d Magude, que estavam incluídos no
grupo chamado de Mabulundhla que são, ate hoje, conhecidos por
changane, etnónimo derivado do nome sochangane.
Outras populacoes pertecentes aos grupos linguísticos tonga, chope e
shona mantiveram a sua identidade étnicas originaria.
Quando morreu o primeiro rei sochangane, em 1858, seguiram-se
conflitos de sucessão que provocaram a transferência da capital para
Mussorize (Manica) e de seguida em 1889 para Mandlakaze, no fértil
vale do limpopo. A deslocacao favoreceu a penetracao portuguesa no
interior de Maputo, porto crucial para toda a região por ser a terminal da
linha em construcao, que viria a ligar a baia de Maputo ao rico e fértil
Transval.

Sumário
Zwanguendaba e seus seguidores operaram no sul de Moçambique entre
1821 e 1825 em colaboracao com a faccao de sochangane, deslocando-se
depois para norte onde derrotaram um outro grupo Nguni comandado por
ngwane, deslocando-se depois para norte onde derrotaqram um outro
grupo Ngoni comando por Ngwanw maseko, e foram obrigados a fugir
quando o Nsani, chefe de uma outra faccao, de juntou a este grupo.

Exercícios
1. Porque os dominantes de Gaza assumiram a língua dos
dominados?
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 74

2. Que razões estiveram na origem da transferência da capital de


Gaza?
3. Qual foi o impacto da transferência da capital de Gaza, em
relação aos portugueses

A arbitragem entre as pretensões portuguesas, sustentadas por


Auto-avaliação presumíveis documentos assinados pelos reis de Gaza, e as
ambições britânicas pelo controlo do porto foi entregue ao
presidente francês Mac. Mahon (2M) QUE, EM 1875, reconhecia
os direitos portugueses.
Embora enfraquecido o estado de Gaza, sob as ordens do seu
último soberano, Ngungunhane, conseguiu apresentar o maior
obstáculo á conquista colonial portuguesa até aos anos noventa
do século XIX.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 75

Unidade XIII
A Colonização Europeia em África

Introdução
Sistema Colonial – é o conjunto de mecanismo, da politica económica e
relações económicas efectivas que intriga e articula a colonização com as
economias centrais europeias realidade subjacente no processo concreto
da colonização que ajusta continuamente ao seu sentido. É um conjunto
das relações entre a metrópole e as respectivas colónias, num cada
período da história da colonização. Colonialismo – domínio politico,
económico-social e cultural de Estado sobre o território não
independente-colonias com objectivos de obter proveitos económicos. É a
acção pela qual um estado ocupa e organiza um território habitado por
uma população tida como de cultura inferior exercendo sobre ele
[ESTADO] uma soberania, Pode ser considerado como aspecto ou
modalidade do imperialismo, dele se distinguindo pela característica
essencial de envolver. Necessariamente. Uma relação de dependência
entre populações menos desenvolvidas e uma potência estrangeira de
mais alto nível de economia.
Nesta Unidade pretende-se que o cursista tenha noção sobre os sistemas
coloniais de administração (directa, indirecta e mista).

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar os sistemas coloniais em África;

 Caracterizar os tipos de administração europeia;


Objectivos
 Mencionar alguns exemplos de sistemas coloniais;

 Explicar os aspectos políticos do período colonial.


13.1. Os Sistemas coloniais Europeus: Situação colonial


Uma breve descrição da situação colonial permitir-nos-á melhor discernir
na relação colonial os aspectos sócios-psicologicos particulares que
dominam os fenómenos analisados por Fanon. O termo colonial é
utilizado num sentido análogo, por outros autores, tais como: Memmi,
Sartre ou Balandier. Fanon põe em evidência a dependência recíproca das
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 76

estruturas da metrópole e da colónia, na base da qual se situam as


relações de interdependência entre o colono e o colonizado.
O que caracteriza a situação colonial é o racismo que sanciona
ideologicamente a divisão da sociedade em Homens e indígenas, sendo
essa dualidade determinada pela própria natureza do processo de
produção colonial: para impor o privilégio da humanidade não são mais
que uma so coisa, ele torna-se homem pelo livre exercício dos seus
direitos, para a outra ausência do directo sanciona a sua miséria a fome
crónica, a ignorância, em resumo a sua sob humanidade.
O racismo estabelece a coesão do sistema colonial, ao reduzir os
autóctones à categoria de uma criação de natureza e de um objecto,
permite aos europeus a aderir aos ideais da democracia ocidental,
explorando ao mesmo tempo o indígena de maneira mais desumana.
Toda gente sentiu que há de depreciativo na palavra natural que é
utilizada para designar indígena de um país colonizado. (ZAHAR,
1976:57)
No entanto, as reacoes dos próprios indígenas, as discriminacoes raciais
têm um efeito estabilizador sobre o sistema: na medida em que os
oprimidos vêem a causa da sua opressão na sua própria inferioridade, a
sua vontade de resistência encontra-se diminuída, sobre pressão dos
preconceitos mobilizados contra os seus próprios interesses.
Todavia a exploração tem o seu limite no próprio sistema colonial:
opressão não deve conduzir a negação do colonizado nem a sua
destruição física, quanto mais seja, porque isto levaria a abolir a posição
do colono. Com todas as forcas, terá que negar o colonizado, mas ao
mesmo tempo a existência da sua vitima e lhe indispensável para
continuar a ser (…) como o colonizado desapareceria a colonização e
inclusivamente o colonizador. Memmi sublinha o carácter objectivo da
relação de produção colonial que reserva a cada um ao seu papel social,
sob pena de todo sistema se arruinar.
É por isso que não há nem bons nem maus colonizadores, sendo os seus
comportamentos prescritos pela sua função no processo produção.
Mesmo o recém-chegado da metrópole não tarda dar conta das causas
do seu bem-estar relativo, ao tomar consciência da relação que existe
entre os seus privilégios e a miséria dos colonizados (ibdem, 1976:59).
No seu retracto de colono, Memmi faz a distinção entre colonizado que se
recusa e colonizador que se aceita. A oposição do primeiro torna se
impossível dado a situação já que proporcionaria o fim do sistema
colonial. Uma assimilação efectiva e uma igualdade dos direitos dos
indígenas negariam as próprias bases da sociedade colonial.
O colono limita-se, pois necessariamente, ao protesto moral puramente
abstracto se tenta recusar a ideologia colonialista, conservada, ao mesmo
tempo, as suas condições materiais.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 77

Sumário
O que caracteriza a situação colonial é o racismo que sanciona
ideologicamente a divisão da sociedade em Homens e indígenas, sendo
essa dualidade determinada pela própria natureza do processo de
produção colonial: para impor o privilégio da humanidade não são mais
que uma so coisa, ele torna-se homem pelo livre exercício dos seus
direitos, para a outra ausência do directo sanciona a sua miséria a fome
crónica, a ignorância, em resumo a sua sob humanidade.

Exercícios
1. Mencione os tipos de sistemas coloniais.
2. Explique quando é que cada um dos sistemas era
aplicado.
3. Porque é que a administração indirecta foi a preferência
da Grã-Bretanha?

A primeira Guerra Mundial rompeu definitivamente com a antiga


Auto-avaliação ordem Mundial criada após as Guerras Napoleónicas, marcando a
derrubada do absolutismo monárquico na Europa. Três impérios
europeus foram destruídos e consequentemente desmembrados.

a)Justifique esta afirmação dando três exemplos concretos.


HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 78

Unidade XIV
Administração Colonial

Introdução
O colonialismo trouxe uma nova \relação na qual os africanos viam as
suas terras apropiadas a favor de estranhos europeus. A dominação
levaria perto de um século, até a derrocada do colonialismo. Nas décadas
de 1960 e 1970.
Nesta unidade o cursista irá aprender os tipos de administração preferida
pelos europeus, segundo a sua orientação politica e as razões de tal
orientação.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Diferenciar administração directa da administração indirecta;

 Caracterizar os tipos de sistema colonial seguidos pelos seguintes


Objectivos
países: Alemanha, Inglaterra e França;

 Exemplificar os tipos de sistemas coloniais e respectivas


vantagens.

14.1. A Administração colonial


As potências imperialistas procuraram administrar suas colónias de modo
a assegurar o aproveitamento máximo de suas riquezas. A mão-de-obra
nativa foi então colocada a serviço da nação colonizadora, extraindo
mineiros, trabalhando nas lavouras, construindo pontes, ferrovias, canais
e portos, a fim de favorecer o escoamento das matérias-primas e dos
géneros agrícolas ate os locais de embarque.
Esse sistema impedia qualquer possibilidade de desenvolvimento interno
das colónias e não levava em consideração as necessidades da população
local. Por isso, a violência foi o instrumento necessário usado pelo
colonizador para vencer a resistência da população e mantê-la submissa.
Criavam-se assim aquilo que se chamou de sociedades coloniais.
A administração variou de acordo com as condições demográficas,
culturais e económicas das regiões ocupadas. Ela podia ser directa, com
os funcionários da metrópole substituindo as autoridades locais, ou
indirecta, utilizando-se das autoridades locais subordinadas a
funcionários da metrópole. (HUNT e SHERMAN, 1990:149).
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 79

Os ingleses, geralmente adeptos da administração indirecta,


conseguiram controlar populações enormes e diferenciadas entre si,
aproveitando-se das instituições e das lideranças locais. Aqueles
que não queriam colaborar eram substituídos.
Os franceses tiveram a pretensão de desenvolver uma política de
assimilação dos colonos. Eles acreditaram que através da instrução,
os africanos e os asiáticos poderiam vir a adquirir a cidadania
francesa, desde que tivessem profundo conhecimento da língua
francesa, da religião crista, bom nível de instrução e boa conduta.
Os demais povos colonizadores, tais como belgas, alemães,
holandeses, portugueses e espanhóis, adoptaram métodos que
variavam entre o ideal de assimilação e as necessidades práticas de
utilização das autoridades locais para extrair vantagens da
comercialização da produção colonial.
Em geral, as colónias ficaram divididas, segundo os interesses
coloniais, a curto, médio e longo prazo. De maneira geral, as
colónias podem serem classificadas das seguintes formas:
Colónias de exploração ou de enquadramento

Eram países administrados directa ou indirectamente por


funcionários da metrópole, e que se destinavam a exportar produtos
exóticos, géneros agrícolas ou matérias-primas, minerais. Nesse
caso enquadram-se a índia, a Indochina e a indonésia, nações
densamente povoadas da Ásia, e grande parte da África. O
território africano do Sahara ate o sul, possuía, baixa densidade
demográfica e organização predominantemente tribal.

Para obrigar as populações locais a trabalhar o colonizador fixava


impostos que somente poderiam ser pagos em dinheiro. Dessa
maneira, os nativos tinham que cultivar as lavouras que
interessavam aos europeus. Os endividados eram levados aos
trabalhos forcados nos campos, a construção de estradas portos e
vias-férreas.

Colónias de povoamento ou enraizamento

Nas regiões de clima temperado, estabeleceram-se colónias de


povoamento, com ampla migração de população branca europeia
(que havia dobrado do decorrer do século XIX), em busca de
melhores condições de trabalho, de alimentação e de moradia. Foi o
caso da colonização inglesa na Rodeia e no cabo (África do sul, a
Austrália e a nova Zelândia (Oceânia) e no canada (América do
norte); da colonização francesa na Argélia (África) e na nova
caledónia (Oceânia) e da colonização portuguesa em Angola e
Moçambique (África).
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 80

Nesse tipo de colónia, as minorias europeias ocupavam posições


sociais, económicas e administrativas dominantes. Os nativos
foram expropriados de suas terras pelos europeus e excluídos ate
mesmo das mais simples funções burocráticas, em qualquer
actividade, os brancos recebiam salários mais elevados. Essa
situação deu origem a conflitos particularmente agudos, como a
guerra civil pela independência da Argélia e a política do apartheid
da África do sul. O método usado para a ocupação d terras dos
nativos foi à pressão ou violência.

Alem das colónias de exploração e povoamento, existiram outras


formas de dominação imperialista, em países onde aparentemente a
independência política foi mantida. A dominação se deu
basicamente na área económica, caracterizando as chamadas áreas
de influência e as áreas de penetração financeira. Essa forma de
dominação ocorreu em países onde o estado foi conservado e com
o governante local foram negociados tratados e acordos que
beneficiavam a potência colonizadora, em determinada área do
pais. Nessa área de influência, a metrópole podia actuar sob a
protecção de privilégios especiais em detrimento dos possíveis
competidores europeus. Como a China (onde o território foi
dividido em áreas de influencia: inglesa, francesa, alemã, italiana,
russa e japonesa), Pérsia (dividida em área de influencia russa e
inglesa).

Sumário
As potências imperialistas procuraram administrar suas colónias de modo
a assegurar o aproveitamento máximo de suas riquezas. A mão-de-obra
nativa foi então colocada a serviço da nação colonizadora, extraindo
mineiros, trabalhando nas lavouras, construindo pontes, ferrovias, canais
e portos, a fim de favorecer o escoamento das matérias-primas e dos
géneros agrícolas ate os locais de embarque.

Esse sistema impedia qualquer possibilidade de desenvolvimento interno


das colónias e não levava em consideração as necessidades da população
local. Por isso, a violência foi o instrumento necessário usado pelo
colonizador para vencer a resistência da população e mantê-la submissa.
Criavam-se assim aquilo que se chamou de sociedades coloniais.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 81

Exercícios
1. Explique a preferência da administração directa pelos
franceses e portugueses.
2. Em que assentava a politica assimilaconista francesa?
3. Que tipo de colónia foram Moçambique e Zimbabwe?

Colónia de povoamento, por falta de há ambientes ou por seu


Auto-avaliação número ser reduzido as potências colonizadoras se viram
obrigadas a povoarem no povo território por seus próprios há
ambientes, isto é gente vinha da metrópole. Exemplo dos ingleses
ao colonizarem, Austrália e nova Zelândia, Rodésia do sul,
Kenya, espanhóis ao colonizarem a América Latina e dos
portugueses em Moçambique e Angola.

As colónias de exploração, _ que constituíam a maioria das


colónias conhecidas, são marcadas pelo facto de existir nos seus
territórios um número razoável de habitantes que eram usados
como mão-de-obra para a exploração colonial , exemplo: Zâmbia,
África do sul, Nigéria.

Protectorados, territórios marcados pela administração colonial


indirecta. Nestes territórios, a autoridade colonial é mantida sem
haver qualquer interferência da metrópole.

Os regimes tradicionais monárquicos continuam a exercer a sua


actividade controladora, mas são agora protegidas pelas suas
metrópoles e os chefes tradicionais são ditos como súbditos das
coroas metropolitanas, exemplo: Suazilândia, Botswana, Malawi e
Lesoto.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 82

Unidade XV
O Processo de Descolonização

Introdução
“ A questão é que os Países que realmente venceram a guerra –
Estados Unidos, União Soviética, Grã-Bretanha, França e China –
vão formar aquilo que se chama, no conselho de segurança, de
bloco de países com direito a veto. Isso significa que qualquer
decisão tomada pelo conselho pode ser barrada por um desses cinco
Países. Agora, o que significa isso em termos, por exemplo, das
regiões que estavam sendo colonizadas? Ficava muito estranho que
essas nações todas tiveram lutado contra as nações totalitárias, pela
democracia, pela liberdade, e ao mesmo tempo possuíssem
colónias. Esse era o caso da França e especialmente da Grã-
Bretanha, que possuía um vasto império colonial. Nesse sentido,
fica claro que num determinado momento essas potências seriam
colocadas em xeque e obrigadas a ceder a independência a todas as
suas colónias”.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Avaliar o processo de descolonização;

Objectivos  Mencionar as razões da queda dos regimes coloniais;


 Enaltecer o papel dos EUA, da URSS e da ONU na
descolonização;
 Explicar as razões profundas que estiveram por detrás da
posição da URSS e dos EUA contra a colonização.

15.1. Os sistemas coloniais e o processo de descolonização: Impérios


coloniais, declínio
No final da segunda Guerra Mundial, não havia mais clima politico
no mundo para a preservacao de impérios coloniais. A Guerra
marcou a derrota do Japão, da Alemanha e da Itália, paies que
tinham um projecto declaradamente colonista. A própria criacao da
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 83

organizacao da Nacoes Unidas, o ONU, em Junho de 1945, tinha


formalmente, como premissa, assegurar a igualdade entre todos os
países do mundo.
Nesse, quadro, os i mperios coloniais ainda existentes eram uma
anomalia, o resquício de um ciclo histórico já ultrapassado. Na
realidade, a estrutura da ONU sempre reflectiu a distribuicao
dompoder na guerra fria. A composicao do conselho de segurança e
o melhor exemplo disso. Começou com 11 membros, depois
ampliados para 15, sendo 5 permanentes e com poder de veto:
EUA, Uniao Sovietica ,França, Gra-Bretanha e china.
Apesar do poder de veto, as potencias coloniais estavam em
declínio, abaladas por duas guerras mundiais e por crises
económicas. Em 1947, grã-bretanha foi obrigada a ceder a
independência a índia, sob o impacto de um movimento
nacionalista liderado pelo Mahatma Gandhi. Em 1954, foi a vez de
França ser expulsa da Indochina pelos guerrelheiros vietnamitas de
Ho Chi Min, encorajados pela vitoria comunista na china. Os sinais
de enfraquecimento dos impérios coloniais, somados ao apoio
retórico da U niao Sovietica as lutas nacionalistas, estimularam as
lideranças africanas a buscar o caminho da independência.
Um dos primeiros projectos foi o do pan-africanismo, ou a união de
todas as nacoes africanas, formulado pelo líder jomo Kennyata, do
Quénia. O princiapl obstáculo d pan-africanismo era a diversidade
étnica e cultural do continente. A inexistência de uma identidade
africana deve-se, em grande parte, ao facto de África ter sido
dominada, dividido e explorada por potencias que nunca se
preocuparam com os traços culturais daquela populacao.
Bandung: tentantiva de união dos países do terceiro mundo
Quando o líder nacionalista Jomo Kenyata falava em pan-
africanismo, ele tinha em vista, provavelmante, muito mais uma
estratégia geopolítica do que cultural ou étnica. O objectivo era
defender os interesses geopolíticos comuns dos países africanos.
Da mesma forma, o outro líder nacionalista, o egípcio Gamal Abdel
Nasser, defendia um ideal pan-arabista que centralizasse os
interesses do povo árabe. Foi com esse propósito, de unir os países
do Terceiro Mundo, que se realizou a Conferencia de Bandung, na
indonésia, em Abril de 1955. A conferencia proclamou-se
representante dos países não alinhados nem ao bloco soviético nem
ao bloco capitalista, mas favoráveis a criacao de sociedades
igualitárias.
O encontro, convocado pela indonésia, Mianma, Sri Lanka, índia e
Paquistao, reuniu 29 paises da África e da Ásia. O presidente da
indonésia, Ahmed Sukarno, propôs um compromisso de todas as
nacoes ali presentes de apoio mutuo em casos de Agressoes de
países imperialistas. A conferencia soou como um sinal de alerta
para as potencias coloniais.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 84

Outra iniciativa importante para acelerar o processo de


descolonizacao foi a realizacao, em 1958, da 1ª conferencia dos
povos da África, em acra, capital de Gana. Na ocasião, os países
fecharam um acordo de ajuda mutua contra a grã-bretanha, França,
Bélgica e Portugal. Aquela altura, adescolonizacao do continente já
estava em andamento. Em 56, Marrocos e Tunisia, colónias da
França, haviam conquistado a independência.

As colónias portuguesas: independência tardia


Um a um, todos os Estados africanos conquistaram a
independência, com excepção das colónias portuguesas Angola,
Mocambique e Guine-Bissau. A África do sul também constituía
um caso a parte, em funcao do regime de segregacao racial, o
apartheid, que vigorava no pais. As possessões portuguesas
estavam entre as mais antigas da África, e foram também as que
duraram mais tempo. Os três Estados so chegaram a independência
nos anos 70, depois da morte do ditador Antonio Salazar, que
governou Portugal entre 1932 e 1970.

Sumário
No final da segunda Guerra Mundial, não havia mais clima politico no
mundo para a preservacao de impérios coloniais. A Guerra marcou a
derrota do Japão, da Alemanha e da Itália, paies que tinham um projecto
declaradamente colonista. A própria criacao da organizacao da Nacoes
Unidas, o ONU, em Junho de 1945, tinha formalmente, como premissa,
assegurar a igualdade entre todos os países do mundo.

Exercícios
1. Indique as razões da queda dos regimes coloniais
2. Analise a influência da ONU, dos EUA e da URSS em relação
ao fim dos regimes coloniais
3. Mencione alguns líderes que se opuseram aos regimes coloniais
no continente.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 85

4. Porque é que Portugal, tendo entrado cedo para a colonização,


saiu tarde dela?

O encontro, convocado pela indonésia, Mianmar, Sri Lanka,


Auto-avaliação índia e Paquistão, reuniu 29 Países da África e da Ásia. O
presidente da Indonésia, Ahmed Sukarno, propôs um
compromisso de todas as nações ali presentes de apoio
mútuo em casos de agressões de Países imperialistas. A
conferência soou como um sinal de alerta para as potências
coloniais. Dez anos antes, Surkano havia liderado o
processo de independência da Indonésia, ex-colônia da
Holanda. Além disso, em 1954, um ano antes de Bandung, a
França havia sido expulsa da Indochina. E, para completar,
o Pan-arabista Gamal Abdel Nasser havia dirigido, em 52, o
processo de independência do Egipto e despontava como
líder do norte da África.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 86

Unidade XVI
África e a Democracia

Introdução
A independencia politica era a chave de todas as melhorias
projectadas para a condicao africana. Esta declaracao derivava da
ideia de primazia do político nos assuntos humanos − concepcao
radicalmente diferente daquela própria ao determinismo
economico. Caso fosse um marxista por completo, Kwame
Nkrumah teria proclamado: “Procurai primeiramente o reino
economico e todo o restante vos será dado em suplemento.
E, no entanto, em uma situacao colonial, a preponderancia dada por
Kwame Nkrumah ao politico estava, ao menos em parte,
justificada. A Africa colonial deveria realmente comecar por se
esforcar em adquirir a soberania politica antes de planejar qualquer
outro tipo de soberania.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Mencionar as causas políticas que estiveram na origem da II


Guerra Mundial;
Objectivos
 Descrever o impacto político da II Guerra Mundial;
 Explicar porque é que se diz que esta guerra é que foi
verdadeiramente mundial;
 Relacionar a II Guerra Mundial com a I Guerra Mundial.

16.1. Estabilidade politica em alguns paises africanos


Procurai primeiramente o reino político e todo o restante vos será
dado em suplemento. Quando pronunciou estas palavras, Kwame
Nkrumah estava persuadido que a independencia politica era a
chave de todas as melhorias projectadas para a condicao africana.
Esta declaracao derivava da ideia de primazia do politico nos
assuntos humanos − concepcao radicalmente diferente daquela
própria ao determinismo economico. Caso fosse um marxista por
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 87

completo, Kwame Nkrumah teria proclamado: “Procurai


primeiramente o reino economico e todo o restante vos será dado
em suplemento.
E, no entanto, em uma situacao colonial, a preponderancia dada por
Kwame Nkrumah ao politico estava, ao menos em parte,
justificada. A Africa colonial deveria realmente comecar por se
esforcar em adquirir a soberania politica antes de planejar qualquer
outro tipo de soberania. Mas, Nkrumah deixava obscura uma
simples distincao que a logica nos ensina − aquela existente entre
condicao suficiente e condicao necessaria. A soberania politica (“o
reino politico”) era realmente umacondicao necessaria para que a
Africa pudesse realizar ou satisfazer qualquer uma das suas
aspiracoes essenciais. Mas, a soberania politica por si so nao era
suficiente. Ela não era uma condicao suficiente. E, simplesmente,
nao consiste em algo verdadeiro a afirmação “todo o restante vos
sera dado em suplemento”.
Na segunda metade do século XX, tratou se de saber, a propósito
do capitalismo, se ele, primeiramente, podia sobreviver sem
problemas ao processo de descolonização e, em segundo lugar, se
estava apto a dissociar se definitivamente do racismo. Em virtude
do tráfico finalmente revelar-se inútil ao bom curso do capitalismo
internacional, poderíamos nos supor, em um estádio mais avançado
deste sistema, que o imperialismo e o racismo sejam igualmente
supérfluos?
Nos Estados africanos independentes, o protectorado da OTAN foi
preservado de diversas maneiras: campanhas de propaganda
destinadas a promoverem o clima político e cultural pro-ocidental e
anti-soviético; apadrinhamento político dos regimes africanos
através das embaixadas ocidentais; intervenções politicas secretas
e, caso fracassassem estas acções, intervenções militares directas,
em apoio aos regimes pro-ocidentais vacilantes ou intuindo
derrubar regimes pró-sovieticos cujo estabelecimento estivesse
consumado. Estas actividades culminaram com as múltiplas
intervenções militares “anticomunistas”, executadas na África por
forças ocidentais ou subservientes. Entre estas intervenções,
devemos citar: a operação da ONU na Republica Democrática do
Congo (ex: Zaire), entre 1960 e 1964, cujo objectivo consistia em
banir Patrice Lumumba, a oeste considerado pró-sovietico e
comunista, instalando assim um regime pro-ocidental; as
intervenções britânicas no Quénia e na Tanganyika (1964), com o
intuito de reprimir sublevações contra os regimes pro-ocidentais.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 88

16.2. Sistemas politicos, instituições democraticas e descratização


 Sistemas políticos

Sistemas políticos: é um conjunto de ideologias que conduzem um


estado, império ou reino.
Neste caso podemos ter como exemplo dois sistemas políticos que
são: Sistemas democráticos e sistemas socialistas.
 Sistemas democráticos: são aqueles que a base da sua
ideologia assenta-se na igualdade, liberdade, eleições livres:
o que pressupõe que nestes sistemas todos homens são
iguais perante a declaração dos direitos do homem e
cidadão, pressupõe também a alternância do poder político.
 Sistemas Socialistas: defendidos por Karl Max, são aqueles
em que o poder encontra-se sob tutela de um partido estado
onde a base da sua ideologia assenta-se no governo das
massas.
 Instituicoes democráticas
Porém as instituições democráticas em estudo são:

Sociedade civil

De acordo Cohen & Arato (2000), a sociedade civil “é uma


esfera de interacção social entre a economia e o Estado,
composta antes de tudo pela esfera íntima (em especial a
família), a esfera das associações (em especial das associações
voluntárias), os movimentos sociais e as formas de
comunicação pública.”

Marlyn e Faria (2001:6) entendem pelo conceito que a


sociedade civil seja “ … a arena em que pessoas se juntam
para defender interesses comuns.”

Sogge (1997:39) define sociedade civil como sendo “ … um


espaço na vida pública onde se usa, desenvolve e luta pelos
poderes, inclusive o poder das palavras e de outros símbolos”.

Essas definições, mostram que a sociedade civil pode incluir


organizações heterogéneas e com interesses diversos. As razões
para o seu aparecimento e desenvolvimento são igualmente
bastante diversas, porque o ambiente socio-político e cultural
em que operam influencia em grande medida a forma concreta
que a sociedade civil num determinado país ou região poderá
tomar.
Ao longo dos tempos e até ao presente momento os
agrupamentos sociais de base mantiveram-se intactos, sempre
adaptando e ajustando a sua actuação às exigências específicas
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 89

de um ou outro período histórico.


O desenvolvimento histórico da sociedade moçambicana originou
uma grande diversidade de formas de organização social. Se bem que
a lei das associações só exista há pouco mais de uma década, a
prática do associativismo é tão antiga e comum entre a população
moçambicana como em qualquer outra parte do mundo. (EYS,
2002)
ONG

Para OLIVEIRA (1999:19), "São associações da sociedade


civil sem fins lucrativos que desenvolvem acções em diferentes
áreas e que geralmente mobilizam a opinião pública e o apoio
da população para melhorar determinados aspectos da
sociedade".

Uma ONG é o espaço quotidiano do diálogo entre o estado, a


sociedade civil e o sistema político. Ao mesmo tempo as ONG
tornam-se, deste modo, instrumentos ao serviço da sociedade civil,
das comunidades, na realização das suas aspirações, anseios e desejos
de desenvolvimento. Entendo aqui por desenvolvimento a capacidade
de auto-reflexão, de auto-superação de auto-realização nos três níveis
de conhecimento (saber), bem-estar (social e económico) e de
cultura. (MAZULA, 2000:119)

As organizações não-governamentais são a intercessão e espaço de


encontro, da realização do próprio Estado, do sistema político e de
certa maneira, da própria sociedade civil. Uma ONG é e deve ser
espaço de encontro dessas três realidades e deve assumir-se como
tal se quiser ser uma verdadeira organização não-governamental.
Uma ONG aproxima o Estado e sociedade civil entre si.

Exemplo: Aparição das ONG em Moçambique


O declínio económico, que começou no início da década de 1980,
resultante de calamidades naturais, da guerra cada vez mais intensa,
da recessão económica ao nível mundial e ainda de políticas
económicas pouco apropriadas, conduziu ao estado de emergência.
A medida que se intensificava a guerra no inicio dos anos 80, a
queda das exportações e a subida dos preços do petróleo e das
taxas de juro teve como consequência para Moçambique a falta
de dinheiro para importações que caíram abruptamente causando
o colapso da economia. Moçambique voltou-se para a
comunidade internacional solicitando ajuda. (HANLON &
SMART, 2008:35)

Não se pensou noutra saída para o país se não solicitar a sua


admissão formal ao BM (Banco mundial) e FMI (Fundo monetário
internacional), o que veio a acontecer em 1984. Para tal e de acordo
com as práticas correntes destas instituições, Moçambique teve que
adoptar um pacote de medidas económicas, mais conhecido pela
designação « PRE » (Programa de reabilitação económico).
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 90

Ao que parafraseando Hanlon & Smart (idem) e EYS (2002),


foi nesta altura que entram no país uma serie de ONGs como
uma das garantias para investimentos para recuperação
económica, que ano após ano vão se multiplicando.

Surgem então, no quadro do pluralismo garantido na


constituição de 1991, as ONGs nacionais. Se bem que estas
organizações sejam frequentemente referidas como
instrumentos para canalizar a ajuda internacional com o intuito
de atenuar os efeitos negativos da economia do mercado, o seu
surgimento pode também ser considerado uma forma moderna
de associação de moçambicanos à procura de respostas às
exigências de desenvolvimento impostas pela situação política,
económica e social da actualidade.

Para Eys (2002) “A lei das associações, aprovada em 1991, define


a associação como forma única para os cidadãos exercerem o
direito à livre associação estabelecido na Constituição da
República.”

Neste sentido, as ONGs nacionais são a continuação duma


prática de associação enraizada na sociedade, muito embora a
roupa vestida por esta nova forma de associação difira em
alguns pontos essenciais das práticas tradicionais do
associativismo em Moçambique.

Praticamente todas as ONGs moçambicanas foram criadas por


pessoas com bastante formação académica ou técnico-
profissional. Pode-se afirmar que os fundadores das ONGs
geralmente pertencem à classe média da sociedade. Estudantes
universitários, técnicos de vários ramos, funcionários de
instituições estatais, são alguns exemplos de grupos que tomam
a iniciativa para criar uma ONG.

 Papel da Sociedade Civil e ONG

A democracia não consiste apenas na definição e defesa das regras de


jogo, mas também e sobretudo na capacidade de convivência racional
entre o estado, o sistema político e a sociedade civil. Consiste no
reconhecimento do próprio estado de que ele só se justifica ou se
legitima estando ao serviço da sociedade e dos actores sociais.
(MAZULA, 2000:117)

A sociedade civil é uma instituição social que tem como função


a mediação e supressão de conflitos económicos, sociais,
religiosos que o estado tem de resolver. Sendo que esta actua
através das suas organizações como instituições de caridade,
organizações não governamentais de desenvolvimento grupos
comunitários, grupos de auto-ajuda, movimentos sociais,
associação comerciais e grupos de activistas.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 91

Assim sendo sociedade civil e a suas organização


desempenham um papel importante na intensificação e
implementação dão espírito democrático nos indivíduos através
das suas actuações em sectores sociais como educação, saúde e
transporte.

Estas são as reguladoras das funções do estado e de instituições


para um melhor ambiente democrático. As ONG se justificam
na medida, em que elas configuram a democracia como
processo de baixo para cima. Como diz Touraine (1996: 64)
apud Mazula (idem:119)
A democracia não significa o poder do povo, expressão tão confusa
que é possível interpretá-la em todos os sentidos e, ate mesmo, para
legitimar regimes autoritários e repressivos; mas significa que a
lógica que desce do estado para o sistema político e depois para a
sociedade civil seja substituída por uma lógica que vá de baixo para
cima, da sociedade civil para o sistema político e dai para o estado,
isso não tira a autonomia do estado ou do sistema político.

Deste modo podemos dizer que com base nesta tese de


Touraine que a sociedade civil e as suas instituições são
importantes e devem desempenhar um papel importante na
consolidação da democracia, sendo que são elas que devem ser
as primeiras a identificar os problemas da sociedade e propor
certos decretos que beneficiem a sociedade.

Mas é de realçar que em Moçambique a sociedade civil é


caracterizada por uma erosão de identidade, a medida que a
maior parte das instituições da sociedade civil são lideradas por
indivíduos que de certa forma pertencem a uma determinada
ideologia partidária o que faz com que esta se identifique mais
com o partido que com os problemas da sociedade.
Apesar de se verificar este aspecto existem certas instituições
que respondem aos problemas da sociedade para uma
consolidação da democracia tal o caso da Liga dos Direitos
Humanos, Associação de Defesa do Consumidor, as televisões
e rádios que tentam ao máximo sintonizar a sociedade sobre os
problemas e os desafios da mesma. Mas também releve-se o
papel de certas ONGs que trabalham em tempos de eleições na
educação cívica da população como forma de participarem no
acto eleitoral e exercer o seu direito cívico e democrático
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 92

Sumário
Sistemas políticos: é um conjunto de ideologias que conduzem um
estado, império ou reino.
Neste caso podemos ter como exemplo dois sistemas políticos que
são: Sistemas democráticos e sistemas socialistas
Apesar de se verificar este aspecto existem certas instituições que
respondem aos problemas da sociedade para uma consolidação da
democracia tal o caso da Liga dos Direitos Humanos, Associação
de Defesa do Consumidor, as televisões e rádios que tentam ao
máximo sintonizar a sociedade sobre os problemas e os desafios da
mesma. Mas também releve-se o papel de certas ONGs que
trabalham em tempos de eleições na educação cívica da população
como forma de participarem no acto eleitoral e exercer o seu direito
cívico e democrático

Exercícios
1. Fale da estabilidade democrática em alguns países africanos,
focalizando e\os pontos fortes e fracos?
2. O que entende por sistemas políticos?
3. Que papel desempenham as instituicoes democaraticas na
sociedade?

Resumir a unidade, fazer uma relacao com os acontecimentos


Auto-avaliação democráticos actuais, vincando o papel das instituicoes
democráticas.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 93

Unidade XVII
Problemas da Democracia em
África

Introdução
Os países africanos pos recem indepemdetes muitos deles seguiram, a
ideologia ou regimes democráticos quer seja a democracia popular tanto
como democracia parlamenter. Mas a instalacao deste modelo politico foi
acompanhado por inúmeros problemas, derivados por imeras desputas
entre os políticos, apropriacao de alguns bem do estado isto vai culminar
com grandes problemas na democracia em africa

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar os problemas na democracia nos paises


africanos.
 Caracterizar os problemas que fazem-se sentir na
Objectivos democracia africana

17.1. O Fracasso da democratização nalguns paises africanos


O fracasso da democratização em alguns países africanos esta
intimamente ligado ao facto de as instituições democráticas no
território africano serem marginalizadas. Na medida em que para
garantirmos o equilíbrio do poder é preciso que as instituições
democráticas tenham uma participação cada vez maior na vida ou
na arena política dos países democráticos, esta marginalização é
causada pelo facto de alguns partidos politicos quando ascendem o
poder não gostam de dar espaço aos outros partidos criando assim
uma situação, de barreira para aquilo que chamamos de
democracia.
O rpocesso de democratizacao em africa foi acompanhado com grandes
problemas, desde logo o conflito p[ela luta de poder que foi degenerar na
surgimento de varios partidos politicos, uma vez que a quando da
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 94

independecia assistia-se a ideologia de uma democracia popular baseada


nos partidos unicos.
Pouco aos pouco, a maira de dirigir destes partidos foram gerando
insatisfassam, que culminaram com o surmento de varios partidos
poloticos contribuinda para o fracasso da implantacao das democracias.

Sumário
O pocesso de democratizacao em africa foi acompanhado com grandes
problemas, desde logo o conflito p[ela luta de poder que foi degenerar na
surgimento de varios partidos politicos, uma vez que a quando da
independecia assistia-se a ideologia de uma democracia popular baseada
nos partidos unicos.
Pouco aos pouco, a maira de dirigir destes partidos foram gerando
insatisfassam, que culminaram com o surmento de varios partidos
poloticos contribuinda para o fracasso da implantacao das democracias.

Exercícios
1. Identifica as principais razoes do fracasso da democracia em
Africa

Levantar os problemas actuais da democracia em Africa


Auto-avaliação
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 95

Unidade XVIII
A Primeira Guerra Mundial

Introdução
A Primeira Guerra Mundial (também conhecida como grande Guerra
antes de 1939, Guerra das Guerras ou ainda como a Última Guerra
Feudal) foi um conflito Mundial ocorrido entre Agosto de 1914 a 11 de
Novembro de 1918. A guerra ocorreu entre a Tríplice Entente (liderada
pelo império britânico, França, Império Russo (até 1917) e Estados
Unidos (a partir de 1917) que derrotou a Tríplice Aliança (liderada pelo
império Alemão, Império Austro-Húngaro e Império Turco-Otomano). A
guerra acusou a colapso de quatros impérios e mudou de forma radical o
mapa geopolítico da Europa e do Médio Oriente. Nesta unidade o cursista
vai aprender os acontecimentos políticos que acompanharam a 1ª guerra
mundial.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Caracterizar o mundo politico anterior a primeira Guerra


Mundial;
Objectivos
 Descrever as causas politicas da primeira Guerra Mundial;

 Analisar causa politica imediata que originou a primeira


Guerra Mundial;
 Analisar as consequências politicas da primeira Guerra
Mundial que condicionaram a segunda Guerra Mundial.

18.1. A Exercerbação politica nos primodios do século XX e 1ª Guerra


Mundial
Muito dos combates na IGM ocorreram nas frentes ocidentais, em
trincheiras e fortificacoes (separadas pelas terras de ninguem). Pela
primeira vez na historia, mais de 9 millhoes de soldados morreram
nos campos de batalha. Na IGM apenas 5% das vitimas foram
civis – na Segunda Guerra Mundial, esse numero cresceu para
aproximadamente 60% a mais do que era.
A IGM rompeu definitivamente com a antiga ordem mundial criada
apos as guerras Napoleónicas, marcando a derrubada do
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 96

absolutismo monárquico na Europa. Três impérios europeus foram


destruídos e co nsequentemente desmembrados. Alemão, o austro
Hungaro e o russo. No balcas e no médio oriente o mesmo ocorreu
com o império Turco-otomano. Dinastias imperiais europeias como
as famílias Habsburgos, romanov e Hohenzollern, que vinham
dominando politicamente a Europa e cujo poder tinha raízes nas
cruzadas, também caíram durante os quatros anos de guerra.
O fracasso da Rússia na guerra acabou contribuindo para a queda
do sistema czariano, sservindo de ctalizador para a revolucao russa
que inspirou outras em países tão diferentes como china e cuba, e
que serviu também como base para a Guerra fria. No médio orinete
o império turco-otomano foi substituído pela republica da Turquia
e muitos teritorios por toda a região acabaram em mãos inglesas e
francesas. Na Europa central os novos estados tchecoslovaquia,
filandia, latvia, lituânia, estónia e iugoslavia “naceram” depois da
guerra e os estados da Áustria, Hungria e Polonia foram
redifinidos. Pouco tempo depois da guerra, em 1923, os facistas
tomaram o poder na Itália. A derrota da Alemanha na guerra e o
fracasso em resolver assuntos pendentes no período pos-guerra,
alguns dos quais haviam sido causas da primeira guerra, acabaram
criando condicoes para a ascensão do Nazismo catorze anos depois
e para a segunda Guerra Mundial em 1939, vinte anos depois.
O assinato do arquiduque Francisco Ferdinando, evento que acabou
sendo o estopim para a guerra na Europa. Este que foi assassinato
em 28 de Junho de 1914, pelo sérvio Gavrilo príncipe, que pertence
ao grupo nacionalista terorista armendo mão negra, que lutava pela
anuificacao dos territórios que continham sérvios. O assassinato
desencadeou os eventos que rapidamente deram origem a guerra,
mas suas verdadeiras causas são muito mais consenso. Algumas
das melhores explicacoes estão listadas abaixo:
A clausula de culpa
As primeiras explicacoes para os motivos da IGM, muito usadas na
década de 20, tinham como vrsao a nefase oficial tida na clausula
de culpa de guerra, ou artigo 231 do tratado de vesalhes e trayado
de St. Germain, que acusava tanto a Alemanha quanto o império
autro-hungaro pela responsabilidade da guerra. A explicacao para
tal não era completamente infundada; era um fato que o império
austro-Hungaro, apoiado por Berlim, tinha atacado a servia em
29de Julho e que a Alemanha tinha invadido a Bélgica em 3 de
Agosto. Sendo assim, a Alemanha e o império autro-hungaro
tinham sido os primeiros a atacar, que teria levado a guerra. A
Alemanha foi considerada culpada e teve que pagar as reparacoes
pela guerra e todos os custos futuros, alem de pensões para todos os
veteranos da tríplice entente, num valor total estimado em trinta
bilhões de dólares. O valor foi sendo renegociado por toda a década
de 20, at ser extinto em 1931.
Muitos importantes pensadores britânicos, como o economista John
Maynard Keynes, não acitam a clausura de culpa que a Franca
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 97

tanto apoio. Desde 1960 a ideia de que a Alemanha foi a


responsável pela guerra foi revivida por académicos como Fritz
Fischer, Imanuel Geiss, Hans-Ulrich Wehler, Wolfgang Mommsen,
e V. R. Berghahn.
Corrida armamentista
A corrida naval entre a Inglaterra e Alemanha foi intensificada em
1906 pelo surgimrnto do HMS Dreadnought, revolucionário navio
de guerra. Uma evidente corrida armamentista na construcao de
navios desdobrava-se entre as duas nacoes. O historiador Paul
Kennedy argumenta que ambas as nacoes acreditavam nas teorias
de Alfrede Thayer Mahan, de que o controle do mar era vital a uma
nacao.
Este período, entre 1885 e 1914, ficou conhecido como a paz
armada.
O poder naval das grandes nacoes em 1914

Nacao Tripulacao Maiores Tonelagem


navios
Rússia 54,000 4 328,000
Franca 68,000 10 731,000
Grã-bretanha 209,000 29 2,205,000
Total 331,000 43 3,264,000
Alemanha 79,000 17 1,019,000
Autro- 16,000 3 249,000
Hungaro
Total 95,000 20 1,268,000
Fonte:Ferguson 1999 p 85.

O presidente dos EUA Woodrow Wilson e outros observadores


americanos culpam a guerra pelo militarismo. A tese é que a
aristocracia e a elite militar tinham controle grande demais sobre a
Alemanha, Itália e o império Austro-Hungaro, e que a guerra seria
a consequência de seus desejos pelo poder militar e despprezo pela
democracia. Consequentemente, os patirdarios desse teoria
pediram pela abdicacao de tais soberanos, o fim do sistema
aristocrático e o fim do militarismo – tudo isso justificou a entrada
americana na guerra depois que a Rússia czarista abandonou a
tríplice entente Wilson esperava que a liga das nacoes e um
desarmamento universal poderia resultar numa paz admitindo-se
algumas variantes do militarismo como nos sistemas políticos da
Inglaterra e França.
Nacoes participantes
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 98

O presidente Wenceslau Bras assina a declaracao de beligerância


que envolve o Brasil na primeira Guerra Mundial. No dia 5 de
Abril de 1917 o vapor brasileiro Paraná, que navegava de acordo
com as aexigencias feitas a países neutros, foi torpedeado or um
sbmarino alemão. No dia 11 de Abril o Brasil rompe relacoes
diplomáticas com bloco germânico, e, em 20 de Maio, o navio
Tijuca foi torpedeado perto da costa francesa. Nos meses seguintes,
o governo Brasileiro confisca 42 navios alemãs que estavam em
postos brasileiros, como uma indemnização de guerra.
No dia 23 de Outubro de 1917 o cargueiro nacional Macau, um dos
navios arrastados, foi torpedeado por um submarino alemão, perto
da costa da Espanha, e seu comandante feito prisioneiro. Com a
pressão popular contra a Alemanha, no dia 26 de Outubro de 1917
o pais declara guerra a aliança germânica. Começou Antão uma
intensa agitacao nacionalista, comícios louvam a gloriosa atitude
brasileira de apoiar os aliados. Monteiro Lobato esse nacionalismo,
pois segundo ele, isto estava estava desviando a atencao do pais em
relacao a seus problemas internos.
Inicio dos confrontos
Algumas das primeiras hostilidades de guerra ocorreram no
continente africano e no oceano pacifico, nas colónias e territórios
das nacoes europeias. Em Agosto de 1914 um combonado da
França e do império Britanico invadiu o proterado alemão da
jogoland, no logo. Pouco depois, em 10 de Agosto as forças
alemães baseadas na Namibia atacaram a Africa do sul, que
pertencia ao império britânico. Em 30 de Agosto a Nova Zelandia
invadio a Samoa, da Alemanha; em 11 de Setembro a força naval e
expedicionária australiana desembarcou na ilha de neu pommern
(mais tarde renomeada nova britanica), que fazia parte da chamada
nova guinea alemã. O Japão invadiu as colónias micronésias e o
porto alemão de abastecimento de carvão de qingdao na península
chinesa shandong. Com isso, em poucos meses, atriplice entente
tinha dominado todos os territórios alemãs no pacifico. Batalhas
esporádicas, porem, ainda ocorriam na África.
Alianças militares europeias em 1915.a tríplice aliança esta
representada em castanho, a tríplice entente em cinza e as nacoes
neutras em amarelo na Europa, a Alemanha e o império Austro-
Hungaro sofriam de uma mutua falta de cominicacoes e
desconhecimento dos planos de cada exercito. A Alemanha tinha
garantido o apoio a invasão Austro-Hungaro a servia, mas a
interpretacao pratica para cada um dos lados tinha sido diferente.
Os lideres do Austro-Hungaro acreditavam que a Alemanha faria
cobertura ao flanco setentrional contra a Russia. A Alemanha,
porem, tinha planejado que o império Austro-Hungaro focasse a
maioria de suas tropas na luta contra Rússia enquanto combatia a
França na frente ocidental. Tal confusão forçou o exercito Austro-
Hungaro a dividir suas tropas. Mas da metade das tropas foram
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 99

combater os russos na fronteira, enquanto um pequeno grupo foi


deslocado para invadir e conquistar a servia.
Fim da guerra
A partir de 1917 a situacao começou a alterar-se, quer com a
entrada em cena de meios, como o carro de combate e a aviacao
militar, quer com a chegada ao teatro de operacoes europeia das
forças norte-americanas ou a substituicao de comandantes por
outros com nova visão da guerra e das tácticas e estratégias mais
adequadas lançam-se, de um lado e de outro, grandes ofensivas,
que causam profundas alteracoes no desenho da frente, acabando
por colocar as tropas alemãs na defensiva e levando por fim a sua
derrota. É verdade que a Alemanha adquire ainda algum fôlego
quando a revolucao escla no império russo e o governo bolchevista,
chefiado por Lenine, prontamente assina a paz sem condicoes,
assim anulando a frente leste, mas essa circunstancia não será
sufiente para evitar a derrocada. O armistício que põe fim a guerra
é assinado à a 11 de Novembro de 1918.
Apos o fim das batalhas, os países vencedores elaboraram o tratado
de Versalhes e tatado de St. Germain, que acusava tanto a
Alemanha quanto o império austro-Hungaro pela responsabilidade
a guerra. A explicacao paratal não era complentamente infundada;
era um fato que o império austro-hungaro, apoiado por Berlim,
tinha atacado a servia em 29 de Julho e que a Alemanha tinha
invadido a Bélgica em 3 de Agosto . sendo assim, a Alemanha e o
impario austro-HUngaro tinham sido os primeiros a atacar, o que
teria levado a guerra. A Alemanha foi considerada culpada e teve
que pagar as repacoes pela guerra e todos os custos futuros, alem
de pensões para todos os veteranos da tríplice entente, num valor
total estimado em trinta bilhões de dólares. O valor foi sendo
renegociado por toda a década de 20, ate ser extinto em 1931.
Muitos importantes pensadores britânicos, como o economista John
Maynard Keynes, não aceitam a clausula de culpa que a França
tanto apoiou. Desde 1960 a ideia de que a Alemanha foi a
responsável pela guerra foi revivida por académicos como Fritz
Fischer, Imanuel Geiss, Hans-Ulrich Wehler, Wolfgang Mommsen,
e V. R Berghahn.
Crimes de guerra
A limpeza étnica da populacao armenica durante os anos finais do
império turco-Otomano e amplamente considerada como um
genocídio. Com a guerra em curso, os turcos acusaram toda a
poulacao armenica, cristãos em sua maioria, de serem aliados da
Russia, utizando-se disso como pretexto para lidar com toda
amaioria considerando a inimiga do império. É difícil definir o
numero exato de mortos do período, sendo estimado por diversas
fontes para quase um milhão de pessoas mortas em campos de
concentracao, excluindo-se as que morreram por outros motivos.
Desde e evento os governos turcos tem sistematicamente negado as
acusacoes de genocídio, argumentando que os armenicos morreram
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 100

por uma guerra estar em curso ou que sua matança foi justificda
pelo apoio dado aos inimigos do país.
Tecnologia
A Primeira Guerra Mundial foi uma mistura de tecnologia do
século XX com tácticas do século XX. Muitos dos combates
durante a guerra envolveram a guerra da trincheiras, onde milhares
de soldados por vezes morriam so para ganhar um metro de terra.
Muitas das batalhas mais smgretas da historia ocorrem durante a
primeira Guerra Mundial. Tais batalhas incluíam Ypres, Vimy
Rioge, Marne, Cambrai, somme, Verdum, e de Gallipoli. A
artilharia foi a responsável pelo maior numero de baixos durante a
guerra.
Neste conflito estiveram envolvidos cerca de 65 milhoes de
soldados e destaram-se algumas figuras militares, como o estratega
da batalha de Marne, o general francês joffre, o general Ferdinande
Foch, também da mesma nacionalidade, que veio a assumir o
controle das forcas aliadas, o general alemão Von Kluck, que
esteve as portas de paris, general britânico John French,
comandante do corpo expedicionário britânico e o comandante
otomano Kemal Ataturk, vencedor na batalha de Gallipoli contra a
Inglaterra e o ANZAC (Austrália e nova Zelândia).
A guerra química e o bombardeamento aéreo foram utizados pela
primeira vez em massa na IGM. Ambos tinham sido tornados
ilegais apos a Convencao Hague de 1907. Os aviões foram
utilizados pela primeira vez com finsmilitares durante a priemira
Guerra mundial. Inicialmente a sua utilizacao consistia
principalmente em missões de reconhecimento, embora tenha
depois se expandindo para ataque ar-terra e actividades ar-ar, como
cacas. Foram desenvolvidos bombardeiros estratégicos
principalmente pelos alemãs e pelos britânicos, já tendo os alemães
uitlizado Zeppelins para bombardeamento aéreo.
Consequências politicas
Os tratados de paz elaborados pela conferencia de paris modificam
a carta politica da Europa: os grandes impérios alemão, austro-
Hungaro e Otomano são desmembrados e dão origem a vários
estados independentes, como por exemplo, a polónia, a Hungria, a
Checoslovaquia e a jusgolavia, modificam-se os limites territorias
de outros, baixa o numero de monarquias e aumenta o de
republicas. Por outro lado, avitoria dos aliados possibilita o triunfo
momentâneo, da democracia parlamentar e liberal por toda Europa.
Outra maior consequência de apriemira Guerra mundial é a Grande
revolucao Socialista Sovietica (de Outubro de 1917), que tirou a
Rússia do sistema capitalista para o socialismo.
O capitalismo deixou de ser o único e omnipontente sistema
existente na economia mundial, erguia se um novo sistema, o
socialismo a grande revolucao socialista de Outubro e o final DA
Primeira Guerra mundial, marcam o fim da segunda fase da
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 101

Historia moderna, iniciada com a Guerra franco-Prussiana e com a


comuna de Paris.

Sumário
A Primeira Guerra Mundial rompeu definitivamente com a antiga ordem
mundial criada apos as guerras Napoleónicas, marcando a derrubada do
absolutismo monárquico na Europa. Três impérios europeus foram
destruídos e co nsequentemente desmembrados. Alemão, o austro
Hungaro e o russo. No balcas e no médio oriente o mesmo ocorreu com o
império Turco-otomano. Dinastias imperiais europeias como as famílias
Habsburgos, romanov e Hohenzollern, que vinham dominando
politicamente a Europa e cujo poder tinha raízes nas cruzadas, também
caíram durante os quatros anos de guerra.

Exercícios
1. Fale da cláusula da culpa da Guerra.
2. Qual foi a causa imediata que condicionou o arranque da
primeira Guerra?
3. Demonstre quando foi assassinado o arquiduque, tudo já estava
preparado para o inicio da Guerra.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 102

A primeira Guerra Mundial rompeu definitivamente com a antiga


ordem Mundial criada após as Guerras Napoleónicas, marcando a
Auto-avaliação
derrubada do absolutismo monárquico na Europa. Três impérios
europeus foram destruídos e consequentemente desmembrados.

a)Justifique esta afirmação dando três exemplos concretos.


HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 103

Unidade XIX
O Papel da SDN nas relações

Introdução
Terminada a primeira Guerra mundial, os governantes das nações
vencedoras reúnem-se em paris (Janeiro de 1919) para elaborar
tratados que garantissem uma paz justa e douradora.
Os paises vencidos não são convidados a tomar parte na
conferência de Paris, se não depois de os acordos de paz estarem
regidos. Nesta unidade irá estudar a fundação da sociedade das
Nações como um organismo internacional.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir o significado da SDN como precursora da ONU;

Objectivos  Analisar o papel da SDN nas relações internacionais;


 Identificar as fraquezas da SDN na resolução de
conflitos Mundiais.

19.1. A Conferencia de paz

Terminada a primeira Guerra mundial, os governantes das nacoes


vencedoras reúnem-se em paris (Janeiro de 1919) para elaborar
tratados que garantissem uma paz justa e duradoura. Os países
vencidos não são convidados a tomar parte na conferencia, se não
depois de os acordos de paz estarem redigidos. Os debates
basearam-se numa proposta do presidente americano Wilson, que
defendia dois grandes pricipios de orientacao para as negociacoes:

 A criacao de um organismo internacional capaz de proteger


a indepandencia e a integridade de cada país – o que vai
dar origem a fundacao da sociedade das nacoes;
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 104

 O direito dos povos a auto-determinacao (principio que


defende o direito de qualquer povo a escolher livremente o
seu destino politico).
Porem,estes princípios chocavam com a realidade dos pos guerra:
 Porque os aliados, e em particular a França, reclamavam
uma garantia de aliança em caso de agressão alemão;

 A multiplicidade de povos na Europa central e oriental


tornava difícil definir o espaço de cada nacionalidade.

Desta forma, aconferencia de paz decorreu nu ambiente de intensas


e longas discussões. As pincipais decisões foram tomadas pelo
Conselho dos quatro: EUA, Inglaterra, França e Itália,
representados respectivamente por Wilson, Liyord George,
Clemenceau e Orlando. O primeiro e princiapal tratado foi o de
Versalhes em que é assinado, sem prévio discussão pela delegacao
alemã a 28 de Junho de 1919. Os alemãs aceitaram-no como um
tratado imposto pela forca, em virtude de não terem participado nas
negociacoes. O tratado de Versalhes visava tre grandes objectivos:
Reduzir a força militar alemã;

Regulamentar as questões territoriais – restituicao da


Alsácia – lorena á França, entrega a Polonia dos territórios
prussianos junto ao báltico e renuncia a todas as colónias;

Definir os aspectos financeiros da paz – pagamento de


elevadas indemnizacao aos aliados;

Segundo Pedro Almiro Neves e Waldemar Castro Almeida


defendem que o objectivo da conferencia de paz de 1918 era:
 Fixar o novo mapa politico da Europa;

 Definir as indemnizacoes de guerra;

 Definir as condicoes de desmilitarizacao dos países


vencidos de modo a reduzir a sua força militar.

Desta conferencia resultaria, em Junho de 1919, o tratado de


Versalhes que constituiu uma autentica humilhacao para a Alemnha
eu para alem de restituir a França as regiões da Alsacia e Lorena,
acabaria por perder todas as suas colónias e ser obrigada ao
pagamento de pessoas pesadas indemnizacao aos vencedores e a
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 105

desmilitarizar o seu território. Ao tratado de Versalhes seguem-se


os acordos de paz com as restantes nacoes vencidas;
O de Saint Germain com a Austri, em Setembro de 1919 e o de
Trianon com a Hungria, em Junho de 1920 que desmembraram o
Imperio Austro-Hungaro, o de Neuilly com a Bulgaria, em
Novembro de 1919 eo de Svres com a Turquia, Agosto de 1920
que põe fim ao império Otomano. A conferencia de Paris (termina
apos a assinatura dos tratados) sem agradar aos vencedores e nem
aos vencidos. Estes consideram que os acordos lhes tinha sido
impostos e não negociados, enquanto os vencedores duvidam da
sua eficácia. Nessa altura um diplomata francês: “ ei a paz
assinada. Da-me a impressão de ser um deposito de explosivos que
há de rebentar mais tarde ou mais cedo, em todas as partes do
mundo”. Alguns anos depois as suas previsões vão confirmar-se
totalmente com o rebentar da segunda guerra mundial.
Em conclusão, a paz era imperfeita e frágil. Por isso, não são de
estranhar os conflitos, as cirses e as tensões iternaconais que se
seguiram a primeira guerra mundial e que acabariam por
desencadear novo conflito mundial em 1939 (a segunda guerra
mundial).
19.2. O Papel da SDN nas Relações
Ainda antes da assinatura dos tratados de paz, os aliados concluem
o pacto da socidade das nacoes, em Abril de 1919 coma sede em
Genebra. O texto da criacao deste organismo iternacional foi
incorporados como preambulo do tratado de Versalhes. A
sociedade das nacoes propunha-se garantir:

 A manutencao da paz e a independência politica dos


estados;

 A reducao dos armamentos;

 A protaccao das minorias nacionais e das populacoes


indígenas;

 A cooperacao social, cultural e financeira entre as nacoes.

Durante os vintes anos da sua duracao (1919 -1939), a Socidade da


nacoes viu-se muitas vezes impotente para impor as suas decisões.
Apesar de constituída pela maioria dos países vencedores da grande
guerra e, mais tarde, pela alemnha em 1926 e 1933, bem como pela
URSS, o seu poder e âmbito de actuacao foram limitados por causa
de:
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 106

 Divergências entre a França e a Inglaterra quanto ao


cumprimento integral do tratado de Versalhes pela
Alemanha (por questões económicas e de segurança a
França asumia uma posicao intransigente);
 A não integracao dos EUA na Sociedade das Nacoes
constituiu um dos motivos do seu fracasso.

 A ausência dos EUA, em virtude de o senado americano


discoradar da dureza do tratado do tratado de Versalhes e,
em particular, da participacao do pais nesse organismo
internacional (so em 1921, conclui uma paz separada com a
Alemanha).

Desta forma, a aplicacao e o controlo dos tratados de paz pela


Socidade das Nacoes, tornou-se bastante difícil. Ao longo da
década de 1930 a sua accao no campo politico revela-se cada mais
ineficaz – a questão do desmamento e a resolucao dos confiltos
internacionais ficam sempre em suspenso. Apenas as iniciativas no
domínio social e técnico obetem resultados positivos.
Assim, o grande objectivo da Sociedade das Nacoes, de garantir a
paz entre as nacoes, não se chega a cumprir, os golpes de forca
vulgarizam-se ate que em 1930 eclode um novo conflito mundial.
A Europa, palco das grandes operacoes militares da primeira
Guerra mundial, sai do conflito profundamente devastadora e
empobrecida. Os anos que se seguem ao tratado de Versalhes
marcam tempos dificies e de graves problemas. Em todos os
domínios são sensíveis as alteracoes provocadas pelo confronto
mundial. Os EUA tornaram-se a primeira grande Potencia no fim
do conflito.

Sumário
Terminada a primeira Guerra mundial, os governantes das nacoes
vencedoras reúnem-se em paris (Janeiro de 1919) para elaborar
tratados que garantissem uma paz justa e duradoura. Os países
vencidos não são convidados a tomar parte na conferencia, se não
depois de os acordos de paz estarem redigidos. Os debates
basearam-se numa proposta do presidente americano Wilson, que
defendia dois grandes pricipios de orientacao para as negociacoes:
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 107

Exercícios
1. Faça um resumo da unidade em estudo.
2. Qual foi o papel do presidente norte americano na
formação da SDN?
3. Qual era a pretensão francesa ao exigir a indemnização
da Alemanha?
4. Quais foram os objectivos da conferência da paz de
Versalhes?
5. Quais eram os princípios do presidente norte americano
defendia e porque não correspondia a realidade do pós
guerra?

Desta conferência resultaria, em Junho de 1919, o tratado de


Auto-avaliação Versalhes que constituiu uma autêntica humilhação para
Alemanha que para além de restituir á França as regiões da
Alsácia e lorena, acabaria por perder todas as suas colónias
e ser obrigada ao pagamento de pesadas indemnizações aos
vencedores e desmilitarizar o seu território.

a) Quais foram as consequências da humilhação da


Alemanha anos depois?
b) Qual foi o outro pais humilhado pelo tratado de
Versalhes?
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 108

Unidade XX
A Segunda Guerra Mundial

Introdução
Tanto a Itália como o Japão entraram na guerra para satisfazer os
seus propósitos expansionistas. As Nações democráticas (como a
França, a Grã-Bretanha e os Estados Unidos da América)
opuseram-se a estes desejos do Eixo. Estas nações, juntamente com
a União Soviética, após a invasão desta pela Alemanha,
constituíram a base do grupo dos aliados.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Mencionar as causas políticas que estiveram na origem da II


Guerra Mundial;
Objectivos
 Descrever o impacto político da II Guerra Mundial;
 Explicar porque é que se diz que esta guerra é que foi
verdadeiramente mundial;
 Relacionar a II Guerra Mundial com a I Guerra Mundial.

20.1. Segunda Guerra Mundial


Segunda Guerra Mundial
Data 1º de Setembro de 1939 – 2 de Setembro de 1945
Local Europa, Oceano Atlantico, África, Médio Oriente,
Sueste asiático e Oceano pacifico
Desfecho Vitória Aliada. Criacao de duas superpotências:
Estados unidos e Uniao Soviética. Iniciando-se a
Guerra Fria.
Intervenientes
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 109

Aliados Eixo
Reino Unido Alemanha
Estados Unidos Itália
França Japão
União Sovietica E outros
Polónia
China
Brasil
E outros
Principais líderes
Winston Churchill Adolf Hitler
Franklin Roosevelt Benito Mussolini
Charles de Gaulle Hideki Tojo
Joseph Stalin
Chiang Kai-Shek
Getulio Vargas
Vítimas
Mortes 17 milhoes Mortes 8 milhoes
militares militares
Mortes civis 33 milhoes Mortes civis 4 milhoes
Total 50 milhoes Total 12 milhoes

20.2. Causas da segunda Guerra Mundial


A priemira Guerra Mundial, feita para por fim a todas as guerras
transformou-se no ponto de partida de novos e irreconciliaves
conflitos, pois o tratado de Versalhes (1919) disseminou um forte
sentimento nacionlista, que culminou no totalismo nazi-facista. As
contradicoes se aguçaram com efeitos da Grande Depressao. Alem
disso, a politica de apaziguamento, adoptada por alguns líderes
políticos do período entreguerras e que se caracterizou por
concessões para evitar um confronto, não conseguiu garantir a paz
internacional. Sua actuacao assemelhou-se à da liga das nacoes: um
orgao frágil, sem reconhecimento e peso, que deveria cuidar da paz
mundial, mas que fracassou totalmente. Assim, consolidaram-se os
regimes totalitários, que visavam sobretudo a conquistas
territoriais, processo que desencadeou a segunda Guerra Mundial.
A reaccao turca
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 110

O tratado de sevres foi o primeiro a ter seus termos


fundamentalmente alterados. Suas clausulas haviam consagrado a
perda, pela Turquia, não apenas da palestina, síria, Libano e
Mesopotamia, mas também praticamente de todos os territórios
turcos na Europa (com excecao de constantinopla) e da região de
Esmirna, ambas entregues à Grécia. Alem disso, os estreitos de
Bosforo e dos Dardanelos seriam neutralizados e sua travessia
permitida, em quaisquer circunstancias, a todos os navios
estrangeiros, mercantes ou de Guerra. Finalmente, as tradicionais
capitulacoes, que lhes davam numerosos privilégios, sobretudo
comerciais, e que subtraiam seus suditos à juridicao das autoridades
otomanas.
Os termos subscritos em sevres suscitaram uma grande comocao
nacionalista na Turquia. Irrompeu a guerra e os gregos foram
varridos da Anatolia e dos territórios turcos na Europa, sendo
forçados a uma paz que as grandes potencias, inquietas com o
despertar da Turquia, se apressaram a aconselhar. Pelo Tratado de
Lausanne, firmado em 24 de Julho de 1923, os turcos recuperaram
suas fronteiras de 1914 na Europa e também a região de esmirna.
Os estreitos voltaram a ser de plena soberania otomana, o que
reduziu as facilidades para a passagem de barcos estrangeiros
através deles e as capitulacoes foram abolidas. Como consequência
do sopro renovador que agitava o antigo Império Otomano, o sultão
Mehmed VI (1861-1926) foi desposto em 1922 e, no ano seguinte
uma assembleia aclamou presidente o Paxa Mustafa Kemal (mais
tarde conhecido como Kemal Ataturk, 1881-1938), o construtor da
Turquia moderna.
Desta forma, o tratado de lausanne, forjado pela vitoria militar de
um país derrotado em 1918 apontava o caminho a nacoes que
pretendessem uma revisão das imposicoes que haviam sofrido.

Hitler na rota da expansão


Logo apos o abandono da sociedade das nações (que já se ressentia
da ausência dos Estados Unidos, URSS e Brasil) pelo Japão, foi a
vez de Alemanha retirar-se. Anunciando a saída da representacao
germânica, Hitler declarou que o não desarmamento das outras
nacoes obrigava a Alemanha aquela forma de protesto. Embora na
realidade ele simplesmente desejasse furtar-se as peias que a
sociedade da nacoes poderia opor a sua politica militarista, o fuhrer
teve o cuidado de reitirar os propósitos pacifistas de seu governo.
Alias, nos anos seguintes, Hitler proclamaria suas intencoes
conciliatórias em varias oportunidades, como meio de acobertar
objectivos expansionistas.
As excucoes sumarias levadas a cabo na noite de 29 para 30 de
Junho de 1934, realizadas por ordem expressa do Fuhrer, passaram
à historia com o nome de Noite das facas longas. Quase todos os
lideres das Sa, a começar põe seu chefe, o capitão Ernst Rohm,
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 111

foram passados pelas armas, juntamente com alguns políticos


oposicionistas e o general Von Schleicher (kurt, 1882-1934), que
era o maior opositor a Hitler no seio da Reichswehr. Nanhuma
consideracao emocional afetou essa brutal decisão de Hitler que
provocou a morte de algumas centenas de pessoas, muitas das quais
eram fieis do partido, desde longa data.
Com essas execucoes, o Fuhrer atingiu um duplo objectivo:
extinguiu os germens da rebiliao entre os SA, desde então
reduzidos a um papel meramente decorativo, e deu aos generais
uma sangrenta garantia de que preendia conserva-los na direccao
da Reichswehr. O expurgo fora levada a cabo pelas SS, tropas de
elite do partido, ligadas a Hitler por um juramento especial. Esse
corpo de homens selecionados, formando uma verdadeira guarda
do regime, iniciou naquele dia a ascensão que iria leva-lo, sob a
chefia de Heinrich Himmler, ao controle total da vida alemã, em
nome de Hitler. Em 1945 quase um milhão de homens tinha
envergado o uniforme negro com a insígnia da caveira, partindo de
um núcleo que em 1929 contava com apenas 280 elementos.
A primeira tentantiva expansionistando III Reich fracassou. Desde
sua ascencao ao poder , Hitler vinha incentivando o
desenvolvimento de um partido nazista austríaco, como base para
uma posterior anaxacao da Áustria à Alemanha. Nessa época, os
austríacos estavam sob o governo ditatorial do chanceler católico
Engelbert Dollfuss, inquebrantável defensor da independência de
seu pais. Em 27 de Julho de 1934, Dollfuss foi assassinado em
Viena, por um grupo de nazistas sublevados. Mussoline temendo
que os alemães acupassem a Áustria, enviou tropas para a fronteira,
enquanto a Europa era sacudida por um frémito de indignacao
contra a Alemanha Hitler, porem, recuou, negando qualquer
conivência com os conspiradores austríacos. Dollfuss foi sucedido
por von Schuschnigg (kurt Edler, 1897), que continuou a politica
conservadora e nacionalista de seu antecessor.

20.3. A Derrota do Eixo


Apesar da evidente superioridade militar aliada, as tropas alemãs
resistiram durante meses, ate que, em Dezembro de1944, Hitler
ordenou uma contra-ofensiva ma Bélgica, nas Ardenas. Os
exércitos aliados, desgastados devido a problemas logísticos,
susteveram com grande dificuldade o avanço das tropas alemãs.
Varias unidades aliadas foram cercadas pelo avanço alemão,
privando estes soldados de receberem mantimentos e outros
equipamentos, pelo que tiveram de sobreviver a um inverno
rigoroso sem roupa adequada e com poucas municoes, eram
frequentes as incursões de soldados alemães, disfarçados de
soldados americanos, em áreas controladas pelos aliados para
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 112

causar sérios transtornos, como mudam de caminhos de divisões


inteiras, mudanças de placas, implantacoes de minas, emboscadas.
Estes soldados alemães, os primeiros comandos, estavam sob o
comando do Oberst (cornel) Skorzeny, que já libertara Mussolini,
entretanto aprisionado em Itália. Finalmente, a ofensiva alemã
acabou por fracassar, e o custo em termos militares acabou por
fragilizar a posterior defesa do território alemão. Na Itália, foi
tomada a abertura ao Reno, com participacao de forças francesas,
americanas e a força expadicionaria Brasileira, facto que facilitou o
avanço aliado pelo sul.
Antes mesmo de findar a guerra, as grandes potencias firmaram
acordos sobre seu encerramento, alem de definirem partilhas,
inaugurando novos confrontos com potencial de desencardear uma
heatom e nuclear. O primeiro dos acordos foi a conferencia de
Teera, no irão, em 1943.
Em Janeiro de 1945, Winston Churchill, Franklin D. Rooselvet e
Josef Stalin reúnem-se novamente em Ialta,, Ucrania, já sabendo na
inevitabilidade da derrota alemã, para decidir sobre o futuro da
Europa pos-guerra. Nesta conferencia, fica decidido que todos os
países libertados deveriam realizar eleicoes livres e democráticas -
o que não veio a verificar, nos países controlados pelo exercito
vermelho e que a Alemanha teria de compensar os países que
invadiu. Discutiu-se também a criacao da organizacao das Nacoes
Unidas (ONU) em bases diferentes das da Liga das nacoes.
Definia-se, ademais, apartilha mundial, deixando a Uniao Sovietica
o predomínio sobre a Europa oriental, incorporando os territórios
alemães a leste e definindo a participacao da URSS na rendicao do
Japão, com a divisão da corea em áreas de influencia soviética e
norte-americana. Assim, lançam-se as bases para a Guerra fria.
Entretanto, o avanço das tropas aliadas e soviéticas chegou ao
território alemão. Previamente, havia já sido estabelecido o avanço
dos dois exércitos, ficando a tomada de Berlim a cargo do exercito
vermelho. Esta decisão, tomada pelas esferas militares, foi
encarada com apreensão pela populacao, pois era conhecido o rasto
de pilhagens, execucoes e violacoes (estupro), que os soldados
soviéticos deixavam atrás de si, em grande parte como rataliacao
pelas mortes causadas pelos soldados alemães na Uniao Sovietica.
A 30 de Abril de 1945, Adolf Hitler suicidou-se, quando as tropas
soviéticas estavam exactamente dois quarteirões de seu Bunker.
A 7 de Maio, o seu sucessor, o almirante Donitz, assinou a
capitulacao alemã. A 14 de Agosto de 1945, general Tojo do Japão
rendu-se incondicionalmente.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 113

20.4. O Fim da Guerra: Hirochima e Nagasaki


Nuvem em formato de cogumelo resultado da explosão nuclear
sobre Nagasaki em 9 de Agosto de 1945. A 6 de Agosto, a bomba
atómica LIttle Boy, foi lançada sobre Hiroshima do B-29, pelo
esquardao atómico, contudo esta bomba não teve o efeito esparado,
não tendo qualquer reaccao no imperador Hirohito e do gabinete de
guerra japonês. A 8 de Agosto de 1945 a Uniao Sovietica declarou
guerra ao Japão, e lançou uma invasão em grande escala à
Machuria, que se encontrava ocupada pelo Japão , tal invasão é
reconhecida pelos japoneses como o que teve mais efeito para o
fim da guerra.
Truman decidiu não esperar por uma resposta do Japão, ordenando
assim o lançamento de uma segunda bomba atómica, a Fat Man
que foi lançada sobre Nagazaki a 9 de Agosto. A 14 de Agosto
Japão endeu-se incondicionalmente, apos, aquelas cidades tere
sidoas atingidas pelos engenhos nucleares, que causaram cerca de
300 mil mortos instantanemente. O Japão assinou a rendicao a
bordo do USS Missouri, na baia de Toquio, no dia 15 de Agosto,
sendo celebrado a vitoria nesse dia.

Sumário
A priemira Guerra Mundial, feita para por fim a todas as guerras
transformou-se no ponto de partida de novos e irreconciliaves conflitos,
pois o tratado de Versalhes (1919) disseminou um forte sentimento
nacionlista, que culminou no totalismo nazi-facista. As contradicoes se
aguçaram com efeitos da Grande Depressao. Alem disso, a politica de
apaziguamento, adoptada por alguns líderes políticos do período
entreguerras e que se caracterizou por concessões para evitar um
confronto, não conseguiu garantir a paz internacional. Sua actuacao
assemelhou-se à da liga das nacoes: um orgao frágil, sem reconhecimento
e peso, que deveria cuidar da paz mundial, mas que fracassou totalmente
surgindo a Segunda Guerra Mundial.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 114

Exercícios
1. Mencione as causas da II Guerra Mundial.
2. Qual foi o impacto político da II Guerra Mundial?
3. Porque é que se diz que esta guerra tinha um sentido mundial
diferentemente da primeira?
4. Que mecanismo políticos foram accionados para pôr termo a
guerra Mundial e garantir a estabilidade permanente?

A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) opôs os Aliados


Auto-avaliação às Potências do Eixo, tendo sido o conflito que causou mais
vítimas em toda a história da Humanidade. As principais
potências aliadas eram a China, a França, a Grã-Bretanha, a
União Soviética e os Estados Unidos. O Brasil se integrou
aos Aliados em 1943. A Alemanha, a Itália e o Japão, por
sua Vez, perfaziam as forças do Eixo. Muitos outros países
participaram na guerra, quer porque se juntaram a uns dos
lados, quer porque foram invadidos, ou por haver
participado de conflitos laterais. Em algumas nações (como
a França e a Jugoslávia), a Segunda Guerra Mundial
provocou confrontos internos entre partidários de lados
distintos.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 115

Unidade XXI
Os planos de recuperação
economica para europa

Introdução
Com o termino da II Gerra Mundial, seguia-se o grande desafio, o de
reconstruir o mundo devastado pela guerra.
A difícil tarefa de recontruir o munda so seria possível através de alguns
planos de accao, através da união de estados minimente estáveis. É nesta
óptica que surge o plano Marshal com o intuito de recuperar a economia
dos países os países capitalistas que haviam sofrico com a II Guerra
Mundial.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Descrever o plano marshal

 Caracterizar a operacionalizacao do plano marshal.


Objectivos

21.1. Plano Marshal


Plano Marshal

Segundo Christophe (2010:351) “os programas de ajustamentos


estruturais terão começado com o Plano Marshal que consistia na
ajuda na reconstrução dos países capitalistas que haviam sofrido
com a II Guerra Mundial. Sendo que mais tarde muito outros
países foram implementando nos seus territórios o reajustamento
estrutural”.

O periodo compreendido entre (1946:1971), representou,


globalmente, o momento da rápida retomada economica, sobretudo
em sua primeira fase, anteriora recessao consecutiva a guerra da
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 116

Coreia (1951:1952). A re-aceleracao foi sustentada pela ajuda


americana, fundada no anticomunismo e na reconstrucao das bases
do capitalismo, processo ocorrido inicialmente na Europa. Esta
estrategia articulou-se em torno de dois programas centrais: o Plano
Marshall (1947), com o incentivo ao emprestimo, do qual a Franca
pode empregar uma parte para promover o seu imperio; e o Pacto
Atlantico (1949). O Banco Internacional para a Reconstrucao e o
Desenvolvimento (BIRD) assim como o Fundo Monetario
Internacional (FMI) foram criados

para regular a economia do mundo nao comunista. Em decorrencia


disto, sob a egide de um setor estatal motor, ganha luz uma
“modernizacao”, acelerada pelas nacionalizacoes e pelas
revolucoes tecnologica e biogenetica.

Este quadro acentuou a interdependencia dos paises


industrializados: cada nacao tornou-se, de mais em mais, sensivel a
conjuntura dos seus sócios nacao. Evidentemente, os paises
africanos tiraram certo proveito das “transferências de tecnologia”
e do deslocamento de algumas plantas industriais, transferidas em
busca de matérias-primas e/ou de mao de obra, a preços-modicos.
Assistiu-se, entretanto e com maior enfase, a acentuacao,
simultanea, da solidariedade e da dependencia multipla: vis-a-vis
das empresas multinacionais, de perfil fortemente exportador, e
relativamente aos países produtores de matérias-primas, sobretudo
energeticas, com mencao especial aos hidrocarburetos importados
− razao da amplitude dos efeitos do choque petrolifero de 1973.

Sumário
Com o termino da II Gerra Mundial, seguia-se o grande desafio, o de
reconstruir o mundo devastado pela guerra.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 117

A difícil tarefa de recontruir o munda so seria possível através de alguns


planos de accao, através da união de estados minimente estáveis. É nesta
óptica que surge o plano Marshal com o intuito de recuperar a economia
dos países os países capitalistas que haviam sofrico com a II Guerra
Mundial.
Segundo Christophe (2010:351) “os programas de ajustamentos
estruturais terão começado com o Plano Marshal que consistia na
ajuda na reconstrução dos países capitalistas que haviam sofrido
com a II Guerra Mundial. Sendo que mais tarde muito outros
países foram implementando nos seus territórios o reajustamento
estrutural”.

Exercícios
1. Qual o objectivo do plano Marshal?
2. Qual foi a essencia do plano Marshal?

Fazer um breve resumo da unidade.

Auto-avaliação
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 118

Unidade XXII
Os planos de recuperação do pôs
guerra na Asia

Introdução
A economia do Japão é um florescente complexo de indústria,
comércio, finanças, agricultura e todos os outros elementos de uma
estrutura econômica moderna.

A economia da nação encontra-se em um avançado estágio de


industrialização, suprida por um poderoso fluxo de informação e
uma rede de transportes altamente desenvolvida. Um dos traços da
economia japonesa é a importante contribuição da indústria e da
prestação de serviços, tais como o transporte, do comércio por
atacado e a varejo e dos bancos ao produto interno líquido do país,
no qual os setores primários, como a agricultura e a pesca, têm hoje
em dia uma quota menor. Outro traço é a importância relativa do
comércio internacional na economia japonesa.

O Japão é um país isular, pouco dotado de recursos naturais e que


sustenta uma população de mais de 120 milhões de habitantes em
uma área relativamente pequena. Contudo, apesar dessas condições
restritivas e da devastação de seu parque industrial durante a
Segunda Guerra Mundial, o Japão conseguiu não apenas
reconstruir sua economia, mas também tornar-se uma das
principais nações industrializadas do mundo. Ao mesmo tempo,
entretanto, o processo de rápida expansão industrial, junto com
mudanças nas condições econômicas japonesas e internacionais
ocorridas nos últimos anos, criou vários problemas econômicos que
o país deve enfrentar hoje em dia.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 descrever a economia do japao no pos- Guerra.


HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 119

Objectivos  Descrever o rapido crescimento economico do japao

22.1. A recuperação pôs segunda guerra mundial na Asia: Japao.

Recuperação do Pós-Guerra

Durante alguns anos após a derrota japonesa na Segunda Guerra


Mundial, a economia da nação ficou quase totalmente paralisada
em virtude da destruição causada pela guerra, com uma séria
escassez de alimentos, uma inflação descontrolada e um agressivo
mercado negro. A nação perdeu todos os seus territórios de além-
mar e a população ultrapassou a marca dos 80 milhões de
habitantes, com o acréscimo de cerca de seis milhões de repatriados
do exterior. Fábricas foram destruídas pelo fogo dos ataques
aéreos. A demanda interna caíra com a cessação das encomendas
militares e o comércio exterior era restrito pelas forças de
ocupação. Mas o povo japonês começou a reconstruir a economia
devastada pela guerra, auxiliado no início pela ajuda à reabilitação
dos Estados Unidos. Em 1951, o Produto Nacional Bruto foi
recuperado ao nível de 1934-36. O crescimento populacional inibiu
a recuperação da renda per capita da nação, mas em 1954 esse
indicador também recobrou o nível de 1934-36 em termos reais. O
pessoal militar desmobilizado e os civis desconvocados juntaram-
se ao mercado de trabalho proporcionando uma larga oferta de
trabalhadores para a reconstrução econômica no início do período
do pós-guerra.

Várias reformas sociais realizadas após a guerra ajudaram a moldar


uma estrutura básica para o subseqüente desenvolvimento
econômico. A desmilitarização do pós-guerra e a proibição de
rearmamento estabelecidas pela nova Constituição eliminaram o
pesado ônus provocado pelos gastos militares sobre os recursos
econômicos da nação. A dissolução dos Zaibatsu (enormes
monopólios empresariais) libertou as forças da livre concorrência, e
a propriedade da terra cultivável foi redistribuída em grande
quantidade entre os antigos arrendatários agricultores, dando-se a
eles novos incentivos para a melhoria de seus lotes. Também foram
removidos os obstáculos às atividades sindicais, tendo como
resultado o fato de a segurança de emprego dos trabalhadores
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 120

tornar-se mais protegida e abriu-se o caminho para o aumento


constante dos níveis salariais.

Com o 'sistema de produção prioritária', deu-se ênfase ao aumento


da produção do carvão e do aço, os dois principais focos do esforço
industrial do país. A elevação da produção do aço estabeleceu a
base para uma decolagem global da produção, caracterizando um
impulso no investimento de capital, sustentado pela recuperação do
consumo. Em seguida, a produção foi incrementada não apenas nas
indústrias de base, tais como a do aço e dos produtos químicos, mas
também em novas indústrias produtoras de vens de consumo, tais
como as de aparelhos de televisão e de automóveis.

Rápido Crescimento Econômico

A economia japonesa continuou a expandir-se rapidamente de


meados dos anos 50 até a década de 1960, tendo sofrido apenas
duas breves recessões, em 1962 e em 1965. A taxa média de
crescimento anual esteve próxima dos 11% em termos reais,
durante a década de 1960. Compare-se isto com os 4,6% da
República Federal da Alemanha e os 4,3% dos Estados Unidos, no
período de 1960 a 1972. E essa taxa também ficou bem acima do
dobro da média da taxa de crescimento do próprio Japão de antes
da guerra, que era cerca de 4% ao ano.

Concorda-se em geral que a rápida expansão da economia japonesa


do final dos anos 50 até a década de 1960 foi impulsionada pelo
vigoroso investimento da indústria privada em novas fábricas e
equipamentos. O elevado nível de poupança das famílias japonesas
proporcionou aos bancos e outras instituições financeiras amplos
recursos para um pesado investimento no setor privado. O aumento
dos gastos de capital foi associado com a introdução de nova
tecnologia, muitas vezes sob autorização de empresas estrangeiras.
O investimento para a modernização tornou as indústrias japonesas
mais competitivas no mercado mundial, criou novos produtos e deu
às empresas japonesas as vantagens da produção em massa e
melhorou a produtividade por operário.

Um outro fator que está por trás do crescimento econômico do


Japão durante esse período foi a existência de uma abundante mão-
de-obra com um elevado grau de educação. Um número
razoavelmente grande de jovens entrava no mercado de trabalho a
cada ano, e também houve uma acentuada migração de
trabalhadores agrícolas para as fábricas e os empregos de prestação
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 121

de serviços, que em sua maioria estavam localizados nas cidades


maiores.

Conforme melhor exemplifica o plano de duplicação da renda em


dez anos anunciado em 1960, a política econômica do governo, na
época, objetivava encorajar a poupança, estimular os investimentos,
proteger as indústrias de crescimento e fomentar as exportações. O
Japão beneficiou-se com o clima de expansão da economia mundial
e com a disponibilidade de um abundante suprimento de energia,
que vinha do estrangeiro por um preço relativamente barato durante
esse período.

Após uma breve recessão em 1965, a economia japonesa desfrutou


de um longo período de prosperidade até por volta do verão de
1970, com a taxa de crescimento real durante esse período variando
em torno dos 12%. O principal fato por trás desse crescimento foi o
aumento do investimento de capital, usado para maiores gastos
destinados a realizar a economia de escala, construir mais
instalações para aumentar a capacidade de exportação e adquirir o
equipamento necessário para responder às mudanças no meio social
e econômico, tais como as ferramentas que economizavam o
trabalho e aparelhos para eliminar a poluição. O aumento das
exportações devido à maior competitividade de preços dos produtos
japoneses também serviu de suporte para a constante ascensão das
atividades comerciais.

A Economia na Encruzilhada

Com a rápida expansão de seu Produto Nacional Bruto, em 1968 o


Japão chegou ao segundo lugar, atrás apenas dos Estados Unidos,
entre as economias de mercado em termos de escala econômica
nacional. Ao mesmo tempo, entretanto, este crescimento rápido fez
surgir vários problemas e desequilíbrios: uma relativa demora na
modernização de campos como a agricultura e as empresas
menores; uma tendência constante de subida dos preços dos bens
de consumo; uma escassez de moradias e de infra-estrutura como
as estradas e outras instalações para uso diário; a poluição do meio
ambiente e a destruição da natureza; e o despovoamento das
regiões rurais e a super-população nas cidades.

A prosperidade sustentada do Japão impulsionou sua posição


internacional, mas o rápido aumento de suas exportações e o
crescente superávit de seu balanço de pagamentos geraram um
aumento das mudanças de outros países em direção ao
protecionismo. As mudanças nas circunstâncias internacionais e
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 122

domésticas em torno da economia japonesa, que haviam se


desenvolvido em silêncio durante a segunda metade da década de
1960, vieram à tona de repente no período entre 1970 e 1975. Em
agosto de 1971, os Estados Unidos anunciaram a suspensão da
convertibilidade do dólar em ouro, pondo um fim de fato ao
sistema monetário internacional de Bretton Woods, que tinha sido
um dos principais pilares de apoio ao desenvolvimento econômico
do mundo livre no período do pós-guerra. Em fevereiro de 1973, as
principais nações do mundo, inclusive o Japão, mudaram para um
sistema de taxas de câmbio oscilantes. O tumulto nos negócios
monetários internacionais contribuiu para um surto de inflação em
todo o mundo.

Dentro do Japão, as tendências inflacionárias foram agravadas pela


frouxa política monetária adotada para estimular a atividade
econômica e reduzir o superávit da conta corrente do país. O
primeiro choque do petróleo, no outono de 1973, atiçou ainda mais
alto as chamas da inflação, e em 1974 os preços para o consumidor
aumentaram mais de 20%.

Como resposta, o governo aumentou as taxas de juros, reduziu os


investimentos públicos e tomou outras medidas para assumir o
controle da demanda total, provocando uma acentuada queda no
crescimento econômico. O crescimento real no ano fiscal de 1974
(abril de 1974 a março de 1975) caiu para -0,4% e o país viu-se na
dificuldade econômica mais séria desde os primeiros anos do pós-
guerra. O choque do petróleo realçou a fragilidade da economia
japonesa, que tinha passado a contar muito com o petróleo
importado como fonte de energia. Nos anos seguintes, a atividade
econômica recuperou-se um pouco, mas jamais atingiu os níveis do
período de crescimento rápido. E o quadro fiscal nibou-se com a
queda da arrecadação de impostos, que redundou da morosidade da
economia. No orçamento suplementar para o ano fiscal de 1975, o
governo foi forçado a lançar mão do financiamento de déficit pela
primeira vez desde a guerra e, desde então, o orçamento tem-se
mantido no vermelho.

No final de 1978, no exato momento em que o Japão finalmente


mostrava sinais de recuperação dos efeitos do primeiro choque do
petróleo, a revolução no Irã desencadeou a segunda rodada da alta
dos preços do petróleo. Tendo aprendido com a experiência do
primeiro choque, o governo reagiu rapidamente, estancando a
emissão de moeda e tomando outras medidas para impedir que
inflação saísse de seu controle e, no verão de 1980, os preços
estavam mais ou menos estabilizados. Mas a economia entrou
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 123

numa fase de recessão, enquanto as empresas cortavam o nível dos


estoques e reduziam os gastos de capital e as pessoas reduziam os
gastos em consumo e os investimentos em moradia. As altas taxas
de juros dos Estados Unidos prolongaram ainda mais a recessão no
Japão.

Sumário
Durante alguns anos após a derrota japonesa na Segunda Guerra
Mundial, a economia da nação ficou quase totalmente paralisada
em virtude da destruição causada pela guerra, com uma séria
escassez de alimentos, uma inflação descontrolada e um agressivo
mercado negro. A nação perdeu todos os seus territórios de além-
mar e a população ultrapassou a marca dos 80 milhões de
habitantes, com o acréscimo de cerca de seis milhões de repatriados
do exterior. Fábricas foram destruídas pelo fogo dos ataques
aéreos. A demanda interna caíra com a cessação das encomendas
militares e o comércio exterior era restrito pelas forças de
ocupação. Mas o povo japonês começou a reconstruir a economia
devastada pela guerra, auxiliado no início pela ajuda à reabilitação
dos Estados Unidos. Em 1951, o Produto Nacional Bruto foi
recuperado ao nível de 1934-36. O crescimento populacional inibiu
a recuperação da renda per capita da nação, mas em 1954 esse
indicador também recobrou o nível de 1934-36 em termos reais. O
pessoal militar desmobilizado e os civis desconvocados juntaram-
se ao mercado de trabalho proporcionando uma larga oferta de
trabalhadores para a reconstrução econômica no início do período
do pós-guerra.

Várias reformas sociais realizadas após a guerra ajudaram a moldar


uma estrutura básica para o subseqüente desenvolvimento
econômico. A desmilitarização do pós-guerra e a proibição de
rearmamento estabelecidas pela nova Constituição eliminaram o
pesado ônus provocado pelos gastos militares sobre os recursos
econômicos da nação
.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 124

Exercícios
1. Caracteriza a economia japonesa pos-guerra?
2. Descreva em poucas palavras, como Japao recuperou
rapidamente e cresceu economicamente?

Faca um resumo da unidade, demostrando como Japao


rapidamente recuperou a sua economia no pos-guerra.
Auto-avaliação
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 125

Unidade XXIII
Impacto da II Guerra em
Africa.

Introdução
A segunda guerra mundial teve sua repercursao por toda a parte do
mundo, e os países africanos não ficaram adestrito desta.
Nesta unidade, tomar-se-á como exemplo as ex-colonias francesas e
inglesas, com vista a demostrar o impacto da II Guerra Mundial em
Africa.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de :

 .Descrever a situacao dos poises africanos pos- II guerra mundial.



Objectivos

23.1 Cenario dos paises africanos pos segunda guerra mundial


O Cenário dos países africanos pós a 2ª Guerra Mundial
A Economia das colónias Francesas pós Guerra (1945-1965)

Segundo GENTIL (Op Cit: 202) sustenta que,


"Durante e depois da segunda guerra mundial,
a ideologia assimilacionista reforçou-se em
todos os grupos da França. As colónias tinham
em parte constituído uma retaguarda essencial
à resistência da França na luta contra os nazis.
Logo a seguir ao fim da guerra, tornaram-se o
centro da reconstrução económica e política de
uma França que se tornava potência mundial".

Salientar que, as colónias francesas da África constituíram recurso


decisivo que tirou a França do marasmo provocado pela segunda
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 126

Guerra Mundial. Em princípio, a colónia devia bastar-se a si mesma,


graças a autonomia financeira. Onde os cofres públicos bem
abastecidos, serviam de garantia empréstimos em França.

A base do sistema é uma rede bancária muito integrada:


 Banco da África Ocidental e o Crédito predial do Oeste
Africano;
 Banco Comercial Africano e o Banco Francês da África.

Nestas instituições os indígenas não tinham acesso aos créditos


porque, estes não tinham propriedades privadas e não podiam
oferecer garantias hipotecárias. Em contrapartida, estes bancos
apoiavam as duas (2) companhias francesas que dominavam o
mercado eram compagnie Française de l’Afrique Occidentale
(Companhia Francesa de África Ocidental), a Société Commerciale
de l’Ouest Africain (Sociedade Comercial do Oeste Africano).

A razão disso é que o comércio não exigia muito capital, posto que
consistia em armazenar e conduzir até os portos os produtos do país,
exportados em bruto ou em estado semi-bruto, bem como distribuir
ou trocar os bens de importação manufacturados, destinados
sobretudo ao consumo.

Em 1944, foi realizada a conferência de Brazzaville que consistia em


industrializar a África Francesa através de FIDES (Fundo de
Investimento para o desenvolvimento económico e social), esta
política foi traçada pelo Vicky. Porém, fez uma recomendação ao
efeito que a administração colonial deveria contribuir para o sucesso
das colónias, contestando as fábricas pilotos e criando centro de
pesquisas, esta linha de pensar foi marcando uma inovação de
perspectivas económicas coloniais. Também quebrou o medo de
possível competição com produção industrial metropolitano.

Em quanto isso, em 1946 era posto em pratica o plano de


desenvolvimento dos territórios do ultramar que ficou conhecido
como o Plano Monet, este plano permitiu fortes investimentos na
modernização das infra-estruturas de transporte e da produção
agrícola e ao mesmo tempo que incrementou a produção das
seguintes culturas: Amendoim, (Senegal), o café e o cacau (Costa de
Marfim e Camarões), bem como a exploração de recursos mineiras
no Gabão, no Congo e em Madagáscar.

Apesar dos investimentos, a situação económica continuou


estagnada, pois, não havia mercado para alguns bens de consumo
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 127

industriais que continuavam centralizados em França. Verificou-se


igualmente nas zonas costeiras mais desenvolvidas e nas zonas do
interior entre as regiões da floresta com produção arbórea e as
savanas áridas em que não chegavam os produtos.

Em 1947 FIDES3, foi projectado para dar substancias a politica


oficial. A necessidade de reconstruir a metrópole e a necessidade de
proteger a economia nas coloniais. Preorisava as despesas
estratégicas em transportes e infra-estruturas contra fundo de guerra -
fria nos anos 1950.

Em 1960 apesar de progresso significante comparado com a situação


de 1935, a França estava severamente baixa, as colónias não
conseguiam produzir matérias – primas, industriais suficientes. Só
agricultura comercial ofereceu alguns produtos daquele tipo (Café,
Cacau e Algodão).

Segundo OLIVER & FAGE (1980: 252), "A Carta Atlântica e


conselho das Nações Unidas revelaram uma mudança no clima
político, e o rápido desenvolvimento económico e social dos
territórios africanos tornou-se objecto de preocupação francesa.”
Há que referir, de diversas formas, os resultados mais
impressionantes desta nova abordagem de desenvolvimento colonial,
que foram mais sociais do que económicos.

O governo metropolitano tinha tomado consciência da necessidade


que os seus súbitos africanos tinham que ter mais médicos, mais
assistentes sociais e sindicalistas, melhores redes de abastecimento de
água, saneamento, habitação e sobretudo, de e melhores escolas.

Por conseguinte, os novos planos de desenvolvimento visaram muito


coincidentemente a uma melhoria social e económica. A necessidade
da expansão na educação foi objecto de particular realce. Para os
franceses e, igualmente para os africanos franceses o avanço
educacional era a frequência de uma universalidade em França.
Apesar da investida metropolitana nas colónias, as economias
coloniais eram ainda demasiado dependentes da exportação de
produtos primários importantes.

É notório, com a emergência dos primeiros partidos nacionalistas


organizados, dentro da união francesa, a libertação de África já era
uma realidade irreversível, e a França, pressionada pela aderência no

3
Fundo de Investimento para o Desenvolvimento Económico e Social.
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 128

mercado comum europeu, que não permitia a nenhum dos seus


membros manter colónias, a África francesa ascende à independência
a partir de 1960.

Entretanto, estas independências africanas eram acompanhadas de


acordos técnicos de cooperação militar, e em matéria de política
económica do novo Estado. No entanto, as independências aceites
pelas antigas potências coloniais eram na condição de transformar a
relação de dominação, numa relação de aliança desigual, onde o
Ocidente impunha a sua presença através dos seus investimentos, do
seu auxílio técnico, apoio militar aos orçamentos locais dos seus
bancos e companhias de seguro, das suas companhias aéreas, das
suas linhas telegráficas, das suas embaixadas, da sua imprensa e do
seu poderio material.
A Situação económica das colónias britânicas pós segunda guerra
mundial

A guerra teve consequência no relançamento das políticas de


controlo das colónias tanto porque as inúmeras revoltas obrigaram a
rever os métodos administrativos como para tornar a sua exploração
mais eficiente. O período pôs guerra foi um período de reconstrução
como reflexo da própria guerra, começava ser evidente as
contradições do sistema que impunha cada vez maior encargo as
populações africanas sem lhes conceder mais do que migalhas
económicas, e nada sob ponto de vista dos direitos.

Este período tem sido considerado, como um período de


investimento de infra-estrutura (transporte e portos), investimentos
possíveis nas colónias produtivas e todos dedicados ao melhoramento
das estruturas da comercialização dos produtos de exportação
(construção de vias de acesso as zonas de produção), a maior parte
dos investimentos estrangeiros públicos e privadas tinham sido
dirigidas a África do Sul, Zimbabwe e Zâmbia para a economia
mineira em expansão, pelo contrário, quase nada foi para as colónias
com os recursos escassos.

Segundo GENTIL (Op Cit:310) “ As reformas económicas do pôs


guerra introduziram pela primeira vez a noção de desenvolvimento
dos sistemas institucionais e administrativos coloniais reconhecendo
apenas a elite que não pertenciam as aristocracias’’. Em muitas
regiões os camponeses foram obrigados a abandonar as culturas de
exportação para voltar a uma economia de subsistência que
entretanto se encontrava já num declínio irremediável, houve a
marginalização da agricultura familiar e a fragilidade das economias
colónias que se baseava na exportação de matérias-primas, muitas
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 129

vezes essencialmente numa só, cujo mercado para esses dependiam


inteiramente da rede de interesse externo.

Nos pós guerra os britânicos tentaram reformas no interior do sistema


colonial. O Governo Trabalhista, preferiu tentar preservar a
hegemonia britânicas sobre as colónias, impulsionado reformas
económicas que permitisse explorar de uma forma mais intensiva o
seu potencial económico, uma politica chamada Development
Welfare (desenvolvimento do bem estar) programada para uma longa
duração. A declaração de Stanford Cripts (posição de crise) na
conferência dos governadores de África (em Novembro de 1947)
apresentava a reconstrução da Europa e desenvolvimento de África
como dialecticamente dependente um de outro.

As potências colónias numa primeira fase tentaram mantê-las nas


suas esferas (as colónias) de influência através de lançamento de
projectos de desenvolvimento, investimentos em infra-estruturas.
Promoveram-se investimentos públicos e privados no quadro do
reforço do sistema extractivo e da dependência do mercado
internacional e através do incentivo aos empresários locais.

Os territórios da Rodésia tinham atingido um considerável grau de


desenvolvimento cujo principal motor era a grande riqueza mineira e
as plantações do tabaco. Possuíam condições favoráveis para
investimentos de capitais estrangeiros locais, mercado amplo, grande
reserva de mão-de-obra barata, recursos minerais consideráveis
(mineiros de cobre), rede de transportes e comunicação que permitia
a circulação de mercadorias e de mão-de-obra.

Em 1949 a Rodésia do Sul mais rica entre as potências concorrentes


a federação, a metrópole deixaria de gastar avultadas somas em
dinheiro, pela administração das três colónias e lucraria com os
impostos pagos pelos colonos.

Em 1957, as colónias inglesas desligaram-se com a metrópole


formando uma federação independente da Inglaterra (Rodésia do
Norte, do Sul e Nyassalandia) cujos objectivos eram:
 Formar uma unidade económica maior que pudesse valer a si
próprio sem sobrecarregar a metrópole;
 Garantir através da federação, uma redução dos custos da
administração, sem com isso reduzir os lucros;
 Criar mecanismos mais eficientes de exploração, de
colaboração entre o sector europeu e uma camada da pequena
burguesia negra;
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 130

 O governo federal encarregou-se dos negócios estrangeiros,


do planeamento desenvolvimento económico, da defesa, da
assistência, da electricidade, da agricultura e da educação a maneira
europeia, o que expressava tentativa britânica de dominação
indirecta.

A federação infelizmente acabou fracassando devido:


 Beneficiou mais a zona sul do que as outras regiões da
federação;
 A capital da federação estava na Rodésia do Sul;
 A barragem de Kariba foi construída no lado da Rodésia do
Sul do rio Zambeze.

Por essas razões, os nacionalistas africanos da Rodésia do Norte e


Nyassalandia lutaram por uma ligação com a coroa britânica e assim
organizaram campanhas para dissolver a federação.

Em 1960, no Zimbabwe os colonos brancos constituíam 5% da


população e possuíam mais de 70% das terras cultiváveis. Da
exploração de uma mão-de-obra quase escrava, estes plantadores
obtinham excelentes rendimentos das culturas de tabaco e chá.

A partir de 1956, Tanzânia implementou um plano de fomento com o


objectivo de recuperar a sua economia, e aproximar-se dos seus
vizinhos. O porto de Dar-es-Salam foi ampliado, construíram-se
barragens, criaram-se institutos de investigação agronómica e farma
de experimentação, desenvolveu-se actividade mineira e a cultura do
algodão, acelerou-se a produção e exportação do café, impulsionou-
se a formação de quadros que proporcionaram a base de um
desenvolvimento económico.

Sumário
A segunda guerra mundial teve sua repercursao por toda a parte do
mundo, e os países africanos não ficaram adestrito desta.
Nesta unidade, tomar-se-á como exemplo as ex-colonias francesas e
inglesas, com vista a demostrar o impacto da II Guerra Mundial em
Africa.
A guerra teve consequência no relançamento das políticas de
controlo das colónias tanto porque as inúmeras revoltas obrigaram a
rever os métodos administrativos como para tornar a sua exploração
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mais eficiente. O período pôs guerra foi um período de reconstrução


como reflexo da própria guerra, começava ser evidente as
contradições do sistema que impunha cada vez maior encargo as
populações africanas sem lhes conceder mais do que migalhas
económicas, e nada sob ponto de vista dos direitos.

Exercícios
1. Descreva o senario das colónias francesas e inglesas em África,
no período pos II Guerra mundial.
2. Quais as consequancias da II Guerra mundial para os países
africanos no geral.

Resumir a unidade, descrevendo a situacao dos paises africanos


no pos II guerra Mundial.
Auto-avaliação
HO210 – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS III ... 132

Referências Bibliográficas
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Porto: Porto Editora, 1995.

 GENTILI. Anna Maria. O leão e o caçador uma história da


África sub-saariana: Maputo, UEM, 1998.

 FALCON, Francisco, MOURA, Gerson. A Formação do Mundo


Contemporâneo: Rio de Janeiro: Campus,1989.

 KI-ZERBO, joseph. História da África Negra. Vol. II.Lisboa:


Europa – América, 1999.

 VICENTINO, Cláudio. Historia Geral: São Paulo. Spione. 2002.

 Dicionário Universal de Língua Portuguesa. Moçambique


Editora. Maputo. 1999

 KI-Zerbo, Joseph. História da África Negra. VOLII. Edito:


Francisco Lyon de Castro. Paris. 1972.

 História geral da África, VIII: África desde 1935 / editado por


Ali A. Mazrui e Christophe Wondji. Brasília: UNESCO, 2010.

 MAZULA, Brazão: Educação, Cultura e Ideologia em


Moçambique: 1975-1985. edições afrontamento e fundo
bibliográfico de língua portuguesa. 1995.

 Silveira, Onesi. África do Sul do Sahara: sistema de partidos e


ideologias de socialismo. Lisboa, Portugal. 2004.

 ARAUJO, Manuel. Sistemas de aldeias comunais em


Moçambique: transformação no espaço residencial e
produtivo. Lisboa: 1988.
 SOGGE (ed.), Mozambique, Perspectives on Aid and the
Civil Society, Oegstgeest (Holanda) GOM,1997
 EGERO. Bertil. Moçambique: os
Primeiro 10 anos de Construção da Democracia, Maputo:
Arquivo histórico de Moçambique, 1992

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