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Manual de Curso de licenciatura em Ensino

de Geografia

Cartografia e
Topografia
Os Elementos Essenciais

G0211

Universidade Católica de Moçambique.


Centro de Ensino a Distância
Direitos de autor (copyright)
Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à Distância
(CED) e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste manual, no
seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico,
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Moçambique  Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento desta advertência é passível a
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Agradecimentos
A Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino à Distância e os autores do presente
manual, dr. Jossias Gabriel Mate e dr. Santos Júnior Camacho, gostariam de agradecer a colaboração
dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual:

Pela maquetização e revisão final dr. Heitor Simão Mafanela Simão

Elaborado Por:

dr. Jossias Gabriel Mate

Licenciado em Ensino de Geografia pela Universidade Pedagógica – Beira

dr. Santos Júnior Camacho

Licenciado em Geografia pela Universidade Eduardo Mondlane


Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais i

Índice
Visão geral 1
Benvindo ao Módulo de Cartografia e Topografia ........................................................... 1
Objectivos do curso .......................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................... 2
Como está estruturado este módulo .................................................................................. 2
Ícones de actividade .......................................................................................................... 3
Habilidades de estudo ....................................................................................................... 3
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 4
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)................................................................................. 4
Avaliação .......................................................................................................................... 5

Unidade I 7
Introdução a Cartografia e Topografia.............................................................................. 7
Introdução ................................................................................................................ 7
Sumário ........................................................................................................................... 14
Exercícios........................................................................................................................ 15

Unidade II 16
Métodos e Formas de Medição ....................................................................................... 16
Introdução .............................................................................................................. 16
Sumário ........................................................................................................................... 19
Exercícios........................................................................................................................ 19

Unidade III 20
Os Principais Elementos dos Mapas Cartográficos. ....................................................... 20
As Formas e Dimensões da Terra.......................................................................... 20
Introdução .............................................................................................................. 20
Sumário ........................................................................................................................... 33
Exercícios........................................................................................................................ 34

Unidade IV 35
Sistema de Coordenadas Aplicadas em Topografia. ...................................................... 35
Introdução .............................................................................................................. 35
Sumário ........................................................................................................................... 41
Exercícios........................................................................................................................ 41

Unidade V 43
Processo de Orientação ................................................................................................... 43
Introdução .............................................................................................................. 43
ii Índice

Sumário ........................................................................................................................... 47
Exercícios........................................................................................................................ 47

Unidade VI 49
Inclinação e Declinação Magnética. ............................................................................... 49
Introdução .............................................................................................................. 49
Quadrante ................................................................................................................... 56
Sumário ........................................................................................................................... 56
Exercícios........................................................................................................................ 56

Unidade VII 57
Formas de Representação do Terreno. ............................................................................ 57
Introdução .............................................................................................................. 57
Sumário ........................................................................................................................... 67
Exercícios........................................................................................................................ 68

Unidade VIII 69
As Formas de Medição de Áreas. ................................................................................... 69
Introdução .............................................................................................................. 69
Sumário ........................................................................................................................... 84
Exercícios........................................................................................................................ 84

Unidade IX 85
Projecções Cartográficas................................................................................................. 85
Introdução .............................................................................................................. 85
Sumário ......................................................................................................................... 101
Exercícios...................................................................................................................... 101

Unidade X 103
Essência duma Carta Topográfica, Suas Propriedades e Áreas de Aplicação .............. 103
Introdução ............................................................................................................ 103
Sumário ......................................................................................................................... 107
Exercícios...................................................................................................................... 107

Unidade XI 109
Cartografia Digital ........................................................................................................ 109
Introdução ............................................................................................................ 109
O que ter em conta ao escolher um receptor? ..................................................... 122
11.8- Segmento de Controle em GPS .................................................................. 122
Sumário ......................................................................................................................... 123
Exercícios...................................................................................................................... 124
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 1

Visão geral

Benvindo ao Módulo de
Cartografia e Topografia

Objectivos do curso
Quando terminar o estudo de Cartografia e Topografia será capaz
de: interpretar os principais elementos cartográficos, ler e
interpretar os mapas cartográficos assim como fazer uma gama de
exercícios que requerem o seu domínio no tratamento de matéria
ligada a cartografia e topografia. O Estudante desta Cadeira poderá
possuir a noção básica das novas tecnologias introduzidas na
Cartografia e o impulso que estas deram ao desenvolvimento desta
área científica.

 Definir a Cartografia a Topografia.

 Fazer um breve percurso histórico da disciplina de cartografia.

Objectivos  Determinar as formas de medição das distâncias

 Fazer a leitura e interpretação das Cartas

 Determinar as diversas coordenadas

 Conhecer os processos de orientação por diversos métodos

 Determinar as formas de representação de terreno

 Compreender as formas de medição de áreas

 Interpretar as projecções Cartográficas


2 Visão geral

 Interpretar os elementos da Cartografia digital (GIS e GPS) e


sua importância.

Quem deveria estudar este


módulo
Este Módulo foi concebido para todos aqueles que, estando a formar-se
em ensino de Geografia, precisam de bases cartográficas para com
precisão e confiança poder dar as aulas no processo de interpretação de
diferentes fenómenos geográficos. Para tal o estudante deve ter as bases
de cartografia das classes anteriores como na 11ª classe, bem como os
principais elementos que ao logo dos níveis de ensino foram sendo
ministrados.

Como está estruturado este


módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos por Universidade Católica de
Moçambique: Centro de Ensino a Distância encontram-se estruturados da
seguinte maneira:

Páginas introdutórias

 Um índice completo.

 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os


aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.

Conteúdo do curso / módulo

O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma


introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um sumário da unidade e uma ou mais
actividades para auto-avaliação.

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista


de recursos adicionais para você explorer. Estes recursos podem incluir
livros, artigos ou sites na internet.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 3

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação

Tarefas de avaliação para este módulo encontram-seno final de cada


unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do modulo.

Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários


sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / modulo.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Habilidades de estudo
Durante a formação, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores
resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os
bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficazes e por isso é
importante saber como estudar. Apresento algumas sugestões para que
possa maximizar o tempo dedicado aos estudos:

Antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente


de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em
casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de
tarde/fins de semana/ao longo da semana? Estudo melhor com
música/num sítio sossegado/num sítio barulhento? Preciso de um intervalo
de 30 em 30 minutos/de hora a hora/de duas em duas horas/sem
interrupção?

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da
matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já
domina bem o anterior. É preferível saber bem algumas partes da matéria
do que saber pouco sobre muitas partes.

Deve evitar-se estudar muitas horas seguidas antes das avaliações, porque,
devido à falta de tempo e consequentes ansiedade e insegurança, começa a
ter-se dificuldades de concentração e de memorização para organizar toda
a informação estudada. Para isso torna-se necessário que: Organize na sua
agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar
durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o
4 Visão geral

utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e


a outras actividades.

É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma


necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A
colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de
modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode
escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode
também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados
com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a
seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
desconhece;

Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra situação, o
material impresso, lhe pode suscitar alguma duvida (falta de clareza,
alguns erros de natureza frásica, prováveis erros ortográficos, falta de
clareza conteudística, etc). Nestes casos, contacte o tutor, via telefone,
escreva uma carta participando a situação e se estiver próximo do tutor,
contacteo pessoalmente.

Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o


estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor,
usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.

Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interacção, em caso de


problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa fase
posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for de natureza
geral. Contacte a direcção do CED, pelo número 825018440.

Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas normais de


expediente.

As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem


a oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste período pode
apresentar duvidas, tratar questões administrativas, entre outras.

O estudo em grupo com os colegas é uma forma a ter em conta, busque


apoio com os colegas, discutam juntos, apoiemse mutuamente, reflictam
sobre estratégias de superação, mas produza de forma independente o seu
próprio saber e desenvolva suas competências.

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação)
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e
autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 5

importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues antes do


período presencial.

Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não


cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante.

Os trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser


dirigidos ao tutor\docentes.

Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os


mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do
autor.

O plagiarismo deve ser evitado, a transcrição fiel de mais de 8 (oito)


palavras de um autor, sem o citar é considerado plagio. A honestidade,
humildade científica e o respeito pelos direitos autoriais devem marcar a
realização dos trabalhos.

Avaliação
Você será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o
período presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com
base no chamado regulamento de avaliação.

Os trabalhos de campo por ti desenvolvidos, durante o estudo individual,


concorrem para os 25% do cálculo da média de frequência da cadeira.

Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões


presenciais, eles representam 60%, o que adicionado aos 40% da média de
frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a
cadeira.

A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.

Nesta cadeira o estudante deverá realizar 2 (dois) trabalhos, 1 (um) teste e


1 (exame).

Algumas actividades praticas, relatórios e reflexões serão utilizados como


ferramentas de avaliação formativa.

Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em


consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade,
a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das
referencias utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.

Os objectivos e critérios de avaliação estão indicados no manual.


consulteos.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 7

Unidade I

Introdução a Cartografia e
Topografia.

Introdução
Pretende-se neste capítulo que o estudante se familiarize com questões
cartográficas, sabendo a sua origem, sua história, seu conceito, outros
conceitos principais nele empregue e a sua finalidade. Este estudo é de
grande importância pois direciona os estudantes numa visão
cartográfica e abre os seus olhos na essência básica daquilo que se
pretende e poderá vir a ser o módulo.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Definir a cartografia.

 Identificar os principais conceitos empregues em Cartografia


Objectivos
 Interpretar a finalidade ou importância da cartografia na
sociedade.

 Conhecer a história da cartografia como ciência;

1- Conceitos da Cartografia, Topografia e Geodesia


1.1 Cartografia
A palavra cartografia terá sido forjada, ao que tudo indica, pelo
historiador português Manuel Francisco de B. e Sousa (1791-1856), de
acordo com os escritos de sua carta, datada de Paris, a 8 de Dezembro
de 1539, ao historiador brasileiro Francisco Adolfo Varnhgen, na qual
diz: " invento esta palavra, já que aí se têm inventado tantas".
8 Unidade I

No sentido geográfico, a acepção da palavra é antiga em português,


espanhol e italiano; Morais Silva, no seu dicionário (1813), registou o
subverbete Carta geográfica , " em que está afigurada a terra
arrumada".
A cartografia é a ciência de representação e investigação da
disposição espacial de combinações e interligações de fenómenos da
natureza e da sociedade por meio de modelos de sinais que reflectem
diferentes partes da realidade em forma generalizada e evidente
(salichtchav;1971).
Outras definições se podem dar desta disciplina, como: A cartografia é
o conjunto de estudo e operações cientificas, artísticas e técnicas que a
partir de resultados directos ou da análise da documentação intervêm
na elaboração de cartas ou mapas.

Estas definições, possibilitam que a cartografia compreenda os mapas


geográficos, os mapas de corpos celestes e outros modelos (globos,
mapas de relevo, etc.).

A cartografia estuda, portanto, os métodos e procedimentos


necessários à elaboração, produção e utilização de mapas. Ela define-
se, assim, como sendo o ramo da ciência e da técnica que se dedica as
técnicas de elaboração de mapas e outro material cartográfico.

Topografia
Tomando em consideração de que as medições são realizadas na
superfície terrestre e, esta não possui uma forma geometricamente
regular, determinadas hipóteses são estruturadas para que se possa
interpretar e representar as medidas obtidas.
Denomina-se por geóide, a figura ideal descrita pela forma da terra
que pode, geralmente, ser considerada como uma superfície do nível
médio da água do mar, tido em equilíbrio estável prolongada através
dos continentes.
A superfície da terra apenas poderá ser considerada plana, para
porções deveras restritas, pois para grandes extensões, a superfície
encurva-se e pode ser considerada regionalmente esférica; com maior
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 9

aproximação a forma geometricamente defenida como elipsoide que


gira em torno de seu eixo menor.
A superfície topográfica será, portanto, a superfície sólida da terra
principalmente em seu relevo continental e as bacias oceânicas1.
A Topografia é, portanto, a ciência que estuda o conjunto de
princípios e procedimentos para representar graficamente, com forma
e pormenores, tanto naturais como artificiais, uma parte da superfície
terrestre suficientemente pequena para que se possa substituí-la sem
erro apreciável.
A topografia estuda igualmente os instrumentos necessários para as
medições da superfície da terra com o intuito de elaborar cartas,
plantas e perfis para a solução de problemas ligados a engenharia e
outros ramos da actividade humana.
Esta ciência ao determinar o contorno, dimensões e posição relativa de
uma porção limitada da superfície da terra, considera irrelevante a
curvatura da esferacidade terrestre.

Geodésia
É a ciência que trata, matematicamente, da forma e tamanho da terra e
de posição de pontos, linhas e áreas da mesma. A terra não é esfera
perfeita, mas um geóide que apresenta irregularidades da superfície. É,
pois, sobre uma imagem desse geóde-elipsóide que serão referidas as
coordenadas geográficas para a construção de um canevás de pontos
rigorosamente medidos, que constituirão as armaduras das cartas.
A Geodesia é, portanto, uma ciência que se ocupa da determinação da
forma e dimensões do globo terrestre. Tem duas finalidades: uma
teórica, que estuda a forma da terra no seu conjunto, e outra prática
que, a partir dos dados elaborados de um modo teórico, efectua
cálculos necessários para a representação cartográfica da superfície
terrestre.
Assim, as operações geodésicas tem como objectivo, fazer
corresponder a todo o ponto da superfície terrestre, um ponto da

1 Apesar de mais comumente chamar-se de superfície topográfica à superfície do


relevo continental e superfície batimétrica à superfície mergulhada nas bacias
oceânicas.
10 Unidade I

superfície de referência, o elipsóide internacional de Hayford. Essas


operações são de dois tipos: triangulação e nivelamento2.
A geodésia serve-se de medições de elevada precisão para situar e
relacionar pontos sobre a superfície da terra e, conforme o
procedimento indicado para as efectuar.
Embora a topografia e a geodésia tenham métodos e instrumentos
similares, a geodésia preocupa-se com a terra, ou melhor, áreas
descritas por um círculo de 50km de raio3.

Carta é representação gráfica dos aspetos naturais e artificiais da Terra,


destinada a fins práticos da actividade humana, principalmente a
avaliação precisa das distâncias, direcções e a localização geográfica de
pontos, áreas e detalhes; representação plana, geralmente em média ou
grande escala4, de uma superfície da Terra, subdividida em folhas, de
forma sistemática, obedecendo um plano nacional ou internacional
(Oliveira, 1980 citado por Anderson, 1982).

Cartograma é uma representação cartográfica esquemática em que a


escala e posições relativas dos objectos são aproximados ou
deliberadamente destorcidas, de modo a realçar o fenómeno
representado, respeitando em geral as relações topológicas entre eles.
Exemplos típicos de cartogramas são os mapas de transporte público
em que a orientação geográfica dos trajectos geralmente não é
respeitada, embora a tipologia da respectiva rede o seja (Gaspar, 2004).

2Nivelamento é o conjunto de operações geodésicas que permite determinar a


altitude de um lugar, feito em relação a uma superfície de referência de
revolução, ao nível médio do mar. Esse nível varia ao longo da massa líquida
terrestre, não somente por causa das marés, mas também dos ventos dominantes,
tremores de terra submarinos, diferenças de densidade, e outros factores. Assim;
o marégrafo francês de Marselha, na angra de porto Calvo, não indica o mesmo
zero que o marégrafo situado, por exemplo, em Imbituda, Santa Catarina, Brasil.
3 Onde o erro devido à curvatura da terra está em torno de 1,4m, erro

considerado vil para tal área. Tal valor é teórico, uma vez que tem apenas, a
finalidade de indicar a transição entre topografia e geodésia, pois uma área desse
tamanho equivale a 300.000 alqueires paulistas.
4 A escala é tanto maior quanto menor for o seu denominador. Para mais detalhes, ver

no capítulo referente a escala.


Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 11

Escala é a relação constante entre as medidas (d) feitas num mapa e as


medidas homólogas reais deste objecto (D) observáveis ou feitas no
terreno (Anderson, 1982).

Geóide é a forma da terra da qual não se parece com nenhum outro


sólido, forma esta resultante da integração completa de dados
astronómicos, geométricos, da geodésia aérea ou espacial e de dados
geofísicos. Esta forma se relaciona com um elipsóide (de revolução).

Mapa, segundo Oliveira (1980) citado por Anderson (1982) é a


Representação gráfica, em geral uma superfície plana e numa
determinada escala, com a representação de acidentes físicos e culturais
da superfície da Terra ou de um planeta. As posições dos acidentes
devem ser precisas, de acordo geralmente com um sistema de
coordenadas. Serve igualmente para denominar parte ou toda a
superfície da esfera celeste

Nivelamento é a medição da diferença de altitude ou de desnível


ortométrico no terreno (Gaspar, 2004). O nivelamento é sinónimo de
“altimetria” e a outra definição que se pode dar desta é: representação
em projecção vertical das cotas ou distâncias verticais de um certo
número de pontos referidos ao plano horizontal da superfície terrestre.

1.2 Breve História do Desenvolvimento da cartografia

De acordo com Gaspar, (2005), sabe-se que a Terra é redonda desde o


século IV antes de Cristo, muito embora, tal conhecimento tenha sido
esquecido, ou porventura ignorado, durante a idade média. A fundação
da Geodesia e Cartografia europeia remota de facto á civilização grega
clássica, não tendo esta ciência sido objecto de outras contribuições
significativas até o século XV. Os Gregos não só reconheceram a forma
esférica da terra, mas também estabeleceram sistema de coordenadas
geográficas, ainda hoje utilizado, e desenvolveram as primeiras
projecções cartográficas. O auge da cartografia grega foi atingido com
Cláudio Ptolomeu de Alexandria (c.90-c.168), com uma obra
monumental em oito volumes, Geografia, onde o autor descreve a sua
12 Unidade I

concepção sobre o mundo e defende a utilização das coordenadas


geográficas, apresentando uma lista de latitudes e longitudes de oito mil
lugares. Nela se propõe a construção de projecções cartográficas, hoje
conhecidas por projecções de Ptolomeu, as quais vieram a ser utilizadas
muitos séculos mais tarde para representar o mundo conhecido.

Para os romanos, os mapas constituíram somente formas grosseiras de


representar os seus vastos domínios territoriais. O tipo mais frequente,
o Orbis Terrarum, com uma envolvente circular que abarcava todo
império, foi mais tarde adoptado e estilizado nos chamados mapas TO.
Durante a Idade Média, prevaleceu um conceito idealizado, simbólico e
totalmente imaginário do mundo. Com importante excepção das cartas-
portulano, construídas a partir do século XIII pelos pilotos genoveses e
maiorquinos para apoiar a navegação costeira no mediterrâneo, nada de
relevante foi acrescentado pela civilização europeia á ciência
cartográfica, neste longo período. Pelo contrário ha retrocesso.
Esperou-se um milénio, isto é ao tempo dos grandes “descobrimentos”
para se assistir um incrementos e significativas transformações nesta
área de conhecimento, com a cartografia helénica que foi preservada
pela civilização árabe.

A cartografia chinesa na época medieval estava, por outro lado bem


mais avançada do que a cartografia europeia. Note-se que a agulha
magnética e o papel, elementos de grande importância no
desenvolvimento da ciência e técnica cartográficas, começaram a ser
usadas na China muitos séculos antes de serem conhecidos na Europa.
Recentemente soube-se que a projecção cilíndrica conforme (projecção
de Maercator), descoberta na Europa durante o século XVI, foi
utilizada na China no ano de 9405.

O renascimento da Cartografia na Europa veio com três factores


fundamentais: a redescoberta da Geografia de Ptolomeu; o advento da
imprensa, que veio a facilitar consideravelmente a produção e difusão
dos mapas ; e a aventura dos “descobrimentos” marítimos iniciada
pelos portugueses no século XV, onde se destacam os resultados das

5 De acordo com Roman (1983), referido por Maling (1992), pag. 432.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 13

explorações de Vasco da Gama, de Pedro Álvares Cabral, e dos


primeiros reconhecimentos efectuados no Oriente.

Figura: Uma representação de um mapa antigo, extraído da Net.

Desde o século XVI até os nossos dias, vários avanços importantes


ocorreram nos campos da Geodesia e da Cartografia. Com a
sistematização dos conhecimentos e dos processos , o século das luzes
trouxe a estas matérias uma atitude científica de grande rigor,
libertando as em definitivo da influência grega, do misticismo medieval
e de algum cariz científico e fanatista da Cartografia renascentista.
Várias escolas iniciaram várias reformas no campo da Cartografia,
como a Academia da
Francesa no final do século XVII, com a determinação directa das
dimensões da Terra através de observações astronómicas. Aqui destaca-
se a carta de Jean Dominique Cassini em 1682.
A criação dos Serviços Geográficos nos países da Europa e América,
no século XIX, que permitiu a realização de explorações terrestres e
leventamentos geodésicos e topográficos sistemáticos, os quais
possibilitaram um conhecimento mais exacto e pormenorizado da
Geografia da Terra, e da sua forma e dimensões.
Uma nova revolução da Geodesia e Cartografia, ocorreu na primeira
metade do século XX, com a introdução da fotografia aérea e com o
avanço tecnológico nas formas de gravar e imprimir. Nos últimos
quarenta anos introduziu-se a altimetria e a detecção remota por
satélite, bem como o aparecimento dos computadores , que com o seu
extraordinário poder de cálculo e representação visual, vieram facilitar
o acesso de manipulação de informação geográfica de forma que não se
podia imaginar a décadas a trás. A era de informática está, como afirma
14 Unidade I

Robinson et al (1995), citado por Gaspar (2005), pag 4, “a levar esta


revolução um pouco mais longe, ao permitir que o utilizador comum se
torne, a um custo razoável, um produtor de mapas.

1.3 A Importância das Cartas Topográficas em diversos sectores.

As cartas topográficas tem a sua aplicação em diversas esferas de


desenvolvimento económico das quais podemos salientar os seguintes:

Na agricultura, comércio, projectos de prospecção de petróleo, nas


redes de distribuição de energia eléctrica, na rede das Comunicações,
redes de distribuição de água, nas obras de saneamento, no sistema de
planeamento físico de territórios, e no sector público de uma forma
geral, entre outros sectores.

Sumário
A cartografia surgiu com a necessidade de comunicação, sendo a
comunicação o principal objectivo da cartografia. Usa para tal a
linguagem gráfica (mapas) que representam a distribuição dos diversos
fenómenos naturais e artificiais no espaço.
Deste modo, alguns autores definem esta ciência de diferentes
maneiras, havendo os que colocam a componente de que é uma ciência
e arte de representar a terra, portanto fora da componente científica a
Cartografia tem a componente artística.
A grande vantagem do mapa é de permitir representar num plano os
objectos observados sobre a superficie terrestre (curvilínea), ao mesmo
tempo na sua posição absoluta e nas suas relações em distância e em
direcções.
A cartografia elabora cartas ou mapas para representar muitos
fenómenos da natureza como também os que resultam da intervenção
do homem. Portanto, são hoje muitas áreas de actividades com interesse
na cartografia e estas áreas usam-a para descrever as mais variadas
situações. A cartografia é considerado como um instrumento de
planeamento e gestão pública assim como privado.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 15

Exercícios
1. Defina cartografia.
2. Por que ela é considerada arte, técnica e ciência ao mesmo
tempo?
3. Qual é o principal objectivo da cartografia?
4. Enumere algumas áreas de aplicabilidade da cartografia,
sustentando a tua resposta.

Faça os exercícios e entregue o nº 3


16 Unidade II

Unidade II

Métodos e Formas de Medição

Introdução
Esta unidade pretende dotar os estudantes no concernente as medições.
Portanto ela fornece subsídios naquilo que tem a ver com instrumentos
de medição, as formas e os métodos usados na medição. Dotados destas
capacidades, os estudantes saberão quais os principais instrumentos
usados na medição e a sua aplicabilidade em Cartografia e Topografia.

Ao completar esta unidade , você será capaz de:

 Descrever os principais métodos de medição.

 Caracterizar os diversos métodos de medição


Objectivos
 Estabelecer a relação que existe entre os diversos métodos de
medição.

 Assumir a importância dos métodos de medição.

 Dotar os estudantes no conhecimento sobre os métodos de


medição de distâncias horizontais;

 Dotar os estudantes ao conhecimento de medição de distâncias


curvas e do levantamento hidrográfico;

2- Os Métodos de Medição usados em Cartografia

Para efeitos de medição de certas distâncias recorre-se a dois métodos


fundamentais:
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 17

1- Método directo

2- Método Indirecto.

2.1- Método directo

Chama-se de método directo na medição de distâncias horizontais ao


método através do qual, para se conhecer distância AB, mede-se a
própria distância AB e este método pode ser usado percorrendo-se a
linha com qualquer tipo de distanciómetro (que é um instrumento de
medição destas distâncias das quais podem ser a trena de aço, trena de
pano, corrente do agrimensor, fitas de plásticos entre outros) aplicando-
o sucessivamente até ao final ou com o uso do distanciómetro
electromagnético que é o aparelho acima falado para a medição de
distâncias e o uso de outros aparelhos (Borges, 1977).

A título de exemplo, se medirmos uma distância com uma trena de 20m


e aplica-la quatro vezes e no final adicionarmos uma distância
fraccionária de 12.5 m, a distância total será 4* 20 m + 12,5 = 92,5 m.
Aqui também usa-se aparelhos especiais como taquímetro, mira de
base assim como teodolitos e outros aparelhos electrónicos .

2.2- Método indirecto

Chama-se de método indirecto quando, para determinar uma distância


AB no terreno, medem-se qualquer outra recta e determinados ângulos
que permitem o cálculo por trigonometria, obtendo no final a distância
pretendida (Borges, 1977). Portanto neste método não percorremos a
distância em questão.

Estes cálculos podem ser feitos no papel usando certas fórmulas


conhecidas na relação trigonométrica assim como sendo empregue
certos aparelhos electrónicos calibrados para tal como o caso de
calculadora científica para engenharia, computadores entre outros, a
partir de dados conhecidos e introduzidos nestes aparelhos.
18 Unidade II

2.3- Medição com auxílio de Instrumentos especializados.

Para a medição de distâncias com auxílio de instrumentos pode se


considerar os seguintes níveis:
Medições de Distâncias Rectas- Efectuam-se com o auxílio de régua
e escala de mapa.
Medições de Distâncias Curvas- Nas medições de distâncias curvas,
tais como: estradas, rios, linhas, fronteiras, etc., pode-se utilizar os
seguintes métodos:
Filete de Papel
Decompõe-se a curva em seguimentos de recta e com ajuda de filete
de papel transforma-se a linha curva em uma linha recta e finalmente
procede-se os cálculos, de acordo com o preconizado nas medições de
distâncias rectas.

Aplicação de compasso de abertura variável


Deve-se decompor a linha curva em seguimentos de recta. A abertura
do compasso depende da sinuosidade da linha curva.. A partir de uma
linha recta auxiliar, assinala-se com o compasso cada uma das
medidas realizadas anteriormente, em seguida determina-se o valor
final dos seguimentos de recta obtidos com recurso à régua graduada.
O valor obtido em cm corresponde a distância entre dois pontos da
carta. Para saber a distância do terreno deverá tomar em consideração
a escala do mapa.

Através de curvímetro
A medição com o curvímetro obedece as seguintes recomendações:
 No início o ponteiro deve indicar o ponto O.
 A roldana deve-se movimentar sobre a linha curva e ponteiro
no sentido dos ponteiros de relógio.
 O valor obtido no mostruário indica a distância em Cm na
carta.
 Com o auxílio da escala e em função da determinação em
linhas rectas, deve-se calcular a distância real.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 19

2.4- Medição de Distâncias sem o seu Percurso

Ou simplesmente método indirecto, consiste em medir uma


distância sem necessidade de a percorrer. Os aparelhos utilizados
são: telémetros6 ou estadímetros (alguns autores chamam-no de
estádia), que se dividem em goniómetros (que dão valor numérico
dos ângulos) e goniógrafos (que determinam os ângulos
graficamente).

Sumário
A questão de medição de distâncias, é fundamental em
cartografia, para tal efeito é necessário ter em conta dois
métodos fundamentais a saber: O método directo e o método
indirecto, cuja aplicação obriga ao recurso a diversos
instrumentos especializados que se vão transformando de
acordo com o desenvolvimento da Cartografia.
A escolha de cada um dos métodos depende em grande medida
das condições de localização do cartógrafo ou do investigador e
das disponibilidades que este tem em meios de execução das
suas tarefas.

Exercícios
1- Na página 9 do Atlas Geográfico Vol I, calcule a distância
entre o cruzamento de Inhassoro com a estrada nacional nº 1 e
a vila de Massinga.

2- Quais são os métodos que conheces empregues para a medição


de distâncias horizontais e em que consiste os tais métodos?
3- Qual é o mecanismo empregue para a medição de distâncias
curvas?

6Instrumentos
para medir rapidamente a distância que vai do observador a
um determinado ponto.
20 Unidade III

Unidade III

Os Principais Elementos dos Mapas


Cartográficos.

As Formas e Dimensões da Terra.

Introdução
Na presente Unidade o Estudante terá a possibilidade de conhecer os
principais elementos que compõe os mapas cartográficos e a sua
utilidade nos mapas cartográficos. O conhecimento destes elementos
reveste-se de grande importância para os Estudantes de Geografia pois
estes ficam dotados de conhecimentos que lhes dão a visão das
principais operações que se fazem para construção de um mapa.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Identificar os principais elementos cartográficos.

 Distingir os principais símbolos convencionais aplicados em


Objectivos
Cartografia.

 Compreender a dinâmica aplicada na representação da superfície


terrestre.

 Realizar os diferentes exercícios com os mapas cartográficos.

3- Principais elementos de mapas geográficos

Considera-se os elementos fundamentais dos mapas geográficos os


seguintes:

 Imagem ou Representação Cartográfica


Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 21

 A Base Matemática.

 Informações Auxiliares.

A Representação Cartográfica ou Imagem:


Corresponde ao conteúdo dos mapas isto é representa os fenómenos
naturais. O seu conteúdo é variável em dependência dos objectivos do
mapa. A superfície terrestre é irregular sendo contudo representada em
miniatura através do globo terrestre. Devemos entender que a superfície
terrestre não constitui uma superfície plana os seus mapas são
representados com as deformações que a superfície apresenta.
A representação da superfície terrestre num plano obedece aos
seguintes elementos:
 O primeiro consiste na passagem irregular da terra para a
superfície de um Geóide ou de um globo Terrestre.
 O Segundo consiste na passagem de um Geóide através das
projecções para a superfície num plano ou mapa. É nesta fase
que se assiste as deformações que os mapas apresentam no seu
conjunto.

A Base Matemática

Compreende os seguintes elementos:


A base Geodésica
As Projecções Cartográficas
A Escala do mapa.

A Base Geodésica
É um conjunto de pontos de um determinado território, cujas
coordenadas são conhecidas e que os seus cálculos constituem as
coordenadas características.
Os pontos de coordenadas são propriedade do Estado e são segredos do
Estado.

Projecções Cartográficas:
22 Unidade III

São a técnica que permite a representação da esfera terrestre numa


projecção plana. Corresponde á representação dos meridianos e de
paralelos da esfera terrestre sobre um plano.
A projecção cartográfica portanto, a passagem de um Geóide para um
plano horizontal, mediante métodos matemáticos.
Existem várias projecções Cartográficas e cada uma delas apresenta
vantagem e desvantagens, daí que a escolha de cada tipo depende dos
objectivos e da localização do território visado.

Escala do Mapa.
É a relação existente entre uma medida no território e a sua
correspondente no mapa.

Informações Auxiliares
Define-se como sendo o conjunto de dados que se situam fora do
conjunto do mapa e facilitam a sua interpretação, resumem-se em
legenda.
Há que salientar que a legenda representa-se através de um símbolo
que é a “representação gráfica de um objecto ou de um facto sob uma
forma sugestiva, simplificada ou esquemática, sem implantação
rigorosa”. Estes símbolos podem dividirem-se em várias categorias:
 Os sinais convencionais que são esquemas centrados em
posição real, a partir da qual permitem identificar um objecto
cuja superfície na escala é demasiado pequena para que possa
ser tratada em projecção;
 Os sinais simbólicos que são signos evocares localizados ou
cuja posição é facilmente determinável;
 Os pictogramas, são símbolos figurativos facilmente
reconhecíveis;
 Um ideograma é um pictograma representativo de um conceito
ou de uma idéia;
 Um símbolo regular, é uma estrutura constituída pela repetição
regular de um elemento gráfico sobre uma superfície
delimitada;
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 23

 Um símbolo proporcional, é um símbolo quantitativo cuja


dimensão varia com o valor do fenómeno representado.

3.1- As Formas e Dimensões da Terra

Como atrás se referiu, a Geodésia é a ciência que tem por objectivo o


estudo da configuração do planeta, a medição da sua superfície e os
cálculos dos dados fundamentais para a elaboração de mapas tendo em
conta a curvatura da terra. A determinação da forma e dimensões
globais da Terra, bem como o estudo da sua representação gráfica
foram a razão fundamental do desenvolvimento da Geodésia e da
Cartografia como ciências exacta.
A Terra, devido aos seus movimento de rotação e translação, as acções
atractivas dos outros astros do sistema solar, aos fenómenos físicos-
químicos que se manifestam na atmosfera, apresenta uma forma
resultante do estado de equilíbrio das forças exógenas, endógenas e
cósmicas que sobre ela actuam as quais com a permanente variações no
tempo e com o lugar, produzem deformações na crosta terrestre que
originam irregularidades superficiais, forma esta que denomina-se
Geóide.
Para medir a terra e precisar sua forma, a Geodésia moderna dispõe
simultaneamente de quatro ordens de dados:
 Dados astronómicos: latitude e longitude dos pontos
fundamentais; determinação da vertical que permite apreciar em
um lugar o desvio com o afastamento entre a vertical real e a
vertical calculado sobre a elipsóide teórico; avaliação da
orientação exacta ou azimute geodésico do meridiano de uma
estação.
 Dados geométricos, tirados de medições efectuadas sobre a
própria terra: triangulação no teodolito; nivelamento com o
teodolito ou com o nível de luneta horizontal; este nivelamento
permite estabelecer a altitude dos lugares acima de uma
superfície de referência que é o nível médio dos mares, com o
auxilio de visadas sucessivas sobre pontos aproximados de 50 a
60 metros; medidas de distância na trena ou pela observação do
desvio de fase entre a ida e a volta de um raio luminoso
24 Unidade III

(geodimétrico), de uma onda decimétrica (telurômetro) ou de


um laser.
 Dados geofísicos, acumulados desde o século XVIII,
essencialmente das medidas gravimétricas da intensidade “g”
da gravidade.
 Dados de geodesia aérea ou espacial: nivelamento pelo
registro do eco de um radar aerotransportado; visadas sobre ou a
partir de satélites especializados, ditos satélites agrimensores; a
precisão destas visadas permite multiplicar as determinações de
estações e efectuar os ajustamentos necessários sobre mares e
oceanos.

A integração completa destes dados mostra que na realidade, a terra é


um sólido que não se parece com nenhum outro e que por esta razão é
chamada de Geóide. Na prática, o geóide assemelha-se a um elipsóide
de revolução girando em volta do seu eixo menor e as características
desta elipsóide foram sendo determinadas com o progresso dos
conhecimento.

Figura: a geóide

Sendo o geóide uma figura com uma forma muito irregular e de difíceis
cálculos sobre a sua forma, dado a maior necessidade de se conhecer
com maior exactidão os dados ou o tamanho da superfície terrestre,
para os cálculos preciso dela usa-se como a sua forma o elipsóide de
revolução pois esta é uma figura geometricamente definida, facilitando
deste jeito qualquer cálculo necessário sobre ele.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 25

A ondulação que o superfície da Terra apresenta é que determinou a


concepção de um Geóide como uma figura de fácil transformação
matemática, o que permitirá a facilidade de representação da sua esfera.
Como nós sabemos a Terra apresenta-se achatada nos pólos e abaulada
no Equador, daí que a figura mais representativa seja o elipsóide de
revolução para facilitar as operações matemáticas necessárias para os
diferentes cálculos que envolvem as projecções cartográficas.

Figura: elipsóide de revolução

A tabela a seguir ilustra algumas medidas de distância da superfície da Terra:

ASPETOS DIMENSÕES APROXIMADAS

Raio da Terra no Equador 6.378.38 km 6.370 km

Raio da Terra nos Pólos 6.359.90 km (Diâmetro: 12.750 km)

Elipsidade (Achatamento) 1/297 1/300

Circunferência Equatorial 40.102.84 km 40.000 km

Circunferência Mediana 40.035.64 km

Comprimento de 1º (Longitude) no
Equador
111 km
Comprimento de 1º (Latitude) no
Equador

Comprimento de 1º (Latitude) nos


Pólos

Superfície total da Terra 510.100.000 km² 510 milhões de km2


(Aproximada)
26 Unidade III

Fonte: Extraído de Anderson (1982) e adaptado pelo autor

3.2- Escalas dos Mapas

O mapa é uma imagem reduzida de uma determinada superfície. Essa


redução - feita com o uso da escala - torna possível a manutenção da
proporção do espaço representado. É fácil reconhecer um mapa de
Moçambique, por exemplo, independente do tamanho em que ele é
apresentado, pois a sua confecção obedeceu a determinada escala, que
mantém a sua forma. A escala cartográfica estabelece, portanto, uma
relação de proporcionalidade entre as distâncias lineares num desenho
(mapa) e as distâncias correspondentes na realidade ou no terreno,
portanto o auxílio das escalas é imprescindível no processo da
representação gráfica da superfície como é esfera terrestre.
De maneira sucinta, define-se escala (E) como sendo a proporção entre
uma medição feita no mapa (d) e a sua dimensão real correspondente
no terreno (D). Por convenção a medição no mapa é colocada antes da
dimensão real (exemplo: 1cm igual a 1km ou quando a escala é dada
numa fracção representativa 1/1.000.000). Todas as cartas são
construídas fazendo uso de uma escala (Anderson, 1982).

As escalas podem ser indicadas de duas maneiras, através de uma


representação gráfica ou de uma representação numérica.

3.3- Escala gráfica


A escala gráfica é representada por um pequeno segmento de recta
graduado, sobre o qual está estabelecida directamente a relação entre as
distâncias no mapa, indicadas a cada trecho deste segmento, e a
distância real de um território. Observe:

Figura: exemplo de uma escala gráfica


Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 27

De acordo com este exemplo cada segmento de 1cm é equivalente a 3


km no terreno, 2 cm a 6 km, e assim sucessivamente. Caso a distância
no mapa, entre duas localidades seja de 3,5 cm, a distância real entre
elas será de 3,5 X 3, ou 10,5 km (dez quilómetros e meio).

A escala gráfica apresenta a vantagem de estabelecer directa e


visualmente a relação de proporção existente entre as distâncias do
mapa e do território.

3.4- Escala numérica

A escala numérica é estabelecida através de uma relação matemática,


normalmente representada por uma razão, por exemplo: 1: 300 000 (1
por 300 000). A primeira informação que ela fornece é a quantidade de
vezes em que o espaço representado foi reduzido. Neste exemplo, o
mapa é 300 000 vezes menor que o tamanho real da superfície que ele
representa.
Na escala numérica as unidades, tanto do numerador como do
denominador, são indicadas em cm. O numerador é sempre 1 e indica o
valor de 1cm no mapa. O denominador é a unidade variável e indica o
valor em cm correspondente no território. No caso da escala
exemplificada (1: 300 000), 1cm no mapa representa 300 000 cm no
terreno, ou 3 km. Trata-se portanto da representação numérica da
mesma escala gráfica apresentada anteriormente.

Figura: Exemplo de uma Escala numérica


28 Unidade III

Caso o mapa seja confeccionado na escala 1 300, cada 1cm no mapa


representa 300 cm ou 3 m. Para fazer estas transformações é necessário
aplicar a escala métrica decimal:

ou

3.5- Aplicação da escala

A escala (E) de um mapa é a relação entre a distância no mapa (d) e a


distância real (D). Isto é:

As questões que envolvem o uso da escala estão geralmente


relacionadas a três situações:

1. Calcular a distância real entre dois pontos, separados por 5 cm (d),


num mapa de escala (E) 1: 300 000.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 29

2. Calcular a distância no mapa (d) de escala (E) 1: 300 000 entre dois
pontos situados a 15 km de distância (D) um do outro.

3. Calcular a escala (E), sabendo-se que a distância entre dois pontos no


mapa (d) de 5 cm representa a distância real (D) de 15 km.

3.6- Precisão Gráfica de uma Escala

O grau de plenitude na precisão dos mapas depende da sua escala. Os


mapas não fotográficos, são modelos, porque pretendem mostrar o
essencial existente no terreno. Há objectos considerados importantes
na representação cartográfica, que não são possíveis de representar no
mapa devido a certas limitações.
A distância mais curta, que o olho humano pode distinguir no mapa, é
de 0,2 mm, ou seja, é a medida de precisão. Isto é, ao elaborarmos um
mapa devemos não considerar os objectos que meçam menos de 0,2
mm nos mapas topográficos.
Num mapa de escala 1:50.000, uma medida de 0,2 mm no mapa
representa uma distância de 10 m no terreno; isto significa que todos
os objectos inferiores a 10 m não podem ser representados nesse
mapa. No mapa de 1:1.000.000, só se pode representar objectos
superiores a 2 m, e no do 1: 20.000 os objectos não podem ter
dimensões inferiores a 4 m. Para escala de 1:100.000 as dimensões
não devem ser inferiores a 20 m, 1:50.000 não inferior a 100 m e para
escala de 1:1.000.000 não inferior a 200 m.
30 Unidade III

3.7- Diferença Entre Mapas e Plantas Topográficas

As plantas representações de pequenas porções da superfície terrestre


onde não se faz sentir a curvatura desta, as linhas e pontos
representados não sofrem deformações decorrentes da esfaricidade da
Terra o que não se faz sentir em cumprimentos inferiores a 20 km. A
escala conserva assim as suas medidas o que não acontece com os
mapas geográficos cuja escala varia de ponto para ponto devido a
maior extensão abrangida por esta.

A escala da planta indica o número de vezes mais pequena que o


território. Para se saber a medida real terá que se multiplicar o número
da medida da escala.

3.8- Atlas Geográfico:

Atlas Geográfico define-se como sendo um conjunto de mapas


geográficos produzido com um determinado objectivo.
Ele exprime um sistema de mapas interligados entre si cujo objectivo
é definido pela especificidade do seu uso- Mikailov.
De acordo com o mesmo autor o atlas geográfico tem uma
classificação que obedece a certos critérios dos mapas geográficos.
Assim em função do território o Atlas geográfico divide-se em:
Atlas do Mundo
Atlas de Estados isolados
O mesmo pode ser Físico, complexo, didáctico ou turístico.

3.9- Teoria dos Erros nas Medições

Medir uma distância é comparar essa distância com uma determinada


unidade de medição. Assim dizer que a distância AB=70 Cm , quer
significar que a unidade de medida de 1 Cm cabe 70 vezes nessa
medida.

X=n x l , ou seja, 70=70 x 1 Cm

As medidas de medição variam de país para país.


Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 31

1 polegada =2,45 Cm
1 pé =30,48 Cm
1 jarda =3 pés
1 milha terrestre =1609,1 m
1 milha marítima =1853,2 m
1 hectare (ha) =10000m2
1 palmo =22 Cm
1 vara =1,10 m
1 légua =5 Km

Em Moçambique utiliza-se o metro.

Durante as medições surgem erros. Alguns erros surgem dom


instrumento de medições que se utiliza-se, outros derivam do meio
onde se realizam as medições. Distinguem-se erros sistemáticos e
erros causais.

3.9.1- Tipos de Erros

Os erros que durante uma medição podem ter lugar, dividem-se


segundo a sua origem (causa) e carácter, essencialmente em três
classes:

 Erro grosseiro;
 Erro sistemático; e
 Erro acidental ou causal

3.9.2- Erros Grosseiros

Um erro de medição diz-se grosseiro quando as suas causas assentam


na falta "grosseira" de atenção, de princípio evitável, por parte do
experimentador. Estes erros podem ser causados tanto pela falta de
cuidado do observador durante a experimentação, assim como da má
escolha do método de medição. Como estes erros podem ser evitáveis
e detectáveis, podem ser eliminados do conjunto de medições.
32 Unidade III

3.9.3- Erros Sistemáticos

Um erro de medição diz-se sistemático, se:

Para as medições sob mesmas condições, o erro apresenta um valor


constante;
Na variação regular das condições de experimentação, o erro variar
também de forma regular e manter-se constante.

Os erros sistemáticos são essencialmente causados pela imperfeição


ou defeito dos corpos de medição, dos aparelhos de medição, dos
métodos de medição e pelas influências do meio e do observador.
Seja, por exemplo, medido um dado comprimento usando uma régua
cujas divisões são falsas, assim serão todos os comprimentos, maiores
ou menores, apesar do maior cuidado que tenha o experimentador. De
igual modo, um termómetro mal graduado conduz à um erro
sistemático durante a medição da temperatura.

Os erros sistemáticos podem ser cometidos sempre que os métodos de


medição usados, não correspondam às condições da relação escolhida
para a avaliação do valor da medição.

3.9.4- Erros Acidentais


Um erro de medição que seja causado por incidente causal, denomina-
se erro acidental ou causal. Os erros acidentais são provocados pela
variações que podem ocorrer nos corpos e aparelhos de medição e do
ambiente e do observador.
Esteja um observador medindo um mesmo objecto com o mesmo
aparelho e sob as mesmas condições, os valores de medição serão
pouco diferentes um dos outros devido aos erros acidentais. Dado que
os erros acidentais são provocados por incidentes causais, quanto
maior for o número de medições efectuadas, mais desprezíveis se
torna o erro. Enquanto que os erros sistemáticos tornam o resultado de
medição incorrecto ou errado, os erros acidentais tornam o resultado
de medição inseguro, e esta insegurança pode ser caracterizado por um
cálculo da grandeza.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 33

Para compreendermos a razão dos erros acidentais devemos


considerar a existência de insegurança nas leituras, o que provoca o
espalhamento dos valores de medição. A insegurança nas leituras
limita o número de casas decimais favoráveis, através dos quais o
observador pode dar o resultado mais exacto de cada medição.
Suponhamos que seja lido com ajuda de um nónio um comprimento
L=12,3 mm. Isto significará que o verdadeiro valor, que se pretenda
medir, estará compreendido entre o intervalo 12,25 mm <L> 12,35
mm. Isto é, o erro de leitura será de módulo 0,05 mm.

 X  Xn 
2


n 1
Os erros causais esclarecem-se repetindo as medições, de modo a
obter a média das várias medições, obedecendo a seguinte fórmula:

 X  Xn 
2


n 1
Onde:

= Desvio padrão;

X = Valor médio;

X=Medições efectuadas

Sumário
Os principais elementos dos mapas cartográficos são de grande
importância pois nos ajudam a poder interpretar com facilidade os
diferentes fenómenos que se encontram representados na carta, a sua
dinâmica e os principais constrangimentos decorrentes de erros que
advém da sua aplicação.
34 Unidade III

Exercícios
1- Calcule a distância no terreno, cuja sua correspondente no mapa
é de 25 cm na escala 1: 250000

2- Qual é a distância no mapa cuja distância no terreno é de 50 km,


e escala de 1:250000

3- Determine a escala, sabendo que a distância no terreno é de


25km e no mapa corresponde a 25cm?

Realize os exercícios e entregue o nº 2


Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 35

Unidade IV

Sistema de Coordenadas Aplicadas


em Topografia.

Introdução
Esta unidade dá a entender aos estudantes a essência dos sistemas de
coordenadas, isto é, como referenciar um ponto. De outra linguagem,
como determinar a localização de um ponto na superfície terrestre ou
no espaço celeste utilizando referências cartográficas.

Assim o Estudante desta Unidade será no futuro capaz de saber


localizar no mapa ou partindo do terreno localizar no mapa e vice e
versa. Esta habilidade é de necessidade extrema na medida em que
possibilita o estudante situar-se no espaço.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Descrever o sistema de coordenadas geográfica;

 Identificar os elementos dos sistemas de coordenadas


Objectivos
geográficas (usadas em cartografia);

 Descrever a essência dos sistemas de coordenadas usadas em


cartografia (coordenadas cartesianas planas: rectangulares e
polares)

 Realizar os diferentes exercícios que correspondem as


Coordenadas geográficas.
36 Unidade IV

4.1- Sistema de coordenadas

Sistema de coordenadas é uma forma de referenciar sem


ambiguidade, a posição de um ponto no plano, no espaço
tridimensional ou sobre uma superfície, através de ângulos e
distâncias medidos a partir de referências determinadas.
Coordenadas geográficas é um sistema de coordenada da qual usa a
latitude e a longitude, definidas numa superfície terrestre ou numa
superfície de referência de modo a georeferenciar a posição de um
ponto no plano como atrás se salientou (Gaspar, 2004).
No tratamento das coordenadas geográficas precisamos ter a noção de
Longitude e latitude de um lugar.
Latitude de um lugar é a coordenada geográfica ou geodésica
definida na esfera, no elipsóide de referência ou na superfície terrestre,
que é o ângulo entre o plano do equador e a normal à superfície de
referência. A latitude mede-se para norte e para sul do equador, entre
90º Sul, no Pólo Sul (ou pólo antárctico) (negativa), e 90º Norte, no
Pólo Norte (ou pólo Árctico) (positiva). A latitude no equador é igual
a 0º. O modo como a latitude é definida depende da superfície de
referência utilizada:

Figura: Esquema representativo de coordenadas Geográficas

Longitude: é a localização de um ponto da superfície, medida em


graus, nos paralelos e no meridiano de Greenwich. Ela é definida pelo
meridiano e a sua linha de referência é o meridiano de Greenwich,
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 37

sendo isto, ela varia de 0º no meridiano de Greenwich a 180º para


leste ou oeste.
Plano equatorial: é um plano imaginário que divide a terra em dois
pólos: norte e sul de forma igual mas de uma maneira metafórica,
sendo o mesmo que cortar duas laranjas em duas partes iguais com
uma faca.

Paralelos, linhas imaginárias paralelas ao plano equatorial. Estes


paralelos são círculos menores completos, obtidos pela intersecção do
globo terráqueo com planos paralelos ao equador. Possuem as
seguintes características:

1. Eles são sempre paralelos entre si. Ainda que sejam linhas
circulares, sua separação é constante;
2. Vão sempre em direcção Leste-Oeste;
3. Os paralelos cortam os meridianos formando ângulos rectos.
Isto é correcto para qualquer lugar do globo excepto para os
pólos uma vez que neles a curvatura dos paralelos é muito
acentuada;
4. Todos paralelos, com excepção do equador, são círculos
menores e o equador é um círculo máximo completo;
5. O número de paralelos que se pode traçar sobre o globo é
infinito. Por conseguinte, qualquer ponto do globo, com
excepção do polo norte e sul, está situado sobre um paralelo.

Meridianos: são linhas imaginárias paralelas ao meridiano de


Greenwich que ligam os pólos norte e sul. Todos meridianos são semi-
círculos máximos cujos extremos coincidem com os pólos norte e sul
da terra. Ainda que seja correcto que o conjunto de dois meridianos
opostos constituam um círculo máximo completo, é necessário
recordar que um meridiano é só um semicírculo máximo, e que é um
aro de 180º.

As outras características dos meridianos são:

1. Todos os meridianos tem direcção norte-sul;


38 Unidade IV

2. Eles tem sua máxima separação no equador e convergem em


direcção aos dois pontos comuns nos pólos;
3. O número de meridianos que se pode traçar sobre o globo é
infinito, sendo assim, existe um meridiano para qualquer ponto
do globo e para a sua representação em mapas, os meridianos
se seleccionam separados por distâncias iguais adequadas.

4.2- O meridiano de Greenwich

Greenwich se tornou um meridiano referencial internacionalmente em


1884 devido a um acordo internacional que aconteceu em
Washington, isso para padronizar as horas em todo o mundo,
Greenwich foi escolhido por “cortar” o observatório astronómico real,
localizado em Greenwich da qual é um distrito de Londres.

4.3- Os tipos de Sistema de coordenadas

Os sistemas utilizado nas ciências cartográficas podem agrupar-se em


3 grandes famílias: Os Sistema de coordenadas Cartesianas planas
(Rectangulares e Polares), empregues em cartografia e topografia; O
Sistema de coordenadas Cartesianas tridimensionais, usadas em certas
aplicações da Geodésica; e os Sistema de coordenadas Curvilíneas,
definidas sobre a esfera e o elipsóide tais como as coordenadas
geográfica e as coordenadas de esfera celeste (Gaspar, 2004). As
coordenadas astronómicas ou naturais são um tipo de coordenadas
curvilíneas definidas a superfície da terra que tomam como referência
a vertical do lugar e a direcção do eixo de rotação.
Presentemente, serão analisados os Sistema de coordenadas planas
(Rectangulares e Polares), por serem estas as empregues em
cartografia e topografia como atrás se salientou.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 39

4.4- Coordenadas Rectangulares

Um Sistema de coordenadas cartesianas Rectangulares planas ou


simplesmente um Sistema de coordenadas Rectangulares é todo
aquele que utiliza duas medidas de distância rectilínea a dois eixos
perpendiculares entre sí (X e Y) que podem ser os paralelos e os
meridianos, também chamados eixos coordenados para referenciar a
posição de um ponto. A linha dos X podemos chamar de coordenada x
ou abcissa e esta linha começa do ponto O (ponto de intersecção dos
dois eixos) para projectar um dado ponto pretendido (Exemplo: ponto
C ou A da figura abaixo). Já a linha dos Y chamamos de coordenada y
ou ordenada e esta linha também começa do ponto O, de modo a
projectar, a partir desta linha, um dado ponto pretendido “ponto P”
(Gaspar, 2000).

Figura: coordenadas rectângulares

As quatro áreas delimitada pelos eixos coordenados designam-se por


“quadrantes” e estes quadrantes são por convenção numerados de 1 a
4, começando no quadrante superior direito e rodando no sentido
contrário ao dos ponteiros do relógio até acabar no quadrante inferior
direito, como se ilustra na mesma figura. As grandezas tomadas como
unidades nos eixos de coordenadas podem ser metros, quilómetros,
milhas ou quaisquer outras e são escolhidas de acordo com as
conveniências. A fim de se poder diferenciar as posições nos quatros
quadrantes, os eixos coordenados são orientados, isto é, possuem um
sentido positivo (para cima e para a direita) e um sentido negativo
40 Unidade IV

(para baixo e para a esquerda). Sendo isto, os pontos no 1º quadrante


tem abcissas e ordenadas positivas; os pontos do 2º quadrante tem
abcissas negativas e ordenadas positivas; os pontos do 3º quadrante
tem abcissas e ordenadas negativas e os pontos do 4º quadrante tem
abcissas positivas e ordenadas negativas. Assim, a localização do
ponto C na figura será através das coordenadas x=3 e y=4 (idem).

4.5- Coordenadas polares

Segundo Gaspar (2005), estas coordenadas são uma forma alternativa


para referenciar as posições no plano através de uma distância e de um
ângulo. Enquanto que no Sistema de coordenadas Rectangulares se
utilizam dois eixos coordenados, no Sistema de coordenadas polares
utiliza-se um único designado por eixo polar. Um ponto P no plano é
referenciado através de uma distância ρ à origem ou polo, do eixo
polar (O) e de um ângulo θ, formado entre o eixo polar e a linha OP
designada por “raio vector” (ver a figura abaixo).

As coordenadas polares, r e θ, de um ponto sobre o plano euclidiano


cuja origem é denotada por O são definidas como:

 r: a distância entre esse ponto e a origem O,

 θ: o ângulo formado entre o segmento de recta que une esse


ponto à origem e o eixo xx.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 41

4.6- Relação entre os tipos de coordenadas

Da definição anterior, auxiliada pela comparação com o gráfico,


podemos concluir as relações entre o par (x, y) de coordenadas
cartesianas e o par (r, θ) de suas coordenadas polares. Assim obtemos:

Sumário
Para a localização geográfica de um ponto num determinado lugar na
superfície terrestre usamos ângulos e distâncias medidas a partir de
referências determinadas. Para coordenadas geográficas ou em
cartografia, usamos geralmente a latitude e a longitude definidas a
partir do equador para os paralelos e do meridiano (de Greenwich)
para a longitude.
Existem vários tipos de sistemas de coordenadas mas as de interesse
para a cartografia são as coordenadas planas (Rectangulares e Polares)
sendo as rectangulares as mais comumente usadas e as polares como
alternativo para a georeferenciação. A diferença neles reside no facto
de nas coordenadas rectangulares utilizar duas medidas de distância
rectilíneas perpendiculares entre si que podem ser os paralelos e os
meridianos ao passo que nas coordenadas polares usar-se uma
distância e um ângulo.

Exercícios
1. Qual é a diferença que existe entre a latitude e a longitude?
42 Unidade IV

2. Defina a função dos sistemas de coordenadas.


3. Quais são os tipos de sistemas de coordenadas que conheces?
4. Identifique os tipos de coordenadas de interesse para a
cartografia?
5. Dê a localização dos pontos C, D e a área B na figura acima.

Faça os Exercícios e entregue os nº 2 e 5


Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 43

Unidade V

Processo de Orientação

Introdução
O presente capítulo tem por finalidade incutir no estudante alguns
conhecimentos sobre o processo de orientação, isto é que o
estudante tenha bases de se orientar em qualquer local onde se
encontre. Neste deverá estudar as formas tradicionais de orientação,
cujo conhecimento o homem detém a vários anos e vem aplicando
em vários processos como foi o caso da época das grandes
navegações. Depois vai ter a noção de orientação com a bússola
magnética nas suas diferentes formas e versões com a utilização
dos mapas.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Definir a orientação.

 Interpretar os processos de orientação por diversas formas.


Objectivos
 Explicar os vários processos de orientação.

 Assumir a importância da orientação nos trabalhos cartográficos.

 Distinguir as diversas variáveis que influenciam o processo de


orientação.

 Calcular os diferentes Azimutes e rumos tanto


esquematicamente quanto nas transformações matemáticas.
44 Unidade V

5- Processo de Orientação.

Orientação significa procurar o Oriente, de maneiras que quando


encontramos um dos pontos cardeais estão encontrados todos os
outros.
Designa-se por orientação ao processo de determinar a direcção de
qualquer um dos pontos cardeais.
Para a determinação dos pontos cardeais, temos que ter a noção de
que o meridiano do lugar intercepta o horizonte geográfico
seguindo a linha Norte-Sul a qual pode ser também chamada
Meridiano. Se imaginarmos uma linha assente ao horizonte e
perpendicular a meridiana obteremos 4 pontos do horizonte que
têm o nome de Pontos Cardeais.

Figura de Pontos Cardeais

Se tirarmos as bicetrizes aos ângulos rectos vamos ter quarto


direcções ao horizonte os chamados pontos colaterais. Assim temos
o Nordeste, o Noroeste, o Sudeste e o Sudoeste. Existem também
outros pontos intermédios que são achados entre os pontos
colaterais e os Cardeais. Estes são:
Nor-Nordeste, entre o Norte e o Nordeste.
Es- Nordeste entre o Leste e o Nordeste
Es-Sudeste, entre o Este e o Sudeste
Su-Sueste, entre o Sul e o Sueste
Owes-Noroeste, entre o Oeste e o Noroeste
Nor-Noroeste, entre o Norte e o Noroeste.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 45

Dá se o nome de Rosa dos ventos ao conjunto de todas as


direcções.

5.1- Processos de Orientação

Existem vários processos de orientação a saber:


Pela Bússola
Pelo Sol
Pelo relógio
Pelas igrejas
Pelas estrelas, etc

5.1.1- Orientação pelo Sol

Se voltamos para o Sol ao meio dia fica a nossa frente o Sul e a


retaguarda o Norte a esquerda o Oriente e a direita o Ocidente. Esta
prática pode se aplicar no Hemisfério Norte a Norte do Trópico de
Cancer.
No Hemisfério Meridional a Sul do Trópico de Capricórnio
verifica-se o contrário.

Figura: Representação esquemática de orientação por Sol

Na zona Intertropical, depende do lugar e da época do ano.


Nos Equinócios o Sol ao nascer indica o Este ou nascente, no seu
ocaso indica o Ocidente isto na Zona Intertropical.
46 Unidade V

5.1.2 Orientação pelo Relógio.

Coloca-se o relógio a qualquer hora do dia, de tal modo que o


ponteiro das horas indique a posição do Sol e traça se a bicetriz do
ângulo do ponteiro e a linha que indica 12 horas. Com o ponto que
indica o meio dia, teremos a direcção Sul em qualquer hemisfério

5.1.3- Orientação pelo Cruzeiro do Sul

Pode se utilizar o Cruzeiro do Sul e o triângulo austral para se


encontrar a direcção próxima do Polo Sul

5.1.4- Orientação pelos mapas

Deve-se virar o mapa de tal forma que os objectos coincidam com a


realidade e em seguida ler o ponto cardeal Norte no mapa e
finalmente localiza-se os restantes pontos cardeais no mapa.

5.1.5- Orientação pelas Igrejas

Os altares das Igrejas no Hemisfério Sul, na sua maioria indicam a


direcção Norte.

5.1.6- Orientação pela Bússola

A bússola consiste numa agulha imantada de aço que se move


livremente em torno de um pivô. A agulha tem a forma de um
losango. Na sua parte central tem uma peça de ágata ou de qualquer
outro material que serve de apoio.
Todo o conjunto está condicionado numa caixa metálica o que
possibilita o seu emprego prático.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 47

O emprego da bússola é baseado na propriedade que a agulha


imantada possui de se orientar sempre para o polo magnético
terrestre quando se move livremente pelo pivô
O valor das indicações da bússola dependem da sensibilidade da
agulha e da constância com que a agulha conserva o meridiano.
A primeira condição depende da facilidade com que a agulha se
movimenta em torno do pivô.
A segunda condição depende da força que a obriga a esta posição.

Sumário
Como foi referenciado em análise anterior, orientar-se significa
encontrar o Oriente, de maneiras que possa com facilidade
determinar a direcção a seguir para chegar a um determinado ponto
da superfície terrestre ou localizar qualquer objecto nela existente.
Para tal ao longo de vários anos o Homem recorreu a diversos
métodos para poder se orientar na superfície do globo, dos quais
são expostos alguns neste manual para que o Estudante tenha a
noção da sua utilização na prática..

Exercícios
1- Diga quantos pontos cardeais e colaterais existem na Rosa
dos ventos?

2- Determine as medidas aproximadas em graus de cada um


dos pontos cardeais e colaterais.

3- Existem outros pontos além dos mencionados? Quais são?

Faça as questões colocadas e entregue o nº 2


Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 49

Unidade VI

Inclinação e Declinação Magnética.

Introdução
Dentro do processo de orientação existem os conceitos de inclinação e
declinação magnética, sem os quais o estudante teria muitas
dificuldades de entender as diferentes transformações que se operam na
determinação de azimutes e rumos magnéticos o que seria impossível
determinar os dados correctos no processo de orientação.

Deste modo pretende-se com este capítulo potenciar o estudante de


elementos básicos do comportamento do globo terrestre no campo
magnético e a sua influência nas diferentes esferas.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir a noção de inclenação magnética

 Determinar as diferentes formas de inclinação magnética


Objectivos
 Definir o conceito de declinação magnética.

 Explicar as formas de variação da declinação magnética

 Definir o conceito de azimute e rumo

 Interpretar as diferentes transformações que ocorrem entre o


azimute e o rumo.
50 Unidade VI

6.1- Inclinação Magnética

A Terra exerce sobre a agulha imantada uma influência semelhante a


exercida sobre um grande íman. A agulha imantada quando suspensa
pelo centro de gravidade orienta-se voltando as suas extremidades para
uma direcção aproximada a dos pólos geográficos. Essa direcção é o
Meridiano Magnético do lugar. A acção do magnetismo da terra sobre a
agulha imantada é simplesmente directriz ou orientação, o que se
demostra colocando uma agulha imantada suspensa pelo seu centro de
gravidade por um fio que será preso por um suporte de um fio de
prumo.
A agulha imantada orienta-se na direcção Norte Sul, mas o fio que a
prende mantém o seu paralelismo com o fio de prumo
A terra tem a sua grande propriedade magnética e então as
extremidades da agulha são atraídas por duas forças actuando em duas
direcções opostas que são os pólos magnéticos da terra os quais não
coincidem com os pólos geográficos.
A linha que une os pólos magnéticos da terra é denominada por
meridiana magnética. E a ponta da agulha que se dirige ao ponto
magnético é a ponta Norte ou ponta Sul.
Em pontos equidistantes dos pólos magnéticos da terra a atracção
exercida sobre a agulha imantada tem a mesma intensidade havendo
portanto um equilíbrio e naqueles em que a distância é desigual a
agulha imantada será atraída pelo pólo mais próximo e inclinar-se-á
para ele ocasionando o que se chama de Inclinação Magnética.
No nosso hemisfério uma agulha imantada suspensa pelo seu centro de
gravidade não somente se orienta pelo plano da meridiana magnética
como também inclina a sua extremidade Sul para baixo formando com
o plano horizontal um ângulo a que designamos de Inclinação
Magnética.
A eliminação da inclinação magnética consegue-se tornando a agulha
mais leve ou colocando um contrapeso.
Em vário pontos da superfície da terra a agulha imantada é nula e se
ligarmos esses pontos teremos o equador magnético que se encontra
perto do equador geográfico.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 51

6.2- Declinação Magnética

A agulha imantada é orientada de tal modo que suas extremidades


ocupem a posição da meridiana magnética e sabe-se que a direcção
para onde a agulha imantada varia de lugar para lugar e no decurso do
tempo. Segundo alguns historiadores, foi Cristóvão Colombo que
observou esta variação dada em sua viagem de 13 de Setembro de
1492.

Figura- Diferença entre o Pólo Magnético e Geográfico

Deste modo, designa-se por Declinação Magnética ao ângulo formado


entre o Norte verdadeiro ou geográfico e o Norte magnético. Este
ângulo exprime o valor da declinação magnética, pode ser ocidental ou
positivo quando a ponta Norte da agulha imantada se volta para Oeste e
oriental ou negativo quando para leste.
Quando o Norte magnético se confunde com o verdadeiro não se forma
nenhum ângulo, logo a declinação será nula.

6.3- Variação da Declinação Magnética

Numa mesma localidade pode se observar uma variação dos valores da


declinação magnética, umas variam regularmente com o tempo e outras
são anormais ou perturbações.
As variações da declinação magnética podem ser:
52 Unidade VI

a) Variação geográfica – quando a variação magnética no mesmo


lugar difere de lugar para outro isto é cada lugar tem a sua
declinação magnética. Os autores dão como sendo de 0º 6′.
Assim em Moçambique a declinação magnética em 1986 era de 10º W.
Os pontos da superfície da Terra têm o mesmo valor da declinação num
mesmo instante, e quando unidos têm o nome de Isogónicas. As cartas
ou mapas que têm estas linhas são chamadas Cartas Isogónicas.

6.4- Variações seculares

São variações que se registam ao longo dos séculos em que o pólo


Norte magnético, caminha em direcção ao pólo Norte geográfico.
As primeiras observações foram realizadas na França em 1580, nessa
época a declinação era D= 9º e foi diminuindo até que chegou a um
valor de 0º em 1660, daí passou a ser Ocidental até 1814 quando
atingiu o valor de 22º e 30′, voltando novamente para leste.

6.5- Azimute Magnético, Rumo Magnético

Azimute Magnético de um alinhamento é o ângulo que a direcção desse


alinhamento forma com o meridiano magnético. A direcção Norte Sul
chama-se linha de Fé (N,S).
Os azimutes magnéticos variam de 0 a 360º e são contados a partir da
ponta Norte da agulha no sentido dos ponteiros do relógio conforme se
pode observar na figura em baixo.
Azimute Geográfico ou Verdadeiro: definido como o ângulo
horizontal que a direcção de um alinhamento faz com o meridiano
geográfico. Este ângulo pode ser determinado através de métodos
astronómicos (observação ao sol, observação a estrelas, etc.) e,
actualmente, através do uso de receptores GPS de precisão.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 53

Azimute Magnético: definido como o ângulo horizontal que a direcção


de um alinhamento faz com o meridiano magnético. Este ângulo é
obtido através de uma bússola, como mostra a figura a seguir.

Os azimutes (verdadeiros ou magnéticos) são contados a partir da


direcção norte (N) ou sul (S) do meridiano, no sentido horário -
azimutes à direita, ou, no sentido anti-horário - azimutes à esquerda,
variando sempre de 0 a 360.

A figura a seguir ilustra as orientações de quatro alinhamentos


definidos sobre o terreno através de Azimutes à Direita, ou seja, dos
ângulos contados a partir da direcção norte do meridiano no sentido
horário.
54 Unidade VI

Figura: Representação esquemática de azimutes.

6.5- Rumo magnético

O Rumo magnético, é o menor ângulo que o alinhamento faz com a


direcção definida pela linha de fé (NS), é encontrado a partir da ponta
Norte ou ponta Sul como origem e nunca ultrapassa 90º.
Os rumos podem ser Nordeste, Sudeste, Sudoeste e Noroeste, conforme
se encontram nos 1º, 2º, 3º e 4º quadrantes respectivamente.
São contados á direita ou a esquerda conforme o alinhamento se
encontra mais próximo do Este ou Oeste.
Rumo Verdadeiro: é obtido em função do azimute verdadeiro através
de relações matemáticas simples.
Rumo Magnético: é o menor ângulo horizontal que um alinhamento
forma com a direcção norte/sul definida pela agulha de uma bússola
(meridiano magnético).
Os rumos (verdadeiros ou magnéticos) são contados a partir da direcção
norte (N) ou sul (S) do meridiano, no sentido horário ou anti-horário,
variando de 0 a 90 e sempre acompanhados da direcção ou quadrante
em que se encontram (NE, SE, SO, NO).
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 55

A figura a seguir ilustra as orientações de quatro alinhamentos


definidos sobre o terreno através de Rumos, ou seja, dos ângulos
contados a partir da direcção norte ou sul do meridiano (aquele que for
menor), no sentido horário ou anti-horário.

Observando as figuras acima, pode-se deduzir as relações entre


Azimutes à Direita e Rumos:

6-6- Conversão de Rumos em Azimutes e vice-versa

Consideremos o alinhamento OA OB OC e OD, situados


respectivamente no 1º, 2º 3º e 4º quadrantes e sejam dados os seguintes
rumos, R1= 45º NE, R2= 30º SE R3=60º SE, R4= 45º NW, faça a
conversão desses Rumos em Azimutes.

6.7- Conversão de Azimutes em Rumos.

Considere os alinhamentos OA, OB e OC, cujos valores azimutais são


respectivamente

Az1= 145º, Az2= 150º, Az3= 240º Az4=315º, respectivamente pelos


alinhamentos: OA OB e OC, faça a conversão destes valores azimutais
em rumos apoiando-se na figura a seguir.
56 Unidade VI

Azimute  Rumo Rumo  Azimute

Quadrante

1o R = Az (NE) Az = R

2o R = 180 - Az (SE) Az = 180 - R

3o R = Az - 180 (SO) Az = R + 180

4o R = 360 - Az (NO) Az = 360 - R

Fórmulas usadas para a conversão de Rumos em Azimutes e vice versa

Sumário
O Conhecimento de Azimute e Rumo verdadeiros e magnéticos são
elementos que possibilitam a melhor compreensão de como se orientar
no espaço e no terreno, com o recurso ao uso de instrumentos de
medição destes ângulos. A consideração da declinação magnética no
processo de orientação no espaço possibilita que se entenda a dinâmica
que este ângulo tem ao longo dos anos e a sua importância.

Exercícios
1- Determine o azimute, à direita e à esquerda, correspondente ao rumo
de 2738'40" SO?

2- Determine o rumo e a direcção correspondente ao azimute à direita


de 15610'37"?

3- O valor do rumo de uma linha é de 3145'NO. Encontre os azimutes


à vante e à ré (ambos à direita), da linha em questão.

4- Determine o rumo e a direcção para o azimute de 27745’01”.

5- Determine o rumo e a direcção para o azimute de 19735’43”.

6- Determine o azimute à esquerda para o rumo de 3935’36”SE.

Faça as questões de contidas nos exercícios e entregue as do nº4 e 6


Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 57

Unidade VII

Formas de Representação do
Terreno.

Introdução
Foi sempre preocupação do Homem ao longo dos anos representar
a Terra em que vive e com maiores detalhes possíveis. Neste
contexto encontrou a representação das deformações que são feitas
no processo da projecção da superfície em plano, os pontos
cotados, as curvas de nível que podem adquirir diversas formas de
acordo com a utilidade que se pretende alcançar. A melhor forma
de representar os acidentes decorrentes das diversas formas de
relevo estão nas curvas de nível cujas propriedades são de forma
resumida aqui apresentadas.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Identificar as diferentes formas de representação do relevo.

 Caracterizar as curvas de nível


Objectivos
 Destacar as outras formas de representação do relevo terrestre

 Construir um perfil cartográfico com base em dados de uma


dada elevação.
58 Unidade VII

A representação do relevo é de tão grande importância devido a sua


demais variedade, sendo que é nela que habitamos e praticamos as
actividades quotidianas. Dentre várias importância da
representação do O

As finalidades de representação do relevo tem uma particularidade


de facilitar a sua utilização em diferentes sectores de actividade
como: para planeamento agrícola, militar, de transporte e infra-
estrutura, para pesquisas científicas entre outras.
Dois dos aspectos mais importantes dentre as características físicas
de uma área são a altitude e o relevo. A altitude é o resultado da
diferença vertical entre um ponto de referência (normalmente o
nível de mar) e um outro ponto objectivo. Isto fornece a cota do
ponto, ou seja, sua altitude acima do nível do mar. Altitude e cota
são independentes da geomorfologia; Relevo é o resultado da
diferença vertical relativa (altura) entre vários pontos contidos
numa área específica e não se refere a altitudes e cotas (Anderson,
2002).
A representação do relevo data já desde a muito tempo.
Historicamente, os primeiros métodos empregues para o
representar eram bastante rudimentares e até pouco ingénuos. Só a
partir do século XVIII e coincidindo com o advento dos
levantamentos topográficos sistemático na Europa, outros métodos
mais exactos começaram ser desenvolvidos (Gaspar, 2000).
Desenvolvimentos mais significativos foram tornados possíveis a
partir do início do século XIX com o aparecimento da litografia e
sobretudo com o reconhecimento da necessidade de se medir a
altitude com maior exactidão e densidade. Datam desta época o
desenvolvimento e utilização sistemáticos de métodos dos
sombreados, das curvas de níveis e das cores hipsométricas,
métodos estes que continuam a se utilizar nos dias de hoje. Há que
salientar que nenhum deles consegue reunir as qualidades de
expressividade visual e de exactidão, por esta razão, é frequente a
sua utilização simultânea sobre a mesma carta (idem).
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 59

São vários métodos usados para a representação do relevo, dentre


eles os atrás salientados (sombreados, das curvas de níveis, das
cores hipsométricas), indo até os pontos cotados, hachuras, método
estereográfico, cantografia, método tracográfico entre outros.
Dentre todos estes métodos, os mais comumente usados e que
merecem maior destaque são os de pontos cotados e de curvas de
níveis pois porém, são essenciais e servem de bases para utilização
dos outros métodos.

7.1- Método de Pontos cotados

Este método consiste em preencher a superfície com uma malha de


pontos de altitudes conhecidas. As suas posições são escolhidas de
modo que tanto quanto possível, a inclinação do terreno entre três
pontos adjacentes seja aproximadamente constante (Gaspar, 2005).
Segundo Dos Anjos (2007), este método é dos procedimentos mais
simples: após o cálculo das alturas de todos pontos de interesse do
terreno, os mesmos são lançados em plantas através de suas
coordenadas topográficas (X;Y) ou UTM (N;E), registando-se ao
lado do ponto o número correspondente a sua altura relativa (cota)
ou absoluta (altitude).
Na representação altimétrica do terreno, a escolha do plano de
referência (cotas) deve ser tal que evita ocorrência de valores
negativos. No caso das altitude, esta preocupação não procede,
tendo em vista que o referencial adoptado é oficial em todo país.
Todos pontos de igual altura (altitude ou cota) estão sobre um
mesmo plano que é paralelo ao de comparação. Este é o princípio
fundamental do sistema de pontos cotados.
No plano cotado, todos pontos relativos ao perímetro bem como os
que caracterizam os acidentes internos da propriedade levantado,
deverão ser devidamente cotados, daí o nome do processo. Embora
não representando a forma do terreno, este processo se constitui no
elemento básico para o traçado das curvas de níveis por
interpolação, principalmente quando se trata de levantamento de
área relativamente extensa.
60 Unidade VII

Este método é sobretudo usado na cartografia náutica e também nas


cartas topográficas de maior escala em conjunto com o método das
isobatimétricas e curva de níveis. Nas cartas náuticas, por razões
de segurança e exactidão da navegação, a densidade dos pontos
(sondas) é tanto maior quanto menor for a profundidade e mais
irregular for o fundo (Gaspar, 2005).

Figura: Planta de pontos cotados

Há que salientar que um plano cotado apresenta o inconveniente


de oferecer uma ideia não muito clara do relevo do terreno que
representa. Sendo que para tal, a representação ficará mais visível
usando-se o procedimento do método das curvas de níveis (Dos
Anjos, 2007).

7.2- Método de curvas de níveis

Curvas de nível são curvas planas que unem pontos com igual
altitude. Anderson (2002), define-o como sendo uma linha traçada
no mapa que representa outra linha imaginária na superfície da
terra situada a uma elevação constante acima ou mais abaixo de um
plano de referência determinado. O plano de referência ou o ponto
zero a partir do qual mede-se as elevações e portanto, as curvas de
nível é geralmente o nível médio do mar, que é o ponto
equidistante entre as marés oceânicas mais altas e as mais baixas.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 61

7.3- Propriedades das Curvas de Nível

As curvas de nível devem espaçar-se por igual medidas verticais,


excepto em casos específicos. A este espaço ou distância vertical
entre as curvas de nível, denomina-se “equidistância das curvas de
nível”. Estas equidistância variam desde alguns metros em mapas
de grande escala e de regiões relativamente planas, até varias
centenas ou milhares de metros em mapas de pequena escala e de
regiões montanhosas. Quando as curvas são mais próximas
horizontalmente indicam uma diferença vertical em uma menor
distância planimétrica, portanto, uma maior inclinação do terreno.
Gaspar (2000) define a equidistância (natural) como sendo a
distância vertical entre duas superfícies de nível contíguas e quando
se refere a escala da carta ela chama-se equidistância gráfica.

Segundo Anderson (2002), as curvas de níveis devem obedecer


certas propriedades. Em sua forma mais sucinta, o autor apresenta
10 das principais propriedades das quais as Curvas de Nível devem
obedecer:

1. Todos os pontos de uma curva de nível têm a mesma


elevação acima do nível do mar.
2. Duas curvas de nível nunca se cruzam entre si.
3. As Curvas de nível nunca se bifurcam entre si (excepto em
situações muito especiais de penhascos, saltos, falhas
geológicas profundas, etc., que merecem símbolos
especiais).
4. Curvas de nível sempre atravessam horizontalmente
declives.
5. O terreno de um lado da curva de nível sempre é mais alto
que o terreno do outro lado da mesma curva de nível, em
outras palavras, a parte alta do terreno fica sempre de um
lado só da curva de nível. Portanto o lado de dentro de uma
curva de nível "fechada" é o lado mais alto do terreno,
(menos em depressões que tem um símbolo especial).
62 Unidade VII

6. O lado alto de uma curva de nível é o lado baixo da


próxima curva, isto é, o terreno entre curvas é mais alto que
uma curva e mais baixo que a outra.
7. Hachuras em curvas de nível apontam o lado baixo da
curva. (se usa geralmente para depressões e penhascos)
8. Quando uma curva de nível é atravessada por uma estrada,
uma caminho, etc., esta estrada tem um declive para cima
ou para baixo.
9. Curvas de nível têm reentrâncias em forma de v onde são
atravessadas por drenagens. (Os "V" são a expressão
horizontal dos pequenos vales de drenagem).
10. Curvas de nível muito próximas uma das outras
representam declives mais acentuados do que curvas
afastados entre si.

Figura: Mapa representando curvas de nível, com maior destaque nas


principais propriedades das curvas de nível.

De uma forma geral deve se entender as curvas de nível como uma


representação das principais deformações do terreno, onde as
elevações e depressões constituem os elementos mais salientes a
representar.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 63

Figura: representação esquemática de um perfil decurvas de nível

7.4- Aplicação das curvas de níveis

Um dos aspectos mais importantes das características físicas de


uma área é o relevo. Relevo e altitude são distintos, porém bem
interligados e recebem nas cartas topográficas a mesma
representação a qual a tradição histórica favorece o uso de curvas
de nível para as suas representações. Estas curvas de nível não são
marcadas no terreno, porém podem ser identificadas e
representadas cartograficamente, sendo por isso um bom auxílio
para os trabalhos de levantamento topográfico.
As curvas de níveis também são úteis para fazer ou traçar os perfis
topográficos da qual são representado os demais aspectos físicos e
humanizado existente no terreno levantado. Outra importância da
curva de nível é que ela é uma excelente base e serve para
combinar com outros métodos de representação do relevo para em
conjunto o representar.
64 Unidade VII

7.5- O perfil topográfico

É a representação por uma linha que é resultado de uma sequência


de levantamentos ao longo de inclinações diferentes da qual define
o relevo em seu percurso pela terra (Anderson, 2002). Dos Anjos
(2007), define-o como sendo a linha irregular que delimita a
intersecção de um plano vertical com a superfície do terreno.
Há que salientar que nesta linha são apresentados os demais
aspectos que caracterizam o relevo na área levantada, sejam eles
aspectos naturais como os rios, montanhas entre outros assim como
aspectos humanizados como estradas, linhas férreas, escolas entre
os demais. Estes perfis não são úteis somente para os geógrafos.
Eles são usados por engenheiros civis (quando se pretende
implantar uma obra em terreno irregular), por geólogos, agrónomos
entre outros, salientar também especialmente para militares para a
determinação da visibilidade de pontos de observação.

7.6- Passos para a construção de perfis topográficos

Há que salientar que estes passos referem-se a caso mais simples,


isto é, quando a escala horizontal do perfil é igual a escala da carta
topográfica.

Segundo Anderson (2002), são dados os seguintes importantes


passos para a construção de perfil:

1. Identificar na carta a linha do perfil (Figura “a”). Desenhar


no papel milimetrado os eixos horizontal e vertical para
acomodar as medidas no perfil, com o exagero vertical pré-
determinado.
2. Colocar a margem de uma folha de papel ao longo da linha
de corte, e marcar nela as extremidades do corte e o local
onde as curvas de nível são atravessadas pela linha de corte
(Figura “b”). Anotar as cotas altitudes das várias curvas de
nível ao lado de cada marca respectiva no papel. Onde duas
curvas de nível de mesma altitude aparecerem paralelas,
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 65

assinalar se existe uma elevação, seja ela cume, um vale ou


outro entre elas.
3. Anotar também, nos locais correctos, os nomes, estradas,
rios e etc.
4. As atitudes dos vários pontos são transferidas para o papel
milimetrado pelo posicionamento da folha contendo estas
altitudes na linha de base horizontal do corte. Depois são
marcados as suas alturas correctas de acordo com escala
vertical. Os pontos são depois unidos para dar a aparência
do terreno.
5. Terminar o desenho, colocando as informações abaixo
(legenda).

Há que salientar que estes passos referem-se a caso mais simples,


isto é, quando a escala horizontal do perfil é igual a escala da carta
topográfica.

Figura: Perfil representativo de curvas de nível

7.7- Resolução de alguns problemas na área de altimetria

7.7.1- Nivelamento

Nivelamento consiste na medição de diferença de altitude ou de


desnível ortométrico no terreno (Gaspar, 2004). O nivelamento é
sinónimo de “altimetria” e a outra definição desta é dada como
sendo a representação em projecção vertical das cotas ou distâncias
66 Unidade VII

verticais de um certo número de pontos referidos ao plano


horizontal da superfície terrestre.

Embora alguns autores como Casaca (2005) e Gaspar (2004)


afirmem que existem 2 métodos usados para o seu levantamento
nomeadamente o método do nivelamento trigonométrio ou
indirecto e do nivelamento geométrico ou directo, Anderson (2002)
vai mais longe afirmando que existem 4 métodos para fazer o seu
levantamento. Eis os 4 métodos salientados por este autor:

1. Nivelamento físico ou barométrico.


2. Nivelamento geométrico, directo ou por alturas.
3. Nivelamento taqueométrico ou estadimétrico
4. Nivelamento trigonométrico, indirecto ou por declíves.

No nivelamento físico ou barométrico as alturas dos pontos são


obtidas directamente pelo uso dos barómetros e aneróides. Por
depender da pressão atmosférica, ele é um método rápido, porém
rústico com baixa precisão (Anderson, 2002).

Ao método geométrico, obtém-se as cotas com emprego de níveis,


taqueométros e miras, através de cálculos aritméticos e geométricos
simples. Há que salientar que Existem dois tipos de nivelamentos
geométricos:

a) Simples, quando todos os pontos são nivelados sem necessidade


de mudança de instrumento, geralmente o nível de luneta.

b) Composto, quando pela extensão da área a nivelar, torna-se


obrigatória uma ou mais mudanças do instrumento. Geralmente o
instrumento é o nível de luneta. Sua função principal é obter um
plano horizontal que contenha o eixo de colimação e o centro
óptico da luneta, paralela ao plano "datum" de cota zero. A
distância entre os dois planos citados é chamado de " altura do
instrumento" e é obtida colocando-se uma mira (normalmente
graduada em centímetros e com tamanho extensivo até quatro
metros) sobre um ponto de cota conhecida ou arbitrária.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 67

A leitura feita na mira, estimando-se os milímetros, mais o valor da


cota, estabelecem a altura do instrumento e chama-se "visada de
ré". As leituras feitas na mira sobre os demais pontos a nivelar
previamente determinadas no terreno, chamada " visada de vante",
subtraída da altura do instrumento, fornece-nos as cotas dos
referidos pontos

Nivelamento taqueométrico ou estadimétrico, é o método


especial em que as diferenças de nível entre os pontos topográficos
são determinados pelos taqueómetros, isto é, teodolíto dotados de
"fios estadimétricos". Tanto como no método geométrico, aqui
também obtém-se as cotas com emprego de níveis, taqueométros e
miras, através de cálculos aritimétricos e geométricos simples. Para
a determinação das distâncias verticais e mesmo das horizontais
com o auxilio dos fio estadimétricos, faz-se necessário também a
mira utilizada nos nivelamentos geométricos (idem).

No método trigonométrico as cotas são determinadas por


processos de cálculos trigonométricos usando-se taqueométros de
grande precisão e este método pode ser de pequeno ou grande
alcance. No primeiro caso usam-se os clinómetros, os clisímetros
ou teodolitos de menor precisão; no segundo emprega-se os
taqueômetros de precisão (idem).

Sumário
São vários métodos usados para a representação do relevo, dentre
eles os de maior interesse são: método de pontos cotados e método
de curvas de níveis. O método de Pontos cotados consiste em
preencher a superfície com uma malha de pontos de altitudes
conhecidas ao passo que método de curvas de níveis consiste em
unir pontos de igual altitude, formando desse jeito uma linha de
igual altitude numa carta, sempre tomando como referência um
plano determinado que neste caso é o nível médio do mar.
68 Unidade VII

Outro aspecto importante quando se fala de relevo é o que tem a


ver com o nivelamento ou altimetria da qual pode ser definida
como sendo a representação em projecção vertical das cotas ou
distâncias verticais de um certo número de pontos referidos ao
plano horizontal da superfície terrestre. Embora alguns autores
considerem existir dois métodos para o seu levantamento (método
de nivelamento geométrico ou directo e o trigonométrico ou
indirecto), podem-se salientar 4 métodos: nivelamento físico ou
barométrico; nivelamento geométrico ou directo ou ainda por
alturas; nivelamento taqueométrico ou estadimétrico e o
nivelamento trigonométrico, indirecto ou por declíves.

Exercícios
1. Qual é a diferença que existe entre o método de pontos
cotados e da curva de nível?
2. Dê duas aplicabilidade das curvas de níveis.
3. defina o nivelamento.
4. Quais são os métodos empregues para o levantamento
altimétrico? Dê a essência de dois deles.

Faça as questões recomendadas e entregue a nº 1


Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 69

Unidade VIII

As Formas de Medição de Áreas.

Introdução
Uma das áreas mais importantes na Cartografia reside exatamente
nas formas de medição de áreas, uma vez sabido que as diferentes
áreas não obedecem as formas geométricas de fácil cálculo para os
diferentes utilizadores, daí que se tenha recorrido a diversos
métodos para se determinar as áreas onde se pretenda desenvolver
uma diversidade de projectos de desenvolvimento. Assim podemos
contar com o método de representação através de sólidos
geométrico ou combinação de diferentes métodos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir os Cartodiagramas

 Caracterizar os Cartodiagramas
Objectivos
 Calcular as diferentes figures geométricas que auxiuliam no
cálculo das areas.

 Determinar o método mais simplificado.

8.1- Cartodiagramas

Chama-se cartodiagramas de qualquer fenómeno, a sua


representação por meio de diagramas colocados nas cartas, dentro
70 Unidade VIII

dos limites de uma dada unidade territorial: exemplo: região, país,


província, distrito, localidade, etc.

Os cartodiagramas indicam a grandeza de um fenómeno dentro de


uma divisão territorial e são aplicadas na apresentação de
estatísticas de diversa natureza, obtidos em regiões politico-
administrativos diferentes ou indicadores de produção de
diferentes países.
Os cartodiagramas podem ser lineares, espacias, estruturais,
tridimensionais e em forma de estrela:

 São lineares-quando se utiliza barras ou linhas cujo


comprimento é proporcional a grandeza do fenómeno
representado;
 São espaciais-quando se usam quadrados ou círculos
cuja superfície é proporcional a grandeza do fenómeno
representado;
 São tridimensionais-quando são em forma de cubos ou
outros sólidos geométricos, cujo volume é proporcional
à grandeza do objecto representado;

 São estruturais-quando as figuras: barras, quadrados,


cubos, dividem-se em partes consoante a composição,
ou estrutura do fenómeno representado, por exemplo a
estrutura das áreas de cultivo;

 São em forma de estrela-quando o comprimento de


cada raio que sai do canto da figura é proporcional à
grandeza do objecto representado, exemplo: rosa dos
ventos.

Este método tem uma aplicação ampla no processo de elaboração


de mapas económicos. A distribuição do fenómeno cartográfico
por regiões, pode-se transmitir sobre o cartodiagrama com as
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 71

figuras de dimensão igual, mas indicando estas figuras dentro das


regiões em várias quantidades.
A dinâmica do desenvolvimento de um fenómeno no decorrer do
tempo, pode evidenciar com ampliação da figura ou com a sua
diminuição, bem como pela mudança da cor da figura, conforme
os ritmos de crescimento. Encontra-se geralmente, legendas que
indicam as características qualitativas: as regiões do
desenvolvimento intensivo dos processos de erosão, do
desenvolvimento médio, do fraco desenvolvimento, etc.
É a forma utilizada para a representação da intensidade média de
qualquer fenómeno, dentro de uma unidade territorial
administrativa, como por exemplo, utilizando cartogramas, pode-
se indicar província ou distrito, a densidade média da população.
Em hidrologia pode-se indicar o caudal médio por unidade de
superfície da bacia hidrográfica, etc. Reflecte, portanto, tal como
os cartodiagramas, as características quantitativas dos fenómenos,
contudo elas não são representadas com figuras, mas sim com as
diferenças nas células territoriais correspondentes. Esta situação
pressupõe que o território sobre o cartograma apresenta-se
colorido ou sombreado, mas com intensidade maior onde o
fenómeno representado é mais forte.
Encontra-se, certas vezes, legendas que indicam as características
qualitativas: as regiões do desenvolvimento intensivo dos
processos de erosão, do desenvolvimento médio, do
desenvolvimento fraco, etc. No caso de colocação de um
cartodiagrama com uma única côr, as passagens dos degraus mais
baixo aos mais altos, devem ser acompanhados, tanto pela
mudança do desenho do sombreado como pela intensidade
obrigatória do sombreado.
Uma característica essencial de cartodiagrama é a possibilidade de
poder representar relações dialécticas no terreno entre dois ou
mais fenómenos. A construção de cartodiagramas exige resultados
exactos de observações, medição e contagem já preparados em
tabelas estatísticos.
72 Unidade VIII

Com ajuda de linhas curvas, hastes, barras, figuras planas e


sólidos geométricos, os cartodiagramas podem exprinir posições
absolutas ou relativas, componentes espaciais e temporais.
Conhece-se os seguintes tipos de representação:

Representação através de linhas curvas: recorre-se a esta


técnica para representar fenómenos tais como temperatura,
exportação e importação de mercadorias ou valores, produção, etc.
em determinados períodos de tempo (mês, ano, etc.).

Representação através de hastes: por haste entende-se, pau ou


ferro delgado ou peça análoga de outro material, direito e
comprido, em que se fixa ou apoia algo.

Representação em forma de barras: representa valores de soma,


assim como de informações parciais;

Representação de áreas: representa percentagens e relações.


Vide o atlas geográfico volume 1 páginas 21, 25, 29, 45
(representação de percentagem-cartodiagramas circulares).

8.2- Representação de Relações

Representação através de sólidos geométricos: destinam-se


para representar valores de grandes amplitudes em três dimensões.
Desvantagens: São pseudo-sólidos e não é possível comparar os
seus respectivos volumes.
É a forma utilizada para a representação da intensidade média de
qualquer fenómeno, dentro de uma unidade territorial
administrativa, como por exemplo, utilizando cartogramas, pode-
se indicar província ou distrito, a densidade média da população.

Em hidrologia pode-se indicar o caudal médio por unidade de


superfície da bacia hidrográfica, etc. Reflecte, portanto, tal como
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 73

os cartodiagramas, as características quantitativas dos fenómenos,


contudo elas não são representadas com figuras, mas sim com as
diferenças nas células territoriais correspondentes. Esta situação
pressupõe que o território sobre o cartograma apresenta-se
colorido ou sombreado, mas com intensidade maior onde o
fenómeno representado é mais forte.
Encontra-se, certas vezes, legendas que indicam as características
qualitativas: as regiões do desenvolvimento intensivo dos
processos de erosão, do desenvolvimento médio, do
desenvolvimento fraco, etc.
No caso da coloração de um cartograma com uma cor única, as
passagens dos degraus mais baixos aos mais altos, devem ser
acompanhados tanto pela mudança do desenho do sombreado
como pela intensidade obrigatória do sombreado.

8.3- Combinação de Diferentes Métodos

Para a representação de um fenómeno ou objecto no mapa, é


possível aplicar diversos métodos; consoante as situações pode-se
utilizar isolinhas, cartogramas, linhas de movimento, etc. Muitas
vezes a utilização de diversos métodos está ligada a complexidade
na distribuição de fenómenos, nas cartas. A título de exemplo, um
mapa de solo pode apresentar uma representação de métodos de
fundo qualitativo, métodos de áreas para delimitar a sua difusão,
etc.
Em mapas cujo o conteúdo é diverso, o mesmo método de
representação pode ser utilizado para indicar diferentes
fenómenos. Por exemplo, nos mapas económico-geográficos,
pode ser utilizado diferentes símbolos/figuras para representar
diferentes ramos económicos.
Numa abordagem sistemática é necessário, para a elaboração de
símbolos, a existência de uma concordância entre os diferentes
sinais, de modo a conseguir-se uma análise visual rápida entre os
sinais dos subsistemas, como por exemplo, vias de comunicação,
74 Unidade VIII

indústrias, etc. É imperioso que haja a facilitação de leitura e


manter uma semelhança de símbolos em cada subsistema. As
combinações são de duas categorias:
Mecânica-na qual os objectos são indicados no mapa com um
método de símbolos por exemplo, e os outros indicam-se com o
método das áreas ou do fundo qualitativo, e

 Orgânica-Que subentende a confluência de dois métodos num


único, como por exemplo, a combinação de método de fundo
qualitativo com o do cartograma ou de pontos com o de
cartograma.

8.4- Generalidades

A avaliação de áreas consiste em determinar a área de um dado


terreno de limites previamente fixados. Normalmente estes limites
são quase irregulares e as configurações dos terrenos apresentam-
se sob várias modalidades, diversos serão os métodos que deverão
ser estudados e aplicar-se-á aquele que melhor convier a cada
caso, tendo sempre presente a finalidade do trabalho. O rigor com
que se efectuará a medição, será factor predominante na escolha.

Se considerar-se na superfície da terra duas espécies de áreas,


poderão ser avaliadas de seguinte modo:

1º A área real do terreno, também chamada área desenvolvida ou


efectiva, que leva em consideração as ondulações, inclinações e
acidentes altimétricos.
Esta obtém-se por desenvolvimento, isto é, pelas suas grandezas
lineares medidas no terreno e segundo suas próprias inclinações.

2º A projecção desta área sobre um plano horizontal, dando uma


área plana limitada pelo contorno do terreno, área esta que é
usualmente chamada de área topográfica ou de base produtiva.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 75

Esta é obtida por medidas lineares feitas horizontalmente no


terreno ou seguindo a sua inclinação natural, para depois reduzir a
medida realizada, ao horizonte. Isto logra-se, multiplicando-se a
distância medida segundo a inclinação do terreno, pelo Coseno do
ângulo de inclinação.

Em topografia, somente a área topográfica ou base produtiva é


que interessa e, neste caso, o problema ficará limitado a
determinar a área de uma porção do terreno projectado sobre um
plano horizontal. Por esta razão o cálculo da área é sempre um
problema de cálculo planimétrico.

8.5- Processo De Avaliação De Áreas

Vários processos são empregues na avaliação das áreas dos


polígonos topográficos, sendo os seguintes: geométrico, analítico
e macânico.

8.6- Processos Geométricos


Consistem esses processos em determinar a área de um contorno
por meio de construções gráficas, medindo sobre a planta a
grandeza dos alinhamentos e achando assim os valores numéricos
directos para o cálculo das áreas.

Vários são os métodos para o cálculo das áreas pelo processo


geométrico, sempre tendo em vista que em alguns deles as
medidas e as construções podem ser feitos directamente no
terreno. Assim sendo, estes passarão para os processos numéricos
directos ou espontâneos de cálculos de área.
76 Unidade VIII

8.7- Decomposição de um Polígono em Figuras Geométricas


Simples

Este processo consiste em dividir o polígono de que se pretende


determinar a área, em figuras geométricas simples (triângulo,
rectângulo, trapézio), de fácil avaliação de área e calcular,
tomando medidas sobre o desenho por meio de duplo decímetro,
cada uma das áreas, pelas fórmulas:

S=b x h (triângulo)

S=b1 + b2 x h (trapézio)

S= b x h (retângulo)

S=b x h (paralelogramo)

A soma destas áreas parciais, assim determinadas, dará a área total


do desenho do polígono topográfico.
Ao topógrafo cabe escolher, de acordo com o caso, a forma de
decomposição mais aconselhável, a fim de que as medidas das
alturas dos triângulos e as bases dos trapézios sejam as mais
rigorosas possíveis.
Assim na figura que se seque, o polígono topográfico foi
decomposto em 5 triângulos, para efeito de avaliação de sua área.

S1=3,0 x 1,3 =1,95 Cm2

2
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 77

S2=3,0 x 1,9 =2,85 Cm2

S3=5,5 x 2,5 =6,875 Cm2

S4=5,0 x 2,8 =7,0 Cm2

S5=5,0 x 1,9 =4,75 Cm2

St=s1+s2+s3+s4+ s5= 23,425 Cm2

St=23,425 Cm2

Este valor representa a área do desenho do polígono topográfico e,


para termos a área do terreno, teremos de considerar a escala do
desenho. Seja, por exemplo, a escala de desenho 1:2.000, para
encontrar-se a área do terreno, multiplica-se a área do desenho
(23,425 Cm2) pelo quadrado do denominador da escala, isto é,

(2.000)2 e terá-se:

St (terreno)=23,425 Cm2x (2.000)2

=93.700.000 Cm2

=9.370 m2
78 Unidade VIII

Também podemos considerar outra forma de divisão em figuras


geométricas simples, como o caso da figura que se segue, em que
o polígono foi dividido em trapézios e triângulos. Então teremos:

S1= 5,9 + 4,3 x 4,8 = 24,48 Cm2

S2= 5,3 + 3,9 x 3,0= 13,80 Cm2

S3= 2,3 + 3,9 x 4,485 Cm2

S4= 5,1 + 3,1 x 7,905 Cm2

St= s1 + s2 + s3 +s4 = 50,67 Cm2

Se o desenho fosse feito na escala 1:5.000, teríamos para a área do


terreno:

St(ter)= 50,67 Cm2 x (5.000)2 = 1.266.750.000 m2

St (ter)= 12,6675 ha.

8.8- Processos De Redução Ou De Equivalência Geométrica


Este processo consiste na transformação da superfície de um
polígono rectilíneo qualquer na de um triângulo de área
equivalente, por meio de construções gráficas, com o objectivo de
diminuir o número de medições a serem feitas na planta.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 79

Torna-se necessário, bastante cuidado no trabalho gráfico a ser


executado, devido à série de linhas que se tem traçado no desenho
a fim de se obter a referida transformação.
Seja o polígono ABCDE (pentágono) cuja área desejamos
determinar. Escolha-se um dos lados para a base do triângulo,
para os dois lados.
Traça-se a diagonal AC e pelo vértice B a paralela à diagonal do
polígono, até a sua intersecção com o prolongamento do lado EA,
em M. Em seguida, ligamos C a M, e obtemos o quadrilátero
EDCM, que é equivalente ao polígono ou pentágono. Também os
triângulos CBA e CMA são equivalentes, porque têm a base CA
comum e a mesma altura, por estarem os vértices B e M sobre a
mesma paralela a CA.
Substituindo-se no pentágono o triângulo CBA pelo seu
equivalente CMA, não modificará a superfície da figura, porque
esta se transformará em um polígono de um lado a menos.

Da maneira idêntica, se transforma o quadrilátero EDCM no


triângulo NCM. Para tal liga-se C a E e de D tira-se a paralela a
CE, até o prolongamento do lado AE, o que se dará em N,
obtendo-se o triângulo NCM, que apresenta uma área equivalente
ao polígono ABCDE.

Para se obter a superfície, multiplica-se a base NM pela metade da


altura CH, isto é,

S= NM x CH

Esta construção gráfica, pode ser aplicada na avaliação da área de


um polígono de um número qualquer de lados, desde que tais
lados sejam eliminados sucessivamente, até chegar à figura
desejada, ou seja, ao triângulo.
80 Unidade VIII

Seja mais um exemplo, da figura seguinte, onde o polígono


ABCDEF (hexágono) cuja área deseja-se determinar. Toma-se AF
como base e a prolonga-se para os dois lados. Traça-se a diagonal
DF pelo vértice do polígono, até a intersecção com o
prolongamento do lado AF, em E`. Em seguida liga-se C a E` e
ter-se-á o triângulo DEF que é equivalente ao triângulo DE`F.

O triângulo CBA é equivalente ao triângulo CB`A e o triângulo


DCB` é equivalente ao triângulo DC`B`.

Traça-se a diagonal DF e pelo vértice E a paralelo a diagonal do


polígono, até a sua intersecção com o prolongamento do lado AF,
em E`. Em seguida liga-se D a D` e tem-se o triângulo DEF que é
equivalente.

Nestas condições, tem-se o hexágono convertido no triângulo


equivalente C`DE`, cuja base é C`E`e a altura é CH e então a área
será:

S=C`E`x CH

8.9- Processos Para Avaliação Das Áreas Extra Poligonais

Nem sempre o contorno do terreno é limitado por alinhamentos


rectos, conforme foi visto anteriormente. Na maioria das vezes, é
representado por alinhamentos rectos e curvos ou simplesmente
curvos, apresentando então a forma de um polígono mistilíneo ou
curvilíneo. Neste caso emprega-se o método das compensações,
substituindo uma superfície de contorno sinuoso, por outra de
contorno rectilíneo que lhe seja mais ou menos equivalente.

Na figura que se segue, substituindo a superfície do polígono


sinuoso pela superfície do polígono rectilíneo ABCD, que lhe é
mais ou menos equivalente, pois há compensação entre a soma
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 81

das superfícies externas e internas, consideradas em relação ao


polígono rectilíneo. Em seguida, avalia-se a área do polígono
ABCD, conforme já estudado.

Mas pode ser que se pretenda avaliar a área do polígono mistilíneo


ABCDEFG. Pode-se substituir pelos triângulos (1, 4., 5 e 6) e
pelos trapézios (2, 3 e 7). Os contornos curvilíneos foram
compensados pelas rectas AG e GF.

Assim, sendo, determina-se a área dos trapézios (2, 3 e 7) e dos


triângulos (1, 4 e 5) e, pela soma deles, terá-se a área do polígono.

8.9- Processo Analítico


Quando se faz o cálculo de caminhamento, pode-se avaliar a área
do polígono levantado por meio de coordenadas rectangulares.
Seja o triângulo BFD, referido a dois eixos rectangulares X e Y. A
sua área pode ser obtida pela diferença entre as dos trapézios que
é indicado a seguir:

Considerando os trapézios ABFE, ABCD e CDFE, a área do


triângulo DBF á a diferença:

S(DBF)= (AB + EF) AE - (EF + CD) CE - (CD + AB) AC

2 2 2

Os elementos que figuram na expressão anterior são


correspondentes às abcissas e ordenadas dos vértices DBF e
substituindo-os pelas coordenadas correspondentes, terá-se:
82 Unidade VIII

S(DBF)= (x + x1) (y-y1) - (X1 + X2) (y2-y1) - (x2 + X) (y-


y2)

2 2 2

S(DBF)= 1 (x + x1) (y-y1) + (X1 + X2) (y2-y1) + (x2 + X)


(y-y2)

2 S(DBF)= (x + x1) (y-y1) + (X1 + X2) (y2-y1) + (x2 + X)


(y-y2) *

Pela expressão (*) vê-se que a fórmula permite-nos calcular a área


dupla, em função das somas binárias de X multiplicadaspelas
diferenças de Y. O sinal dos termos da soma algébrica é dado pelo
sinal das diferenças binárias de Y.

Se o cálculo é feito no sentido BFD, formam-se os termos do


binário pela soma das duas abcissas seguidas e pela diferença
entre as ordenadas, sendo que a anterior é sempre o minuendo e a
seguinte, o subtraindo.
Em vez dos trapézios, cujas bases são as abcissas, poderá-se
considerar os que têm por base as ordenadas. Assim, a dedução
seria semelhante e chegar-se-ia à expressão:

2 S(DBF)= (y-y1) (x + x1) + (y2-y1) (X1-X2) + (y-y2) (x2 +


X)
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 83

8.10- Processos Mecânicos

8.10.1- Método da Balança de Precisão

Este método permite calcular a área gráfica de uma planta de


contorno qualquer, baseando-se no princípio de que a relação
existente entre as áreas de dois pedaços de papel finos e
homogéneos é a mesma que existe entre os respectivos pesos.
Desenha-se em papel fino o contorno da área a ser avaliada e,
após, recorta-se o papel, acompanhando o contorno da figura e
pesa-se. Em seguida, desenha-se, em papel idêntico, um quadrado
e, após recortado, faz-se a pesagem em uma balança de precisão.
Representando por P e p os pesos das duas figuras recortadas e
por S e s as suas superfícies, terá-se:

S = P  S= s . P

s p p

Por exemplo, feitas as pesagens de um quadrado de 20 cm de lado


e do contorno da figura cuja área queremos avaliar, obtem-se para
a média de três:

8.10.2- Método das Quadrículas

Pode-se usar uma placa de vidro (transparência), quadriculada, ou


papel também transparente, quadriculado em milímetros, sendo os
traços referentes aos centímetros mais reforçados. Colaca-se a
placa de vidro ou o papel transparente sobre a planta de que se
quer avaliar a área e faz-se a contagem dos centímetros e
milímetros quadrados encerrados pela linha do contorno da figura,
que representará a área do desenho.
A dificuldade do processo consta da estimativa dos pedaços de
quadrículas que ficam cortados pelo perímetro da figura. Quando
84 Unidade VIII

não se possui a placa ou o papel transparente, pode-se fazer o


desenho em papel milimétrico opaco e operar como foi acima
recomendado.

Sumário
Como pude depreender existem diferentes métodos de medição de
áreas, conforme as figuras geométricas que cada uma delas
apresenta. A escolha de um método depende em grande medida nas
facilidades que cada utilizador vai ter no processo de cálculo de
áreas determinadas.

Exercícios
1- Aprsente o conceito que tem sobre os diferentes métodos de
medição de areas.

2- Qual dos métodos resulta mais prático que encontraste?

3- Enuncie o processo para avaliação das áreas extra-


poligonais

Faça as perguntas e entregue a nº 3


Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 85

Unidade IX

Projecções Cartográficas

Introdução
As projecções Cartográficas são as formas de representação da
superfície terrestre que constituem operações matemáticas
complexas de deformação da esferacidede da Terra num plano
considerado mapa geográfico que nós utilizamos para diferentes
fins.
Há que considerar que se queremos representar superfícies bastante
pequenas esta esferacidade deixa de ter o efeito sobre a nossa
representação, o que dispensa a realização de operações bastante
complexas copmo as que se realizam no processo de projecções
cartográficas.
Nesta Unidade iremos analisar as diferentes formas de projectar a
superfície terrestre num plano, convictos de que não são todas mas
as mais aplicadas em diferentes projecções que tem maior utilidade.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir as projecções Cartográficas.

 Caracterizar as projecções cartográficas.


Objectivos
 Classificar as projecções cartográficas de acordo com a
finalidade.

 Definir a generalização cartográfica.

 Interpretar e ler os diferentes mapas cartográficos.


86 Unidade IX

9.0- Conceito

Gaspar (2005), define o conceito como “Projecção Cartográfica é,


no sentido mais geral, uma transformação que faz corresponder ,
bionivocamente, a cada ponto P numa superfície de referência um
ponto P′ no plano. O termo é utilizado para designar este processo
de transformação, e também, a sua materialização sobre a carta, na
forma de rede de meridianos e paralelos.”
Também se pode entender como sendo as que constituem as
técnicas que permitem a representação de uma esfera terrestre
numa projecção plana que constitui o mapa.
É pois a projecção dos paralelos e meridianos sobre um plano.
Existem vários tipos a saber que cada uma deles comporta
vantagens e desvantagens daí que a sua escolha dependa dos
objectivos desejados e da localização do território visado

9.1- Classificação

Considerando a geometria da superfície do contacto as projecções


classificam-se em três grandes grupos:
Projecções Cónicas- quando a superfície de projecção é um cone.
Projecções Azimutais- quando a superfície de projecção é um
plano.
Projecções Cilíndricas- quando a superfície de projecção é um
cilindro.
Estas são as fundamentas, mas existem outras formas de projecções
da superfície terrestre que foram ao longo dos tempos sendo
descobertos por diferentes especialistas em Cartografia

9.2- Características

Existem três critérios cartográficos para a caracterização das


projecções:
a) Eqüidistância – representação correcta das distâncias
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 87

b) Conformidade – representação correcta das formas


c) Equivalência – representação correcta das áreas
Estes três critérios são básicos e mutuamente exclusivos, sendo do
ponto de vista
cartográfico, irrelevantes quaisquer outras características de uma
dada projecção. Deverá
ser notado que não existem representações ideais, unicamente a
melhor representação para
um determinado propósito.
De acordo com Gaspar (2005), cada uma das “classes é
caracterizada, quando no aspecto normal7 pelas seguintes
propriedades e características comuns:

9.3- Projecções Cónicas

- Os meridianos são retilíneos e concorrentes no vértice.


- Os paralelos são circulares e concêntricos no vértice.
- O ângulo entre os meridianos é constante e inferior á respectiva
diferença de longitudes.
- O pólo é representado num ponto ou por um arco de
circunferência.
- A envolvente da projecção é um sector circular.

Figura: representação de projecção Cónica

Neste processo é necessário compreender que nas projecções


cónicas a superfície de projecção é tangente á esfera terrestre. É

7Isto é, quando o eixoda superfície de projecção coincide com o eixo do modelo


da Terra.
88 Unidade IX

amplamente utilizada para regiões de latitudes médias. A posição


do plano de projecção pode ser posição cônica normal significa que
o eixo do cone coincide com o da Terra. Ou o do cone passa pelo
da Terra.

Posição Cônica Transversal- o eixo do cone está no plano do


Equador

Posição Cônica oblíqua- o eixo do cone forma com o da terra um


ângulo agudo.

9.4- Projecções Azimutais

- Os meridianos são retilíneos e concorrentes no pólo.


- Os paralelos são circulares e concêntricos no pólo
- O espaçamento entre os paralelos só depende da latitude, de
acordo com a lei característica de cada projecção.
- O ângulo entre os meridianos é igual a respectiva diferença de
longitudes, pelo que os azimutes medidos a partir do pólo são
conservados.
- O pólo é pontual e o único ponto de escala conservada.
- A envolvente da projecção é uma circunferência.

Figura: representação de projecção Azimutal.

A projecção azimutal constitui a aplicação da superfície terrestre


num plano. Esta projecção é amplamente recomendada para a
representação de regiões planas em função dos pontos de contacto.
Esta pode ser:
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 89

Projecção Azimutal normal- quando a projecção contacta a terra


num dos seus pólos.
Projecção Azimutal Transversal- quando a projecção é tangente ao
plano do Equador.
Projecção Azimutal Oblíqua – Quando a projecção toca qualquer
que seja o ponto exceptuando os pólos e o Equador.

9.5- Projecções Cilíndricas

- A malha formada pelos meridianos e paralelos é rectangular.


- O espaçamento entre os meridianos é proporcional á respectiva
diferença de longitudes.
- O espaçamentos entre paralelos só depende da latitude, de acordo
com uma lei que é característica de cada projecção.
- A escala ao longo de cada paralelo é a mesma em todas as
projecções, só dependendo da escala principal e da latitude.
- Os pólos são representados por segmentos de recta com o mesmo
comprimento do equador.

A rede das Coordenadas geográficas é aplicada na face lateral do


cilindro. A posição do plano de projecção conhece três formas:
- Posição cilíndrica normal- quando o eixo da terra coincide com o
eixo do cilindro.
- Posição cilíndrica Transversal- quando o eixo do cilindro está no
plano do Equador.
90 Unidade IX

- Projecção cilíndrica oblíqua- quando o eixo do cilindro forma


com o eixo da terra um ângulo agudo.

9.6- Critérios para a seleção das Projecções.

Devemos sempre ter em conta de que toda a projecção cartográfica


envolve deformações. Estas deformações tem manifestações
diversas estreitamente relacionadas a não observância das
propriedades, daí que o critério da escolha de uma determinada
projecção cartográfica depende de dois elementos essencialmente.

1- Finalidade ou objectivo do mapa.


2- A região que pretendemos localizar – Latitude.

Os mapas resultantes dessa escolha deverão na medida do possível


e particularmente para a área que se pretende representar manter as
exigências:

Equiangularidade
Equivalência
Eqüidistância

9.7- Generalização Cartográfica

- Essência, definição e classificação


- Alternativas para a colocação da informação num mapa temático.

Generalização Cartográfica é um processo dependente da escala


que inclui seleção, simplificação e síntese dos objetos que devem
compor um certo mapa. É um processo claramente voltado à
visualização ou à comunicação eficiente daquilo que está
representado num mapa. Como regra geral, a complexidade de um
mapa deve diminuir com a escala do mapa. Com o advento da
tecnologia de SIG, generalização cartográfica passou a incorporar
também a noção de modelagem, que envolve a derivação de uma
base de dados menos complexa para atender a uma certa finalidade.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 91

Generalização pode ser entendida como o processo de


universalização do conteúdo de uma base de dados espaciais com
uma certa finalidade. Um de seus objetivos deve ser a redução da
complexidade, quer seja para fins de visualização, quer seja para
armazenar na base de dados apenas aquilo que é necessário. A
redução da complexidade deve levar em conta uma certa lógica que
não comprometa a exatidão de posicionamento e a exatidão de
atributos dos dados.

9.7.1- Classificação da Generalização

As Generalizações Cartográficas podem ser Geométricas- consiste


na simplificação dos contornos dos objectos tanto lineares ou
areolares, conservando estes objectos as tendências particulares dos
contornos.
Exemplo- áreas florestais, rios e estradas.
Outro dado é o caracter Quantitativo- consiste em selecionar os
objectos a representar a partir de um determinado tamanho.
Exemplo- florestas com um tamanho superior a 10.000 ha;
povoados com mais de 10.000 habitantes.
Qualitativo- consiste na diminuição das diferença qualitativas
entre os objectos a representar apenas quando estes pertencem a
uma mesma classe.
Exemplo deixar de indicar o aspecto dominante na floresta e passar
a usar o termo comum florestas.
Os critérios utilizados para a generalização cartográfica são
simultaneamente de inclusão e exclusão.
Inclusão- quando se enumera os objectos que devem ser
obrigatoriamente representados.
Exemplo- mapa dos distritos de Sofala.

Exclusão- quando se indica todos os objectos que devem ser


representados ou omissos no mapa.
92 Unidade IX

Exemplo- objectos que tenham largura inferior a 10m não devem


ser representados.

9.8- Alternativas para colocação da informação num mapa


temático.

O Título do mapa- deve ser razoavelmente grande em letras


directas, entre 4 a 5,5 mm de altura.
O melhor local para o título é no topo e no centro do mapa.
Se não for possível deve ser colocado a direita ou a esquerda da
legendo do mapa. Deve indicar o tema e o nome da área.
- Se o mapa for beseado numa interpretação de fotografia aérea isso
deve ser indicado. Se não foi levado a cabo nenhum controlo
fotogramétrico é importante acrescentar a palavra aproximada a
escala.

A Escala- A escala do mapa deve ser obrigatoriamente indicada no


mapa Exemplo 1:50000, se não for baseada em escala os mapas
cartográficos aconselha-se a apresentar a palavra aproximado,
também é necessário representar a escala gráfica mas não deve ser
bastante comprida e nunca superior a 10 cm.
A indicação da escala numérica e gráfica devem estar juntos. É
conveniente ter a escala junto do título do mapa .
As duas maneiras de indicar na escala gráfica.
1ª linha comprida dividida que permite a medição nela com ajuda
do compasso ou outros recomendados para mapas cartográficos.
2ª linha curta desenhada em mapas de pequena escala que dá
apenas uma idéia geral das distâncias envolvidas e serve para ter
uma idéia ou visão de distâncias envolvidas.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 93

9.8.1- Indicação do Norte

A direcção do Norte verdadeiro deve ser indicada e se necessário a


direcção do Norte Magnético em relação ao Norte verdadeiro.
A indicação do Norte deve ser suficientemente grande para ser
facilmente localizada no mapa contudo não deve ser proeminente.
Normalmente basta uma linha de 5 cm no mapa. A melhor posição
para esta informação é por baixo da legenda se ela estiver do lado
do mapa.
Se a legenda estiver na margem inferior então o ponto do Norte
deve ser colocado do lado direito da margem inferior.
Não é absolutamente necessário indicar a seta Norte quando a área
de estudo está orientada com o Norte no topo do mapa o que deverá
ser dado por coordenadas na margem do mapa.

Margens e coordenadas: As coordenadas geográficas, (latitude e


longitude) devem ser indicadas com espaços convenientes a volta
da margem do mapa. Os números devem ser suficientemente
pequenos nítidos com 1,5 mm de altura.
Os paralelos e meridianos não são necessariamente indicados em
todo o mapa, mas apenas numa linha pequena de aproximadamente
0,5 cm perto da borda do mapa.

Diagrama de localização- é aconselhável que seja feito um


pequeno diagrama de localização. O diagrama dá a posição da área
que o mapa cobre em relação ao país ou região. Deve ser simples,
apresentar a forma geral da região ou país e normalmente deve
colocado no lado direito.

9.8.2- História da Carta.

Os mapas pequenos e simples é suficiente que do lado direito ou no


fundo do mapa seja mencionado os seguintes elementos:
a) A instituição responsável pela elaboração do mapa.
b) O autor do mapa.
94 Unidade IX

c) A data do levantamento topográfico. UCM, S.M, Janeiro de


2009.
Algumas informações adicionais acerca da metodologia podem ser
acrescentados se for para o correcto uso do mapa.

9.8.3- Índice da Folha

O índice é necessário caso o levantamento for coberto por um


número de folhas relativamente grande. Deve ser colocado no lado
direito da parte superior do mapa.

9.8.4- Legenda do Mapa

A legenda é essencial em qualquer mapa sem esta a carta não teria


significado. A legenda deve ser clara com todos os símbolos e
suficientemente grande para facilitar a sua interpretação.
Normalmente coloca-se em coluna vertical no lado direito do mapa
ou na parte inferior e com os símbolos que indicam a sua
explicação. Isto é a legenda deve conter uma explicação de cada
símbolo e as abreviaturas usadas no mapa.

9.9- Influência da Forma Espessura e Orientação das Letras na


Legibilidade do Mapa

Distinguem-se vários grupos de famílias de letras distintas sendo os


mais usuais os grupos de família Serif e sanserif.
O grupo serif é mais trabalhado e o sanserif é o mais simples
possível.
No contexto da influência da forma e espessura e orientação das
letras toma-se em consideração as seguintes observações:
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 95

1ª Não existe uniformidade de opiniões quanto á diferença de


legibilidade dos textos de letras serif ou letras sanserif, mas um
texto espaçado de serif parece ser mais fácil de ler.
2ª Letras do grupo sanserfg podem facilmente interferir com os
símbolos mapas em particular as letras como D, C, V, I, Y, X, O.
3ª Quando forem aplicadas as letras serif estas devem ser cheias
para que possam resistir a reprodução do mapa.
4ª Os números clássicos distinguem-se melhor que os números
modernos.
5ª Não aplicar mais do que duas famílias de letras salvo em casos
extremamente excepcionais o ideal é recorrer apenas a um grupo de
letras por exemplo “Univers”, “Helvetica”, “Arial”
6ª As letras maiúsculas 25% do espaço em relação as letras
minúsculas.
7ª Não se deve escolher uma família de letras na qual certos
números podem confundir-se uns com os outros .
Exemplo: c e e, i e j, i e I, d e a, u e v, h e b ou 3, 5 e 8 ou 1 e 7.
8ª A parte de dentro das letras em branco não deve ser demasiado
pequeno porque o e pode ser lidocomo c e criar confusão, c e e.
9ª As letras grossas não são mais legíveis do que as letras de
espessura regular.
10ª O texto itálico é menos legível do que um texto na vertical.

9.9.1- Influência do Tamanho das Letras na Legibilidade dos


Mapas.

O tamanho de um tipo de letras exprime-se em tipografia em


pontos (pt), um ponto é aproximadamente igual a 1 pt e 0,35 mm a
12 pts- chama-se “Pica”, uma máquina de escrever vaia entre 8 e
13 pontos.
Uma letra maiúscula com 12 pt, tem tamanho de 4,25 mm.
96 Unidade IX

9.10- Descrição de Uma paisagem a Partir de Um Mapa

Um dos objectivos principais da Geografia é o estudo da inter-


relação entre o homem e o ambiente. Quando se descreve uma
paisagem a partir de um mapa é importante que não se trate apenas
de enumerar os elementos físico-naturais e sócio-económicos
existentes mas também tentar explicar as prováveis ligações entre
os elementos acima mencionados.
O mapa é um documento importante ou valioso contendo um
grande número de informações sobre a paisagem.
O sucesso na identificação e análise desta informação dependerá
das capacidades e habilidades na interpretação e leitura dos mapas.
Quanto mais se estiver exercitando no uso de mapas, tanto em
condições de gabinete como nas do campo tanto maior será a
proficiência do investigador na interpretação do mapa.
Nas aulas de Geografia nota-se normalmente a ausência de
conhecimentos tanto de professores como de alunos quanto a forma
de relatar as informações obtidas nos mapas. O relato sobre a
descrição de uma paisagem deve ser feita por escrito com uma
descrição acompanhada de esquema e diagramas.
Para a eficácia desta tarefa é indispensável tomar-se em
consideração as seguintes recomendações:
1ª Adotar uma abordagem lógica isto é seguir uma certa seqüência
na descrição de uma paisagem a partir do mapa.
Um procedimento aconselhável consiste na descrição do relevo e
da drenagem pois estes elementos influenciam grandemente a
localização dos povoados e outras atividades humanas.

2ª Deve-se cultivar o sentido de formulação de passos curtos claros


e concisos, sublinhar os aspectos mais relevantes, mostrar que
realmente compreendeu os fenômenos representados recorrendo a
utilização de termos geográficos indicados.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 97

9.10.1- Ficha de Orientação para leitura e interpretação de Um


Mapa Topográfico.

Aspectos Gerais:
1º Deve-se fixar a escala e direcção Norte mentalmente de modo a
ficar-se com uma idéia das distâncias e das áreas.

2º Deve se tentar reconhecer as feições das paisagens tais como:


a) A distribuição dos terrenos elevados e baixos.
b) A ocorrência de declives consideráveis.
c) A direcção de declives ou da drenagem.
d) A variação no uso da terra.
e) As irregularidade na distribuição dos aglomerados
populacionais.
f) Os alinhamentos das vias de acesso e de comunicação.

Na descrição propriamente dita, deve-se incluir os seguintes


elementos:
As formas do relevo mais evidentes a partir da análise das curvas
de nível.
Distinguir as seguintes características do relevo.
A altitude ou elevação média do terreno.
As tendências do alinhamento das formas do relevo .
As depressões e escarpas
A natureza da linha de costa caso esta exista.

9.10.2- Em relação a drenagem.


A drenagem da rede hidrográfica.
Drh= L/A.
A direcção dos rios principais.
As características dos rios e dos seus afluentes.
98 Unidade IX

9.10.3- Vegetação

Tipos e distribuição da vegetação natural


As florestas reservas de caça e dos parques nacionais.
Evidências de deflorestação ou florestamento.
A variação do uso da terra

9.10.4- Cultivo e pastorícia.


Tipo da agricultura empresarial ou especializada, familiar ou de
plantação
As evidências das plantas cultivadas.
Distribuição das áreas de cultivo.
Evidência de planos de ordenamento do território para agricultura.
Evidências de irrigação.
Distribuição das pastagens e evidências do seu uso.

9.10.5- Povoamentos

A distribuição e densidade dos povoados.


Os tipos de povoamento urbano e suburbano – construção
permanente ou precária.
Os tipos de povoamentos – povoamento concentrado ou disperse.
Funções dos povoados.- Beira- Portuária ou de prestação de
serviços
-Industrial
-Administrativa
-Residencial
Deverá verificar a situação do povoado – Os factores que estão por
de trás da escolha do local para o povoado.

9.10.6- Comunicações

O tipo e a sua classificação.


A densidade e alinhamento.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 99

O alinhamento

Devemos notar que os aspectos aqui constantes, devem ser tomados


apenas como orientadores de um estudo dos mapas, o que deve
servir de base de um estudo de um mapa são os objectivos que o
estudo pretende alcançar. No estudo coloca-se o mais relevante em
função dos objectivos que se pretende alcançar com este.

9.11- Procedimentos

1º- Para a descrição de uma paisagem considerar cada folha do


mapa dividida em 9 partes.
2º- Proceder o estudo do relevo representado por curvas de nível e
plano cotado: Para tal transcrever no papel vegetal todas as curvas
de nível e o plano cotado.
3º- Indicar as linhas divisórias de águas e talvegues.
4º- Calcular a energia potencial do relevo recorrendo a seguinte
fórmula:
EPr= h/√F

h- Diferença das curvas de nível, máxima e mínima para cada


função do mapa.
F- Superfície da fração.

5º- Realizar um trabalho sobre a rede hidrográfica.


a) Calcular o cumprimento total dos cursos de água ( rios
principais e afluentes)
b) Calcular a superfície dos pântanos e áreas de inundação
temporária.
c) Calcular a densidade dos rios a partir da seguinte fórmula.

Dr= ∑nº rios/S


100 Unidade IX

S- Superfície da fração
d) Calcular a densidade da drenagem.

Dd= ∑l/S

l- Comprimento

6º- Vias de comunicação:


a) calcular o comprimento total das ferrovias em cada área ou
fração, determinar a densidade da rede.
Dr= ∑l/S

l- Comprimento da rede

7º- Povoamento.

Calcular a população total do território, para as áreas rurais


considerar que a família moçambicana ocupa no mínimo 2
palhotas. Em função da área em estudo e recorrendo aos
resultados do último censo populacional determinar a
população existente nessa área pela fórmula:

P= nº de famílias X agregado familiar.

Calcular a densidade populacional em cada área:

Dp= h/S

h- habitantes.

8º- Vegetação:
Calcular a área ocupada por cada tipo de vegetação.
- se existem áreas ou terras cultivadas, determinar a sua
superfície.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 101

Sumário
Como se pode ver as projecções cartográficas constituem no
sentido mais geral, uma transformação que faz corresponder ,
bionivocamente, a cada ponto P numa superfície de referência um
ponto P′ no plano. Assim consegue-se representar vastas extensões
de Terra com recurso a projecções cartográficas de diferentes
formas e variantes.
A leitura e interpretação dos mapas envolve o conhecimento dos
principais elementos que constituem a base da sua construção, por
esse motivo abordamos este aspecto para colocar o estudante ao
alcance destes instrumentos de vital importância no seu trabalho.

Exercícios
1- Defina as projecções cartográficas

2- Qual é a diferença que encontras entre as projecções


Cónicas e cilindricas?

Diga como deve ser colocada a escala nos mapas.


Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 103

Unidade X

Essência duma Carta Topográfica,


Suas Propriedades e Áreas de
Aplicação

Introdução
A presente Unidade pretende mostrar ao estudante deste nível o
conjunto de trabalhos, as pessoas envolvidas no processo de
elaboração das cartas topográficas.
Do mesmo modo pretende mostrar a área de aplicação das
diferentes cartas topográficas conforme as áreas a que se destinam.
Por fim abordamos as principais propriedades dos mapas.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar a essência das cartas topográficas.

 Identificar o volume do trabalho que envolve a elaboração das


Objectivos
cartas topográficas.

 Determinar a importância das cartas na prática social.

 Identificar as propriedades dos mapas.

10- O essencial de uma Carta

A elaboração de uma carta topográfica passa pelo recurso de mais


variados trabalhos efectuados por especialistas; astronomia, que
104 Unidade X

determina as coordenadas geográficas8 dos pontos terrestres, o


geodésico; que estabelece a correlação entre os pontos da
superfície terrestre e os da uma superfície de referência (em geral
um elipsoide)9, o enginheiro-geográfico ou enginheiro-
cartográfico, que escolheu e construiu o canevás de projecção; os
topógrafos e especialistas na matéria, que enquadraram, no
interior das redes de 4ª ordem e da planimetria; e, finalmente, os
cartógrafos que prepararam a minuta da carta e desenharam as
pranchas a serem transformadas em clichés metálicos para a
impressão.
Com o advento da fotografia aérea aplicada a cartografia a
elaboração de cartas topográficas se tornou mais facilitada aos
envolvidos nas operações deste género.
Assim, para o levantamento e construção do original cartográfico
é necessário a actuação combinada do fotógrafo e do piloto
aviador com o topógrafo e o cartógrafo. O trabalho do topógrafo
será apresentado ao cartógrafo sob a forma de minuta, ou melhor,
sob forma de croque em escala grande, onde todos os pontos úteis
estarão determinados, mas no qual o relevo e a planimetria serão
pouco expressivos. O cartógrafo deverá, então, transformar essas
minutas em cartas. Para tal, deve:

a) passar de uma escala grande para uma escala pequena;

b) saber generalizar;

c) escolher os sinais símbolos, cores e letreiros;

8Para determinar a posição de um corpo sobre a superfície terrestre, é necessário


conhecer três elementos: longitude, latitude e altitude.
- Longitude de um corpo é o ângulo, ou distância em arco, compreendido entre o
plano do meridiano desse lugar e o plano do meridiano de origem (Greenwich).
- Latitude de um lugar é o ângulo ou a distância em arco, compreendido entre a
vertical desse lugar e o plano de equador. Os planos nos quais se situam as
longitudes e as latitudes, ao cortarem A superfície terrestre, traçam linhas de
intercepção imaginárias, os meridianos, que são elipses cruzando os pólos (e não
círculos, por causa do achatamento da terra) e os paralelos, são círculos, entre os
quais o equador é o maior .
-Altitude de um lugar é a sua posição vertical acima ou abaixo de uma superfície
de referencia o nível médio do mar.
9que escolheu os determinados pontoe de 1ª, 2ª, 3ª e 4ª ordens de uma cadeia,

para estabelecer as redes de triangulação fundamentais.


Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 105

d) retalhar a região levantada segundo o plano conjunto das folhas


que constituirão a carta e preparar cada uma das folhas.

10.1- O Significado das Cartas e Plantas Topográficas para a


Prática Social.

A importância de cartas topográficas, consiste em possibilitar o


estudo detalhado dos território, uma vez que cada país tem uma
cobertura nacional em cartas topográficas.
Em quase todos os ramos de economia é indispensável a
utilização de cartas topográficas, devido à sua precisão com que se
refere aos recursos, em termos de localização e área de difusão,
bem como em relação aos objectos e fenómenos no terreno.
As cartas topográficas facilitam o parcelamento de terreno10, a
projecção de estradas, a aquisição de conhecimentos sobre dos
aspectos hidrográficos.
Na medicina, são importantes para a planificação da rede sanitária
e na educação para a planificação da rede escolar.
Para a geografia oferecem informações detalhadas sobre: rochas,
rios, povoações, recursos naturais, etc.
Podem ser utilizados ainda para a solução de tarefas militares,
elaboração de perfis, projecção de canais de drenagem e de
irrigação, selecção de locais de edificação de barragens, pontes,
etc.
As cartas topográficas trazem poucas deformações do terreno e
tem a mesma escala em toda a sua extensão, daí constituírem
segredo do estado.

10Tomando
em consideração a existência ou não de riscos de erosão
106 Unidade X

10.2- Propriedades Dos Mapas

Os mapas reúnem as seguintes propriedades:

1.Equiângulariedade-Caracterizam-se por inexistência de


deformações ângulares, daí que preservam as suas configurações.
Significa que o mapa assegura que todos os ângulos que se
deparam representados no mapa sejam iguais aos da terra. Esta
propriedade é extensiva em todo o mapa, assim se explica que os
mapas desta natureza sejam empregues na navegação aérea e
marítima devido a sua elevada precisão11.;

2. Equivalência-As áreas no mapa, conservam a mesma


identidade em relação às medidas das áreas reais.
As áreas das figuras e as da superfície da terra, são representadas
na mesma grandeza no mapa, o que mantêm é a medida e não a
forma, pois uma área quadrática pode aparecer no mapa com o
formato de um rectângulo.
Esta propriedade tem maior relevância para mapas geográficos,
porque permite comparações das medidas das áreas dos objectos
geográficos (comparação de grandezas de países, províncias,
distritos, comparação de áreas de cultivo, etc.)

3. Equidistância-significa que a medida duma dada distância


considerada na escala, corresponde com a do terreno, contudo esta
propriedade não é extensiva conquanto as distâncias podem ser
mantidas, ao longo dum paralelo ou meridiano.
Quanto maior for a escala, tanto maior será a exactidão das três
propriedades no mapa.
Pode ser que em algumas ocasiões se desfaça a combinação das
três propriedades, então esses mapas não servem para a navegação

11Em mapas de escala pequena esta propriedade não se aplica pois leva a
ocorrência de deformações assinaláveis.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 107

aérea e marinha, tendo apenas um papel meramente ilustrativo da


distribuição espacial dos objectos geográficos.

Sumário
A elaboração de uma carta topográfica passa pelo recurso de mais
variados trabalhos efectuados por especialistas que têm diferentes
áreas de formação e cada um com a sua função específica que vai
dar num único objectivo que é a carta disponível para ser utilizada
por diferentes áreas de saber.
Este trabalho pode ser difícil de entender para um usuário de cartas
topográficas, pois tem o trabalho final, que levou horas ou anos de
levantamento topográfico das regiões que pretende explorar.

Exercícios
1- Descreva a importância das cartas e plantas topográficas para a
prática social.

2- Das propriedades dos mapas explique a de Equivalência.

3- Como explicas com tuas palavras a propriedade de


equidistância?

Depois de realizar as tarefas entregue a nº 3


Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 109

Unidade XI

Cartografia Digital

Introdução
Com o advento das novas tecnologias de informação, a Cartografia
beneficiou de uma revolução das suas formas de captação de
informação, graças a liberalização de algumas informações até
então apenas ao poder dos militares, que passaram a ser fornecidas
para qualquer utilizador comum, o que ajudou a resolver uma
infinidade de problemas de índole social.

É desta revolução na área da Cartografia que pretendemos abordar


na presente Unidade, onde vamos prestar atenção ao sistema de
Informação Geográfica, ao Global Position Sistem, e a
Fotogrametria, como elementos que vieram revolucionar a área de
Cartografia e Topografia, assim terá a oportunidade de estudar os
diferentes componentes destes sistemas e a sua principal aplicação
na sociedade.

Ao completar esta unidade você será capaz de:

 Definir a Fotogrametria.

 Interpretar o campo de funcionamento do SIG.


Objectivos
 Caracterizar o SIG, nas suas diferentes components.

 Descrever os princípios de funcionamento do GPS

 Explicar os diferentes components do GPS.

 Identificar as informações que podem ser fornecidas pelo GPS.


110 Unidade XI

A Fotogrametria e a Detecção Remota.

A Fotogrametria, é a disciplina que se ocupa da medição, análise


e interpretação de “fotogramas” com vista a classificação e
determinação da posição e dimenções “reais” dos objectos neles
representados. A aplicação de imagens fotográficas á elaboração de
cartas topográficas foi defendida pelo geodesista Arago, da
Academia de Ciencias Francesas, em 1840, um ano após a
descoberta do processo fotográfico por Lois Daguerre. Os
primeiros meios empregues nesta técnica foram os balões para mais
tarde recorrer-se oas aviões e outras tecnologías como satélites.
O termo Detecção Remota foi introducido na década 60 pelos
geógrafos do US Office of Naval Research, como designação dos
métodos para recolha da Informação geográfica, isto é da
informação referente a fenómenos distribuídos esopacialmente pela
superficie da Terra, por medição e interpretação de imagens
(fotográficas e numéricas), obtidas a partir de energia
electromagnética (EM), por ela emitida e reflectada. A
fotogrametria é actualmente considerada uma área específica da
detecção Remota.

 A Teledeteção, é a técnica que permite obter informação


sobre um objecto, superficie ou fenómeno a través da
análise dos dados adquiridos por um instrumento que não
está em contacto com ele.

11.1- Sistemas de Informação Geográfica

Os Sistemas de Informação Geográfica, (SIG ou GIS –


Geographic Information System, do acrónimo inglês), são sistemas
organizados de hardwere, software, dados geográficos e
personalizados, desenhados para capturar, armazenar, manipular,
analizar e desplegar em todas as suas formas a informação
geográficamente referenciada com o fim de desenvolver problemas
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 111

complexos da planificação e gestão. Também pode definir-se como


um modelo de uma parte da realidade referente a um sistema de
coordenadas terrestres e construido para atisfacer umas
necesidades concretas de informação.

Os dados em SIG devem estar georeferenciadas, isto é, localizados


na superfície terrestre e representados numa projecção cartográfica.
O requisito de armazenar a geometria dos objectos geográficos e de
seus atributos representa uma dualidade básica para SIGs. Para
cada objecto geográfico, SIG necessita armazenar seus atributos e
as várias representações gráficas associadas. Devido a sua ampla
gama de aplicações, que se inclui temas como: agricultura, floresta,
cartografia, cadastro urbano, e redes de concessionárias (água,
energia, e telefonia), há pelo menos três grandes maneiras de
utilizar o um SIG:
 Como ferramenta para produção de mapas;
 Como suporte para análise espacial de fenômenos;
 Como um banco de dados geográficos, com funções de
armazenamento e recuperação de informação espacial.

Para interpretar a importância a as áreas de aplicação do SIG,


podemos apresentar algumas definições deste sistema:

Um conjunto manual ou computacional de procedimentos


utilizados para armazenar e manipular dados
georeferenciados. (Arnoff, 1989)
Conjunto poderoso de ferramentas para colectar,
armazenar, recuperar transformar e visualizar dados sobre o
mundo real. (Burrough, 1986);
Um sistema de suporte á decisão que integra dados
referenciados espacialmente num ambiente de respostas a
problemas. (Cowen, 1986);
Um banco de dados indexados espacialmente, sobre o qual
opera um conjunto de procedimentos para responder a
consultas sobre entidades espaciais (Smith et al 1987).
112

Estas definições de SIG reflectem, cada uma á sua maneira a


multiplicidade de usos e visões possíveis desta tecnologia e
apontam para uma perspectiva interdiscilinar de sua utilização. A
partir destes conceitos, é possível indicar as principais
características de SIG.

11.2- Características do SIG

 Inserir e integrar, numa única base de dados, informações


espaciais, provenientes de dados geográficos, dados
censitários e cadastro urbano e rural, imagens de satélite,
redes e modelos numéricos de terreno:
 Oferecer mecanismos para combinar as várias informações,
através de algoritmos de manipulação e análise, bem como
para consultar, recuperar, visualizar e plotar o conteúdo da
base de dados georeferenciados.

Atualmente existem várias gerações de tecnologias de SIG, que de


uma ou de outra maneira tem auxiliado os utilizadores desta
tecnologia a obter informações para diferentes fins de utilização.

Sistema de informação geográfica.

Um exemplo bem conhecido de um protoSIG é o trabalho


desenvolvido pelo Dr. John Snow em 1854 para situar a fonte
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 113

causadora de um surto de cólera na zona do Soho em Londres,


cartografando os casos detectados. Esse protoSIG permitiu a Snow
localizar com precisão um poço de água contaminado como fonte
causadora do surto. Esta informação, entretanto, é controversa,
visto que John Snow já tinha descoberto o poço antes da aplicação
do mapa.

GvSIG - Sistema de informação geográfica.

11.3- Modelos de funcionamento do SIG

Existem vários modelos de dados aplicáveis em SIG. Por exemplo,


o SIG pode funcionar como uma base de dados com informação
geográfica (dados alfanuméricos) que se encontra associada por um
identificador comum aos objectos gráficos de um mapa digital.
Desta forma, assinalando um objecto pode-se saber o valor dos
seus atributos, e inversamente, seleccionando um registro da base
de dados é possível saber a sua localização e apontá-la num mapa.

O Sistema de Informação Geográfica separa a informação em


diferentes camadas temáticas e armazena-as independentemente,
permitindo trabalhar com elas de modo rápido e simples,
permitindo ao operador ou utilizador a possibilidade de relacionar a
informação existente através da posição e topografia dos objectos,
com o fim de gerar nova informação.

Os modelos mais comuns em SIG são o modelo raster ou matricial


e o modelo vectorial. O modelo de SIG matricial centra-se nas
propriedades do espaço, compartimentando-o em células regulares
114

(habitualmente quadradas, mas podendo ser rectangulares,


triangulares ou hexagonais). Cada célula representa um único valor.
Quanto maior for a dimensão de cada célula (resolução) menor é a
precisão ou detalhe na representação do espaço geográfico. No caso
do modelo de SIG vectorial, o foco das representações centra-se na
precisão da localização dos elementos no espaço. Para modelar
digitalmente as entidades do mundo real utilizam-se essencialmente
três formas espaciais: o ponto a linha e o polígono.

GRASS - Sistema de informação geográfica.

11.4- Padronização do Sistema

Na tentativa de chegar a uma padronização dos citados tipos de


dados, existe o Open Geospatial Consortion, O objetivo é forçar os
desenvolvedores de software de SIG e Geoprocessamento adotarem
padrões. Atualmente, possui algumas especificações:
 WMS - Web Map Service
 WFS- Web Feature Service
 WCS - Web Coverage Service
 CS-W- Catalog Service Web
 SFS - Simple Features - SQL
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 115

 GML - Geography Markup Language


A partir de 2005, com a disponibilização gratuita do visualizador
Google Earth, o formato KMZ se popularizou, tornando-se um
padrão de facto. Vários SIG, em 2006, já apresentam possibilidades
de exportação e importação de arquivos KMZ, como o NASA
World Wind..

11.5- Utilização Prática mais Frequente do SIG

Os SIG permitem compatibilizar a informação proveniente de


diversas fontes, como informação de sensores espaciais (detecção
remota / Sensoriamento remoto), informação recolhida com GPS
ou obtida com os métodos tradicionais da Topografia.
Entre as questões em que um SIG pode ter um papel importante
encontram-se:
1. Localização: Inquirir características de um lugar concreto
2. Condição: Cumprimento ou não de condições impostas aos
objectos.
3. Tendência: Comparação entre situações temporais ou
espaciais distintas de alguma característica.
4. Rotas: Cálculo de caminhos óptimos entre dois ou mais
pontos.
5. Modelos: Geração de modelos explicativos a partir do
comportamento observado de fenómenos espaciais.
6. Material jornalístico. O Jornalismo Online pode usar
sistemas SIG para aprofundar coberturas jornalísticas onde
a especialização é importante.

Os campos de aplicação dos Sistemas de Informação Geográfica,


por serem muito versáteis, são muito vastos, podendo-se utilizar na
maioria das actividades com uma componente espacial, da
cartografia a estudos de impacto ambiental ou de prospecção de
recursos ao marketing, constituindo o que poderá designar de
Sistemas Espaciais de Apoio à Decisão. A profunda revolução que
116

provocaram as novas tecnologias afectou decisivamente a evolução


da análise espacial.

11.5- Sistema de Posicionamento Global GPS

O Sistema de Posicionamento Global, popularmente conhecido


por GPS (do acrónimo do inglês Global Positioning System), é um
sistema de posicionamento por satélite americano, por vezes
incorrectamente designado de sistema de navegação, utilizado para
determinação da posição de um receptor na superfície da Terra ou
em órbita. Existem actualmente dois sistemas efectivos de
posicionamento por satélite; o GPS americano e o Glonass russo;
também existem mais dois sistemas em implantação; o Galileo
europeu e o Compass chinês.

Imagem de um satélite espacial da NAVSTAR


Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 117

Antena de telhado para GPS

O sistema GPS foi criado e é controlado pelo Departamento de


Defesa dos Estados Unidos da América, DoD, para uso exclusivo
militar. Actualmente é aberto para uso civil gratuito, requerendo
apenas um receptor capaz de captar o sinal emitido pelos satélites.

O DoD fornece dois tipos de serviços GPS: Standard e Precision.

O sistema está dividido em três partes: espacial, de controlo e


utilizador. O segmento espacial é composto pela constelação de
satélites. O segmento de controlo é formado pelas estações
terrestres dispersas pelo mundo ao longo da Zona Equatorial,
responsáveis pela monitorização das órbitas dos satélites,
sincronização dos relógios atómicos de bordo dos satélites e
actualização dos dados de almanaque que os satélites transmitem.
O segmento do utilizador consiste num receptor que capta os sinais
emitidos pelos satélites. Um receptor GPS (GPSR) descodifica as
transmissões do sinal de código e fase de múltiplos satélites e
calcula a sua posição com base nas distâncias a estes. A posição é
dada por latitude, longitude e altitude, coordenadas geodésicas
referentes ao sistema WGS84

Descrição Técnica

Receptores GPS vêm numa variedade de formatos, de dispositivos


integrados dentro de carros, telefones, e relógios, a dispositivos
118

dedicados somente ao GPS como estes das marcas Trimble,


Garmin e Leica.
O sistema foi declarado totalmente operacional apenas em 1995.
Seu desenvolvimento custou 10 bilhões de dólares. Consiste numa
“constelação” de 28 satélites sendo 4 sobressalentes em 6 planos
orbitais. Os satélites GPS, construídos pela empresa Rockwell,
foram lançados entre Fevereiro de 1978 (Bloco I), e 6 de
Novembro de 2004 (o 29º). Cada um circunda a Terra duas vezes
por dia a uma altitude de 20200 quilómetros (12600 milhas) e a
uma velocidade de 11265 quilómetros por hora (7000 milhas por
hora). Os satélites têm a bordo relógios atómicos e constantemente
difundem o tempo preciso de acordo com o seu próprio relógio,
junto com informação adicional como os elementos orbitais de
movimento, tal como determinado por um conjunto de estações de
observação terrestres. Velocidade Orbital da Terra é 29,8 Km/s.
(Satélites GPS é de aproximadamente 60 Km/s).

11.6- Medição com um GPS

O receptor não necessita de ter um relógio de tão grande precisão,


mas sim de um suficientemente estável. O receptor capta os sinais
de quatro satélites para determinar as suas próprias coordenadas, e
ainda o tempo. Então, o receptor calcula a distância a cada um dos
quatro satélites pelo intervalo de tempo entre o instante local e o
instante em que os sinais foram enviados (esta distância é chamada
pseudodistância). Descodificando as localizações dos satélites a
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 119

partir dos sinais de microondas (tipo de onda electromagnética) e


de uma base de dados interna, e sabendo a velocidade de
propagação do sinal, o receptor, pode situar-se na intersecção de
quatro calótes, uma para cada satélite.
Até meados de 2000 o departamento de defesa dos EUA impunha a
chamada "disponibilidade selectiva", que consistia em um erro
induzido ao sinal impossibilitando que aparelhos de uso civil
operassem com precisão inferior a 90 metros.
Porém, o presidente Bill Clinton foi pressionado a assinar uma lei
determinando o fim dessa interferência no sinal do sistema, desse
modo entende-se que não há garantias que em tempo de guerra o
serviço continue a disposição.

Aplicações

Coordenadas com um GPS com Bússola e Altímetro integrado

Além de sua aplicação óbvia na aviação geral e comercial e na


navegação marítima, qualquer pessoa que queira saber a sua
posição, encontrar o seu caminho para determinado local (ou de
volta ao ponto de partida), conhecer a velocidade e direcção do seu
deslocamento pode-se beneficiar com o sistema. Actualmente o
sistema está sendo muito difundido em automóveis com sistema de
navegação de mapas, que possibilita uma visão geral da área que
você está percorrendo.
120

A comunidade científica utiliza-o pelo seu relógio altamente


preciso. Durante experiências científicas de recolha de dados, pode-
se registar com precisão de micro-segundos (0,000001 segundo)
quando a amostra foi obtida. Naturalmente a localização do ponto
onde a amostra foi recolhida também pode ser importante.
Agrimensores diminuem custos e obtêm levantamentos precisos
mais rapidamente com o GPS. Unidades específicas têm custo
aproximado de 3.000 dólares e precisão de 1 metro, mas existem
receptores mais caros com precisão de 1 centímetro. A recolha de
dados por estes receptores é mais lenta.

Exemplo de um receptor GPS com mapas, instalado em um carro.

Guardas florestais, trabalhos de prospecção e exploração de


recursos naturais, geólogos, arqueólogos, bombeiros, são
enormemente beneficiados pela tecnologia do sistema. O GPS tem-
se tornado cada vez mais popular entre ciclistas, balonistas,
pescadores, ecoturistas, geocachers, vôo livre ou por leigos que
queiram apenas orientação durante as suas viagens. Com a
popularização do GPS, um novo conceito surgiu na agricultura: a
agricultura de precisão. Uma máquina agrícola dotada de receptor
GPS armazena dados relativos à produtividade em um cartão
magnético que, tratados por programa específico, produz um mapa
de produtividade da lavoura. As informações permitem também
optimizar a aplicação de correctivos e fertilizantes.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 121

11.7- Tipos de Receptores

Existem diferentes receptores GPS, desde diversas marcas que


comercializam soluções “tudo-em-um”, até os externos que são
ligados por cabo ou ainda por bluetooth. Geralmente categorizados
em termos de demandas de uso em Geodésicos, Topográficos e de
Navegação.

A diferenciação entre essas categorias, que a princípio pode parecer


meramente de preço de aquisição é principalmente devido à
precisão alcançada, ou seja a razão da igualdade entre o dado real
do posicionamento, e o oferecido pelo equipamento. Sendo os mais
acurados, com valores na casa dos milímetros, os receptores
Geodésicos são capazes de captar as duas frequências emitidas
pelos satélites (L1 e L2), possibilitando assim a eliminação dos
efeitos da refracção ionosférica. Os topográficos, que tem
características de trabalho semelhantes à categoria anterior, porém
somente captam a portadora L1, também possuem elevada
precisão, geralmente na casa dos centímetros. Ambas as categorias
tem aplicações técnicas, e características próprias como o pós-
processamento, o que significa que geralmente não informam o
posicionamento instantaneamente (excepto os modelos RTK).

No caso da categoria de maior uso, a de navegação, embora possua


menor precisão de posicionamento, tem inúmeras vantagens como
o baixo preço de aquisição e inúmeras aplicações, onde vê-se uma
infinidade de modelos, tanto aqueles que integram diversos
equipamentos como computadores de mão, celulares, relógios, etc.,
como aqueles dedicados exclusivamente ao posicionamento GPS,
onde também encontramos aplicações para uso do dado de
posicionamento em outros equipamentos como notebooks,
rastreadores de veículos, etc.

Actualmente com a convergência de dispositivos, existem muita


variedade de Pocket PCs com GPS interno. Estes têm a vantagem
de se poder escolher o software que se pretende utilizar com eles.
122

O que ter em conta ao escolher um receptor?

 Número de canais que o receptor utiliza.


 Mapas disponíveis (caso se aplique).
 Luminosidade do(a) ecrã/tela (caso se aplique).
 Autonomia.
 Robustez.
 Tempo de duração das baterias(caso se aplique).

Porque o que conta acima de tudo é a recepção de sinal, conta


muito o número de canais que o GPS usa para adquirir o sinal.
Actualmente existem receptores com chip SIRF III que usam 20
canais.

11.8- Segmento de Controle em GPS

Todos os 24 satélites são controlados pelo Segmento de Controle


em Terra.
Este controle é feito por uma estação de controle Master localizado
no Colorado, nos Estados Unidos. Ele é responsável por monitorar
o rastro dos satélites com o auxílio de 5 estações de monitoramento
espalhados pela Terra, processando todos os dados e então
enviando a correcção e sinais de controle para os satélites.
O segmento de controle monitora a performance total do sistema,
corrige posições do satélite e reprograma o sistema com o padrão
necessário. As estações de monitoramento estão localizados em :

- (1) Ilha de Ascención no Atlântico Sul,


- (2) Diego Garcia no Oceano Índico,
- (3) Kwajalien no Oceano Pacífico,
- (4) Cabo Kennedy na Flórida,
- (5) e Hawaii.
- (6) Estação Master - Colorado.
Cartografia e Topografia. Os Elementos Essenciais 123

11.9- As Informações que o GPS pode fornecer

De notar que num aparelho de GPS, dependendo da sua aplicação


podemos obter uma gama de informações úteis para a nossa
orientação ou para outros fins julgados convenientes. Algumas das
informações constam de:
A posição dum objecto ou elemento isto é fornece informações
sobre a latitude e longitude do lugar onde nos encontramos, bem
como a altitude do mesmo lugar, de modo a entendermos onde nos
encontramos posicionados.
O rumo para um determinado ponto previamente determinado por
meio de coordenadas geográfica ou rectangulares, esta função nos
permite que estando num determinado ponto, pretendendo nos
deslocar a um outro ponto, inserimos no aparelho as coordenadas
desse lugar e a distância, á medida que nos deslocamos para o
ponto, o aparelho nos vai fornecendo os descontos da distância e o
rumo que seguimos para o ponto, assim como nos fornece o ângulo
de afastamento ou de aproximação ao objecto em questão.
A rota seguida no processo do nosso deslocamento: uma vez
activada a função respectiva podemos obter a rota que seguimos no
processo de uma viagem de um ponto para outro, em certos
aparelhos esta função pode ser apresentada num mapa determinado
e com indicação do posicionamento actual do aparelho ou do
operador.
Para além destas funções o GPS, pode ajudar a calcular os diversos
ângulos que são calculados com recurso ao Teodolito, isto é os
ângulos horizontais e verticais, dependendo das aplicações que o
aparelho pode suportar.

Sumário
Os Sistemas de Informação Geográfica, (SIG ou GIS –
Geographic Information System, do acrónimo inglês), são sistemas
organizados de hardwere, software, dados geográficos e
personalizados, desenhados para capturar, armazenar, manipular,
124

analizar e desplegar em todas as suas formas a informação


geográficamente referenciada com o fim de desenvolver problemas
complexos da planificação e gestão.
Estes sistemas em conjunto com os sistemas de GPS, constituem a
nova tecnología aplicada a Cartografia, que nos últimos anos tem
dado um grande contributo para a resolução de diferentes
problemas que se apresentam no campo social e não só, como
também em outras esferas como a mailitar e geográfica.

Exercícios
1- Defina a Fotogrametria que estudaste.

2- Faça um breve comentário sobre o funcionamento do GIS.

3- Em quantas componentes este sistema é constituído?

4- Quais são as componentes do GPS?

5- Quais são as informações que o GPS pode fornecer?

Faça as tarefas e entregue os pontos 4 e 5

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