Você está na página 1de 123

Manual do Curso de Licenciatura de Gestão de Recursos Humanos

Técnicas de Expressão Oral e Escrito

ENSINO ONLINE. ENSINO COM FUTURO 2023


1º ANO : Técnicas de Expressão Oral e Escrita
CÓDIGO ISCED11-LIECFC002

TOTAL HORAS/ 2 100


SEMESTRE
CRÉDITOS (SNATCA) 4
NÚMERO DE TEMAS 25
Direitos de autor (copyright)

Este manual é propriedade da Universidade Aberta (UnISCED) e contêm reservados todos os


direitos. É proibida a duplicação e/ou reprodução deste manual, no seu todo ou em partes,
sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia
ou outros), sem permissão expressa da entidade editora (Instituto Superior de Ciências e
Educação à Distância). O não cumprimento desta advertênciaé passível a processos judiciais.

Universidade Aberta UnISCED


Vice-Reitoria Académica
Rua Dr. Almeida Lacerda, No 212
Ponta – Gêa
Beira - Moçambique
Telefone: +258 23 323501
Cel: +258 82 3055839
Fax: 23323501
E-mail: direccao@isced.ac.mz
Website: www.unisced.edu.mz
Agradecimentos

Universidade Aberta UnISCED e o autor do presente manualagradecem a colaboração dos seguintes


indivíduos e instituições na elaboração deste manual:

Pela coordenação Direcção Acadêmica da UnISCED

Pelo design Direcção de Qualidade e Avaliação da


UnISCED
Financiamento e logística
Instituto Africano de Promoção da Educação
à Distância (IAPED)

Pela revisão final Dr. Marcelino Cumbane

Elaborado por:

Dr. Fernando Manuel Samuel Safo Chicumule - Mestrando em Línguas, Literaturas e Culturas
e Especializado em Língua Portuguesa e Literaturas de Expressão Portuguesa eLicenciado em
Língua e Cultura Portuguesa
Índice

Visão geral 1
Bem vindo ao Módulo de Técnica de Expressão ............................................................... 1
Objectivos do Módulo....................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 2
Como está estruturado este módulo ................................................................................ 2
Ícones de actividade ......................................................................................................... 3
Acerca dos ícones ............................................................................................ 3
Habilidades de estudo ...................................................................................................... 3
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 4
Tarefas(avaliação e auto-avaliação) .................................................................................. 4
Avaliação ........................................................................................................................... 4

Unidade 1. O processo de comunicação 5

Introdução......................................................................................................................... 5
Sumário ........................................................................................................................... 10
Exercícios ........................................................................................................................ 11

Unidade 2. As Técnicas e os Métodos de Estudo 13

Introdução....................................................................................................................... 13
Sumário ........................................................................................................................... 16
Exercícios ........................................................................................................................ 17

Unidade 3. A Leitura 17

Introdução....................................................................................................................... 17
Sumário ........................................................................................................................... 20
Exercícios ........................................................................................................................ 20

Unidade 4. A Tomada de Notas 21

Introdução....................................................................................................................... 21
Sumário ........................................................................................................................... 24
Exercícios ........................................................................................................................ 24

Unidade 5. O Resumo 25
Introdução...................................................................................................................... 25
Sumário .......................................................................................................................... 27
Exercícios ........................................................................................................................27

Unidade 6. A Síntese 30

Introdução........................................................................................................................... 30
Unidade 7. A Ortografia 33

Introdução ................................................................................................................................ 33
Sumário .................................................................................................................................... 38
Exercícios .................................................................................................................................. 39
Unidade 8. A Pontuação 40

Introdução .............................................................................................................................. 40
Sumário .................................................................................................................................... 47
Exercícios ................................................................................................................................. 48

Unidade 9. A análise de um texto escrito 48

Introdução ................................................................................................................................ 48
Sumário .....................................................................................................................................51
Exercícios .................................................................................................................................. 51

Unidade 10. A Frase 51

Introdução........................................................................................................................... 51
Sumário ............................................................................................................................. 54
Exercícios .......................................................................................................................... 54

Unidade 11. A Frase Simples e Complexas 55

Introdução............................................................................................................................55
Sumário ............................................................................................................................. 58
Exercícios ..........................................................................................................................58
Unidade 12. Estudo do Verbo 59

Introdução ............................................................................................................. 59
Sumário ............................................................................................................................. 62
Exercícios .......................................................................................................................... 62

Unidade 13. Conjugação Pronominal 63

Introdução ............................................................................................................. 63
Sumário ............................................................................................................................. 65
Exercícios .......................................................................................................................... 65

Unidade 14. O Discurso directo e Indirecto 65

Introdução.......................................................................................................................... 65
67
68
Unidade 15. A Ficha Bibliográfica 68

Introdução ................................................................................................................................ 68
Sumário .................................................................................................................................... 70
Exercícios .................................................................................................................................. 70

Unidade 16. A Ficha de Leitura 70

Introdução ............................................................................................................. 70
Sumário ............................................................................................................................. 73
Exercícios ........................................................................................................................ 74

Unidade 17. O Sumário 74

Introdução ............................................................................................................. 74
Sumário ............................................................................................................................. 78
Exercícios .......................................................................................................................... 78

Unidade 18. Textos Administrativos 79


Introdução ............................................................................................................. 79
Sumário ............................................................................................................................. 80
Exercícios ........................................................................................................................
80

Unidade 19. Formas de Tratamento 81

Introdução .............................................................................................................. 81
Sumário..............................................................................................................................83
Exercícios ........................................................................................................................
83

Unidade 20. A Carta 84

Introdução .............................................................................................................. 84
Sumário............................................................................................................................. 87
Exercícios ........................................................................................................................ 87

Unidade 21. A convocatória 88

Introdução ............................................................................................................. 88
Sumário ............................................................................................................................. 90
Exercícios. ....................................................................................................................... 90

Unidade 22. A Acta 91

Introdução........................................................................................................................... 91
Unidade 23. Texto Expositivo-Explicativo 95
Introdução ................................................................................................................................ 95

Sumário .................................................................................................................................... 98
Exercícios ......................................................................................................................... 99

Unidade 24. Texto Expositivo-Argumentativo 99

Introdução ................................................................................................................................ 99

Estrutura do Texto Argumentativo 105


Sumário........................................................................................................................... 107
Exercícios........................................................................................................................ 108

Unidade 25. O Relatório 108

Introdução......................................................................................................................... 108
Sumário........................................................................................................................... 110
Exercícios........................................................................................................................ 111
VISÃO GERAL

Bem-vindo ao Módulo de Técnicas de Expressão Oral e


Escrita em Língua Portuguesa

A Competência na comunicação e expressão em língua


portuguesa é uma das habilidades indispensáveis, quer na
comunidade em geral, quer em todos os processos de gestão do
capital humano, nas organizações. Assim, por meio deste manual
pretendemos que o futuro técnico ou gestor de recursos humanos
seja capaz de se exprimir correctamente e de produzir documentos
de carácter administrativo com uma boa expressividade e correcção
linguísticas.

Objectivos do Módulo

Ao terminar o estudo do módulo de Técnica de Expressão Oral e


Escrita em Língua Portuguesa, o formando será capaz de:

• Adquirir e aperfeiçoar as técnicas de expressão consideradas


como fundamentais para a prossecução dos estudos superiores
e para futura vida profissional.

Objectivos Conjugar destrezas e conhecimentos linguísticos com literacia e competências

comunicativas.

• Analisar aspectos gramaticais e funcionais da língua portuguesa

• Reflectir sobre a estética e a cultura da linguagem.


• Produzir correctamente textos de carácter administrativo;
• Aplicar eficazmente as diferentes formas de tomada de nota ou
de estudo.

• Reconhecer as estratégias discursivas que norteiam a produção


e organização de textos.

• Usar correctamente as regras de pesquisa e elaboração de


trabalhos científicos.
Quem deveria estudar este módulo

Este Módulo foi concebido para todos os estudantes dos Cursos de


Licenciatura na Universidade Aberta (UnISCED), que têm, no seu
plano curricular, a disciplina de Técnicas de Expressão Oral e
Escrita. O módulo reserva-se ainda para todo o Público que o
considere interessante.

Como está estruturado este módulo

Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade


Aberta (UnISCED) encontram-se estruturadosda seguinte maneira:

Páginas introdutórias

▪ Um índice completo.

▪ Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os


aspectos-chave necessários para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção
antes de começar o seu estudo.

Conteúdo do curso / módulo


O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma
introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
um sumário da unidade e uma ou mais actividades para auto-
avaliação.

Outros recursos
Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos
uma lista de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos
podem incluir livros, artigos ou sites na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação


Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada
unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar.
Estes elementos encontram-se no final do módulo.

Comentários e sugestões
Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários
sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus
comentários serão úteis para nos ajudar a [re] avaliar e melhorar este
curso / módulo.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas


margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes
partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela
específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança
de actividade, etc.

Acerca dos ícones


Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir,
cada um com uma descrição do seu significado e da forma como
nós interpretámos esse significado para representar as várias
actividades ao longo deste curso / módulo.
Ao longo do módulo encontrarás uma série de imagens que
sintetizam as teorias apresentadas. Estes ícones foram retirados de
obras consultadas ou então criadas para facilitar o processo de
compreensão dos conteúdos patentes no módulo.

Habilidades de estudo

Caro formando, o ensino à distância requer de si um grande


interesse pelo estudo, porque é um “Auto didacta”. Neste sentido,
terá de criar um horário de estudo que lhe dará a possibilidade de
estudar o módulo pelo menos quatro horas por semana.
No fim de cada unidade, será necessário que se elabore uma síntese
das teorias lidas para a compreensão dos conteúdos.

Precisa de apoio?

A base do estudo é este módulo, mas pode completar as suas


investigações na biblioteca da Universidade Aberta (UnISCED) ou
até com os materiais que poderá encontrar noutras bibliotecas.
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)

As Tarefas de exercícios estão em função dos objectivos, fichas


informativas, recursos existentes e de todo um leque de condições
concretas. Os trabalhos serão entregues obedecendo aos critérios
estabelecidos pela UnISCED.

Avaliação

A avaliação da cadeira será controlada da seguinte maneira:

▪ Três (3) Trabalhos realizados pelos estudantes, sendo


divididos em três sessões presenciais de acordo com a
programação da UnISCED.
▪ Dois (2) Testes escritos em presença e um Exame no fim do
semestre.

UNIDADE 1

O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
Introdução
Nesta primeira unidade, abordamos o processo de comunicação
porque constitui a base da nossa comunicação no quotidiano. Neste
processo, são estudados os elementos que garantem uma
comunicação perfeita.
Focalizamos também as funções de comunicação que se relacionam
intrinsecamente com os factores da comunicação para o processo
comunicacional.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

• Conhecer os elementos de comunicação;


• Relacionar os factores da comunicação com as funções de
linguagem;
Objectivos Comunicar, de forma desbloqueada, sem ruído.
O Processo de comunicação

No processo de comunicação, o emissor (ou codificador) emite uma mensagem (ou sinal)
ao receptor (ou descodificador), através de uma chamada, por exemplo um telefonema. O
receptor

interpretará a mensagem que pode ter chegado até ele com algum
tipo de barreira (ruído) e, a partir daí, dará o feedback ou resposta,
completando o processo de comunicação.

Ciclo comunicacional:

- Codificar: transformar, num código conhecido, a intenção da


comunicação ou elaborar um sistema de signo ou um significado
que aparenta objectivos comuns;

- Descodificar: decifrar a mensagem, operação que depende do


repertório (conjunto estruturado de informação) de cada pessoa;

- Feedback: corresponde à informação que o emissor consegue


obter e pela qual sabe se a sua mensagem foi captada pelo receptor.

Tipos de Linguagem
-Linguagem verbal: as dificuldades de comunicação ocorrem
quando as palavras têm graus distintos de abstracção e variedade
de sentido. O significado das palavras está nas pessoas (no
repertório de cada um e que lhe permite decifrar e interpretar as
palavras);

-Linguagem não-verbal: as pessoas não se comunicam apenas por


palavras. Os movimentos faciais e corporais, os gestos, os olhares,
as entoações são também importantes: são os elementos não
verbais da comunicação.

Os significados de determinados gestos e comportamentos variam


muito de uma cultura para outra e de época para época.

A comunicação verbal é plenamente voluntária; o comportamento


não-verbal pode ser uma reacção involuntária ou um acto
comunicativo propositado.

Alguns psicólogos (e.g. Armindo Freitas-Magalhães, 2007) afirmam


que os sinais não-verbais têm as funções específicas de regular e
encadear as interacções sociais e de expressar emoções e atitudes
interpessoais:

a) Expressão facial: não é fácil avaliar as emoções de alguém


apenas a partir da sua expressão fisionómica. Por vezes os rostos
transmitem espontaneamente os sentimentos, mas muitas pessoas
tentam inibir a expressão emocional.

b) Movimento dos olhos: desempenha um papel muito importante


na comunicação. Um olhar fixo pode ser entendido como prova de
interesse, mas noutro contexto pode significar ameaça,
provocação. Desviar os olhos quando o emissor fala é uma atitude
que tanto pode transmitir a ideia de submissão como a de
desinteresse.

c) Movimentos da cabeça: tendem a reforçar e sincronizar a


emissão de mensagens.

d) Postura e movimentos do corpo: os movimentos corporais


podem fornecer pistas mais seguras do que a expressão facial para
se detectar determinados estados emocionais. Por ex.: inferiores
hierárquicos adoptam posturas atenciosas e mais rígidas do que os
seus superiores, que tendem a mostrar-se descontraídos.

e) Comportamentos não-verbais da voz: a entoação (qualidade,


velocidade e ritmo da voz) revela-se importante no processo de
comunicação. Uma voz calma geralmente transmite mensagens
mais claras do que uma voz agitada.

f) Aparência: a aparência de uma pessoa reflecte normalmente o


tipo de imagem que ela gostaria de passar. Através da
indumentária, arrumo, maquilhagem, apetrechos pessoais,
postura, gestos, modo de falar, etc, as pessoas criam uma projecção
de como são e de como gostariam de ser tratadas. As relações
interpessoais serão menos tensas se a pessoa fornecer aos outros a
sua projecção particular e se os outros respeitarem essa projecção.

Relação Interpessoal - construção da identidade (ERIKSON, 1872): -


implica definir quem a pessoa é, quais sãos seus valores e qual
direcção deseja seguir pela vida.

Elementos da comunicação
A comunicação acompanha o ser humano desde seu nascimento,
sendo processada em todo tempo, independentemente da forma
ou da localização. O sucesso de toda a actividade profissional é uma
comunicação eficaz.
Comunicar significa transmitir e receber mensagens e pode ser
realizada por meio de:
-Linguagem falada ou escrita,
-Linguagem de sinais,
-Ideias,
-Comportamentos e atitudes.

No entanto, a comunicação jamais poderá ser compreendida como


um fenómeno isolado, pois ela somente será efectiva, se outros
elementos estiverem presentes nessa dinâmica.

Os elementos da comunicação são:

1- Emissor (locutor) = É aquele que dá início ao processo


comunicativo, pois transmite a mensagem.

2- Receptor (alocutário) = É o alvo do emissor, sendo quem recebe


a mensagem.

3- Mensagem = Pode ser um facto, ideias ou até mesmo, emoções,


ou seja, é o conteúdo contido na comunicação. 4- Canal = É o meio
pelo qual a mensagem é enviada do emissor para o receptor.

5- Referente ou Contexto: É o objecto ou a situação a que a


mensagem se refere.

6- Código: É o conjunto de regras de combinação de signos utilizado


para elaborar uma mensagem: o emissor codifica aquilo que o
receptor irá descodificar.

Entende-se que a organização deve estar atenta ao que vai além das
palavras no processo de comunicação. É preciso focalizar também
os gestos, as expressões e atitudes. Ao mesmo tempo, ressalta-se
que o mais importante é ter capacidade de uma escuta atenta ao
que diz o cliente, pois ele repassará para a empresa o feedback de
todo o investimento realizado na sua direcção.

O maior cuidado deve estar em não produzir “ruídos” ao realizar a


comunicação. Isso quer dizer ter certeza de que a mensagem
emitida foi correctamente recebida e interpretada pelo público
alvo.

É preciso ter o conhecimento das técnicas e dos conceitos para


colocar as palavras certas em função da comunicação certa.
Funções da linguagem

1. Função Emotiva ou Expressiva

Esta função ocorre quando se destaca o emissor. A mensagem


centra-se nas opiniões, sentimentos e emoções do emissor, sendo
um texto completamente subjectivo e pessoal. A ideia de destaque
do locutor dá-se pelo emprego da 1ª pessoa do singular, tanto das
formas verbais, quanto dos pronomes. A presença de interjeições,
pontuação com reticências e pontos de exclamação também
evidenciam a função emotiva ou expressiva da linguagem. Os textos
que expressam o estado de alma do locutor, ou seja, que
exemplificam melhor essa função, são os textos líricos, as
autobiografias, as memórias, a poesia lírica e as cartas de amor.

Exemplo:

Pelo amor de Deus, preciso encontrar algo, nem que sejam cinco
meticais!
2. Função Informativa ou Referencial ou Denotativa

Referente é o objecto ou situação de que a mensagem trata. A


função referencial privilegia justamente o referente da mensagem,
procurando transmitir informações objectivas sobre ele. Centra-se
no contexto da mensagem.

Exemplo:

"Nos vertebrados, esta resposta inclui uma série de alterações


bioquímicas, fisiológicas e imunológicas colectivamente
denominadas inflamação." (Descrição da inflamação num artigo
científico).

3. Função Apelativa ou Conativa ou Injuntiva

É voltada para o leitor, tom imperativo, e muito encontrada em


propagandas. A mensagem é centrada no receptor e organiza-se de
forma a influenciá-lo, ou chamar sua atenção, o contexto torna-se
a parte mais importante da mensagem. Geralmente, usa-se a 2ª
pessoa do discurso (tu/você; vós/vocês), vocativos e formas verbais
ou expressões no imperativo. Como essa função é a mais persuasiva
de todas, aparece comummente nos textos
publicitários, nos discursos políticos, horóscopos e textos de
autoajuda. Como a mensagem centra-se no outro, ou seja, no
interlocutor, há um uso explícito de argumentos que fazem parte
de seu universo.

Exemplo:

"Beba Coca-Cola" / "Venha à caixa Senhor, venha!"

4. Função Fáctica

O canal é posto em destaque, ou seja, o canal que dá suporte à


mensagem. Ocorre quando o emissor tem a intenção de testar o
canal. A Função Fáctica seria basicamente o diálogo.

Exemplo:

"Alô ?!", "Entenderam?", “Quem fala...?”

5. Função Poética

É aquela que se centra sobre a própria mensagem. Tudo o que,


numa mensagem, suplementa o sentimento da mensagem através
do jogo de sua estrutura, de sua tonalidade, de seu ritmo, de sua
sonoridade. Essa função é capaz de despertar no leitor o prazer
estético e surpresa. É explorado na poesia e em textos publicitários.

Exemplo:

“Aquela cativa que me tem cativo” (Camões)

6. Função Metalinguística

Caracterizada pela preocupação com o código. Pode ser definida


como a linguagem que fala da própria linguagem, ou seja, descreve
o acto de falar ou escrever. Programas de TV que abordam sobre a
própria TV ou programas de TV que abordam sobre os media. Peças
de teatro que tratam sobre o teatro.

Exemplos:

A linguagem (o código) torna-se objecto de análise do próprio texto.


Os dicionários e as gramáticas são repositórios de metalinguagem.

“Lutar com palavras é a luta mais vã. Entretanto lutamos mal rompe
a manhã. São muitas, eu pouco. Algumas, tão fortes como o javali.
Não me julgo louco. Se o fosse, teria poder de encantá-las. Mas
lúcido e frio, apareço e tento apanhar algumas para meu sustento
num dia de vida. Deixam-se enlaçar, tontas à carícia e súbito fogem
e não há ameaça e nem há sevícia que as traga de novo ao centro
da praça.” Carlos Drummond de Andrade

Nesse poema, Drummond escreve um poema sobre como escrever


poemas... Ou seja, a criação literária fala sobre si mesma.

Um outro exemplo é quando um cartunista descreve o modo como


ele faz seus desenhos num próprio cartoon; ele demonstra o acto
de fazer cartoons e como são feitos.

Sumário

Em síntese:
O processo da comunicação mobiliza todos os factores da
comunicação, partindo do emissor que codifica uma mensagem
que aborda um assunto do mesmo contexto, por meio de um canal
que respeita um determinado código, para um receptor capaz de
descodificar a informação veiculada da mensagem. Todos os
elementos comunicacionais referidos centram-se,
respectivamente, nas funções expressiva, poética, referencial,
fáctica, metalinguística e apelativa.

Exercícios

Leia atentamente os textos e responda às questões levantadas em


torno deles.
TEXTO -1
Lição sobre a água
Como substância, a água é incolor, insípida e inodora. Desempenha,
portanto, um papel invulgar em todos os campos de actividade do
mundo. Quimicamente, nada se lhe compara. Tratase de um
composto de grande estabilidade, notável solvente e poderosa
fonte de energia química.
Quando congelada, portanto, na forma sólida, a água se expande
ao invés de retrair, conforme acontece com a maioria das demais
substâncias, e o sólido mais leve flutua sobre o líquido mais pesado,
com consequências surpreendentes. Ela é capaz de absorver e
liberar mais calor que todas as demais substâncias comuns. No que
diz respeito a uma série de propriedades físicas e químicas, tais
como seu ponto de congelamento e ebulição, a água é singular,
verdadeira excepção à regra. E quase todas as propriedades
participam dos mecanismos da vida humana, quer naturalmente,
como no processo digestivo, ou artificialmente, como uma máquina
a vapor.
Todas essas peculiaridades da água podem ser explicadas à luz da
sua estrutura molecular. A combinação de dois átomos de
hidrogénio com um de oxigénio formando a água (H2O) resulta
numa molécula espantosamente resistente, sendo necessária uma
energia extraordinária para cindi-la. De facto, até há uns 180 anos
passados acreditava-se que a água fosse um elemento indivisível, e
não um composto químico.
MATTOS e MEGALE: 13:1990
Texto 2

1. Identifique os elementos da comunicação presentes nos


dois textos por meio de um quadro comparativo.
2. Encontre funções da linguagem nos dois textos e
exemplifique com passagens textuais.
3. Descreve situações de ruído de comunicação em todos
factores de comunicação
4. Elabore um texto onde ocorram todas as funções da
linguagem.

UNIDADE 2

AS TÉCNICAS E OS MÉTODOS DE ESTUDO


Introdução
A unidade aborda essencialmente as técnicas de estudo para os
estudantes do ensino superior e, no geral, para os estudantes de
qualquer nível que queiram ver o seu trabalho repleto de sucessos.
O ISCED usa o método PBL, que centraliza o processo de ensino e
aprendizagem no aluno e a aplicação do estudante nos estudos
constitui a base.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

• Diferenciar os métodos de estudo no ensino superior dos métodos de


estudo no ensino secundário;
• Organizar, planificar e implementar as tarefas, ou seja, as
Objectivos actividades de estudo;

O método de estudo

Ao ingressarmos numa instituição temos de prestar atenção a


algumas mudanças relacionadas aos métodos de estudo. Aqui e
em particular neste ISCED usa-se o método PBL que centraliza o

processo de ensino e aprendizagem no aluno. Neste método, o


aluno é o centro da aprendizagem e todas as atenções
estão viradas para o seu desenvolvimento, com tendência à
resolução de problemas específicos da vida quotidiana. Como
veremos nos tópicos que se seguem nesta unidade não
pretendemos ilustrar a aplicabilidade do
método, mas sim o uso de determinadas técnicas que contribuirão
para o maior rendimento do estudante no método.
A Aprendizagem na UnISCED
Como já dissemos acima, os métodos de aprendizagem na UnISCED
sãodiferentes dos usados no ensino secundário geral, pois, para
além donível de abordagem dos conteúdos que é mais profundo, os
estudantes devem possuir a seguinte
postura (+) pesquisadores, (–) dependentes do Docente e
de maior autonomia na aprendizagem.
A título de exemplo de algumas diferenças dos estudantes das duas
escolas temos, de acordo com Ruiz, (1991:19)1
“ no curso médio, o estudante leva para casa as tarefas
diárias; não acontece o mesmo na faculdade. No curso
médio, os alunos andam uniformizados, não podem fumar
no recinto escolar e as classes são bastante homogéneas; no
curso superior nada disso acontece”.
Como se pode notar, a caracterização do ambiente de estudo no
ensino universitário é diferente do ensino secundário. Assim, o
estudante do ensino universitário deve ser pontual, responsável e
assíduo às aulas. A responsabilidade referida parte da programação
das actividades diárias. O plano de actividades
No quotidiano, notamos constantemente que todo o homem
planifica, pois, a planificação é guia das suas actividades. Com base
nela, os homens praticam e controlam o cumprimento dos
objectivos previamente estabelecidos. Assim, tendo o estudante
um conjunto de actividades a efectuar, é pertinente que essas
sejam devidamente planificadas para que o objectivo de
assimilação dos conteúdos seja consumado.
Segundo Estanqueiro (2002: 13)2

“Se compararmos o rendimento de duas pessoas com


capacidades intelectuais semelhantes, veremos que vai mais
longe aquele que dedica mais horas ao estudo. Acontece até
que muitos estudantes de ritmo lento (tipo tartaruga)
chegam a superar colegas rápidos (tipo lebre), só porque
começam mais cedo e são mais regulares.”
Da citação, pode compreender-se até que ponto vai a
responsabilidade do estudante na universidade, pois, antes de

1
RUIZ, J. Álvaro, Metodologia Científica: Guia para eficiência nos estudos,
São Paulo: ATLAS 1991
2
ESTANQUEIRO, A. G. Aprender a Estudar, Lisboa: Texto ed. 2001
tudo, o estudante deve ser capaz de dispor de tempo para estudar
ou mesmo para frequentar todas as aulas do curso. Assim, tornase
indispensável que o estudante descubra o tempo para o
desenvolvimento desta e das outras actividades.

De acordo com Ruiz, (1991: 22)3

“ A maneira mais prática de descobrir ou fazer aparecer o


tempo consiste em tomar uma folha de papel, anotar os
diversos dias da semana em linha horizontal e os diversos
afazeres em linha vertical; registar depois, na coluna de cada
dia da semana, as horas plenas e os diversos espaços”

É evidente que nem sempre acordaremos a hora indicada no nosso


horário mas o grande esforço do estudante deve cingir-se no
cumprimento do horário estabelecido. Neste horário devem
constar todas as actividades inclusive as actividades de estudo
individual: preparação para a aula, revisão de aula, revisões gerais
para as provas e exames e até os tempos de lazer.
Não importa se o tempo de estudo de cada cadeira ou disciplina é
pouco ou não, porque se usarmos correctamente as técnicas de
leitura, revisão, fichamento teremos um bom aproveitamento.
Nisto, é necessário desenvolver técnicas para tornar qualquer
tempo produtivo.
Do ponto de vista de Ruiz, (1991: 22)4

“A perseverança no cumprimento do programa é o maior


problema; geralmente, o nosso tempo é pequeno, mas o pior
é que o pequeno espaço de tempo se converte em nada pela
falta de perseverança.”

3
RUIZ, J. Álvaro, Metodologia Científica: Guia para eficiência nos estudos,
São Paulo: ATLAS 1991
4
RUIZ, J. Álvaro, Metodologia Científica: Guia para eficiência nos estudos,
São Paulo: ATLAS 1991
O autor acima referido apela-nos para maior perseverança nas
actividades programadas no horário individual mas, para além da
perseverança, Estanqueiro cita também a necessidade de ocupar as
melhores horas do dia para o estudo individual. Segundo
Estanqueiro (2002:14)5
“ o estudo é uma actividade ciumenta que exige as melhores
horas do dia. Quais são? Várias experiências provam que o
rendimento intelectual da manhã é superior ao da tarde e ao da
noite. Ao princípio da tarde, ocorre sempre uma quebra de
vivacidade mental, fruto de uma certa sonolência que ataca a
gente e não apenas os que fizeram um grande almoço. Quanto
à noite, é natural que o cansaço acumulado de um dia
prejudique o rendimento, apesar de haver pessoas que se dão
bem a estudar na calma da noite.”

Pode-se depreender da citação que, cada estudante tem um


determinado tempo que lhe é rentável nas suas actividades, pois,
enquanto uns obtém uma boa atenção mental na assimilação dos
conteúdos nas manhãs; outros, obtém o mesmo estado nas tardes
ou à meia-noite. Por isso, convém deixarmos bem claro nesta
unidade que cada estudante deve ser capaz de descobrir o seu
tempo mais rentável. Além do tempo, as condições do ambiente de
estudo “calmo, barulhento, no quarto, na praia”, estado emocional
do estudante entre outros, constituem os principais factores a ter
em conta na planificação do tempo de estudo.

Sumário

Em síntese:
A adopção de um ou do outro método de estudo nos
estabelecimentos educacionais tem como objecto alcançar os
objectivos preconizados nos programas. Assim, com a adopção do
método PBL esperamos que o processo seja eficaz e que o aluno
sinta que tem todas as ferramentas necessárias para o seu
progresso.
A programação, a perseverança e a responsabilidade nas
actividades será como sempre a base do êxito educacional do
estudante.

5
ESTANQUEIRO, A. G. Aprender a Estudar, Lisboa: Texto ed. 2001
Exercícios

1. Elabore um horário das suas actividades tendo em


conta as cadeiras que tem e as exigências do curso.
2. Indique duas vantagens da programação das
actividades.
3. Por que razão Ruiz afirma que “A perseverança no
cumprimento do programa é o maior problema…”

UNIDADE 3 - A LEITURA

Introdução
No processo de ensino e aprendizagem é preciso compreender que
o êxito nos estudos provém da adopção de técnicas de estudo e de
leitura. Fazer uma boa leitura significa criar condições para que a
leitura termine na compreensão dos conteúdos. Assim, nesta
unidade, pretendemos apresentar algumas técnicas que lhe
poderão ajudar nos seus estudos.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

• Indicar o propósito da leitura;


• Praticar a leitura de acordo com as etapas;

Objectivos Verificar a compressão dos conteúdos.

Para se alcançar o pleno êxito na sua carreira estudantil, não basta apenas o
facto de participar às aulas e receber as orientações com relação aos objectivos
da aprendizagem, mas é também necessário que se façam leituras.

De acordo com Gomes (2002:57)6, o acto de ler consiste em


“decifrar símbolos de linguagem escrita para lhes conferir a
correspondência com os sons que representam”.
Do conceito de leitura acima apresentado, é possível notar que
toda actividade da aprendizagem terá o seu fulcro na leitura porque
com base nela o estudante será capaz de assimilar conteúdos a
partir daatitude de clarificar os conteúdos subjectivos.

6
Gomes A. Didáctica de Ensino da Língua Portuguesa, Vol. II, 2002
Segundo Potts (1989:56)7

“No sentido genérico, a qualidade de uma


leitura é a soma de todos os elementos que
estão presentes numa peça impressa, que
influencia o êxito que um grupo de leitores
consegue com ela. O êxito é medido pela
extensão em que o texto é compreendido, a
velocidade óptima é tida como interessante.”
Como se afirma na citação, o êxito da leitura é avaliado pelo
grau da compreensão do texto no processo de ensino e
aprendizagem. Se os estudantes não forem capazes de transmitir o
conteúdo patente no texto, ou seja, de mostrar que conhecimentos
adquiriram ou, ainda, de usar os conhecimentos para responder a
determinadas necessidades, então, eles não entenderam o texto.
Porém, a leitura é antecedida por uma selecção de obras que
normalmente nos é apresentada pelo docente mas se assim não
suceder siga as instruções que se seguem.

Como seleccionar o que ler


É evidente que ao nos dirigirmos à biblioteca já teremos
em mão um tema relacionado com uma determinada área da
aprendizagem. No entanto, será fundamental que conheçamos a
organização dos livros de estudo na biblioteca e depois que
conheçamos a organização dos próprios livros em si. Assim, é
interessante trazermos a teoria de Estanqueiro (2001:69)8 que se
refere que há três técnicas entre outras possíveis de ajudar a
conhecer um livro, a descobrir o seu interesse e a tornar mais
rentável a sua utilização.
As técnicas destacadas pelo autor são: Percorrer o
Índice, ler a Introdução e folhear as páginas. Para o autor “pelo
índice é possível ver o essencial da matéria tratada. (...) Na
Introdução, o autor explica as intenções do livro, (...) Folheando o
livro pode observar- se a forma como é apresentada a matéria.”9
Na mesma perspectiva de abordagem, Ruiz (1991: 35)10,
para além dos elementos citados, acrescenta que “devemos ver o
nome do autor, o seu Curriculum, a orelha do livro, a
documentação ou as

7
In Didáctica de ensino da língua portuguesa.
8
ESTANQUEIRO, A. Aprender a Estudar, Lisboa: Texto ed. 2001
9
ESTANQUEIRO, A, Aprender a Estudar, Lisboa: Texto ed. 2001
10
RUIZ, J. Álvaro, Metodologia Científica: Guia para eficiência nos estudos,
São Paulo: ATLAS 1991
citações ao pé das páginas, a bibliografia, assim como verificar a
editora, a data, a edição e ler rapidamente o prefácio”
No processo de desenvolvimento da leitura é preciso ter em conta
dois passos que são considerados fundamentais para que se
efectue uma leitura efectivamente produtiva. Na primeira leitura,
procura-se ter um conhecimento global do texto e, na segunda, faz-
se uma leitura mais aprofundada procurando compreender e
assimilar o essencial.
A primeira etapa da leitura, de acordo com Estanqueiro, pode ser
designada Ler “por Alto” e a segunda Ler “em Profundidade”. A
primeira consiste em dar uma passagem de olhos pelo seu
conteúdo, procurando ter uma visão panorâmica do terreno a
explorar ou seja uma visão geral do assunto “a Ideia Principal”.
Nesta primeira leitura, pode-se fazer a leitura de alguns parágrafos
(os iniciais e os do meio e o último parágrafo).
As questões tais como:
“O Que diz o texto? Que pretende transmitir o autor?
Que explicações são fundamentadas? Os factos e os
argumentos são esclarecidos?
Concordo com a opinião do autor?Que novidades
surgem no texto?
Encontro informações úteis? Posso aplicá-las na
prática?
Que ligações tem o assunto com aquilo que já sei?”
É bom notar que um bom leitor não regista passivamente tudo
aquilo o que lê nos livros, mesmo se os autores lhe merecem toda
a confiança. O bom leitor tem de manifestar o seu espírito crítico
perante todo o conteúdo que lê, ele analisa, compreende,
interpreta, compara e avalia. Esta prática torna-se eficaz a partir
domomento em que sabemos sublinhar o essencial do texto.
O acto de sublinhar as ideias-chave do texto desperta a atenção,
ajuda a captação e facilita as revisões. Assim para sublinhar e
fazer anotações na margem do texto, o metodólogo Estanqueiro
diz queé necessário:
“Dar prioridade as definições, fórmulas, esquemas, termos
técnicos, e outras palavras ou expressões que sejam a chave da
ideia principal.
Destacar uma ou duas frases por parágrafo.
Sublinhar apenas os livros pessoais”
Por sua vez, Ruiz reforça que temos de seleccionar apenas as
ideias principais e os detalhes importantes; não devemos
sublinhar por ocasião da primeira linha, reconstruir o parágrafo a
partir das palavras sublinhadas, ler o parágrafo sublinhado com a
continuidade e plenitude de sentido de um telegrama; sublinhar
com dois traços as palavras-chave da ideia principal, e com um
único traço os pormenores importantes; assinalar com linha
vertical, as margens mais significativas e finalmente assinalar com
um ponto de interrogação as margens dos pontos a discordar.

Sumário

Em síntese:
A qualidade de uma leitura é a soma de todos os elementos
que estão presentes nele, que influenciam no êxito que um
grupo de leitores consegue com ela. O resultado da leitura
é medido pela extensão em que o texto é compreendido, a
velocidade óptima é tida como interessante.”

Exercícios

“No processo de desenvolvimento da leitura é preciso ter em conta


dois passos fundamentais para que se efectue uma leitura
efectivamente produtiva.”
1. Quais são as etapas a seguir no acto da leitura?
2. Que questões podem ser colocadas depois de ter feito uma leitura?
UNIDADE 4

A TOMADA DE NOTAS
Introdução
A tomada de notas constitui uma síntese dos conteúdos lidos e todo
o estudante deverá conhecer e usar correctamente estas regras.
Assim, nesta unidade apresentamos as diferentes formas de tirar
apontamentos e as orientações recomendadas para cada método.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

• Conhecer as regras de tomada de notas;


• Tomar notas.
Objectivos

A Tomada de Notas
Um bom leitor, para além de sublinhar, também faz anotações quer no papel quer no
próprio texto de apoio. Estas anotações, principalmente, as feitas no texto são a prova do
seu espírito crítico. Enfim, as anotações são reacções ou comentários pessoais
e podem expressar-se através de formas diversificadas:

• Ponto de interrogação (?) como sinal de dúvida;


• Ponto de exclamação (!) como sinal de surpresa ou
entusiasmo;

• Letras diversas para fazer uma observação simples como por


ex: B - bom, I - importante ou interessante, N – não, R- rever
e outras;

• Palavras que resumam o núcleo central de um parágrafo;


• Uma nota de referência sobre os assuntos defendidos pelo
mesmo autor ou por autores diferentes (ESTANQUEIRO,
2001).

Nota:
Fazer anotações é enriquecer o livro e elas (as anotações) devem ser
claras e breves.
A actividade de tirar apontamento é complexa e constitui um dos
processos fundamentais para a captação e retenção da matéria,
pois, por meio dos apontamentos aprendemos melhor e as nossas
informações ficam guardadas para sempre.
De acordo com Estanqueiro, os apontamentos podem ser de três
tipos: Transcrição, esquemas e resumos.

O primeiro tipo de apontamento “A Transcrição” consiste em


transcrever e copiar uma informação de forma totalmente igual ao
texto original. Porém, é importante referir que esse não é o
processo mais eficaz para estudar um assunto, embora seja útil,
pois enquanto se escreve pensa-se sobre aquilo que se lê. Mais
eficaz será fazer esquemas e resumos.
Regras:
De acordo com o mesmo autor11 as regras a serem seguidas nos
apontamentos de transcrição são:

• Não copiar longos textos, integralmente. Basta seleccionar


as partes mais significativas.
• Pôr entre aspas os textos copiados;
• Indicar com precisão a fonte, ou seja, registar o nome do
autor, o título do livro ou da revista; o número da edição, o
local da edição, o editor, a data e a página.
Se assim estiverem organizados, os apontamentos poderão servir
em qualquer momento.
Esquema
Uma técnica importante é passar a esquema todas as informações
tidas como ideias-chave, durante a leitura. Pois eles (os esquemas)
são simples enunciados das palavras-chave, em torno dos quais é
possível arrumar grandes quantidades de conhecimentos. De
acordo com Estanqueiro “eles também representam uma enorme
economia de palavras e oferecem a vantagem de destacar e
visualizar o essencial do assunto em análise, podendo ainda ser
facilmente reformulados.” Tipos de esquemas:
Ainda na mesma abordagem, refere-se que existem os seguintes
tipos de esquema: Índices, quadros, gráficos, desenhos ou mapas e
todos estes tipos de esquema podem ser encontrados nos manuais.
De acordo com Ruiz, as regras do resumo são:

• Ser fiel ao texto;


• Apanhar o tema do autor;
• Ser simples, claro e destacar os títulos e subtítulos;
• Subordinar as ideias aos factos;
• Manter um sistema uniforme de observação.
Nota: Os esquemas não são aconselháveis pela insuficiência de
informações.
11
Estanqueiro, A, Aprender a Estudar, Lisboa: Texto ed. 2001

O resumo
Segundo Estanqueiro (2001: 52, 53),
Resumir é abreviar, tornar mais curto um texto. Isto exige
capacidade para seleccionar e reformular as ideias essenciais,
usando frases bem articuladas.
Às pessoas pouco treinadas na técnica do resumo, propomos a
seguinte metodologia:

• 1.º Compreender o texto, na sua globalidade;


• 2.º Descobrir a ideia-chave ou tópico de cada parágrafo;
• 3.º Registar numa folha de rascunho o conjunto dos vários
tópicos, recolhidos parágrafo a parágrafo;

• 4.º Reconstruir o texto, de um modo pessoal, respeitando


sempre o plano e o pensamento do autor.
Um bom resumo, tal como um bom esquema, tem quatro
características fundamentais:

• Brevidade - os pontos principais da matéria são registados


de forma abreviada. Um bom resumo não ultrapassa um
quarto do texto inicial.

• Clareza - os factos ou as ideias são apresentados sem


qualquer tipo de confusão ou ambiguidade.

• Rigor - o essencial do assunto é reproduzido fielmente, sem


erros nem deformações.

• Originalidade - a matéria é traduzida numa linguagem


original, própria de cada leitor, embora transmita apenas o
ponto de vista do autor. Resumir não é comentar!
Fazer resumos é um processo eficaz para compreender e assimilar
a matéria. É também um treino fundamental para a transmissão das
nossas ideias, de forma breve, clara, rigorosa e original.
Nas provas de avaliação, escritas ou orais, e pela vida fora, exigese
capacidade para comunicar, com rapidez e eficiência, o essencial
das coisas que sabemos. Aprender a resumir é aumentar as
hipóteses de sucesso:

Nota: quando for convidado a fazer um resumo, não hesite em


perguntar qual a extensão desejada, para não haver defeito nem
excesso.
Sumário

Em síntese:
A actividade de tirar apontamento constitui um dos
processos fundamentais para a captação e retenção da
matéria, pois, por meio dos apontamentos aprendemos
melhor e as nossas informações ficam guardadas para
sempre. Os apontamentos podem ser de três tipos:
Transcrição, esquemas e resumos

Exercícios

1. Indique as diferentes formas de tirar apontamentos.


2. Diferencie-as.
3. Faça a tomada de notas do Texto 1, da Unidade 1.
UNIDADE 5 O RESUMO

Introdução
Qualquer estudante do ensino superior deve ser capaz de resumir
textos de carácter científico ou didáctico, pois, por meio dos
resumos, os resultados adquiridos nos estudos são mais eficazes e
mais amplos.
Nesta unidade, veremos as estratégias usadas para a redução de um
texto – a técnica de resumo - especificamente o método RASERO.
Ao completar esta unidade /lição, será capaz de:

• Detectar o essencial num texto para resumi-lo;


• Discernir sobre o que é indispensável, o principal, o
Objectivos importante, o secundário, o acessório e o inútil;
• Resumir um texto de qualquer natureza (científico /
literário);

A actividade de resumir um texto destaca-se pelo facto de tornar o texto mais curto,
contraído, condensado ou de abreviá-lo. Porém, não se deve confundir um plano com um
resumo, pois, este é correctamente redigido, claro e construído. Deve pôr em realce o
essencial, sem ser nem uma análise nem um comentário.
De acordo com Lemitre (1986: 158), o resumo dá uma visão de
conjunto do conteúdo e acentua a progressão dos pontos
principais. Ele respeita a linearidade do discurso inicial. Não pode
retomar todas as ideias expostas, mas não deverá tão-pouco
limitar-se a um sobrevoo abstracto não conservando senão os
conceitos sem explicações.
Em suma, resumir é apresentar, de forma contraída, reduzida ou
abreviada, as ideias principais de um texto. E para chegarmos a ele,
há que fazer uma operação mental insubstituível: dispensar o que
não é significativo. Ao dispensar o que é secundário, valorizará só o
que é fundamental. Por isso, um resumo bem feito é económico em
palavras e rico em significado.
São alguns dos exemplos de resumo: as manchetes, os títulos, as
legendas. Assim, dar títulos, fazer manchetes ou construir legendas
é uma actividade que muitas vezes nos ajuda no domínio do
significativo de um texto.
Para detectar, referenciar, descobrir, apreender e apontar as
ideias de fundo, directrizes, mestras, essenciais ou centrais é
necessário seguir o método RASERO.

• Rapidez da leitura do texto;


• Atenção da leitura do texto;
• Sublinhado das ideias-chave;
• Esquema do essencial;
• Resumo das unidades de significação; Operatividade.
Nestas actividades, a grande dificuldade é de identificar qual é o
conteúdo mais importante, mas é preciso ter em atenção que as
ideias principais encontram-se em constelações de ideias. Ver em
Ruiz p. 38-39 como se pode notar a partir do Plano (esquema)
traçado se o leitor é capaz de produzir o resumo considerando os
seguintes aspectos:

• Eliminar as repetições, as interjeições;


• Suprimir pormenores, exemplos isolados, citações, mas sem
cair na generalização esquemática;
• Manter os valores mais significativos em abordagens que
apresentam números;
• Distinguir as ideias principais das secundárias;
• Respeitar a ordem, a estrutura e a proporção do texto, bem
como as articulações lógicas.
Defeitos a evitar:

• A utilização de frases ou expressões inteiras do texto que se


quer resumir;
• Acrescentamento de comentários pessoais;
• A ausência de elos de ligação entre as frases e os parágrafos.

Sumário

Em síntese:
Resumir é apresentar de forma contraída, reduzida ou abreviada, as
ideias principais de um texto. E para chegarmos a ele, há que fazer
uma operação mental insubstituível: dispensar o que não é
significativo. Ao dispensar o que é secundário, valorizará só o que é
fundamental. Por isso, um resumo bem feito é económico em
palavras e rico em significado.

Exercícios

1. “O resumo dá uma visão de conjunto do conteúdo e acentua


a progressão dos pontos principais. Ele respeita a
linearidade do discurso inicial.”
1. Clarifique a ideia expressa na afirmação.
2. Explicite detalhadamente o método RASERO, resumindo o
texto que se segue:
A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR NO TRABALHO COM O
TEXTO LITERÁRIO

O trabalho com a literatura infantil e juvenil no contexto


escolar e a formação do hábito/necessidade de leitura tem
motivado várias discussões e busca constante de inovações por
parte dos profissionais da educação. Porém, na prática,
percebe-se que as aulas de Língua Portuguesa não têm dado
conta de abarcar toda essa carga de responsabilidades,
principalmente no que se refere à formação do hábito de leitura
de textos literários. Como em qualquer outro conteúdo, o
ensino da leitura na escola necessita de metodologia.
Segundo Ezequiel Theodoro da Silva e Regina Zilberman
(2005, p.115), uma pedagogia da leitura que objectiva a
transformação do leitor e, através deste, da sociedade,
dificilmente se funda na descrição da estrutura do(s) texto(s).
Mais do que isso, uma pedagogia da leitura de cunho
transformador propõe, ensina e encaminha a descoberta da
função exercida pelo(s) texto(s) num sistema comunicacional,
social e político.
A história mostra que a criança só passou a ser vista como
criança a partir do final do século XVII. Por isso, até então não
se escrevia especificamente para elas, porque não existia o
conceito de “infância” como um período particular na vida do
ser humano. Foram as modificações acontecidas no início da
Idade Moderna e solidificadas no século XVIII que propiciaram a
ascensão de modalidades culturais como a escola com sua
organização actual e o género literário dirigido ao jovem. A
valorização da infância (enquanto faixa etária distinta do adulto)
é o que chama a atenção nesse novo modelo, no qual a criança
merece uma consideração especial e é-lhe dado o direito de
tornar-se num adulto saudável, providenciando-lhe uma
formação intelectual. (ZILBERMAN, 2005)
A escola tem, nesse processo, uma actuação fundamental.
Ela deve propiciar um encontro adequado entre criança e livro.
O convívio com o texto alarga horizontes; não se trata, portanto,
de oferecer ao leitor-jovem obras que justifiquem sua condição
de marginalidade ou inferioridade social, mas sim, de dar-lhe a
oportunidade de intercâmbio com o texto, vivenciando
particularmente o mundo criado pelo imaginário. Dessa forma,
a leitura adquire um carácter formativo, o que difere de uma
função estritamente didáctica, propiciando elementos para a
emancipação pessoal, fazendo com que o leitor tenha um maior
conhecimento do mundo e do seu próprio ser através da
fantasia criada pelo escritor.
Nessa interacção entre o texto e o leitor, é fundamental o
papel do professor, pois ele é o principal responsável pelo
ensino da leitura na escola.
Para tanto, precisa estar fundamentado em teorias que o
ajudem a pensar práticas pedagógicas para o ensino da
literatura na escola. E o primeiro passo para que isso ocorra é a
conscientização, tanto por parte do aluno quanto do professor
– principalmente deste – de que a leitura, neste caso
particularmente a leitura de textos literários, é uma das formas
de aquisição de conhecimento e gostar de ler é um processo:
não se nasce gostando e pode-se aprender.
Por isso, tal processo requer procedimentos
didácticopedagógicos que levem o leitor a perceber que há um
percurso até chegar ao objectivo, e que o prazer de ler é
construído na medida em que ele vai superando as dificuldades,
avançando e constituindo-se como sujeito, criando novas
relações entre situações reais e situações de pensamento.
Os alunos precisam ter contacto com textos literários em
sala de aula, mas isso não pode ser feito de forma aleatória e
desvinculada de um objectivo. É necessário planificar as aulas e
usar estratégias que sirvam para despertar o interesse de
crianças e adolescentes, permitindo-lhes superar as limitações
e avançar, constantemente, no processo de amadurecimento
como leitores e como pessoas. A esse respeito, Magnani afirma
que:
• se o gosto se aprende, pode ser ensinado. A
aprendizagem comporta uma face não espontânea e
pressupõe intervenção intencional e construtiva. Assim,
o professor tem um importante papel a desempenhar no
desenvolvimento de seus
alunos/leitores. (MAGNANI, 1991, p.104)
• Se o gosto se forma na aprendizagem escolar, o
professor tem papel imprescindível neste processo. É
necessário, além da planificação, uma intimidade com as
obras literárias, adquiridas a partir do gosto de ler,
primeiramente do professor, que será o principal
mediador entre leitor e obra.
Esta intimidade fará com que o professor tenha prazer em
ler para seus alunos, comentar sobre as obras que está a ler e
apresentar a eles tudo que a literatura é capaz de nos
proporcionar. A partir daí os alunos naturalmente terão
curiosidade em buscar sozinhos tudo aquilo que lhe é
proporcionado quando o professor lê para eles.
Ao fazer com que a obra literária chegue até ao aluno e ao
planificar estratégias para este trabalho, o professor contribui
para que os conteúdos básicos de leitura, escrita, oralidade e
análise linguística estejam interligados e não isolados. Além de
facilitar aos alunos o acesso a diversos géneros textuais.
Dessa forma, serão capazes de perceber o percurso que há
até se chegar ao objectivo, e que o prazer de ler está na
superação, na responsabilidade e na consciência de que leitura
demanda esforço.
Entendida desta forma a leitura da obra literária, propõese
que se pense no ensino de literatura a partir dos pressupostos
teóricos da Estética da Recepção (JAUSS, 1971) que tem como
fundamento central a ideia de que nenhuma obra está incólume
às determinações históricas, às condições de recepção a que é
exposta no passar do tempo.
In: SANTOS NUNES, Isabel Cordeiro dos (2008). O texto literário no
ensino fundamental. Porto Alegre
(www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br)

UNIDADE 6

A SÍNTESE
Introdução
Para a elaboração de qualquer texto, seja de que natureza
for, é necessário seguir um determinado percurso de forma a atingir
uma hiperestrutura textual coerente e coeso.
Portanto, nesta unidade apresentamos o percurso
metodológico que deve ser seguido na produção ou elaboração de
uma síntese.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

Elaborar uma síntese de texto de qualquer natureza


(científico / literário);
Objectivos
Segundo Esteves (2002:82)12, a síntese é “um género de texto elaborado, de dimensão
reduzida, mas redigida de forma simples, clara e consistente”. A elaboração de uma síntese
implica um bom domínio das técnicas de leitura e de escrita. Deste modo, é possível
trabalhar-se vários tipos de texto em simultâneo.
O apelo à escrita sintética do mundo actual é devido a dois aspectos.
Por um lado, aos vários suportes de informação existentes e, por
outro, às exigências do próprio leitor que se interessa por escritos
recheados de “paginação, cor, abundância de títulos, subtítulos e
cabeçalhos, quadros, gráficos, resumos e sínteses, estrutura e plano
em destaque, frases curtas (20 a 30), estilo concreto e vivo, próximo
da oralidade, usando a forma activa e o infinitivo.”13

Percurso de elaboração
Os passos a seguir para a elaboração de uma síntese assentam na
compreensão do texto, na elaboração de um plano ou no
reagrupamento das ideias e na redacção.
I. Compreensão do texto
Deve-se fazer uma leitura activa, tal como no resumo, mas em
menor profundidade. Implica destacar as palavras-chave, ideias
chave e fazer anotações numa folha, usando frases soltas.
II. Plano ou reagrupamento de Ideias Engloba
os seguintes pontos:

1. Apresentação – “Identifica o texto, o tema


tratado, o nome do autor e eventualmente a
tese”;
2. Ilustração – “expõe os factos respeitantes ao
tema; noutros casos, história o problema”;
3. Causas – “diagnostica o estado da questão, indo
até às suas origens”;
4. Efeitos – “reúne as consequências”;
5. Remédios – “indica as soluções apresentadas
pelos autores para alterar os efeitos ou resolver
os problemas”;
6. Conclusão – “apresenta as considerações finais
dos textos.”

12
Esteves Rei, Curso de Redacção II, Porto: Porto Editora, p.82 13
idem
Plano ou Reagrupamento das Ideias
1. Apresentar no estilo indirecto as posições de
cada autor;
2. Respeitar o pensamento de cada autor;
3. Ser conciso, claro e preciso;
4. Ter atenção à construção frásica.

Aspectos a evitar
1. Não se deve utilizar frases e expressões inteiras
do texto;
2. Não se deve fazer comentários ao texto.

Sumário

Em síntese:

A elaboração de uma síntese implica um bom domínio das técnicas


de leitura e de escrita. Na produção, há que evitar os seguintes
aspectos: utilizar frases e expressões inteiras do texto; fazer
comentários ao texto.

Exercícios

1. Releia atentamente o texto da unidade anterior e faça a sua


síntese.

UNIDADE 7

A ORTOGRAFIA
Introdução
A Língua Portuguesa constitui, para além de elemento de
Unidade Nacional em Moçambique, um meio de comunicação.
Assim, ao futuro técnico/gestor, que usará esta língua como
instrumento de comunicação, torna-lhe imperativo dominá-la.
Portanto, é importante que se esteja atento à correcção linguística
dos enunciados que ouvimos ou que lemos no dia-a-dia.

O Desenvolvimento da capacidade de expressão escrita só será


possível com a escrita constante. Escrever bem implica também
dominar as regras, quer de ortografia quer da pontuação, por isso
na unidade seguinte trataremos da Pontuação.

Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

Aprofundar conhecimentos sobre o sistema verbal escrito


da língua portuguesa;

Objectivos Escrever correctamente um enunciado sem cometer erros


ortográficos;

Conceito da ortografia

A Ortografia é a parte da Gramática que ensina a maneira correcta

de escrever as palavras. (Pinto; Lopes; Neves: 2001: 4)


A habilidade de escrever é uma arma eficaz de sucesso, tanto na
escola como na profissão.
Na escola, a escrita é uma das formas de expressão mais
valorizada na avaliação dos estudantes, em quase todas as
disciplinas.
Pela vida fora, as pessoas, mesmo seguindo profissões técnicas,
têm de escrever cartas, relatórios, actas, exposições,
comunicados, projectos, etc. A escrita é um instrumento
fundamental para informar, demonstrar, persuadir ou
simplesmente para interessar os outros pelas nossas ideias.
É possível ter sucesso sem saber escrever correctamente. Mas
aqueles que sabem escrever estão sempre em vantagem.
Na expressão escrita o mais importante é fazer-se entender, mas
isto não significa que se deve desprezar a ortografia. As palavras
têm de ser escritas com correcção.
Os erros ortográficos podem ter como causas a deficiente
aprendizagem no ensino básico, a falta de tempo e de motivação
para a leitura ou ainda a desvalorização da escrita em relação a
outras formas de expressão. A maioria dos erros é um reflexo da
oralidade. Espontaneamente, as pessoas escrevem as palavras
como as pronunciam na linguagem oral. Falando mal, pioram na
escrita.
Observemos exemplos dos erros mais frequentes, encontrados nos
trabalhos dos estudantes.
Eliminação ou troca de letras
Devido às confusões provocadas pela oralidade, acontece, por
vezes, ao nível da grafia, a eliminação ou troca de algumas letras. É
vulgar:

A eliminação do e ou do i:
adquado (errado) adequado
advinhar (errado ) adivinhar
establecer ( errrado) estabelecer
intlectual ( errado) intelectual

A troca de e por i ou i por e:


defenição (errado) definição
destinção (errado) distinção
indespensável (errado) indispensável
ivitar ( errado ) evitar
menistro (errado) ministro
previlégio (errado) privilégio

A troca de o por u ou u por o:


agrícula (errado ) agrícola
mágua (errado) mágoa
opurtuno (errado) oportuno
suburdinado (errado) subordinado
A confusão entre os prefixos es e ex:
esperiência (errado) experiência espectativa
(errado) expectativa expectáculo (errado)
espectáculo

A confusão entre os prefixos per e pre:


perconceito (errado) preconceito pregunta (errado)
pergunta prefeição (errado) perfeição premissão
(errado) permissão

Troca de palavras homófonas


Alguns erros provêm da troca de palavras homófonas, isto é,
palavras que se pronunciam do mesmo modo.
Diferentes na escrita e no significado, merecem distinção claras
seguintes palavras:
acento (modo de pronúncia) assento (lugar )
apreçar (avaliar) apressar (acelerar o passo) cem
(numeral) sem ( preposição) concelho
(município) conselho(opinião, parecer) concerto
(sessão musical) conserto (reparação) consolar ( aliviar o
sofrimento) consular (relativo ao cônsul) coser ( costurar )
cozer ( cozinhar) estofar ( cobrir de estofo)
estufar ( meter na estufa) espiar ( espreitar)

expiar ( sofrer um castigo)


morar ( residir) murar ( pôr muro)
paço (palácio) passo ( modo de andar)
peão ( pessoa que anda a pé) pião (brinquedo)
roído (mordido) ruído ( som)
ruço ( pardacento) russo ( da Rússia)
soar ( produzir som) suar (transpirar)
tacha (prego) taxa (imposto)

Outras palavras são igualmente difíceis de distinguir ao nível da


oralidade, mas têm grafia e significados diferentes. Exemplos:
descrição ( narração) discrição (prudência) despensa (
compartimento) dispensa (desobrigação)

Confusões nos verbos


Para o escritor Mark Twain, a culpa principal dos erros ortográficos
deve ser atribuída aos verbos: «o verbo não tem estabilidade nem
dignidade nem opinião duradoira». Apesar do tom humorístico da
frase, é um facto que o verbo tem pessoas, tempo, modo e vozes.
Torna-se muito complexo conjugar tudo isso com a devida
correcção.
Por culpa dos verbos ou da ignorância de quem os usa, existem
vários tipos de confusões:
Confusão entre formas verbais e outras palavras:
há ( verbo haver) e à (preposição)
traz (verbo haver) e trás (preposição)
asso (verbo assar) e aço (metal)
vazo (verbo vazar) e vaso (recipiente)
cede ( verbo ceder) e sede (lugar)

Confusão entre verbos diferentes vêm


(verbo ir) e vêem(verbo ver).

Confusão entre tempos diferentes do mesmo verbo:


andaram ( pretérito) e andarão (futuro)

Confusão entre conjugações diferentes do mesmo verbo:


mudasse ( conjugação simples) e muda-se(conjugação
pronominal)

N.B.: Ler bons autores (em livros e revistas), de forma cuidadosa e


com um dicionário sempre à mão, permite enriquecer o vocabulário
essencial para a escrita (cerca de 2.200 palavras em Português,
segundo os especialista).
(...) A leitura activa e interessada permite ainda observar como os
outros comunicam. Escritores e bons jornalistas podem ser para o
estudante escolas vivas, exemplos a seguir, modelos a imitar. (...)
(...) Conhecer as regras básicas da gramática é um meio para falar
e escrever com correcção.
Na arte da escrita ninguém nasce perfeito. Aprende-se a escrever,
escrevendo. O segredo fundamental para aprender a escrever é
praticar a escrita, com exercícios constantes. A qualidade só se
consegue depois de muita quantidade, feita com intenção de
melhorar. Entre várias formas de treinar, sugerimos:

• tirar apontamentos nas aulas;


• copiar textos interessantes (pensamentos, poemas...);
• resumir leituras de livros, revistas e jornais;
• fazer trabalhos escritos, por iniciativa própria;

• elaborar «escritos pessoais» ( por exemplo escrever um


diário onde se registem ideias, experiências e sentimentos)
Praticando a escrita, com treinos sistemáticos (recorrendo a
dicionários e prontuários sempre que houver dúvidas), é possível
escrever sem medo. Mais do que isso, é possível escrever com
gosto.

Sumário

Em síntese:
A correcção na escrita é indispensável porque para se fazer
entender é necessário que a linguagem usada e a ortografia das
palavras sejam claras e correctas.
Contudo, saber escrever é ter a ferramenta necessária para
o sucesso no contacto em toda sociedade.
Exercícios

Depois destes parcos subsídios sobre a ortografia, e com de outras


bibliografias responda as questões que lhe são levantadas.
UNIDADE 8

A PONTUAÇÃO
Introdução
Pontuar uma frase escrita corresponde ao estabelecimento
das pausas na comunicação oral e é apresentar a ideia que se
pretende transmitir com exactidão e precisão.
A má utilização dos sinais de pontuação pode resultar na
completa ambiguidade comunicativa. Assim, nesta unidade
apresentamos os diferentes sinais de pontuação e as regras usadas
para a sua aplicação ou utilização.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

• Aplicar correctamente os diferentes sinais de pontuação; Identificar


erros de pontuação em textos produzidos.
• Enunciar as regras para a utilização de sinais de pontuação.

Objectivos

Definição

Designa-se por pontuação ao sistema de utilização de certos sinais gráficos


convencionais (Nogueira, 1989:67). Entretanto,Ferreira e
Figueredo acrescentam que: “ a pontuação não é só importante
para exprimirmos com clareza o que pretendemos dizer. É-o
também para uma
boa e expressiva leitura dos textos”.
Os sinais de pontuação contribuem para nos dar a entoação de vida
à leitura e fazer as pausas necessárias.
Tipos de pontuação
Os sinais de pontuação são: ponto final (.), ponto e vírgula (;), vírgula
(,), ponto de interrogação (?), ponto de exclamação (!) as reticências
(…), as aspas (« »), vírgulas altas (“ ”) o parêntese ( ), e o travessão
(-). Dentre vários sinais de pontuação existentes podem ser
agrupados em sinais que marcam a pausa e os que marcam a
melodia (cf. Ferreira, Figueredo e Cunha e Cintra).
Sinais que marcam a pausa
No entender de Cunha e Cintra, os sinais de pontuação que
marcam a pausa são os que a seguir mencionamos.

Vírgula (,)
A vírgula, que marca uma pausa de pequena duração. Emprega-se
não só para separar elementos de uma oração, mas também em
orações de um só período. Quando a vírgula se encontra no interior
da oração serve para:
a) Separar elementos que exercem a mesma função
sintáctica (sujeito composto, complementos, adjuntos), quando
não vêm unidos pelas condições e, ou e nem.
Ex: A sua frota, a sua boca, o seu sorriso, as suas lágrimas,
enchem-lhe a voz de formas e de cores…

b) Separar elementos que exercem funções sintácticas


diversas, geralmente com a finalidade de realçá-los. Em particular,
a vírgula é usada:
i) Para isolar o aposto, ou qualquer elemento de valor
meramente explicativo:
Ex: Alice, a menina, estava feliz. ii)
para isolar vocativo:
Ex: Dona Glória, a senhora persiste na ideia de manter o nosso
Bentinho no seminário?
iii) para isolar os elementos repetidos: Ex:
Só minha, minha, minha, eu quero!
iii) para isolar o adjunto adverbial antecipados:
Ex: Lá fora, a chuvada despenhou-se por fim.

c) Emprega-se ainda vírgula no interior da oração:


i) Para separar, datação de um escrito, o nome do lugar:
Ex: Beira, 22 de Setembro de 1983.
ii) para indicar a supressão de uma palavra (geralmente o
verbo) ou de um grupo de palavra:
Ex: No céu azul, dos fiapos de nuvens.
Observação:
Quando os adjuntos adverbiais são de pequeno corpo (um
advérbio, por exemplo), costuma-se dispensar a vírgula. A vírgula é,
porém, de regra quando se pretende realçá-los. Compara-se estes
passos:
Depois levaram o Ricardo para casa da mãe Avelina.
Depois, o engraçado são as passagens de nível, os aparelhos de
sinalização, os vagões – cisternas.
Depois, tudo caiu em silêncio.
• Entre orações, emprega-se a vírgula:
i) Para separar as orações coordenada assindéticas Ex:
Subiram ao sótão, desceram a cave, espreitaram no poço.
ii) para separar as orações coordenadas sindéticas, salvo as
introduzidas pela conjunção e:
Ex: Ou elas tocavam, ou jogavam os três, ou então lia-se alguma
coisa.
iii) para isolar as orações intercaladas:
Ex: «Lá vem ele com as raízes», resmungou o Paulino, baixando
a cabeça. iv) para isolar as orações subordinadas adjectivas
explicativas:
Ex: Loa, que tinha relações sobrenaturais, diagnosticara um
espírito.
v) para separar as orações subordinadas adverbiais,
principalmente quando antepostas a principal: Ex: Se eu o tivesse
amado, talvez o odiasse agora.
vi) para separar as orações reduzidas de infinitivo, de
gerúndio
e de particípio, quando equivalentes a orações adverbiais:
Ex: A não ser isto, é uma paz regalada.

Ponto (.)
O ponto assinala a pausa máxima da voz depois de um grande
fónico da final descendente.
Emprega-se, pois, fundamentalmente, para indicar o término de
uma oração declarativa, seja ela absoluta, seja a derradeira de um
período composto:
Ex: Entardecer no Anjico. Estou parada, sozinha, na frente da
casa de Estancia olhando para o poente. O Sol parece uma grande
laranja temporã, cujo sumo escorre pelas faces da tarde. O ar cheira
a guaço queimado. Um silêncio de paina crepuscular envolve todas
as coisas. A terra parece anestesiada, raras estrelas começam a
apontar no firmamento, mais adivinhadas do que propriamente
visíveis. Sinto um langor de corpo e espírito. De certo é a tardinha
que me contagia com sua doce febre.
i) Quando o período é simples ou composto se encadeiam
pelos pensamentos que expressam, sucedem-se um aos outros na
mesma linha.
Diz-se, neste caso, que estão separados por um ponto simples.
ii) quando se passa de um grupo a outro grupo de ideias,
costuma-se marcar a transposição com o maior repouso da voz, o
que, na escrita, se representa pelo ponto parágrafo. Deixa-se,
então, um branco o resto da linha em que termina um dado grupo
ideológico, e inicia-se o seguinte na linha abaixo com o recuo de
algumas letras.
Assim:
O Búzio não possuía nada, como uma árvore não possui nada.
Vivia com a terra toda que era ele próprio.
A terra era sua mãe e sua mulher, sua casa e sua companhia, sua
cama, seu alimento, seu destino e sua vida.
Ao ponto que encerra um enunciado escrito dá-se o nome de
ponto final.

Observação
Além de servir para marcar uma pausa longa, o ponto tem outra
utilidade. É o sinal que se emprega depois de qualquer palavra
escrita abreviadamente.
Assim: V. S.ª (vossa senhoria), Dr. (Doutor).
Nota-se que, se a palavra assim reduzida estiver no fim do
período, este encerra-se com o ponto abreviativo, pois não se
coloca outro ponto depois dele.

Ponto e vírgula (;)


Como nome indica, este sinal serve de intermediário entre o
ponto e a vírgula, podendo aproximar-se ora mais daquele, ora mais
desta, segundo os valores pausais e melódicos que representam no
texto. No primeiro caso é que vale a uma espécie do ponto
reduzido; no segundo, assemelha-se a uma vírgula alongada.
Esta imprecisão do ponto e vírgula faz que o seu emprego
dependa substancialmente do contexto. Entretanto, podemos
estabelecer que em primeiro ele é usado:
i) Para separar num período das orações da mesma natureza que
tenham uma certa extensão:
ex: numa tarde de Outono murmuraste; toda a mágoa de
Outono que ele me trouxe… ii) para separar os
diversos itens de um enunciado enumerativos
em leis, decretos, portarias, regulamentos etc. Sirva de exemplo os
títulos:
— Respeito a dignidade e as liberdades fundamentais do
homem;
— O fortalecimento da unidade nacional é a solidariedade
internacional;

Sinais que marcam a melodia


Para além dos sinais que marcam a pausa, existem outros que
marcam a melodia nomeadamente: dois pontos, ponto de
interrogação, ponto de exclamação, reticência, aspas e parentes.

Os dois pontos
Os dois pontos servem para marcar, na escrita, uma sensível
suspensão da voz na melodia de uma frase não concluída. Emprega-
se, pois, para enunciar:
i) Uma citação.
Ex: Armando voltou para dizer:
— Não enganei ninguém, camarada. Era bicho. ii)
uma enumeração explicativa:
Ex: Não foi ele, outros seriam: pajens, gente de guerra, vadios de
estalagens, andenjos das estradas.
iii) um esclarecimento, uma síntese ou uma consequência do
que foi enunciado:
Ex: e a facilidade traduz-se por isto: criarem-se hábitos.
Não era desgosto: era cansaço e vergonha.

Observação
Depois do vocativo que encabeça cartas, requerimentos, ofícios,
etc. Costuma-se colocar dois pontos, vírgula ou ponto, havendo
escritores, que nestes casos, dispensam qualquer pontuação.
Assim:
Prezado senhor: prezado senhor.
Prezado senhor, prezado senhor
Sendo o vocativo inicial emitido com entoação suspensiva, deve
ser acompanhado, preferencialmente, de dois pontos ou de vírgula,
sinais denotadores daquele tipo de inflexão.

Ponto de interrogação (?)


O ponto de interrogação é sinal que se usa no fim de qualquer
interrogação directa, ainda que a pergunta não exija resposta:
Ex: estará surdo? Estará a tentar irritar-me?
Nos casos em que a pergunta envolve dúvida, costuma-se fazer
seguir de reticências o ponto de interrogação.
— então?... Que foi isto?... A comadre?
Nas perguntas que denotam surpresa, ou aquelas que não têm
endereço nem resposta, emprega-se por vezes combinado o ponto
de interrogação e ponto de exclamação:
Ex: Ah, é a senhora?! Pois entre, a casa é sua…

Observação
O ponto de interrogação nunca se usa no fim de uma indirecta.
Termina com uma entoação descendente, exigindo, por isso, um
ponto.
Exemplo:
— Quem chegou? [= interrogação directa]
— Diga-me que chegou [= interrogação indirecta]

Ponto de exclamação (!)


O ponto de exclamação é o sinal que se supõe a qualquer
enunciado de entoação exclamativa. Emprega-se, pois,
normalmente:
a) Depois de interjeições ou do termo equivalentes como os
vocativos intensivos, as apóstrofes:
Ex: - credo em Deus! Gemeu Raimundo assombrando. b)
Depois de um imperativo:
- Agarrem!
- Gentes, agarrem! Agarrem! Agarrem!

Outros sinais de pontuação


Para além dos sinais de pontuação anteriormente mencionados,
existem outros que servem de auxiliares aos mais importantes
sinais nomeadamente:
a) As reticências (...): são sinais que marcam uma interrupção da
frase e, consequentemente, a suspensão da sua melodia.
Normalmente, empregam-se em casos variados:
- para indicar que o narrador ou a personagem
interrompem uma ideia que começou a exprimir, e passa a
considerações assessoriais.
- para marcar suspensões provocadas por hesitação,
surpresa, dúvida ou timidez, ou para assinalar certas inflexões de
natureza emocional de quem se fala.
- para indicar que a ideia que se pretende exprimir não se
completa com o término gramatical da frase, e que deve ser suprida
com a imaginação do leitor:
Não se deve confundir as reticências que têm valor estilístico
apreciável, com os três pontos que se empregam, como simples
sinais tipográficos, para indicar que foram suprimidas palavras no
início, no meio, ou no fim de uma citação.

b) As aspas (“”): empregam-se principalmente:


- no início e no fim de uma citação para distingui-la do
resto do contexto:
Ex: Definiu César toda a figura da ambição quando disse aquelas
palavras:
“antes o primeiro na aldeia do que o segundo em Roma”.
- para fazer sobressair termos ou expressões, geralmente
não peculiares a linguagem normal de quem escreve .
ex: era melhor que fosse “Luís”
- para acentuar o valor significativo de uma palavra ou
expressão:
ex: a palavra “nordeste” é hoje uma palavra desfigurada pela
expressão “ obra de nordeste” que quer dizer: “obras contra as
secas”. E quase não sugere se não as secas.
- para realçar ironicamente uma palavra ou uma
expressão:
Ex: Está o mundo perdido, até a Judite já tem “Arranjinhos”.
- para indicar o título de uma obra:
ex: Belinha acaba de ler “ Elzira, a morta virgem”

c) Os parênteses: empregam-se os parênteses para intercalar


num texto quaisquer indicações assessoriais:
- uma explicação dada ou uma circunstância mencionada
incidentalmente:
Ex: Ela (no café) que se encontra as estalajadeiras.
- Uma reflexão, um comentário a margem do que se afirma.
Ex: A míngua guerra, como a dos que tinham perdido (se é que
tinha), começava agora.
- Uma nota emocional expressa geralmente em forma
exclamativa ou interrogativa:
Ex: A escola, que era azul e tinha um mestre mau, de assustador
pigarro… (meu Deus! Que é isto? Que emoção a minha quando
esta coisa tão singela narrou?)
- Usam-se também os parênteses para isolar orações
intercaladas com verbos declarativos:
d) O travessão (-): emprega-se principalmente em dois casos:
i) Para indicar, nos diálogos, a mudança de interlocutores.
Ex: - Quem é o seu amigo, José?
- O Nunes, da rua do ouro… por quê?
ii) para isolar, num contexto, palavras ou frases. Neste caso em
que desempenha função analógica à dos parênteses, usa-se
geralmente o travessão duplo:
Ex: - A igreja – atalhou o bispo – não pode desinteressar-se do
problema social.
Não é raro o emprego de um só travessão para destacar,
enfaticamente, a parte final de enunciado.
Ex: um povo é mais elevado quando mais se interessa pelas
coisas inúteis – a filosofia é a arte.
Sumário

Em síntese:
Pontuar uma frase escrita corresponde ao estabelecimento
das pausas na comunicação oral e é apresentar a ideia que se
pretende transmitir com exactidão e precisão.
A má utilização dos sinais de pontuação pode resultar na
completa ambiguidade comunicativa.

Exercícios

1. Justifica a pontuação utilizada no Texto 1 da Unidade


1.

UNIDADE 9

A ANÁLISE DE UM TEXTO ESCRITO


Introdução
Saber interpretar textos com precisão é uma tarefa que
requer muito treino, mas há várias outras formas de se incrementar
esta habilidade. Nesta Unidade 9, vamos conhecer alguns passos
importantes para analisar um texto escrito.

Objectivos Ao

Como Analisar Correctamente um Texto


completar esta unidade / lição, será capaz de:

Analisar, com correcção, um texto escrito.


1. Compreensão. A compreensão de texto consiste em analisar o
que realmente está escrito, ou seja, colectar
dados do texto:

• As considerações do autor se voltam para...


• Segundo o texto, está correcta...
• De acordo com o texto, está incorrecta...
• Tendo em vista o texto, é incorrecto...
• O autor sugere ainda...
• De acordo com o texto, é certo...
• Após a leitura, é possível concluir que... O autor afirma que...

2. Interpretação. Interpretação de texto consiste em saber o que


se infere (conclui) do que está escrito:

• O texto possibilita o entendimento de que...


• Com apoio no texto, infere-se que...
• O texto encaminha o leitor para...
• Pretende o texto mostrar que o leitor... O texto possibilita
deduzir-se que...

3. Duas leituras do texto no mínimo. A primeira para tomar


contacto com o assunto; a segunda para compreender as ideias
principais, as secundárias e os argumentos apresentados.

4. Lógica e estruturação do texto. Observa-se que um parágrafo


em relação ao outro pode indicar uma continuação ou uma
conclusão - ou, ainda, uma falsa oposição.

5. Uso da gramática. Sublinha-se, em cada frase, as palavras por


pesquisar no dicionário para a correcta compreensão.

6. Leitura profunda. Leitura atenta para encontrar, em cada


parágrafo, a ideia mais importante (tópico da frase)

7. Análise de prova. Se for uma prova contendo teste ou


perguntas, vale a pena saber o que será solicitado. Assim, lêse com
muito cuidado os enunciados das questões para entender direito a
intenção do que foi pedido.

8. Identificação de unidades de significação: Sublinham-se as


palavras como erro, incorrecto, correcto, etc. Isso ajuda a não se
confundir no momento de responder a questão.

9. Identificação do essencial: Escreve-se, ao lado de cada parágrafo


ou de cada estrofe, a ideia mais importante contida neles.
10. Interpretação textual. Não se pode levar em consideração o
que o autor quis dizer, mas sim o que ele efectivamente disse - ou
seja, o que ele escreveu. Aqui, estaremos a separar as inferências das
deduções e interpretações.

11. Exame da introdução e da conclusão. Se o enunciado mencionar


tema ou ideia principal, examine com atenção a introdução e/ou a
conclusão. Nesse caso, a imagem que se tem ao ler o texto por inteiro
será importante.

12. Texto argumentativo. Se o enunciado mencionar


argumentação, preocupa-se com o desenvolvimento dos
argumentos.

13. Vocábulos remissivos. Deve tomar-se cuidado com os


vocábulos relatores (os que remetem a outros vocábulos do texto).
Pronomes relativos, pronomes pessoais, pronomes demonstrativos,
etc. Questões com esses detalhes testam a paciência e a persistência
dos leitores.

Principais Erros na Análise Textual


Cinco erros principais na análise de textos:
o Extrapolação. É o facto de se fugir do texto. Ocorre quando se
interpreta o que não está escrito. Muitas vezes são factos reais,
mas que não estão expressos no texto. Deve-se ater somente ao
que está relatado.
o Redução. É o facto de se valorizar uma parte do contexto,
deixando de lado a sua totalidade. Deixase de considerar o texto
como um todo para se ater apenas a parte dele. o Contradição. É
o facto de se entender justamente o contrário do que está escrito.
É bom que se tome cuidado com algumas palavras, como: “pode”,
“deve”, “não”, verbo “ser”, etc.
o Preguiça. Por conta do estresse de uma prova, concurso ou
exame, muitos candidatos perdem a paciência para fazer as duas
mínimas leituras necessárias para a correcta compreensão e
entendimento do texto.
o Superestimar. Há sempre algumas palavras cujo significado real
precisa ser decifrado com o uso do dicionário. A crença de que o
contexto é um auxiliar faz com que alguns candidatos suponham
compreensão do sentido, mas, na verdade, é uma suposição falsa.

Sumário

Em síntese:
Em qualquer língua, torna-se muito importante saber interpretar
textos com precisão embora seja uma tarefa que requer muito
treino; porém, há várias formas de se incrementar esta habilidade.

Exercícios

1. Quais são os passos possíveis a seguir para analisar um texto


escrito?
2. Aborde os cinco erros principais na análise de textos.

UNIDADE 10

A FRASE
Introdução
Muitos alunos, estudantes universitários e até académicos
têm demonstrado imensas dificuldades na compreensão da
estrutura frásica. É importante fixar o seguinte: a estrutura básica
do Português é SVO, significando: Sujeito, Verbo e Objecto.

A ideia de estrutura frásica é fundamental, visto ser o


elemento estruturante da ideia a ser veiculada. Esta frase com
sentido ou predicação será comandada pelo verbo, que constitui o
núcleo da frase.

Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

• Distinguir frase da oração;


• Apresentar as diferenças entre período e parágrafo.
Objectivos A Frase
De acordo com Celso Cunha, a frase é “um enunciado de sentido completo, a unidade
mínima de comunicação.” 13

A Frase e Oração

A frase pode conter uma ou várias orações. A frase contém mais


do que uma oração quando tem mais do que um verbo conjugado.
Por exemplo:
“Durante a noite, houve uma grande tempestade.”
“Durante a noite, houve uma grande tempestade que
provocou muitos estragos.”

No primeiro caso, estamos perante uma frase constituída por uma


oração, e no segundo caso, por duas orações. Quando a frase é
constituída por várias orações e cada uma está organizada à volta
de um verbo, trata-se de uma frase complexa.
Exemplo de uma frase simples:
“A educação constitui um factor de desenvolvimento.”
Exemplo de uma frase complexa:
“A educação que é ministrada nas nossas escolas é um factor de
desenvolvimento e tem como componente fundamental a
competência comunicativa.”

A Estrutura da Frase A oração e os seus elementos


Os elementos fundamentais de uma oração são: o sujeito (simples
ou composto, subentendido, indeterminado ou inexistente) e o
predicado (verbal; nominal).
O sujeito “é aquilo de que se fala ou sobre que se faz uma
afirmação”. O predicado “é tudo o que se diz do sujeito”.14
Os outros elementos são: o complemento directo, o complemento
indirecto, o predicativo do sujeito, o predicativo do complemento

directo, o agente da passiva, o atributo, o aposto, o vocativo, o

complemento determinativo e o complemento circunstancial (de

13
Celso Cunha, Nova Gramática do Português Contemporâneo, p. 119
14
J.Esteves Rei, Curso de Redacção I, Porto, Porto Editora, p.14
lugar, tempo, causa, modo, fim, meio, companhia, dúvida e de

instrumento). Para facilitar a compreensão sobre esta questão,

Esteves Rei usa o termo “modificador” para os elementos adjuntos

do nome.

ORAÇÃO = sujeito + predicado


(nome + mod) (verbo + complementos)
Por exemplo: “Meu irmão / está muito doente.”

“ A Citroen, uma marca francesa / tem uma boa imagem comercial.”


“O cão perdigueiro come carne.”
Núcleo do suj. Modificador Núcleo do verbo
complemento directo.

A Construção nominal ou elipse


Elipse – é “uma figura de sintaxe, consistindo na supressão
de palavras que facilmente se subentendem”.
Ex.: “Que bela paisagem!” por “Esta paisagem é bela.”
A construção nominal verifica-se quando “um elemento
verbal é suprimido a favor do elemento nominal (nome, adjectivos
e determinantes: artigos, demonstrativos e possessivos) ”:
Ex.: “O seu, a seu dono!”
“Um por todos e todos por um.”
A construção nominal, apesar de ser uma característica da língua
falada, também é utilizada em textos literários para “produzir um
efeito de movimento e acção ou de autênticas pinceladas na
descrição dos elementos de um quadro, paisagem ou visão”.
A construção nominal é uma construção moderna, utilizada
na linguagem jornalística, técnica e científica, sobretudo nos títulos,
nas legendas e sumários, pois permite uma maior objectividade,
brevidade e concisão das estruturas nominais.
Quando uma frase aparece construída sem verbos, cabe ao leitor
“conceber e sentir o escrito”, ou seja, cabe ao leitor dar um sentido
“à alma da frase.”15

A Qualidade da Frase

Unidade - subordinação das ideias secundárias às principais;


são defeitos contra a unidade a multiplicidade de
sujeitos.

Clareza - ideias apresentadas de forma “transparente”; é de


evitar a desordem e a “obscuridade” das ideias.

Concisão – significa o “emprego de palavras em número


necessário e suficiente.” Deve-se evitar a repetição de
palavras e de ideias.

Sumário

Em síntese:
Os elementos fundamentais de uma oração são: o sujeito (simples
ou composto, subentendido, indeterminado ou inexistente) e o
predicado (verbal; nominal).
Ex. Franze (Suj) é o meu professor (Pred.)

Exercícios

1. Elabore três frases tendo em conta a qualidade da


frase.
2. Divida as frases em constituintes sintácticos.
3. Especifique a utilização da construção nominal ou
elipse.
4. Construa frases de acordo com as indicações
seguintes.
• Sujeito+modificador + verbo +
complemento circunstancial.

15
idem, p.21
• Verbo + complemento directo
+ complemento indirecto + complemento
circunstancial.
• Sujeito + modificador + verbo +
complemento directo + complemento
indirecto.
• Verbo + complemento circunstancial.

UNIDADE 11

A FRASE SIMPLES E COMPLEXA


Introdução
As frases podem ser simples ou complexas de acordo com a
expressividade do autor. Assim, torna-se indispensável conhecer os
conectores frásicos e a sua devida utilização nas frases.
Nesta unidade, apresentamos as conjunções e locuções
usadas em frases complexas, partindo de uma construção simples.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

Identificar na frase complexa orações coordenadas e subordinadas


distinguir período e parágrafo

Objectivos

As Frases Simples e complexas


De acordo com o conceito de frase anteriormente apresentado, a frase é “um enunciado de
sentido completo, a unidade mínima de comunicação.
Neste sentido, a Frase simples é aquela que possui um e único verbo.
A frase complexa “é aquela que contém dois ou mais verbos
conjugados e, por consequência, duas ou mais orações.” 16
A ligação da frase complexa é feita pelos processos de coordenação e
subordinação.
Coordenação
Os campos cobriram-se de flores e as árvores encheram-se de folhas.
Oração coordenada Oração coordenada

Subordinação

Os campos cobriram-se de flores quando a Primavera chegou.


Oração principal ou subordinante Oração subordinada

A Coordenação
As orações “da mesma natureza” podem ser coordenadas entre si através
de conjunções e locuções coordenativas”

Classificação das orações coordenadas


1. Orações coordenadas copulativas (implica uma ideia de adição)

Ex.: “O João entrou na livraria e comprou vários livros.”

2. Orações coordenadas adversativas: mas, porém, contudo, no entanto


(orações ligadas por uma ideia de oposição)

Ex.: “Gosto de cinema, mas prefiro o teatro.”

3. Orações coordenadas disjuntivas (transmitem uma ideia de alternativa)

16
José Pinto e Maria do Céu Lopes, Gramática do Português Moderno, Lisboa,
Plátano ed., 2002, p.193
Ex.: “O avião atrasou ou não chegou a partir.”

4. Orações coordenadas conclusivas: portanto, logo, por consequência


(em que a segunda oração é uma conclusão da primeira)

Ex.: “O autocarro teve uma avaria, portanto atrasou.”

5. Orações coordenadas explicativas: pois, porquanto (justifica uma ideia


apresentada anteriormente)

Ex.: “O barco atrasou, pois estava nevoeiro.”

A Subordinação
Segundo Esteves Rei, a subordinação é “ uma relação entre duas
orações que permite a inserção de uma na outra e estabelece uma
hierarquia sintáctica entre elas: uma depende da outra, determinando ou
complementando o sentido.”18

Exemplos: 19Aquela senhora gritou quando foi assaltada.


Oração subordinante Oração subordinada adverbial temporal
Aquela senhora gritou porque foi assaltada.
Oração subordinante Oração subordinada adverbial causal
As orações subordinadas dependem das orações subordinantes e
esta dependência pode ser feita através de:
• Conjunções ou locuções subordinativas: “Ela gritou para
que a socorressem.” *
• Pronomes ou advérbios relativos: “O rapaz que caiu
magoou-se.”
• Pronomes ou advérbios interrogativos: “Ele disse quem
chega hoje?
• Formas verbais não finitas (infinitivo, gerúndio e
particípio): “Pensávamos ter concluído o trabalho. (=
Pensávamos que o trabalho estava concluído.”
18
J.Esteves Rei, Curso de Redacção I, Porto, Porto Editora, p.30
19
José Pinto e Maria do Céu Lopes, Gramática do Português Moderno, Lisboa,
Plátano ed., 2002, p.196

Sumário

Em síntese:
A Frase simples é aquela que possui um e único verbo enquanto, as
frases complexas são aquelas que são compostas por mais de um
verbo. Estas podem ser unidas por conjunções ou locuções
coordenativas ou subordinativas, conforme a relação de
coordenação ou subordinação, respectivamente.

Exercícios

A. Complete as frases seguintes com a locução adequada: já


que, logo que, mais...do que, mesmo que, no caso de, para
que.
- ...vais ao supermercado Shoprite, traz-me pão.
- Os pequenos...estorvam...ajudam.
- ...chover, não podemos ir ao cinema.
- O Director aumentou-lhe o salário...ele não se
despedisse.
- ...o sol desaparece, as crianças vêm para casa.
- Nunca iria à lua...me oferecesse a viagem.

B. Preencha os espaços em branco com a locução apropriada.


Pois que, por isso mesmo (é) que, posto que, primeiro que,
salvo se, se bem que.
- a praia ficou deserta...as férias acabaram.
- ...o seu grande interesse seja o dinheiro, os
imigrantes não se privam de nada no seu dia-a-dia.
- ...compres o carro, deves tirar a carta de condução.
- Nunca deixe andar os filhos ao sol...de manhã e à
noite, ele seja fraco.
- O professor de português nunca falta...estiver
doente.
- O Nuno quer ir estudar para os Estados
Unidos...estuda entusiasticamente inglês.

C. Complete as seguintes frases com


locuções mais adequadas: sempre que, tal que, tão
que, tanto...que todas
as vezes que, visto que, tanta...que
- O Miguel...vai à cidade, perde-se nos bazares
- A girafa é...alta...observa tudo o que se passa no
jardim zoológico.
- O João cumprimenta o mestre...se cruza com ele na
rua
- O ruído era...ninguém ouvia nada.
- A responsabilidade dos pais é...por vezes não dorme.
- Ontem havia...vento...duas árvores caíram no
jardim.

D. Sublinhe nas orações seguintes as conjunções ou locuções


conjuncionais que indicam a relação temporal. No final,
empregue cada uma delas numa frase da sua autoria.
- Quando chegaste, era meio dia.
- Enquanto as crianças brincam, eu vou ao talho.
- Apenas soube a triste nova, entrou em pânico.
- As esperanças são cada vez menores à medida que o
tempo passa.
- Logo que viu o pai, desapareceu da sala.
UNIDADE 12

ESTUDO DO VERBO
Introdução
O verbo é um elemento fulcral da frase e sem ele não há
frase. Ele designa a acção desenvolvida pelo sujeito. Assim, nesta
unidade, apresentamos a classificação dos verbos quanto à
semântica, quanto à conjugação e quanto à Morfologia.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

Indicar as diferentes formas de classificação dos verbos.


Distinguir dos transitivos dos intransitivos;

Objectivos

Verbo é o nome dado à classe gramatical que designa uma


ocorrência ou situação. É uma das duas classes gramaticais nucleares do idioma, sendo a
outra o substantivo. É o verbo que
determina o tipo do predicado, que pode ser predicado verbal,
nominal ou verbo-nominal. O verbo pode designar acção, estado ou
fenómeno da natureza.

Classificação dos Verbos

Os verbos admitem vários tipos de classificação, que englobam


aspectos tanto semânticos quanto morfológicos. Podem ser
divididos da seguinte forma:

Quanto à Semântica

• Verbos transitivos: Designam acções voluntárias,


causadas por um ou mais indivíduos, e que afectam
outro (s) indivíduo (s) ou alguma coisa, exigindo um
ou mais objectos na acção. Podem ser transitivos
directos que não possuem sentido completo, logo
ele necessita de um complemento, sendo este
complemento chamado de objecto directo. E verbo
transitivo indirecto - que também não possui sentido
completo e necessita de um objecto indirecto, que
necessariamente exigem uma preposição antes do
objecto.

Exemplos: dar, comer, fazer, vender, escrever, amar etc. :

- A Judite come fruta.

• Verbos intransitivos: Designam acções que não


afectam outros indivíduos.

Exemplos: andar, existir, nadar, voar etc.:

- O bebé gatinha.

• Verbos impessoais: São verbos que designam acções


involuntárias. Geralmente (mas nem sempre)
designam fenómenos da natureza e, portanto, não
têm sujeito nem objecto na oração.

Exemplos: chover, anoitecer, nevar, haver (no sentido de existência)


etc. Todo verbo impessoal é também intransitivo. :

- Ontem, choveu muito.

• Verbos de ligação: São os verbos que não designam


acções; apenas servem para ligar o sujeito ao
predicativo.

Exemplos: ser, estar, parecer, permanecer, continuar, andar,


tornar-se, ficar, viver, virar etc.:

- O professor está doente.

Quanto à Conjugação

• Verbos da primeira conjugação: São os verbos


terminados em ar: molhar, cortar, relatar, etc.
• Verbos da segunda conjugação: são os verbos
terminados em er: receber, conter, poder etc. O
verbo anómalo pôr (único com o tema em o), com
seus compostos, também é considerado da segunda
conjugação devido à sua conjugação já antes
realizada (Ex: fizeste, puseste), decorrente de sua
antiga forma latina poer. No exemplo "or", a maioria
dos verbos vêem da palavra "Pôr", compor, depor,
supor, transpor, antepor, etc.
• Verbos da terceira conjugação: são os verbos
terminados em "ir" : sorrir, fugir, iludir, cair, colorir,
etc;

Quanto à Morfologia

• Verbos regulares: Flexionam sempre de acordo com


os paradigmas da conjugação a que pertencem.

Exemplos: amar, vender, partir, etc.

• Verbos irregulares: Sofrem algumas modificações


em relação aos paradigmas da conjugação a que
pertencem.

Exemplos: caber, medir ("eu caibo", "eu meço", e não "eu cabo",
"eu medo").

• Verbos anómalos: Verbos que não seguem os


paradigmas da conjugação a que pertence, sendo
que muitas vezes o radical é diferente em cada
conjugação.

Exemplos: ir, ser, ter ("eu vou", "ele foi"; "eu sou", "tu és", "ele
tinha", "eu tivesse", e não "eu io", "ele iu", "eu sejo", "tu sês", "ele
tia", "eu tesse"). O verbo "pôr" pertence à segunda conjugação e é
anómalo a começar do próprio infinitivo.

• Verbos defectivos: Verbos que não têm uma ou mais


formas conjugadas.

Exemplo: precaver - não existe a forma "precavenha".

• Verbos abundantes: Verbos que apresentam mais


de uma forma de conjugação. Exemplos: encher -
enchido, cheio; fixar - fixado, fixo.

Sumário

Em síntese:
A Classe dos Verbos é a classe mais variável que designa uma
ocorrência ou situação. É uma das duas classes gramaticais
nucleares do idioma, sendo a outra o substantivo. É o verbo que
determina o tipo do predicado, que pode ser predicado verbal,
nominal ou verbo-nominal

Exercícios

Complete os espaços em branco com as formas verbais apropriadas.


1. Presente do indicativo:
Quando os alunos (estar) atentos nas aulas, os
resultados deles (ser ) bons. (ser) sempre assim.
Quando há festas nas escolas, os alunos (ir) com os pais a
essas festas. Hoje há uma e toda a gente (ir).
2. Pretérito perfeito:
Ontem nós (ir) fazer uma marcha de verão através dos
campos. Tu (ser) o último a chegar porque te atrasaste.
Na semana passada tu (estar) a estudar os verbos
comigo. Agora já sabemos tudo!
Mas eles não (estar) a trabalhar e agora não sabem.
Nessa semana, eles (ser) os piores da turma.
3. Futuro:
Amanhã nós (ir) todos dar um passeio muito bonito.
Quando eu estiver de férias, (ir) até à praia com os meus
pais e os meus amigos. Nessa altura, (ser) a pessoa mais
contente do mundo!
No Verão, nós (estar) de férias em Portugal. E eles,
(estar)
UNIDADE 13

CONJUGAÇÃO PRONOMINAL
Introdução
A conjugação pronominal é aquela em que o verbo aparece
conjugado com os pronomes. Ela pode ser reflexa ou recíproca de
acordo com a acção do verbo.
Nesta unidade para além das regras também
apresentamos alguns verbos conjugados na forma pronominal.

Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

• Aplicar correctamente os verbos na forma pronominal


• Identificar os momentos em que temos de usar a
forma pronominal.
Objectivos

Repara nas expressões: “Levei-o *…+.”; “ *…+ os amigos levaram-


no

*…+.”

Em ambas, a forma verbal (levei, levaram) aparece acompanhada do pronome


pessoal o, que lhe serve de complemento,

constituindo com ela um todo.

Chama-se conjugação pronominal aquela em que o verbo aparece


conjugado com os pronomes o, a, os, as.
Nota: Quando estudámos os pronomes pessoais aprendemos que
o, a, os, as, tomam as formas lo, la, los, las, depois de r, s, ou z e as
formas no, na, nos, nas, depois de ditongo ou vogal nasal (-m, ão)
1. Conjugação pronominal reflexa

A conjugação pronominal reflexa indica que a acção do sujeito recai


sobre ele próprio. (Ex: Eu penteio-me todas as manhãs.)

Utiliza para tal os pronomes pessoais me, te, se, nos, vos,
se. (Ex.: Verbo “sentar-se” no Presente do Indicativo - Eu
sento-me; Tu sentas-te; Ele/ela senta-se; Nós sentamonos;
Vós sentais-vos; Eles/elas sentam-se)

2. Conjugação pronominal recíproca

A conjugação pronominal recíproca exprime a reciprocidade na


acção praticada. (Ex.: Eles abraçaram-se [um ao outro]
calorosamente.)

Utiliza para tal os pronomes pessoais do plural: nos, vos,


se. (Ex.: verbo “abraçar-se” no Presente do Indicativo - Nós
abraçamo-nos; Vós abraçais-vos; Eles/elas abraçam-se.)
Ex. Os namorados beijavam-se prolongadamente
Sumário

Em síntese
Como Já vimos, a conjugação pronominal é aquela em que o verbo
aparece conjugado com os pronomes o, a, os, as que tomam as
formas lo, la, los, las, depois de r, s, ou z e as formas no, na, nos,
nas, depois de ditongo ou vogal nasal (-m, -ão) distinguindo-se da
recíproca a conjugação pronominal reflexa utiliza para tal os
pronomes pessoais me, te, se, nos, vos, se.

Exercícios

1. Complete as frases com os verbos na forma


pronominal.
b) Os alunos pegam nos cadernos e (dar) ao
professor.
c) Elas têm bicicletas e (levar) para a
escola.
d) Como não podiam entrar no cinema com os cães,
(confirmar) ao porteiro.
e) Já li o livro. Posso (emprestar) ( te o
)
f) Tirei os lápis ao João e (esconder). (lhe
os)

UNIDADE 14

O DISCURSO DIRECTO E INDIRECTO


Introdução
Para expressarmos as nossas ideias aos outros, podemos
fazê-lo fielmente através da fala tal igual como a personagem as
proferiu/profere e, ainda, podemos informar o leitor acerca do que
uma personagem disse/diz ou pensou pensa, sem reproduzir
exactamente as suas palavras.
Nesta unidade, vamos apresentar as formalidades do uso do
discurso directo ou indirecto, as regras de transformação, bem
alguns exemplos ilustrativos a cada caso.

Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

- Explicar as regras envolvidas no uso dos discursos directo e indirecto;

- Apresentar as principais diferenças entre o discurso directo e Objectivos


indirecto;
- Aplicar as regras de transposição de um discurso para o outro.

O Discurso Directo

O Discurso Directo é um meio de expressão pelo qual se


reproduzem as palavras de uma personagem tal como elas as teria
proferido.
Este tipo de discurso permite um contacto mais estreito entre a
situação criada e o receptor (leitor/ouvinte); actualiza e torna mais
viva a narrativa, mais espontânea, como no teatro.
No Discurso Directo as falas das personagens ganham em
naturalidade, não raras vezes tocadas pela emoção, que o emprego
de exclamações, interjeições, reticências, interrogações, vocativos
e imperativo reforça.
É de salientar que o Discurso Directo pode aparecer sob a forma de
monólogo interior.

O Discurso Indirecto
O Discurso Indirecto é o processo pelo qual o narrador informa o
leitor acerca do que uma personagem teria dito ou pensado, sem
reproduzir exactamente as suas palavras.
Na transposição do Discurso Directo para o Indirecto, notam-se
alterações nas categorias verbais (modo, tempo, pessoa), nos
pronomes, nos determinantes e nos advérbios.

Veja alguns exemplos de passagem do discurso directo para


indirecto:
• Nada te acontecerá. / Ele disse que nada lhe
aconteceria.
• Paga-me esta conta, como é teu dever. / Ela
ordenou que ela lhe pagasse aquela conta, como era
seu dever.
• Conta-me tudo – pediu ele – aqui mesmo e agora.../
Ele pediu que ela lhe contasse tudo, ali mesmo e
naquele momento.
• Queres vir comigo Pedro? / Ela perguntou ao Pedro
se ele queria ir com ela.
• Eu dou-te o dinheiro. / Ele disse que lhe dava o
dinheiro
• Quadro resumo das regras básicas
Sumário

Em síntese:
Enquanto o Discurso Directo é um meio de expressão pelo
qual se reproduzem as palavras de uma personagem tal
como elas as teria proferido, o Discurso Indirecto é o
processo pelo qual o narrador informa o leitor acerca do que
uma personagem teria dito ou pensado, sem reproduzir
exactamente as suas palavras.

Exercícios

A- Passe para o discurso contrário as seguintes frases:


1. O Jornalista afirmou que tinha sido bem acolhido,
2. Decidiram que no dia seguinte iriam à praia,
3. Durante o reinado de Ngungunhane, as etnias minoritárias
pensavam que nunca mais teriam expressão.
4. No tribunal, o réu confessou que a culpa era dele.
5. No meio da viagem, reconheceram que se tinham enganado.
B- Reescreva as frases seguintes, utilizando o discurso indirecto
como no exemplo:
a. O revisor disse ao irmão: - Os vossos bilhetes são para amanhã.
R: O revisor disse ao irmão que os bilhetes deles eram para o dia
seguinte.

1. Rosa Maria disse ao irmão: - Vem a casa depressa.


2. O professor ordenou aos alunos: - Estejam calados!
3. Marta respondeu à amiga: - Fico muito satisfeita com o teu
convite e no próximo domingo aí estarei.
4. O meu irmão pediu-me: - Traz-me um caderno quando fores à
papelaria.
UNIDADE 15

A FICHA BIBLIOGRÁFICA
Introdução
Nesta secção, pretendemos dar algumas directrizes da
organização de uma referência bibliográfica. Como sabemos, em
qualquer trabalho científico assim como fichas de leitura teremos
de usar ou referenciar os autores das obras consultadas, para
distanciarmo-nos do plágio académico.
A apresentação da ficha bibliográfica não é uniforme,
podendo diferir de escola para escola, mas aqui pretendemos
apresentar um modelo que se pode usar.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:
✓ Elaborar uma ficha bibliográfica.

1. A Ficha Bibliográfica

A informação colectada nos livros, assim como noutras fontes Objectivos de


conhecimento, normalmente deve ser devidamente catalogada, ou seja, a sua proveniência
não deve constituir segredo. Tratando-se de documentos que veiculam ideias de outros
sujeitos pensantes, estas ideias são propriedade e/ou pertenças desses mesmos sujeitos.
Isto significa dizer que, ao se fazer uso dessa mesma informação, dever-se-á referir a fonte
que a produziu – o seu autor, sob pena de se considerar plágio (roubo de propriedade
intelectual), da ideia de outrem. Esta omissão é considerada crime, dando direito a um
processo criminal que pode ter consequências imprevisíveis nos termos da lei dos direitos
autorais.
Com efeito, é dever de quem pesquisa referir os livros que
lhe serviram de suporte e/ou fonte de inspiração para a
produção das suas próprias ideias, colocando todos os dados
que possam facilitar a localização da obra referida para efeitos
de confrontação posterior. Estas informações são organizadas
segundo modelos universalmente convencionados, a que se dá
o nome de ficha bibliográfica.
A construção da ficha bibliográfica obedece a regras fixas de
representação, segundo o exemplo que a seguir é apresentado
(entretanto, mais detalhes sobre este assunto poderás colher na
disciplina de Metodologia de Investigação Científica MIC):
1. A disposição das informações segue uma ordem:
- Apelido em maiúsculas;
- Nome do autor;
- Título da obra (sublinhado ou em itálico ou a negrito
ou em maiúsculas);
- Subtítulo da obra antecedido de dois pontos
(sublinhado ou em itálico ou a negrito ou em
maiúsculas); (se tiver)
- Número da edição;
- Local (nome da cidade) em que a obra foi editada; -
Nome da editora responsável pela edição do livro; -
Indicação do ano e da(s) página(s).
NB. Outras informações podem ser adicionadas, tais como,
colecção, número do volume, etc.
EX: RUIZ, J. Álvaro, Metodologia Científica: Guia para eficiência nos
estudos, s.e., São Paulo: ATLAS, 1991, p-19

Sumário

Em síntese:
As fichas são um instrumento de trabalho indispensável,
permitindo: identificar as obras, conhecer o seu conteúdo, fazer
citações, conservar críticas, nossas ou de outrem, analisar o
material a utilizar num trabalho.

Exercícios

1. A partir dos seus manuais ou outras obras, elabore três fichas


bibliográficas.
UNIDADE 16

A FICHA DE LEITURA
Introdução
Na nossa vida de estudantes, temos, vezes sem conta,
deparado com situações em que empreendemos leituras de livros
e/ou outros materiais de consulta diversos, onde a memorização
constitui o elemento chave no processo de busca, sistematização e
armazenamento das informações. Ora, é difícil, senão mesmo
impossível, memorizar tudo o que se lê ou se consulta.
Vamos tratar, nesta unidade, sobre a mais recomendável técnica,
que quando estruturada de maneira específica e em formato
próprio, dá-se-lhe o nome de ficha de Leitura.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

Conhecer os diferentes tipos de fichas de leitura.

A Ficha de Leitura ou de Conteúdo Tipos de fichas

Objectivos

Ficha analítica – contém uma análise sumária da obra ou do


artigo, podendo referir, entre outros, os seguintes elementos:

- campo ou o saber abordado;

- problemas tratados;

- conclusões alcançadas
- contribuições especiais para o tema
- métodos utilizados: indutivo, dedutivo, dialéctico,
histórico, comparativo;
- recursos empregados: tabelas, quadros, gráficos,
mapas.

Entre as suas qualidades, destacam-se as seguintes:

- brevidade;
- uso de verbos activos;
- ausência de repetições.

Ficha de citação – reproduz frases consideradas relevantes num


trabalho:

- coloca-se entre aspas;


- contém a página;
- transcreve textualmente (incluindo erros, que
devem ser seguidos pelo termo sic colocado entre
parênteses rectos [sic]);
- indica supressão de palavras, recorrendo também a
parênteses rectos [...];
- completa a frase com elementos indispensáveis à
sua compreensão, se for necessário (colocando o
acrescento entre parênteses).

Ficha de resumo ou síntese – apresenta um resumo ou síntese das


principais ideias ou dos aspectos essenciais. Tendo em conta a
natureza destes exercícios (ver noutro local), lembraremos que
esta ficha:

- não é um sumário ou índice;


- não é uma transcrição de frases;
- não é longa;
- não precisa, no caso da síntese, de obedecer à
estrutura da obra.

Ficha de comentário – é uma interpretação crítica das ideias do


autor:

- sobre a forma;
- sobre o conteúdo;
- sobre a clareza ou a obscuridade do texto; -
sobre a sua comparação com outros textos -
sobre a importância da obra.

As partes componentes desta ficha

Legenda:

a) referência bibliográfica do livro/revista ou


texto;
b) tema abordado;
c) página do livro em que se encontra a
informação/texto;
d) clasificação da obra(conto, romance, ensaio
etc.)
e) conteúdo: síntese do conteúdo do texto
consultado, podendo ser apresentado sob
forma de esquema (notas) ou sob forma de
um resumo – seguindo as regras de
redacção deste tipo de texto
f) observações do autor da ficha sobre alguns
aspectos pertinentes relacionados com o
assunto do texto ou livro, ou qualquer outra
informação particular encontrada em e), i.é.
na síntese.
Sumário

Em síntese:
Na nossa vida de estudantes, temos, vezes sem conta, deparado
com situações em que empreendemos leituras de livros e/ou outros
materiais de consulta diversos, onde a memorização constitui o
elemento chave no processo de busca, sistematização e
armazenamento das informações e dos conteúdos pesquisados.
Ora, é difícil, senão mesmo impossível, memorizar tudo o que se lê
ou se consulta. Por este facto, como auxiliares de memória, várias
técnicas e estratégias têm sido comummente usadas pelos
pesquisadores. Uns preferem recorrer à técnica de tomada de
notas; outros há que, preferem fazer pequenos resumos ou sínteses
da informação colectada. A esta última técnica, por sinal, mais
recomendável, quando estruturada de maneira específica e em
formato próprio, conforme o exemplo que vamos apresentar neste
módulo, ao documento final resultante dá-se-lhe o nome de Ficha
de Leitura, visto comportar as linhas de leitura então efectuadas.

Exercícios

1. Elabore uma ficha de leitura de resumo sobre a unidade


Acentuação de qualquer obra que contenha essa matéria.

UNIDADE 17

O SUMÁRIO
Introdução
O sumário é um texto curto, por definição, e tem por objectivo
relatar as actividades de uma aula (estamos a tratar do sumário da
aula). Este texto relata fiel e fidedignamente as várias etapas que
compõem uma aula. É, com efeito, um texto objectivante
(objectivante na medida em que não é possível ser-se
completamente objectivo, daí que não nos autorizamos a usar o
termo objectivo). No sumário são também usadas expressões
nominalizadas (nominalizações, evitando-se assim a utilização de
verbos conjugados. Sendo o relato de actividades de uma aula
passada/ efectivada, ele deverá ser redigido no fim da aula (não no
princípio desta, como muitos dos professores erradamente o fazem.
Afinal, tema (tópico) da aula é diferente do sumário)

Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

✓ Explicar detalhadamente as principais diferenças existentes entre o


sumário e outros textos que com

Objectivos ele se confundem;

✓ Aplicar as regras envolvidas na elaboração ou


produção do sumário.

Sumário

Definição geral:

É uma enumeração das divisões principais e dos artigos contidos


numa publicação periódica, num livro, num relatório ou documento
análogo, seguindo a ordem do texto. Apresenta o conteúdo sob
forma de plano: deve manifestar não apenas as etapas de estudo,
mas também o sentido, manifestando a sua coerência desde o título
até à conclusão.

Um livro deve incluir os seguintes elementos: plano,


desenvolvimento, principais divisões e sua paginação.

Numa revista reportam-se a: título, nome do autor (se forem dois,


devem ambos ser mencionados e, se mais de dois, mencionados
apenas o primeiro, seguido da expressão “et alii” ou “at al”).

O sumário tem uma dupla função


Permite ao leitor orientar-se na leitura do texto ou ler apenas a
parte que lhe interessa – trata-se de um ponto de vista prático.

Permite, ainda, apreender a globalidade do tema ou as propostas


avançadas e o modo adoptado para a sua apresentação – é o plano
que se encontra aqui em questão.

Qualidade essencial dum sumário

É importante que um sumário veicule uma problemática, mostre as


questões e esboce as respostas, quer dizer, que nas entrelinhas
contenha um raciocínio original.

O sumário duma aula

O sumário é um texto curto, por definição, e tem por objectivo


relatar as actividades de uma aula (estamos a tratar do sumário da
aula). Este tipo de texto deve relatar fiel e fidedignamente as várias
etapas que compõem uma aula. É, com efeito, um texto
objectivante. (objectivante na medida em que não é possível serse
completamente objectivo, sendo por este motivo, que não nos
autorizamos a usar o termo objectivo).

Ora, Justamente porque se pretende objectivo, diga-se,


objectivante, ele apresenta marcas da 3ª pessoa gramatical. Nele,
são também usadas expressões nominalizadas, evitando-se assim a
utilização de verbos conjugados.

Sendo o relato de actividades de uma aula passada/ efectivada, ele


deverá ser redigido no fim desta (e não no princípio da aula, como
muitos dos professores erradamente o fazem, confundindo, tema
(tópico) da aula com o sumário)

Técnicas de elaboração

O sumário da aula é um texto de construção colectiva. Todos os


participantes/intervenientes da aula devem participar da sua
elaboração. Devemos abandonar a prática de aulas centralizadas no
professor. O aluno deve participar activamente em todas as etapas
da aula, ou seja, na sua construção. O aluno pode, e muito bem,
saber dizer o que foi tratado numa aula em que dela fez parte. É
errado julgar que ele é um objecto que se limita a ouvir, copiar e
escrever o que o professor dita. Como isso dizer-se: o aluno não é
uma tábua rasa, ou um simples receptáculo passivo dos conteúdos
da aprendizagem.

Análise icónica

Trata-se de um nível de leitura que é feita tendo em conta o aspecto


formal (do ponto de vista da mancha gráfica). Esta leitura permite
identificar o texto, antes da sua leitura conteudística. Nela, presta-
se especial atenção aos aspectos mais destacados a partir de
elementos de realce, tais como a escrita a negrito (em bold), em
itálico e/ou sublinhado, as imagens (figuras ou icons – texto
imagético). Muitas vezes, o leitor não precisa de ler o texto para se
aperceber com que tipo de texto está a lidar. Os elementos
iconográficos são dispostos de tal ordem que o texto se identifica
por si, captando a atenção do público leitor. É que para o leitor ver
se o texto é curto ou longo, não precisa de uma lupa, nem de ler o
texto em toda a sua extensão. Mas, será após a leitura do conteúdo
do texto que algumas dúvidas serão dissipadas, nomeadamente no
que diz respeito ao público visado, informações ligadas ao assunto,
data, hora e local.

Análise linguística

Além dos aspectos ligados à forma, identificáveis a partir de um


olhar (vista geral da mancha gráfica, isto é, daquela parte impressa,
há a leitura do que está impresso do ponto de vista de fundo, de
conteúdo. Presta-se especial atenção à linguagem usada, às marcas
de pessoa gramatical, à conjugação dos verbos, enfim, aos
elementos discursivos.

Sumário

Em síntese:
Considera-se, no geral, sumário uma enumeração das divisões
principais e dos artigos contidos numa publicação periódica, num
livro, num relatório ou documento análogo, seguindo a ordem do
texto. Mas o sumário da aula é um texto de construção colectiva.

Exercícios

1. “Aquilo que não foi possível tratar na aula, ainda que tenha
sido planificado, não deve constar do sumário da aula.”
a) Explicite melhor a afirmação.
2. Elabore o sumário do seu trabalho de investigação.
UNIDADE 18

TEXTOS ADMINISTRATIVOS
Introdução
O processo de redacção e compreensão de texto é tão complexo
que exige, até, o conhecimento da tipologia a que o texto por
produzir ou por ler pertence.
Porém, nesta unidade vamos apresentar e tratar especificamente
de textos de carácter administrativo, ou seja, textos funcionais.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

✓ Caracterizar os textos administrativos;


Indicar os tipos de textos administrativos ✓
Objectivos

A Escrita administrativa

A escrita administrativa, também chamada funcional e


institucional, vem-se afirmando, entre nós, desde os anos 60, com

o desenvolvimento do sector dos serviços. A mudança de tipo de


comunicação dentro da empresa é um outro factor a explicar esse
crescimento: a uma comunicação interpessoal, individualizada e
subjectiva substituiu-se uma comunicação formal, tipológica e
objectiva, numa palavra impessoal.

Uma tipologia de textos surge, assim, no horizonte das instituições


e organizações, remetendo-se a sua aprendizagem para uma
prática tão aprofundada e variada quando as necessidades o
exigem. Este facto explica a diversidade de modelos para o mesmo
texto, em diferentes instituições, a existência de uma teorização
incipiente para alguns deles e a relutância de muitos funcionários
em aceitarem escrever alguns desses textos, por não terem
modelos ou padrões de referência. Exemplo disto é a dificuldade
em encontrar alguém que em determinadas situações aceite, de
bom grado, elaborar uma acta, um curriculum vitae, uma
reclamação, um relatório ou até um simples memorando.

Os textos administrativos começam agora a figurar entre os textos


trabalhados pela escola.

É bom que assim seja: os alunos adquirem mais confiança no


domínio das diferentes manifestações da Iíngua escrita e as
empresas recebê-los-ão com mais agrado, por apresentarem uma
preparação linguística mais variada.

Sumário

Em síntese:
Os textos administrativos são uma tipologia textual que começa
agora a figurar entre os textos trabalhados pela escola. A mudança
de tipo de comunicação dentro da empresa é um outro factor a
explicar esse crescimento: a uma comunicação interpessoal,
individualizada e subjectiva substituiu uma comunicação formal,
tipológica e objectiva, numa palavra impessoal.

Exercícios

1. Mencione o conjunto de textos de natureza administrativa ou


funcional. Apresente as principais diferenças.
2. Depois de responder à pergunta anterior, apresente graficamente
exemplo de um dos textos que mencionou.
UNIDADE 19
FORMAS DE TRATAMENTO
Introdução
Na produção de documentos ou de textos administrativos como:
um convite, enviar uma carta, um requerimento, um anúncio, uma
acta, uma petição, um cumprimento, e uma conversação num
evento social onde encontra autoridades, é comum a pessoa
perguntar-se qual o pronome de tratamento que deve empregar,
em meio às dezenas de expressões que se convencionou considerar
as mais respeitosas. Definidos no âmbito das Boasmaneiras, os
pronomes de tratamento são palavras que exprimem o
distanciamento e a subordinação em que uma pessoa
voluntariamente se põe em relação a outra, a fim de agradá-la e
desejar um bom relacionamento. Porém, seu emprego abusivo
poderá afectar negativamente a dignidade da pessoa que os
emprega.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:


• Conceitualizar as formas de tratamento;
• Utilizar correctamente as formas de tratamento;

• Identificar as entidades a partir das formas de tratamento.


Objectivos

Conceito

Segundo Cunha e Cintra (2002:292) 17 , denominam-se pronomes de tratamento certas


palavras e locuções que valem por verdadeiros

pronomes pessoais como: você, o senhor, Vossa Excelência.

17
Ibdem
Embora designem a pessoa a quem se fala, isto é, a segunda pessoa,
esses pronomes levam o verbo na terceira pessoa.
Ex: Onde é que vocês estão?
Vossa Excelência Senhor Comendador terá de perdoar.

No processo de produção de documentos institucionais ou então de


textos administrativos, somos obrigados a usar formas de tratamento
específicas referentes às entidades a que nos dirigimos.

Assim, convém conhecermos as seguintes formas de tratamento


referentes e as abreviaturas com que são indicadas na escrita.

Estas formas aplicam-se à 2ª pessoa, àquela com quem falamos; para a


3ª pessoa aquela de quem falamos, usam-se as formas Sua Alteza, Sua
Eminência, etc. Mas as últimas podem empregar-se com valor das
primeiras, como expressão de máxima cerimónia, mormente quando
seguidas de aposto que contenha um título determinado por artigo.
Assim, em lugar de:

Vossa Excelência Senhor Ministro aprova a medida?

É lícito dizer-se

Sua Excelência, o Senhor Ministro, aprova a medida?

Em princípio, os pronomes de tratamento da 2ª pessoa devem


acompanhar o verbo para evitar confusão com o sujeito da terceira.

Seu irmão cantava, e você o acompanhava.

Vossa Reverência já leu este livro?


Sumário

Em síntese:

Pronomes de tratamento são palavras ou expressões que usamos


para nos referir às pessoas, em consideração ao cargo que exercem,
posição social, ou ainda, para indicar formalidade e respeito.
Os pronomes de tratamento correspondem a pronomes pessoais e
o verbo correspondente é conjugado na 3ª pessoa.

Exercícios

1. Indique as formas de tratamento para as seguintes entidades:


• Presidente da República
• Vice-Presidente da República
• Ministros do Governo
• Funcionários graduados
• Organizações comerciais e industriais
• Arcebispos e Bispos
• Papa

2. Utilize correctamente Vossa ou Sua, conforme a pessoa do


discurso:
i. …………………. Excelência estava bem-humorado. ii.
…………………. Excelência pretende viajar para a Europa?

UNIDADE 20

A CARTA
Introdução
Na unidade 18, abordamos acerca de textos administrativos, num
cômputo geral. Agora, vamos tratar essencialmente da carta, um
dos tipos de texto que pertence à tipologia textual em causa.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:
✓ Conceber a carta do ponto de vista do conceito tradicional, por
um lado, e moderno, por outro;

Explicar as diferenças básicas encontradas entre a carta e
Objectivos
os restantes textos administrativos;

✓ Justificar a estrutura fulcral de apresentação gráfica da


carta.

A Carta

É uma conversa por escrito, dirigida a uma pessoa ausente -


assim se define tradicionalmente a carta. A simplicidade da
definição não corresponde, porém, à dificuldade em escrever
cartas. Trata-se de um meio de comunicação muito antigo que
tem visto o seu espaço ser conquistado, no mundo moderno,
por meios mais rápidos como o telefone, a rádio, o fax e, em
muitas das suas velhas funções, pelo próprio jornal. Contudo, a
sua actualidade mantém-se tal como as suas características:
economia, personalização, substituto do diálogo.

Como é uma conversa, o estilo da carta deve ser coloquial, isto


é, manifestar a maneira de ser de quem a escreve e de quem a
Iê. Este cuidado em ser natural e adaptar-se ao receptor é uma
das exigências da carta, juntamente com a clareza, a
expressividade e a síntese.

As cartas dividem-se em privadas e comerciais, subdividindose


cada um dos grupos numa série de outros tipos conforme as
situações e a natureza da comunicação.
As primeiras destinam-se a familiares e amigos e têm como
qualidades principais: a correcção gramatical e a delicadeza,
que a familiaridade e a intimidade não dispensam, a ordem e a
boa apresentação, isto é, sem rasuras nem emendas, em papel
normalizado, sendo de preferência manuscritas. A frase deve
ser simples, eliminando as dificuldades de construção e indo por
partes, ao fazer corresponder a uma frase poucas ideias.

As segundas são frequentes no mundo dos negócios, onde


constituem o documento escrito mais importante, e dizem
respeito à compra e venda de alguma coisa. São caracterizadas
pelo sentimento útil e, como o comércio e o seu estilo, não só
devem permitir uma comunicação eficaz como deixar uma
impressão favorável na pessoa que as recebe. O seu objectivo
principal é obter uma reacção positiva. Para isso, contribuem
qualidades como:
- a Clareza - procurada através de frases curtas, da ordem
directa das palavras na frase, de um vocabulário cuidado, e,
ainda, através da eliminação dos gerúndios, das palavras
rebuscadas, dos circunlóquios e das expressões gastas:

- A Concisão - obtida através da revisão do escrito, da


eliminação de expressões inúteis, ideias repetidas e
pormenores sem interesse, indo directamente ao assunto, mas
evitando a escrita telegráfica e a frase vaga;

- A Precisão - conseguida pelo uso do termo próprio para


cada coisa, tendo o dicionário sempre ao lado, pelo abandono
das orações subordinadas e pela apresentação de explicações;

Estrutura:
1. Cabeçalho (nas comerciais) - contém o nome da empresa, o
endereço, o número de telefone, o de telefax e o de
contribuinte.

2. Data - coloca-se ao alto, à direita ou à esquerda nas cartas


comerciais e à esquerda nas familiares. Nestas, pode
aparecer também no fim, à esquerda da assinatura, como
forma de respeito e consideração.

3. Endereço ou direcção - aparece, em geral, no envelope ou


sobrescrito ou, nas comerciais, na folha da carta quando se
usa um envelope com janela. Neste último caso, a sua
colocação varia: lngleses e Americanos escrevem-na à
esquerda, os Franceses, à direita. Entre nós, adoptam-se as
duas posições. É importante que estejam presentes todos os
elementos necessários para a identificação do destinatário
e da sua residência.
4. Saudação ou fórmula de tratamento - escreve-se à
esquerda, alinhada com a primeira palavra da carta. A sua
escolha deve ser criteriosa não só porque há normas
rigorosas, particularmente nas cartas comerciais, como
porque o nosso interlocutor pode não se rever na forma de
tratamento por nós usada, o que o leva a olhar-nos de lado.
Apresentamos algumas.

Exemplo:
Sumário

Em síntese:
A carta é, assim, definida tradicionalmente como uma conversa
por escrito, dirigida a uma pessoa ausente. Ela classifica-se em
privada e comercial, que, por sua vez, conforme as situações e
natureza da comunicação, subdividese cada um dos grupos
numa série de outros tipos.
Contribuem como qualidades tais como: a Clareza, a Precisão, a
Concisão, entre outras.

Exercícios

1. Distinga a carta privada da comercial.


2. Redija uma carta comercial, solicitando um estágio durante um semestre.
3. Indique, na carta que produziu, as partes que a compõem.
UNIDADE 21. A CONVOCATÓRIA

Introdução
Sempre que pretendemos reunir com um público determinado, seja
escolar, comunitário e outro, há sempre uma prévia necessidade de
informar todos os participantes previstos para fazer parte dessa
reunião. Porém, para o efeito, é lhes formulado um documento
numa data que antecede o encontro denominado Convocatória, o
texto de que falaremos nesta unidade.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

- Conceitualizar o termo convocatória;

- Explicar detalhadamente as técnicas a ter em conta na


Objectivos
elaboração/produção da convocatória;

- Aplicar os elementos que compõem a convocatória no acto da


produção da mesma.

Convocatória

É um documento que chama sócios para reunir, elaborado por


quem tem poderes institucionais para o fazer. Normalmente, é
dada a conhecer por aviso postal para cada participante, com
antecedência considerada necessária – nas associações é de oito
dias.

Trata-se de um texto de utilidade pública, feito no contexto da


realização de uma reunião. Estruturalmente comporta três partes
essenciais, sendo:

- O cabeçalho (onde se encontra identificada o tipo de


documento, a instituição e a entidade emissora
da convocatória);
- O corpo (onde se encontra inserido o texto principal.
Neste, é devidamente indicado o local, a data, a hora
da reunião, a respectiva ordem de trabalhos; o
assunto ou os assuntos a serem tratados na reunião;
o tipo de sessão ou reunião – ordinária ou
extraordinária; e
- O fecho (a data em que ela é feita, a entidade
responsável pela emissão da convocatória e
finalmente a assinatura desta mesma pessoa).

Técnicas de elaboração

Em princípio, não há uma técnica propriamente dita, mas há,


obviamente, elementos a ter em conta antes da sua elaboração,
nomeadamente:

a. deve conter uma agenda (pontos a discutir na


reunião prevista.)
b. a convocatória é endereçada a um público alvo bem
definido, podendo ser: a comunidade escolar (pais e
encarregados de educação, alunos em geral,
professores da escola, funcionários etc.)
c. deve haver a indicação do local e da data

Análise icónica

A leitura icónica é feita inconscientemente, numa primeira fase,


visto ser baseada nos elementos que se nos apresentam diante de
nossos olhos. O olhar é dirigido, mas ver é um acto involuntário. Ao
observarmos o material impresso, notamos os elementos mais
salientes, destacáveis. Apercebemo-nos da extensão do texto. Ora
todas estas ilações são tiradas involuntariamente. Trata-se de
operações que acontecem a nível do nosso cérebro, mas que não
dependem dum esforço físico ou psíquico empreendido por nós.
Esta leitura permite identificar o texto, antes da sua leitura
conteudística. Nela, presta-se especial atenção aos aspectos mais
destacados a partir de elementos de realce, tais como a escrita a
negrito (em bold), em itálico e/ou sublinhado. Muitas vezes, o leitor
não precisa de ler o texto para se aperceber com que tipo de texto
está a lidar. Os elementos iconográficos são dispostos de tal ordem
que o texto se identifique por si, captando a atenção do público
leitor. Ora, será após a leitura conteudística do texto que algumas
dúvidas serão dissipadas, nomeadamente no que diz respeito ao
público visado, assunto, data, hora e local.

Análise linguística

Trata-se da análise de conteúdo, da linguagem usada na redacção


desta tipologia de textos; as marcas de pessoa gramatical, as formas
de tratamento, de persuasão, entre outros.

Sumário

Em síntese:
Convocatória é um documento que chama sócios, com
antecedência necessária, para reunir, elaborado por quem tem poderes
institucionais para o fazer. Todavia, não há uma técnica propriamente dita,
mas há elementos a ter em conta antes da sua elaboração: uma agenda,
um público-alvo bem definido, a indicação do local e da data da realização
da reunião.

Exercícios

1. Em poucas palavras, diferencie a convocatória do convite.


2. Elabore uma convocatória, chamando os membros da assembleia geral
para uma reunião ordinária de balanço trimestral das actividades
desenvolvidas na sua instituição.

UNIDADE 22

A ACTA
Introdução
Os textos administrativos ou funcionais são textos que se usam
dentro das mesmas instituições ou entre instituições diferentes, daí
a designação de textos institucionais.
Porém, nesta unidade fazemos abordagem da acta, sobretudo a sua
função institucional e técnicas envolvidas na sua elaboração.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

- Distinguir a acta dos outros textos de índole administrativa;


- Fundamentar os elementos que compõem a acta e a respectiva

sequenciação;
Objectivos
- Elaborar uma acta baseada em factos acontecidos e discutidos numa reunião.

Definição

Acta é a reprodução de factos, decisões e opiniões reportados a


assembleias, reuniões ou conselhos...é o relato oficial de tudo o que
se passou durante a reunião de uma instituição, departamento,
secção, conselho ou grupo de trabalho. Costuma fazer-se a
distinção entre projecto de acta e a acta propriamente dita,
coincidindo a passagem do primeiro à segunda com o momento da
sua aprovação.
Este documento é elaborado pelo secretário da reunião que tem a
ingrata, difícil e a penosa tarefa de, ao longo dela, recolher os
apontamentos indispensáveis à sua elaboração posterior do
projecto de acta. Mais tarde, com a ajuda do presidente, em caso
de necessidade, ordená-los-á e redigirá uma primeira versão. O
projecto de acta é escrito no livro de actas, cujas folhas devem estar
rubricadas e numeradas – as folhas, não as páginas, pois cada folha
tem duas páginas – pelo presidente da Mesa da Assembleia Geral,
o mesmo acontecendo com os termos de abertura e de
encerramento.

A redacção deve ser simples, concisa e clara; não deve haver


abreviaturas e os números tal como as datas escrevem-se por
extenso; intervalos em branco, interlinhas e rasuras são eliminados.
Enquanto o projecto de acta, ou minuta, não for aprovado em
Assembleia Geral, é pertença de quem o elaborou, que pode fazer
as alterações que achar para a sua compreensão e fidelidade.

Nela são relatadas todas as intervenções dos participantes da


reunião. A sua redacção obedece a uma fórmula fixa de introdução
e fecho, começando-se do seguinte modo: (aos nove dias, do mês
de Junho de dois mil e sete, nas instalações da Faculdade de
Educação e Comunicação, realizou-se uma reunião, que obedeceu
à seguinte ordem de trabalhos/ ou cuja agenda encontra-se em
anexo…

Estruturalmente, a acta pode ser dividida em três partes


fundamentais, nomeadamente:

➢ O cabeçalho, contendo a identificação do documento e o


respectivo número de ordem
➢ O corpo, comportando os relatos das várias etapas e
intervenções dos participantes
➢ O Fecho, contendo a fórmula fixa do fecho e as assinaturas do
presidente e do secretário da reunião.

Técnicas de elaboração

Ao longo da elaboração da acta, há formas próprias de introdução


das intervenções/falas dos participantes da reunião, como os actos
de fala que a seguir alistamos:

- referindo-se à questão do…ele teria dito que…


- usando da palavra, o Sr, Mahulana, afirmou
que…disse que…realçou o facto de que…
- apelou aos presentes para que…
- questionou o facto de…
- perguntou,
- disse ter ficado impressionado, chateado,
escandalizado com o facto de…
- João Wanicela disse não concordar com a posição do
seu colega…
- Benilde, chefe da turma, interveio para aclarar
algumas questões que constituíam embaraço…

A acta obedece a uma fórmula fixa do fecho, que é: (não havendo


mais a tratar, a reunião foi encerrada (dada por terminada), da qual
foi lavrada/ (se lavrou) a presente acta, que, depois de lida, será
assinada pelo Presidente (ou…) e por mim que secretariei a reunião.

NB:

➢ Os espaços em branco, na acta, devem ser trancados de


forma a evitarem-se acréscimos posteriores.

➢ Em caso de falha ao longo da redacção da acta, esta não


deve ser rasurada nem borrada, devendo-se, nestes casos,
acrescentar-se a palavra digo, logo depois da falha e
colocando a palavra correcta pretendida.

Elementos Discursivos

Uso da voz passiva e das formas do particípio passado


(relativamente ao ponto número três, foi dito que…ficou acordado
que…decidiu-se que as reuniões serão feitas…),

Uso do discurso indirecto (ele disse que…)

Uso do Pretérito perfeito, mas também das formas do imperfeito…


(ele teria dito que…), coube a vez a Fernando Sumabane que
interveio para questionar sobre se não haveria espaço para mais um
ponto na agenda.

Sumário

Em síntese:

A acta é um meio de informação da “vontade colectiva”; o


elemento de prova e de interpretação dessa vontade; o registo da
vida das instituições; depois de aprovada, é imutável e só a
Assembleia pode permitir que ela seja objecto de avaliação
posterior.

Exercícios

1. Da convocatória que elaborou na unidade anterior, elabore


a respectiva acta que é fruto da reunião realizada.
2. Divida a acta que produziu em partes correspondentes à
estrutura do texto.
UNIDADE 23

TEXTO EXPOSITIVO-EXPLICATIVO
Introdução
O texto expositivo-explicativo dá a conhecer e/ou esclarece
determinadas situações ou factos. É um tipo de texto cujo objectivo
se prende essencialmente com o conhecimento da realidade, a
respeito da qual oferece um saber.

Nesta unidade apresentamos detalhadamente o texto


expositivoexplicativo, no concernente à conceitualização;
característcas estruturais e discursivas; bem como aos princípios
que regulam a construção do referido texto.

Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

Definir o conceito e os objectivos do texto expositivo –

explicativo;
Objectivos
Analisar o material icónico dos textos expositivos explicativos.

Definição

O texto expositivo/explicativo é um tipo de texto cuja intenção de


comunicação se prende essencialmente com conhecimento da
realidade, a respeito da qual oferece um saber.
A finalidade de acção da linguagem a atingir é a de informar, isto é,
de transmitir conhecimentos ao destinatário relativo a um
referente preciso. Por isso, o texto expositivo/explicativo é um
texto conceptual, visa instruir o estado cognitivo do destinatário.
Características Quanto à organização textual
A análise de qualquer texto requer o conhecimento das regras do
seu funcionamento, da sua estruturação, isto é, da sua gramática.
Da mesma forma que o campo da linguística desenvolve estudos
visando a consciencialização dos elementos da frase, torna-se
imperioso o estudo dos elementos caracterizadores de cada tipo de
texto.
Collier (1986:8) apud Adam resume as fases de construção
do texto expositivo/explicativo em três momentos:
1) A fase de questionar
2) A fase de resolução
3) A fase de conclusão
Estes três momentos (introdução, desenvolvimento e conclusão)
podem ou não aparecer explícito na superfície do texto. Todavia, a
fase de questionar não contém necessariamente uma interrogativa
directa ou indirecta; poderá, por exemplo, ser constituída apenas
pela explicitação do tema / assunto da exposição, às vezes, aparece
no título do texto.
A ordem de ocorrência destas fases, regra geral, obedece ao
seguinte encadeamento: de questão poder-se-á ir à resolução, ou
optar-se pela antecipação da parte conclusiva.
Exemplo 1:
Introdução – uma reflexão sobre influência da droga no
rendimento escolar da camada juvenil.
Implicitamente temos uma questão:
A droga influencia? Porquê? Como?
Desenvolvimento – Expor-se-ão as principais ideias sobre a
influência da droga no rendimento escolar.
Conclusão – Apresentar-se-ão as principais conclusões
sobre o objecto problematizado.
Exemplo 2:
“A droga provoca um fraco rendimento escolar na camada
juvenil, o que origina o abandono dos estudos”.
Desenvolvimentos – Apresentam-se enunciados que fazem
compreender a observância do baixo rendimento
nos consumidores de estupefacientes.
Quanto ao tipo de enunciados
O texto expositivo/explicativo tem uma própria textura que
o distingue das outras formas de discurso.
Assim, este género textual é composto por três tipos de
enunciados:
1. enunciados de exposição, contendo uma sucessão de
informações que visam fazer saber.
2. enunciados de explicação que tem como finalidade fazer
compreender o saber transmitido.
3. enunciados que marcam as articulações do discurso:
anunciar o que vai ser dito; resumir o que se disse;
antecipar o que vai ser dito, através de títulos,
subtítulos, numerações, etc., focalizar o que é dito
através de sublinhados e de mudanças tipográficas.
Os discursos de manuais (usados nas escolas) têm a ver com saberes

científicos de base de uma disciplina, escritos por autores que não

são, grosso modo, pesquisadores; jogam, sim, um papel de

intermediários, Beacco, 1990. Este facto leva o autor da compilação

a usar estratégias que ajudarão o estudante a compreender o texto.

Características Linguísticas
O texto expositvo/explicativo é um discurso de verdade, a sua
objectividade manifesta-se através de formas linguísticas próprias.
Ele é emitido por um locutor ao qual não são contestados nem o
poder nem o saber. Quando se põe em causa esta autoridade,
entra-se no domínio da polémica, perdendo, assim o estatuto de
texto de explicação. É objectivo e isento de ataques.
A análise deste tipo de discurso mostra a existência de uma
diversidade de modos de comunicação:
✓ emprego da passiva;
✓ nominalizações;
✓ apagamento do sujeito falante;
✓ emprego de um presente com valor genérico;
✓ uso de expressões que explicam os conteúdos
veiculados;
✓ articuladores.
Uma das características do texto expositivo/explicativo consiste na
abstracção do sujeito entanto que membro duma sociedade
determinada; deve neutralizar tudo o que se possa resultar de uma
apreciação pessoal, subjectiva. O discurso expositivo deverá, por
isso, fazer desaparecer do enunciado toda a referência a um caso
particular, a um momento determinado e situar-se no universal. A
forma passiva é um mecanismo para tornar impessoal o discurso
científico; ela é usada como uma estratégia de objectividade, de
afastamento do sujeito enunciador do seu discurso.
Em suma, usam-se procedimentos de invisibilidade, mesmo que em
alguns textos apareça um nós, eu, estarão desprovidos do valor
individualizante. Por se tratar de um discurso monológico, observa-
se a ausência de tu.
As nominalizações, processo que consiste na transformação de um
sintagma verbal, ou adjectival num nome, permite, em certos casos,
condensar o que foi dito, assegurar uma determinada orientação da
reflexão.
Exemplo:
“Quando os animais e as plantas morrem, os corpos
apodrecem (SV) e acabam por desaparecer na terra. O
apodrecimento (N) é provocado por organismos (...) ”.
Quanto aos tempos verbais, a forma essencial é o presente
com valor genérico ou estativo que enuncia as propriedades.
Exemplo:
“O gato é um animal vertebrado”.
A informação contida nesta frase constitui uma verdade que
perdura, independentemente da sua enunciação.
O presente genérico não pode ser oposto a um passado ou
um futuro, trata-se de uma forma temporal “zero”, Mainguenean
(1991:65).
Um presente com valor deíctico (actual) reenvia ao
momento de exposição.
As expressões explicativas têm um papel importante nos
textos expositivos/explicativos, permitindo ao emissor tornar mais
clara a sua comunicação e orientar a compreensão do receptor.
Definidos como elementos que asseguram as relações entre
as diversas partes do texto, quer a nível intrafrásico, interfrásico,
quer entre parágrafos, no texto expositivo/explicativo, estes
elementos com frequência são de natureza lógica.
Estes conectores podem marcar laços de adição (também,
igualmente) oposições (mas, ao contrário) laços de consecução ou
de causalidade (porque, visto que, dado que)
Sumário

Em síntese:
O objectivo do texto expositivo/explicativo é o de comunicar de
forma clara e pormenorizada, a um leitor determinado, que se
supõe detentor de um saber insatisfatório, o que deve saber de um
facto, assunto ou de um problema.
A definição deste tipo de texto apresenta-se polémica, pois há
estudiosos que usam variada terminologia, fundamentando as suas
posições. Assim, é frequente encontrar em alguns livros teóricos
termos como: texto explicativo, texto expositivo, texto
argumentativo, etc.

Exercícios

1. Qual é o objectivo essencial do texto expositivo-explicativo?


2. Leia atentamente um texto expositivo – explicativo à sua
escolha e responda às questões a seguir indicadas.
a) Indique os principais aspectos que o
caracterizam como um texto
expositivoexplicativo.
b) Identifique o objectivo
deste texto explicativo
c) Destaque as três fases distintas
de construção do texto
expositivo/explicativo, segundo Collier
(1986)

UNIDADE 24

TEXTO EXPOSITIVO-ARGUMENTATIVO
Introdução
O texto argumentativo é um dos textos pertencentes à tipologia de
textos expositivos, no qual o autor apresenta as suas ideias ou
opiniões acerca do que vê, pensa ou sente, ao contrário do que
acontece com o explicativo – texto que apresenta factos sobre uma
realidade.
Nesta unidade pretendemos apresentar a definição do texto
argumentativo; estrutura e vias de argumentação e de explicação,
no quadro do texto expositivo-argumentativo.

Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

• Caracterizar o texto Expositivo-Argumentativo


• Identificar as estratégias argumentativas

Objectivos Redigir textos expositivos-Argumentativos.

Conceito da Argumentação

A argumentação visa persuadir o leitor acerca de uma posição.


Quanto mais polémico for o assunto em questão, mais dará
margem à abordagem argumentativa. Pode ocorrer desde o início
quando se defende uma tese ou também apresentar os aspectos
favoráveis e desfavoráveis posicionando-se apenas na conclusão.

Argumentar é um processo que apresenta dois aspectos: o primeiro


ligado à razão, supõe ordenar ideias, justificá-las e relacioná-las; o
segundo, referente à paixão, busca capturar o ouvinte, seduzi-lo e
persuadi-lo.

Os argumentos devem promover credibilidade. Com a busca de


argumentos por autoridade e provas concretas, o texto começa a
caminhar para uma direcção coerente, precisa e persuasiva.
Somente o facto pode fortalecer o texto argumentativo. Não
podemos confundir facto e opinião. O facto é único e a opinião é
variável. Por isso, quando ocorre generalização dizemos que houve
um “erro de percurso”.

Segundo Rei (1990:88) “Um argumento é um raciocínio destinado a


provar ou refutar uma afirmação destinada a fazer admitir outra.”

Ainda de acordo com o mesmo autor, a teoria da argumentação


estuda as técnicas discursivas que permitem provocar ou aumentar
a adesão dos espíritos às teses que apresentamos ao seu
consentimento. Sem se afastar da dialéctica, da lógica e da retórica.
A argumentação investiu no campo da psicologia, da sociologia e da
teoria geral da informação, indo nestes campos procurar alguma luz
sobre como reage o homem, quando exposto às mensagens
persuasivas, como altera as suas convicções e o seu
comportamento.
Argumentos e Provas
Já definimos o argumento como um raciocínio destinado a provar
ou refutar uma afirmação ou, ainda, uma afirmação destinada a
fazer admitir outra. Os argumentos são, portanto, elementos
abstractos, cuja disposição no discurso dependerá da sua força
argumentativa, aparecendo, assim, no texto, numa disposição
crescente, decrescente ou dispersa.

Ordens das Provas


As provas têm a função de sustentar os argumentos e são de três
ordens (Jules Verest, 1939: 468-471):
Naturais - incluem os textos das leis, o testemunho das autoridades,
as afirmações das testemunhas e os documentos de qualquer
espécie;
Verdades e princípios universais - são reconhecidos, deste modo,
por todos e apresentados sob a forma de raciocínio reduzido.
O Exemplo – é um caso particular, real ou fictício, que tem uma
analogia verdadeira com o caso que nos ocupa. A intenção é, a
partir dele, inculcar uma verdade geral da qual deduzimos uma
proposição que queremos estabelecer.
Percurso da Argumentação
Segundo Rei (1990:90), são caminhos do pensamento para
"justificar uma opinião, desenvolver um ponto de vista, reflectir
para chegar a uma decisão". Bellenger (1988: 16) define que “são
processos de organização das ideias, segundo a natureza dos laços
que unem os elementos ou as etapas do edifício persuasivo: onde
operam os argumentos, escolhidos e dispostos, tendo em vista uma
argumentação concreta”.
No processo de argumentação, usam-se com frequência os
seguintes termos, de acordo com o contexto, como a seguir se
apresentam:
• Adversidade: (oposição, contraste): mas, porém, todavia,
contudo, entretanto, senão, que.
• Alternância: ou; e as locuções ou... ou, ora...ora, já...já,
quer...quer...
• Conclusão: logo, portanto, pois.
• Explicação: que, porque, porquanto...
• Causa: que, como, pois, porque, porquanto; e as locuções:
por isso que, pois que, já que, visto que...
• Comparação: que, do que (depois de mais, maior, melhor
ou menos,menor, pior), como; e as locuções: tão... como,
tanto... como,mais...do que, menos...do que, assim como,
bem como, que nem...
• Concessão: que, embora, conquanto. Também as locuções:
ainda que,mesmo que, bem que, se bem que, nem que,
apesar de que, por maisque, por menos que...
• Condição: se, caso. Também as locuções: contanto que,
desde que,dado que, a menos que, a não ser que, exceto
se...
• Finalidade: As locuções para que, a fim de que, por que...
• Conseqüência: que (precedido de tão, tanto, tal) e também
as locuções:de modo que, de forma que, de sorte que, de
maneira que...

Para Dr. Francisco Fernando Lopes (www.esffl.pt), na


argumentação é necessário ter-se sempre em atenção os
seguintes aspectos:

• a correcta estruturação e ordenação das frases o uso

correcto dos conectores de discurso.

• o respeito pelas regras da concordância

• o uso adequado dos pronomes, que evitam as repetições


do nome.

• a utilização de um vocabulário variado, com recurso a


sinónimos, antónimos, hiperónimos e hipónimos.

A progressão e a articulação do texto é conseguida sobretudo


através do uso dos conectores ou articuladores do discurso, que vão
fazendo progredir o texto de uma forma permanente e articulada.
O quadro que se segue mostra alguns exemplos de aplicação:

Quadro – Conectores de discurso

para reiterar, reafirmar

retomando a questão, penso que, a


meu ver, creio que, estou certo, em

nosso entender

para concordar, provar, efectivamente, com efeito


exprimir certeza

para refutar, manifestar no entanto, mas, todavia, contudo,


oposição, restringir ideias porém, apesar de, em sentido
contrário, refutando, pelo contrário, ao
contrário, por outro lado, com a
ressalva de

para exemplificar
por exemplo, como se pode ver, assim,
tome-se como exemplo, é o caso de, é
o que acontece com

para explicitar

significa isto que, explicitando melhor,


não se pretende com isto, quer isto
dizer, a saber, isto é, por outras
palavras
para concluir
finalmente, enfim, em conclusão,
concluindo, para terminar, em suma,
por conseguinte, por consequência

para estabelecer
conexões de tempo
então, após, depois, antes,
anteriormente, em seguida,
seguidamente, quando, até que, a
princípio, por fim

para referenciar espaço

aqui, ali, lá, acolá, além, naquele lugar,


o lugar onde, ao lado de, à esquerda, à
direita, ao centro, no meio, mais
adiante

para indicar ordem

em primeiro lugar, primeiramente, em


segundo lugar, seguidamente, em
seguida, começando por, antes de
mais, por último, por fim

para estabelecer porque, visto que, dado que, uma vez


conexões de causa que

para estabelecer de tal modo que, de forma que, tanto


conexões de que, e por isso
consequência
para expressar condição,
hipótese
se, a menos que, a não ser que, desde
que, supondo que, se por hipótese,
admitindo que, excepto se, se por
acaso

para estabelecer para que, para, com o fim de, a fim de


conexões de fim que, com o intuito de

e, ora, e também, e ainda


para estabelecer relações
aditivas

para estabelecer relações ou, ou então, seja...seja, quer...quer

disjuntivas

para expressar
semelhança, comparação
do mesmo modo, tal como, pelo
mesmo motivo, pela mesma razão,
igualmente, assim como

Estrutura do Texto Argumentativo

O texto argumentativo, oral ou escrito, estrutura-se basicamente


num plano tripartido:

1. Exórdio – é a primeira parte de um discurso, preâmbulo, a


introdução do discurso que consiste em:

a) Exposição do tema;
b) Exposição das ideias defendidas (pode recorrer-se à
explicitação de determinados termos, à apresentação de
esquemas da exposição, à referência de outras opiniões, etc.

2. Narração /confirmação – é a parte do discurso em que o


orador desenvolve as provas, consiste na utilização de
argumentos (citação de factos, de dados estatísticos, de
outros exemplos, de narração de acontecimentos, etc.).

3. Peroração/epílogo – é a parte final de um discurso, a sua


conclusão, o remate, síntese, recapitulação.

Vias de Argumentação 1. Via Lógica


Trata-se, neste primeiro percurso, de modelos de raciocínios
herdados das disciplinas ligadas ao pensamento: a indução, a
dedução, o raciocínio causal.
I. A Indução – é a forma habitual de pensar do
singular ao plural, do particular ao geral. Pode
tomar duas formas: totalizante, quando se
estabelece a partir do recenseamento de um
todo, adquirindo o estatuto de prova - como
quando, depois da chamada, afirmamos "os
alunos estão todos"; generalizante, quando o
recenseamento completo não é possível e o
raciocínio indutivo nos leva de uma parte ao
todo, por generalização - por exemplo quando se
afirma: "Os portugueses são hospitaleiros". Este
é o procedimento mais usual, mas o menos
rigoroso, pois a generalização implica
simplificação, e com ele vem o engano, o
idealismo e a teorização.
II. A Dedução - dois princípios estão na sua base: o
da não contradição - quando duas afirmações se
contradizem uma delas é falsa - e o da
progressão do geral para a particular - através de
articulação lógica expressa por "assim",
"portanto" ou "logo".
Por exemplo, o silogismo - constituído por três
proposições ou afirmações - chamadas premissas as
duas primeiras (apelidada uma de "major" e outra de
"menor", confome o termo que contém, e conclusão, a
terceira - deve possuir três termos e combiná-Ios dois a
dois. Veja:
Os Homens são mortais
Sócrates é um homem Sócrates
é mortal.
III. O raciocínio causal - "Asseguremo-nos bem do
facto, antes de nos inquietarmos com a causa"
aconselhava Fontenelle (L. Bellenger, 1988: 27),
o papel preponderante do raciocínio causal, na
argumentação, assenta em duas transposiões
constantes: da causa para o efeito e do efeito
para a causa, conduzindo ao pressuposto de que
"o conhecimento das causas permitirá remediar
o facto constatado" (ibid. 27), quer dizer,
suprimamos as causas e o problema estará
resolvido, o que leva as pessoas a preocuparem-
se mais com as razões do presente do que com o
modo de melhorar o futuro.
Via Explicativa
A Via Explicativa à semelhança da anterior procura fazer
compreender e tornar inteligível a informação da argumentação.
Para Bellenger (ibid.: 36-45), via explicativa usa as definições, as
comparações, a analogia, a descrição e a narração. O explicar
pretende convencer com o máximo de objectividade.
I. A definição - definir é dizer a verdade e responde
à necessidade de compreender. A necessidade de definir
aumenta a credibilidade de quem quer convencer.
II. A comparação - usa-se a comparação para provar
a utilidade, a bondade, o valor de uma coisa, um
resultado, uma opinião. A técnica comparativa é
simples, fácil de compreender, inscrita nos nossos
hábitos, levando-nos a usá-la, activa e passivamente, de
forma natural e sem disso nos darmos conta. A
comparação procura fazer passar identidades entre
factos, pessoas ou opiniões diferentes e transpor valores
de sistemas independentes e autónomos: estas
passagens e transposições são manipuladoras e
pretendem chocar, colocar problemas de consciência,
questionar os modelos culturais e as normas vigentes.
III. A analogia – “é a imaginação em auxílio da
vontade de se explicar e de convencer.” (L. Belllenger,
1988: 41). Trata-se de uma semelhança estabelecida
pela imaginação entre pensamentos, factos, pessoas.
Simboliza a vontade de bem se exprimir e bem se fazer
entender. Simplifica a caricatura, prestando-se, assim, a
uma fácil fixação e a uma compreensão imediata, daí o
seu uso frequente na publicidade. Os antigos olhavam-
na com alguma reserva, aconselhando, por isso, a
introduzi-la com expressões como: de certo modo,
quase como, uma espécie de…
IV. Descrição e narração - para convencer alguém,
podemos descrever ou narrar uma situação ou um
acontecimento. São o ponto de partida da indução
socrática: narra uma história, uma experiência, uma
anedota, desencadeia um processo de inferência que a
partir de um facto nos conduz ao princípio ou à regra. É
o peso do concreto, do vivido e do testemunho que
passa através delas. Ambos os processos criam a
ausência, a falta de um complemento, de um remate, de
um "E depois?" - ouvido sempre que alguém, ao narrar
algo, aparenta parar ou desviar-se do enredo.

Sumário

Em síntese:
Argumentar é um processo que apresenta dois aspectos: o primeiro
ligado à razão, supõe ordenar ideias, justificá-las e relacioná-las; o
segundo, referente à paixão, busca capturar o ouvinte, seduzi-lo e
persuadi-lo.

Exercícios

1. Qual é o objectivo essencial do texto


expositivoargumentativo?
2. Procure um tópico que apoquenta a sua comunidade e
produza um texto expositivo-argumentativo, em que
apresenta argumentos a favor e contra a(s) tese(s) que
apresentas.
UNIDADE 2 O

RELATÓRIO
Introdução
Na sua formação académica, a produção dos relatórios constitui
uma fase importantíssima, pois por meio dela o estudante (aluno)
será capaz de apresentar os dados de uma pesquisa.
Este trabalho permitirá que mais tarde, como profissional, possa ter
adquirido e desenvolvido a prática e o raciocínio crítico necessários
à elaboração de um artigo científico.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

✓ Conceitualizar o termo relatório;


✓ Distinguir relatório com outros textos administrativos ou
funcionais;

Objectivos Reconhecer a estrutura básica do relatório;


✓ Produzir um relatório, com base nas regras fundamentais, coeso e coerente


discursivamente.

Conceito

Um relatório de uma actividade prática é uma exposição escrita de


um determinado trabalho ou experiência laboratorial. Não é
apenas uma descrição do modo de proceder (técnicas,
reagentes,
material, etc.),
Segundo Rei (1990: 183)
O relatório trata-se de uma declaração formal dos resultados de
uma investigação feita por alguém, que em relação a ela recebeu
instruções de um outro, sob forma de pedido ou ordem. Exige
estudo prévio, e aprofundado, elevado grau de elaboração, e
matéria para apreciação e decisões posteriores.
Características do relatório
O Relatório apresenta como características:
• Uma linguagem simples, clara, objectiva e precisa;
• A clareza do raciocínio;
• Um relatório deverá ser conciso e coerente, incluindo a
informação indispensável à compreensão do trabalho;
• Todas as afirmações devem ser baseadas em provas factuais
e não em opiniões não fundamentadas
• Deve evitar o excesso de conclusões, sendo estas precisas e
sintéticas. As conclusões devem, igualmente, ser coerentes
com a discussão dos resultados.
Estrutura de um relatório
A apresentação de um relatório em várias secções ajuda à sua
organização e escrita por parte dos autores e, de igual modo,
permite ao leitor encontrar mais facilmente a informação que
procura.
Título, autor (es) e data (capa)
Identificação do trabalho (título), Identificação dos autores, Data
em que o relatório foi realizado.
Índice:
Introdução
Nesta parte do relatório deve ser introduzido o trabalho a
realizar, bem como as noções teóricas que servem de base ao
mesmo. A introdução deve conter a informação essencial à
compreensão do trabalho.
O Projecto do Estudo
Em primeiro lugar, trará ao aluno de executar um dos projectos
de pesquisa apresentando os conhecimentos necessários para a
compreensão dos fenómenos que serão estudados.
Material e Métodos (Revisão teórica)
A revisão bibliográfica é, sem dúvida, um dos pontos vitais de um
trabalho científico, deve trazer informações que possam ser
acessadas pelos leitores, através da citação, das referências
bibliográficas.

Discussão dos Resultados


Interpretação dos resultados. A discussão deve comparar os
resultados obtidos face ao objectivo pretendido. Não se deve tirar
hipóteses especulativas que não possam ser fundamentadas nos
resultados obtidos. A discussão constitui uma das partes mais
importantes do relatório, uma vez que é nela (e não na introdução)
que os autores evidenciam todos os conhecimentos adquiridos,
através da profundidade com que discutem os resultados obtidos.
Conclusões
Esta parte do relatório deve sumarizar as principais conclusões
obtidas no decurso do trabalho realizado. Referências
bibliográficas
A bibliografia deve figurar no fim do relatório. Nela devem ser
apresentadas todas as referências mencionadas no texto, que
podem ser livros, artigos científicos, CD-ROMs e websites
consultados.

Sumário

Em síntese:
O relatório é uma declaração formal dos resultados de uma
investigação feita por alguém, que em relação a ela recebeu
instruções de um outro, sob forma de pedido ou ordem.
Apresenta como características:
• Uma linguagem simples, clara, objectiva e precisa;
• A clareza do raciocínio,
• Ser conciso e coerente;
• As afirmações devem ser factuais e não opiniões sem
fundamentos;
• Evitar o excesso de conclusões.

Exercícios

1. Aborde sobre os diferentes tipos de relatórios e apresente


detalhes de distinção.
2. Elabore o relatório final do decurso do estudo deste módulo
/ disciplina.
Referências Bibliográficas

Bibliografia Recomendada

Abreu, António Suarez (1999). A arte de argumentar: Gerenciando


razão eemoção. Ateliê Editoria.

Bechara, Evanildo (2009). Moderna gramática portuguesa. Editora


NovaFronteira & Editora Lucerna. 37.ª Edição.

Moreno, Cláudio (2011). Guia prático do português correcto:


ortografia. Porto Alegre. L&PM Pocket (Coleção L&PM Pocket v.
336).

Moreno, Cláudio (2011). Guia prático do português correto: para


gostar deaprender. L&PM Pocket. 4° Volume.

Moreno, Claudio (2011). Guia prático do português correcto:


sintaxe. PortoAlegre. L&PM Pocket. 3° Volume.

Moreno, Cláudio (2011). Guia prático do Português correto:


pontuação.Porto Alegre. L&PM. (Coleção L&PM POCKETt, V. 875).

Perrotti, Edna M. Barian (2010). Super dicas para escrever bem:


Diferentestipos de texto. Saraiva, 1ª Edição Edição.

Bibliografia Complementar

Campbell, J. (1993) - Técnicas de Expressão Oral, Lisboa Editorial


Presença.

Castilho, A. T. (1991) - Gramática do Português Falado. A ordem,


Vol 1, UNICAMP.

Duarte, I. e Freitas, M. J. (2000) - Língua Portuguesa. nstrumentos


de Análise, Lisboa Univ. Aberta.

Faria, I. H. et al (1996). Introdução à linguística Geral e


Portuguesa,Lisboa Caminho.
LEROII-G. (S/D). O Gesto e a Palavra 1 – Técnica e Linguagem,
LisboaEd. 70.

Nascimento, Mª. F. B. do (1989) - Como escrever o Oral, Lisboa


RILP 2.

Nascimento, Z. e Pinto, J. M. de C. (2001). A Dinâmica da Escrita,


Lisboa Plátano Editora

Você também pode gostar