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Neves - Constitucional
paulf
Introduçã…
À Economia
Título
original: César_das_Neves_-
_Introdução_à_Economia.DOC
Economia[1]
Enviado por Jessi2994 em Oct 24, xanoca13
2014
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Introdução à Economia
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Rui Mendes
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Cecília Geraldes
Introdução
«[Tom Sawyer] descobrira sem o saber uma grande lei que rege a humanidade e que é: para se
conseguir que um homem ou um rapaz cobice uma coisa, basta tornar essa coisa difcil de
obter!
Se fosse um grande e s"bio #l$sofo, como o autor deste li%ro, teria compreendido ent&o que o
2007_Sensibilidade
trabalho consiste em tudo o que se é obrigado a fazer, e o prazer consiste naquilo que se
obrigado a fazer! 'ste raciocnio t()lo)ia a*udado a entender por que se chama trabalho aos
nan&o é
trabalhos for+ados e a fazer ores arti#ciais, enquanto *ogar História
ao berlinde -ou
Memórias
escalar o monte
-ranco n&o passa de um di%ertimento! ." senhores muito ricos, em /nglaterra, capazes de guiar
os dias no 1ero, porque para isso t(m de pagar uma quantia Singulares e…se recusariam a
carros de passageiros pu0ados por quatro ca%alos num caminho de %inte ou trinta milhas todos
razo"%el, mas que
faz()lo se lhes oferecessem um ordenado, pois isso passaria Antônio Barros
ent&o a ser trabalho!2
Identidades Sociais.pdf
Mark Twain
0.1. A Economia
O que é a 'conomia3 'sta é a pergunta natural no incio da abordagem a esta ci(ncia!
4 possibilidade de uma de#ni+&o e0acta ser" discutida adiante, mas logo de entrada é
importante ter consci(ncia da e0ist(ncia e da import5ncia dos problemas econ$micos!
/6 4 '7898/4 ; 'SS'97/4<
; importante ter presente que a 'conomia est" ligada ao essencial da %ida de cada
um! 7ada pessoa depende dos outros, do funcionamento da 'conomia para a maior
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César Das Neves - Introdução À Economia | PDF | Produtos | Economia 01/12/22, 21:00
um! 7ada pessoa depende dos outros, do funcionamento da 'conomia para a maior
parte das coisas: alimenta+&o, %estu"rio, informa+&o! Somos incapazes de produzir as
coisas mais b"sicas: um p&o, um f$sforo, uma l5mpada, um par de cal+as, um motor
de autom$%el! @oi a compreens&o desta ideia que deu incio A teoria económica.
BACIC.pdf
Gustavo Henrique Barroso
Ecicient Capital Markets
a Review of Theory and
Empirical Work
Victor Loforte
Conversas Com Um
Jovem Professo -
Leandro Karnal
André Silva
Introdução
Na verdade, Adam Smith, no seu livro Ensaio sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das
Nações, descreveu, de forma notável, este facto A forma como ele se maravilhou com a
contemplação do que hoje chamamos o «sistema
Atividadade
económico» levouo a iniciar uma investi!ação que fe" dele o #ai da $conomia. de texto
A%A& S&'() *+-+/01 Relato.docx
$scoc2s de nascimento e professor de &oral da 3niversidade de 4las!o5 Smith, particularmente
preocupado com a moral social, pu6licou em +7 um livo, queAureliano Geraldo
pretendia usar como Dos
manual nas
suas aulas, mas que se tornou rapidamente um scesso de vendas.Santos
8 Ensaio sobre a Natureza e as
Causas da Riqueza das Nações demonstrava, com m9ltiplos e:emplos, como, naturalmente as
relaç;es económicas se ordenavam de forma espont<nea, formando um sistema harmónico. 8
interesse por esta visão foi !rande, não só nos sal;es ele!antes mas tam6=m nas universidades e
meios pol>ticos, nascendo uma ci2ncia para estudar esse sistema e fa"endo de Smith o #ai da
jovem $conomia. ?á professor e @lósofo de renme, com o6ras em outros ramos do sa6er, a sua
fama como economista levouo a nomeação, dois anos depois da pu6licação do Ensaio, como
comissário das ronteiras da $scócia, onde passou os seus 9ltimos anos.
$sta ideia, tão simples mas tão importante, colocoua Smith lo!o no in>cio do seu
livro, com a história do casaco de lã, hoje c=le6re, que demonstra 6em o fasc>nio que
motivou SmithB
«... #or e:emplo, o casaco de lã que co6re um jornaleiro, por mais !rosseiro e tosco
que possa parecer, = o produto do la6or com6inado de !rande n9mero de
tra6alhadores. 8 pastor, o classi@cador da lã, o cardador, o tintuteiro, o @andeiro, o
tecelão, o pisoeiro, o curtidor, e muitos outros, t2m de reunirCas diferentes artes
para que seja poss>vel o6terse mesmo este produto come"inho. $ quantos
mercadores e carreteiros hãode, al=m disso, ter sido empre!ados no transporte dos
materiais de uns desses tra6alhadores para os outros, que, muitas ve"es, vivem em
re!i;es do pa>s muito distantesD Euanto com=rcio e quanta nave!ação
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César Das Neves - Introdução À Economia | PDF | Produtos | Economia 01/12/22, 21:00
Verdadeiramente
vivendo um ponto de
vista interessante
Rossana A Santos
A economia15
e tra"ido at= ele provavelmente depois de uma lon!a via!em por terra e por mar,
todos os outros utens>lios da sua co"inha, tudo aquilo Bertolt Brecht
que utili"a na sua-mesa, as
facas e os !arfos, os pratos de 6arro ou de estanho, nos quais serve e divide os seus
alimentos, as várias mãos necessárias para produ"ir oRomance
seu pão e ade Três
sua cerveja, a
vidraça que dei:a entrar o calor e a lu" e o prote!e do vento e da chuva, com todo o
sa6er e a arte e:i!idos pelo fa6rico dessa 6ela e feli" Vinténs
invenção sem a qual
di@cilmente se poderia proporcionar locais de ha6itação muito confortáveis nestas
"onas frias do mundo, e ainda todas as ferramentas a Cristiano Carvalho
que os operários empre!ados
na produção de todos esses 6ens t2m de recorrerG se e:aminarmos todas essas
coisas, di"ia eu, e considerarmos a variedade de actividades incorporada em cada
uma delas, tornarsenosá claro que, sem a ajuda e cooperação de muitos milhares,
as necessidades do cidadão mais >n@mo de um pa>s civili"ado não poderiam ser
satisfeitas, nem mesmo de acordo com aquilo que nós muito falsamente ima!inamos
ser a forma simples e fácil como elas são ha6itualmente satisfeitas. Na verdade,
comparadas ao mais e:trava!ante lu:o dos !randes, as suas necessidades parecem,
sem d9vida, e:tremamente simples e chãsG e, no entanto, talve" seja verdade que a
satisfação das necessidades de um pr>ncipe europeu não e:cede tanto a de um
campon2s industrioso e fru!al, como a deste e:cede a de muitos reis africanos,
senhores a6solutos da vida e da li6erdade de de" mil selva!ens nus.» HSmith *+71,
vol. i, pá!s. I//+.J
oi a compreensão do facto de que esta realidade, tão comple:a e intrincada na
apar2ncia, funcionava de forma tão re!ular e coordenada, sem que nin!u=m dela
cuidasse, que deu ori!em ao estudo da $conomia. $ Smith su6linhava não só que a
comple:idade do sistema não impedia uma e@ci2ncia nos resultados, como tam6=m
levava a que as suas diferenças internas, em6ora importantes, fossem muito
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César Das Neves - Introdução À Economia | PDF | Produtos | Economia 01/12/22, 21:00
Cópia
1emos isso claramente quando por raz?es %"rias Cguerras, de Cópia
re%olu+?es, de
cat"strofes
PROJETO
naturais6 algumas sociedades %(em o seu sistema de trocas dei0arINTEGRADOR
de funcionar! 8
sofrimento e a morte que esse facto pro%oca s&o consequ(ncias patentes da
interrup+&o do funcionamento do sistema econ$mico! Ciencias Contabeis
Stefhany
Destas ree0es sai a primeira grande conclus&o da nossa Vanessa
an"lise: o grande poder da
'conomia! 'la estuda factos e fen$menos que s&o essenciais A %ida concreta das
pessoas e sociedades de sempre! 4s suas an"lises podem induzir ou pre%enir enormes
cat"strofes pessoais ou sociais! 8s temas que %amos tratar, por muito abstractos que
pare+am, est&o ligados directamente a questes de que depende a prosperidade e o
desen%ol%imento do undo ou a fome de gera+?es e! o desemprego de milh?es!
//6 4 '7898/4 ; B4 7/E97/4
'stes problemas t&o importantes e cruciais para a %ida real das pessoas podem ser
analisados de muitas formas diferentes! 1isto que se trata de quest?es t&o centrais
para a %ida de cada um, é normal que todos se preocupem em ter opini?es sobre elas!
De entre todas essas formas de discutir ou analisar os fen$menos econ$micos, este
li%ro %ai debru+ar)se apenas sobre uma delas: a abordagem cient#ca!
assim, olhar para esses factos reais de forma a respeitar as regras que a ci(ncia
imp?e! Tais regras t(m como principal ob*ecti%o garantir que, nessa an"lise, n"o
somos enganados por apar(ncias, confus?es, ideias feitas! 4o en%eredar por um
AULA PRATICA
estudo cient#co, temos de pFr de lado muitas ideias simples 1 que
e atracti%as - a forma
comum, descuidada e natural, de olhar para as coisas nos le%a a acreditar!
Financas Publicas 2021
4 obedi(ncia a essas regras n&o se faz sem custos! 8utras formas,
Armando n&o cient#cas, de
Mathe
%er a realidade permitem chegar mais facilmente a conclus?es muito mais
interessantes! S$ que essas ideias feitas, do «senso comum2, s&o muitas %ezes
puramente falsas! ; f"cil que toda a gente este*a plenamente con%encida de algo que
é completamente errado! Gor e0emplo, no século 0% todo o mundo, especialistas e
leigos, acreditou durante décadas na e0ist(ncia do ar Tenebroso, onde %i%iam
monstros que destruam os na%ios! Huem a#rmasse o contr"rio seria apelidado de
louco! @oi a e0peri(ncia directa, cient#ca, dos Gortugueses que eliminou esse mito! uitas
%ezes o que parece n&o é!
1_ CALENDARIO DE
EXAMES
J por outro lado, a aplica+&o desses princpios a cada caso particular e0ige um estudo
detalhado da situa+&o concreta! NORMAIS__2021B-1 (1)
Daniela Monteiro
'm contrapartida, as m"s teorias baseiam)se em princpios comple0os, %astos, complicados e
confusos, mas de onde os seus proponentes tiram receitas simples, supostamente globais, que
se aplicam, de forma cega, a qualquer caso!
4 'conomia pertence claramente ao primeiro grupo! 7omo disse ilton @riedman, um grande
economista ainda %i%o:
«[4 'conomia] é uma disciplina fascinante! 8 que a faz mais fascinante é que os seus princpios
fundamentais s&o t&o simples que podem ser escritos numa p"gina, que qualquer pessoa os
pode entender, e que, no entanto, t&o poucos o fazem!2L
as, se os princpios essenciais s&o de aplica+&o geral, a sua concretiza+&o em cada caso gera
resultados, prescri+?es completamente diferentes de situa+&o para situa+&o! 'm 'conomia cada
caso é um caso e n&o e0istem, como tantas %ezes se obser%a nas propostas polticas reais,
receitas de uso geral!
'sta ideia, essencial para qualquer tratamento da poltica econ$mica, é captada de forma muito
particular por um dos mais célebres mottos do grande 4lfred arshall:
PRINCÍPIOS DE
ECONOMIA DE
MOVIMENTOS
SAVIO WESCLEY BEZERRA
DANTAS
Objectivos de o sistema
de normalização
contabilística
gisela
'm primeiro lugar, é de notar que esse facto torna a ci(ncia muito mais difcil! ; como
*ogar 0adrez com pe+as que nunca est&o paradas! 8 ser humano muda, é comple0o e
impre%is%el! Se os resultados da an"lise da qumica, fsica, matem"tica se podem
considerar imut"%eis e obtidos de uma %ez para sempre, nas ci(ncias humanas a
Inica garantia é que a certeza de ho*e ser" contestada na no%a realidade de amanh&!
Gor outro lado, uma enorme quantidade de problemas cient#cos nasce do facto de o
analista e o ob*ecto de an"lise serem da mesma natureza! 8s resultados da an"lise
tocam pessoalmente o analista, pelo que é difcil separar o resultado cient#co da
opini&o pessoal!
Repare)se que, embora este aspecto se*a tpico das ci(ncias humanas, ele est"
presente em toda a ci(ncia sempre que esta toca um problema que afecte a %ida de
todos n$s! 4 fsica, a qumica, a biologia, supostamente ci(ncias e0actas e neutras,
podem tornar)se fortemente polémicas quando discutem problemas relati%os A bomba
at$mica, As armas qumicas ou ao aborto!
4 opini&o de cada um, formada a partir do seu meio en%ol%ente, da sua hist$ria
concreta, dos seus interesses na %ida, até dos seus estudos cient#cos particulares, é
algo de pessoal e indi%idual, que perdeu todas as caractersticas de
%
Os rincíios $%sicos de Economia +/
generalidade e rigor do resultado cient#co! 9a pr"tica pode ser difcil separar as duas
coisas, pois muitos fazem passar por indiscuti%elmente cient#co algo que n&o passa
da sua opini&o pessoal!
9o que toca As opini?es, o %alor de cada uma é igual ao das outras! 8 economista
pode saber melhor a consequ(ncia dos seus actos, mas a sua opini&o %ale o mesmo
que a do ignorante! ; por isso que nos sistemas democr"ticos os %otos de todos e
cada um s&o iguais, e n&o se d" peso A opini&o do economista, do engenheiro ou do
soci$logo nas %ota+?es sobre assuntos da sua especialidade! 9esses sistemas, o
parlamento representa o mostru"rio das opini?es do pas e, no que toca aos assuntos
parlamento representa o mostru"rio das opini?es do pas e, no que toca aos assuntos
econ$micos, por e0emplo, aparecem economistas em todos os partidos! 8s
economistas conhecem todos a mesma ci(ncia, mas n&o %otam todos da mesma
maneira!
'stes postulados s&o, ho*e, *usti#cados pelo facto de as teorias nele fundadas se terem
mostrado e#cientes! as a raz&o de fundo da sua escolha pode ser encontrada no tema do li%ro
Princiies o' Economis de 4lfred arshall:
«9atura non facit saltum2, a 9atureza n&o d" saltos!
Bma das hip$teses de abordagem poss%el ao problema consiste em impor que os agentes que
se encontram no autocarro s&o racionais! Trata)se da aplica+&o do postulado da
racionalidade. 9este caso, a racionalidade signica que cada passageiro, no caso geral, %ai
procurar sair por aquela porta que est" mais perto de si ou, em termos econ$micos, %ai tentar
minimizar o espa+o percorrido, o esfor+o e o tempo despendido para obter o seu #m: sair do
autocarro! «Sair pela porta que est" mais perto2 é a regra de conduta que cada um %ai aplicar!
as ser" que esta regra se aplica a todas as situa+?es3 9&o! Se est" a cho%er ou se temos um
amigo na parte de tr"s do autocarro, por e0emplo, o comportamento racional le%a a atitudes
diferentes! 8 princpio b"sico da racionalidade é geral, mas a regra particular que dele foi
deduzida s$ se aplica a certos casos, mesmo que se*a A maioria, como no e0emplo!
Gara poder ter resultados no que respeita ao es%aziamento de autocarros, falta saber
como a generalidade dos autocarros se comportar"! Se supusermos que todos os
autocarros ao chegarem ao #m da carreira se comportam da forma normal,
equili6rada, que descre%emos atr"s, podemos obter uma descri+&o te$rica global do
sistema! 4qui usamos o postulado do equil>6rio que, mais uma %ez, n&o precisa de
se %eri#car sempre para ser Itil! -asta que a maior parte dos casos lhe obede+a!
Deste modo, ao supor que este sistema Co autocarro cheio de pessoas no término6
obedece aos dois postulados b"sicos, consegue)se obter uma teoria e0plicati%a geral
passagem As senhoras de idade! Bma pessoa pode ser delicada e, ao mesmo tempo,
ao escolher a porta de sada do autocarro, procurar a que lhe est" mais perto!
; também importante notar outra ideia que se pode deduzir do e0emplo referido!
Repare)se que, embora cada um este*a dedicado apenas A resolu+&o do seu problema
Co que, como %imos, nada tem a %er com egosmo6, consegue, sem dar por isso,
resol%er o problema global: o autocarro é es%aziado da maneira mais r"pida poss%el!
'ste é o conceito da «m&o in%is%el2 que a#rma que, se cada um prosseguir os seus
ob*ecti%os pr$prios, se consegue no #m o m"0imo bem)estar para todos! 4dam Smith
foi o primeiro a notar de forma sistem"tica este aspecto, e algumas das suas
obser%a+?es tornaram)se célebres:
«7ada indi%duo [!!!] n&o pretende, normalmente, promo%er o bem pIblico, nem sabe
até que ponto o est" a fazer! 4o preferir a indIstria interna em %ez da e0terna s$ est"
a pensar na sua seguran+aK e, ao dirigir essa indIstria de modo que a sua produ+&o
adquira o m"0imo %alor, s$ est" a pensar no seu pr$prio ganho, e neste caso como
em muitos outros, est" a ser guiado por uma m&o in%is%el a atingir um #m que n&o
fazia parte das suas inten+?es!2 I$idem, i, VQV)VQO!
ais uma %ez é patente o fascnio de 4dam Smith por um sistema que, de forma
surpreendente, aparece ordenado naturalmente sem que ninguém directamente
contribua para isso!
Tal como nos princpios citados atr"s, esta ideia da «m&o in%is%el2 refere)se apenas a
preocupa+?es com a e#ci(ncia na luta contra o principal inimigo da 'conomia, o
desperdcio! Também neste caso, o conceito n&o apresenta qualquer conota+&o ética e
pode também ser ilustrado pelo citado e0emplo do autocarro!
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'm todo este raciocnio nunca foram in%ocados conceitos éticos ou obtidos resultados
%aloriz"%eis sub*ecti%amente! 4 solidariedadeXno+&o eminentemente moral, n&o te%e
de ser chamada para a solu+&o do problema global, e por isso, é aqui independente
das an"lises de e#ci(ncia! 9&o é pois neste campo que se encontra o seu lugar na
'conomia e portanto n&o se procure aqui a sua aceita+&o ou recusa pela teoria
econ$mica!
8 car"cter funcionalista desta no+&o é posto em destaque pelo facto de nem sempre
ela ser %erdadeira! 9a %erdade, ainda no e0emplo do autocarro, e0iste uma hip$tese
adicional que te%e de ser introduzida para a sua %eri#ca+&o: a coloca+&o simétrica das
portas!
princpio de minimiza+&o do espa+o le%a, neste caso, a que pela porta da frente s$
saiam cerca de um quarto dos passageiros, os colocados mais perto do condutor, pois
os outros todos est&o mais pr$0imos da porta central! 4ssim se impede que o
autocarro se*a despe*ado no mnimo tempo! 8 sistema continua em equilbrio, mas
agora a «m&o in%is%el2 n&o funcionouW
Hue fazer nestes casos em que os agentes li%res Cque adiante identi#caremos com o
mercado6, dei0ados a si pr$prios, n&o resol%em por si a quest&o de forma satisfat$ria3
'sta quest&o nasce necessariamente da constata+&o da e0ist(ncia de situa+?es fora
da al+ada da «m&o in%is%el2, quer no sistema econ$mico, quer no nosso autocarro!
Também para esta quest&o o nosso e0emplo pode a*udar a perceber!
Se cada um dos agentes se preocupa apenas com a sua situa+&o, n&o é neles que
poderemos encontrar a resposta para um problema que é global! as na maioria dos
casos Cde certeza nos que nos interessam6 e0iste um, mas s$ um agente que se
preocupa com o problema global! 4 esse agente chamamos o 'stado Cque neste
e0emplo é substitudo pela empresa de camionagem6! Se o mercado n&o resol%e o
as, por %ezes, o custo da inter%en+&o é tal que n&o %ale a pena! 'ste caso é um
e0emplo e%idente: o custo de ter um funcion"rio A porta do autocarro é de tal maneira
ele%ado que n&o *usti#ca o ganho de alguns minutos na desocupa+&o do autocarro! ' aqui
aparece outro dos princpios fundamentais da 'conomia: como em todas as decis?es
econ$micas, s$ o que der maior 6enef>cio l>quido é que de%e ser feito!
'sta constata+&o, que parece $b%ia, re%este)se de contornos dram"ticos quando a aplicamos A
'conomia! 8s sistemas econ$micos de direc+&o central, normalmente ligados a ideologias
comunistas, partiram da %eri#ca+&o, ali"s $b%ia, de que os sistemas de economia li%re de
mercado funcionam mal, como todos podemos constatar no nosso dia)a)dia! as eles partiram
desse facto para impor um sistema alternati%o que ninguém sabia se iria funcionar melhor! 4
falta de compreens&o deste princpio b"sico da 'conomia custou muitos sofrimentos a
gera+?es!
deduzido o corpo te$rico b"sico da ($8P'A %8 QAL8P que orientar" toda a an"lise! 8s
teoremas demonstrados nessas sec+?es, directamente deduzidos a partir dos dois a0iomas,
constituem as principais conclus?es sobre o comportamento econ$mico nas acti%idades
b"sicas, o consumo, a produ+&o e a troca! Godemos dizer que quase todos os outros resultados
do li%ro s&o, em certa medida, corol"rios destas duas sec+?es, com uma e0cep+&oP!
9a %erdade, as partes seguintes do li%ro deduzem)se destes dois captulos b"sicos, pois tratam
de fen$menos particulares que resultam da composi+&o destas acti%idades fundamentais!
4ssim, os pro6lemas de distri6uição dos bens pelas %"rias pessoas numa sociedade
ocupam a sec+&o i%, onde é central a quest&o da pobreza!
Q 4 e0cep+&o, cu*as raz?es #car&o patentes adiante, #gura na sec+&o Q!L! do captulo %, sobre a «economia
Yeynesiana2!
P 4 e0cep+&o aqui reside na ($8P'A &8N$(RP'A, que ser" apresentada na sec+&o m do captulo %, Inico
corpo te$rico b"sico para além do comportamento dos agentes e dos mercados das sec+?es n e m!
Gor outro lado, é também na sec+&o % que, apenas por momentos, abandonaremos os
nossos dois postulados b"sicos, estudando agentes que n&o s&o racionais e mercados
que n&o equilibram! /sto ser" feito para estudar, em alternati%a aos resultados
deduzidos pelo método do resto do li%ro, uma abordagem que te%e import5ncia na
hist$ria da 'conomia: o modelo Yeynesiano!
9as sec+?es seguintes ser&o tratados com mais aten+&o dois elementos fundamentais
da realidade econ$mica: o espa+o e o tempo! 4ssim, na sec+&o %i, sobre
interdepend2ncia mundal, ser&o tratados os teoremas que resultam quando os
postulados fundamentais forem aplicados num mundo em que o espa+o dispon%el
est" di%idido em pases, com rela+?es econ$micas entre si! @inalmente, a sec+o %n
ocupa)se da din<mica económica e da $conomia, que se centra nas quest?es
resultantes da passagem do tempo!
aquelas ideias que nenhum estudo econ$mico pode esquecer! 8 domnio das no+?es
aqui apresentadas pode n&o constituir condi+&o su#ciente para um economista, mas
ser" certamente condi+&o necess"ria!
+. A ciência econmica
!" # $roblema econmico
. %oluçes do $roblema
. A cri" mars&aiana
T. 8 $roblemas 'lobais da sociedade
1
A ciência econmica
«3m facto = como um sacoB só se a!uenta se se mete al!uma coisa lá dentro.»
(irandello
«8 carácter cient>@co de uma dada peça de análise = independente do motivo que lhe deu causa.»
. A" %c&um$eter
$sta de@nição parece tão simples que quase = in9til. No entanto, a partir
dela podemos focar al!uns dos aspectos mais importantes da nossa ci2ncia.
#odese di"er que o que vamos dedu"ir desta frase de &arshall = al!o de
essencial, que a maioria das pessoas, mesmo !randes especialistas da
ci2ncia, por ve"es não leva em conta. %o seu desconhecimento resultam
al!uns dos mais frequentes erros económicos do nosso tempo.
A primeira coisa que esta frase nos indica = que o que vamos estudar ao
aprofundar esta ci2ncia não são casos especiais, ou pro6lemas !randiosos,
não são quest;es que se situem lon!e, ou que só ocupem as pessoas
importantes. 8 que a $conomia estuda = o comum das realidades, a vida
corrente das pessoas, de todas as pessoas e, so6retudo, das pessoas
normais, porque são essas as que mais encontramos.
&as o principal que &arshall quer si!ni@car com a sua frase tão elementar
dilo não pelo que a@rma mas pelo que omiteB ele não di" que a $conomia
estuda os assuntos económicos. Na verdade, a $conomia não estuda os
assuntos económicos, e não os estuda por uma ra"ão tam6=m muito simplesB
https://pt.scribd.com/document/244299258/Cesar-das-Neves-Introducao-a-Economia-DOC Página 17 de 391
César Das Neves - Introdução À Economia | PDF | Produtos | Economia 01/12/22, 21:00
assuntos económicos, e não os estuda por uma ra"ão tam6=m muito simplesB
porque não há assuntos económicos. 9&o h" problemas econ$micos, como n&o
h" problemas sociais ou qumicos! 8 que e0iste s&o problemas!
Ser" que, quando uma pessoa compra um *ornal, isso é um fen$meno econ$mico3 Gor
que raz&o n&o é poss%el ao soci$logo analisar o aspecto de encontro de classes
sociais diferentes entre o *ornaleiro e o comprador3, ou ao ecologista preocupar)se
com o efeito desta compra sobre a polui+&o3, e o que impede um qumico de obser%ar
as reac+?es que se d&o entre o suor da m&o do *ornaleiro, a tinta do *ornal e o metal
da moeda3
8 que arshall quer captar com a sua frase é e0actamente este facto: a 'conomia
estuda os assuntos correntes da %ida! 9&o é s$ a 'conomia que estuda os assuntos
correntes da %ida, mas a 'conomia estuda todos os assuntos correntes da %ida!
Huer isto dizer que é poss%el fazer uma teoria econ$mica de coisas t&o «pouco
econ$micas2, mas pertencentes A nossa %ida corrente, como as da poesia, do namoro,
da religi&o ou dos di%ertimentos3 7laro que sim! -asta a esses fen$menos aplicar a
metodologia, o prisma de an"lise da 'conomia, e obtém)se uma teoria econ$mica
desses fen$menos! ' até e0istem alguns autores que t(m %indo a faz()lo
recentemente!
Bma quest&o diferente é saber se essa an"lise econ$mica capta, atra%és do seu
prisma particular de enfoque, os aspectos mais rele%antes para o estudo desse
fen$meno! ; pro%"%el que, se nos debru+armos sobre um poema, o amor entre dois
*o%ens ou as rela+?es pessoais com Deus, e o #zermos atra%és de um método
4 metodologia econ$mica parece mais indicada para estudar problemas que t(m
certas caractersticas particulares, a que adiante, de forma abusi%a, chamaremos de
problemas econ$micos! as essa predisposi+&o para certo tipo de fen$menos n&o
impede a ci(ncia de ser aplicada a outros problemas, e n&o quer dizer que a an"lise
n&o possa captar aspectos inesperados e interessantes em campos que pareciam ser)
lhe estranhos! Todos os assuntos correntes da %ida do homem podem Ce de%em6 ser
ob*ecto da 'conomia!
as qual é a particularidade do estudo da 'conomia3 Gara %ermos isso %ale a pena
usarmos umas outras das tentati%as de de#ni+&o da ci(ncia econ$mica! 1amos %er a
usada por Gaul Samuelson no li%ro de LNO Economics, que sucedeu ao li%ro de
arshall como manual b"sico que ensinou 'conomia a gera+?es e ainda ho*e é usado!
4, Samuelson a#rmou que «'conomia é o estudo de como as pessoas e a sociedade
escolhem o emprego de recursos escassos, que podem ter usos alternati%os, de forma
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César Das Neves - Introdução À Economia | PDF | Produtos | Economia 01/12/22, 21:00
escolhem o emprego de recursos escassos, que podem ter usos alternati%os, de forma
a produzir %"rios bens e a distribu)los para consumo, agora e no futuro, entre as
%"rias pessoas e grupos na sociedade2!
G4B< S4B'<S89 Cn! LNLQ6
8 americano Gaul Samuelson é um dos economistas %i%os mais famosos e inuentes! >" aos MU
anos, ainda como aluno, apresenta um artigo muito inuente na moderna teoria do consumidor!
4 sua tese de doutoramento +oundations o' Economic Ana*ysis, de LNL, representou o
manifesto da escola de 'conomia da segunda metade do século 00, que toma%a a formula+&o
matem"tica rigorosa como caminho para a dedu+&o dos teoremas! 'm centenas de artigos
cient#cos, Samuelson, que se mante%e na maior parte da sua carreira no assachusetts
/nstitute of Technology, aplicou os no%os métodos a, literalmente, todos os campos da teoria! 4
sua inter%en+&o poltica, nos *ornais e, sobretudo, o seu manual Economia, com treze edi+?es
desde LNO, tornaram)no também um %ulgarizador dos princpios econ$micos e sua aplica+&o!
9esta frase, comprida e tal%ez um pouco confusa, o autor procurou meter todos os
elementos particulares que constituem a 'conomiaM! 1ale a pena analisar ponto a
ponto os elementos da frase! 'stes aspectos %oltam a ser repisados adiante, com mais
pormenor, mas %ale a pena come+ar *" por enunci")los!
9o e0emplo da compra do *ornal, o estudo das reac+?es qumicas na mo do *ornaleiro parece, para a maior
parte das pessoas, uma in%estiga+&o desnecess"ria! as se essa in%estiga+&o %ier a descobrir que da pode
pro%ir o cancro3 7omo determinar, de antem&o, se uma in%estiga+&o cient#ca é ou n&o Itil3 ' desde quando é
a utilidade o critério para fazer ci(ncia3
M 4 frase é de tal modo confusa que, nas Iltimas edi+es do seu li%ro, o autor tem usado uma %ers&o reduzida
desta de#ni+&o que, embora menos rica em pormenor, capta o essencial da antiga cita+&o: «4 'conomia é o
estudo de como as sociedades usam recursos escassos para produzir bens %aliosos e distribu)los entre
diferentes grupos!2
4parece aqui, pela primeira %ez, um conceito essencial em 'conomia: o 6em. 8 que é um bem3
4 de#ni+&o econ$mica de bem é algo que satisfaz uma necessidade humana. 8 p&o que
satisfaz a fome, a roupa, a chapa de ferro s&o bens! as também uma aula de 'conomia, um
concerto, o ar, uma cama, um c&o, uma con%ersa com um amigo, tudo isto s&o bens
econ$micos! 8 erro de considerar que s$ algumas coisas, as materiais, é que s&o econ$micas, é
um erro comum, mas que de%e ser sempre refutado!
/sso quer iizer que o que determina se uma coisa é ou n&o um bem é o ser humano e as suas
necessidades! 9&o h" economia desligada da humanidade, porque sem ela n&o h" necessidade
e, portanto, bens! Gor isso é que a 'conomia é uma ci(ncia humana! 4s necessidades que aqui
s&o consideradas s&o as necessidades, todas as necessidades dos seres humanos! 9&o se entra
aqui com discusses ético)morais que, embora se*am muito importantes para a %ida da
sociedade, nada t(m a %er com a nossa an"lise cient#ca!
7omo %imos atr"s, estas realidades, além de serem, para o economista, bens econ$micos, s&o,
simultaneamente, componentes sociais, fen$menos fsico)qumicos, etc! al ir" o economista
se esquecer que estas coisas t(m todos estes aspectos, tal como mal ir" o poltico ou o fsico se
o esquecer! ; importante n&o ignorar que a realidade permanece una, mesmo quando n$s, por
moti%os de an"lise, a dissecamos!
as e0istem algumas coisas que n&o satisfazem directamente as necessidades humanas e, por
isso, estritamente n&o s&o bens, mas ser%em para produzir bens! 4 essas entidades econ$micas
chamamos recursos. Bm peda+o de terra ou uma m"quina n&o s&o bens, mas algo que produz
bensK s&o recursos! 8 trabalho é também um recurso, mas também pode ser um bem, se se tira
prazer do que se faz! 4 utilidade dos recursos e0iste apenas indirectamente, atra%és dos bens
que %ir" a produzir e, nesse sentido, alguns economistas chamam)lhes «bens
intermédios2 ou «factores2!
///6 'S78<.4 ' 'S74SS'
Gara ha%er escolhas s&o precisos %"rios elementos! Bm dos principais é a e0ist(ncia
de alternati%as! Se n&o h" alternati%as para escolher, a escolha é for+ada, pelo que
n&o e0iste! Da que a 'conomia preze muito a e0ist(ncia de %"rias possibilidades,
sobre as quais possa construir a escolha!
8utro elemento essencial para a e0ist(ncia de escolha é a liberdade! Gara e0istir uma
escolha é n&o s$ necess"rio que as alternati%as e0istam, mas também que se*a fsica
e humanamente poss%el optar entre elas e eleger qualquer uma delas! 4 liberdade de
op+&o é um elemento essencial da escolha! Bma escolha for+ada n&o é escolha!
econ$mico! 9a %erdade, n&o e0iste nesse caso uma escolha, porque nem sequer h"
problema! 'mbora a respira+&o se*a uma necessidade %ital para todos n$s, n&o h"
problema econ$mico no consumo de ar, pois a atmosfera chega e sobra para todas as
nossas necessidades de arU!
Gor esta raz&o, a economia est" muito ligada ao conceito de escassez, porque é ela
que causa a necessidade de escolhas e decis?es que, como %imos, s&o essenciais
para um problema econ$mico! 'ste conceito, embora muito simples e corrente,
contém algumas particularidades na sua de#ni+&o que %ale a pena acautelar, porque
geram %"rias confus?es! 4diante trataremos delas!
/16 789SB8
Repare)se que o consumo n&o tem de ser material! Bm soneto, uma sinfonia, s&o bens
econ$micos e o acto de os utilizar, contemplando)os ou escutando)os, é consumo! Gor
outro lado, consumo nada tem a %er com o que normalmente consideramos
«econ$mico2 ou com *uzos morais! Bm eremita que s$ coma p&o, beba "gua e reze,
tem problemas econ$micos com os tr(s bens que consome: p&o, "gua e tempo! 8
problema do eremita ou o problema do empres"rio com duas casas e tr(s carros é,
economicamente, do mesmo tipo: um problema de consumo! 4 n$s parece)nos
diferente porque ele é social, moral, culturalmente diferente! as economicamente o
problema é o mesmo: necessidades Cdiferentes6 satisfeitas por consumos Cdiferentes6
de bens Cdiferentes6!
sua e0ist(ncia em certas partes da nossa an"lise, é importante ter consci(ncia da sua
presen+a!
Gor e0emplo, que e0peri(ncia gostaria um economista de realizar para determinar a diferen+a
de resultados dos sistemas econ$micos Ccapitalismo )s comunismo63 Tal%ez a e0peri(ncia mais
simples fosse di%idir um pas ao meio, aplicar um dos sistemas em cada parte do pas, dei0ar
passar umas décadas e a%aliar os resultados! 9a hist$ria recente, o uir natural dos
acontecimentos criou e0actamente essa situa+&o, com a 4lemanha e a 7oreia, por e0emplo! ;
claro que o facto de o pas n&o ter sido escolhido p(los cientistas e a sua di%is&o n&o ter sido
realizada em condi+es laboratoriais pode en%iesar os resultados! as seria poss%e6 conceber
uma e0peri(ncia rigorosa que fosse muito diferente3
como ela %ai alterando a face do sistema econ$mico, tudo isto constitui a base factual
de todas as teorias econ$micasV!
9a %erdade, a matem"tica é apenas uma linguagem, mas uma linguagem que tomou
o rigor como linha condutora da sua estrutura! 4ssim, ela foi construda para ser a
Inica linguagem no mundo na qual n&o pode ha%er mal)entendidos! Gor essa raz&o,
ela é um instrumento precioso para o analista de qualquer ci(ncia, que quer ser claro
e rigoroso! 'm particular, ao e%tar os mal)entendidos, a matem"tica facilita a
e0plicita+&o de todas as consequ(ncias e corol"rios que qualquer a#rma+&o contém!
Gor isso, a matem"tica é $ptima para a «dedu+&o2, ou se*a, para o desen%ol%imento
pleno das implica+?es da ideia te$rica!
9o que toca A estatstica, ela é também um instrumento para testar, da forma mais
rigorosa, a semelhan+a ou a diferen+a entre duas realidades, quantitati%as ou n&o!
Trata)se de um método rigoroso para descre%er e comparar realidadesO!
4ntes de terminar estas bre%es notas sobre a ci(ncia em 'conomia, %ale a pena
meditar sobre dois aspectos particulares da an"lise econ$mica, embora se liguem a
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toda a in%estiga+&o cient#ca! 'stes dois aspectos que %amos focar resultam, em
particular, do facto de a 'conomia ser uma ci(ncia humana! 4ssim, o ob*ecto desta
ci(ncia é a realidade comple0a e %ari"%el das rela+?es humanas, que constitui uma
intrincada rede, inuenciada por mIltiplos factores incontrol"%eis!
%i%e, e elas poderiam perturbar os resultados do estudo! Gor isso, na an"lise, o cientista %eri#ca
os efeitos de uma %aria+&o de pre+os e só de uma %aria+&o de pre+os!
'0istem outras fontes de erro na 'conomia! 'm primeiro lugar o facto de, sendo uma
ci(ncia humana, o grau de su6jectividade includo nos *ulgamentos ser muito maior
que numa ci(ncia chamada e0actaN! 9&o ter consci(ncia desta sub*ecti%idade pode
ser e0tremamente perigoso! 8utra fonte de erro, que discutiremos na sec+&o L!Q!, é a
https://pt.scribd.com/document/244299258/Cesar-das-Neves-Introducao-a-Economia-DOC Página 25 de 391
César Das Neves - Introdução À Economia | PDF | Produtos | Economia 01/12/22, 21:00
ser e0tremamente perigoso! 8utra fonte de erro, que discutiremos na sec+&o L!Q!, é a
chamada «falácia da composiço» o que se passa numa parte n&o é
necessariamente %"lido no todo! Se uma pessoa grita faz)se ou%irK se todos gritam
ninguém ou%e nada! 'm 'conomia estes efeitos *usti#cam mesmo uma disciplina
particular para estudar os fen$menos agregados!
@inalmente, de%e ser referida uma das fontes de erro mais frequentes da 'conomia,
como o é de toda a ci(ncia, e até da %ida corrente: a falácia do posf &oc" 'sta
fal"cia J que est" ligada A frase latina ost hoc, ero roter hoc, ou se*a «depois de,
por isso por causa de2 J corresponde A atribui+&o de um ne0o de causalidade entre
dois factos apenas contempor5neos! ; um erro comum, de conclus&o precipitada!
Gorque eu %e*o as ac+?es ha bolsa descerem depois de subir um imposto deduzo que
a bolsa caiu por causa do imposto! Gode ser que ha*a raz&o para isso, mas pode
também ser que n&o! Sé e0iste uma teoria que sup?e que a subida dos impostos tem
efeitos negati%os na bolsa, é claro que esta %eri#ca+&o pode ser utilizada como
obser%a+&o abonat$ria para a teoria! as, em si, a informa+&o n&o quer dizer nada,
n&o tem necessariamente um signi#cado causal!
'sta fal"cia do ost hoc # das mais perigosas, porque se baseia numa obser%a+&o
directa! ; muito difcil con%encer alguém que %iu algo de que a conclus&o que tirou
dessa obser%a+&o é um produto do seu raciocnio ou da sua imagina+&o, n&o partindo
necessariamente da informa+&o que obte%e!
-
O ro$*ema econ5mico
«8s meus balores est&o muito acima do dinheiroW 'u n&o troco um autom$bel, uma biagem ao
estrangeiro, ou um *antar com la) gosta por dinheiro!2 Este$es 36erman 7os#4
i8 «Tenho reinado muito tempo! 8s meus inimigos odeiam)me, os meus sIbditos amam)me, os
meus aliados respeitam)me [!!!] 9esta situa+&o contei quantos dias ti%e de pura e genuna
felicidade na minha %ida: foram catorzeW 8h homem, n&o con#es nas coisas ter)
renas!2 i
"a*i'a A$durammon ^
is i
«9&o me digam que um problema é difcil! Se n&o fosse difcil, n&o era problema!2
9enera* +. +och :
8 petr$lo ou o ur5nio n&o eram escassos antes de se ter descoberto a tecnologia que
prmitiu apro%eit")los como fonte de energia! Bm programa de tele%is&o pode tornar
escasso um produto que até ent&o nem sequer era um bem econ$mico Cse um cantor
da moda con%encer os seus f&s a usarem ossos de frango ou cascas de mel&o na
lapela, por e0emplo6!
9&o h" escassez de ar para respirar Cembora ar puro se*a muito escasso nas nossas
cidades6, ou de lugares num cinema %azio! as cuidado, a escassez nem sempre é o
que parece e %aria com as circunst5ncias! Gor e0emplo, e0istem muitas pedras pelo
mundo, e por isso elas parecem n&o ser escassas, mas algumas delas s&o escassas,
porque é preciso apanh")las, cort")las, para fazer cal+adas! 8 que é escasso é a pedra
tratada e colocada no stio em que é necess"ria!
; importante notar que a escassez e a escolha est&o ligadas! ; a escassez que gera
alternati%as! Se n&o hou%esse escassez era poss%el ter todas as alternati%as e, se se
pudesse ter todas as alternativas, n&o teria de ha%er uma escolha! Da a raz&o de
ha%er escolha reside na escasse"+-, ou se*a, o facto de n&o ser poss%el produzir
tudo o que se dese*a! Se é preciso escolher, isso signica que para satisfazer uma
necessidade é preciso sacri#car uma outra, ou se*a, e0iste um custo.
9a %erdade, como é racional, se n&o ti%esse comprado o li%ro, teria gasto o dinheiro
noutra coisa, a que lhe daria mais satisfa+&o a seguir ao li%ro! Gor e0emplo se uma
cassete fosse o que, na aus(ncia do li%ro, mais gostaria de ter comprado, ent&o o
%alor da cassete seria o custo de oportunidade do li%ro! 8 custo do li%ro é pois a
satisfa+&o que a cassete Cque n&o se comprou6 dariaLU!
Se alguma coisa, sendo escassa, é, em certo caso, gr"tis, ent&o ou alguma outra
pessoa pagou ou pagou)se sem dar por isso! Bma coisa escassa nunca é de gra+a,
embora possa parecer! uitos querem fazer)nos crer que alguma coisa nos é oferecida
Cremédios da 7ai0a, autocolantes das campanhas eleitorais, etc!6! as, na realidade, o
que aconteceu é que o custo foi disfar+ado, foi *" pago por n$s anteriormente, ou %ir"
depois! Bma coisa gr"tis s$ o é porque n&o h" escassez dela: "gua do rio, luz do sol,
areia da praia! as a maior parte das coisas da %ida não são !rátis.
as ent&o que pensar da frase popular: «4s melhores coisas da %ida s&o gr"tis32 8
sentido econ$mico dessa frase seria que a amizade, um sorriso, uma paisagem, n&o
s&o bens escassos! Se é esse o sentido, ent&o de%emos deduzir que a 'conomia tem
pouco interesse para as melhores coisas na %ida! as o facto de apenas interessar a
coisas menos importantes Ccomo os almo+os6 n&o quer dizer que a 'conomia dei0e de
ser importante!
as ser" esse o sentido3 Ser" que a amizade é gr"tis3 Bma coisa é gr"tis quando n&o
tem custo! as o custo n&o est" apenas de#nido em dinheiro! 7omo %imos atr"s, o
custo de algo é aquilo que ti%emos de sacri#car para satisfazer essa necessidade! '
todos sabemos como a amizade, um sorriso, uma paisagem e0igem sacrifcios para
serem mantidos! Tal%ez que a frase «as melhores coisas na %ida s&o gr"tis2 queira
apenas dizer que n&o custam dinheiro, e n&o que n&o t(m custo! 'm termos
econ$micos seria mais correcto dizer «as melhores coisas da %ida n&o passam pelo
mercado2, mas bem sabemos que t(m custo!
Deste modo, sabemos que nem tudo o que dese*amos pode ser satisfeito! 4s
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Deste modo, sabemos que nem tudo o que dese*amos pode ser satisfeito! 4s
necessidades s&o de mais para os bens dispon%eis ou produz%eis! ; preciso escolher,
decidir! 4 quest&o que se le%anta é a da escolha. 4 selec+&o das necessidades que
%&o ser satisfeitas em rela+&o As que %&o ser preteridas!
Daqui nascem os ros problemas econ$micos! 9a %is&o popular os problemas econ$micos s&o
apenas problemas materiais, de produtos compra!! 8 que e derminan e e a presen+a de
necessidades humanas e a escassez de bens >
im o problema de ir ho*e ao cinema ou #car em casa a %er tele%is&o a que =ao de escolher entre
ShaYespeare ou Zil 1icente para representa s&o pr^ mas econ$micos igualmente, pois neles est"
presente a escassez e a escolha:
8 que produzir3 Huais produtos, em que quantidade, e quando é que as pessoas querem
consumir! q
:e que forma e com que tecnologia3 #ara quem produzir3 Huem bene#cia com a produ+&o3
7omo se di%ide
hip$teses fundamentais, que *" atr"s %imos e que nos %&o acompanhar ao longo de
todo o estudo da 'conomia:
W os a!entes são racionais
W os mercados equili6ram
4s escolhas econ$micas podem ser feitas de muitas formas diferentes, tantas quantas
as pessoas que e0istem! 4 teoria econ$mica estuda o que h" de comum nessas
Tirar partido de uma melhoria, em rela+&o aos ob*ecti%os do agente, sempre que
essa alternati%a n&o represente custo adicional! 7omo disse o grande economista
irland(s @rands ! 'dgeworth, «o primeiro princpio da 'conomia é que cada agente é
moti%ado apenas pelo interesse pr$prio2 J 'dgeworth CLOOL6, p! P!
https://pt.scribd.com/document/244299258/Cesar-das-Neves-Introducao-a-Economia-DOC Página 30 de 391
César Das Neves - Introdução À Economia | PDF | Produtos | Economia 01/12/22, 21:00
'qui%ale a supor que n&o se escolhe uma m" solu+&o quando est&o dispon%eis outras
melhores! as para saber se uma situa+&o é ou n&o racional, preci) < s$ de ter a
certeza de duas coisas:
n&o é s$ disponibilidade fsica, masmoral, social, etc! 7omo *" %imos atr"s, a
racionalidade e a busca da optimiza+&o n&o implica que se roube ou atropele as
regras Crepare)se que nesse caso e0iste um custo, pela perda de respeito pr$prio, de
bem)estar do pr$0imo, que pode ser muito importante6
9a %erdade, duas situa+?es que parecem iguais nos seus resultados podem ser muito
diferentes na a%alia+&o de pessoas diferentes! Gode ser racional uma pessoa recusar)
se a pagar um suborno a um burocrata, mesmo que esti%esse dispon%el para pagar)
lhe o mesmo montante em ta0as! ; claro que se a pessoa n&o tem escrIpulos, o crime
pode ser racional! 4ssim, para a%aliar racionalidade da atitude de uma pessoa é pois
necess"rio ter em conta a sub*ecti%idade particular dessa pessoa, que de#ne a
posi+&o moral do agente e é essencial para determinar da disponibilidade de certas
ac+?es!
b6 8 outro aspecto é a de#ni+&o de o que é melhor! 8 que é !melhor para uns pode
n&o ser para outros! as porque ele n&o escolhe o que eu escolheria na situa+&o dele,
ele n&o é necessariamente irracional, apenas tem gostos diferentes! Deste modo
%emos que as prefer(ncias pessoais de cada um t(m de entrar na a%alia+&o da sua
racionalidade!
//6 78'RE97/4
«9&o tenho hesita+?es em dizer que toda a l$gica é deri%ada do padr&o de decis&o
econ$mica ou, usando uma das minhas frases preferidas, o padr&o econ$mico é a
https://pt.scribd.com/document/244299258/Cesar-das-Neves-Introducao-a-Economia-DOC Página 31 de 391
César Das Neves - Introdução À Economia | PDF | Produtos | Economia 01/12/22, 21:00
econ$mica ou, usando uma das minhas frases preferidas, o padr&o econ$mico é a
matriz da l$gica!2 Schumpeter CLNU6, p"g! LMM)LMU!
as, como %imos, para a%aliar da sua e0ist(ncia em cada caso concreto e0iste uma
forte dose de sub*ecti%idade, para saber das prefer(ncias e disponibilidade moral de
cada escolha! Ser" que é realista a racionalidade3
as, a racionalidade n&o é t&o irrealista como pode parecer! 4 e0ig(ncia que se coloca
a uma escolha para ela ser racional é t&o fraca que se pode dizer que a grande
maioria das decis?es humanas, se bem analisadas, s&o mesmo racionais! ;
certamente imposs%el encontrar alguém que, sistematicamente, decide escolher o
que sabe ser contra os seus pr$prios dese*os! 9a %erdade, de#nida com a
generalidade com que o #zemos, é mesmo difcil encontrar uma decis&o totalmente
irracional!
4ssim, se aparece uma situa+&o que parece irracional, primeiro de%emos descon#arW
S$ é irracional se %iolar as condi+?es muito gerais que foram apresentadas! ; preciso
con#rmar se as alternati%as s&o mesmo acess%eis, e quais os gostos, circunst5ncias e
sub*ecti%idade dos agentes en%ol%idos!
Gor e0emplo, se num supermercado, entre produtos iguais, com pre+os diferentes, se
%ende mais o mais caro, a situa+&o parece irracional! as ser" que s&o mesmo iguais3
4 embalagem, o nome, o brinde, a atitude da empresa n&o le%ar" um a ser mais
atracti%o3 8u ser" que é um truque do supermercado, pondo mais acess%el o mais
caro, le%ando o cliente a acreditar, automaticamente, que todas as embalagens iguais
t(m igual pre+o, e por isso nem con#rmam os pre+os3
8utra situa+&o muito frequente é tomar a osteriori como irracional uma decis&o *"
tomada! 4 racionalidade da decis&o de%e ser a%aliada no momento da decis&o, a
riori, e n&o quando %emos os seus resultados, a osteriori> de%e ser a%aliada nas
condi+?es iniciais, e n&o p(los resultados! 9a segunda)feira toda a gente *" sabe como
de%ia ter *ogado no totobola!
e0ige que ninguém tem de consumir s$ o que produz, e ninguém tem de produzir tudo
o que quer consumir! 4 racionalidade le%a cada um a produzir o que sa6e fa"er
melhor, e a consumir o que !osta mais.
as como é que isto é poss%el3 4qui temos um parado0o central da 'conomia, mas
cu*a solu+&o é bem simples, como ali"s todos os princpios econ$micos! Gara a sua
solu+&o teremos de chamar a segunda hip$tese, do equil>6rio dos mercados!
troca. ' quanto mais trocas e0istirem melhor, porque quanto mais trocas forem
poss%eis mais racional é a afecta+&o, menos se é obrigado a consumir o que se
produz e menos obrigado a produzir o que se consome!
De%emos, no entanto, dizer que se esta descoberta este%e na base da 'conomia ela
n&o é consensual! 4lguns economistas discutiram este aspecto, defendendo que, na
maioria das situa+?es, quando duas pessoas trocam, um !anha e o outro perde,
um e0plora e outro é e0plorado! 'sta posi+&o de confronta+&o e dialéctica contnua
tem particular presen+a na chamada «escola mar0ista2, dos discpulos do grande
economista alem&o ari ar0!
'sta discord5ncia fundamental tem a %er com uma diferente %is&o do mundo! Ser"
que no nosso mundo h" harmonia e benefcio mItuo, como dizia Smith, ou «anda
meio mundo a enganar outro meio2, na opini&o de ar03 9o fundo, ambas as coisas
e0istem e sabemos que *unto a trocas %anta*osas h" também e0tors?es e e0plora+?es!
9esse sentido, quer Smith quer ar0 t(m raz&o! as qual domina3 Ser" que de%emos
e%itar trocar, com medo de sermos e0plorados, ou podemos trocar normalmente,
embora de%amos ter cuidado para n&o sermos enganados3 Repare)se que a quest&o
n&o é moral mas econ$mica! 9em Smith acha%a que todos eram santos, nem ar0
que todos eram facnoras! 8 que se passa é que o sistema, no caso smithiano,
funciona%a bem e, no caso mar0ista, mal!
XAPL &APY CLOLO)LOOU6
ar0 foi um grande economista alem&o, discpulo de Smith que *untou a um profundo
conhecimento de teoria econ$mica uma forte forma+&o #los$#ca e poltica! 4lém de académico
e *ornalista, ar0 dedicou a sua %ida a uma luta militante pela aplica+&o das suas ideias de
re%olu+&o profunda do sistema econ$mico)social, fundando e dirigindo %"rios partidos
comunistas! 4s suas principais obras s&o o Mani'esto "omunista de LOO, que escre%eu com o
seu amigo @riedrich 'ngeis, e uma an"lise de fundo do sistema econ$mico da época, a que ar0
chama%a «capitalismo2, no li%ro O "aita*, de que publicou apenas o primeiro %olume em LOPV,
encarregando)se os seus amigos de editar, depois da sua morte, os outros %olumes: 'ngeis
editou o segundo CLOOQ6 e o terceiro %olumes CLON6, e autsYy pulicou o quarto %olume em
tr(s tomos CLN)LNL6!
seu lado, ar0 a#rma%a que a raz&o da e0ist(ncia de pases pobres residia nos ricos
os e0plorarem!
Tudo isto é consequ(ncia de que, ao recusar o benefcio mItuo da troca, ar0 recusa
um aspecto central da 'conomia, porque tem a %er com a troca! Da nasce o !rande
cisma da economia. 'stas teorias, com %"rias tend(ncias e %ariantes, separam)se
assim do resto da 'conomia em algo de fundamental! ." %"rias escolas na economia
actual, mas s$ um grande cisma, porque s$ h" esta discord5ncia essencial!
>" na hist$ria de Smith, do casaco de l& do *ornaleiro, que %imos atr"s, #cou bem claro
que até as coisas mais simples t(m uma enorme rede de rela+?es de produ+&o, que se
estende por toda a 'conomia! 4ssim, se as pessoas decidem comprar mais casacos de
l&, ha%er" efeitos disso em "reas t&o distantes como a produ+&o de ferro, os
transportes martimos, o emprego Cou desemprego6 nas f"bricas de tinta, produtos
qumicos, energia, na alimenta+&o para todos estes trabalhadores! 1oltamos A
comple0idade do sistema econ$mico!
4s ossi$i*dades de roduço
'stes s&o os recursos ou, como alguns preferem chamar)lhes, os «recursos prim"rios2!
4s outras coisas que ser%em para a produ+&o de um bem podem sempre resumir)se a
estes tr(s, a que chamamos «bens2 ou «recursos intermédios2, por estarem entre os
recursos e os bens! Gara produzir pão, é preciso trabalho, forno Ccapital6 e farinha!
Gara produzir farinha é preciso trigo, trabalho e o moinho Ccapital6! Gara produzir trigo
é preciso terra, trabalho, m"quinas agrcolas e sementes, e assim por diante!
TR4-4<.8 X
4ssim, temos tr(s tipos de entidades econ$micas: os 6ens Co p&o6 que t(m utilidade
em si, os recursos ou factores produtivos Cterra, trabalho e capital6 e recursos
interm=dios, que s&o produzidos mas n&o t(m utilidade em si! Gor %ezes, em certas
situa+?es particulares, h" di#culdades de distin+&o entre os tr(s: um l"pis pode ser
considerado capital ou, omo se gasta rapidamente na produ+&o, ser um recurso
intermédioK o p&o pode ser bem #nal, ou recurso intermédio para fazer a+ordaK o
trabalho, que é um recurso, pode ser bem #nal, se der prazer, satisfazendo a
necessidade de se realizar pro#ssionalmente! De qualquer forma, a distin+&o tem
interesse e ser" Itil!
7lari#cado este ponto, %amos agora utilizar um instrumento muito simples que ser%ir"
para precisar os %"rios elementos que conhecemos de uma decis&o econ$mica, e
apresentar outros no%os! as para analisar estes problemas, temos de os simpli#car
para os tornar mais acess%eis ao estudo! 4pliquemos a hip$tese coeteris ari$us, e
simpli#quemos a situa+&o dizendo que s$ h" dois bens, p&o e li%ros Cli%ros de
'conomia, claro6 e um montante #0o de recursos Cterra, trabalho e capital6 que podem
ser usados nessas produ+?es!
4plicando os recursos dispon%eis na produ+&o dos dois bens, podemos obter %"rias
combina+?es poss%eis! 4ssim, se todos os recursos forem aplicados na produ+&o de
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Representemos num gr"#co simples estes pontos! 1emos que no ei0o %ertical
medimos quantidades de p&o e no horizontal, li%ros! 8s %alores m"0imos de produ+&o
de cada bem s&o pontos nos ei0os, %isto que a quantidade do outro bem é nula! <i%ros
as no é normal que a sociedade gaste todos os seus recursos num s$ bem, sem
produzir nada do outro! 4 situa+&o intermédia em que os dois s&o produzidos é a mais
normal! 1amos pois representar essas situa+?es! 9o nosso gr"#co, para cada
montante produzido de um bem, marcamos o m"0imo de produ+&o que é poss%el
produzir do outro bem, com os recursos dispon%eis! 8btemos assim um gr"#co muito
importante em 'conomia: a fronteira de possi6ilidade de produçãoB o lugar
geométrico dos pontos de produ+&o m"0ima de p&o e li%ros, dado um certo montante
de recursos dispon%eis!
'sta cur%a representa a disponibilidade, nesta economia, dos dois bens! 9ela
podemos encontrar, de forma resumida, todos os elementos e conceitos de que até
agora fal"mos!
as n&o é nesse aspecto que de%emos usar a racionalidade! 4lém de todos os
recursos estarem a ser usados, eles est&o a ser usados da melhor maneira. ."
muitas maneiras de produzir dez p&es, mas se n&o se usar a maneira mais adaptada,
mais econ$mica, n&o conseguimos libertar recursos para produzir tantos li%ros! 7ada
ponto de produ+&o e0ige que os recursos que est&o afectados a cada uma das
produ+?es s&o os mais adequados a essa produ+&o!
Se agora olharmos para a cur%a que desenh"mos, %emos que ela tem algumas
caractersticas particulares! 'm primeiro lugar, ela é negati%amente inclinada Ca cur%a
est" sempre a descer6! 'ste facto resulta e0actamente da racionalidade! 7omo h"
emprego pleno e $ptimo dos recursos, n&o é poss%el ter mais de um bem sem ter
menos do outro! Gor isso, quando a cur%a se desloca para a direita Cmais li%ros6, desce
Cmenos p&o6!
Repare)se que esta é uma manifesta+&o do princpio que %imos, segundo o qual «n&o
h" almo+os gr"tis2! 9&o é poss%el ter mais de um bem sem ter menos do outro, e por
isso nunca e0iste um bem gr"tis! ' o custo é o que dei0ei de ter do outro bem, que é a
melhor alternati%a! Gor isso, aqui o custo é o custo de oportunidade, medido no outro
bem!
7laro que uma situa+&o no interior da cur%a, num ponto como 4, é poss%el ter mais
p&o sem sacri#car li%ros Cpassando para o ponto -6 ou ter mais li%ros sem sacri#car
p&o Cpassando para 76, ou até mais dos dois bens Cem D6! 9o interior da cur%a, h"
almo+os gr"tis! as estar no interior da cur%a n&o é racional, pois desperdi+am)se
recursos! '0actamente porque poderamos, sem custo, estar melhor, encontrarmo)nos
nessa situa+&o é estIpido e um desperdcio! ' n&o de%emos esquecer que o
desperdcio é o grande inimigo da 'conomia Cde tal modo que a pala%ra é quase
obscena num li%ro como este6! Gor isso, os pontos abai0o da cur%a n&o nos
interessam!
' acima da cur%a3 4, gostaramos de estar, pois teramos mais dos dois bens do que
na cur%a! 8 problema é que n&o temos recursos para l" chegar! 4 escassez de
recursos faz com que os pontos acima da cur%a se*am imposs%eis de atingir!
Dei0emos esses pontos para as promessas dos polticos em campanha eleitoral, e
#quemos p(los pontos da cur%a!
1oltando A forma da cur%a, %emos que ela é n&o s$ decrescente, mas abaulada para
fora Cou cFnca%a, na designa+&o econ$mica6! /sso signi#ca que, A medida que %amos
sacri#cando p&o, para obter li%ros Cdescendo ao longo da cur%a6, cada li%ro custa
sucessi%amente mais p&o! 7hamamos a este facto a lei dos custos relativos
crescentes, e é f"cil perceber por que raz&o é assim!
1amos supor que a 'conomia se encontra na situa+&o em que apenas produz p&o e
nenhum li%ro Cestamos, portanto, no ponto mais acima da cur%a, *unto ao ei0o
%ertical6! /sso quer dizer que todos os recursos, mesmo todos, est&o dedicados A
produ+&o de p&o! 8s tractores, os camponeses, est&o todos a tratar a terra e plantar
trigo, mas também as tipogra#as e os escritores!
1amos supor agora que estamos no outro lado da cur%a, produzindo, também a, da
melhor forma poss%el, certo montante de p&o e li%ros! /sso quer dizer que temos em
cada uma das produ+?es de p&o e li%ros os recursos Cterra, trabalho e capital6 mais
adequados a cada uma das produ+?es! S$ que agora, como se decidiu produzir muitos
li%ros, a produzir p&o *" s$ est&o aqueles recursos que s&o mesmo os melhores a
produzi)lo, para dei0ar li%res todos os outros para os li%ros! Se a se decidir aumentar
a produ+&o de li%ros, o sacrifcio em p&o ser" enorme! Deste modo, %emos que o custo
dos li%ros relati%amente ao p&o cresce com o montante de li%ros, e %ice)%ersa!
4lém de ilustrar os aspectos econ$micos que *" conhecamos, a cur%a ser%e também
para nos introduzir a outros elementos no%os! Gor e0emplo, ela pode ilustrar o
fen$meno do desen%ol%imento econ$mico! 'ste fen$meno, que adiante analisaremos
com cuidado, consiste no facto de, em %"rias economias do mundo, se %eri#car que os
bens dispon%eis para a escolha dos agentes se %&o alargando ao longo do tempo!
'ste processo que, ap$s se ter desenrolado durante os Iltimos séculos, gerou o
aparecimento de disparidades entre pases ricos e pases pobres, pode ser
representado por um deslocamento da cur%a de possibilidade de produ+&o, para fora!
'ste deslocamento para fora da cur%a pode ser de%ido a um aumento dos recursos
dispon%eis ou a uma melhoria da tecnologia de produ+&o, que permite produzir mais
com os mesmos recursos! 9o essencial, portanto, o desen%ol%imento é apenas um
alargamento das possibilidades de escolha! 8 pas pode ter acesso ho*e a alternati%as
a que antes n&o podia! as é claro que a sociedade, embora tenha mais hip$teses de
escolha, pode escolher um ponto pior do que antes! 8 desen%ol%imento n&o é
garantia de melhoria, mas apenas de mais alternati%as!
8 interesse hist$rico desta lei reside no facto de ela ter sido apresentada de forma
dram"tica pelo economista ingl(s Thomas althus que em LVNO apresentou o seu
li%ro @m Ensaio so$re o Princíio da Pou*ação. 4, althus defendia que o facto de a
terra ser #0a, o que gera%a a %eri#ca+&o da lei dos rendimentos decrescentes na
produ+&o agrcola, iria ter como consequ(ncia que a produ+&o de alimentos n&o iria
acompanhar o aumento da popula+&o, pre%endo fome e miséria planet"rias! 4ssim, o
crescimento da produ+&o agcola, muito inferior ao das necessidades alimentares,
seria o grande tra%&o ao progresso, criando um mundo com multid?es crescentes de
famintos!
Gara entendermos melhor o impacte desta terr%el ideia temos que nos lembrar que a
obra de althus, de LVNO, seguiu de poucos anos o li%ro de Smith CLVVP6, que
entretanto falecera em LVN! 8 optimismo de Smith e a con#an+a na troca e no
sistema econ$mico le%aram as pessoas a imaginar que tudo seria poss%el,
embarcando em utopias e sonhos de opul(ncia! althus %em, de forma dram"tica,
lembrar que os benefcios smithianos est&o)limitados pela escassez de recursos e que
o realismo Cque Smith ali"s possua6 tem de temperar o entusiasmo com as
potencialidades do sistema econ$mico!
9esse li%ro, ill apresenta o desen%ol%imento como uma corrida entre o progresso
tecnol$gico e os rendimentos decrescentes! 9o seu tempo J e pode)se dizer que, nos
pases desen%ol%idos, até ho*e J o progresso tecnol$gico %encia a corrida, dominando
e compensando os rendimentos decrescentes! as ser" sempre assim3 4s
preocupa+?es ecol$gicas dos dias de ho*e parecem sublinhar que nada est" garantido!
o*uç2es do ro$*ema
«GR8@'SS8R4 J 4lguma %ez, queridos amiguinhos, se interrogaram acerca de o que é a %ida3 4 %ida é como
um rio! 4@4<D4 J Sim, a bronca é que todos pensam que sabem hidr"ulica!2
Buino
«8 costume é o esteio A %olta do qual se enrola a opini&o, e o interesse é a ga%inha que o ata!2
T. C. Peacock
Se este é o problema que se p?e a cada sociedade, %amos agora %er as %"rias formas
como as sociedades e os agentes o resol%em! Godemos resumir os métodos de
solu+&o do problema econ$mico de uma sociedade em tr(s princpios gerais: a
tradi+&o, a autoridade e o mercado!
/6 4 TR4D/`8
4inda ho*e, a tradi+&o tem grande inu(ncia na %ida econ$mica, n&o s$ em casos
mais not"%eis, como a proibi+&o de matar %acas na ndia, ou de trabalhar ao domingo
em Gortugal, mas sobretudo no dia)a)dia de cada sociedade! 4 tecnologia do quei*o da
serra, o sistema da heran+a, a e0ist(ncia de baldios, s&o claras inu(ncias culturais e
tradicionais na nossa sociedade!
//6 4 4BT8R/D4D'
9os nossos dias, e mesmo fora das sociedades de direc+&o central, a autoridade do
'stado tem enorme inu(ncia sobre o sistema econ$mico, alterando e impondo
decis?es aos agentes econ$micos! 4tra%és de impostos e subsdios, mas sobretudo
dos efeitos econ$micos das leis, empresas pIblicas e acordos internacionais, o 'stado
resol%e muitos dos problemas econ$micos dos nossos dias!
///6 8 'R74D8
4li"s, a utiliza+&o simult5nea dos tr(s instrumentos J mercado 'stado e regras sociais
J é n&o s$ uma con%eni(ncia, mas uma e0ig(ncia! 9enhum dos tr(s métodos
referidos pode funcionar correctamente sem a e0ist(ncia dos outros dois! Gara ilustrar
esta a#rma+&o, mais uma %ez se lan+ar" m&o de um e0emplo singeloU!
8 #P8ML$&A %$ #A4AP B Tj/
'sta quest&o aparece naturalmente ap$s o que %imos! Dissemos que a racionalidade
nada tinha a %er com a moral! Se o cliente procurar apenas o seu bem)estar e n&o
le%ar em conta os escrIpulos morais, a conduta mais racional ser", uma %ez no
destino, sair sem pagar a corrida! ; claro que se o cliente é uma pessoa bem formada,
por raz?es morais paga o que de%e! as ha%er" raz?es estritamente econ$micas3
." sim! 'm primeiro lugar, o cliente sabe que, se n&o pagar, aquele ta0ista no o
tornar" a ser%ir, e dir" aos seus amigos que n&o sir%am um caloteiro! 8u se*a, o
mercado tem autodefesas, para se proteger deste tipo de pessoas!
as é claro que estas defesas s&o fr"geis! Se o t"0i trabalhasse numa pequena cidade
em que todos se conhecem, estas defesas funcionariam! as se o caso se passasse
numa grande cidade, numa zona onde o cliente se*a desconhecido e onde n&o espera
%oltar t&o cedo, a situa+&o seria bem diferente! Gor que raz&o nesse caso um agente
racional de%e pagar a corrida3
4 resposta, neste caso, seria certamente que o ta0ista poderia chamar a polcia e
for+ar o cliente a pagar! 8 cliente, com medo dessa amea+a, pagaria! 'sta é uma
realiza+&o do papel do $stado no mercado! 4s autodefesas do mercado s&o fracas, e
o 'stado é chamado a inter%ir!
' se for A noite, num stio ermo, onde n&o h" polcia3 Se o cliente procurar apenas o
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' se for A noite, num stio ermo, onde n&o h" polcia3 Se o cliente procurar apenas o
seu bem)estar, a conduta mais racional ser", uma %ez no destino, sair sem pagar a
corrida! Sendo desconhecido do motorista e n&o ha%endo presen+a de testemunhas,
sem a possibilidade portanto de %ir a sofrer consequ(ncias futuras, e uma %ez obtido o
ser%i+o contratado, pag")lo ser" racional3
9este caso, o condutor pode e0ercer se%cias, de forma ali"s plenamente *usti#cada,
sobre o passageiro pouco cumpridor, de forma a obrig")lo a pagar! 'ste seria um
custo directo do mau funcionamento do mercado. 8 ta0ista teria de andar
armado para impor que lhe pagassem o que de%em!
as nesse caso, in%ertendo o problema, que impede o referido motorista de, depois
do pagamento, e0ercer ainda as referidas se%cias, para ser pago de no%o3 'ste Iltimo
ponto p?e #nalmente em destaque a quest&o central: trata)se de uma falha de
mercado. De%ido ao facto de a transac+&o n&o se %eri#car num mesmo momento do
tempo, mas desenrolar)se ao longo de um peodo, o mercado funciona mal!
'm qualquer caso, a realiza+&o normal e correcta do contrato parece n&o ter, neste
caso, qualquer car"cter racional! Seria de esperar que, neste como em muitos outros
tipos de transac+?es comuns Cbarbeiros, restaurantes, bancos, etc!6 fosse l$gico que
se multiplicassem os casos de rompimento do contrato! 4ssim A pr$pria racionalidade
se de%eria a destrui+&o do mercado, impedindo)lhe o funcionamento normal, com as
e%identes consequ(ncias ca$ticas para a %ida social!
9o entanto, nas sociedades ci%ilizadas estes casos s&o raros, o que faz com que
ta0istas, barbeiros, restaurantes e0er+am a sua acti%idade sem perigo de serem
constantemente confrontados com caloteiros racionais! 'mbora se encontre por %ezes
agentes completamente «racionais2 neste sentido, e0iste corrente respeito pelas
regras da ci%ilidade e, por isso, o mercado e os outros mecanismos econ$micos
funcionam normalmente!
8utro e0emplo tpico deste problema aparece na quest&o dos cheques sem cobertura!
Se a sociedade n&o tem, no seu funcionamento normal, regras de conduta que
imponham que cada pessoa pague o que de%e, %&o pulular os cheques sem cobertura,
e isso ter" como efeito que o cheque dei0a de ser aceite como meio normal de
pagamento! Deste modo, toda a sociedade #ca pior, pri%ada de um instrumento
#nanceiro! 4s sociedades mais a%an+adas s&o e0actamente aquelas onde o respeito
de cada um p(los outros, o grau de ci%iliza+&o, é maior! 4, o mercado pode a%an+ar
para formas mais so#sticadas e podem ser fornecidos bens e ser%i+os mais delicados
Cpor e0emplo os no%os produtos #nanceiros6 que noutra estrutura falhariam
completamente!
4dam Smith tinha esta ideia muito presente em toda a sua an"lise! 8 seu estudo
tinha)lhe trazido a consci(ncia que o mercado e o 'stado s$ funcionam correctamente
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Hual o método que o mercado usa para resol%er o problema econ$mico3 i Sem
inter%en+&o de qualquer autoridade, uma enorme quantidade de bens e ser%i+os s&o
produzidos, trocados e consumidos todos os dias em qualquer cidade! Huando
qualquer calamidade elimina o funcionamento do mercado C4lemanha depois da //
Zuerra undial, 7ambo*a e o+ambique ho*e, etc!6 é a cat"strofe econ$mica! 9&o h"
nenhum cérebro humano por detr"s disto! 4 primeira %ista n&o seria de admirar, pois
as maiores mara%ilhas do undo n&o t(m nenhum cérebro humano por detr"s delas!
9o entanto, as pessoas admiraram)se quando %iram este fen$meno e Smith, como
dissemos *" frequentemente, le%ou a sua admira+&o ao ponto de fundar uma ci(ncia!
7omecemos pela de#ni+&o: mercado é o arran*o Cpra+a, telefone, leil&o, bolsa6 pelo
qual compradores e %endedores de um bem interagem para determinar o pre+o e a
quantidade transaccionada! 8 centro do mercado é o peço. 8 pre+o é o cora+&o do
sistema! @inalmente tocamos num dos pontos mais centrais para o economista! 8
pre+o é o elemento mais delicado e sens%el do sistema econ$mico, %isto com
admira+&o e respeito por todos os economistas! e0er nos pre+os é perturbar o
essencial do mercado!
as a#nal como é que funciona o mercado3 8 truque, centrado nos pre+os, reside nos
incentivos. Se os consumidores querem mais de um bem, lutam por ele, oferecendo
mais dinheiro pelo mesmo bem, subindo o pre+o! 8s %endedores, perante a subida do
benefcio retirado da %enda do produto, s&o incenti%ados a aumentar a produ+&o Cou a
pagar mais por ela, incenti%ando)a6 e, a pre+o mais alto, menos consumidores o
querem! Sobe a quantidade oferecida e desce a procurada! Se os consumidores
dese*arem menos do bem, o efeito in%erso %eri#ca)se! Deste modo se consegue
realizar o dese*o dos consumidores! 9&o h" necessidade de um mand&o que d(
ordens aos produtores! 8 mecanismo autom"tico faz isso!
'ste mecanismo autom"tico, a «m&o in%is%el2 de Smith, tem como resultado que
cada um produz o que de melhor sabe fazer e troca por aquilo de que mais gosta!
cada um produz o que de melhor sabe fazer e troca por aquilo de que mais gosta!
4ssim se consegue uma solu+&o para a economia que garante que, dadas as
circunst5ncias Ce essas circunst5ncias incluem a distribui+&o da riqueza que cada um
tem, os dotes pessoais, a estrutura de mercado6, se consegue a situa+&o mais racional
e de melhor bem)estar! 4 este resultado do mercado chamamos e@ci2ncia.
fazendo para isso a sua despesa, que é recebida pelas empresas e os produtores! 8
dinheiro gasto pelas famlias no mercado dos bens ser" usado pelas empresas para
comprar os ser%i+os dos factores produti%os Cterra, trabalho e capital6 no mercado de
recursos ou factores! Huem possui esses recursos s&o as famlias, que assim recebem
rendimentos Csal"rios, rendas e *uros6 pela %enda dos ser%i+os dos seus factores
produti%os! ; claro que esses rendimentos constituem o dinheiro que as famlias %&o
usar para comprar os bens!
1amos assim que, entre os dois agentes fundamentais, famlias e empresas, e0istem
dois u0os contnuos! Gor um lado, bens e factores s&o transaccionados e, em sentido
contr"rio, mo%imenta)se o dinheiro! 8s motores desses u0os s&o os mercados, de
bens e de factores! 8 gr"#co seguinte ilustra, de forma estilizada, este processo, a que
se chama de circuito económico na sua estrutura+&o em mercados!
' claro que pode ha%er di#culdades de funcionamento! 4s confus?es, m" informa+&o,
mal)entendidos, podem %eri#car)se nesta %ota+&o! 7omprar o produto que n&o se
queria, pagar demasiado por ignorar uma descida de pre+os ao lado, tudo isto s&o
erros na manifesta+&o da %ontade do consumidor, de%ido ao de#ciente sistema de
«%ota+&o2! 4li"s, dado que esta %ota+&o se %erica todos os dias, continuamente em
todo o lado, seriam de esperar frequentes deci(ncias! as, para isso, esta %ota+&o
tem também a sua «campanha eleitoral2, contnua e intensa, a que chamamos
«publicidade2! 4 propaganda dos produtos a*uda a di%ulgar a informa+&o p(los
consumidores e a melhorar a sua escolha! 9esta, como nas outras campanhas
eleitorais, h" e0ageros, enganos, ridculos, mas ela n&o dei0a de *ogar o seu papel
essencial no sistema de mercado!
Também aqui pode ha%er mau funcionamento! Se uma empresa tem monop$lio de
produ+&o, usa ansters para impor a %enda do seu produto, ou é amiga do cunhado
do ministro, podem gerar)se falhas na concorr(ncia! Também aqui a economia n&o é
caso Inico! 9o desporto, na poltica, nos tribunais, e0istem destes factos, igualmente
lament"%eis e ine%ita%elmente humanos! 4 moral e a lei podem e de%em inter%ir
nestes casos para que a saud"%el e franca concorr(ncia permita que ganhe o melhor!
8 mau funcionamento, aqui mais que nas quest?es anteriores, resulta de inu(ncias
e0tramercado que perturbam a resposta! 4 de#ni+&o pré%ia da propriedade dos
factores, as interfer(ncias polticas sobre essa distribui+&o, s&o muito mais inuentes
'stas s&o as formas como o mercado d" resposta ao problema econ$mico, bem como
algumas das suas falhas! 7omo %imos, o segredo do mercado é a concorr(ncia! 4
concorr(ncia entre os %"rios agentes do mercado, consumidores, produtores,
trabalhadores e capitalistas, na busca de imporem os seus dese*os, produtos, ser%i+os,
etc!
as n&o é apenas essa a concorr(ncia que se %eri#ca no mercado! '0iste um outro
tipo de concorr(ncia que, ali"s, tem consequ(ncias muito mais profundas que as
referidas! Trata)se da concorr(ncia din5mica entre a situa+&o actual e no%as ideias! 8
aparecimento de no%os produtos, no%as formas de produzir, no%as técnicas, no%os
mercados, desa#a continuamente a situa+&o estabelecida! 'ste tipo de concorr(ncia é
essencial ao funcionamento do mercado! Se o mercado n&o ti%er no%as ideias,
estagna e morre! 8 mercado só pode ser conce6ido em dinamismo, e esse
dinamismo %em das no%as ideias, que nascem a cada momento e amea+am a
situa+&o actual!
9esta obra, Schumpeter a#rma que o desen%ol%imento é o tumulto das no%as ideias
que desa#am e %encem ou s&o %encidas pelas antigas, perturbando continuamente o
sistema econ$mico! Gara esta concorr(ncia entre pro*ectos é essencial a liberdade de
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Daqui resulta uma outra caracterstica do mercado: ele é muito delicado. 'stas
transac+?es, baseadas nas rela+?es entre as pessoas e na con#an+a, facilmente s&o
destrudas! com uma guerra, um tumulto, a anarquia e a desorganiza+&o, o mercado
dei0a de funcionar con%enientemente! 8 mercado afecta as coisas da melhor maneira,
mas é fortemente perturb"%el! Da que %alha a pena analisar a protec+&o que o
'stado pode dar ao mercado!
'm primeiro lugar, e0istem algumas rela+?es econ$micas que, de%ido aos seus efeitos
culturais, sociais e humanos, a sociedade n&o quer con#ar ao li%re *ogo dos
incenti%os! 4 heran+a de uma famlia, a presta+&o de ser%i+os de defesa nacional, o
comércio de droga, a escra%atura, s&o casos de rela+?es econ$micas que a sociedade
n&o dei0a que se*a o mercado li%remente a de#nir os seus termos!
Gor outro lado, como %imos, e0istem falhas no funcionamento do mercado! 'm
primeiro lugar, e0istem situa+?es de imperfei+&o na concorr(ncia! Se os produtores
Cou consumidores6 de um produto n&o t(m todos peso semelhante, ou n&o se fazem
todos ou%ir, como no caso do monop$lio, o funcionamento do mercado é ine#ciente!
4 o 'stado pode e de%e inter%ir, regulando as situa+?es e dando %oz aos que a n&o
t(m!
a pagar pelo uso deste bem e, produzindo)os ele ou dando as receitas A empresa que
o #zer, a*udar a sociedade a fornecer)se de bens t&o Iteis!
Gor todas estas diferentes raz?es, o 'stado tem moti%os para inter%ir no sistema
econ$mico, e0actamente no domnio em que o mercado é mais forte: a e#ci(ncia!
'mbora o mercado, pelo mecanismo dos incenti%os, garanta em geral a solu+&o mais
racional, e0istem casos em que o 'stado de%e inter%ir para garantir essa mesma
racionalidade!
econ$mico, a propaga+&o da e#ci(ncia ao longo do tempo! 'ste resultado é bom, mas traz
consigo a instabilidade, a inseguran+a!
Bma no%a empresa que concorre, com no%os e melhores métodos, com as que *" produzem
esse bem, signi#ca, a longo prazo, ganhos importantes para a sociedade! as, imediatamente,
%ai gerar a fal(ncia dos concorrentes, com desemprego e outras gra%es perturba+?es! 4
contnua amea+a dos concorrentes garante que cada produtor ou consumidor se*a for+ado a
comportar)se da maneira mais e#ciente, mas cria uma tens&o contnua sobre o tecido social,
que a comunidade pode n&o gostar!Q
8 'stado, a pedido da sociedade, pode inter%ir, no sentido de ali%iar essa tens&o, alinhar
desequilbrios e a*udar os mais sacri#cados p(los seus efeitos! 8s mecanismos de apoio aos
desempregados, a correc+&o de desequilbrios sectoriais ou regionais, a preocupa+&o com as
contas e0ternas ou a ina+&o e a utiliza+&o de impostos e despesas estatais no sentido de
compensar as perturba+?es ou utua+?es que o processo de desen%ol%imento criou s&o formas
de o 'stado promo%er a redu+&o da inseguran+a econ$mica, de forma a encontrar um
comportamento est"%el para a economia como um todo!
Di$*iora-a
https://pt.scribd.com/document/244299258/Cesar-das-Neves-Introducao-a-Economia-DOC Página 49 de 391
César Das Neves - Introdução À Economia | PDF | Produtos | Economia 01/12/22, 21:00
Di$*iora-a
oura, o. cit., cap! U CL)Q6! Samuelson e 9ordhaus, o. cit., cap! U! Ghelps, o. cit., caps! P)V!
4 cru/ marshailiana
Pro)#r$io 'ranc;s
muito Itil na an"lise que adiante faremos, mas ser%ir" desde *" para clari#carmos o
estudo do mecanismo de mercado e do funcionamento dos incenti%os!
quantidade total dese*ada desse bem por todos os consumidores do bem! Deste
modo, passamos das cur%as de procura indi%iduais para a cur%a de procura do
mercado!
8lhando para as cur%as que tra+"mos podemos %eri#car imediatamente uma sua
caracterstica $b%ia: a cur%a est" sempre a descer! Trata)se daquilo que em 'conomia
se chama lei da procura ne!ativamente inclinadaB se o pre+o de um bem sobe
3coeteris arí$us4, a quantidade procurada desce, e %ice)%ersa! Hual a raz&o desta lei3
'0istem %"rios moti%os para este comportamento! 'm primeiro lugar, porque, a pre+o
mais alto, as pessoas tendem a comprar outras coisas! Trata)se de um resultado da
racionalidade: se o pre+o da manteiga sobe, passo a comprar quei*o, ou margarina, ou
ent&o como p&o seco e you ao cinema com o dinheiro da manteiga! <ogo, a
quantidade procurada do bem desce quando o pre+o sobe, porque o consumidor substitui
esse bem por outros! 4 este resultado de uma %aria+&o de pre+os chamamos efeito
su6stituição.
as n&o é apenas isto que acontece quando um pre+o sobe! 9a %erdade, a um pre+o mais alto,
o mesmo dinheiro agora compra menos! /sso quer dizer que, ao subirem os pre+os, o
consumidor, mesmo continuando a ganhar o mesmo dinheiro, #ca mais pobre, porque apenas
pode comprar menos! 4ssim, ao subir o pre+o, a quantidade procurada de um bem desce
porque o consumidor tem menos possibilidades de o comprar! 7hamamos a este o efeito
rendimento.
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